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     “ADOPT_DTV:
Barreiras
à
adopção
da
televisão
digital
no
contexto
da

          transição
da
televisão
analógica
para
o
digital
em
Portugal”


                        (
PTDC/CCI‐COM/102576/2008)

                                        

    A
Transição
para
a
Televisão
Digital
Terrestre
na
Europa
–
Outubro
2010

               Relatório
preparado
por
Vera
Araújo
(Obercom)

                                        




                                      1



A
Transição
para
a
Televisão
Digital
Terrestre
na
Europa



    O
tema
da
migração
para
a
televisão
digital
está
na
ordem
do
dia
em
Portugal:
em
2009

foram
iniciadas
as
transmissões
de
televisão
digital
terrestre
(TDT),
em
2011
serão
realizados

os
primeiros
desligamentos
do
sinal
analógico,
e
em
2012
está
previsto
o
encerramento
total

das
transmissões
da
radiodifusão
analógica
–
processo
também
conhecido
por
“switchover”
–

passando
a
partir
desse
momento
a
existir
unicamente
o
sistema
digital
na
Europa.
Assim,
será

necessário
 que
 até
 2012
 todos
 os
 lares
 que
 actualmente
 recebem
 o
 sinal
 de
 televisão

tradicional
 através
 de
 antena
 analógica
 (ou
 seja,
 os
 que
 não
 têm
 televisão
 paga
 nem
 pré‐
instalação
de
cabo
e
que
representam
cerca
de
55%
dos
lares,
de
acordo
com
a
Anacom,
2010)

comprem
um
descodificador
e
uma
antena
adaptada
para
que
possam
continuar
a
usufruir
das

emissões
 televisivas.
 Por
 outro
 lado,
 será
 ainda
 necessário
 preparar
 a
 indústria
 e
 o
 mercado

dos
media
para
este
processo
de
migração,
já
que
ele
implica
não
só
um
processo
de
transição

para
o
digital
no
próprio
operador,
como
também
pelo
facto
de
vir
reconfigurar
as
fontes
de

criação
 de
 valor
 no
 contexto
 do
 sector
 televisivo.
 Por
 fim,
 também
 as
 actuais
 políticas
 de

media
e
mais
especificamente
de
televisão
terão
de
ser
enquadradas
no
contexto
da
migração

para
 o
 digital,
 por
 via
 por
 exemplo
 a
 repensar
 o
 papel
 do
 serviço
 público
 ou
 o
 destino
 das

frequências
que
ficarão
livres
no
espectro
radioeléctrico
em
consequência
da
migração
para
o

digital
do
sinal
de
televisão,
e
que
poderão
ser
utilizadas
para
uma
vasta
gama
de
aplicações

tais
como
o
desenvolvimento
da
alta
definição,
a
criação
de
novos
canais
ou
a
televisão
móvel.


    Apesar
destes
desafios
que
se
afiguram
para
os
próximos
dois
anos,
Portugal
beneficia
de

uma
importante
vantagem:
sendo
um
dos
últimos
países
da
Europa
Ocidental
a
ter
lançado
de

forma
 efectiva
 a
 TDT,
 e
 também
 um
 dos
 últimos
 a
 iniciar
 o
 processo
 de
 desligamento
 das

emissões
analógicas,
o
país
poderá
beneficiar
da
experiência
dos
restantes
países
europeus,
e

identificar
uma
série
de
factores
chave
que
levem
quer
ao
sucesso
da
TDT
propriamente
dita,

quer
 ao
 adequado
 desenrolar
 do
 processo
 de
 switchover.
 Neste
 âmbito,
 o
 presente
 capítulo

visa
 dar
 conta
 do
 panorama
 europeu
 da
 TDT,
 por
 via
 a
 compreender
 tanto
 as
 histórias
 de

sucesso,
 como
 os
 principais
 obstáculos
 encontrados
 em
 outros
 países,
 fornecendo
 assim
 um

enquadramento
 do
 que
 poderá
 acontecer
 em
 Portugal,
 do
 que
 deverá
 ser
 incentivado
 e
 dos

contextos
a
evitar.
Para
tal,
será
inicialmente
descrito
o
actual
sistema
de
televisão
na
Europa,

seguindo‐se
 uma
 análise
 das
 experiências
 pioneiras
 de
 TDT;
 de
 seguida,
 serão
 apresentados

casos
 de
 sucesso
 desta
 plataforma
 televisiva,
 e
 examinados
 os
 modelos
 de
 negócio
 na
 base

destes
 processos.
 Por
 fim,
 será
 abordado
 o
 desenrolar
 do
 desligamento
 das
 emissões






                                                    2

analógicas
 na
 Europa,
 destacando‐se
 os
 principais
 obstáculos
 encontrados
 e
 evidenciando‐se

as
medidas
mais
proeminentes
de
promoção
da
TDT
pelas
entidades
competentes.



    1‐ Sistemas
televisivos
na
Europa

        

        Apesar
 de
 existir
 um
 “paradigma
 europeu”
 do
 funcionamento
 do
 sistema
 televisivo,

que
 se
 baseia
 essencialmente
 no
 serviço
 público
 de
 televisão,
 à
 margem
 deste
 modelo
 co‐
existem
na
Europa
uma
multiplicidade
de
modelos
de
funcionamento
do
sector
da
televisão.

Assim,
há
países
onde
a
televisão
é
essencialmente
nacional
(tal
como
acontece
por
exemplo

em
 Portugal),
 e
 outros
 onde
 a
 dimensão
 regional
 tem
 um
 peso
 determinante
 (por
 exemplo,

Espanha
 ou
 Itália);
 por
 outro
 lado,
 há
 países
 onde
 o
 espectador
 está
 habituado
 a
 pagar
 pelo

acesso
às
emissões
televisivas
(por
exemplo,
na
Bélgica
ou
na
Holanda),
e
países
com
tradição

de
longa
data
de
acesso
gratuito,
sendo
o
sistema
financiado
essencialmente
pela
publicidade

(por
exemplo,
Espanha);
há
ainda
fortes
divergências
em
termos
tecnológicos,
existindo
países

dependentes
das
emissões
terrestres,
enquanto
outros
são
essencialmente
países
cabo.
Neste

âmbito,
Martins
(2007)
disponibiliza
uma
tipologia
que
permite
delimitar
três
grupos
de
países

na
Europa,
em
relação
aos
seus
sistemas
televisivos.
O
primeiro
inclui
os
países
cabo/satélite,

ou
seja,
são
os
países
onde
a
recepção
do
sinal
de
televisão
é
feita
maioritariamente
através

destas
 duas
 plataformas
 tecnológicas
 (ex:
 Luxemburgo,
 Alemanha,
 Holanda,
 Bélgica);
 nestes

contextos,
o
espectador
não
só
está
habituado
a
pagar
para
aceder
aos
conteúdos
televisivos,

como
está
também
habituado
há
várias
décadas
a
uma
multiplicidade
de
canais
e
de
ofertas

no
 sector
 televisivo.
 Um
 segundo
 grupo
 de
 países
 é
 denominado
 pelo
 autor
 de
 “híbrido”,

englobando
 as
 regiões
 onde
 não
 se
 verifica
 uma
 tendência
 clara
 em
 termos
 de
 forma
 de

recepção
 do
 sinal
 de
 televisão,
 existindo
 uma
 forte
 presença
 do
 cabo
 e
 do
 satélite,
 mas

também
das
emissões
analógicas
(ex:
Portugal,
Reino
Unido,
Irlanda);
nestes
países,
as
práticas

televisivas
 são
 mais
 heterogéneas,
 existindo
 fortes
 diferenças
 entre
 quem
 tem
 televisão
 de

subscrição,
 e
 quem
 não
 tem,
 assim
 como
 entre
 quem
 já
 beneficia
 das
 emissões
 digitais,
 e

quem
 ainda
 recebe
 o
 sinal
 analógico.
 Por
 exemplo,
 no
 Reino
 Unido,
 o
 mercado
 encontra‐se

dividido:
 cerca
 de
 metade
 dos
 lares
 têm
 TV
 paga,
 e
 metade
 tem
 TV
 de
 acesso
 livre.
 A
 rede

terrestre
 é
 a
 principal
 plataforma
 de
 distribuição,
 mas
 tem
 vindo
 a
 perder
 terreno
 face
 ao

satélite.
Já
o
cabo
não
conseguiu
aumentar
a
sua
quota
de
mercado,
estando
assim
estagnado

nos
últimos
dez
anos,
à
semelhança
da
IPTV
que
ainda
não
conseguiu
conquistar
uma
posição

de
relevo
(Idate,
2009).
Por
fim,
Martins
identifica
os
países
terrestres,
nos
quais
a
recepção
do

sinal
 televisivo
 é
 feita
 maioritariamente
 através
 de
 ondas
 terrestres
 analógicas
 e,
 mais

recentemente,
 também
 digitais,
 com
 o
 lançamento
 da
 TDT
 nestas
 zonas
 (ex:
 Itália,
 Espanha,




                                                   3

França).
 Em
 França,
 por
 exemplo,
 a
 rede
 terrestre
 é
 historicamente
 o
 principal
 modo
 de

recepção
de
televisão,
sendo
o
satélite
a
principal
plataforma
de
TV
paga.
Já
a
TV
paga
via
cabo

tem
vindo
a
estagnar,
face
ao
dinamismo
das
ofertas
IPTV
que
representavam
já
no
início
de

2009
 cerca
 de
 26%
 do
 mercado
 de
 pay‐tv
 (Idate,
 2009).
 Em
 Itália,
 o
 FTA
 (free‐to‐air)
 lidera,

representando
cerca
de
78%
das
emissões
em
2009
(Idate,
2009),
permanecendo
a
plataforma

terrestre
a
principal
forma
de
recepção
de
TV,
com
cerca
de
dois
terços
dos
lares.
O
satélite

afirma‐se
como
o
principal
concorrente
das
emissões
terrestres,
sendo
o
cabo
e
as
emissões

via
 IPTV
 quase
 inexistentes.
 Similarmente,
 em
 Espanha
 as
 emissões
 gratuitas
 dominam,

representando
 o
 sector
 pay‐tv
 apenas
 cerca
 de
 30%
 do
 mercado.
 A
 plataforma
 terrestre

domina,
 sendo
 que
 o
 satélite
 representa
 perto
 de
 metade
 do
 mercado
 de
 TV
 paga
 e
 a
 IPTV

cerca
de
um
quinto
(Idate,
2009).



Tabela
1.
Sistemas
televisivos
na
Europa
em
2008

          
        %
lares
TV
(2008)
   %
lares
TDT
(2008)
    %
total
lares
com
TV
digital
(2008)

Bélgica
                      98,6%
                  1,4%
                                  32,8%

Alemanha
                     94,2%
                 10,4%
                                  54,4%

Dinamarca
                    95,3%
                 25,5%
                                  51,3%

Suécia
                       97,5%
                 47,6%
                                  93,7%

Finlândia
                    97,0%
                 56,7%
                                 100,0%

Portugal
                     99,3%
                  0,0%
                                  33,6%

Itália
                      100,0%
                 33,4%
                                  55,2%

França
                       96,0%
                 48,2%
                                  63,3%

Reino
Unido
                  96,1%
                 66,7%
                                  87,1%

Hungria
                      97,0%
                  0,3%
                                  21,6%

Espanha
                     100,0%
                 46,0%
                                  66,2%

Fonte:
OEA
(Mavise,
2010)


     

     Tendo
em
mente
este
breve
enquadramento
acerca
do
panorama
do
sector
televisivo
na

Europa,
 a
 próxima
 secção
 visa
 analisar
 as
 primeiras
 experiências
 de
 TDT,
 destacando

nomeadamente
 os
 países
 pioneiros
 que
 enfrentaram
 sérias
 dificuldades
 ao
 nível
 da

consolidação
da
plataforma.

     

     

     

     





                                                    4





     2.
A
introdução
da
TDT
na
Europa




             A
 TDT
 foi
 sendo
 introduzida
 na
 Europa
 de
 forma
 gradual;
 apesar
 de
 existir
 um

consenso
 europeu
 em
 relação
 à
 data
 do
 desligamento
 das
 emissões
 analógicas,
 a
 decisão

relativa
ao
início
da
TDT
foi
relegada
para
cada
país,
de
acordo
com
o
seu
contexto
específico.




Figura
1.
Evolução
da
TDT
na
Europa
2007,
2008
e
2009





                                       


                                 
                                    

Fonte:
Digitag
(2010)




              De
 facto,
 a
 realidade
 de
 países
 tais
 como
 a
 Bélgica,
 onde
 a
 penetração
 das
 emissões

terrestres
é
muito
escassa,
face
ao
contexto
de
países
tais
como
Itália
ou
Espanha,
evidencia
a

importância
de
estratégias
diferenciadas
para
a
implementação
da
TDT.
Por
exemplo,
Broeck
e

Pierson
 (2008)
 estimam
 que
 existam
 em
 Itália
 cerca
 de
 10,6
 milhões
 de
 lares
 afectados
 pela

migração
para
a
TDT,
enquanto
a
Suécia
terá
que
garantir
a
adequada
migração
de
apenas
350

mil
lares.





Tabela
2.
A
TDT
na
Europa


          
            Início
das
       Switch‐off
     Processo
de
          Estimativa
do
nº
de
lares

                      emissões
TDT
                       Switch‐off
          afectados
pelo
switch‐off

Bélgica
                       2003
         2010
(?)
         Regional
                                    

Alemanha
                      2002
            2008
          Regional
                       2,5
milhões

Dinamarca
                     2006
            2009
          Nacional
                           500
mil

Suécia
                  1999/2002
             2007
          Regional
                           350
mil

Finlândia
                     2002
            2007
          Nacional
                           400
mil

Portugal
                      2009
            2012
          Regional
                       3,2
milhões

Itália
                        2004
            2012
          Regional
                     10,6
milhões

França
                        2005
            2011
          Regional
                       5,5
milhões





                                                         5

Reino
Unido
           1998/2002
               2012
             Regional
             5,5
milhões

Espanha
               2000/2005
               2010
             Regional
             7,4
milhões

Fonte:
Elaboração
própria
com
base
em
Broeck
e
Pierson
(2008)




Reino
Unido
e
Espanha:
o
insucesso
da
TDT
paga

Os
primeiros
países
europeus
a
iniciar
as
emissões
da
TDT
tiveram
resultados
muito
abaixo
do

esperado.
O
Reino
Unido
foi
pioneiro
no
continente
com
a
iniciativa
On
Digital,
um
operador

que
surgiu
em
Novembro
de
1998
com
a
oferta
de
um
pacote
de
canais
de
acesso
pago,
tendo

como
 base
 um
 modelo
 de
 negócio
 por
 assinatura
 de
 canais
 Premium,
 numa
 primeira
 fase

sobretudo
 canais
 de
 cinema
 e
 de
 desporto.
 Três
 anos
 mais
 tarde,
 transformou‐se
 na
 ITV

Digital,
um
projecto
que
acabou
por
declarar
falência
em
Abril
de
2002.
A
forte
penetração
e

concorrência
do
sistema
por
satélite,
a
escassez
de
aplicações
verdadeiramente
interactivas,
e

a
 manutenção
 da
 transmissão
 por
 via
 analógica
 da
 BBC
 condicionou
 fortemente
 o
 sucesso

desta
iniciativa,
que
viria
a
colapsar
financeiramente
em
2002.
De
facto,
o
sucesso
da
TDT
no

Reino
Unido
só
foi
possível
a
partir
de
Julho
de
2002,
quando
um
consórcio
liderado
pela
BBC

recebeu
uma
licença
de
12
anos
para
gerir
as
licenças
que
estavam
vagas
com
a
falência
da
ITV

Digital.
O
consórcio
lançou
então
a
Freeview,
uma
plataforma
gratuita
que
oferece
28
canais.

Este
 modelo
 revelou‐se
 um
 sucesso,
 atingindo
 em
 2004,
 18,5%
 dos
 lares
 britânicos
 (OfCom,

2007).

Em
 Espanha,
 a
 primeira
 grande
 operadora
 de
 TDT
 foi
 a
 Quiero
 TV,
 que
 estreou
 em
 Maio
 de

2000.
 A
 licença
 tinha
 sido
 atribuída
 em
 Julho
 de
 1999
 à
 Onda
 Digital
 SA,
 que
 tinha
 como

accionista
 principal
 a
 Retevisión
 (49%).
 A
 sua
 oferta
 incluía
 13
 canais
 de
 acesso
 pago
 e
 um

aberto,
 7
 estações
 de
 rádio
 e
 acesso
 à
 Internet
 através
 da
 televisão,
 que
 era
 o
 grande

diferencial
 da
 Quiero
 TV.
 No
 entanto,
 também
 esta
 iniciativa
 não
 conseguiu
 conquistar
 os

consumidores,
 sendo
 o
 grupo
 extinto
 em
 Junho
 de
 2002.
 Quando
 encerrou
 as
 actividades,
 a

Quiero
TV,
que
tinha
chegado
a
ter
200
mil
subscritores,
estava
com
apenas
90
mil
assinantes,

o
que
constitui
um
claro
sinal
de
que
não
foi
capaz
de
suprir
as
necessidades
das
audiências

(Sabés
 Turmo,
 2006).
 Candel
 (2008)
 fornece
 algumas
 pistas
 para
 a
 identificação
 dos
 motivos

subjacentes
 ao
 insucesso
 desta
 iniciativa.
 Por
 um
 lado,
 o
 autor
 destaca
 a
 incapacidade
 desta

oferta
 fazer
 face,
 nomeadamente
 no
 que
 diz
 respeito
 ao
 número
 de
 canais
 oferecido,
 às

ofertas
 de
 televisão
 de
 subscrição
 via
 satélite.
 Por
 outro
 lado,
 é
 também
 realçada
 a

incapacidade
 de
 acordo
 entre
 o
 governo,
 responsável
 pela
 delineação
 da
 estratégia
 para
 a

TDT,
e
os
canais
analógicos
nacionais,
que
atrasaram
assim
até
2002,
data
limite
estabelecida

pelas
 suas
 licenças,
 o
 lançamento
 dos
 seus
 canais
 digitais.
 Outro
 motivo
 identificado
 por

Candel
prende‐se
com
os
elevados
investimentos
necessários
por
parte
da
plataforma
Quiero




                                                            6

TV
para
se
conseguir
implementar
no
mercado.
De
facto,
devido
à
forte
competição
existente

no
 mercado
 de
 televisão
 paga,
 o
 operador
 viu‐se
 forçado
 a
 desenvolver
 um
 esforço
 de

marketing
superior
ao
inicialmente
previsto,
e
a
ter
de
oferecer
descodificadores
gratuitos
aos

clientes,
 assim
 como
 a
 adaptação
 das
 antenas.
 Além
 disso,
 foi
 também
 realizada
 uma
 forte

aposta
 nos
 serviços
 interactivos,
 que
 deveriam
 ser
 o
 principal
 elemento
 de
 diferenciação
 da

plataforma,
 apostando‐se
 em
 jogos,
 notícias,
 comércio
 através
 da
 televisão
 (T‐commerce),

envio
de
email,
ou
aplicações
infantis.
No
entanto,
estes
investimentos
não
geraram
retorno,

não
 só
 pela
 limitada
 capacidade
 técnica
 de
 entregar
 os
 serviços
 com
 a
 qualidade
 necessária,

como
 também
 pela
 pouca
 divulgação
 e
 interesse
 por
 parte
 das
 audiências
 em
 relação
 a
 tais

aplicações
 nessa
 altura.
 Finalmente,
 Candel
 realça
 ainda
 a
 incapacidade
 da
 Quiero
 TV
 para

desenvolver
 uma
 oferta
 competitiva
 do
 ponto
 de
 vista
 dos
 conteúdos,
 sendo
 o
 número
 de

canais
oferecido
inferior
aos
das
plataformas
cabo
e
satélite.
Em
consequência
de
todos
estes

obstáculos,
a
Quiero
TV
deixou
de
emitir
em
Maio
de
2002,
perdendo
assim
a
sua
licença.
Não

obstante,
 os
 canais
 digitais
 gratuitos
 continuaram
 a
 sua
 emissão,
 ficando
 activos
 até
 2004,

altura
 em
 que
 foi
 anunciado
 um
 plano
 de
 relançamento
 da
 TDT
 em
 Espanha,
 baseado
 na

atribuição
 das
 licenças
 deixadas
 livres
 pela
 Quiero
 TV,
 aos
 canais
 analógicos
 incumbentes.
 A

nova
 plataforma
 assenta
 numa
 estratégia
 free‐to‐air
 (FTA),
 oferecendo
 cerca
 de
 20
 canais

gratuitos,
 sendo
 que
 em
 2008
 já
 cerca
 de
 37%
 dos
 espanhóis
 recebia
 em
 sua
 casa
 a
 TDT

(Impulsa
TDT,
2008).
Não
obstante
o
sucesso
desta
plataforma,
Candel
(2008)
destaca
alguns

obstáculos,
 nomeadamente
 o
 elevado
 número
 de
 antenas
 que
 ainda
 necessitam
 de
 ser

adaptadas,
e
a
oferta
em
termos
de
conteúdos
que
fica
frequentemente
aquém
da
oferecida

nas
plataformas
de
acesso
condicionado.




Casos
de
Sucesso


        O
 caso
 Finlandês
 é
 de
 particular
 relevância,
 sendo
 este
 um
 dos
 primeiros
 países
 a

desligar
 o
 sinal
 analógico
 (quer
 no
 cabo,
 quer
 o
 sinal
 terrestre)
 e
 a
 completar
 o
 processo
 de

migração.
 A
 televisão
 digital
 foi
 introduzida,
 antes
 do
 lançamento
 das
 ofertas
 comerciais,

através
de
três
projectos‐piloto
financiados
pelo
governo:
Future
TV
(1999‐2002),
Health
Care

Television
 Project
 (2000‐2003)
 e
 Future
 Interaction
 TV
 (2002‐2003).
 Em
 2002
 foi
 finalmente

lançada
a
TDT,
sob
a
alçada
do
grupo
TV2007,
que
incluía
os
principais
players
do
mercado
e

que
 tinha
 como
 objectivo
 coordenar
 os
 esforços
 de
 migração.
 O
 documento
 “Switchover
 to

All‐Digital
 Television”
 faz
 um
 retrato
 do
 processo,
 com
 destaque
 para
 as
 campanhas
 de

disseminação
 da
 TDT
 que
 ocorreram
 entre
 2004
 e
 2007.
 De
 acordo
 com
 um
 estudo

encomendado
 pelo
 grupo
 TV2007
 e
 descrito
 nesse
 documento,
 em
 2006
 cerca
 de
 58%
 dos

Finlandeses
estavam
a
par
da
data
do
switchover,
sendo
a
melhor
qualidade
de
imagem,
assim




                                                     7

como
 o
 desligamento
 das
 emissões
 analógicas,
 as
 principais
 razões
 evocadas
 pela
 população

para
 migrar
 para
 o
 digital.
 Não
 obstante,
 o
 estudo
 destacou
 também
 a
 existência
 de
 uma

camada
 da
 população
 que
 apenas
 pretendia
 passar
 para
 o
 sistema
 digital
 na
 altura
 do

switchover,
 por
 via
 a
 evitar
 eventuais
 problemas
 técnicos.
 Num
 segundo
 estudo,
 também

descrito
no
mesmo
relatório
e
realizado
em
2007
junto
da
população
que
já
tinha
efectuado
a

migração
para
a
TDT,
verificou‐se
que
64%
estavam
“satisfeitos”
ou
“muito
satisfeitos”
com
a

forma
 como
 se
 tinha
 desenrolado
 o
 processo
 de
 migração,
 sendo
 a
 melhor
 qualidade
 de

imagem
 e
 a
 possibilidade
 de
 gravação
 digital
 as
 funcionalidades
 mais
 cativantes
 para
 os

espectadores.
 Já
 o
 mau
 funcionamento
 dos
 adaptadores
 era
 a
 principal
 queixa
 dos
 que

estavam
 insatisfeitos.
 O
 estudo
 permitiu
 ainda
 destacar
 a
 importância
 das
 fontes

interpessoais,
nomeadamente
as
redes
sociais
próximas
ao
indivíduo,
para
a
disseminação
da

informação
acerca
do
processo
de
desligamento.




       Apesar
de
ser
um
dos
países
com
maior
número
de
lares
afectados
pelo
processo
de

desligamento
das
emissões
analógicas,
a
Itália
conseguiu
desenvolver
um
modelo
de
TDT
com

algum
sucesso.
A
Mediaset
foi
a
primeira
a
lançar
uma
oferta
em
Dezembro
de
2003,
com
um

pacote
 de
 5
 canais
 FTA,
 seguida
 pela
 RAI
 e
 pela
 Telecom
 Itália
 (Broeck
 e
 Pierson,
 2008).

Inicialmente,
 a
 oferta
 baseava‐se
 apenas
 num
 modelo
 gratuito,
 exclusivamente
 financiado

pelas
 receitas
 publicitárias,
 mas
 a
 Mediaset
 rapidamente
 acrescentou
 a
 possibilidade
 de

conteúdos
em
pay‐per‐view,
com
base
num
sistema
de
cartões
pré‐pagos
e
recarregáveis.
Tal

sistema
permitiu
o
desenvolvimento
rápido
da
TDT
em
Itália,
sendo
que
em
meados
de
2004

tinham
 já
 sido
 vendidas
 mais
 de
 500
 mil
 set‐top
 boxes
 para
 a
 TDT
 (Broeck
 e
 Pierson,
 2008).

Outro
 factor
 relevante
 para
 determinar
 o
 sucesso
 da
 TDT
 em
 Itália
 foi
 o
 impulso
 dado
 quer

pelo
 governo,
 quer
 pelos
 operadores
 ao
 desenvolvimento
 das
 funcionalidades
 da
 televisão

digital.
 A
 Mediaset,
 por
 exemplo,
 realizou
 uma
 série
 de
 estudos
 nos
 anos
 subsequentes
 ao

lançamento
 da
 TDT,
 por
 via
 a
 identificar
 as
 práticas
 de
 visionamento
 dos
 indivíduos,

destacando
 as
 principais
 utilizações
 dos
 serviços
 digitais,
 nomeadamente:
 aplicações

interactivas
 relacionadas
 com
 as
 transmissões
 desportivas
 (possibilidade
 de
 seleccionar
 o

comentador,
 a
 câmara
 etc.),
 aplicação
 que
 permite
 visionar
 os
 conteúdos
 na
 sua
 língua
 de

origem
 (já
 que
 em
 Itália
 a
 grande
 parte
 dos
 conteúdos
 estrangeiros
 são
 dobrados),
 ou
 a

possibilidade
 de
 jogar
 videojogos.
 Já
 o
 governo
 reuniu
 esforços
 em
 torno
 da
 criação
 de

serviços
de
utilidade
pública
através
da
televisão,
acreditando
que
o
ecrã
do
televisor
poderia

ser
 um
 substituto
 do
 ecrã
 do
 computador
 para
 determinados
 grupos
 sociais
 com
 graus
 de

literacia
 digital
 reduzidos.
 Por
 exemplo,
 foi
 criado
 o
 canal
 “Sardegna
 Digitale”,
 que
 incluía

informação
sobre
empregos,
meteorologia,
transporte
e
turismo.








                                                   8


         Em
França,
a
TDT
foi
introduzida
a
31
de
Março
de
2005,
com
base
numa
oferta
mista

de
 canais
 gratuitos
 (18)
 e
 pagos
 (11).
 No
 caso
 francês,
 o
 modelo
 misto
 afirmou‐se
 como
 um

caso
de
sucesso,
sendo
que
em
2007
já
22%
dos
lares
franceses
recebiam
o
sinal
de
televisão

através
 desta
 tecnologia,
 tendo
 sido
 vendidos
 mais
 de
 seis
 milhões
 de
 descodificadores

(Broeck
e
Pierson,
2008).
Já
na
Suécia,
um
dos
primeiros
países
a
desligar
o
sinal
analógico,
o

início
 das
 emissões
 da
 TDT
 não
 foi
 pacífico.
 As
 primeiras
 emissões,
 ainda
 em
 fase
 de
 testes,

ocorreram
logo
em
1999.
No
entanto,
o
governo
enfrentou
sérias
dificuldades
em
convencer
a

população
 a
 realizar
 o
 processo
 de
 migração:
 apesar
 ser
 gratuita,
 os
 indivíduos
 tinham
 de

adquirir
o
descodificador
e
adaptar
a
sua
antena,
não
vendo
assim
grande
interesse
em
alterar

o
 sistema
 que
 tinham.
 Além
 disso,
 a
 maioria
 dos
 canais
 não
 disponibilizou
 emissões
 digitais

nessa
fase
inicial,
não
existindo
assim
nenhuma
mais‐valia,
do
ponto
de
vista
do
espectador,

para
 a
 passagem
 para
 a
 TDT.
 Em
 consequência,
 apesar
 de
 ter
 sido
 um
 dos
 primeiros
 países

com
 emissões
 terrestres
 digitais
 e
 também
 um
 dos
 primeiros
 a
 desligar
 o
 sinal
 analógico,
 a

grande
 parte
 dos
 suecos
 apenas
 migrou
 para
 a
 TDT
 a
 partir
 do
 início
 do
 processo
 de

switchover,
 em
 2005,
 quando
 começou
 a
 ser
 desligado
 o
 sinal
 analógico
 (Broeck
 e
 Pierson,

2008).










































                                                    9



        3.
Modelos
de
Negócio
para
a
TDT

        

        Tal
 como
 ficou
 demonstrado
 pelas
 experiencias
 iniciais
 mal
 sucedidas
 da
 TDT
 em

países
como
o
Reino
Unido
ou
Espanha,
o
processo
de
implementação
da
TDT
está
fortemente

dependente
do
modelo
de
negócio
subjacente.
A
Impulsa
TDT
(2007)
identificou
três
modelos

de
 negócio
 principais
 para
 a
 implementação
 da
 TDT
 na
 Europa.
 O
 primeiro
 baseia‐se
 numa

oferta
 exclusivamente
 gratuita,
 tal
 como
 aconteceu
 inicialmente
 em
 Espanha
 (depois
 do

relançamento
 da
 TDT),
 ou
 na
 Alemanha,
 países
 que
 entretanto
 já
 lançaram
 ofertas
 de
 TDT

paga.
 Note‐se
 que
 este
 é
 o
 modelo
 que
 se
 afigura
 presentemente
 para
 Portugal,
 dada
 a

revogação
 das
 licenças
 para
 a
 TDT
 paga,
 que
 tinham
 sido
 atribuídas
 à
 PT.
 No
 entanto,
 o

sucesso
das
plataformas
pagas,
quer
em
países
com
forte
concorrência
do
cabo
e
do
satélite,

quer
 em
 países
 sem
 tradição
 de
 televisão
 paga
 (como
 acontece
 por
 exemplo
 em
 Espanha),

deixam
 antever
 a
 possibilidade
 de
 vir
 a
 ser
 lançada
 posteriormente
 uma
 oferta
 de
 TDT
 paga

em
Portugal.
Um
segundo
modelo,
de
características
híbridas,
prevê
a
oferta
simultânea
de
um

pacote
 de
 canais
 pago,
 e
 um
 gratuito,
 através
 da
 atribuição
 de
 licenças
 a
 um
 ou
 vários

operadores.
Assim,
no
caso
de
países
tais
como
a
Suécia,
existe
uma
só
empresa
responsável

pelos
pacotes
pago
e
gratuito,
enquanto
no
Reino
Unido
os
operadores
que
fornecem
o
pacote

pago
diferem
dos
que
disponibilizam
a
plataforma
gratuita.
Um
terceiro
modelo
de
negócios

para
a
TDT
consiste
na
opção
pioneira
levada
a
cabo
em
Itália,
e
que
até
ao
momento
se
tem

mostrado
 bastante
 vantajosa
 do
 ponto
 de
 vista
 comercia
 (AgCom,
 2008).
 Trata‐se
 de
 um

modelo
 baseado
 numa
 oferta
 gratuita,
 mas
 com
 a
 possibilidade
 de
 recurso
 ao
 pay‐per‐view

(PPV),
ou
seja,
o
acesso
a
canais
e/ou
programas
específicos
mediante
pré‐pagamento,
onde
o

espectador
 paga
 apenas
 aquilo
 que
 consome.
 No
 fundo,
 este
 modelo
 assemelha‐se
 ao
 dos

telemóveis
pré‐pagos,
existindo
também
um
cartão,
que
pode
ser
carregado
com
dinheiro,
e

que
 o
 espectador
 pode
 utilizar
 quando
 quer,
 para
 aceder
 a
 determinados
 conteúdos
 ou

serviços.
 Se
 pensarmos
 no
 caso
 dos
 países
 que
 disponibilizam
 dois
 pacotes,
 um
 pago
 e
 um

gratuito,
 verifica‐se
 que
 a
 oferta
 paga
 acaba
 por
 concorrer
 directamente
 com
 o
 Cabo,
 o

satélite
e
a
IPTV,
sendo
poucas
as
suas
vantagens
competitivas
em
relação
a
essas
plataformas.

Já
 no
 caso
 italiano,
 através
 da
 possibilidade
 de
 pay‐per‐view,
 a
 TDT
 consegue
 encontrar
 um

melhor
 posicionamento
 estratégico
 em
 relação
 às
 restantes
 ofertas
 pagas.
 Pense‐se
 por

exemplo
no
caso
do
desporto,
que
aliás
é
um
dos
principais
motores
do
desenvolvimento
da

TDT
em
Itália.
Em
vez
de
se
ter
de
subscrever
um
determinado
canal
para
se
poder
ter
acesso

aos
 jogos
 de
 uma
 determinada
 liga,
 ou
 para
 se
 poder
 assistir
 às
 transmissões
 de
 uma
 dada

modalidade
desportiva,
o
modelo
pay‐per‐view
permite
que
se
pague
o
acesso
à
transmissão




                                                 10

de
cada
jogo
individualmente,
sem
contratos
obrigatórios,
e
sem
ter
de
pagar
pelos
restantes

conteúdos
que
podem
não
ter
interesse
para
o
espectador,
encontrando
assim
uma
vantagem

competitiva
em
relação
às
ofertas
pagas
de
canais
de
televisão.
A
TDT
colmata
assim
as
suas

limitações
 face
 ao
 cabo
 e
 à
 IPTV
 (por
 exemplo,
 menor
 número
 de
 canais
 ou
 a
 ausência
 de

alguns
 serviços
 como
 o
 Videoclube
 ou
 o
 serviço
 de
 gravação)
 através
 de
 uma
 maior

flexibilidade
 e
 inovação
 em
 termos
 de
 modalidades
 de
 pagamento.
 Não
 obstante,
 o
 modelo

italiano
 apresenta
 algumas
 desvantagens
 para
 o
 operador,
 nomeadamente,
 o

desconhecimento
as
características
dos
seus
espectadores
(já
que
não
existe
base
de
dados
de

clientes)
e
a
imprevisibilidade
das
receitas,
visto
não
haver
obrigatoriedade
de
carregamento

dos
cartões.


          

Figura
2.
Modelos
de
Negócio
para
a
TDT
paga
na
Europa





                                                            

Fonte:
elaboração
própria

          

          Uma
vez
analisados
os
vários
modelos
de
negócio
para
a
TDT
na
Europa,
examinemos

as
 estratégias
 das
 ofertas
 pagas
 de
 TDT
 em
 alguns
 países
 europeus
 em
 concreto.
 No
 Reino

Unido,
o
único
operador
de
TDT
paga
é
o
Top‐up
TV.
Lançado
em
2004
sob
a
forma
de
pacotes

de
 canais,
 o
 operador
 tem
 apostado
 desde
 2006
 num
 modelo
 assente
 no
 VOD
 (Vídeo‐on‐
demand);
 assim,
 com
 uma
 subscrição
 que
 ronda
 as
 11
 libras
 por
 mês,
 o
 espectador
 pode

aceder
a
uma
biblioteca
de
conteúdos
com
cerca
de
700
títulos
renovados
mensalmente.
Não

obstante
a
inovação
em
termos
da
modalidade
da
oferta,
o
operador
tem
tido
dificuldade
em

consolidar
 a
 sua
 posição,
 tendo
 apenas
 cerca
 de
 400
 mil
 assinantes
 em
 2009
 (E‐media

Institute,
2009).
Já
em
França,
a
oferta
paga
de
TDT
tem
tido
um
nível
de
sucesso
acrescido.
O

principal
 operador
 é
 o
 Canal+
 (que
 é
 também
 o
 líder
 do
 segmento
 pay‐tv
 em
 geral),
 que

fornece
dois
serviços
distintos
de
TDT:
o
“Canal
Plus
Le
Bouquet”,
que
consiste
de
um
pacote





                                                11

de
 canais
 Premium
 essencialmente
 baseados
 em
 conteúdos
 de
 cinema
 e
 desporto;
 e
 o

“CanalSat”,
que
inclui
mais
canais,
quer
generalistas,
quer
de
informação.
Outros
operadores

incluem
a
TV
Numérique
e
o
TNTop,
que
é
parte
do
operador
britânico
Top‐up
TV.
De
acordo

com
as
estimativas
do
E‐media
Institute
(2009),
existem
no
país
mais
de
800
mil
subscritores

de
TDT
paga.
Um
caso
com
um
sucesso
ainda
maior
em
termos
de
TDT
paga
do
que
a
França
é

Itália.
Existem
actualmente
dois
operadores
que
lideram:
Mediaset
Premium
(lembre‐se
que
a

Mediaset
lidera
também
o
mercado
FTA
–
free‐to‐air)
e
Dahlia
(ex
La7
Cartapiú).
Lançada
em

2005
 como
 um
 serviço
 exclusivamente
 PPV
 (pay‐per‐view)
 baseado
 em
 conteúdos
 de

desporto,
a
Mediaset
Premium
tem
vindo
gradualmente
a
alargar
o
seu
espectro
de
acção,
por

via
 a
 incluir
 também
 programas
 de
 entretenimento
 (nomeadamente
 filmes
 e
 series),
 assim

como
conteúdos
infantis,
estando
estes
novos
serviços
disponíveis
tanto
através
de
subscrição,

como
 por
 via
 do
 PPV.
 O
 segundo
 operador
 italiano,
 Dahlia
 TV,
 fornece
 essencialmente

programas
de
desporto,
documentários
e
conteúdos
para
adultos.
Novamente
de
acordo
com

as
previsões
da
E‐media
institute
(2009),
existem
cerca
de
3,2
milhões
de
clientes
dos
serviços

destes
dois
operadores.
Por
fim,
refira‐se
o
caso
espanhol,
onde
foi
lançado
o
serviço
Gol
TV,

detido
pelo
grupo
La
Sexta,
e
que
se
dedica
essencialmente
a
conteúdos
de
desporto.










































                                              12



        4.
O
processo
de
switchover
na
Europa

    

    De
 acordo
 com
 o
 Digitag
 (2008),
 existem
 três
 principais
 factores
 que
 condicionam
 a

migração
 para
 a
 plataforma
 digital
 terrestre.
 Em
 primeiro
 lugar,
 e
 como
 foi
 já
 referido,
 é

necessário
ter
em
conta
a
penetração
das
emissões
analógicas
terrestres
no
país.
Um
segundo

factor
 identificado
 pelo
 Digitag
 (2008)
 que
 condiciona
 o
 processo
 de
 migração
 para
 a

plataforma
digital
terrestre
consiste
na
disponibilidade
de
frequências
livres
para
a
realização

de
 emissões
 simultâneas
 de
 TDT
 e
 emissões
 terrestres
 analógicas
 (período
 de
 simulcast),
 ou

seja,
a
duração
do
período
de
transição
de
um
sistema
para
o
outro,
que
prevê
a
operação
em

simultâneo
dos
dois
modelos
televisivos.
A
experiência
europeia
demonstra
que
a
duração
de

tal
 período
 é
 fundamental
 para
 o
 sucesso
 da
 implementação
 da
 TDT,
 pois
 permite
 que
 o

consumidor
tenha
tempo
para
integrar
e
apropriar
a
inovação
tecnológica
no
seu
lar.
No
Reino

Unido,
por
exemplo,
está
previsto
que
o
simulcast
dure
mais
de
dez
anos,
oito
no
caso
italiano,

sete
na
Alemanha
e
seis
em
França.
Além
disso,
a
duração
do
período
de
simulcast
depende

ainda
da
estratégia
escolhida
para
o
switch‐off
das
emissões
analógicas,
ou
seja,
se
este
será

realizado
 de
 uma
 só
 vez
 para
 o
 conjunto
 do
 território
 nacional
 (tal
 como
 aconteceu,
 por

exemplo,
 na
 Finlândia
 ou
 na
 Holanda),
 ou
 se
 será
 faseado,
 por
 regiões
 do
 país
 (exemplos:

Alemanha,
 Áustria,
 Suécia).
 Por
 fim,
 um
 terceiro
 factor
 identificado
 pelo
 Digitag
 (2008)
 que

condiciona
o
processo
de
migração
para
a
plataforma
digital
terrestre
consiste
na
cobertura
do

território
 pelas
 emissões
 da
 TDT.
 Ou
 seja,
 antes
 de
 se
 poder
 desligar
 o
 sinal
 analógico,
 é

necessário
garantir
que
todas
as
regiões
do
país
que
dependem
das
emissões
terrestres
estão

cobertas,
de
forma
a
garantir
o
acesso
universal
ao
serviço
de
televisão.





       O
primeiro
processo
de
desligamento
a
estar
concluído
na
Europa
teve
lugar
a
25
de

Abril
de
2006,
no
Luxemburgo.
A
oferta
da
TDT
nesse
país
baseava‐se
então
num
só
multiplex

com
seis
canais.
O
passo
seguinte
foi
dado,
também
em
2006,
pela
Holanda,
país
onde
cerca

de
 88%
 dos
 lares
 usufruem
 de
 televisão
 paga
 via
 cabo
 (Impulsa
 TDT,
 2010).
 Em
 2007,
 a

Finlândia
e
a
Suécia
somaram‐se
à
lista
de
países
com
o
processo
de
migração
concluído.
Estes

dois
países
contam
com
uma
oferta
de
TDT
mista,
que
incluí
um
pacote
de
acesso
gratuito
e

um
 de
 acesso
 pago,
 da
 responsabilidade
 do
 operador
 Boxer.
 Após
 o
 switch‐off,
 foi
 mantido

temporariamente
 na
 Finlândia
 um
 serviço
 de
 teletexto
 analógico
 com
 informação
 acerca
 do

processo
 de
 migração
 para
 o
 digital,
 por
 via
 a
 fornecer
 informações
 a
 eventuais
 lares
 ainda

sem
 descodificador.
 Note‐se
 que
 a
 Finlândia,
 ao
 contrário
 da
 maioria
 dos
 países
 europeus,






                                                  13

optou
por
um
desligamento
a
nível
nacional,
justificando
esta
opção
pelo
facto
de
assim
poder

disponibilizar
o
serviço
de
forma
simultânea
a
toda
a
população.


           Já
 em
 2008
 foi
 a
 vez
 de
 a
 Alemanha
 concluir
 o
 seu
 processo
 de
 migração,

contabilizando
cerca
de
4,2
milhões
de
lares
com
TDT
no
final
de
2009,
que
representam
no

entanto
apenas
cerca
de
12%
dos
lares
alemães.
No
ano
passado
a
RTL
lançou
ainda,
em
vários

Lander
uma
oferta
de
TDT
paga
com
codificação
MPEG‐4.
O
caso
Alemão
fica
ainda
marcado

por
várias
singularidades.
Por
um
lado,
enquanto
a
maioria
dos
países
que
decidiu
realizar
um

desligamento
 regional
 optou
 por
 começar
 por
 regiões
 de
 escala
 reduzida
 em
 termos

populacionais,
 por
 via
 a
 minimizar
 eventuais
 problemas
 técnicos,
 a
 Alemanha
 optou
 por

realizar
 o
 primeiro
 desligamento
 do
 sinal
 analógico
 na
 região
 de
 Berlim,
 logo
 em
 2003.
 Não

obstante,
deve
ser
tido
em
conta
a
reduzida
proporção
de
lares
afectados
pelo
desligamento

das
 emissões
 analógicas
 terrestres.
 Por
 outro
 lado,
 é
 de
 destacar
 que,
 apesar
 do
 Estado

disponibilizar
subsídios
para
a
aquisição
dos
descodificadores
por
parte
de
famílias
com
níveis

de
rendimento
baixos,
apenas
6
mil
lares
solicitaram
esse
incentivo,
para
um
total
de
160
mil

lares
afectados
na
região
de
Berlim.
Outra
singularidade
do
caso
alemão
é
o
efeito
inesperado

da
 TDT
 no
 interesse
 pelas
 emissões
 terrestres.
 De
 acordo
 com
 Broeck
 e
 Pierson
 (2008),
 a

digitalização
 das
 emissões
 terrestres
 levou
 a
 um
 aumento
 do
 interesse
 na
 plataforma

terrestre,
tendo
 a
 percentagem
 de
lares
que
recebem
este
 tipo
de
sinal
passado
de
 9%
para

cerca
de
12%
em
2008.


           
Em
 2009
 foi
 a
 vez
 de
 a
 Dinamarca
 completar
 o
 seu
 processo
 de
 migração.
 Este
 país

optou
 por
 um
 desligamento
 a
 nível
 nacional,
 estando
 a
 sua
 oferta
 centrada
 num
 único

multiplex
 gerido
 pela
 Boxer,
 com
 três
 canais
 públicos.
 Depois
 de
 um
 rápido
 período
 de

transição
 de
 três
 anos
 e
 meio,
 a
 TDT
 oferece
 9
 canais
 em
 sinal
 aberto
 e
 31
 de
 acesso

condicionado.
 Embora
 apenas
 40%
 dos
 lares
 dinamarqueses
 receberem
 o
 sinal
 da
 televisão

terrestre,
a
TDT
tem
nesse
país
uma
cobertura
de
cerca
de
99,8%
da
população
(Impulsa
TDT,

2010).


           No
Reino
Unido,
o
desligamento
das
emissões
analógicas
está
a
ser
levado
a
cabo
de

forma
gradual,
entre
2008
e
2012,
começando
pelas
regiões
menos
populosas.
De
acordo
com

o
relatório
trimestral
sobre
a
migração
para
o
digital
publicado
pela
OfCom,
no
final
de
2009

cerca
 de
 91,4%
 dos
 lares
 britânicos
 dispunha
 de
 acesso
 à
 televisão
 digital,
 sendo
 que
 72,6%

desses
usufrui
do
pacote
TDT
de
acesso
livre
disponibilizado
pela
plataforma
Freeview
(OfCom,

2010).
 De
 referir
 ainda
 a
 decisão
 tomada
 pela
 OfCom
 em
 2009
 de
 desenvolver
 a
 segunda

geração
DVB,
através
de
um
acordo
entre
a
BBC
e
o
operador
de
rede
Arqiva,
que
gestionam

conjuntamente
a
nova
rede
de
emissão
que
permitirá
à
BBC
a
emissão
de
cinco
canais
em
alta

definição.
 No
 final
 de
 2009,
 cerca
 de
 18%
 dos
 britânicos
 já
 tinham
 realizado
 o
 switch‐off




                                                    14

analógico.
 O
 calendário
 estabelecido
 pela
 Digital
 UK,
 associação
 que
 gere
 o
 processo
 de

migração
para
o
digital,
para
2010
prevê
completar
o
switch‐off
em
mais
cinco
áreas
do
país,

entre
elas
todo
o
País
de
Gales.
Com
estes
desligamentos,
espera‐se
que
no
final
de
2010
mais

de
um
quarto
dos
lares
britânicos
tenham
realizado
o
processo
de
migração.







         O
ano
de
2009
marcou
também
o
início
do
switch‐off
em
Itália,
sendo
que
no
final
do

ano
perto
de
27%
dos
italianos
tinham
concluído
a
migração,
entre
eles
os
habitantes
de
Roma

(AgCom,
 2008).
 A
 Comissão
 Nacional
 da
 Itália
 Digital
 aprovou
 um
 calendário
 para
 o
 ano
 de

2010
 que
 inclui
 primeiro
 o
 desligamento
 dos
 canais
 Rai
 e
 e
 Rete
 4,
 para
 uns
 meses
 depois

desligar
 o
 restante
 da
 oferta
 analógica.
 Prevê‐se
 que
 até
 ao
 final
 de
 2010
 cerca
 de
 68%
 dos

italianos
 tenham
 concluído
 o
 seu
 processo
 de
 migração
 (Impulsa
 TDT,
 2010).
 Por
 outro
 lado,

em
Julho
de
2009
foi
lançada
a
plataforma
gratuita
via
satélite,
desenvolvida
pelos
principais

operadores
 audiovisuais
 do
 país,
 a
 TiVù
 Sat.
 Esta
 forma
 de
 recepção,
 que
 surge
 como

alternativa
aos
lares
sem
recepção
TDT,
contava
já
com
mais
de
meio
milhão
de
subscritores

no
final
de
2009.
De
referir
ainda
o
esforço
feito
pela
RAI,
que
pretende
lançar
novos
canais,

ainda
antes
da
conclusão
do
processo
de
migração,
por
via
a
totalizar
uma
plataforma
pública

com
13
canais
de
acesso
não
condicionado,
incluindo
serviços
em
alta
definição.


         França
fixou
2010
como
um
ano
chave
para
o
processo
de
migração,
tendo
concluído

de
 forma
 satisfatória
 vários
 projectos‐piloto
 em
 2009.
 O
 CSA
 (Conselho
 Superior
 do

Audiovisual)
aprovou
um
calendário
que
prevê
um
desligamento
das
emissões
analógicas
por

região,
 estando
 prevista
 para
 o
 dia
 30
 de
 Novembro
 de
 2011
 a
 conclusão
 do
 switchover.

Apesar
de
este
país
ter
apenas
levado
a
cabo
alguns
pilotos
de
switch‐off,
a
penetração
da
TDT

tem
 vindo
 a
 crescer
 de
 forma
 consistente,
 representando
 no
 final
 desse
 ano
 cerca
 de
 24,7

milhões
de
franceses
(mais
de
40%
da
população)
de
acordo
com
dados
disponibilizados
pela

Mediametrie.
Segundo
a
Impulsa
TDT
(2010),
esse
crescimento
da
plataforma
digital
terrestre

poder‐se‐á
 em
 grande
 parte
 dever
 ao
 actual
 contexto
 de
 crise
 económica,
 sendo
 que

simultaneamente
as
ofertas
pagas
de
cabo
e
satélite
perderam
cerca
de
340
mil
subscritores

no
último
ano.
Também
o
CSA
apresenta
dados
que
destacam
esta
tendência
rumo
ao
digital:

no
 final
 de
 2009
 os
 lares
 com
 televisão
 terrestre
 analógica
 totalizavam
 12,9%,
 o
 que

representa
 uma
 descida
 de
 cerca
 de
 dez
 pontos
 percentuais
 em
 relação
 ao
 ano
 anterior.
 De

referir
 que
 o
 CSA
 prevê
 uma
 cobertura
 de
 95%
 das
 áreas
 metropolitanas
 no
 momento
 do

switch‐off,
 e
 de
 90%
 no
 caso
 dos
 canais
 em
 alta
 definição.
 Para
 os
 lares
 sem
 cobertura,
 está

prevista
 a
 alternativa
 via
 satélite,
 estando
 a
 funcionar
 desde
 2007
 a
 plataforma
 TNT
 SAT,

operada
pelo
Canal
+.
Além
disso,
foi
ainda
criada
em
Junho
de
2009
uma
segunda
plataforma

gratuita
de
distribuição
via
satélite,
a
Fransat,
que
oferece
os
mesmos
serviços
do
que
a
TDT.

Por
fim,
é
também
merecedor
de
destaque
a
atribuição
por
parte
do
CSA
de
13
licenças
DVB‐



                                                   15

H,
que
permitiram
o
desenvolvimento
da
televisão
móvel,
assim
como
a
autorização
por
parte

desta
 entidade
 da
 realização
 de
 testes
 de
 Video‐on‐Demand
 (VoD)
 na
 plataforma
 digital

terrestre.

        Em
 Espanha,
 o
 processo
 de
 switch‐off
 teve
 início
 em
 2009,
 e
 no
 início
 de
 2010
 a

Impulsa
 TDT
 estima
 que
 mais
 de
 15
 milhões
 de
 indivíduos
 (32%
 da
 população)
 tinham

realizado
a
migração
para
a
TDT
(Impulsa
TDT,
2010).
O
desligamento
das
emissões
analógicas

segue
 um
 plano
 que
 inclui
 três
 etapas,
 com
 final
 em
 2010,
 sendo
 que
 cada
 etapa
 prevê
 o

desligamento
 de
 uma
 determinada
 zona
 geográfica.
 Este
 plano
 de
 switch‐off
 surge
 na

sequência
 de
 um
 desligamento
 piloto,
 realizado
 em
 2008
 na
 província
 de
 Soria.
 As
 grandes

cidades
do
país
foram
incluídas
apenas
na
fase
final
do
processo
de
desligamento,
que
viria
a

estar
 concluído
 nos
 primeiros
 meses
 de
 2010.
 Um
 segundo
 desligamento
 piloto
 foi
 levado
 a

cabo
na
região
de
Alcázar
San
Juan,
uma
cidade
com
cerca
de
300
mil
habitantes.
Estes
dois

pilotos
 permitiram
 identificar
 não
 apenas
 determinados
 problemas
 técnicos,
 como
 também

analisar
 os
 obstáculos
 sociais
 e
 de
 usabilidade
 associados
 à
 migração
 para
 a
 TDT.
 De
 realçar

que,
devido
à
atribuição
de
licenças
para
a
TDT
quer
a
entidades
nacionais,
quer
a
entidades

regionais,
o
actual
cenário
da
TDT
em
Espanha
é
complexo,
dependendo
o
número
de
canais

disponíveis
 na
 oferta
 gratuita
 do
 local
 geográfico
 em
 que
 o
 indivíduo
 se
 encontra.
 Por

exemplo,
um
lar
de
Barcelona
poderá
ter
acesso
a
mais
de
50
canais
gratuitos
através
da
TDT,

deixando
assim
antever
problemas
em
termos
da
sustentabilidade
dos
modelos
de
negócio
da

televisão
paga
(Candel,
2008).


































                                                  16




       5.
Políticas
para
a
TDT
na
Europa


       

        A
partir
da
segunda
metade
dos
anos
noventa,
assiste‐se
na
Europa
à
disseminação
da

Televisão
Digital,
tendo
este
incremento
por
base
a
decisão
da
maioria
dos
países
europeus
de

realizar
o
encerramento
das
suas
emissões
analógicas
nacionais
(switch‐off)
até
2012.
Assim,
o

desenvolvimento
da
televisão
digital
na
Europa
assenta,
quase
exclusivamente,
num
processo

político
 aliado
 a
 imperativos
 económicos
 e
 políticos
 (Papathanassopoulos,
 2002),
 e
 não
 na

exigência
 dos
 telespectadores
 suprirem
 uma
 necessidade
 social
 através
 da
 inovação

tecnológica.
 Em
 24
 de
 Maio
 de
 2005,
 a
 Comissão
 Europeia
 adoptou
 uma
 comunicação

intitulada
 ''Acelerar
 a
 transição
 da
 radiodifusão
 analógica
 para
 a
 digital'',
 na
 qual
 fixa
 os

objectivos
 da
 política
 comunitária
 para
 a
 referida
 transição,
 com
 base
 em
 emissões
 digitais

terrestres.
 Nesse
 contexto,
 defende‐se
 que
 a
 migração
 trará
 ganhos
 para
 todas
 as
 partes

envolvidas.
Por
um
lado,
o
cidadão
terá
um
maior
acesso
à
Sociedade
de
Informação,
poderá

usufruir
 de
 uma
 maior
 diversidade
 de
 conteúdos
 e
 serviços,
 acrescidas
 capacidades
 de

interacção,
 possibilidade
 de
 personalização
 da
 experiência
 televisiva,
 assim
 como
 melhorias

em
termos
e
imagem
e
som.
Por
outro
lado,
as
empresas
de
media
terão
novas
oportunidades

em
termos
de
oferta
de
serviços
inovadores
de
valor
acrescentado,
assim
como
a
possibilidade

de
 vender
 aos
 anunciantes
 espaços
 publicitários
 com
 maiores
 recursos
 de
 segmentação.
 Por

fim,
o
Estado
poderá
incrementar
o
pluralismo
e
a
diversidade
graças
ao
aumento
do
número

de
canais,
assim
como
criar
novas
funcionalidades
para
incrementar
a
cidadania,
tais
como
o
T‐
gov,
 ou
 seja,
 a
 utilização
 da
 televisão
 como
 interface
 de
 comunicação
 entre
 a
 Administração

Pública
e
os
cidadãos,
permitindo
aplicações
tais
como
o
pagamento
de
impostos
através
do

televisor.
 Uma
 vez
 que,
 ao
 contrário
 dos
 computadores,
 a
 penetração
 da
 televisão
 nos
 lares

nas
 sociedades
 ocidentais
 ronda
 os
 100%,
 e
 que
 este
 meio
 é
 utilizado
 por
 mais
 de
 95%
 dos

indivíduos
 na
 Europa
 (OEA,
 2010),
 as
 potencialidades
 em
 termos
 de
 inclusão
 e
 cidadania

merecem
destaque,
oferecendo
novas
ferramentas
para
o
empowerment
dos
cidadãos.



        Sendo
 a
 migração
 para
 o
 digital
 antes
 de
 mais
 um
 processo
 conduzido
 por
 políticas

públicas,
 uma
 análise
 do
 seu
 enquadramento
 legal
 impõe‐se.
 Em
 termos
 de
 legislação

específica
 da
 área
 dos
 media,
 merece
 destaca
 a
 Directiva
 Televisão
 sem
 Fronteiras,
 que

constitui
 o
 instrumento
 fundamental
 da
 política
 audiovisual
 da
 Comunidade
 Europeia.
 Esta

ferramenta
 legislativa
 visa
 preservar
 determinados
 objectivos
 importantes
 de
 interesse

público,
como
a
diversidade
cultural,
a
protecção
dos
menores
e
o
direito
de
resposta.
Foram

igualmente
 introduzidas
 normas
 circunstanciadas
 sobre
 o
 conteúdo
 e
 a
 periodicidade
 da

publicidade
 televisiva.
 Em
 2005,
 a
 Comissão
 Europeia
 apresentou
 uma
 proposta
 de
 revisão




                                                  17

desta
directiva,
de
forma
a
modernizar
as
regras
em
vigor.
A
principal
motivação
desta
revisão

é
atender
à
evolução
tecnológica
e
às
mudanças
que
ocorreram
na
estrutura
do
mercado
do

sector
audiovisual
 desde
 a
 adopção
da
directiva,
em
1989,
por
via
a
preparar
 terreno
para
a

migração
para
o
digital.
Actualmente,
verifica‐se
também
a
afirmação
da
Directiva
dos
Serviços

de
Media
Audiovisuais,
que
pretende
fornecer
um
quadro
legal
para
a
interoperabilidade
dos

equipamentos
 em
 termos
 de
 recepção
 de
 conteúdos
 televisivos,
 ou
 seja,
 está
 focada
 nos

conteúdos
 e
 serviços,
 libertando
 o
 conteúdo
 audiovisual
 do
 televisor
 tradicional.
 A
 migração

para
o
digital
é
ainda
afectada
pela
legislação
existente
relativa
à
regulação
da
concorrência,

nomeadamente
no
que
se
refere
ao
equilíbrio
entre
financiamento
público
e
privado
no
sector

da
televisão,
ou
seja,
a
regulação
dos
auxílios
estatais
aos
operadores,
e
ao
próprio
processo

de
 migração.
 Neste
 âmbito,
 têm
 sido
 várias
 as
 polémicas
 que
 surgem
 pelo
 facto
 de

determinados
 governos
 europeus
 subsidiarem
 a
 compra
 de
 conversores
 para
 a
 TDT,
 o
 que
 é

apontado
 pelos
 operadores
 de
 cabo
 e
 satélite
 digital
 como
 sendo
 uma
 medida
 anti‐
concorrencial,
 favorecendo
 uma
 plataforma
 em
 detrimento
 das
 restantes.
 Por
 fim,
 a

digitalização
 da
 televisão
 é
 também
 afectada
 pelo
 quadro
 regulamentar
 das
 comunicações

electrónicas
 (nomeadamente,
 no
 que
 se
 refere
 ao
 aproveitamento
 de
 sinergias
 entre

empresas
 de
 telecomunicações
 e
 televisão),
 assim
 como
 à
 Comunicação
 relativa
 à
 gestão
 do

Digital
Dividend,
ou
seja,
como
reutilizar
as
frequências
libertadas
pelo
processo
de
migração

para
o
digital.


       


       Tendo
 em
 conta
 este
 enquadramento
 geral,
 analisemos
 as
 iniciativas
 adoptadas

especificamente
 em
 alguns
 países
 europeus.
 Por
 um
 lado,
 destaca‐se
 a
 criação
 de
 entidades

“responsáveis”
pela
adequada
implementação
da
TDT,
tais
como
por
exemplo
a
“Impulsa
TDT”

em
Espanha
ou
o
“Digital
UK”
no
Reino
Unido.
Tais
entidades,
que
resultam
na
sua
maioria
de

parcerias
 entre
 todos
 os
 players
 envolvidos
 (canais
 de
 televisão,
 gestores
 dos
 multiplexes,

entidades
de
regulação,
etc),
têm
como
objectivos
não
apenas
a
coordenação
dos
esforços
de

divulgação
do
processo
de
migração,
mas
também
a
avaliação
constante
do
mesmo.
Por
outro

lado,
 em
 alguns
 casos
 podem
 também
 ser
 responsáveis
 pela
 gestão
 da
 atribuição
 de
 apoios

para
a
aquisição
de
descodificadores,
tal
acontece
em
França
ou
em
Itália.

















                                                 18



Tabela
3.
Exemplos
de
atribuição
de
subsídios
para
a
TDT


    País
                          Medidas
                              Indivíduos
abrangidos

França
        (Ainda
em
definição)
                              ‐
 Indivíduos
 isentos
 do
 pagamento

               Nas
 áreas
 dos
 desligamentos
 piloto,
 é
        da
taxa
de
audiovisual

               oferecido
 um
 desconto
 para
 a
 aquisição
 do

               descodificador

Itália
        Desconto
 de
 50€
 para
 a
 aquisição
 dos

                                                         ‐
Indivíduos
com
mais
de
65
anos


               descodificadores
 nas
 áreas
 onde
 se
   ‐
 Indivíduos
 com
 um
 rendimento

               registaram
desligamentos
em
2009
         anula
 inferior
 a
 10
 mil
 €
 (em

                                                         algumas
regiões)

Espanha
 Para
as
zonas
I
do
processo
de
switch‐off,
foi
 ‐
Indivíduos
com
mais
de
65
anos
e

         oferecido
o
descodificador
                     portador
 de
 algum
 tipo
 de

                                                         incapacidade

                                                         ‐
 Indivíduos
 com
 limitações

                                                         visuais/auditivas

                                                         ‐
 Indivíduos
 com
 80
 anos
 ou
 mais,

                                                         ou
 que
 vivem
 com
 alguém
 dessa

                                                         faixa
etária

Fonte:
E‐media
Institute
(2009)




            Outros
 apoios
 atribuídos
 para
 o
 desenvolvimento
 da
 TDT
 incluem
 por
 exemplo

subsídios
atribuídos
aos
operadores
de
televisão
para
o
desenvolvimento
das
suas
plataformas

digitais,
 nomeadamente
 através
 de
 apoios
 financeiros
 directos,
 através
 de
 uma
 redução
 do

valor
 a
 pagar
 pelo
 uso
 das
 frequências,
 ou
 graças
 a
 subsídios
 atribuídos
 aos
 produtores
 de

conteúdos.
 
 Outras
 medidas,
 levadas
 a
 cabo
 por
 exemplo
 na
 Bélgica
 e
 em
 Espanha,
 dizem

respeito
ao
financiamento
dos
testes
das
emissões
da
TDT,
e
dos
processos
de
desligamento

do
 sinal
 nas
 zonas
 piloto.
 De
 referir
 também
 medidas
 tais
 como
 a
 criação
 de
 legislação
 para

tornar
obrigatória
a
certificação
dos
televisores
compatíveis
com
a
TDT,
tal
como
aconteceu
no

caso
italiano.




Figura
3.
Itália
‐
Certificação
das
caixas
descodificadoras
e
dos
televisores





                                                                                       

Fonte:
dgtv




            Por
outro
lado,
um
dos
principais
obstáculos
ao
desenvolvimento
da
TDT
no
seu
início

era
o
elevado
grau
de
desconhecimento
em
relação
a
esta
forma
de
transmissão
de
televisão
e

no
que
diz
respeito
ao
processo
de
switchover
(OfCom,
2007;
Impulsa
TDT,
2007).
Assim,
uma





                                                  19

das
 principais
 políticas
 no
 contexto
 de
 migração
 para
 a
 TDT
 foi
 o
 financiamento
 público
 de

campanhas
 de
 promoção
 desta
 tecnologia
 e
 do
 processo
 de
 migração.
 A
 Espanha,
 em

particular,
 foi
 um
 caso
 de
 sucesso
 neste
 contexto.
 A
 campanha
 de
 promoção
 da
 TDT,
 da

responsabilidade
do
órgão
responsável
pelo
processo
de
switchover,
a
Impulsa
TDT,
começou

logo
em
2006,
estando
organizada
em
torno
de
quatro
objectivos
concretos,
correspondentes

a
quatro
fases
de
desenvolvimento
da
estratégia
de
comunicação.
Um
primeiro
objectivo,
a
ser

cumprido
 em
 2006,
 tinha
 como
 propósito
 dar
 a
 conhecer
 a
 TDT
 e
 o
 processo
 de
 transição,

assim
 como
 comunicar
 os
 benefícios
 racionais
 que
 a
 nova
 tecnologia
 traz
 ao
 indivíduo,

nomeadamente
 ao
 nível
 da
 melhoria
 da
 qualidade
 de
 imagem
 e
 aumento
 do
 número
 de

canais.
Um
segundo
momento
(2007)
tinha
como
principal
objectivo
envolver
os
indivíduos
no

processo
 de
 migração,
 tentando
 reclamar
 um
 papel
 activo
 do
 cidadão
 no
 âmbito
 do

switchover.
Em
2008
a
estratégia
de
comunicação
passou
a
destacar
o
facto
de
a
migração
ser

obrigatória,
dando
também
a
conhecer
os
aspectos
práticos
da
migração,
nomeadamente
no

que
diz
respeito
à
adaptação
das
antenas.




Figura
4.
Sensibilização
para
a
adaptação
das
antenas
em
Espanha
‐
Anúncio
Câmara
Oculta
no

Elevador:
“Adapta
tu
antena
o
te
quedas
sin
televisión”





                                                                                                        

Fonte:
Impulsa
TDT
(2010)


          

          Por
fim,
uma
quarta
fase
da
estratégia
de
comunicação
teve
início
juntamente
com
o

começo
 do
 desligamento
 das
 emissões
 analógicas,
 em
 2009,
 prolongando‐se
 até
 ao
 final
 do

processo
de
switchover.
Além
de
visar
a
divulgação
das
várias
etapas
e
zonas
do
processo
de

desligamento,
tinha
ainda
como
objectivo
sensibilizar
os
grupos
resistentes
à
migração
para
a

TDT,
por
via
a
não
deixar
ninguém
de
fora
do
processo.

          

          Nesta
mesma
linha
de
comunicação,
refira‐se
também
o
exemplo
da
Dinamarca
que,

além
 de
 diversas
 campanhas
 gerais
 de
 promoção
 da
 TDT
 de
 valor
 superior
 a
 6,7
 milhões
 de

euros
 (Vejlgaard,
 2010),
 desenvolveu
 também
 uma
 linha
 de
 comunicação
 específica
 para

grupos
sociais
mais
sensíveis,
nomeadamente
o
caso
dos
idosos.












                                                 20



Figura
5.
Dinamarca
‐
Campanha
dirigida
à
Terceira
Idade





                                                  

Fonte:
Henrik
Vejlgaard
(2010)





         Similarmente,
a
Finlândia
criou
um
personagem
que
retratava
os
eventuais
problemas

que
os
idosos
poderiam
ter
para
realizar
o
processo
de
migração,
ajudando‐os
a
ultrapassar
os

obstáculos
 encontrados.
 Neste
 âmbito,
 foram
 distribuídos
 panfletos
 ilustrativos
 do
 processo

de
migração,
e
foi
desenvolvida
simultaneamente
uma
campanha
de
proximidade,
com
acções

de
esclarecimento
directas,
nas
várias
localidades
do
país.



Figura
6.
Finlândia
‐
Campanha
dirigida
à
Terceira
Idade





                                          




                                   

Fonte:
http://www.digitelkkari.fi/site/docs/Digi‐tv%20esite%2007_A4_Ruotsi.pdf


          






                                                            21

Também
o
Reino
Unido
apostou
de
forma
clara
em
comunicação
por
via
a
divulgar
a

TDT
e
o
processo
de
migração
para
o
digital,
desenvolvendo
nesse
âmbito
um
personagem:
o

Digit
Al.



Figura
7.
Reino
Unido
–
criação
de
personagem
para
divulgar
a
TDT:
Digit
Al





                             


                                 


                              

Fonte:
Digital
UK
(2010)





          De
notar
também
a
forte
aposta
numa
comunicação
integrada
do
ponto
de
vista
dos

suportes
utilizados,
sendo
veiculada
não
só
através
da
televisão,
mas
tendo
também
uma
forte

presença
 online,
 através
 da
 criação
 do
 site
 Digital
 UK
 por
 parte
 dos
 principais
 players
 do

mercado.
A
aposta
nesse
país
passou
também
pela
comunicação
de
proximidade,
através
da

distribuição
de
folhetos
nas
casas
das
pessoas
e
de
“roadshows”
protagonizados
pelo
Digit
Al,

que
percorreu
o
país
a
explicar
aos
indivíduos,
face
a
face,
o
que
era
a
TDT
e
como
realizar
o

processo
de
migração.
Por
outro
lado,
foi
também
realizada
uma
importante
campanha
junto

dos
 fornecedores
 e
 vendedores
 de
 televisões
 e
 caixas
 descodificadoras,
 para
 que
 fosse

disponibilizada
aos
clientes
informação
técnica
ajustada.

































                                                 22

6.
Avaliação
do
Processo
de
Migração
para
o
Digital



        Tal
 como
 referido
 anteriormente,
 uma
 das
 responsabilidades
 das
 entidades
 criadas

para
a
implementação
da
TDT
nos
vários
países
europeus
é
o
acompanhamento
e
a
avaliação

do
 processo
 de
 migração.
 Por
 exemplo,
 Broeck
 e
 Pierson
 (2008)
 referem
 que
 na
 primeira

semana
após
o
desligamento
das
emissões
analógicas
na
Finlândia
o
call
center
criado
para
dar

apoio
 às
 populações
 recebeu
 cerca
 de
 4000
 chamadas,
 sendo
 que
 algumas
 das
 chamadas

duraram
mais
de
trinta
minutos
(na
fase
pré
switch‐off,
a
duração
média
das
chamadas
era
de

4
 minutos).
 Na
 grande
 maioria
 dos
 casos,
 as
 chamadas
 eram
 relativas
 problemas
 ligados
 à

incapacidade
 de
 instalar
 o
 equipamento
 necessário
 para
 receber
 a
 TDT.
 Similarmente,
 o
 seu

site
recebeu
cerca
de
65
mil
visitas
na
semana
após
o
switch‐off.





        Além
da
avaliação
do
processo
de
desligamento
das
emissões
analógicas
em
si,
foram

também
 realizados
 estudos
 por
 via
 a
 acompanhar
 os
 impactos
 a
 longo
 prazo.
 A
 associação

Digital
 UK
 disponibiliza
 os
 resultados
 de
 um
 estudo
 realizado
 após
 o
 switch‐off,
 por
 via
 a

avaliar
a
percepção
das
 pessoas
acerca
do
processo
de
migração.
 Note‐se
que
apenas
foram

inquiridos
late
adopters
da
TDT,
ou
seja,
os
indivíduos
que
só
realizaram
a
conversão
devido
ao

desligamento
iminente
das
emissões
analógicas.
Os
dados
obtidos
sugerem
que
a
experiência

do
consumidor
em
relação
ao
processo
de
migração
foi
geralmente
positivo.
De
facto,
60%
dos

inquiridos
 afirma
 que
 a
 televisão
 digital
 é
 melhor
 que
 a
 analógica,
 sendo
 que
 perto
 de
 um

terço
(31%)
afirma
mesmo
desejar
ter
realizado
a
conversão
há
mais
tempo.
Verificou‐se
ainda

que
 também
 30%
 dos
 indivíduos
 declarou
 notar
 uma
 melhoria
 em
 termos
 da
 qualidade
 da

imagem
 e
 do
 som.
 Por
 outro
 lado,
 apenas
 uma
 minoria
 relatou
 problemas
 ao
 realizar
 a

conversão:
2%
afirmou
sentir‐se
confuso
sobre
como
utilizar
o
novo
equipamento,
e
4%
sobre

como
instalar
o
conversor.
Simultaneamente,
78%
dos
late‐adopters
afirmou
não
ter
sentido

nenhum
 tipo
 de
 confusão
 em
 relação
 às
 várias
 etapas
 do
 processo
 de
 migração.
 Por
 outro

lado,
o
estudo
destacou
ainda
as
contribuições
do
processo
de
migração
para
a
alteração
das

atitudes
 em
 geral
 em
 relação
 às
 novas
 tecnologias,
 nomeadamente
 no
 caso
 dos
 indivíduos

com
 idades
 mais
 avançadas.
 A
 mudança
 para
 o
 digital,
 e
 a
 possibilidade
 de
 experienciar
 os

benefícios
 associados
 parece
 ter
 trazido
 maior
 curiosidade
 e
 menor
 receio
 em
 relação
 a

experimentar
novas
tecnologias
digitais
junto
dos
late‐adopters
(Digital
UK,
2010).
Assim,
mais

de
um
quarto
dos
indivíduos
que
só
adoptaram
a
televisão
digital
devido
ao
switchover
afirma

sentir‐se
 mais
 confiante
 em
 relação
 à
 utilização
 em
 geral
 das
 novas
 tecnologias,
 sendo
 que






                                                 23

64%
 desses
 declarou
 ter
 intenções
 de
 experimentar
 outros
 dispositivos
 digitais,

nomeadamente
gravadores
e
câmaras
de
vídeo,
assim
como
a
Internet
(28%).


        

        Similarmente,
 um
 estudo
 realizado
 pela
 Impulsa
 TDT
 após
 o
 inicio
 das
 emissões
 em

Espanha
 procurou
 desenvolver
 uma
 tipologia
 dos
 lares
 sem
 TDT,
 que
 nos
 permite
 dar
 conta

dos
principais
motivos
para
a
não
adopção
desta
tecnologia.
Uma
primeira
categoria
inclui
os

grupos
 com
 probabilidade
 de
 migração
 para
 a
 TDT
 inferior
 a
 50%,
 sendo
 por
 isso
 os
 grupos

mais
 sensíveis.
 Essa
 categoria
 subdivide‐se
 em
 3
 grupos.
 Um
 primeiro
 engloba
 aqueles
 que

desconhecem
 a
 existência
 da
 TDT
 (que
 representam
 à
 data
 do
 estudo
 cerca
 de
9%
 dos
 lares

sem
TDT).
Um
segundo
grupo,
que
também
representa
cerca
de
9%
dos
lares
sem
TDT,
inclui

os
indivíduos
reticentes
à
mudança,
que
não
gostam
de
dispositivos
tecnológicos
novos
e
que

estão
 satisfeitos
 com
 a
 televisão
 analógica
 que
 recebem,
 não
 percebendo
 a
 necessidade
 de

migrar
para
a
TDT.
Por
fim,
um
terceiro
grupo
diz
respeito
aos
indivíduos
que
consideram
caro

o
processo
de
migração,
existindo
uma
ausência
da
percepção
de
custo‐benefício.


         Uma
segunda
categoria
inclui
grupos
com
probabilidade
de
migração
entre
os
50%
e

os
60%.
Neste
contexto
encontram‐se
os
“reticentes
ao
meio”,
ou
seja,
indivíduos
que
não
se

interessam
 de
 forma
 geral
 pela
 televisão,
 e
 por
 isso
 não
 encaram
 o
 processo
 de
 migração

como
algo
prioritário.
Um
segundo
grupo
desta
categoria
refere‐se
aos
lares
com
televisão
de

acesso
pago,
que
também
não
fazem
do
processo
de
migração
uma
prioridade
visto
não
estar

em
risco
a
capacidade
de
recepção
do
sinal
televisivo.
Por
fim,
um
terceiro
grupo
identificado

neste
contexto
 refere‐se
 os
 indivíduos
mais
carenciados
e
que,
apesar
da
vontade
de
 querer

migrar,
não
têm
condições
financeiras
para
tal.

         Finalmente,
uma
terceira
categoria
refere‐se
a
grupos
com
probabilidade
de
migração

para
a
TDT
superior
a
60%.
Um
primeiro
grupo
neste
âmbito
inclui
as
pessoas
que
ainda
não

pensaram
 nisso
 ou
 têm
 falta
 de
 tempo
 e
 que
 aguardam
 a
 aproximação
 da
 data
 de

desligamento
das
emissões
para
realizarem
a
migração.
Há
também
um
conjunto
de
indivíduos

que
 não
 procedem
 à
 migração
 por
 factores
 exógenos,
 nomeadamente
 a
 fraca
 recepção
 do

sinal
na
sua
zona,
ou
o
facto
de
não
conseguirem
realizar
a
mudança
da
antena
no
caso
dos

prédios.
 Por
 fim,
 esta
 categoria
 inclui
 ainda
 o
 grupo
 dos
 inquiridos
 que
 já
 conhecem
 a
 TDT,

querem
realizar
o
processo
de
migração,
mas
não
sabem
como
proceder
para
tal.

         

         

         

         

         




                                                  24

Conclusão:
Elementos
Obrigatório
do
Processo
de
Switchover

        

        A
 realização
 do
 presente
 estado
 da
 arte
 acerca
 da
 migração
 para
 a
 TDT
 na
 Europa

permitiu‐nos
 destacar
 alguns
 elementos
 obrigatórios
 para
 a
 adequada
 passagem
 para
 o

sistema
digital.
Por
um
lado,
há
um
conjunto
de
factores
relacionados
com
a
própria
oferta
de

TDT.
 A
 experiência
 europeia
 demonstra
 a
 importância
 de
 envolver
 todos
 os
 players
 do

mercado
 no
 processo,
 não
 esquecendo
 no
 entanto
 o
 elemento
 final,
 ou
 seja,
 o
 espectador.

Neste
 contexto,
 as
 ofertas
 FTA
 assumem
 particular
 importância,
 nomeadamente
 em
 países

com
longa
tradição
de
emissões
terrestres
gratuitas.
Deve
também
ser
destacado
o
facto
dos

conteúdos
 se
 assumirem
 como
 elementos
 fundamentais
 para
 o
 interesse
 dos
 espectadores,

sendo
 a
 melhoria
 da
 qualidade
 de
 imagem
 e
 a
 possibilidade
 de
 gravação
 digital
 também

atributos
valorizados
pelas
audiências.



       Além
 destes
 factores
 relacionados
 com
 a
 oferta
 de
 TDT,
 há
 também
 um
 conjunto
 de

factores‐chave
que
dizem
respeito
ao
processo
de
migração
em
si,
nomeadamente
a
correcta

divulgação
da
TDT
e
do
switchover.
As
campanhas
de
publicidade
são
essenciais,
mas
também

as
 acções
 de
 proximidade
 com
 a
 população
 se
 afirmam
 decisivas.
 Por
 outro
 lado,
 é

fundamental
 aprender
 com
 as
 experiências
realizadas
nas
zonas
 de
desligamento
piloto,
 que

podem
fornecer
informação
relevante
não
apenas
do
ponto
de
vista
tecnológico,
mas
também

do
 ponto
 de
 vista
 da
 aceitação
 da
 tecnologia
 por
 parte
 dos
 espectadores,
 e
 dos
 principais

obstáculos
 encontrados
 pelas
 audiências.
 Será
 também
 essencial
 garantir
 que
 todos,

nomeadamente
 os
 grupos
 sociais
 mais
 sensíveis
 (menores
 rendimentos,
 pessoas
 com

necessidades
 especiais,
 camadas
 etárias
 mais
 avançadas
 etc.)
 possam
 ter
 acesso
 à
 TDT.
 A

adequada
 migração
 para
 a
 televisão
 digital
 dependerá
 de
 todos
 estes
 factores,
 sendo

obrigatória
a
acção
conjunta
das
entidades
envolvidas.
Mais
do
que
um
simples
“aparelho”,
a

televisão
 tem
 uma
 dimensão
 simbólica
 na
 vida
 das
 pessoas,
 pelo
 que
 todos
 os
 esforços

deverão
ser
conciliados
para
que
todos
possam
usufruir
de
forma
plena
das
potencialidades
da

televisão
digital.




















                                                 25

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                                               26

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da
televisão
analógica
para
o
digital
em
Portugal”

 (
PTDC/CCI‐COM/102576/2008)
 
 A
Transição
para
a
Televisão
Digital
Terrestre
na
Europa
–
Outubro
2010
 Relatório
preparado
por
Vera
Araújo
(Obercom)
 
 
 1

  • 2. 
 A
Transição
para
a
Televisão
Digital
Terrestre
na
Europa
 
 O
tema
da
migração
para
a
televisão
digital
está
na
ordem
do
dia
em
Portugal:
em
2009
 foram
iniciadas
as
transmissões
de
televisão
digital
terrestre
(TDT),
em
2011
serão
realizados
 os
primeiros
desligamentos
do
sinal
analógico,
e
em
2012
está
previsto
o
encerramento
total
 das
transmissões
da
radiodifusão
analógica
–
processo
também
conhecido
por
“switchover”
–
 passando
a
partir
desse
momento
a
existir
unicamente
o
sistema
digital
na
Europa.
Assim,
será
 necessário
 que
 até
 2012
 todos
 os
 lares
 que
 actualmente
 recebem
 o
 sinal
 de
 televisão
 tradicional
 através
 de
 antena
 analógica
 (ou
 seja,
 os
 que
 não
 têm
 televisão
 paga
 nem
 pré‐ instalação
de
cabo
e
que
representam
cerca
de
55%
dos
lares,
de
acordo
com
a
Anacom,
2010)
 comprem
um
descodificador
e
uma
antena
adaptada
para
que
possam
continuar
a
usufruir
das
 emissões
 televisivas.
 Por
 outro
 lado,
 será
 ainda
 necessário
 preparar
 a
 indústria
 e
 o
 mercado
 dos
media
para
este
processo
de
migração,
já
que
ele
implica
não
só
um
processo
de
transição
 para
o
digital
no
próprio
operador,
como
também
pelo
facto
de
vir
reconfigurar
as
fontes
de
 criação
 de
 valor
 no
 contexto
 do
 sector
 televisivo.
 Por
 fim,
 também
 as
 actuais
 políticas
 de
 media
e
mais
especificamente
de
televisão
terão
de
ser
enquadradas
no
contexto
da
migração
 para
 o
 digital,
 por
 via
 por
 exemplo
 a
 repensar
 o
 papel
 do
 serviço
 público
 ou
 o
 destino
 das
 frequências
que
ficarão
livres
no
espectro
radioeléctrico
em
consequência
da
migração
para
o
 digital
do
sinal
de
televisão,
e
que
poderão
ser
utilizadas
para
uma
vasta
gama
de
aplicações
 tais
como
o
desenvolvimento
da
alta
definição,
a
criação
de
novos
canais
ou
a
televisão
móvel.

 Apesar
destes
desafios
que
se
afiguram
para
os
próximos
dois
anos,
Portugal
beneficia
de
 uma
importante
vantagem:
sendo
um
dos
últimos
países
da
Europa
Ocidental
a
ter
lançado
de
 forma
 efectiva
 a
 TDT,
 e
 também
 um
 dos
 últimos
 a
 iniciar
 o
 processo
 de
 desligamento
 das
 emissões
analógicas,
o
país
poderá
beneficiar
da
experiência
dos
restantes
países
europeus,
e
 identificar
uma
série
de
factores
chave
que
levem
quer
ao
sucesso
da
TDT
propriamente
dita,
 quer
 ao
 adequado
 desenrolar
 do
 processo
 de
 switchover.
 Neste
 âmbito,
 o
 presente
 capítulo
 visa
 dar
 conta
 do
 panorama
 europeu
 da
 TDT,
 por
 via
 a
 compreender
 tanto
 as
 histórias
 de
 sucesso,
 como
 os
 principais
 obstáculos
 encontrados
 em
 outros
 países,
 fornecendo
 assim
 um
 enquadramento
 do
 que
 poderá
 acontecer
 em
 Portugal,
 do
 que
 deverá
 ser
 incentivado
 e
 dos
 contextos
a
evitar.
Para
tal,
será
inicialmente
descrito
o
actual
sistema
de
televisão
na
Europa,
 seguindo‐se
 uma
 análise
 das
 experiências
 pioneiras
 de
 TDT;
 de
 seguida,
 serão
 apresentados
 casos
 de
 sucesso
 desta
 plataforma
 televisiva,
 e
 examinados
 os
 modelos
 de
 negócio
 na
 base
 destes
 processos.
 Por
 fim,
 será
 abordado
 o
 desenrolar
 do
 desligamento
 das
 emissões
 
 2

  • 3. analógicas
 na
 Europa,
 destacando‐se
 os
 principais
 obstáculos
 encontrados
 e
 evidenciando‐se
 as
medidas
mais
proeminentes
de
promoção
da
TDT
pelas
entidades
competentes.
 
 1‐ Sistemas
televisivos
na
Europa
 
 Apesar
 de
 existir
 um
 “paradigma
 europeu”
 do
 funcionamento
 do
 sistema
 televisivo,
 que
 se
 baseia
 essencialmente
 no
 serviço
 público
 de
 televisão,
 à
 margem
 deste
 modelo
 co‐ existem
na
Europa
uma
multiplicidade
de
modelos
de
funcionamento
do
sector
da
televisão.
 Assim,
há
países
onde
a
televisão
é
essencialmente
nacional
(tal
como
acontece
por
exemplo
 em
 Portugal),
 e
 outros
 onde
 a
 dimensão
 regional
 tem
 um
 peso
 determinante
 (por
 exemplo,
 Espanha
 ou
 Itália);
 por
 outro
 lado,
 há
 países
 onde
 o
 espectador
 está
 habituado
 a
 pagar
 pelo
 acesso
às
emissões
televisivas
(por
exemplo,
na
Bélgica
ou
na
Holanda),
e
países
com
tradição
 de
longa
data
de
acesso
gratuito,
sendo
o
sistema
financiado
essencialmente
pela
publicidade
 (por
exemplo,
Espanha);
há
ainda
fortes
divergências
em
termos
tecnológicos,
existindo
países
 dependentes
das
emissões
terrestres,
enquanto
outros
são
essencialmente
países
cabo.
Neste
 âmbito,
Martins
(2007)
disponibiliza
uma
tipologia
que
permite
delimitar
três
grupos
de
países
 na
Europa,
em
relação
aos
seus
sistemas
televisivos.
O
primeiro
inclui
os
países
cabo/satélite,
 ou
seja,
são
os
países
onde
a
recepção
do
sinal
de
televisão
é
feita
maioritariamente
através
 destas
 duas
 plataformas
 tecnológicas
 (ex:
 Luxemburgo,
 Alemanha,
 Holanda,
 Bélgica);
 nestes
 contextos,
o
espectador
não
só
está
habituado
a
pagar
para
aceder
aos
conteúdos
televisivos,
 como
está
também
habituado
há
várias
décadas
a
uma
multiplicidade
de
canais
e
de
ofertas
 no
 sector
 televisivo.
 Um
 segundo
 grupo
 de
 países
 é
 denominado
 pelo
 autor
 de
 “híbrido”,
 englobando
 as
 regiões
 onde
 não
 se
 verifica
 uma
 tendência
 clara
 em
 termos
 de
 forma
 de
 recepção
 do
 sinal
 de
 televisão,
 existindo
 uma
 forte
 presença
 do
 cabo
 e
 do
 satélite,
 mas
 também
das
emissões
analógicas
(ex:
Portugal,
Reino
Unido,
Irlanda);
nestes
países,
as
práticas
 televisivas
 são
 mais
 heterogéneas,
 existindo
 fortes
 diferenças
 entre
 quem
 tem
 televisão
 de
 subscrição,
 e
 quem
 não
 tem,
 assim
 como
 entre
 quem
 já
 beneficia
 das
 emissões
 digitais,
 e
 quem
 ainda
 recebe
 o
 sinal
 analógico.
 Por
 exemplo,
 no
 Reino
 Unido,
 o
 mercado
 encontra‐se
 dividido:
 cerca
 de
 metade
 dos
 lares
 têm
 TV
 paga,
 e
 metade
 tem
 TV
 de
 acesso
 livre.
 A
 rede
 terrestre
 é
 a
 principal
 plataforma
 de
 distribuição,
 mas
 tem
 vindo
 a
 perder
 terreno
 face
 ao
 satélite.
Já
o
cabo
não
conseguiu
aumentar
a
sua
quota
de
mercado,
estando
assim
estagnado
 nos
últimos
dez
anos,
à
semelhança
da
IPTV
que
ainda
não
conseguiu
conquistar
uma
posição
 de
relevo
(Idate,
2009).
Por
fim,
Martins
identifica
os
países
terrestres,
nos
quais
a
recepção
do
 sinal
 televisivo
 é
 feita
 maioritariamente
 através
 de
 ondas
 terrestres
 analógicas
 e,
 mais
 recentemente,
 também
 digitais,
 com
 o
 lançamento
 da
 TDT
 nestas
 zonas
 (ex:
 Itália,
 Espanha,
 
 3

  • 4. França).
 Em
 França,
 por
 exemplo,
 a
 rede
 terrestre
 é
 historicamente
 o
 principal
 modo
 de
 recepção
de
televisão,
sendo
o
satélite
a
principal
plataforma
de
TV
paga.
Já
a
TV
paga
via
cabo
 tem
vindo
a
estagnar,
face
ao
dinamismo
das
ofertas
IPTV
que
representavam
já
no
início
de
 2009
 cerca
 de
 26%
 do
 mercado
 de
 pay‐tv
 (Idate,
 2009).
 Em
 Itália,
 o
 FTA
 (free‐to‐air)
 lidera,
 representando
cerca
de
78%
das
emissões
em
2009
(Idate,
2009),
permanecendo
a
plataforma
 terrestre
a
principal
forma
de
recepção
de
TV,
com
cerca
de
dois
terços
dos
lares.
O
satélite
 afirma‐se
como
o
principal
concorrente
das
emissões
terrestres,
sendo
o
cabo
e
as
emissões
 via
 IPTV
 quase
 inexistentes.
 Similarmente,
 em
 Espanha
 as
 emissões
 gratuitas
 dominam,
 representando
 o
 sector
 pay‐tv
 apenas
 cerca
 de
 30%
 do
 mercado.
 A
 plataforma
 terrestre
 domina,
 sendo
 que
 o
 satélite
 representa
 perto
 de
 metade
 do
 mercado
 de
 TV
 paga
 e
 a
 IPTV
 cerca
de
um
quinto
(Idate,
2009).
 
 Tabela
1.
Sistemas
televisivos
na
Europa
em
2008
 
 %
lares
TV
(2008)
 %
lares
TDT
(2008)
 %
total
lares
com
TV
digital
(2008)
 Bélgica
 98,6%
 1,4%
 32,8%
 Alemanha
 94,2%
 10,4%
 54,4%
 Dinamarca
 95,3%
 25,5%
 51,3%
 Suécia
 97,5%
 47,6%
 93,7%
 Finlândia
 97,0%
 56,7%
 100,0%
 Portugal
 99,3%
 0,0%
 33,6%
 Itália
 100,0%
 33,4%
 55,2%
 França
 96,0%
 48,2%
 63,3%
 Reino
Unido
 96,1%
 66,7%
 87,1%
 Hungria
 97,0%
 0,3%
 21,6%
 Espanha
 100,0%
 46,0%
 66,2%
 Fonte:
OEA
(Mavise,
2010)
 
 Tendo
em
mente
este
breve
enquadramento
acerca
do
panorama
do
sector
televisivo
na
 Europa,
 a
 próxima
 secção
 visa
 analisar
 as
 primeiras
 experiências
 de
 TDT,
 destacando
 nomeadamente
 os
 países
 pioneiros
 que
 enfrentaram
 sérias
 dificuldades
 ao
 nível
 da
 consolidação
da
plataforma.
 
 
 
 
 
 4

  • 5. 
 
 2.
A
introdução
da
TDT
na
Europa
 
 
 A
 TDT
 foi
 sendo
 introduzida
 na
 Europa
 de
 forma
 gradual;
 apesar
 de
 existir
 um
 consenso
 europeu
 em
 relação
 à
 data
 do
 desligamento
 das
 emissões
 analógicas,
 a
 decisão
 relativa
ao
início
da
TDT
foi
relegada
para
cada
país,
de
acordo
com
o
seu
contexto
específico.

 
 Figura
1.
Evolução
da
TDT
na
Europa
2007,
2008
e
2009
 


 
 
 Fonte:
Digitag
(2010)
 
 De
 facto,
 a
 realidade
 de
 países
 tais
 como
 a
 Bélgica,
 onde
 a
 penetração
 das
 emissões
 terrestres
é
muito
escassa,
face
ao
contexto
de
países
tais
como
Itália
ou
Espanha,
evidencia
a
 importância
de
estratégias
diferenciadas
para
a
implementação
da
TDT.
Por
exemplo,
Broeck
e
 Pierson
 (2008)
 estimam
 que
 existam
 em
 Itália
 cerca
 de
 10,6
 milhões
 de
 lares
 afectados
 pela
 migração
para
a
TDT,
enquanto
a
Suécia
terá
que
garantir
a
adequada
migração
de
apenas
350
 mil
lares.


 
 Tabela
2.
A
TDT
na
Europa

 
 Início
das
 Switch‐off
 Processo
de
 Estimativa
do
nº
de
lares
 emissões
TDT
 Switch‐off
 afectados
pelo
switch‐off
 Bélgica
 2003
 2010
(?)
 Regional
 
 Alemanha
 2002
 2008
 Regional
 2,5
milhões
 Dinamarca
 2006
 2009
 Nacional
 500
mil
 Suécia
 1999/2002
 2007
 Regional
 350
mil
 Finlândia
 2002
 2007
 Nacional
 400
mil
 Portugal
 2009
 2012
 Regional
 3,2
milhões
 Itália
 2004
 2012
 Regional
 10,6
milhões
 França
 2005
 2011
 Regional
 5,5
milhões
 
 5

  • 6. Reino
Unido
 1998/2002
 2012
 Regional
 5,5
milhões
 Espanha
 2000/2005
 2010
 Regional
 7,4
milhões
 Fonte:
Elaboração
própria
com
base
em
Broeck
e
Pierson
(2008)
 
 Reino
Unido
e
Espanha:
o
insucesso
da
TDT
paga
 Os
primeiros
países
europeus
a
iniciar
as
emissões
da
TDT
tiveram
resultados
muito
abaixo
do
 esperado.
O
Reino
Unido
foi
pioneiro
no
continente
com
a
iniciativa
On
Digital,
um
operador
 que
surgiu
em
Novembro
de
1998
com
a
oferta
de
um
pacote
de
canais
de
acesso
pago,
tendo
 como
 base
 um
 modelo
 de
 negócio
 por
 assinatura
 de
 canais
 Premium,
 numa
 primeira
 fase
 sobretudo
 canais
 de
 cinema
 e
 de
 desporto.
 Três
 anos
 mais
 tarde,
 transformou‐se
 na
 ITV
 Digital,
um
projecto
que
acabou
por
declarar
falência
em
Abril
de
2002.
A
forte
penetração
e
 concorrência
do
sistema
por
satélite,
a
escassez
de
aplicações
verdadeiramente
interactivas,
e
 a
 manutenção
 da
 transmissão
 por
 via
 analógica
 da
 BBC
 condicionou
 fortemente
 o
 sucesso
 desta
iniciativa,
que
viria
a
colapsar
financeiramente
em
2002.
De
facto,
o
sucesso
da
TDT
no
 Reino
Unido
só
foi
possível
a
partir
de
Julho
de
2002,
quando
um
consórcio
liderado
pela
BBC
 recebeu
uma
licença
de
12
anos
para
gerir
as
licenças
que
estavam
vagas
com
a
falência
da
ITV
 Digital.
O
consórcio
lançou
então
a
Freeview,
uma
plataforma
gratuita
que
oferece
28
canais.
 Este
 modelo
 revelou‐se
 um
 sucesso,
 atingindo
 em
 2004,
 18,5%
 dos
 lares
 britânicos
 (OfCom,
 2007).
 Em
 Espanha,
 a
 primeira
 grande
 operadora
 de
 TDT
 foi
 a
 Quiero
 TV,
 que
 estreou
 em
 Maio
 de
 2000.
 A
 licença
 tinha
 sido
 atribuída
 em
 Julho
 de
 1999
 à
 Onda
 Digital
 SA,
 que
 tinha
 como
 accionista
 principal
 a
 Retevisión
 (49%).
 A
 sua
 oferta
 incluía
 13
 canais
 de
 acesso
 pago
 e
 um
 aberto,
 7
 estações
 de
 rádio
 e
 acesso
 à
 Internet
 através
 da
 televisão,
 que
 era
 o
 grande
 diferencial
 da
 Quiero
 TV.
 No
 entanto,
 também
 esta
 iniciativa
 não
 conseguiu
 conquistar
 os
 consumidores,
 sendo
 o
 grupo
 extinto
 em
 Junho
 de
 2002.
 Quando
 encerrou
 as
 actividades,
 a
 Quiero
TV,
que
tinha
chegado
a
ter
200
mil
subscritores,
estava
com
apenas
90
mil
assinantes,
 o
que
constitui
um
claro
sinal
de
que
não
foi
capaz
de
suprir
as
necessidades
das
audiências
 (Sabés
 Turmo,
 2006).
 Candel
 (2008)
 fornece
 algumas
 pistas
 para
 a
 identificação
 dos
 motivos
 subjacentes
 ao
 insucesso
 desta
 iniciativa.
 Por
 um
 lado,
 o
 autor
 destaca
 a
 incapacidade
 desta
 oferta
 fazer
 face,
 nomeadamente
 no
 que
 diz
 respeito
 ao
 número
 de
 canais
 oferecido,
 às
 ofertas
 de
 televisão
 de
 subscrição
 via
 satélite.
 Por
 outro
 lado,
 é
 também
 realçada
 a
 incapacidade
 de
 acordo
 entre
 o
 governo,
 responsável
 pela
 delineação
 da
 estratégia
 para
 a
 TDT,
e
os
canais
analógicos
nacionais,
que
atrasaram
assim
até
2002,
data
limite
estabelecida
 pelas
 suas
 licenças,
 o
 lançamento
 dos
 seus
 canais
 digitais.
 Outro
 motivo
 identificado
 por
 Candel
prende‐se
com
os
elevados
investimentos
necessários
por
parte
da
plataforma
Quiero
 
 6

  • 7. TV
para
se
conseguir
implementar
no
mercado.
De
facto,
devido
à
forte
competição
existente
 no
 mercado
 de
 televisão
 paga,
 o
 operador
 viu‐se
 forçado
 a
 desenvolver
 um
 esforço
 de
 marketing
superior
ao
inicialmente
previsto,
e
a
ter
de
oferecer
descodificadores
gratuitos
aos
 clientes,
 assim
 como
 a
 adaptação
 das
 antenas.
 Além
 disso,
 foi
 também
 realizada
 uma
 forte
 aposta
 nos
 serviços
 interactivos,
 que
 deveriam
 ser
 o
 principal
 elemento
 de
 diferenciação
 da
 plataforma,
 apostando‐se
 em
 jogos,
 notícias,
 comércio
 através
 da
 televisão
 (T‐commerce),
 envio
de
email,
ou
aplicações
infantis.
No
entanto,
estes
investimentos
não
geraram
retorno,
 não
 só
 pela
 limitada
 capacidade
 técnica
 de
 entregar
 os
 serviços
 com
 a
 qualidade
 necessária,
 como
 também
 pela
 pouca
 divulgação
 e
 interesse
 por
 parte
 das
 audiências
 em
 relação
 a
 tais
 aplicações
 nessa
 altura.
 Finalmente,
 Candel
 realça
 ainda
 a
 incapacidade
 da
 Quiero
 TV
 para
 desenvolver
 uma
 oferta
 competitiva
 do
 ponto
 de
 vista
 dos
 conteúdos,
 sendo
 o
 número
 de
 canais
oferecido
inferior
aos
das
plataformas
cabo
e
satélite.
Em
consequência
de
todos
estes
 obstáculos,
a
Quiero
TV
deixou
de
emitir
em
Maio
de
2002,
perdendo
assim
a
sua
licença.
Não
 obstante,
 os
 canais
 digitais
 gratuitos
 continuaram
 a
 sua
 emissão,
 ficando
 activos
 até
 2004,
 altura
 em
 que
 foi
 anunciado
 um
 plano
 de
 relançamento
 da
 TDT
 em
 Espanha,
 baseado
 na
 atribuição
 das
 licenças
 deixadas
 livres
 pela
 Quiero
 TV,
 aos
 canais
 analógicos
 incumbentes.
 A
 nova
 plataforma
 assenta
 numa
 estratégia
 free‐to‐air
 (FTA),
 oferecendo
 cerca
 de
 20
 canais
 gratuitos,
 sendo
 que
 em
 2008
 já
 cerca
 de
 37%
 dos
 espanhóis
 recebia
 em
 sua
 casa
 a
 TDT
 (Impulsa
TDT,
2008).
Não
obstante
o
sucesso
desta
plataforma,
Candel
(2008)
destaca
alguns
 obstáculos,
 nomeadamente
 o
 elevado
 número
 de
 antenas
 que
 ainda
 necessitam
 de
 ser
 adaptadas,
e
a
oferta
em
termos
de
conteúdos
que
fica
frequentemente
aquém
da
oferecida
 nas
plataformas
de
acesso
condicionado.

 
 Casos
de
Sucesso
 
 O
 caso
 Finlandês
 é
 de
 particular
 relevância,
 sendo
 este
 um
 dos
 primeiros
 países
 a
 desligar
 o
 sinal
 analógico
 (quer
 no
 cabo,
 quer
 o
 sinal
 terrestre)
 e
 a
 completar
 o
 processo
 de
 migração.
 A
 televisão
 digital
 foi
 introduzida,
 antes
 do
 lançamento
 das
 ofertas
 comerciais,
 através
de
três
projectos‐piloto
financiados
pelo
governo:
Future
TV
(1999‐2002),
Health
Care
 Television
 Project
 (2000‐2003)
 e
 Future
 Interaction
 TV
 (2002‐2003).
 Em
 2002
 foi
 finalmente
 lançada
a
TDT,
sob
a
alçada
do
grupo
TV2007,
que
incluía
os
principais
players
do
mercado
e
 que
 tinha
 como
 objectivo
 coordenar
 os
 esforços
 de
 migração.
 O
 documento
 “Switchover
 to
 All‐Digital
 Television”
 faz
 um
 retrato
 do
 processo,
 com
 destaque
 para
 as
 campanhas
 de
 disseminação
 da
 TDT
 que
 ocorreram
 entre
 2004
 e
 2007.
 De
 acordo
 com
 um
 estudo
 encomendado
 pelo
 grupo
 TV2007
 e
 descrito
 nesse
 documento,
 em
 2006
 cerca
 de
 58%
 dos
 Finlandeses
estavam
a
par
da
data
do
switchover,
sendo
a
melhor
qualidade
de
imagem,
assim
 
 7

  • 8. como
 o
 desligamento
 das
 emissões
 analógicas,
 as
 principais
 razões
 evocadas
 pela
 população
 para
 migrar
 para
 o
 digital.
 Não
 obstante,
 o
 estudo
 destacou
 também
 a
 existência
 de
 uma
 camada
 da
 população
 que
 apenas
 pretendia
 passar
 para
 o
 sistema
 digital
 na
 altura
 do
 switchover,
 por
 via
 a
 evitar
 eventuais
 problemas
 técnicos.
 Num
 segundo
 estudo,
 também
 descrito
no
mesmo
relatório
e
realizado
em
2007
junto
da
população
que
já
tinha
efectuado
a
 migração
para
a
TDT,
verificou‐se
que
64%
estavam
“satisfeitos”
ou
“muito
satisfeitos”
com
a
 forma
 como
 se
 tinha
 desenrolado
 o
 processo
 de
 migração,
 sendo
 a
 melhor
 qualidade
 de
 imagem
 e
 a
 possibilidade
 de
 gravação
 digital
 as
 funcionalidades
 mais
 cativantes
 para
 os
 espectadores.
 Já
 o
 mau
 funcionamento
 dos
 adaptadores
 era
 a
 principal
 queixa
 dos
 que
 estavam
 insatisfeitos.
 O
 estudo
 permitiu
 ainda
 destacar
 a
 importância
 das
 fontes
 interpessoais,
nomeadamente
as
redes
sociais
próximas
ao
indivíduo,
para
a
disseminação
da
 informação
acerca
do
processo
de
desligamento.


 
 Apesar
de
ser
um
dos
países
com
maior
número
de
lares
afectados
pelo
processo
de
 desligamento
das
emissões
analógicas,
a
Itália
conseguiu
desenvolver
um
modelo
de
TDT
com
 algum
sucesso.
A
Mediaset
foi
a
primeira
a
lançar
uma
oferta
em
Dezembro
de
2003,
com
um
 pacote
 de
 5
 canais
 FTA,
 seguida
 pela
 RAI
 e
 pela
 Telecom
 Itália
 (Broeck
 e
 Pierson,
 2008).
 Inicialmente,
 a
 oferta
 baseava‐se
 apenas
 num
 modelo
 gratuito,
 exclusivamente
 financiado
 pelas
 receitas
 publicitárias,
 mas
 a
 Mediaset
 rapidamente
 acrescentou
 a
 possibilidade
 de
 conteúdos
em
pay‐per‐view,
com
base
num
sistema
de
cartões
pré‐pagos
e
recarregáveis.
Tal
 sistema
permitiu
o
desenvolvimento
rápido
da
TDT
em
Itália,
sendo
que
em
meados
de
2004
 tinham
 já
 sido
 vendidas
 mais
 de
 500
 mil
 set‐top
 boxes
 para
 a
 TDT
 (Broeck
 e
 Pierson,
 2008).
 Outro
 factor
 relevante
 para
 determinar
 o
 sucesso
 da
 TDT
 em
 Itália
 foi
 o
 impulso
 dado
 quer
 pelo
 governo,
 quer
 pelos
 operadores
 ao
 desenvolvimento
 das
 funcionalidades
 da
 televisão
 digital.
 A
 Mediaset,
 por
 exemplo,
 realizou
 uma
 série
 de
 estudos
 nos
 anos
 subsequentes
 ao
 lançamento
 da
 TDT,
 por
 via
 a
 identificar
 as
 práticas
 de
 visionamento
 dos
 indivíduos,
 destacando
 as
 principais
 utilizações
 dos
 serviços
 digitais,
 nomeadamente:
 aplicações
 interactivas
 relacionadas
 com
 as
 transmissões
 desportivas
 (possibilidade
 de
 seleccionar
 o
 comentador,
 a
 câmara
 etc.),
 aplicação
 que
 permite
 visionar
 os
 conteúdos
 na
 sua
 língua
 de
 origem
 (já
 que
 em
 Itália
 a
 grande
 parte
 dos
 conteúdos
 estrangeiros
 são
 dobrados),
 ou
 a
 possibilidade
 de
 jogar
 videojogos.
 Já
 o
 governo
 reuniu
 esforços
 em
 torno
 da
 criação
 de
 serviços
de
utilidade
pública
através
da
televisão,
acreditando
que
o
ecrã
do
televisor
poderia
 ser
 um
 substituto
 do
 ecrã
 do
 computador
 para
 determinados
 grupos
 sociais
 com
 graus
 de
 literacia
 digital
 reduzidos.
 Por
 exemplo,
 foi
 criado
 o
 canal
 “Sardegna
 Digitale”,
 que
 incluía
 informação
sobre
empregos,
meteorologia,
transporte
e
turismo.


 
 8

  • 9. Em
França,
a
TDT
foi
introduzida
a
31
de
Março
de
2005,
com
base
numa
oferta
mista
 de
 canais
 gratuitos
 (18)
 e
 pagos
 (11).
 No
 caso
 francês,
 o
 modelo
 misto
 afirmou‐se
 como
 um
 caso
de
sucesso,
sendo
que
em
2007
já
22%
dos
lares
franceses
recebiam
o
sinal
de
televisão
 através
 desta
 tecnologia,
 tendo
 sido
 vendidos
 mais
 de
 seis
 milhões
 de
 descodificadores
 (Broeck
e
Pierson,
2008).
Já
na
Suécia,
um
dos
primeiros
países
a
desligar
o
sinal
analógico,
o
 início
 das
 emissões
 da
 TDT
 não
 foi
 pacífico.
 As
 primeiras
 emissões,
 ainda
 em
 fase
 de
 testes,
 ocorreram
logo
em
1999.
No
entanto,
o
governo
enfrentou
sérias
dificuldades
em
convencer
a
 população
 a
 realizar
 o
 processo
 de
 migração:
 apesar
 ser
 gratuita,
 os
 indivíduos
 tinham
 de
 adquirir
o
descodificador
e
adaptar
a
sua
antena,
não
vendo
assim
grande
interesse
em
alterar
 o
 sistema
 que
 tinham.
 Além
 disso,
 a
 maioria
 dos
 canais
 não
 disponibilizou
 emissões
 digitais
 nessa
fase
inicial,
não
existindo
assim
nenhuma
mais‐valia,
do
ponto
de
vista
do
espectador,
 para
 a
 passagem
 para
 a
 TDT.
 Em
 consequência,
 apesar
 de
 ter
 sido
 um
 dos
 primeiros
 países
 com
 emissões
 terrestres
 digitais
 e
 também
 um
 dos
 primeiros
 a
 desligar
 o
 sinal
 analógico,
 a
 grande
 parte
 dos
 suecos
 apenas
 migrou
 para
 a
 TDT
 a
 partir
 do
 início
 do
 processo
 de
 switchover,
 em
 2005,
 quando
 começou
 a
 ser
 desligado
 o
 sinal
 analógico
 (Broeck
 e
 Pierson,
 2008).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9

  • 10. 3.
Modelos
de
Negócio
para
a
TDT
 
 Tal
 como
 ficou
 demonstrado
 pelas
 experiencias
 iniciais
 mal
 sucedidas
 da
 TDT
 em
 países
como
o
Reino
Unido
ou
Espanha,
o
processo
de
implementação
da
TDT
está
fortemente
 dependente
do
modelo
de
negócio
subjacente.
A
Impulsa
TDT
(2007)
identificou
três
modelos
 de
 negócio
 principais
 para
 a
 implementação
 da
 TDT
 na
 Europa.
 O
 primeiro
 baseia‐se
 numa
 oferta
 exclusivamente
 gratuita,
 tal
 como
 aconteceu
 inicialmente
 em
 Espanha
 (depois
 do
 relançamento
 da
 TDT),
 ou
 na
 Alemanha,
 países
 que
 entretanto
 já
 lançaram
 ofertas
 de
 TDT
 paga.
 Note‐se
 que
 este
 é
 o
 modelo
 que
 se
 afigura
 presentemente
 para
 Portugal,
 dada
 a
 revogação
 das
 licenças
 para
 a
 TDT
 paga,
 que
 tinham
 sido
 atribuídas
 à
 PT.
 No
 entanto,
 o
 sucesso
das
plataformas
pagas,
quer
em
países
com
forte
concorrência
do
cabo
e
do
satélite,
 quer
 em
 países
 sem
 tradição
 de
 televisão
 paga
 (como
 acontece
 por
 exemplo
 em
 Espanha),
 deixam
 antever
 a
 possibilidade
 de
 vir
 a
 ser
 lançada
 posteriormente
 uma
 oferta
 de
 TDT
 paga
 em
Portugal.
Um
segundo
modelo,
de
características
híbridas,
prevê
a
oferta
simultânea
de
um
 pacote
 de
 canais
 pago,
 e
 um
 gratuito,
 através
 da
 atribuição
 de
 licenças
 a
 um
 ou
 vários
 operadores.
Assim,
no
caso
de
países
tais
como
a
Suécia,
existe
uma
só
empresa
responsável
 pelos
pacotes
pago
e
gratuito,
enquanto
no
Reino
Unido
os
operadores
que
fornecem
o
pacote
 pago
diferem
dos
que
disponibilizam
a
plataforma
gratuita.
Um
terceiro
modelo
de
negócios
 para
a
TDT
consiste
na
opção
pioneira
levada
a
cabo
em
Itália,
e
que
até
ao
momento
se
tem
 mostrado
 bastante
 vantajosa
 do
 ponto
 de
 vista
 comercia
 (AgCom,
 2008).
 Trata‐se
 de
 um
 modelo
 baseado
 numa
 oferta
 gratuita,
 mas
 com
 a
 possibilidade
 de
 recurso
 ao
 pay‐per‐view
 (PPV),
ou
seja,
o
acesso
a
canais
e/ou
programas
específicos
mediante
pré‐pagamento,
onde
o
 espectador
 paga
 apenas
 aquilo
 que
 consome.
 No
 fundo,
 este
 modelo
 assemelha‐se
 ao
 dos
 telemóveis
pré‐pagos,
existindo
também
um
cartão,
que
pode
ser
carregado
com
dinheiro,
e
 que
 o
 espectador
 pode
 utilizar
 quando
 quer,
 para
 aceder
 a
 determinados
 conteúdos
 ou
 serviços.
 Se
 pensarmos
 no
 caso
 dos
 países
 que
 disponibilizam
 dois
 pacotes,
 um
 pago
 e
 um
 gratuito,
 verifica‐se
 que
 a
 oferta
 paga
 acaba
 por
 concorrer
 directamente
 com
 o
 Cabo,
 o
 satélite
e
a
IPTV,
sendo
poucas
as
suas
vantagens
competitivas
em
relação
a
essas
plataformas.
 Já
 no
 caso
 italiano,
 através
 da
 possibilidade
 de
 pay‐per‐view,
 a
 TDT
 consegue
 encontrar
 um
 melhor
 posicionamento
 estratégico
 em
 relação
 às
 restantes
 ofertas
 pagas.
 Pense‐se
 por
 exemplo
no
caso
do
desporto,
que
aliás
é
um
dos
principais
motores
do
desenvolvimento
da
 TDT
em
Itália.
Em
vez
de
se
ter
de
subscrever
um
determinado
canal
para
se
poder
ter
acesso
 aos
 jogos
 de
 uma
 determinada
 liga,
 ou
 para
 se
 poder
 assistir
 às
 transmissões
 de
 uma
 dada
 modalidade
desportiva,
o
modelo
pay‐per‐view
permite
que
se
pague
o
acesso
à
transmissão
 
 10

  • 11. de
cada
jogo
individualmente,
sem
contratos
obrigatórios,
e
sem
ter
de
pagar
pelos
restantes
 conteúdos
que
podem
não
ter
interesse
para
o
espectador,
encontrando
assim
uma
vantagem
 competitiva
em
relação
às
ofertas
pagas
de
canais
de
televisão.
A
TDT
colmata
assim
as
suas
 limitações
 face
 ao
 cabo
 e
 à
 IPTV
 (por
 exemplo,
 menor
 número
 de
 canais
 ou
 a
 ausência
 de
 alguns
 serviços
 como
 o
 Videoclube
 ou
 o
 serviço
 de
 gravação)
 através
 de
 uma
 maior
 flexibilidade
 e
 inovação
 em
 termos
 de
 modalidades
 de
 pagamento.
 Não
 obstante,
 o
 modelo
 italiano
 apresenta
 algumas
 desvantagens
 para
 o
 operador,
 nomeadamente,
 o
 desconhecimento
as
características
dos
seus
espectadores
(já
que
não
existe
base
de
dados
de
 clientes)
e
a
imprevisibilidade
das
receitas,
visto
não
haver
obrigatoriedade
de
carregamento
 dos
cartões.

 
 Figura
2.
Modelos
de
Negócio
para
a
TDT
paga
na
Europa
 
 Fonte:
elaboração
própria
 
 Uma
vez
analisados
os
vários
modelos
de
negócio
para
a
TDT
na
Europa,
examinemos
 as
 estratégias
 das
 ofertas
 pagas
 de
 TDT
 em
 alguns
 países
 europeus
 em
 concreto.
 No
 Reino
 Unido,
o
único
operador
de
TDT
paga
é
o
Top‐up
TV.
Lançado
em
2004
sob
a
forma
de
pacotes
 de
 canais,
 o
 operador
 tem
 apostado
 desde
 2006
 num
 modelo
 assente
 no
 VOD
 (Vídeo‐on‐ demand);
 assim,
 com
 uma
 subscrição
 que
 ronda
 as
 11
 libras
 por
 mês,
 o
 espectador
 pode
 aceder
a
uma
biblioteca
de
conteúdos
com
cerca
de
700
títulos
renovados
mensalmente.
Não
 obstante
a
inovação
em
termos
da
modalidade
da
oferta,
o
operador
tem
tido
dificuldade
em
 consolidar
 a
 sua
 posição,
 tendo
 apenas
 cerca
 de
 400
 mil
 assinantes
 em
 2009
 (E‐media
 Institute,
2009).
Já
em
França,
a
oferta
paga
de
TDT
tem
tido
um
nível
de
sucesso
acrescido.
O
 principal
 operador
 é
 o
 Canal+
 (que
 é
 também
 o
 líder
 do
 segmento
 pay‐tv
 em
 geral),
 que
 fornece
dois
serviços
distintos
de
TDT:
o
“Canal
Plus
Le
Bouquet”,
que
consiste
de
um
pacote
 
 11

  • 12. de
 canais
 Premium
 essencialmente
 baseados
 em
 conteúdos
 de
 cinema
 e
 desporto;
 e
 o
 “CanalSat”,
que
inclui
mais
canais,
quer
generalistas,
quer
de
informação.
Outros
operadores
 incluem
a
TV
Numérique
e
o
TNTop,
que
é
parte
do
operador
britânico
Top‐up
TV.
De
acordo
 com
as
estimativas
do
E‐media
Institute
(2009),
existem
no
país
mais
de
800
mil
subscritores
 de
TDT
paga.
Um
caso
com
um
sucesso
ainda
maior
em
termos
de
TDT
paga
do
que
a
França
é
 Itália.
Existem
actualmente
dois
operadores
que
lideram:
Mediaset
Premium
(lembre‐se
que
a
 Mediaset
lidera
também
o
mercado
FTA
–
free‐to‐air)
e
Dahlia
(ex
La7
Cartapiú).
Lançada
em
 2005
 como
 um
 serviço
 exclusivamente
 PPV
 (pay‐per‐view)
 baseado
 em
 conteúdos
 de
 desporto,
a
Mediaset
Premium
tem
vindo
gradualmente
a
alargar
o
seu
espectro
de
acção,
por
 via
 a
 incluir
 também
 programas
 de
 entretenimento
 (nomeadamente
 filmes
 e
 series),
 assim
 como
conteúdos
infantis,
estando
estes
novos
serviços
disponíveis
tanto
através
de
subscrição,
 como
 por
 via
 do
 PPV.
 O
 segundo
 operador
 italiano,
 Dahlia
 TV,
 fornece
 essencialmente
 programas
de
desporto,
documentários
e
conteúdos
para
adultos.
Novamente
de
acordo
com
 as
previsões
da
E‐media
institute
(2009),
existem
cerca
de
3,2
milhões
de
clientes
dos
serviços
 destes
dois
operadores.
Por
fim,
refira‐se
o
caso
espanhol,
onde
foi
lançado
o
serviço
Gol
TV,
 detido
pelo
grupo
La
Sexta,
e
que
se
dedica
essencialmente
a
conteúdos
de
desporto.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12

  • 13. 4.
O
processo
de
switchover
na
Europa
 
 De
 acordo
 com
 o
 Digitag
 (2008),
 existem
 três
 principais
 factores
 que
 condicionam
 a
 migração
 para
 a
 plataforma
 digital
 terrestre.
 Em
 primeiro
 lugar,
 e
 como
 foi
 já
 referido,
 é
 necessário
ter
em
conta
a
penetração
das
emissões
analógicas
terrestres
no
país.
Um
segundo
 factor
 identificado
 pelo
 Digitag
 (2008)
 que
 condiciona
 o
 processo
 de
 migração
 para
 a
 plataforma
digital
terrestre
consiste
na
disponibilidade
de
frequências
livres
para
a
realização
 de
 emissões
 simultâneas
 de
 TDT
 e
 emissões
 terrestres
 analógicas
 (período
 de
 simulcast),
 ou
 seja,
a
duração
do
período
de
transição
de
um
sistema
para
o
outro,
que
prevê
a
operação
em
 simultâneo
dos
dois
modelos
televisivos.
A
experiência
europeia
demonstra
que
a
duração
de
 tal
 período
 é
 fundamental
 para
 o
 sucesso
 da
 implementação
 da
 TDT,
 pois
 permite
 que
 o
 consumidor
tenha
tempo
para
integrar
e
apropriar
a
inovação
tecnológica
no
seu
lar.
No
Reino
 Unido,
por
exemplo,
está
previsto
que
o
simulcast
dure
mais
de
dez
anos,
oito
no
caso
italiano,
 sete
na
Alemanha
e
seis
em
França.
Além
disso,
a
duração
do
período
de
simulcast
depende
 ainda
da
estratégia
escolhida
para
o
switch‐off
das
emissões
analógicas,
ou
seja,
se
este
será
 realizado
 de
 uma
 só
 vez
 para
 o
 conjunto
 do
 território
 nacional
 (tal
 como
 aconteceu,
 por
 exemplo,
 na
 Finlândia
 ou
 na
 Holanda),
 ou
 se
 será
 faseado,
 por
 regiões
 do
 país
 (exemplos:
 Alemanha,
 Áustria,
 Suécia).
 Por
 fim,
 um
 terceiro
 factor
 identificado
 pelo
 Digitag
 (2008)
 que
 condiciona
o
processo
de
migração
para
a
plataforma
digital
terrestre
consiste
na
cobertura
do
 território
 pelas
 emissões
 da
 TDT.
 Ou
 seja,
 antes
 de
 se
 poder
 desligar
 o
 sinal
 analógico,
 é
 necessário
garantir
que
todas
as
regiões
do
país
que
dependem
das
emissões
terrestres
estão
 cobertas,
de
forma
a
garantir
o
acesso
universal
ao
serviço
de
televisão.

 
 
 O
primeiro
processo
de
desligamento
a
estar
concluído
na
Europa
teve
lugar
a
25
de
 Abril
de
2006,
no
Luxemburgo.
A
oferta
da
TDT
nesse
país
baseava‐se
então
num
só
multiplex
 com
seis
canais.
O
passo
seguinte
foi
dado,
também
em
2006,
pela
Holanda,
país
onde
cerca
 de
 88%
 dos
 lares
 usufruem
 de
 televisão
 paga
 via
 cabo
 (Impulsa
 TDT,
 2010).
 Em
 2007,
 a
 Finlândia
e
a
Suécia
somaram‐se
à
lista
de
países
com
o
processo
de
migração
concluído.
Estes
 dois
países
contam
com
uma
oferta
de
TDT
mista,
que
incluí
um
pacote
de
acesso
gratuito
e
 um
 de
 acesso
 pago,
 da
 responsabilidade
 do
 operador
 Boxer.
 Após
 o
 switch‐off,
 foi
 mantido
 temporariamente
 na
 Finlândia
 um
 serviço
 de
 teletexto
 analógico
 com
 informação
 acerca
 do
 processo
 de
 migração
 para
 o
 digital,
 por
 via
 a
 fornecer
 informações
 a
 eventuais
 lares
 ainda
 sem
 descodificador.
 Note‐se
 que
 a
 Finlândia,
 ao
 contrário
 da
 maioria
 dos
 países
 europeus,
 
 13

  • 14. optou
por
um
desligamento
a
nível
nacional,
justificando
esta
opção
pelo
facto
de
assim
poder
 disponibilizar
o
serviço
de
forma
simultânea
a
toda
a
população.

 Já
 em
 2008
 foi
 a
 vez
 de
 a
 Alemanha
 concluir
 o
 seu
 processo
 de
 migração,
 contabilizando
cerca
de
4,2
milhões
de
lares
com
TDT
no
final
de
2009,
que
representam
no
 entanto
apenas
cerca
de
12%
dos
lares
alemães.
No
ano
passado
a
RTL
lançou
ainda,
em
vários
 Lander
uma
oferta
de
TDT
paga
com
codificação
MPEG‐4.
O
caso
Alemão
fica
ainda
marcado
 por
várias
singularidades.
Por
um
lado,
enquanto
a
maioria
dos
países
que
decidiu
realizar
um
 desligamento
 regional
 optou
 por
 começar
 por
 regiões
 de
 escala
 reduzida
 em
 termos
 populacionais,
 por
 via
 a
 minimizar
 eventuais
 problemas
 técnicos,
 a
 Alemanha
 optou
 por
 realizar
 o
 primeiro
 desligamento
 do
 sinal
 analógico
 na
 região
 de
 Berlim,
 logo
 em
 2003.
 Não
 obstante,
deve
ser
tido
em
conta
a
reduzida
proporção
de
lares
afectados
pelo
desligamento
 das
 emissões
 analógicas
 terrestres.
 Por
 outro
 lado,
 é
 de
 destacar
 que,
 apesar
 do
 Estado
 disponibilizar
subsídios
para
a
aquisição
dos
descodificadores
por
parte
de
famílias
com
níveis
 de
rendimento
baixos,
apenas
6
mil
lares
solicitaram
esse
incentivo,
para
um
total
de
160
mil
 lares
afectados
na
região
de
Berlim.
Outra
singularidade
do
caso
alemão
é
o
efeito
inesperado
 da
 TDT
 no
 interesse
 pelas
 emissões
 terrestres.
 De
 acordo
 com
 Broeck
 e
 Pierson
 (2008),
 a
 digitalização
 das
 emissões
 terrestres
 levou
 a
 um
 aumento
 do
 interesse
 na
 plataforma
 terrestre,
tendo
 a
 percentagem
 de
lares
que
recebem
este
 tipo
de
sinal
passado
de
 9%
para
 cerca
de
12%
em
2008.

 
Em
 2009
 foi
 a
 vez
 de
 a
 Dinamarca
 completar
 o
 seu
 processo
 de
 migração.
 Este
 país
 optou
 por
 um
 desligamento
 a
 nível
 nacional,
 estando
 a
 sua
 oferta
 centrada
 num
 único
 multiplex
 gerido
 pela
 Boxer,
 com
 três
 canais
 públicos.
 Depois
 de
 um
 rápido
 período
 de
 transição
 de
 três
 anos
 e
 meio,
 a
 TDT
 oferece
 9
 canais
 em
 sinal
 aberto
 e
 31
 de
 acesso
 condicionado.
 Embora
 apenas
 40%
 dos
 lares
 dinamarqueses
 receberem
 o
 sinal
 da
 televisão
 terrestre,
a
TDT
tem
nesse
país
uma
cobertura
de
cerca
de
99,8%
da
população
(Impulsa
TDT,
 2010).

 No
Reino
Unido,
o
desligamento
das
emissões
analógicas
está
a
ser
levado
a
cabo
de
 forma
gradual,
entre
2008
e
2012,
começando
pelas
regiões
menos
populosas.
De
acordo
com
 o
relatório
trimestral
sobre
a
migração
para
o
digital
publicado
pela
OfCom,
no
final
de
2009
 cerca
 de
 91,4%
 dos
 lares
 britânicos
 dispunha
 de
 acesso
 à
 televisão
 digital,
 sendo
 que
 72,6%
 desses
usufrui
do
pacote
TDT
de
acesso
livre
disponibilizado
pela
plataforma
Freeview
(OfCom,
 2010).
 De
 referir
 ainda
 a
 decisão
 tomada
 pela
 OfCom
 em
 2009
 de
 desenvolver
 a
 segunda
 geração
DVB,
através
de
um
acordo
entre
a
BBC
e
o
operador
de
rede
Arqiva,
que
gestionam
 conjuntamente
a
nova
rede
de
emissão
que
permitirá
à
BBC
a
emissão
de
cinco
canais
em
alta
 definição.
 No
 final
 de
 2009,
 cerca
 de
 18%
 dos
 britânicos
 já
 tinham
 realizado
 o
 switch‐off
 
 14

  • 15. analógico.
 O
 calendário
 estabelecido
 pela
 Digital
 UK,
 associação
 que
 gere
 o
 processo
 de
 migração
para
o
digital,
para
2010
prevê
completar
o
switch‐off
em
mais
cinco
áreas
do
país,
 entre
elas
todo
o
País
de
Gales.
Com
estes
desligamentos,
espera‐se
que
no
final
de
2010
mais
 de
um
quarto
dos
lares
britânicos
tenham
realizado
o
processo
de
migração.






 O
ano
de
2009
marcou
também
o
início
do
switch‐off
em
Itália,
sendo
que
no
final
do
 ano
perto
de
27%
dos
italianos
tinham
concluído
a
migração,
entre
eles
os
habitantes
de
Roma
 (AgCom,
 2008).
 A
 Comissão
 Nacional
 da
 Itália
 Digital
 aprovou
 um
 calendário
 para
 o
 ano
 de
 2010
 que
 inclui
 primeiro
 o
 desligamento
 dos
 canais
 Rai
 e
 e
 Rete
 4,
 para
 uns
 meses
 depois
 desligar
 o
 restante
 da
 oferta
 analógica.
 Prevê‐se
 que
 até
 ao
 final
 de
 2010
 cerca
 de
 68%
 dos
 italianos
 tenham
 concluído
 o
 seu
 processo
 de
 migração
 (Impulsa
 TDT,
 2010).
 Por
 outro
 lado,
 em
Julho
de
2009
foi
lançada
a
plataforma
gratuita
via
satélite,
desenvolvida
pelos
principais
 operadores
 audiovisuais
 do
 país,
 a
 TiVù
 Sat.
 Esta
 forma
 de
 recepção,
 que
 surge
 como
 alternativa
aos
lares
sem
recepção
TDT,
contava
já
com
mais
de
meio
milhão
de
subscritores
 no
final
de
2009.
De
referir
ainda
o
esforço
feito
pela
RAI,
que
pretende
lançar
novos
canais,
 ainda
antes
da
conclusão
do
processo
de
migração,
por
via
a
totalizar
uma
plataforma
pública
 com
13
canais
de
acesso
não
condicionado,
incluindo
serviços
em
alta
definição.

 França
fixou
2010
como
um
ano
chave
para
o
processo
de
migração,
tendo
concluído
 de
 forma
 satisfatória
 vários
 projectos‐piloto
 em
 2009.
 O
 CSA
 (Conselho
 Superior
 do
 Audiovisual)
aprovou
um
calendário
que
prevê
um
desligamento
das
emissões
analógicas
por
 região,
 estando
 prevista
 para
 o
 dia
 30
 de
 Novembro
 de
 2011
 a
 conclusão
 do
 switchover.
 Apesar
de
este
país
ter
apenas
levado
a
cabo
alguns
pilotos
de
switch‐off,
a
penetração
da
TDT
 tem
 vindo
 a
 crescer
 de
 forma
 consistente,
 representando
 no
 final
 desse
 ano
 cerca
 de
 24,7
 milhões
de
franceses
(mais
de
40%
da
população)
de
acordo
com
dados
disponibilizados
pela
 Mediametrie.
Segundo
a
Impulsa
TDT
(2010),
esse
crescimento
da
plataforma
digital
terrestre
 poder‐se‐á
 em
 grande
 parte
 dever
 ao
 actual
 contexto
 de
 crise
 económica,
 sendo
 que
 simultaneamente
as
ofertas
pagas
de
cabo
e
satélite
perderam
cerca
de
340
mil
subscritores
 no
último
ano.
Também
o
CSA
apresenta
dados
que
destacam
esta
tendência
rumo
ao
digital:
 no
 final
 de
 2009
 os
 lares
 com
 televisão
 terrestre
 analógica
 totalizavam
 12,9%,
 o
 que
 representa
 uma
 descida
 de
 cerca
 de
 dez
 pontos
 percentuais
 em
 relação
 ao
 ano
 anterior.
 De
 referir
 que
 o
 CSA
 prevê
 uma
 cobertura
 de
 95%
 das
 áreas
 metropolitanas
 no
 momento
 do
 switch‐off,
 e
 de
 90%
 no
 caso
 dos
 canais
 em
 alta
 definição.
 Para
 os
 lares
 sem
 cobertura,
 está
 prevista
 a
 alternativa
 via
 satélite,
 estando
 a
 funcionar
 desde
 2007
 a
 plataforma
 TNT
 SAT,
 operada
pelo
Canal
+.
Além
disso,
foi
ainda
criada
em
Junho
de
2009
uma
segunda
plataforma
 gratuita
de
distribuição
via
satélite,
a
Fransat,
que
oferece
os
mesmos
serviços
do
que
a
TDT.
 Por
fim,
é
também
merecedor
de
destaque
a
atribuição
por
parte
do
CSA
de
13
licenças
DVB‐ 
 15

  • 16. H,
que
permitiram
o
desenvolvimento
da
televisão
móvel,
assim
como
a
autorização
por
parte
 desta
 entidade
 da
 realização
 de
 testes
 de
 Video‐on‐Demand
 (VoD)
 na
 plataforma
 digital
 terrestre.
 Em
 Espanha,
 o
 processo
 de
 switch‐off
 teve
 início
 em
 2009,
 e
 no
 início
 de
 2010
 a
 Impulsa
 TDT
 estima
 que
 mais
 de
 15
 milhões
 de
 indivíduos
 (32%
 da
 população)
 tinham
 realizado
a
migração
para
a
TDT
(Impulsa
TDT,
2010).
O
desligamento
das
emissões
analógicas
 segue
 um
 plano
 que
 inclui
 três
 etapas,
 com
 final
 em
 2010,
 sendo
 que
 cada
 etapa
 prevê
 o
 desligamento
 de
 uma
 determinada
 zona
 geográfica.
 Este
 plano
 de
 switch‐off
 surge
 na
 sequência
 de
 um
 desligamento
 piloto,
 realizado
 em
 2008
 na
 província
 de
 Soria.
 As
 grandes
 cidades
do
país
foram
incluídas
apenas
na
fase
final
do
processo
de
desligamento,
que
viria
a
 estar
 concluído
 nos
 primeiros
 meses
 de
 2010.
 Um
 segundo
 desligamento
 piloto
 foi
 levado
 a
 cabo
na
região
de
Alcázar
San
Juan,
uma
cidade
com
cerca
de
300
mil
habitantes.
Estes
dois
 pilotos
 permitiram
 identificar
 não
 apenas
 determinados
 problemas
 técnicos,
 como
 também
 analisar
 os
 obstáculos
 sociais
 e
 de
 usabilidade
 associados
 à
 migração
 para
 a
 TDT.
 De
 realçar
 que,
devido
à
atribuição
de
licenças
para
a
TDT
quer
a
entidades
nacionais,
quer
a
entidades
 regionais,
o
actual
cenário
da
TDT
em
Espanha
é
complexo,
dependendo
o
número
de
canais
 disponíveis
 na
 oferta
 gratuita
 do
 local
 geográfico
 em
 que
 o
 indivíduo
 se
 encontra.
 Por
 exemplo,
um
lar
de
Barcelona
poderá
ter
acesso
a
mais
de
50
canais
gratuitos
através
da
TDT,
 deixando
assim
antever
problemas
em
termos
da
sustentabilidade
dos
modelos
de
negócio
da
 televisão
paga
(Candel,
2008).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16

  • 17. 
 
 5.
Políticas
para
a
TDT
na
Europa
 
 
 A
partir
da
segunda
metade
dos
anos
noventa,
assiste‐se
na
Europa
à
disseminação
da
 Televisão
Digital,
tendo
este
incremento
por
base
a
decisão
da
maioria
dos
países
europeus
de
 realizar
o
encerramento
das
suas
emissões
analógicas
nacionais
(switch‐off)
até
2012.
Assim,
o
 desenvolvimento
da
televisão
digital
na
Europa
assenta,
quase
exclusivamente,
num
processo
 político
 aliado
 a
 imperativos
 económicos
 e
 políticos
 (Papathanassopoulos,
 2002),
 e
 não
 na
 exigência
 dos
 telespectadores
 suprirem
 uma
 necessidade
 social
 através
 da
 inovação
 tecnológica.
 Em
 24
 de
 Maio
 de
 2005,
 a
 Comissão
 Europeia
 adoptou
 uma
 comunicação
 intitulada
 ''Acelerar
 a
 transição
 da
 radiodifusão
 analógica
 para
 a
 digital'',
 na
 qual
 fixa
 os
 objectivos
 da
 política
 comunitária
 para
 a
 referida
 transição,
 com
 base
 em
 emissões
 digitais
 terrestres.
 Nesse
 contexto,
 defende‐se
 que
 a
 migração
 trará
 ganhos
 para
 todas
 as
 partes
 envolvidas.
Por
um
lado,
o
cidadão
terá
um
maior
acesso
à
Sociedade
de
Informação,
poderá
 usufruir
 de
 uma
 maior
 diversidade
 de
 conteúdos
 e
 serviços,
 acrescidas
 capacidades
 de
 interacção,
 possibilidade
 de
 personalização
 da
 experiência
 televisiva,
 assim
 como
 melhorias
 em
termos
e
imagem
e
som.
Por
outro
lado,
as
empresas
de
media
terão
novas
oportunidades
 em
termos
de
oferta
de
serviços
inovadores
de
valor
acrescentado,
assim
como
a
possibilidade
 de
 vender
 aos
 anunciantes
 espaços
 publicitários
 com
 maiores
 recursos
 de
 segmentação.
 Por
 fim,
o
Estado
poderá
incrementar
o
pluralismo
e
a
diversidade
graças
ao
aumento
do
número
 de
canais,
assim
como
criar
novas
funcionalidades
para
incrementar
a
cidadania,
tais
como
o
T‐ gov,
 ou
 seja,
 a
 utilização
 da
 televisão
 como
 interface
 de
 comunicação
 entre
 a
 Administração
 Pública
e
os
cidadãos,
permitindo
aplicações
tais
como
o
pagamento
de
impostos
através
do
 televisor.
 Uma
 vez
 que,
 ao
 contrário
 dos
 computadores,
 a
 penetração
 da
 televisão
 nos
 lares
 nas
 sociedades
 ocidentais
 ronda
 os
 100%,
 e
 que
 este
 meio
 é
 utilizado
 por
 mais
 de
 95%
 dos
 indivíduos
 na
 Europa
 (OEA,
 2010),
 as
 potencialidades
 em
 termos
 de
 inclusão
 e
 cidadania
 merecem
destaque,
oferecendo
novas
ferramentas
para
o
empowerment
dos
cidadãos.


 Sendo
 a
 migração
 para
 o
 digital
 antes
 de
 mais
 um
 processo
 conduzido
 por
 políticas
 públicas,
 uma
 análise
 do
 seu
 enquadramento
 legal
 impõe‐se.
 Em
 termos
 de
 legislação
 específica
 da
 área
 dos
 media,
 merece
 destaca
 a
 Directiva
 Televisão
 sem
 Fronteiras,
 que
 constitui
 o
 instrumento
 fundamental
 da
 política
 audiovisual
 da
 Comunidade
 Europeia.
 Esta
 ferramenta
 legislativa
 visa
 preservar
 determinados
 objectivos
 importantes
 de
 interesse
 público,
como
a
diversidade
cultural,
a
protecção
dos
menores
e
o
direito
de
resposta.
Foram
 igualmente
 introduzidas
 normas
 circunstanciadas
 sobre
 o
 conteúdo
 e
 a
 periodicidade
 da
 publicidade
 televisiva.
 Em
 2005,
 a
 Comissão
 Europeia
 apresentou
 uma
 proposta
 de
 revisão
 
 17

  • 18. desta
directiva,
de
forma
a
modernizar
as
regras
em
vigor.
A
principal
motivação
desta
revisão
 é
atender
à
evolução
tecnológica
e
às
mudanças
que
ocorreram
na
estrutura
do
mercado
do
 sector
audiovisual
 desde
 a
 adopção
da
directiva,
em
1989,
por
via
a
preparar
 terreno
para
a
 migração
para
o
digital.
Actualmente,
verifica‐se
também
a
afirmação
da
Directiva
dos
Serviços
 de
Media
Audiovisuais,
que
pretende
fornecer
um
quadro
legal
para
a
interoperabilidade
dos
 equipamentos
 em
 termos
 de
 recepção
 de
 conteúdos
 televisivos,
 ou
 seja,
 está
 focada
 nos
 conteúdos
 e
 serviços,
 libertando
 o
 conteúdo
 audiovisual
 do
 televisor
 tradicional.
 A
 migração
 para
o
digital
é
ainda
afectada
pela
legislação
existente
relativa
à
regulação
da
concorrência,
 nomeadamente
no
que
se
refere
ao
equilíbrio
entre
financiamento
público
e
privado
no
sector
 da
televisão,
ou
seja,
a
regulação
dos
auxílios
estatais
aos
operadores,
e
ao
próprio
processo
 de
 migração.
 Neste
 âmbito,
 têm
 sido
 várias
 as
 polémicas
 que
 surgem
 pelo
 facto
 de
 determinados
 governos
 europeus
 subsidiarem
 a
 compra
 de
 conversores
 para
 a
 TDT,
 o
 que
 é
 apontado
 pelos
 operadores
 de
 cabo
 e
 satélite
 digital
 como
 sendo
 uma
 medida
 anti‐ concorrencial,
 favorecendo
 uma
 plataforma
 em
 detrimento
 das
 restantes.
 Por
 fim,
 a
 digitalização
 da
 televisão
 é
 também
 afectada
 pelo
 quadro
 regulamentar
 das
 comunicações
 electrónicas
 (nomeadamente,
 no
 que
 se
 refere
 ao
 aproveitamento
 de
 sinergias
 entre
 empresas
 de
 telecomunicações
 e
 televisão),
 assim
 como
 à
 Comunicação
 relativa
 à
 gestão
 do
 Digital
Dividend,
ou
seja,
como
reutilizar
as
frequências
libertadas
pelo
processo
de
migração
 para
o
digital.
 
 
 
 Tendo
 em
 conta
 este
 enquadramento
 geral,
 analisemos
 as
 iniciativas
 adoptadas
 especificamente
 em
 alguns
 países
 europeus.
 Por
 um
 lado,
 destaca‐se
 a
 criação
 de
 entidades
 “responsáveis”
pela
adequada
implementação
da
TDT,
tais
como
por
exemplo
a
“Impulsa
TDT”
 em
Espanha
ou
o
“Digital
UK”
no
Reino
Unido.
Tais
entidades,
que
resultam
na
sua
maioria
de
 parcerias
 entre
 todos
 os
 players
 envolvidos
 (canais
 de
 televisão,
 gestores
 dos
 multiplexes,
 entidades
de
regulação,
etc),
têm
como
objectivos
não
apenas
a
coordenação
dos
esforços
de
 divulgação
do
processo
de
migração,
mas
também
a
avaliação
constante
do
mesmo.
Por
outro
 lado,
 em
 alguns
 casos
 podem
 também
 ser
 responsáveis
 pela
 gestão
 da
 atribuição
 de
 apoios
 para
a
aquisição
de
descodificadores,
tal
acontece
em
França
ou
em
Itália.

 
 
 
 
 
 
 
 18

  • 19. 
 Tabela
3.
Exemplos
de
atribuição
de
subsídios
para
a
TDT

 País
 Medidas
 Indivíduos
abrangidos
 França
 (Ainda
em
definição)
 ‐
 Indivíduos
 isentos
 do
 pagamento
 Nas
 áreas
 dos
 desligamentos
 piloto,
 é
 da
taxa
de
audiovisual
 oferecido
 um
 desconto
 para
 a
 aquisição
 do
 descodificador
 Itália
 Desconto
 de
 50€
 para
 a
 aquisição
 dos
 ‐
Indivíduos
com
mais
de
65
anos

 descodificadores
 nas
 áreas
 onde
 se
 ‐
 Indivíduos
 com
 um
 rendimento
 registaram
desligamentos
em
2009
 anula
 inferior
 a
 10
 mil
 €
 (em
 algumas
regiões)
 Espanha
 Para
as
zonas
I
do
processo
de
switch‐off,
foi
 ‐
Indivíduos
com
mais
de
65
anos
e
 oferecido
o
descodificador
 portador
 de
 algum
 tipo
 de
 incapacidade
 ‐
 Indivíduos
 com
 limitações
 visuais/auditivas
 ‐
 Indivíduos
 com
 80
 anos
 ou
 mais,
 ou
 que
 vivem
 com
 alguém
 dessa
 faixa
etária
 Fonte:
E‐media
Institute
(2009)
 
 Outros
 apoios
 atribuídos
 para
 o
 desenvolvimento
 da
 TDT
 incluem
 por
 exemplo
 subsídios
atribuídos
aos
operadores
de
televisão
para
o
desenvolvimento
das
suas
plataformas
 digitais,
 nomeadamente
 através
 de
 apoios
 financeiros
 directos,
 através
 de
 uma
 redução
 do
 valor
 a
 pagar
 pelo
 uso
 das
 frequências,
 ou
 graças
 a
 subsídios
 atribuídos
 aos
 produtores
 de
 conteúdos.
 
 Outras
 medidas,
 levadas
 a
 cabo
 por
 exemplo
 na
 Bélgica
 e
 em
 Espanha,
 dizem
 respeito
ao
financiamento
dos
testes
das
emissões
da
TDT,
e
dos
processos
de
desligamento
 do
 sinal
 nas
 zonas
 piloto.
 De
 referir
 também
 medidas
 tais
 como
 a
 criação
 de
 legislação
 para
 tornar
obrigatória
a
certificação
dos
televisores
compatíveis
com
a
TDT,
tal
como
aconteceu
no
 caso
italiano.

 
 Figura
3.
Itália
‐
Certificação
das
caixas
descodificadoras
e
dos
televisores
 
 Fonte:
dgtv
 
 Por
outro
lado,
um
dos
principais
obstáculos
ao
desenvolvimento
da
TDT
no
seu
início
 era
o
elevado
grau
de
desconhecimento
em
relação
a
esta
forma
de
transmissão
de
televisão
e
 no
que
diz
respeito
ao
processo
de
switchover
(OfCom,
2007;
Impulsa
TDT,
2007).
Assim,
uma
 
 19

  • 20. das
 principais
 políticas
 no
 contexto
 de
 migração
 para
 a
 TDT
 foi
 o
 financiamento
 público
 de
 campanhas
 de
 promoção
 desta
 tecnologia
 e
 do
 processo
 de
 migração.
 A
 Espanha,
 em
 particular,
 foi
 um
 caso
 de
 sucesso
 neste
 contexto.
 A
 campanha
 de
 promoção
 da
 TDT,
 da
 responsabilidade
do
órgão
responsável
pelo
processo
de
switchover,
a
Impulsa
TDT,
começou
 logo
em
2006,
estando
organizada
em
torno
de
quatro
objectivos
concretos,
correspondentes
 a
quatro
fases
de
desenvolvimento
da
estratégia
de
comunicação.
Um
primeiro
objectivo,
a
ser
 cumprido
 em
 2006,
 tinha
 como
 propósito
 dar
 a
 conhecer
 a
 TDT
 e
 o
 processo
 de
 transição,
 assim
 como
 comunicar
 os
 benefícios
 racionais
 que
 a
 nova
 tecnologia
 traz
 ao
 indivíduo,
 nomeadamente
 ao
 nível
 da
 melhoria
 da
 qualidade
 de
 imagem
 e
 aumento
 do
 número
 de
 canais.
Um
segundo
momento
(2007)
tinha
como
principal
objectivo
envolver
os
indivíduos
no
 processo
 de
 migração,
 tentando
 reclamar
 um
 papel
 activo
 do
 cidadão
 no
 âmbito
 do
 switchover.
Em
2008
a
estratégia
de
comunicação
passou
a
destacar
o
facto
de
a
migração
ser
 obrigatória,
dando
também
a
conhecer
os
aspectos
práticos
da
migração,
nomeadamente
no
 que
diz
respeito
à
adaptação
das
antenas.

 
 Figura
4.
Sensibilização
para
a
adaptação
das
antenas
em
Espanha
‐
Anúncio
Câmara
Oculta
no
 Elevador:
“Adapta
tu
antena
o
te
quedas
sin
televisión”
 
 Fonte:
Impulsa
TDT
(2010)
 
 Por
fim,
uma
quarta
fase
da
estratégia
de
comunicação
teve
início
juntamente
com
o
 começo
 do
 desligamento
 das
 emissões
 analógicas,
 em
 2009,
 prolongando‐se
 até
 ao
 final
 do
 processo
de
switchover.
Além
de
visar
a
divulgação
das
várias
etapas
e
zonas
do
processo
de
 desligamento,
tinha
ainda
como
objectivo
sensibilizar
os
grupos
resistentes
à
migração
para
a
 TDT,
por
via
a
não
deixar
ninguém
de
fora
do
processo.
 
 Nesta
mesma
linha
de
comunicação,
refira‐se
também
o
exemplo
da
Dinamarca
que,
 além
 de
 diversas
 campanhas
 gerais
 de
 promoção
 da
 TDT
 de
 valor
 superior
 a
 6,7
 milhões
 de
 euros
 (Vejlgaard,
 2010),
 desenvolveu
 também
 uma
 linha
 de
 comunicação
 específica
 para
 grupos
sociais
mais
sensíveis,
nomeadamente
o
caso
dos
idosos.
 
 
 
 
 
 20

  • 21. 
 Figura
5.
Dinamarca
‐
Campanha
dirigida
à
Terceira
Idade
 
 Fonte:
Henrik
Vejlgaard
(2010)
 
 
 Similarmente,
a
Finlândia
criou
um
personagem
que
retratava
os
eventuais
problemas
 que
os
idosos
poderiam
ter
para
realizar
o
processo
de
migração,
ajudando‐os
a
ultrapassar
os
 obstáculos
 encontrados.
 Neste
 âmbito,
 foram
 distribuídos
 panfletos
 ilustrativos
 do
 processo
 de
migração,
e
foi
desenvolvida
simultaneamente
uma
campanha
de
proximidade,
com
acções
 de
esclarecimento
directas,
nas
várias
localidades
do
país.
 
 Figura
6.
Finlândia
‐
Campanha
dirigida
à
Terceira
Idade
 




 
 Fonte:
http://www.digitelkkari.fi/site/docs/Digi‐tv%20esite%2007_A4_Ruotsi.pdf
 
 
 21

  • 22. Também
o
Reino
Unido
apostou
de
forma
clara
em
comunicação
por
via
a
divulgar
a
 TDT
e
o
processo
de
migração
para
o
digital,
desenvolvendo
nesse
âmbito
um
personagem:
o
 Digit
Al.
 
 Figura
7.
Reino
Unido
–
criação
de
personagem
para
divulgar
a
TDT:
Digit
Al
 


 


 
 Fonte:
Digital
UK
(2010)
 
 
 De
notar
também
a
forte
aposta
numa
comunicação
integrada
do
ponto
de
vista
dos
 suportes
utilizados,
sendo
veiculada
não
só
através
da
televisão,
mas
tendo
também
uma
forte
 presença
 online,
 através
 da
 criação
 do
 site
 Digital
 UK
 por
 parte
 dos
 principais
 players
 do
 mercado.
A
aposta
nesse
país
passou
também
pela
comunicação
de
proximidade,
através
da
 distribuição
de
folhetos
nas
casas
das
pessoas
e
de
“roadshows”
protagonizados
pelo
Digit
Al,
 que
percorreu
o
país
a
explicar
aos
indivíduos,
face
a
face,
o
que
era
a
TDT
e
como
realizar
o
 processo
de
migração.
Por
outro
lado,
foi
também
realizada
uma
importante
campanha
junto
 dos
 fornecedores
 e
 vendedores
 de
 televisões
 e
 caixas
 descodificadoras,
 para
 que
 fosse
 disponibilizada
aos
clientes
informação
técnica
ajustada.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22

  • 23. 6.
Avaliação
do
Processo
de
Migração
para
o
Digital
 
 Tal
 como
 referido
 anteriormente,
 uma
 das
 responsabilidades
 das
 entidades
 criadas
 para
a
implementação
da
TDT
nos
vários
países
europeus
é
o
acompanhamento
e
a
avaliação
 do
 processo
 de
 migração.
 Por
 exemplo,
 Broeck
 e
 Pierson
 (2008)
 referem
 que
 na
 primeira
 semana
após
o
desligamento
das
emissões
analógicas
na
Finlândia
o
call
center
criado
para
dar
 apoio
 às
 populações
 recebeu
 cerca
 de
 4000
 chamadas,
 sendo
 que
 algumas
 das
 chamadas
 duraram
mais
de
trinta
minutos
(na
fase
pré
switch‐off,
a
duração
média
das
chamadas
era
de
 4
 minutos).
 Na
 grande
 maioria
 dos
 casos,
 as
 chamadas
 eram
 relativas
 problemas
 ligados
 à
 incapacidade
 de
 instalar
 o
 equipamento
 necessário
 para
 receber
 a
 TDT.
 Similarmente,
 o
 seu
 site
recebeu
cerca
de
65
mil
visitas
na
semana
após
o
switch‐off.

 Além
da
avaliação
do
processo
de
desligamento
das
emissões
analógicas
em
si,
foram
 também
 realizados
 estudos
 por
 via
 a
 acompanhar
 os
 impactos
 a
 longo
 prazo.
 A
 associação
 Digital
 UK
 disponibiliza
 os
 resultados
 de
 um
 estudo
 realizado
 após
 o
 switch‐off,
 por
 via
 a
 avaliar
a
percepção
das
 pessoas
acerca
do
processo
de
migração.
 Note‐se
que
apenas
foram
 inquiridos
late
adopters
da
TDT,
ou
seja,
os
indivíduos
que
só
realizaram
a
conversão
devido
ao
 desligamento
iminente
das
emissões
analógicas.
Os
dados
obtidos
sugerem
que
a
experiência
 do
consumidor
em
relação
ao
processo
de
migração
foi
geralmente
positivo.
De
facto,
60%
dos
 inquiridos
 afirma
 que
 a
 televisão
 digital
 é
 melhor
 que
 a
 analógica,
 sendo
 que
 perto
 de
 um
 terço
(31%)
afirma
mesmo
desejar
ter
realizado
a
conversão
há
mais
tempo.
Verificou‐se
ainda
 que
 também
 30%
 dos
 indivíduos
 declarou
 notar
 uma
 melhoria
 em
 termos
 da
 qualidade
 da
 imagem
 e
 do
 som.
 Por
 outro
 lado,
 apenas
 uma
 minoria
 relatou
 problemas
 ao
 realizar
 a
 conversão:
2%
afirmou
sentir‐se
confuso
sobre
como
utilizar
o
novo
equipamento,
e
4%
sobre
 como
instalar
o
conversor.
Simultaneamente,
78%
dos
late‐adopters
afirmou
não
ter
sentido
 nenhum
 tipo
 de
 confusão
 em
 relação
 às
 várias
 etapas
 do
 processo
 de
 migração.
 Por
 outro
 lado,
o
estudo
destacou
ainda
as
contribuições
do
processo
de
migração
para
a
alteração
das
 atitudes
 em
 geral
 em
 relação
 às
 novas
 tecnologias,
 nomeadamente
 no
 caso
 dos
 indivíduos
 com
 idades
 mais
 avançadas.
 A
 mudança
 para
 o
 digital,
 e
 a
 possibilidade
 de
 experienciar
 os
 benefícios
 associados
 parece
 ter
 trazido
 maior
 curiosidade
 e
 menor
 receio
 em
 relação
 a
 experimentar
novas
tecnologias
digitais
junto
dos
late‐adopters
(Digital
UK,
2010).
Assim,
mais
 de
um
quarto
dos
indivíduos
que
só
adoptaram
a
televisão
digital
devido
ao
switchover
afirma
 sentir‐se
 mais
 confiante
 em
 relação
 à
 utilização
 em
 geral
 das
 novas
 tecnologias,
 sendo
 que
 
 23

  • 24. 64%
 desses
 declarou
 ter
 intenções
 de
 experimentar
 outros
 dispositivos
 digitais,
 nomeadamente
gravadores
e
câmaras
de
vídeo,
assim
como
a
Internet
(28%).

 
 Similarmente,
 um
 estudo
 realizado
 pela
 Impulsa
 TDT
 após
 o
 inicio
 das
 emissões
 em
 Espanha
 procurou
 desenvolver
 uma
 tipologia
 dos
 lares
 sem
 TDT,
 que
 nos
 permite
 dar
 conta
 dos
principais
motivos
para
a
não
adopção
desta
tecnologia.
Uma
primeira
categoria
inclui
os
 grupos
 com
 probabilidade
 de
 migração
 para
 a
 TDT
 inferior
 a
 50%,
 sendo
 por
 isso
 os
 grupos
 mais
 sensíveis.
 Essa
 categoria
 subdivide‐se
 em
 3
 grupos.
 Um
 primeiro
 engloba
 aqueles
 que
 desconhecem
 a
 existência
 da
 TDT
 (que
 representam
 à
 data
 do
 estudo
 cerca
 de
9%
 dos
 lares
 sem
TDT).
Um
segundo
grupo,
que
também
representa
cerca
de
9%
dos
lares
sem
TDT,
inclui
 os
indivíduos
reticentes
à
mudança,
que
não
gostam
de
dispositivos
tecnológicos
novos
e
que
 estão
 satisfeitos
 com
 a
 televisão
 analógica
 que
 recebem,
 não
 percebendo
 a
 necessidade
 de
 migrar
para
a
TDT.
Por
fim,
um
terceiro
grupo
diz
respeito
aos
indivíduos
que
consideram
caro
 o
processo
de
migração,
existindo
uma
ausência
da
percepção
de
custo‐benefício.

 Uma
segunda
categoria
inclui
grupos
com
probabilidade
de
migração
entre
os
50%
e
 os
60%.
Neste
contexto
encontram‐se
os
“reticentes
ao
meio”,
ou
seja,
indivíduos
que
não
se
 interessam
 de
 forma
 geral
 pela
 televisão,
 e
 por
 isso
 não
 encaram
 o
 processo
 de
 migração
 como
algo
prioritário.
Um
segundo
grupo
desta
categoria
refere‐se
aos
lares
com
televisão
de
 acesso
pago,
que
também
não
fazem
do
processo
de
migração
uma
prioridade
visto
não
estar
 em
risco
a
capacidade
de
recepção
do
sinal
televisivo.
Por
fim,
um
terceiro
grupo
identificado
 neste
contexto
 refere‐se
 os
 indivíduos
mais
carenciados
e
que,
apesar
da
vontade
de
 querer
 migrar,
não
têm
condições
financeiras
para
tal.
 Finalmente,
uma
terceira
categoria
refere‐se
a
grupos
com
probabilidade
de
migração
 para
a
TDT
superior
a
60%.
Um
primeiro
grupo
neste
âmbito
inclui
as
pessoas
que
ainda
não
 pensaram
 nisso
 ou
 têm
 falta
 de
 tempo
 e
 que
 aguardam
 a
 aproximação
 da
 data
 de
 desligamento
das
emissões
para
realizarem
a
migração.
Há
também
um
conjunto
de
indivíduos
 que
 não
 procedem
 à
 migração
 por
 factores
 exógenos,
 nomeadamente
 a
 fraca
 recepção
 do
 sinal
na
sua
zona,
ou
o
facto
de
não
conseguirem
realizar
a
mudança
da
antena
no
caso
dos
 prédios.
 Por
 fim,
 esta
 categoria
 inclui
 ainda
 o
 grupo
 dos
 inquiridos
 que
 já
 conhecem
 a
 TDT,
 querem
realizar
o
processo
de
migração,
mas
não
sabem
como
proceder
para
tal.
 
 
 
 
 
 
 24

  • 25. Conclusão:
Elementos
Obrigatório
do
Processo
de
Switchover
 
 A
 realização
 do
 presente
 estado
 da
 arte
 acerca
 da
 migração
 para
 a
 TDT
 na
 Europa
 permitiu‐nos
 destacar
 alguns
 elementos
 obrigatórios
 para
 a
 adequada
 passagem
 para
 o
 sistema
digital.
Por
um
lado,
há
um
conjunto
de
factores
relacionados
com
a
própria
oferta
de
 TDT.
 A
 experiência
 europeia
 demonstra
 a
 importância
 de
 envolver
 todos
 os
 players
 do
 mercado
 no
 processo,
 não
 esquecendo
 no
 entanto
 o
 elemento
 final,
 ou
 seja,
 o
 espectador.
 Neste
 contexto,
 as
 ofertas
 FTA
 assumem
 particular
 importância,
 nomeadamente
 em
 países
 com
longa
tradição
de
emissões
terrestres
gratuitas.
Deve
também
ser
destacado
o
facto
dos
 conteúdos
 se
 assumirem
 como
 elementos
 fundamentais
 para
 o
 interesse
 dos
 espectadores,
 sendo
 a
 melhoria
 da
 qualidade
 de
 imagem
 e
 a
 possibilidade
 de
 gravação
 digital
 também
 atributos
valorizados
pelas
audiências.

 
 Além
 destes
 factores
 relacionados
 com
 a
 oferta
 de
 TDT,
 há
 também
 um
 conjunto
 de
 factores‐chave
que
dizem
respeito
ao
processo
de
migração
em
si,
nomeadamente
a
correcta
 divulgação
da
TDT
e
do
switchover.
As
campanhas
de
publicidade
são
essenciais,
mas
também
 as
 acções
 de
 proximidade
 com
 a
 população
 se
 afirmam
 decisivas.
 Por
 outro
 lado,
 é
 fundamental
 aprender
 com
 as
 experiências
realizadas
nas
zonas
 de
desligamento
piloto,
 que
 podem
fornecer
informação
relevante
não
apenas
do
ponto
de
vista
tecnológico,
mas
também
 do
 ponto
 de
 vista
 da
 aceitação
 da
 tecnologia
 por
 parte
 dos
 espectadores,
 e
 dos
 principais
 obstáculos
 encontrados
 pelas
 audiências.
 Será
 também
 essencial
 garantir
 que
 todos,
 nomeadamente
 os
 grupos
 sociais
 mais
 sensíveis
 (menores
 rendimentos,
 pessoas
 com
 necessidades
 especiais,
 camadas
 etárias
 mais
 avançadas
 etc.)
 possam
 ter
 acesso
 à
 TDT.
 A
 adequada
 migração
 para
 a
 televisão
 digital
 dependerá
 de
 todos
 estes
 factores,
 sendo
 obrigatória
a
acção
conjunta
das
entidades
envolvidas.
Mais
do
que
um
simples
“aparelho”,
a
 televisão
 tem
 uma
 dimensão
 simbólica
 na
 vida
 das
 pessoas,
 pelo
 que
 todos
 os
 esforços
 deverão
ser
conciliados
para
que
todos
possam
usufruir
de
forma
plena
das
potencialidades
da
 televisão
digital.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25

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