Este documento apresenta os resultados de um estudo clínico que avaliou a aplicação de um peptídeo sintético (PepGen P-15) no tratamento de lesões periodontais graves em cães. Os resultados mostraram maior recuperação do nível clínico de inserção nos dentes tratados com PepGen P-15 em comparação com o tratamento convencional, principalmente após 6 meses. O PepGen P-15 parece auxiliar no processo de regeneração óssea ao promover a adesão celular.
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Estudo clínico da aplicação de peptídeo sintético de adesão celular (PepGen P-15®) em lesões periodontais graves de cães
1. LOC-USP FMVZ-USP
Daniel Giberne Ferro
Dissertação de mestrado
Membros da banca examinadora
Prof. Dr. Moacir Santos de Lacerda
Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho
Orientador e presidente da banca examinadora
Prof. Dr. Marco Antonio Gioso
2. Estudo clínico da aplicação de
peptídeo sintético de adesão
celular (PepGen P-15®) em lesões
periodontais graves de cães
3. OBJETIVOS
1. Avaliar a resposta clínica do uso de um peptídeo sintético que
mimetiza o sítio de adesão do colágeno tipo-I como auxiliar no
processo de recuperação do osso alveolar e do epitélio juncional
nos casos de perda do nível clínico de inserção decorrente da
doença periodontal severa;
2. Comparar a evolução das lesões que receberam PepGen P-15®
com as que receberam técnica convencional para tratamento de
elementos dentais com perda do nível clínico de inserção;
4. OBJETIVOS
3. Avaliar a resposta clínica pós-operatória dos animais, discutindo
possíveis complicações relacionadas ao uso de substâncias
osteogênicas e condutoras de crescimento ósseo na cavidade oral
dos cães;
4. Avaliar a necessidade de higienização mecânica do local
implantado com base na evolução da resposta reparadora do
osso tratado.
6. REVISÃO DE LITERATURA
Anatomia do periodonto
- gengiva
- cemento
- ligamento periodontal
- osso alveolar
*epitélio juncional
7. REVISÃO DE LITERATURA
Harvey; Emily, 1993
A doença periodontal é a moléstia que mais acomete cães e gatos.
- caráter epidemiológico
Löe; Theilad e Borglum, 1965
Estreita correlação entre a destruição dos tecidos periodontais e a
presença de placa bacteriana
- estudo pioneiro para a doença do periodonto
- inflamação inicial em 10 a 20 dias
Page; Schröeder, 1976
A doença crônica promove a destruição permanente das estruturas
de sustentação do periodonto
- atuação de mediadores imunológicos
- proteases e colagenases
- estimulação de osteoclastos
8. REVISÃO DE LITERATURA
Wiggs; Lobprise, 1997
A bolsa periodontal verdadeira forma-se a partir da migração apical do
epitélio juncional
- devido à ação de toxinas
- acompanhando a redução da crista alveolar
Gioso, 1998
Concluiu que o processo tem evolução mais rápida em cães de pequeno
porte
- perda precoce de elementos dentais
9. REVISÃO DE LITERATURA
De Forge; Colmery, 2000
O diagnóstico das lesões ósseas causadas pela doença periodontal
deve passar pelo exame radiográfico intra-oral
- para determinar a extensão e localização da perda óssea
Holmstrom; Frost; Gammon, 1992
Recomendaram as técnicas radiográficas para aplicação na cavidade
oral de cães e gatos
- paralelismo – dentes distais aos pré-molares inferiores
- bissetriz – demais elementos
10. REVISÃO DE LITERATURA
Hennet; Harvey, 1992
Bolsas periodontais com mais de 4mm de profundidade em cães
devem ser tratadas com auxílio de retalho muco-gengival
- para facilitar observação
- para melhor debridamento e detoxificação do local
Widman (1918) apud Ramfjord; Nissle, 1974
Apresentou técnica de retalho muco-gengival para tratamento de
bolsas periodontais
Hiatt; Schallhorn; Aaronian, 1978
O tratamento convencional da bolsa periodontal profunda consiste
de raspagem e aplainamento radiculares
- após confecção de retalho
- a fim de reduzir contaminação
* o osso alveolar perdido, porém, não se regenera
11. REVISÃO DE LITERATURA
Johnson; Urist; Finerman, 1988; Yukna, 1989; DeForge,
1997; Gross, 1997; Kinoshita et al., 1997; Yukna, 1998;
Bhatnaghar et al., 1999; Krauser; Rohrer; Wallace, 2000;
Sigurdsson; Nguyen; Wikesjö, 2001; Barboza et al., 2002;
Yukna; Salinas; Carr, 2002; Lallier et al., 2003
Estudaram diversos tipos de materias para implante e enxertia no
tratamento de lesões periodontais
Bhatnaghar; Qian, 1992
Apresentaram os primeiros estudos mostrando a capacidade de um
peptídeo sintético (P-15) promover aumento de adesão de
fibroblastos
12. REVISÃO DE LITERATURA
Yukna, 2002
Estudo da aplicação do P-15 em 25 pacientes (até 3 anos)
- 16,6% de recuperação de aderência
- maior parte das alterações nos 6 primeiros meses
Kubler et al., 2004
Compararam 5 materiais para implante ósseo em cultura de células
- 2 HAs bovinas, HA de corais, fosfato alfa-tricálcico,
PepGen P-15
- o PepGen p-15 apresentou a mais alta taxa de
proliferação e diferenciação celular
Thorwarth et al., 2005
Mostraram que o PepGen P-15 promoveu significativo aumento da
produção de tecido mineralizado em porcos
- histológico 3 dias após já mostrava processo de
formação óssea
14. Formação do osso
(Osteogênese)
1. Adesão celular (Sinalização)
2. Conversão celular (Diferenciação)
3. Produção do osso (Indução)
15. Cerca de 20-25% do osso
é composto orgânico
90% deste é Colágeno Tipo-I
O Colágeno Tipo-I é
responsável pela adesão
celular que dará início à
cascata de migração,
proliferação e diferenciação
3 cadeias de aminoácidos celular
(sítio 766-780)
16. Colágeno Tipo-I
Seqüência de 15 aminoácidos
Células possuem
receptores de
membrana específicos
para o sítio 766-780
(P-15) do colágeno
tipo-I
17. O P-15 natural
Células aproximam- ...e vão aderir ao sítio
se do colágeno tipo- 766-780 (P-15)
I...
22. Material e Método
Material
Grupo de animais
- 21 cães, com raça definida, com doença
periodontal grave
- não houve pré-seleção dos animais
- triagem apenas dos animais com alterações clínicas
Dentes estudados
- quatro faces de cada dente com lesão maior ou
igual a 4mm de profundidade
- dentes com lesão de furca graus II ou III
23. Material e Método
Material
Avaliação e documentação
- exame físico com sonda periodontal milimetrada
- radiografias intra-orais
- fotografia com câmera digital
Material para enxertia
- PepGen P-15
- solução fisiológica a 0,9%
- pote Dappen estéril
- cureta de Luccas estéril
24. Material e Método
Método
Procedimento inicial
- avaliação da cavidade oral e seleção dos dentes
que foram estudados
- tratamento periodontal convencional em todos os
cães
Grupos estudados
- 91 faces de dentes com perda do Nível Clínico de Inserção (NCI)
40 faces: PepGen P-15
51 faces: tratamento convencional
- 8 dentes com exposição de furca
25. Material e Método
Método
Técnica cirúrgica
- retalho muco-gengival em todos os dentes
- raspagem e aplainamento radicular em todos os dentes
- grupo controle: sutura em ponto simples separados do retalho
- grupo PepGen P-15: aplicação e sutura em ponto simples
separados do retalho nos demais dentes
26. Material e Método
Método
Avaliações pós-cirúrgicas
- 3 meses e 6 meses após a cirurgia
- exame com sonda periodontal
- radiografias intra-orais
- fotografias
Cuidados pós-operatórios
- espiramicina/metronidazol (75.000UI/kg de peso / 12,5mg/kg
de peso), a cada 24 horas, durante 7 dias
- clorexidina a 0,12% para enxágüe oral, quatro vezes ao dia,
durante 15 dias
- recomendada escovação dental diária a ser inciada 10 dias
após a intervenção
27. Material e Método
Método
Análise dos dados
- comparação de números absolutos através de médias e de
medianas
- taxa de recuperação do NCI em porcentagem calculada com
base nas medianas das mensurações obtidas na data da cirurgia
- nível de significância: p<0,05
29. Resultados
Grupo de animais estudados
Yorkshire Terrier
Whippet
Schnauzer
Poodle Toy
Poodle
Dobermann Pinscher
Daschund
Cocker Spaniel
Bichon Frisé
Bassethund
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Núm ero de anim ais
Idade (anos) Peso (kg)
Média 9,05 8,25
Mediana 9,00 5,50
Desvio-padrão 2,52 5,95
30. Resultados
Exposição de furca dental
Distribuição do número absoluto e de porcentagem dos dentes com exposição de
furca (EF) que receberam tratamento com PepGen P-15 ® e que não o receberam,
agrupados segundo a evolução durante os 6 meses de estudo (redução da
exposição de furca, sem alteração da exposição de furca, aumento da exposição
de furca). FMVZ-USP, São Paulo, 2005.
PepGen P-15® Controle
Grau N N
exposição % 1
%2
Redução 2 40 1 33,33
Sem alteração 2 40 2 66,66
Aumento 1 20 0 0
Total 5 100 3 100
Nota: teste não-paramétrico - Mann-Whitney. (1) p = 1,0000. (2) p = 0,7220.
31. Resultados
Recuperação ou perda (%) do Nível Clínico de Inserção
3 meses
Caninos Incisivos Pré-molares Molares
80
60
40
Porcentagem (%)
20
0
-20
-40
PepGen P-15 Controle
Ilustração representando os dois grupos (o que recebeu PepGen P-15 ® e que
não o recebeu) e o percentual de recuperação do nível clínico de inserção
das faces dentais após três meses de tratamento. Estão agrupados segundo
os tipos de dentes a que cada face pertence (caninos, incisivos, pré-molares
e molares)
32. Resultados
Recuperação ou perda (%) do Nível Clínico de Inserção
6 meses
Caninos Incisivos Pré-molares Molares
80
60 Diferença entre 6 meses e o ato cirúrgico
40
Significância (p)
20
PepGen P- Control
Porcentagem (%)
0 15 e
-20
Caninos 0,0094 0,5254
-40
Incisivos 0,2516 0,2348
-60
Pré- - 1,0000
-80 molares
-100 Molares 0,0143 0,4948
PepGen P-15 Controle
Ilustração representando os dois grupos (o que recebeu PepGen P-15 ® e
que não o recebeu) e o percentual de recuperação do nível clínico de
inserção das faces dentais após seis meses de tratamento. Estão
agrupados segundo os tipos de dentes a que cada face pertence (caninos,
incisivos, pré-molares e molares)
33. Resultados
Nível Clínico de Inserção de cada face aos 3 e 6 meses
Grupo controle
Grupo controle
Cirurgia 3 meses 6 meses
6
5
4
NCI (mm)
3
2
1
0
Vestibular Palatina Mesial Distal
Ilustração representando o grupo controle e os valores absolutos dos níveis clínicos
de inserção das quatro faces dentais nos três momentos do estudo
34. Resultados
Nível Clínico de Inserção de cada face aos 3 e 6 meses
Grupo PepGen P-15
Grupo que recebeu PepGen P-15
Aplicação do P-15 3 meses 6 meses
7
6
5
NCI (mm)
4
3
2
1
0
Vestibular Palatina Mesial Distal
Ilustração representando o grupo tratado com PepGen P-15 ® e os valores absolutos
dos níveis clínicos de inserção das quatro faces dentais nos três momentos do
estudo
35. Resultados
Comparação das faces em todos os momentos e
entre os dois grupos
Distribuição dos valores (em mm) das médias e desvios-padrões correspondentes aos níveis
clínicos de inserção (NCI) das faces dentais mensuradas nos três momentos (cirurgia e pós-
operatório de 3 e de 6 meses) e porcentagem de recuperação do NCI, agrupados nos dois
conjuntos experimentais (o que recebeu PepGen P-15 ® e o que não o recebeu). FMVZ-USP,
São Paulo, 2005.
Momentos Recuperação do NCI (%)
Todas as Cirurgia / Cirurgia /
Cirurgia1 3 meses2 6 meses3
faces 3 meses4 6 meses5
PepGen P-15®
(N = 41)
5,87 ± 2,56 3,62 ± 2,03 3,84 ± 2,43 +40,00 +40,00
Controle
(N = 50)
5,00 ± 2,70 5,00 ± 2,61 5,00 ± 3,00 0 0
Nota: teste não-paramétrico – Menn-Whitney. (1) p = 0,1030. (2) p = 0,0309. (3) p = 0,0698. (4) p = 0,0001. (5) p
= 0,0029
41. Discussão
Animais de pequeno porte com
doença periodontal
Gioso, 1998
Retalho muco-gengival efetivo para aplicação do PepGen
P-15
Levine, 1972; Ramfjord; Nissle, 1974;
Fedi; Vernino, 1995;
Controle radiográfico mostrou-se satisfatório para avaliação das
da
lesões durante os 6 meses de estudo
– exceção na face palatina dos caninos
DeForge; Colmery, 2000; Holmstrom;
Frost; Gammon, 1992
42. Discussão
Somente um proprietário realizou higienização diária
durante os 6 meses (4,76%)
- contra 24% dos autores
Miller; Harvey, 1994
Falta de higiene prejudicou a reparação óssea
- manutenção de agentes infecciosos
- ativação de osteoclastos
- antogoniza ação do peptídeo
Page; Schroeder, 1976
Lesões de furca grau III - desafio
- sustentação do retalho
- uma só parede
Chang-Sung Kim et al., 2004
43. Discussão
Dentes tratados com PepGen P-15 – porcentagem de
recuperação aos 6 meses
- caninos: p=0,0094*
- molares: p=0,0143*
- incisivos: p=0,2516
>> tipo de lesão óssea
Dentes que receberam tratamento convencional –
porcentagem de recuperação aos 6 meses
- sem diferença estatisticamente significativa
Chang-Sung Kim et al., 2004
44. Discussão
Face que melhor respondeu ao PepGen P-15
- palatina: p=0,0023* (0 a 6 meses)
Faces que não responderam bem (0 a 6 meses)
- vestibular: p=0,7556
- distal: p=0,0759
45. Discussão
Comparação (em mm) dos dois grupos – PepGen P-15 x
Controle
- ato cirúrgico: p=0,1030
- 3 meses: p=0,0309
- 6 meses: p=0,0698
Comparação (em % de recuperação) dos dois grupos –
PepGen P-15 x Controle
- 3 meses: p=0,0001
- 6 meses: p=0,0029
Valores absolutos (em mm) superiores aos de Yukna et
al., 2002
46. Discussão
Observou-se “acomodação ” dos grânulos após 3 meses no
sítio de aplicação
Perda de grânulos em casos de exposição de furca
- ineficiência do retalho para sustentação
Barboza et al., 2000
Resultados mostraram reduções de bolsas de até 10mm
para 2mm
- epitélio juncional longo?
- formação de ligamento periodontal?
Bhatnaghar et al., 1999; Qian;
Bhatnaghar, 1996; Yukna et al., 1998
47. Conclusão
1. A aplicação de PepGen P-15® em lesões periodontais graves
mostrou-se clinicamente satisfatória e apresentou taxa de
recuperação de inserção do epitélio estatisticamente significativa
em faces palatinas e em dentes caninos e molares
2. A comparação do uso de PepGen P-15® com a técnica
convencional de raspagem e aplainamento radicular apresentou
diferença estatisticamente significativa, em números absolutos,
aos 3 meses após o implante; e em taxa de recuperação aos 3 e 6
meses após o implante. O uso do PepGen P-15® mostrou-se
simples e viável para o tratamento de lesões periodontais de cães
48. Conclusão
3. Não se observou qualquer tipo de complicação durante ou depois
da cirurgia de aplicação do PepGen P-15®, mesmo nos casos em
que a higienização oral dos animais não foi mantida
4. É provável que a higienização oral diária possa conduzir a
melhores resultados nos casos de implante com PepGen P-15® e
que estes resultados tenham sido influenciados, neste estudo,
pela falta de escovação dos dentes dos cães
Obrigado!