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Introdução

       Nos últimos anos, Portugal assistiu a uma rápida difusão do acesso à internet entre
crianças, mas pouco se conhece sobre a sua relação fora da escola. Em que locais acedem,
dentro e fora de casa? Que usos fazem para a sua informação, entretenimento e
comunicação? Têm práticas de uso seguro da internet? Quando incorrem em riscos, como
lidam com eles? Que consequências têm essas práticas? E que influência têm os seus pais,
professores, amigos e outras fontes de informação nos modos como usam a internet?
        As respostas a estas questões, discutidas neste livro, têm beneficiado da integração
do país na rede europeia de investigação do Projecto EU Kids Online, desde o seu início, em
2006, a partir da Universidade Nova de Lisboa. Um primeiro levantamento de cerca de 400
estudos sobre crianças e internet em 21 países, produzido por este Projecto - financiado
pelo Programa europeu Safer Internet Plus e liderado por Sonia Livingstone e Leslie
Haddon, do Reino Unido - tinha dado conta da escassez de atenção a questões relacionadas
com riscos e segurança. Daqui resultou o interesse em realizar uma pesquisa que
perguntasse as mesmas questões e nos mesmos termos a crianças (9-16 anos) de um
número alargado de países, a fim de se identificar que padrões de uso se desenham, que
competências são desenvolvidas, em que riscos incorrem e que consequências daí
resultam, danosas ou não danosas – e o que sabem os seus pais sobre isso. Essa pesquisa
comparada permitiria ainda identificar diferenças e semelhanças entre países,
proporcionando a cada país um olhar, não só interno mas também num contexto mais
alargado, sobre a sua realidade.
         Foram assim criados três questionários: um dirigido a crianças que usassem a
internet, sobre acessos, usos e competências na rede; outro idêntico, dirigido a um dos
seus pais, a permitir uma comparação de respostas; e um terceiro, orientado para riscos
na internet e os modos como crianças e jovens lidam com eles. Enquanto os dois primeiros
eram realizados por um entrevistador, que ouvia separadamente a criança e um dos seus
pais, o último seria um questionário de auto-preenchimento pela criança, selado por si no
final a fim de garantir a privacidade e confidencialidade da informação.
        A classificação de riscos associados ao uso da internet estabelecida pelo Projecto
EU Kids Online considera diferentes posições das crianças na internet: receptores de
conteúdos distribuídos em massa; participantes em contactos iniciados por outros, da
mesma idade ou mais velhos; e agentes de condutas. Nas preocupações de pais, estão mais
presentes a recepção de conteúdos indesejáveis ou as trocas de comunicações com mais
velhos. Importa, contudo, ter em conta que as crianças podem ter também papel activo na
procura, produção e disseminação de conteúdos nocivos.
        Norteado por objectivos de intervenção - na forma de recomendações a entidades
responsáveis por políticas e práticas, das indústrias aos governos, passando pelas famílias
e a escola - este estudo incidiu sobre os riscos mais proeminentes na agenda pública, e não
necessariamente sobre os que mais preocupam as crianças no seu dia-a-dia, muitas vezes
relacionados com riscos técnicos, como vírus, e com a invasão de mensagens comerciais na
sua navegação na internet. Foram assim tratados riscos relacionados com conteúdos
pornográficos, contacto com pessoas desconhecidas que se conheceram online, bullying,
‘sexting’, conteúdos potencialmente nocivos gerados por utilizadores e abuso de
informação pessoal. Assim, foi feito um enfoque nos riscos destacados a negrito no Quadro
0.1.


                                   Conteúdo                  Contacto                  Conduta
   Agressividade            Conteúdo violento/         Vítima de bullying,         Exercer bullying,
                                macabros             assédio ou perseguição     actividade hostil sobre
                                                                                       os pares
   Sexuais                        Conteúdos           Conhecer estranhos,          Assédio sexual,
                                 pornográficos        exploração ou abuso             ‘sexting’
                                                             sexual
   Valores negativos        Conteúdos racistas,        Persuasão ideológica           Conteúdos
                                 odiosos                                           potencialmente
                                                                                 nocivos gerados por
                                                                                     utilizadores
   Comerciais               Marketing integrado       Abuso de informação        Apostas, infracção de
                                                            pessoal                direitos de autor
Quadro 0.1 – Riscos relacionados com o uso da internet por crianças e jovens.

Fonte: Projecto EU Kids Online

Nota: A negrito estão os riscos que foram tratados no inquérito europeu.



        De referir ainda que a concepção teórica do Projecto EU Kids Online abre espaço
para uma compreensão contextualizada e ponderada da segurança e dos riscos dos mais
novos nos media digitais. Não só se procuram relacionar os riscos online com os que
acontecem offline, como no caso do bullying e do contacto com mensagens e imagens de
cariz sexual, como também se traça uma distinção entre exposição a riscos e a forma como
as crianças lidam com eles. Por conseguinte, o inquérito distinguiu entre risco e dano,
averiguando respostas aos riscos que revelam um saber lidar com a situação e respostas
que revelam essa incapacidade, fazendo com que a experiência do risco tenha
consequências danosas.
         O inquérito abrangeu uma amostra representativa de cerca de 1000 crianças e um
dos seus pais, em 25 países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca,
Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia,
Noruega, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia
e Turquia). Construído em inglês, foi traduzido para 19 línguas, garantindo
comparabilidade e adaptação com exemplos e linguagens locais; foi ainda alvo de de testes
cognitivos em todos os países antes da sua versão final, que seria aplicada a uma amostra
estratificada aleatória, em casa. Mais pormenores sobre a metodologia, a aplicação do
inquérito e resultados finais europeus podem ser consultados no site do projecto,
www.eukidsonline.net.
        Em Portugal, foram inquiridas mil crianças que usam a internet e um dos seus pais,
de norte a sul do país, entre Abril e Julho de 2010. São esses resultados, apresentados pela
equipa nacional do Projecto EU Kids Online, e o seu debate por especialistas em questões
de adolescência e entidades com intervenção em matérias de segurança infantil na
internet, que ocorreu na conferência nacional organizada em Fevereiro de 2011, na FCSH
da Universidade Nova de Lisboa, que dão corpo a este livro, complementado com uma
análise da pesquisa específica sobre redes sociais, de Sonia Livingstone e David Brake.
Na I Parte, Contextos de acesso, usos e competências, Cristina Ponte traça os
ambientes em que se dão os acessos de crianças e jovens portugueses à internet,
integrando-os na paisagem europeia. No país, evidencia-se o paradoxo entre a liderança
no acesso à internet por via de portáteis pessoais e uma relativamente baixa frequência
no uso diário; ressaltam também diferenças geracionais, de idade, género e estatuto
socioeconómico das famílias. Rita Espanha, socióloga, contextualiza estes resultados com
outros estudos nacionais, de anos anteriores, traçando uma linha diacrónica que dá conta
da enorme difusão da rede no espaço da casa (em especial, nos quartos das crianças), nas
escolas e em locais públicos de acesso à internet em 2009 e 2010; reflecte ainda sobre
identidades juvenis na era digital, em torno de dois vectores, Educação e Comunicação.
        A II Parte do livro, Culturas do Quarto e Uso Excessivo da Internet organiza-se em
torno de um dos resultados nacionais mais interpelativos, o elevado número de respostas
relacionadas com uso excessivo da internet que colocou Portugal na segunda posição
europeia. Daniel Cardoso parte do conceito de ‘cultura do quarto’ para comparar os usos
da internet para diferentes actividades – com graus diversos de risco - realizados dentro e
fora dele, tendo em atenção variáveis como a idade e a mediação parental; discute ainda a
relação entre tempo e uso excessivo da internet, contrariando uma visão linear e negativa
ao evidenciar que são os jovens que mais usam os que mais revelam tirar partido das
oportunidades da rede. No seu comentário, Tito de Morais, que tem escutado as
preocupações de pais e professores em largas dezenas das acções de formação sobre o
tema, pelo país, discute o uso excessivo dando conta da sua própria experiência; sublinha
ainda a importância da mediação familiar e da promoção de ambientes no lar que
favoreçam a comunicação e a partilha de vivências na internet. Por sua vez, Margarida
Gaspar de Matos, da área da Psicologia e com larga investigação sobre comportamentos de
adolescentes portugueses no contexto internacional, sublinha a necessidade de respeito
pela privacidade do adolescente por parte dos seus pais, evitando a devassa da intimidade.
Manter as “portas abertas ao diálogo” começa na infância, sublinha.
        Os resultados nacionais sobre riscos, tratados na III Parte do livro, Riscos e Danos,
são apresentados por Ana Jorge. Caracterizam-se perfis de crianças e jovens envolvidos,
como vítimas e como agressores, e assinalam-se disparidades nas respostas de pais e de
filhos em riscos sobretudo relacionados com matérias sexuais, com implicações na
resolução de situações danosas com eles relacionados. Estes resultados são comentados
por membros do Conselho Consultivo nacional do EU Kids Online. Teresa Montano, da
Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, e Alexandra Simões, do
Instituto de Apoio à Criança, lêem-nos a partir do seu conhecimento no terreno, sugerindo
que alguns deles podem estar abaixo da realidade e fazendo notar a necessidade de
definições e procedimentos mais inequívocos na caracterização de vários riscos.
Colocando a participação digital sob o prisma dos direitos humanos, Jorge Duque, da
Polícia Judiciária, enquadra juridicamente a questão dos crimes na internet, com uma
leitura sobre as formas de actuar ao nível da sua prevenção que evidencia a necessidade
de ter presente as condutas de crianças e jovens – que podem ser agentes de situações
danosas e com custos e impactos de que podem não ter consciência.
       Na IV Parte do livro, Mediações, José Alberto Simões caracteriza o conceito de
mediação da internet e as suas várias modalidades (mediação activa, monitorização,
mediação técnica e mediação restritiva), para depois apresentar em pormenor os
resultados do inquérito EU Kids Online com um enfoque na perspectiva reportada pelas
crianças sobre a mediação dos seus pais, tanto na mediação da internet em geral como de
usos em segurança; seguem-se resultados sobre mediações de pares, professores e outros
agentes. O testemunho do trabalho desenvolvido nas escolas nos últimos anos, no
Programa SeguraNet, é trazido pelo seu coordenador, José Pedroso, do Ministério da
Educação, seguindo-se o olhar do psiquiatra Daniel Sampaio, a salientar como esta matéria
diz respeito a toda a comunidade.
        O livro encerra com um artigo de Sonia Livingstone, coordenadora do projecto EU
Kids Online, e David Brake, sobre a rápida difusão das redes sociais entre crianças e jovens
e as consequências em termos de políticas. Ainda que as redes sociais mais populares vão
mudando de nome, e o MySpace ou o Hi5 tenham sido substituídos pelo Facebook, este
texto continua actual na sua reflexão crítica sobre um tema que motiva grande interesse
por parte de pais, professores e também dos media, oferecendo uma perspectiva para
além do entusiasmo ou pânico mais imediatos.

        Como se pode ver, o tema deste livro convoca a atenção da Psicologia, Estudos dos
Media, Educação, Sociologia, Direito e Informática – e a atenção da sociedade. Esperamos
que esta obra chegue a todos quantos intervêm na segurança de crianças e jovens na
internet: pais, professores, bibliotecários, monitores de Espaços Internet, decisores
políticos, Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, ONG, produtores de indústrias de
conteúdos digitais, etc. Os resultados apresentados e a sua discussão favorecem um
conhecimento mais sustentado sobre a realidade portuguesa de um fenómeno que faz
parte dos modos contemporâneos do crescer, socialmente marcados e marcantes.
       Agradecemos a todos os que tornaram esta obra possível, dos comentadores aos
editores. Agradecemos ainda à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), à Agência para
a Sociedade do Conhecimento (UMIC), à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa (FCSH, UNL) e ao Centro de Investigação Media e Jornalismo
(CIMJ) o apoio financeiro que tornou possível a sua publicação.



Índice

Índices de Gráficos e de Quadros

Notas biográficas

Introdução
Cristina Ponte, Ana Jorge, José Alberto Simões e Daniel S. Cardoso

I Parte: Contextos de acesso, usos e competências
Acessos, usos e competências. Resultados nacionais do inquérito EU Kids Online
Cristina Ponte

Práticas da E-Generation em Portugal. Resultados de estudos e questões
contemporâneas
Rita Espanha

II Parte: Culturas do quarto e uso excessivo da internet
A cultura do quarto e o uso excessivo da internet. Resultados nacionais do inquérito
EU Kids Online
Daniel S. Cardoso

Viciados no quarto?
Tito de Morais

Um quarto com vista para o ecrã. O que podem os pais fazer?
Margarida Gaspar de Matos

III Parte: Riscos e danos
Em risco na internet? Resultados nacionais do inquérito EU Kids Online
Ana Jorge

Reflectindo sobre riscos a partir da experiência no terreno
Teresa Montano e Alexandra Simões

Internet e sentimentos de insegurança
Jorge Duque

IV Parte: Mediações
Mediações dos usos da internet. Resultados nacionais do inquérito EU Kids Online
José Alberto Simões

O SeguraNet na Escola
José Pedroso

Miúdos na net, no quotidiano de escolas e famílias
Daniel Sampaio

V Parte: Perspectivas
Sobre a rápida afirmação das redes sociais: novos resultados e implicações para
políticas
Sonia Livingstone e David R. Brake

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Sumário - Crianças e Internet em Portugal - Acessos, Usos, Riscos, Mediações

  • 1. Introdução Nos últimos anos, Portugal assistiu a uma rápida difusão do acesso à internet entre crianças, mas pouco se conhece sobre a sua relação fora da escola. Em que locais acedem, dentro e fora de casa? Que usos fazem para a sua informação, entretenimento e comunicação? Têm práticas de uso seguro da internet? Quando incorrem em riscos, como lidam com eles? Que consequências têm essas práticas? E que influência têm os seus pais, professores, amigos e outras fontes de informação nos modos como usam a internet? As respostas a estas questões, discutidas neste livro, têm beneficiado da integração do país na rede europeia de investigação do Projecto EU Kids Online, desde o seu início, em 2006, a partir da Universidade Nova de Lisboa. Um primeiro levantamento de cerca de 400 estudos sobre crianças e internet em 21 países, produzido por este Projecto - financiado pelo Programa europeu Safer Internet Plus e liderado por Sonia Livingstone e Leslie Haddon, do Reino Unido - tinha dado conta da escassez de atenção a questões relacionadas com riscos e segurança. Daqui resultou o interesse em realizar uma pesquisa que perguntasse as mesmas questões e nos mesmos termos a crianças (9-16 anos) de um número alargado de países, a fim de se identificar que padrões de uso se desenham, que competências são desenvolvidas, em que riscos incorrem e que consequências daí resultam, danosas ou não danosas – e o que sabem os seus pais sobre isso. Essa pesquisa comparada permitiria ainda identificar diferenças e semelhanças entre países, proporcionando a cada país um olhar, não só interno mas também num contexto mais alargado, sobre a sua realidade. Foram assim criados três questionários: um dirigido a crianças que usassem a internet, sobre acessos, usos e competências na rede; outro idêntico, dirigido a um dos seus pais, a permitir uma comparação de respostas; e um terceiro, orientado para riscos na internet e os modos como crianças e jovens lidam com eles. Enquanto os dois primeiros eram realizados por um entrevistador, que ouvia separadamente a criança e um dos seus pais, o último seria um questionário de auto-preenchimento pela criança, selado por si no final a fim de garantir a privacidade e confidencialidade da informação. A classificação de riscos associados ao uso da internet estabelecida pelo Projecto EU Kids Online considera diferentes posições das crianças na internet: receptores de conteúdos distribuídos em massa; participantes em contactos iniciados por outros, da mesma idade ou mais velhos; e agentes de condutas. Nas preocupações de pais, estão mais presentes a recepção de conteúdos indesejáveis ou as trocas de comunicações com mais velhos. Importa, contudo, ter em conta que as crianças podem ter também papel activo na procura, produção e disseminação de conteúdos nocivos. Norteado por objectivos de intervenção - na forma de recomendações a entidades responsáveis por políticas e práticas, das indústrias aos governos, passando pelas famílias e a escola - este estudo incidiu sobre os riscos mais proeminentes na agenda pública, e não necessariamente sobre os que mais preocupam as crianças no seu dia-a-dia, muitas vezes relacionados com riscos técnicos, como vírus, e com a invasão de mensagens comerciais na sua navegação na internet. Foram assim tratados riscos relacionados com conteúdos pornográficos, contacto com pessoas desconhecidas que se conheceram online, bullying, ‘sexting’, conteúdos potencialmente nocivos gerados por utilizadores e abuso de
  • 2. informação pessoal. Assim, foi feito um enfoque nos riscos destacados a negrito no Quadro 0.1. Conteúdo Contacto Conduta Agressividade Conteúdo violento/ Vítima de bullying, Exercer bullying, macabros assédio ou perseguição actividade hostil sobre os pares Sexuais Conteúdos Conhecer estranhos, Assédio sexual, pornográficos exploração ou abuso ‘sexting’ sexual Valores negativos Conteúdos racistas, Persuasão ideológica Conteúdos odiosos potencialmente nocivos gerados por utilizadores Comerciais Marketing integrado Abuso de informação Apostas, infracção de pessoal direitos de autor Quadro 0.1 – Riscos relacionados com o uso da internet por crianças e jovens. Fonte: Projecto EU Kids Online Nota: A negrito estão os riscos que foram tratados no inquérito europeu. De referir ainda que a concepção teórica do Projecto EU Kids Online abre espaço para uma compreensão contextualizada e ponderada da segurança e dos riscos dos mais novos nos media digitais. Não só se procuram relacionar os riscos online com os que acontecem offline, como no caso do bullying e do contacto com mensagens e imagens de cariz sexual, como também se traça uma distinção entre exposição a riscos e a forma como as crianças lidam com eles. Por conseguinte, o inquérito distinguiu entre risco e dano, averiguando respostas aos riscos que revelam um saber lidar com a situação e respostas que revelam essa incapacidade, fazendo com que a experiência do risco tenha consequências danosas. O inquérito abrangeu uma amostra representativa de cerca de 1000 crianças e um dos seus pais, em 25 países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Noruega, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia e Turquia). Construído em inglês, foi traduzido para 19 línguas, garantindo comparabilidade e adaptação com exemplos e linguagens locais; foi ainda alvo de de testes cognitivos em todos os países antes da sua versão final, que seria aplicada a uma amostra estratificada aleatória, em casa. Mais pormenores sobre a metodologia, a aplicação do inquérito e resultados finais europeus podem ser consultados no site do projecto, www.eukidsonline.net. Em Portugal, foram inquiridas mil crianças que usam a internet e um dos seus pais, de norte a sul do país, entre Abril e Julho de 2010. São esses resultados, apresentados pela equipa nacional do Projecto EU Kids Online, e o seu debate por especialistas em questões de adolescência e entidades com intervenção em matérias de segurança infantil na internet, que ocorreu na conferência nacional organizada em Fevereiro de 2011, na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, que dão corpo a este livro, complementado com uma análise da pesquisa específica sobre redes sociais, de Sonia Livingstone e David Brake.
  • 3. Na I Parte, Contextos de acesso, usos e competências, Cristina Ponte traça os ambientes em que se dão os acessos de crianças e jovens portugueses à internet, integrando-os na paisagem europeia. No país, evidencia-se o paradoxo entre a liderança no acesso à internet por via de portáteis pessoais e uma relativamente baixa frequência no uso diário; ressaltam também diferenças geracionais, de idade, género e estatuto socioeconómico das famílias. Rita Espanha, socióloga, contextualiza estes resultados com outros estudos nacionais, de anos anteriores, traçando uma linha diacrónica que dá conta da enorme difusão da rede no espaço da casa (em especial, nos quartos das crianças), nas escolas e em locais públicos de acesso à internet em 2009 e 2010; reflecte ainda sobre identidades juvenis na era digital, em torno de dois vectores, Educação e Comunicação. A II Parte do livro, Culturas do Quarto e Uso Excessivo da Internet organiza-se em torno de um dos resultados nacionais mais interpelativos, o elevado número de respostas relacionadas com uso excessivo da internet que colocou Portugal na segunda posição europeia. Daniel Cardoso parte do conceito de ‘cultura do quarto’ para comparar os usos da internet para diferentes actividades – com graus diversos de risco - realizados dentro e fora dele, tendo em atenção variáveis como a idade e a mediação parental; discute ainda a relação entre tempo e uso excessivo da internet, contrariando uma visão linear e negativa ao evidenciar que são os jovens que mais usam os que mais revelam tirar partido das oportunidades da rede. No seu comentário, Tito de Morais, que tem escutado as preocupações de pais e professores em largas dezenas das acções de formação sobre o tema, pelo país, discute o uso excessivo dando conta da sua própria experiência; sublinha ainda a importância da mediação familiar e da promoção de ambientes no lar que favoreçam a comunicação e a partilha de vivências na internet. Por sua vez, Margarida Gaspar de Matos, da área da Psicologia e com larga investigação sobre comportamentos de adolescentes portugueses no contexto internacional, sublinha a necessidade de respeito pela privacidade do adolescente por parte dos seus pais, evitando a devassa da intimidade. Manter as “portas abertas ao diálogo” começa na infância, sublinha. Os resultados nacionais sobre riscos, tratados na III Parte do livro, Riscos e Danos, são apresentados por Ana Jorge. Caracterizam-se perfis de crianças e jovens envolvidos, como vítimas e como agressores, e assinalam-se disparidades nas respostas de pais e de filhos em riscos sobretudo relacionados com matérias sexuais, com implicações na resolução de situações danosas com eles relacionados. Estes resultados são comentados por membros do Conselho Consultivo nacional do EU Kids Online. Teresa Montano, da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, e Alexandra Simões, do Instituto de Apoio à Criança, lêem-nos a partir do seu conhecimento no terreno, sugerindo que alguns deles podem estar abaixo da realidade e fazendo notar a necessidade de definições e procedimentos mais inequívocos na caracterização de vários riscos. Colocando a participação digital sob o prisma dos direitos humanos, Jorge Duque, da Polícia Judiciária, enquadra juridicamente a questão dos crimes na internet, com uma leitura sobre as formas de actuar ao nível da sua prevenção que evidencia a necessidade de ter presente as condutas de crianças e jovens – que podem ser agentes de situações danosas e com custos e impactos de que podem não ter consciência. Na IV Parte do livro, Mediações, José Alberto Simões caracteriza o conceito de mediação da internet e as suas várias modalidades (mediação activa, monitorização, mediação técnica e mediação restritiva), para depois apresentar em pormenor os resultados do inquérito EU Kids Online com um enfoque na perspectiva reportada pelas
  • 4. crianças sobre a mediação dos seus pais, tanto na mediação da internet em geral como de usos em segurança; seguem-se resultados sobre mediações de pares, professores e outros agentes. O testemunho do trabalho desenvolvido nas escolas nos últimos anos, no Programa SeguraNet, é trazido pelo seu coordenador, José Pedroso, do Ministério da Educação, seguindo-se o olhar do psiquiatra Daniel Sampaio, a salientar como esta matéria diz respeito a toda a comunidade. O livro encerra com um artigo de Sonia Livingstone, coordenadora do projecto EU Kids Online, e David Brake, sobre a rápida difusão das redes sociais entre crianças e jovens e as consequências em termos de políticas. Ainda que as redes sociais mais populares vão mudando de nome, e o MySpace ou o Hi5 tenham sido substituídos pelo Facebook, este texto continua actual na sua reflexão crítica sobre um tema que motiva grande interesse por parte de pais, professores e também dos media, oferecendo uma perspectiva para além do entusiasmo ou pânico mais imediatos. Como se pode ver, o tema deste livro convoca a atenção da Psicologia, Estudos dos Media, Educação, Sociologia, Direito e Informática – e a atenção da sociedade. Esperamos que esta obra chegue a todos quantos intervêm na segurança de crianças e jovens na internet: pais, professores, bibliotecários, monitores de Espaços Internet, decisores políticos, Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, ONG, produtores de indústrias de conteúdos digitais, etc. Os resultados apresentados e a sua discussão favorecem um conhecimento mais sustentado sobre a realidade portuguesa de um fenómeno que faz parte dos modos contemporâneos do crescer, socialmente marcados e marcantes. Agradecemos a todos os que tornaram esta obra possível, dos comentadores aos editores. Agradecemos ainda à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), à Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC), à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH, UNL) e ao Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ) o apoio financeiro que tornou possível a sua publicação. Índice Índices de Gráficos e de Quadros Notas biográficas Introdução Cristina Ponte, Ana Jorge, José Alberto Simões e Daniel S. Cardoso I Parte: Contextos de acesso, usos e competências Acessos, usos e competências. Resultados nacionais do inquérito EU Kids Online Cristina Ponte Práticas da E-Generation em Portugal. Resultados de estudos e questões contemporâneas Rita Espanha II Parte: Culturas do quarto e uso excessivo da internet
  • 5. A cultura do quarto e o uso excessivo da internet. Resultados nacionais do inquérito EU Kids Online Daniel S. Cardoso Viciados no quarto? Tito de Morais Um quarto com vista para o ecrã. O que podem os pais fazer? Margarida Gaspar de Matos III Parte: Riscos e danos Em risco na internet? Resultados nacionais do inquérito EU Kids Online Ana Jorge Reflectindo sobre riscos a partir da experiência no terreno Teresa Montano e Alexandra Simões Internet e sentimentos de insegurança Jorge Duque IV Parte: Mediações Mediações dos usos da internet. Resultados nacionais do inquérito EU Kids Online José Alberto Simões O SeguraNet na Escola José Pedroso Miúdos na net, no quotidiano de escolas e famílias Daniel Sampaio V Parte: Perspectivas Sobre a rápida afirmação das redes sociais: novos resultados e implicações para políticas Sonia Livingstone e David R. Brake