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Chega agora ao fim o ciclo de Guardiola no Barcelona. Foram quatro anos
     sempre a vencer, 13 títulos conquistados em16 possíveis.

     Este documento ajuda a perceber algumas das razões do sucesso deste
     clube muito peculiar e do seu treinador que, tão bem, soube aproveitar a
     culturar culé.

     Com a chegada de Guardiola ao Barcelona Laporta confia ao técnico
     catalão algumas tarefas prioritárias. Guardiola opta então por um plano.
1.    Recuperar a equipa “B”
2.    Mais tarde recuperar os juniroes
3.    Na última fase, recuperar as categorias formativas inferiores até chegar
      aos benjamins

     São 3 os conceitos principais em que se organiza o trabalho de Guardiola:
1.    Ambiente lógistico
2.    Perfil de gestor
3.    Organigrama técnico
Assente em princípios bases:

   Não basta ter talento para ter sucesso, é preciso
    modernizar-se e ser profissional

   Aproveitar o ambiente próprio do clube. A
    importância de La Masia. A cidade desportiva
    permite reunir os jogadores num ambiente
    profissional. Jogadores rodeados de recursos
    tecnológicos que permitem acompanhar o seu
    crescimento, corrigir o que está errado. Um
    ambiente que permite formá-los e aproximá-los da
    elite. Uma espécie de laboratório futebolístico
    Gestores são conhecidos. Primeiro Guardiola. Numa
     segunda fase Luís Enrique ( que entretanto saiu para a
     Roma) e agora a vez de Tito Vilanova.

    Gestores que devem combinar o rigor com a afecção, de
     forma a terem um tratamento próximo e carinhoso a nível
     competitivo.

    Gestores que se devem transformar em líderes.

    Líderes assentes em princípios como:
1.    Competitividade
2.    Formação
3.    Cultura desportiva
   Assente na chegada de ex futebolistas do clube, de forma a
    que estes se enquadrem na cultura desportiva de forma
    natural.

   Guardiola encara a equipa “B” como mais uma equipa e
    não como uma ferramenta de transição. Deve ter os mesmo
    objectivos competitivos da equipa principal.

   Guardiola aposta na competitividade interna. Quem
    adormecer perde o lugar porque há sempre alguém
    disponível para agarrar a oportunidade.

   A     cada      treino    são   impostos    os   valores     de
    sacrifício, respeito, responsabilidade, humildade, rigor, profiss
    ionalismo, solidariedade, entre outros.
    Guardiola assenta o seu modelo, para o Barcelona B, em
     alguns pressupostos.

    Para isso divide os jogadores em duas grandes categorias:

1.   Os vertebrados
2.   As pérolas
   Podem ser considerados os vertebrados todos os jogadores que
    suportam a equipa competitivamente sem que a sua procedência
    tenha excessiva importância. Por exemplo, não interessa se foram
    contratados ou se excedem a média de idade do conjunto.

   São, regra geral, jogadores um pouco mais velhos que a média e que
    são colocados de forma estratágica no intuito de manter o ritmo
    competitivo sem que travem o crescimento das “pérolas”.

   Para defenir os vertebrados é preciso ter em conta: idade, tipologia,
    perfil futebolístico e durabilidade

   Devem ter no mínimo 21 anos e no máximo 26.

   São distribuídos de forma homógenea pelas diferentes linhas, para que
    possam enquadrar com segurança os mais jovens.
   Jogadores com um valor especial. A sua formação é
    pensada, organizada e feita com tempo, sem pressas,, de
    forma a potenciar ao máximo a sua progressão.

   A média da equipa tem de ter entre dois e dois anos e meio
    de competição profissional.

   O principal objectivo é o de brilhar na equipa “B” de forma a
    depois darem o salto para a equipa principal.

   Oriundos     deste      modelo   temos:   Oriol,   Jonathan
    Soriano, Nolito, Tello, Cuenca
    Guardiola vê as pérolas como dois blocos provenientes dos juniores.

1.   Juniores totalmente formados  dentro de 1 ou 2 anos estão prontos a dar o grande
     salto

2.   Juniores de último ano  estes dispõem de um ano e meio a dois anos e meio para se
     confirmarem.

    Para tal a cantera estrutura-se em 3 fases:

1.   Reserva- rotação  a sua única obrigação é competir. Não se espera do jogador
     nada de determinante nem é penalizado pelos seus erros. Principal ojectivo é o de
     conhecer o meio profissional e adquirir minutos.

2.   Rotação – maturação  O jogador, nessa fase, já deve sentir que faz parte da
     estrutura. Deve ter consciência que o seu contributo é decisivo ( co-responsabilidade
     pelo rendimento geral).

3.   Jogador chave  Aqui se define o futuro da pérola. O jogador entra no grupo de
     jogadores mais próximos da equipa principal e adquire o status de jogador chave da
     equip “B”. Aqui ganha a responsabilidade de puxar pela equipa e de garantir a sua
     competitividade. Deve estar sempre alerta e ansioso por ser chamado à equipa
     principal. É nesta fase que se decide o seu futuro.
   Para cada uma destas fases é definido um período de 6 a 9
    meses a contar desde a sua etapa juvenil.

   A avaliação final da progressão e o potencial salto para a
    equipa principal é feita aos 21 anos.

   Caso isso não aconteça, o jogador terá adquirido um perfil e
    uns valores excelentes que lhe permitirão continuar a
    carreira profissional noutros clubes.
   Guardiola pretende um desenvolimento equilibrado da
    cantera. Nem demasiado depressa, nem lento.

   Caso o talento seja muito, os prazos podem ser acelerados
    mas nunca se evitam as 3 fases.

   O Barcelona de Guariola, principalmente a equipa “B”, com
    este plano deixou de ser visto como uma bolsa de jogadores
    a que se recorre em casos de afliação, mas sim uma
    autêntica escola de formação. Uma cantera com
    organização e aprendizagem.
   As ideias que constituem este documento foram retiradas deste
    livro:

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O barcelona de

  • 1.
  • 2. Chega agora ao fim o ciclo de Guardiola no Barcelona. Foram quatro anos sempre a vencer, 13 títulos conquistados em16 possíveis. Este documento ajuda a perceber algumas das razões do sucesso deste clube muito peculiar e do seu treinador que, tão bem, soube aproveitar a culturar culé. Com a chegada de Guardiola ao Barcelona Laporta confia ao técnico catalão algumas tarefas prioritárias. Guardiola opta então por um plano. 1. Recuperar a equipa “B” 2. Mais tarde recuperar os juniroes 3. Na última fase, recuperar as categorias formativas inferiores até chegar aos benjamins São 3 os conceitos principais em que se organiza o trabalho de Guardiola: 1. Ambiente lógistico 2. Perfil de gestor 3. Organigrama técnico
  • 3. Assente em princípios bases:  Não basta ter talento para ter sucesso, é preciso modernizar-se e ser profissional  Aproveitar o ambiente próprio do clube. A importância de La Masia. A cidade desportiva permite reunir os jogadores num ambiente profissional. Jogadores rodeados de recursos tecnológicos que permitem acompanhar o seu crescimento, corrigir o que está errado. Um ambiente que permite formá-los e aproximá-los da elite. Uma espécie de laboratório futebolístico
  • 4. Gestores são conhecidos. Primeiro Guardiola. Numa segunda fase Luís Enrique ( que entretanto saiu para a Roma) e agora a vez de Tito Vilanova.  Gestores que devem combinar o rigor com a afecção, de forma a terem um tratamento próximo e carinhoso a nível competitivo.  Gestores que se devem transformar em líderes.  Líderes assentes em princípios como: 1. Competitividade 2. Formação 3. Cultura desportiva
  • 5. Assente na chegada de ex futebolistas do clube, de forma a que estes se enquadrem na cultura desportiva de forma natural.  Guardiola encara a equipa “B” como mais uma equipa e não como uma ferramenta de transição. Deve ter os mesmo objectivos competitivos da equipa principal.  Guardiola aposta na competitividade interna. Quem adormecer perde o lugar porque há sempre alguém disponível para agarrar a oportunidade.  A cada treino são impostos os valores de sacrifício, respeito, responsabilidade, humildade, rigor, profiss ionalismo, solidariedade, entre outros.
  • 6. Guardiola assenta o seu modelo, para o Barcelona B, em alguns pressupostos.  Para isso divide os jogadores em duas grandes categorias: 1. Os vertebrados 2. As pérolas
  • 7. Podem ser considerados os vertebrados todos os jogadores que suportam a equipa competitivamente sem que a sua procedência tenha excessiva importância. Por exemplo, não interessa se foram contratados ou se excedem a média de idade do conjunto.  São, regra geral, jogadores um pouco mais velhos que a média e que são colocados de forma estratágica no intuito de manter o ritmo competitivo sem que travem o crescimento das “pérolas”.  Para defenir os vertebrados é preciso ter em conta: idade, tipologia, perfil futebolístico e durabilidade  Devem ter no mínimo 21 anos e no máximo 26.  São distribuídos de forma homógenea pelas diferentes linhas, para que possam enquadrar com segurança os mais jovens.
  • 8. Jogadores com um valor especial. A sua formação é pensada, organizada e feita com tempo, sem pressas,, de forma a potenciar ao máximo a sua progressão.  A média da equipa tem de ter entre dois e dois anos e meio de competição profissional.  O principal objectivo é o de brilhar na equipa “B” de forma a depois darem o salto para a equipa principal.  Oriundos deste modelo temos: Oriol, Jonathan Soriano, Nolito, Tello, Cuenca
  • 9. Guardiola vê as pérolas como dois blocos provenientes dos juniores. 1. Juniores totalmente formados  dentro de 1 ou 2 anos estão prontos a dar o grande salto 2. Juniores de último ano  estes dispõem de um ano e meio a dois anos e meio para se confirmarem.  Para tal a cantera estrutura-se em 3 fases: 1. Reserva- rotação  a sua única obrigação é competir. Não se espera do jogador nada de determinante nem é penalizado pelos seus erros. Principal ojectivo é o de conhecer o meio profissional e adquirir minutos. 2. Rotação – maturação  O jogador, nessa fase, já deve sentir que faz parte da estrutura. Deve ter consciência que o seu contributo é decisivo ( co-responsabilidade pelo rendimento geral). 3. Jogador chave  Aqui se define o futuro da pérola. O jogador entra no grupo de jogadores mais próximos da equipa principal e adquire o status de jogador chave da equip “B”. Aqui ganha a responsabilidade de puxar pela equipa e de garantir a sua competitividade. Deve estar sempre alerta e ansioso por ser chamado à equipa principal. É nesta fase que se decide o seu futuro.
  • 10. Para cada uma destas fases é definido um período de 6 a 9 meses a contar desde a sua etapa juvenil.  A avaliação final da progressão e o potencial salto para a equipa principal é feita aos 21 anos.  Caso isso não aconteça, o jogador terá adquirido um perfil e uns valores excelentes que lhe permitirão continuar a carreira profissional noutros clubes.
  • 11. Guardiola pretende um desenvolimento equilibrado da cantera. Nem demasiado depressa, nem lento.  Caso o talento seja muito, os prazos podem ser acelerados mas nunca se evitam as 3 fases.  O Barcelona de Guariola, principalmente a equipa “B”, com este plano deixou de ser visto como uma bolsa de jogadores a que se recorre em casos de afliação, mas sim uma autêntica escola de formação. Uma cantera com organização e aprendizagem.
  • 12. As ideias que constituem este documento foram retiradas deste livro: