O documento discute a pedagogia do esporte e os jogos cooperativos como uma abordagem alternativa. Ele explica que o esporte pode ter objetivos competitivos ou educacionais e descreve características dos jogos cooperativos, como formar grupos aleatórios e premiar todos os jogadores independentemente do resultado. O autor argumenta que os jogos cooperativos podem ser uma estratégia efetiva para ensinar valores como cooperação e respeito no esporte.
3. Esporte: Um fenômeno humano
Segundo o autor, o Esporte vem merecendo muitos estudos o que caracteriza-
o como sendo umas das mais ricas e complexas experiências humanas.
Compreende o Esporte como sendo um fenômeno humano presente há muito
tempo e difundido pelas diversas culturas.
Dentro do senso comum, quando pensa-se em esporte, pensa-se em ALTO
RENDIMENTO, em profissionalismo. Não é errado, porém, o esporte é bem
mais abrangente. Têm-se, agora, uma abrangência quanto ao entendimento
do que é esporte, seja o esporte educacional, o da terceira idade, o de
participação ou lazer, dos deficientes, entre outros
4. Esporte-rendimento
Objetiva o máximo em termos de
rendimento, pois, visa a competição.
Preocupa-se essencialmente com o
potencial das pessoas; submete pessoas a
treinamento.
5. Esporte como conteúdo da Educação
Física
Objetiva o ótimo em termos de rendimento, respeitando as características individuais, as
expectativas e as aspirações das pessoas; ocupa-se com a pessoa comum, preocupando-se não
apenas com o seu potencial mas também com a sua limitação; visa a aprendizagem. Oportunidades
de acesso a diferentes modalidades.
Vê-se, nessas duas vertentes do esporte, a grande diferença entre os objetivos. Um visa o máximo
dos praticantes, pois, a vitória é o grande objetivo, fazendo com que o treino seja perpetuado para
que se chegue ao objetivo final. Já no outro, o potencial das pessoas é deixado de lado, para dar
lugar ao aprendizado, onde é respeitado os limites de cada um.
Roberto Paes- “O esporte é uma representação simbólica da vida, de natureza educacional, podendo
promover no praticante, modificações tanto na compreensão de valores como de costumes e modo
de comportamento, interferindo no desenvolvimento individual, aproximando pessoas que tem,
neste fenômeno, um meio pra estabelecer e manter um melhor relacionamento social”. Aqui,
Roberto Paes coloca o Esporte com uma importância significativa na vida das pessoas, pois, ele
causa transformações nos praticantes que passarão a se relacionar com os outros e ver a vida de
uma outra maneira. Isso porque, segundo ele, o Esporte tem caráter educacional.
O autor, passa a ver o Esporte não mais como um confronto entre os participantes, mas, sim, um
Jogo de Encontros onde muitas relações entre os indivíduos podem acontecer e isso tudo implicaria
em uma melhor convivência social.
6. A Pedagogia do Esporte
A Pedagogia do Esporte se dedica a estudar e difundir princípios sócio-
educativos para favorecer o processo ensino-aprendizagem do esporte.
Paes diz que a construção da pedagogia do Esporte deve ser embasada por
duas vertentes, a técnica e a filosófica. Para ele, quando pensa-se o esporte
como meio educativo, deve-se deixar claro que o importante não é o jogo,
mas, sim, quem joga.
Com a pedagogia sendo aplicada através do jogo, temos algumas vantagens,
pois, como já vimos, o jogo possui características importantes no processo
educativo. A ludicidade, a incerteza, a cooperação, a alegria, proveniente de
uma liberdade dada ao participante de querer ou não jogar, entre outras
características, ajudam na pedagogia do esporte. O jogo vai trazer, através
das características citadas, um maior interesse por parte das crianças de
conhecerem melhor o esporte.
7. O Pedagogo do Esporte
Montagner (1993, p.91): “Para uma evolução social do esporte, os educadores
devem entregar-se totalmente e certamente, é difícil educar através do
esporte de competição em uma sociedade materialista. Para tanto, é
fundamental resgatar sempre os valores éticos e morais nos adolescentes,
caracterizando-se assim um esporte com finalidades educativas”. O esporte
de competição possui o fator perder ou ganhar, que leva os
jogadores/participantes a passarem por cima de valores éticos e morais para
se obter o objetivo principal, que é a vitória. Porém, não é esse o objetivo do
esporte com finalidades educativas. Pelo contrário, deve-se chegar ao
objetivo através de meios legais, sempre respeitando o adversário e seguindo
os valores éticos e morais. Mas com o esporte competição, isso é mais difícil
de ser aplicado.
8. A visão de Freire sobre a pedagogia do esporte, nos oferece uma síntese
muito precisa sobre a abrangência que devem ter todas as ações inseridas no
processo de ensino-aprendizagem do esporte. Para ele, temos quatro
dimensões principais:
- Ensinar esporte a todos;
- Ensinar esporte bem a todos;
- Ensinar mais que esporte a todos;
- Ensinar a gostar do esporte.
Essas quatro dimensões voltam a deixar claro que o Esporte possui uma
abrangência muito maior do que simplesmente o Esporte rendimento. Ele
pode ter um caráter muito mais educativo do que competitivo, dependendo
de como ele é aplicado. Seguindo o intuito de ensino-aprendizagem, essas
quatro dimensões deixam claro que o ideal é sempre envolver todos no
âmbito do esporte e fazer com que gostem do mesmo.
Para Brotto, gostar do Esporte é, essencialmente, gostar de quem pratica
o Esporte, porque não há esporte que se faça completamente sozinho. Por
isso voltamos à ideia de que devemos objetivar sempre o encontro ao invés do
confronto, dentro do Esporte.
9. Os jogos Cooperativos como uma
Pedagogia para o Esporte
Para Freire, é tão definitivo para o Esporte a capacidade de cooperar que as
habilidades individuais, se não forem socializadas, não servem para o Esporte. A
habilidade individual do jogador não serve para o Esporte; apenas a habilidade
coletiva é compatível com essa forma de jogo. (1998, p. 108) Quando falamos de
jogos cooperativos, o objetivo principal é o coletivo. Portanto, tudo deve ser
utilizado, até mesmo a habilidade individual, em função de todo o grupo. Caso
contrário, não fará sentido.
Algumas características da Consciência da Cooperação aplicada ao Esporte:
- Responsabilizar-se por si mesmo e pelo bem estar dos outros;
- Respeitar e recriar coletivamente as regras;
- Descobrir e valorizar diferentes formas de vencer;
O intuito principal quando nos envolvemos com o Esporte é demonstrar aos
participantes/jogadores que tanto os ganhadores, quanto os perdedores, são seres
humanos igualmente valiosos.
10. Segundo Weinsten e Goodman (1993, p. 21) o jogo
não-competitivo é uma nova experiência para a
maioria das pessoas, e isto necessita ser
estruturado de um modo que permita os
jogadores fazerem uma transição aceitável a
partir de seus condicionamentos competitivos. O
que o autor aqui diz, é que a sociedade já possui
em sua cultura o jogo competitivo instaurado
rigorosamente. Para que o jogo não-competitivo
possa ser aplicado, deve-se respeitar o
condicionamento à competição que cada um já
possui e aos poucos ir introduzindo a nova forma
de jogo, para que seja algo confortável para
todos.
11. A ‘’Ensinagem’’ Cooperativa do Esporte
Têm-se quatro importantes procedimentos pedagógicos dos Jogos Cooperativos:
- Categorias dos Jogos Cooperativos:
Jogos cooperativos sem perdedores- Todos formam um único grande time;
Jogos de Resultado Coletivo- Trabalho coletivo por um objetivo ou resultado
comum;
Jogos de Inversão: Conforme o jogo se desenvolve, os jogadores vão mudando
de lado, literalmente, colocando-se uns nos lugares dos outros. São todos
membros de um mesmo time.
Jogos Semi-Cooperativos: Fortalece a cooperação entre os membros do
mesmo time e oferece aos participantes a oportunidade de jogar em
diferentes posições.
Obs. Dentro dos jogos de inversão, temos outras variações.
12. A Formação dos Grupos
Aqui o intuito é fazer com que os participantes do
jogo formem grupos aleatórios, esquecendo a
afinidade que tem com uns ou outros, para que
assim, sejam formados grupos diversos integrando
pessoas que possuem menor afinidade. Vários
métodos podem ser utilizados, como, por
exemplo, separar grupos pela cor da roupa, em
claras e escuras.
13. A Premiação
Aqui é sugerido que todos os jogadores sejam
premiados, INDEPENDENTEMENTE, de vencedores
e perdedores. O intuito é valorizar e reconhecer
os participantes, demonstrando que todos
possuem valor dentro do jogo.
14. A Co-Opetição
Possibilidade de integrar a Cooperação,
gradativamente, na Competição. Assim,
haverá uma melhor aceitação de algo que
novo para a maioria.
15. Como mudar o pensamento competitivo
presente na sociedade, e consequentemente,
introduzir o pensamento cooperativista?