O documento discute a importância da fidelidade em um relacionamento. Ele usa a história de um homem, João, que sempre trata o dono da banca de jornal com gentileza e educação, mesmo recebendo tratamento grosseiro, para ilustrar que a escolha de ser fiel deve depender apenas de si mesmo, e não do comportamento do outro. Ele também argumenta que a traição causa dor e que a sinceridade e assumir as consequências dos próprios atos podem ser mais admiráveis do que mentir.
1. Ser fiel é uma escolha que não pode depender do outro!
Por que ser fiel se nada me garante que o outro não está me
traindo?... Essa é, sem dúvida, uma grande verdade. Jamais
teremos certeza e nada pode nos garantir que a outra pessoa
não vai nos trair, que ela está sendo fiel. E isso me faz lembrar
de uma história:
Todas as manhãs, a caminho do trabalho, João e seu amigo
passavam pela banca de jornal do seu Joaquim. Ao pagar pelo
seu jornal, João sempre agradecia com um sorriso nos lábios
e desejava ao Sr. Joaquim um bom dia! Como resposta,
recebia sempre o mesmo silêncio e a mesma carranca.
Certo dia, seu amigo lhe perguntou:
- João, por que você insiste em desejar bom dia ao seu
Joaquim e tratá-lo de forma tão amável se ele é sempre
grosseiro e sem educação?
E então, sabiamente, João lhe respondeu:
- Simplesmente porque não quero que ele decida como eu
devo agir!
Creio que essa seja a melhor e mais sábia justificativa para a
fidelidade. Ser fiel é uma escolha pessoal; não pode depender
da atitude e da escolha do outro. Ou você é, ou você não é!
Obviamente, levando em conta que ninguém é perfeito e que
todos nós estamos sujeitos aos equívocos, podemos
escorregar. Mas o que defendo aqui é a postura de cada um. O
2. que você considera certo e errado? O que é característica sua
e o que não é?
Considero como verdade absoluta a seguinte assertiva: Não
faça ao outro o que você não gostaria que fizessem a você.
Creio que raríssimas pessoas diriam que não se importariam
se fossem traídas. Assim sendo, não consigo entender porque
tantas pessoas insistem em trair...
Talvez, o fato não deveria ser encarado a partir da atitude: trair
ou não trair; nem tampouco a partir da vítima: ser ou não ser
traído. O fato deve ser encarado a partir de quem o praticou.
Isto é: você é ou não é um traidor?!?
Pode ser que a questão colocada desta maneira pareça
acusadora demais, no entanto, acredito que por trás dela
exista um sentimento mais profundo e importante que deveria
ser levado em conta: a compaixão.
Compaixão é um sentimento em extinção. Significa ser capaz
de colocar-se no lugar do outro e conseguir sentir a dor que
ele sente. Se pudéssemos fazer isso sempre, aposto que as
atrocidades da vida diminuiriam consideravelmente.
Especialmente a traição.
Considero traição tudo aquilo que é combinado entre duas
pessoas e uma delas não cumpre. Ou seja, se você, no seu
relacionamento, assume a postura de estar só com aquela
pessoa, supõe-se que você se sinta capaz de cumprir esse
acordo. Caso contrário, deveria ser sincero o bastante para
admitir que quer ficar com outras pessoas toda vez que sentir
esse desejo, assumindo o risco de perder a pessoa que gosta.
De qualquer maneira, independentemente de qual seja a sua
escolha, o fato é que a verdade é sinônimo de fidelidade. Se a
sua verdade vai ser aceita ou não, essa é uma outra questão
com a qual você terá de lidar. Mas ser fiel é, acima de tudo,
assumir somente os compromissos que se julga capaz de
cumprir. E caso não consiga, independentemente dos seus
motivos, o mais correto é não enganar e não mentir, ou
melhor, ser sincero e contar ao outro que você quebrou o
acordo.
Saber lidar com as conseqüências de seus atos pode
demonstrar uma grandeza admirável, uma coragem que
poucas pessoas têm. Além disso, ser absolvido diante da
3. confissão é bem mais fácil do que ser perdoado diante da
mentira e da tentativa de ludibriar a pessoa amada.
Enfim, caio novamente numa frase que escrevo sempre: a vida
é feita de escolhas! Imagine que a vida fosse um grande e
requintado cardápio, repleto de deliciosas opções. Todos nós,
apreciadores do prazer, podemos ficar em dúvida e titubear
antes de fazer o pedido. No entanto, teremos de fazê-lo,
abrindo mão das demais opções, se quisermos desfrutar o
sabor.
Quando vejo pessoas se dizendo fiéis, mas traindo a pessoa
amada, imagino-as como se estivessem num belo restaurante,
com o prato que escolheram diante de si, mas que de tempo
em tempo, levantam-se da mesa pedindo licença para irem até
o toalete e, enganando a si mesmas, correm até a cozinha se
escondendo para não serem vistas e roubam colheradas de
outros pratos, engolindo rapidamente e voltando correndo
para seus lugares.
Resultado: não saboreiam nem o que está à sua frente e nem o
que está na cozinha. Perdem o sabor peculiar de sua escolha e
não sabem aproveitar de cada opção o melhor que poderiam!
Perdem a oportunidade maravilhosa de degustar o
indescritível sabor do amor, porque não sabem que esse prato
pede sensibilidade e entrega para ser apreciado de verdade...
...E quando chega a conta, pagam caro e certamente
continuam com fome!
Autora: Rosana Braga