SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  66
Caso Clínico
Internato em Pediatria – Hospital Regional
da Asa Sul (Escola Superior de Ciências da
                  Saúde)
     INTERNO: Vinicius Silveira Amaral
     ORIENTADORA: Elisa de Carvalho
ANAMNESE

 História colhida em 02/10/06




 H.S.N., masculino, 2 anos e 3 dias,
  procedente de Águas Lindas - GO
ANAMNESE

 QP: Vômitos há ± 48 horas.



 HDA: Paciente com diagnóstico prévio de
  glicogenose, em acompanhamento com a
  gastropediatria, vem encaminhado do HRAN com o
  seguinte relatório.
ANAMNESE

 HDA: Relatório do HRAN: iniciou quadro de vômitos
  e apatia há 48 horas. Mãe procurou pelo HRAN, onde foi
  realizada glicemia capilar (45 mg%). Em casa, foi atendido
  pelo SAMU, que constatou glicemia de 18 mg%, sendo feito
  soro glicosado (SIC).
            No momento: paciente apresenta-se sem
  queixas. Diurese e evacuações preservadas e sem
  anormalidades. Ótima aceitação da dieta. Nega febre,
  diarréia ou vômitos. Não faz uso de medicações
  regularmente.
ANAMNESE

                  Antecedentes

 Glicogenose diagnosticada em 02/09/05, aos 1a1m
  de vida (em acompanhamento com a
  gastropediatria desde 31/10/05, quando foi
  encaminhado pelo HRT, após vários episódios de
  hipoglicemia de difícil controle).

 Não estava realizando as consultas regularmente no
  ambulatório de gastropediatria.
EXAME FÍSICO

 BEG, hidratado, hipocorado (+/+4),
  eupnéico, afebril, acianótico, anictérico,
  sorridente, ativo e reativo. Peso: 9 kg

 ACV: RCR em 2T, BNF, s/ sopro. FC: 100 bpm.

 AR: MV+ bilateralmente, s/ RA, s/ esforço
  respiratório. FR: 26 irpm.
EXAME FÍSICO

 ABD: semi-globoso, depressível, RHA+, timpânico,
  indolor, fígado a ± 3,5 cm do RCD, baço não
  palpável.


 Ext: MMII ressecados. Pulsos palpáveis, simétricos,
  boa amplitude. Bem perfundidas. Discreta lesão
  crostosa em região tibial inferior D, s/ sinais
  flogísticos.
HIPÓTESE DIAGNÓSTICA



 GLICOGENOSE (TIPO ??)
EXAMES COMPLEMENTARES
        27/10/05 01/10    02/10    03/10
Hb      10,6     12,1     12,1     13,2
Ht      34,7     34,7     35,7     39,7
Leuco   5400     15400    9400     11900
Seg     50       69       55       45
Bast    08       01       00       00
Linf    35       27       36       50
Mon     06       02       03       01
Eos     01       01       06       03
Plaq    470000   454000   609000   472000
EXAMES COMPLEMENTARES
         27/10/05   01/10   02/10   03/10
Glic     11         84      55      87
Creat    0,3                        0,4
Uréia    16                 15      14
Ca2+     8,6                9,7     10
Na+      133                132     135
K+       4,4                4,4     4,2
TGO      49                 27      32
TGP      20                 14      23
Trig     126                        252
Colest   106                        158
EXAMES COMPLEMENTARES
         27/10/05 01/10 02/10   03/10
BT       0,17                   0,2
BD       0,04                   0,1
BI       0,13
Cl-      102            100     104
FA       1525                   488
GGT      33                     19
Ác. úr   3,72                   3,3
PT       5,8                    7,6
ALB      3,8                    4,7
GASOMETRIAS
          27/10/05 03/10/06
pH        7,32     7,4
pCO2      45       26
pO2       97       71,2
ABE       -2       -7,3
Lactato            34
HCO3      22       18,9
Hb                 10,6
Glicose            105
OUTROS EXAMES

 TAP (26/10/05): 12’’; 87,1%

 EAS (01/10/06): dens → 1005; pH → 7; CED → 2-3;
                  LEUCO → 2 p/c


 Rx de tórax (02/10/06): normal

 PCR (03/10/06): 0,17
GLICEMIAS CAPILARES

 02/10/06: 38 mg%

 03/10/06: 27 mg%, 22 mg% e 33 mg%

 04/10/06: 19 mg%
Hipoglicemia + Hepatomegalia
METABOLISMO DO
              GLICOGÊNIO
 Glicose →hepatócito→G-6-P→5 vias.

 Vias: glicólise (piruvato e lactato); ciclo das
  pentoses (NADPH2 e CO2); formação de gluconato;
  glicose livre; síntese de glicogênio.

 Glicogênio: presente no fígado e Mm. Composto
  por glicose. Frutose, galactose e AA são
  potencialmente glicogênicos. Formação é favorecida
  pela insulina.
METABOLISMO DO GLICOGÊNIO
METABOLISMO DO GLICOGÊNIO
METABOLISMO DO
             GLICOGÊNIO

 Deposição de glicogênio: inibição da fosforilase
  e estimulação da glicogênio sintetase.



 Fígado libera glicose em situações de estresse
  ou quando níveis séricos de glicose estão
  reduzidos.
GALACTOSEMIA
 Deficiência da Galactose-1-fosfato-UDP-
  transferase.

 Autossômica recessiva.

 Incidência de 1:50000 nascidos vivos.

 Efeitos tóxicos, agudos e crônicos, no fígado e
  em outros órgãos.

 Início após introdução de dieta láctea.
GALACTOSEMIA


 Q.C.: hepatomegalia, icterícia, vômitos,
  hipodesenvolvimento, distensão abdominal,
  convulsões, hipoglicemia e catarata.



 Laboratório: ↑ da galactose sérica e urinária,
  bilirrubinas e aminotransferases; presença de
  substâncias redutoras na urina; hipoalbuminemia;
  coagulopatia; acidose hiperclorêmica.
GALACTOSEMIA


 Aumento de óbitos nos 1os. meses de vida, por
  sepse por E. coli.



 Se tratado precocemente, a cirrose é um
  evento raro.
DEFICIÊNCIA DA FRUTOSE-1,6-
        DIFOSFATASE
 Hipoglicemia por jejum ou ingestão de frutose.

 Sintomas graves nos 1os. dias de vida (acidose
  metabólica grave).

 Irritabilidade, sonolência, apnéia, taquicardia,
  hipotonia e hepatomegalia.

 Descompensação: doença aguda, jejum ou aumento da
  ingestão de frutose (hipoglicemia grave e convulsões).
INTOLERÂNCIA HEREDITÁRIA À
         FRUTOSE
 Deficiência de Frutose-1-fosfato Aldolase.

 Autossômica recessiva.

 Incidência de 1:30000 nascidos vivos.

 Ingestão de frutose leva a alterações no fígado, rins
  e intestino.

 Acúmulo de frutose-1-fosfato (inibe gliconeogênese
  e glicogenólise).
INTOLERÂNCIA HEREDITÁRIA À
         FRUTOSE
 Início: introdução de sacarose/frutose na dieta.

 Irritabilidade, vômitos, letargia, convulsões,
  coma, sudorese, náuseas, icterícia, edema,
  diarréia, hipodesenvolvimento, sepse,
  coagulopatia, hepatomegalia.

 Aversão a alimentos doces.

 Se não houver vômitos, há grande
  probabilidade de que não seja a doença.
INTOLERÂNCIA HEREDITÁRIA À
         FRUTOSE
 Laboratório: hipoglicemia; hipofosfatemia; ↑ das
  aminotransferases, bilirrubinas, da excreção dos uratos;
  hiperuricemia; acidose hiperclorêmica; hiperlactatemia;
  hipocalemia; hipermagnesemia; anemia e trombocitopenia.

 Diagnóstico: confirmação pela medida direta da frutose-1-
  P-aldolase no tecido hepático.

 Esteatose persistente: ingestão de fontes ocultas de
  frutose.

 Cirrose se não houver dieta c/ exclusão de frutose.
GLICOGENOSE

 Erro inato do metabolismo (alteração da
  concentração ou estrutura do glicogênio no
  organismo).

 Classificada em 12 tipos.

 Classificação é baseada nos defeitos
  enzimáticos específicos e nos tecidos
  comprometidos.
GLICOGENOSE

 Tipos I, III, IV, VI, IX e XI têm
  comprometimento hepático.

 Hipoglicemia de jejum + acidose +
  hepatomegalia + retardo do crescimento.

 Características histopatológicas são muito
  semelhantes. Impossível correlação
  morfológica com o tipo de deficiência
  enzimática (exceto no tipo IV).
GLICOGENOSE TIPO I

 Deficiência de G-6-Pase.

 25% das glicogenoses.

 Autossômica recessiva.

 5 subtipos (Ia, IaSP, Ib, Ic, Id).

 Incidência de 1: 100000 nascidos vivos.
GLICOGENOSE TIPO I

 Não há liberação de glicose pelo fígado.

 Metabolismo da frutose e galactose não
  fornecerá glicose livre.

 Hipoglicemia de jejum é freqüente (cetose
  não é proeminente).
GLICOGENOSE TIPO I

 Hipoglicemia→insulina↓ e glucagon↑
  (cronicidade).

 Ácido láctico é o substrato para o
  metabolismo cerebral (ação protetora para o
  SNC).

 Hiperuricemia: ↓ depuração renal do urato e ↑
 produção do ác. úrico (gota, nefrolitíase e
 nefropatia).
GLICOGENOSE TIPO I

 Hiperlipidemia: ↑ produtos glicolíticos → ↑
  triglicerídeos e colesterol.


 Hepatomegalia: esteatose hepática e acúmulo de
  glicogênio nos hepatócitos.


 Não há maior risco de doença isquêmica
  precoce.
GLICOGENOSE TIPO I
                  Glicogenose Ia

 Hipoglicemia de jejum + hepatomegalia.

 Observada no período neonatal.

 Palidez, fome excessiva, sudorese, convulsões,
  obesidade troncular, face de boneca, retardo
  estatural, musculatura pouco desenvolvida.

 Distúrbios da agregação plaquetária.
GLICOGENOSE TIPO I
                  Glicogenose Ia

 Xantomas, osteoporose, fraqueza, cefaléia,
  taquipnéia e mal-estar.

 Nefromegalia (nefropatia progressiva, proteinúria,
  HAS).

 Não evolui com cirrose ou insuficiência hepática.

 Desenvolvimento de adenomas (hemorragia e
  transformação maligna).
GLICOGENOSE TIPO I
                    Glicogenose Ib



 Semelhante ao tipo Ia.

 ↓ e disfunção de neutrófilos (infecções piogênicas,
  gengivoestomatite, DII e periodontite).

 Medula óssea: hiperplasia da série mielóide e atraso na
  maturação de precursores dos neutrófilos.
GLICOGENOSE TIPO I
             Diagnóstico Laboratorial


 Hipoglicemia de jejum; ↑ de ác. láctico, ác. úrico,
  colesterol, ác. graxos, triglicerídeos, fosfolipídios e
  aminotransferases.

 Teste de tolerância ao glucagon: tipo I → s/ resposta
  ao glucagon em jejum ou após alimentação; tipo III → há
  resposta+, se realizado após a dieta.
GLICOGENOSE TIPO I
               Diagnóstico Laboratorial



 Tipo Ia: atividade da G-6-Pase está ausente no tecido
  hepático fresco e congelado.



 Tipo Ib: atividade da G-6-Pase é normal no tecido
  congelado.
GLICOGENOSE TIPO I
                     Histologia


 Células hepáticas tumefeitas; hepatócitos pálidos e
  c/ grandes vacúolos de gordura no citoplasma;
  membrana citoplasmática está espessada;
  parênquima c/ aspecto de mosaico; fenômeno de
  hiperglicogenose nuclear; pode haver fibrose (mais
  comum nos tipos III, IV, VI, IX e XI).
GLICOGENOSE TIPO III
 Autossômica recessiva.

 Deficiência da enzima desramificadora.

 Incidência de 1:50000 a 1:100000 nascidos vivos.

 Tipo IIIa: perda generalizada da atividade enzimática (80%
  dos casos; miopatia nos adultos).

 Tipo IIIb: atividade enzimática preservada nos Mm. (s/
  miopatia nos adultos).
GLICOGENOSE TIPO III
                 Quadro Clínico

 Manifestações menos intensas que no tipo I.

 Hepatomegalia + déficit de crescimento.

 Menos hipoglicemia de jejum; comprometimento
  muscular é maior.

 Miopatia (↑ da CPK sérica).
GLICOGENOSE TIPO III
                   Quadro Clínico

 Cardiomiopatia após os 30 anos.

 Pode haver glicose liberada pela fosforilase
  (glicemia mantida por gliconeogênese de AA e
  metabolismo da galactose e frutose).

 Adulto: assintomático.

 Há cetose e cetonúria de jejum; não há acidose
  láctica importante.
GLICOGENOSE TIPO III
                  Quadro Clínico

 ↑ de colesterol, triglicerídeos e aminotransferases.
  Concentração de urato é normal. Pode haver fibrose
  hepática.

 Puberdade atrasada (altura final é preservada).

 Envolvimento hepático é autolimitado.
GLICOGENOSE TIPO III
                  Complicações



 Perda e atrofia muscular; hipertensão porta
  secundária à cirrose hepática.

 Hemorragia digestiva e carcinoma hepatocelular.

 Prevalência de adenoma é de 25%
GLICOGENOSE TIPO III
                      Diagnóstico

 Determinação da atividade da enzima
  desramificadora no fígado, Mm., eritrócitos,
  leucócitos e fibroblastos.

 Identificação de mutações.

 Histopatologia: semelhante ao tipo I, c/ hiperglicogenose
  nuclear periportal, menor fibrose periportal e esteatose.
  Acúmulo de glicogênio no fígado e Mm. (tipo IIIa); acúmulo
  de glicogênio no fígado (IIIb).
GLICOGENOSE TIPO IV

 Autossômica recessiva.

 Forma menos comum.

 Deficiência da enzima ramificadora (acúmulo
  de amilopectina).

 Estrutura do glicogênio está alterada.
GLICOGENOSE TIPO IV
                  Quadro Clínico

 Atraso do crescimento, distensão abdominal e
  hepatoesplenomegalia nos 1os. meses de vida.

 Há casos congênitos (hidropsia fetal).

 Cirrose e hipertensão porta no final do 1º. ano →
  insuficiência hepática e morte antes dos 4 anos de
  vida.
GLICOGENOSE TIPO IV
                  Quadro Clínico

 Cardiomiopatia e carcinoma hepatocelular podem
  complicar o quadro.

 Hipotonia e atrofia muscular.

 É rara a hipoglicemia (metabolismo do carboidrato é
  normal).

 ↑ de aminotransferases e bilirrubina direta.
GLICOGENOSE TIPO IV
                      Diagnóstico



 Deficiência da atividade enzimática no fígado,
  leucócitos, Mm., eritrócitos ou fibroblastos.


 Histopatologia: acúmulo de substância anormal (PAS+
  diastase-resistente) no fígado e Mm. Acúmulo de material
  pálido, hialino ou vacuolado por todo o lóbulo hepático
  (mais intenso na periferia).
GLICOGENOSE TIPO IV
                       Diagnóstico



 Material PAS+ diastase-resistente é semelhante aos
  depósitos da deficiência de alfa-1-antitripsina.


 Estágio avançado: acúmulos nodulares birrefringentes de
  material diferente, hialino e fibrilar, difusamente distribuído
  nos lóbulos hepáticos.
GLICOGENOSE TIPO VI

 Rara.

 Deficiência da fosforilase no fígado.

 Possivelmente seja herança autossômica
  recessiva.

 Evolução benigna; características
  semelhantes ao tipo III.
GLICOGENOSE TIPO VI

 Hepatomegalia; atraso de crescimento; tolerância ao
  jejum; ↑ dos níveis séricos de ác. úrico, colesterol,
  triglicerídeos, aminotransferases.


 Hipoglicemia e cetose são discretas.


 Histopatologia: mosaico de hepatócitos distendidos.
  Dilatação celular heterogênea (principalmente na periferia
  do lóbulo). Membranas grosseiras e onduladas. Vacúolos
  citoplasmáticos e discretos septos nas áreas portais, mas s/
  hiperglicogenose.
GLICOGENOSE TIPO VI

 Microscopia eletrônica: partículas
 citoplasmáticas de glicogênio que deslocam as
 organelas celulares.


 Tecido muscular é normal.


 Há relatos de carcinoma hepatocelular, mas
  s/ adenoma.
GLICOGENOSE TIPO IX

 Deficiência da fosforilase quinase.

 Tipo IXa: mais freqüente; acomete o fígado;
  herança ligada ao sexo.

 Tipo IXb: semelhante ao tipo IXa; herança
  autossômica recessiva.

 Tipo IXc: comprometimento hepático e muscular;
  herança autossômica recessiva.
GLICOGENOSE TIPO IX
 Q.C.: hepatomegalia; atraso de crescimento; ↑ de
  triglicerídeos, colesterol e aminotransferases;
  hipoglicemia; face de boneca; fraqueza muscular no
  tipo IXc. Assintomáticos quando adultos. Fibrose
  hepática, cirrose e carcinoma hepatocelular são
  raros.

 Diagnóstico: atividade da fosforilase quinase nos
  eritrócitos e leucócitos.

 Histopatologia: hepatócitos distendidos por
  glicogênio. Septos proeminentes, inflamação
  mínima. S/ hiperglicogenose nuclear.
GLICOGENOSE TIPO XI

 Rara; autossômica recessiva.

 Defeitos no GLUT-2.

 Disfunção tubular renal proximal, redução da
  utilização de glicose e galactose, acúmulo de
  glicogênio no fígado e rins.

 Q.C.: atraso no crescimento, raquitismo,
  hepatomegalia e nefromegalia.
GLICOGENOSE TIPO XI
 Laboratório: glicosúria, aminoacidúria, perda de
  bicarbonato, hipofosfatemia, ↑ de FA sérica.
  Hipoglicemia e hiperlipidemia. Aminotransferases,
  lactato e ác. úrico plasmáticos estão normais.

 Intolerância no TTOG (perda funcional de
  GLUT-2 → impede a captação hepática).

 Biópsia hepática: acúmulo acentuado de
  glicogênio nos hepatócitos e células tubulares renais
  proximais, devido ao transporte alterado da glicose
  para fora desses órgãos.
BIÓPSIA HEPÁTICA
(02/09/05)
   Microscopia: arquitetura lobular preservada e
                 espaços portas c/ seus constituintes
                 permeado por leve infiltrado misto.
                 PARÊNQUIMA: esteatose, macro e
                 microgoticular, hepatócitos c/
                 citoplasma amplo e distendido, c/
                 material PAS+ que desaparece
                 quando utiliza-se a diastase.
                 Sinusóides focalmente inaparentes.

   Diagnóstico histopatológico: Hepatopatia metabólica.
                                    OBS.: alterações
                                    compatíveis c/
                                    glicogenose.
CONCLUSÃO
GLICOGENOSE TIPO I ou III



 Hipoglicemia pouco acentuada, colesterol, TGO e
 ácido úrico normais

       Glicogenose Tipo III

              Ausência de queixas musculares

              Glicogenose Tipo IIIb
TRATAMENTO

 Dieta faz parte do tratamento.

 Pacientes c/ hipoglicemia devem ter nutrição
  enteral noturna.

 Cereais crus têm mais eficácia nas crianças maiores.

 Amido de milho cru: 2g/Kg, 4x/dia. Cças menores de 2
  anos, podem não apresentar digestão adequada.
  Recomenda-se a introdução após 8º. mês de vida.
TRATAMENTO

 S/ restrição de frutose e galactose
  (gliconeogênese está normal).

 Alto teor de carboidratos melhoram a
  glicemia, hepatomegalia, fraqueza muscular e
  falência do crescimento.

 Administrar proteínas em grande
  quantidade.
TRATAMENTO

 Dieta hiperprotéica: 45% de CHO, 30% de
  lipídios e 25% de proteínas.

 6 meses-3 anos: 5-6 g/Kg/dia de proteína.

 4-10 anos: 4-5 g/Kg/dia de proteína.

 Maiores de 11 anos: 3g/Kg/dia de proteína.
TRATAMENTO


 Monitorar peso, altura, aminotransferases e
  triglicerídeos.



 Miopatia pode ser atenuada com nutrição
  enteral hiperprotéica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, Cristina T.; CARVALHO, Elisa de; SILVA, Luciana R. Glicogenoses. In:
   FAGUNDES, Eleonora D. T.; FERREIRA, Alexandre R.; ROQUETE, Mariza L. V.
   Gastroenterologia e hepatologia em pediatria: diagnóstico e tratamento. Rio de
   Janeiro: MEDSI EDITORA MÉDICA E CIENTÍFICA LTDA, 2003. cap. 49, p. 645-657.

FERREIRA, Cristina T.; CARVALHO, Elisa de; SILVA, Luciana R. Outras doenças
   metabólicas do fígado. In: BEZERRA, Jorge A. Gastroenterologia e hepatologia em
   pediatria: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: MEDSI EDITORA MÉDICA E
   CIENTÍFICA LTDA, 2003. cap. 50, p. 660-663.

SCRIVER, Charles R. et al. Glycogen Storage Diseases In: CHEN, Yuan-Tsong;
  BURCHELL, Ann; The metabolic and molecular bases of inherited disease. New
  York: THE MCGRAW-HILL COMPANIES, INC, 1995. cap. 24, p. 935-965. 7ed.
  Volume 1.

BRAUNWALD, Eugene et al. Doenças de depósito de glicogênio e outros distúrbios
  hereditários do metabolismo dos carboidratos. In: CHEN, Yuan-Tsong. Harrison:
  medicina interna. Rio de Janeiro: MCGRAW-HILL INTERAMERICANA DO BRASIL
  LTDA, 2001. cap.350, p. 2426-2433. 15 ed. Volume 2.
OBRIGADO

Contenu connexe

Tendances

Metabolismo de Carboidratos
Metabolismo de CarboidratosMetabolismo de Carboidratos
Metabolismo de CarboidratosAdriana Quevedo
 
Metabolismo de lipídeos fsp
Metabolismo de lipídeos fspMetabolismo de lipídeos fsp
Metabolismo de lipídeos fspMessias Miranda
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratosemanuel
 
Revisao metabolismo prova_2
Revisao metabolismo prova_2Revisao metabolismo prova_2
Revisao metabolismo prova_2Sergio Câmara
 
Aminoácidos, peptídeos e proteínas
Aminoácidos, peptídeos e proteínasAminoácidos, peptídeos e proteínas
Aminoácidos, peptídeos e proteínasMarcia Azevedo
 
Fisiopatologia do fígado
Fisiopatologia do fígadoFisiopatologia do fígado
Fisiopatologia do fígadoLUNATH
 
Metabolismo de lipídeos para enfermagem
Metabolismo de lipídeos para enfermagemMetabolismo de lipídeos para enfermagem
Metabolismo de lipídeos para enfermagemAdriana Quevedo
 
Metabolismo de carboidratos
Metabolismo de carboidratosMetabolismo de carboidratos
Metabolismo de carboidratosRodrigo Tinoco
 
Fases do metabolismo da bilirrubina 2
 Fases do metabolismo da bilirrubina 2 Fases do metabolismo da bilirrubina 2
Fases do metabolismo da bilirrubina 2Isadora Siqueira
 
DistúRbio HidroeletrolíTico E áCido BáSico
DistúRbio HidroeletrolíTico E áCido BáSicoDistúRbio HidroeletrolíTico E áCido BáSico
DistúRbio HidroeletrolíTico E áCido BáSicoRodrigo Biondi
 
Hormonios fisiologia do exercício 1 - Aula de pós graduação - Professor Claud...
Hormonios fisiologia do exercício 1 - Aula de pós graduação - Professor Claud...Hormonios fisiologia do exercício 1 - Aula de pós graduação - Professor Claud...
Hormonios fisiologia do exercício 1 - Aula de pós graduação - Professor Claud...Claudio Novelli
 

Tendances (20)

Metabolismo de Carboidratos
Metabolismo de CarboidratosMetabolismo de Carboidratos
Metabolismo de Carboidratos
 
Metabolismo de lipídeos fsp
Metabolismo de lipídeos fspMetabolismo de lipídeos fsp
Metabolismo de lipídeos fsp
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
Revisao metabolismo prova_2
Revisao metabolismo prova_2Revisao metabolismo prova_2
Revisao metabolismo prova_2
 
Lipidios
Lipidios Lipidios
Lipidios
 
Dislipidemias
DislipidemiasDislipidemias
Dislipidemias
 
Função panc e hepat alunos
Função panc e hepat   alunosFunção panc e hepat   alunos
Função panc e hepat alunos
 
Lipídeos
LipídeosLipídeos
Lipídeos
 
Aminoácidos, peptídeos e proteínas
Aminoácidos, peptídeos e proteínasAminoácidos, peptídeos e proteínas
Aminoácidos, peptídeos e proteínas
 
Fisiopatologia do fígado
Fisiopatologia do fígadoFisiopatologia do fígado
Fisiopatologia do fígado
 
Metabolismo de lipídeos para enfermagem
Metabolismo de lipídeos para enfermagemMetabolismo de lipídeos para enfermagem
Metabolismo de lipídeos para enfermagem
 
Enzimas parte I
Enzimas parte IEnzimas parte I
Enzimas parte I
 
Sais minerais.
Sais minerais.Sais minerais.
Sais minerais.
 
Metabolismo de carboidratos
Metabolismo de carboidratosMetabolismo de carboidratos
Metabolismo de carboidratos
 
Fases do metabolismo da bilirrubina 2
 Fases do metabolismo da bilirrubina 2 Fases do metabolismo da bilirrubina 2
Fases do metabolismo da bilirrubina 2
 
Glicidios
GlicidiosGlicidios
Glicidios
 
Enzimas
EnzimasEnzimas
Enzimas
 
Doenças no Metabolismo da Glicose
Doenças no Metabolismo da GlicoseDoenças no Metabolismo da Glicose
Doenças no Metabolismo da Glicose
 
DistúRbio HidroeletrolíTico E áCido BáSico
DistúRbio HidroeletrolíTico E áCido BáSicoDistúRbio HidroeletrolíTico E áCido BáSico
DistúRbio HidroeletrolíTico E áCido BáSico
 
Hormonios fisiologia do exercício 1 - Aula de pós graduação - Professor Claud...
Hormonios fisiologia do exercício 1 - Aula de pós graduação - Professor Claud...Hormonios fisiologia do exercício 1 - Aula de pós graduação - Professor Claud...
Hormonios fisiologia do exercício 1 - Aula de pós graduação - Professor Claud...
 

En vedette

Apresentação de bioquímica glicogenoses
Apresentação de bioquímica   glicogenosesApresentação de bioquímica   glicogenoses
Apresentação de bioquímica glicogenosesGilmara Santana
 
Bioquímica ii 01 metabolismo do glicogênio
Bioquímica ii 01   metabolismo do glicogênioBioquímica ii 01   metabolismo do glicogênio
Bioquímica ii 01 metabolismo do glicogênioJucie Vasconcelos
 
Glycogen storage disease
Glycogen storage diseaseGlycogen storage disease
Glycogen storage diseaseKhloud Abdo
 

En vedette (6)

Apresentação de bioquímica glicogenoses
Apresentação de bioquímica   glicogenosesApresentação de bioquímica   glicogenoses
Apresentação de bioquímica glicogenoses
 
Glicogenose tipo I
Glicogenose tipo IGlicogenose tipo I
Glicogenose tipo I
 
gliconeogenese
gliconeogenesegliconeogenese
gliconeogenese
 
Von gierke1
Von gierke1Von gierke1
Von gierke1
 
Bioquímica ii 01 metabolismo do glicogênio
Bioquímica ii 01   metabolismo do glicogênioBioquímica ii 01   metabolismo do glicogênio
Bioquímica ii 01 metabolismo do glicogênio
 
Glycogen storage disease
Glycogen storage diseaseGlycogen storage disease
Glycogen storage disease
 

Similaire à Glicogenose

Apresentação raciocionio clínico
Apresentação raciocionio clínicoApresentação raciocionio clínico
Apresentação raciocionio clínicojaninemagalhaes
 
Caso clinico shr sbad 2018 encurtado
Caso clinico shr sbad 2018 encurtadoCaso clinico shr sbad 2018 encurtado
Caso clinico shr sbad 2018 encurtadoLiliana Mendes
 
Esstudo de caso obstruçao intestinal- Enfermagem
Esstudo de caso obstruçao intestinal- EnfermagemEsstudo de caso obstruçao intestinal- Enfermagem
Esstudo de caso obstruçao intestinal- EnfermagemEvelyn Monte
 
PANCREATITE AGUDA CORREÇÃO.pptx
PANCREATITE AGUDA CORREÇÃO.pptxPANCREATITE AGUDA CORREÇÃO.pptx
PANCREATITE AGUDA CORREÇÃO.pptxThayaneAldTech
 
Apresentação caso clínico
Apresentação caso clínicoApresentação caso clínico
Apresentação caso clínicojaninemagalhaes
 
Principais diisturbios do sistema urinario 2015
Principais diisturbios do sistema urinario 2015Principais diisturbios do sistema urinario 2015
Principais diisturbios do sistema urinario 2015ReginaReiniger
 
Pancreatite Aguda Set 2008
Pancreatite Aguda Set 2008Pancreatite Aguda Set 2008
Pancreatite Aguda Set 2008galegoo
 
Caso clínico josé ribamar
Caso clínico   josé ribamarCaso clínico   josé ribamar
Caso clínico josé ribamarMyrelle Cristina
 
Relato de caso - 05.08.2013
Relato de caso - 05.08.2013Relato de caso - 05.08.2013
Relato de caso - 05.08.2013Paulo Cardoso
 
1 exames complementares em gastroenterologia
1   exames complementares em gastroenterologia1   exames complementares em gastroenterologia
1 exames complementares em gastroenterologiaRejane Gil Gil
 
Apresentação pancreatite
Apresentação pancreatite Apresentação pancreatite
Apresentação pancreatite MaisaDiasSimoes
 
Atendimento inicial das intoxicações + Questões de residência
Atendimento inicial das intoxicações + Questões de residênciaAtendimento inicial das intoxicações + Questões de residência
Atendimento inicial das intoxicações + Questões de residênciaCarlos Collares
 
Apresentação de estudo de caso
Apresentação de estudo de casoApresentação de estudo de caso
Apresentação de estudo de casoDanimilene
 
Lipidose hepatica - comer ou não comer eis a questão
Lipidose hepatica - comer ou não comer eis a questão Lipidose hepatica - comer ou não comer eis a questão
Lipidose hepatica - comer ou não comer eis a questão Carolina Trochmann
 
Variantes das doenças por lesões mínimas
Variantes das doenças por lesões mínimasVariantes das doenças por lesões mínimas
Variantes das doenças por lesões mínimasEduardo Tibali
 

Similaire à Glicogenose (20)

Apresentação raciocionio clínico
Apresentação raciocionio clínicoApresentação raciocionio clínico
Apresentação raciocionio clínico
 
diabetes
diabetesdiabetes
diabetes
 
Caso clinico shr sbad 2018 encurtado
Caso clinico shr sbad 2018 encurtadoCaso clinico shr sbad 2018 encurtado
Caso clinico shr sbad 2018 encurtado
 
Esstudo de caso obstruçao intestinal- Enfermagem
Esstudo de caso obstruçao intestinal- EnfermagemEsstudo de caso obstruçao intestinal- Enfermagem
Esstudo de caso obstruçao intestinal- Enfermagem
 
PANCREATITE AGUDA CORREÇÃO.pptx
PANCREATITE AGUDA CORREÇÃO.pptxPANCREATITE AGUDA CORREÇÃO.pptx
PANCREATITE AGUDA CORREÇÃO.pptx
 
Apresentação caso clínico
Apresentação caso clínicoApresentação caso clínico
Apresentação caso clínico
 
Ricketsiose1
Ricketsiose1Ricketsiose1
Ricketsiose1
 
Principais diisturbios do sistema urinario 2015
Principais diisturbios do sistema urinario 2015Principais diisturbios do sistema urinario 2015
Principais diisturbios do sistema urinario 2015
 
Nash 2013 liliana
Nash 2013 lilianaNash 2013 liliana
Nash 2013 liliana
 
Pancreatite Aguda Set 2008
Pancreatite Aguda Set 2008Pancreatite Aguda Set 2008
Pancreatite Aguda Set 2008
 
Caso clínico josé ribamar
Caso clínico   josé ribamarCaso clínico   josé ribamar
Caso clínico josé ribamar
 
Relato de caso - 05.08.2013
Relato de caso - 05.08.2013Relato de caso - 05.08.2013
Relato de caso - 05.08.2013
 
1 exames complementares em gastroenterologia
1   exames complementares em gastroenterologia1   exames complementares em gastroenterologia
1 exames complementares em gastroenterologia
 
Apresentação pancreatite
Apresentação pancreatite Apresentação pancreatite
Apresentação pancreatite
 
Lipidose hepática
Lipidose hepáticaLipidose hepática
Lipidose hepática
 
Atendimento inicial das intoxicações + Questões de residência
Atendimento inicial das intoxicações + Questões de residênciaAtendimento inicial das intoxicações + Questões de residência
Atendimento inicial das intoxicações + Questões de residência
 
Apresentação de estudo de caso
Apresentação de estudo de casoApresentação de estudo de caso
Apresentação de estudo de caso
 
Esteatose Hepática
Esteatose HepáticaEsteatose Hepática
Esteatose Hepática
 
Lipidose hepatica - comer ou não comer eis a questão
Lipidose hepatica - comer ou não comer eis a questão Lipidose hepatica - comer ou não comer eis a questão
Lipidose hepatica - comer ou não comer eis a questão
 
Variantes das doenças por lesões mínimas
Variantes das doenças por lesões mínimasVariantes das doenças por lesões mínimas
Variantes das doenças por lesões mínimas
 

Glicogenose

  • 1. Caso Clínico Internato em Pediatria – Hospital Regional da Asa Sul (Escola Superior de Ciências da Saúde) INTERNO: Vinicius Silveira Amaral ORIENTADORA: Elisa de Carvalho
  • 2. ANAMNESE  História colhida em 02/10/06  H.S.N., masculino, 2 anos e 3 dias, procedente de Águas Lindas - GO
  • 3. ANAMNESE  QP: Vômitos há ± 48 horas.  HDA: Paciente com diagnóstico prévio de glicogenose, em acompanhamento com a gastropediatria, vem encaminhado do HRAN com o seguinte relatório.
  • 4. ANAMNESE  HDA: Relatório do HRAN: iniciou quadro de vômitos e apatia há 48 horas. Mãe procurou pelo HRAN, onde foi realizada glicemia capilar (45 mg%). Em casa, foi atendido pelo SAMU, que constatou glicemia de 18 mg%, sendo feito soro glicosado (SIC). No momento: paciente apresenta-se sem queixas. Diurese e evacuações preservadas e sem anormalidades. Ótima aceitação da dieta. Nega febre, diarréia ou vômitos. Não faz uso de medicações regularmente.
  • 5. ANAMNESE Antecedentes  Glicogenose diagnosticada em 02/09/05, aos 1a1m de vida (em acompanhamento com a gastropediatria desde 31/10/05, quando foi encaminhado pelo HRT, após vários episódios de hipoglicemia de difícil controle).  Não estava realizando as consultas regularmente no ambulatório de gastropediatria.
  • 6. EXAME FÍSICO  BEG, hidratado, hipocorado (+/+4), eupnéico, afebril, acianótico, anictérico, sorridente, ativo e reativo. Peso: 9 kg  ACV: RCR em 2T, BNF, s/ sopro. FC: 100 bpm.  AR: MV+ bilateralmente, s/ RA, s/ esforço respiratório. FR: 26 irpm.
  • 7. EXAME FÍSICO  ABD: semi-globoso, depressível, RHA+, timpânico, indolor, fígado a ± 3,5 cm do RCD, baço não palpável.  Ext: MMII ressecados. Pulsos palpáveis, simétricos, boa amplitude. Bem perfundidas. Discreta lesão crostosa em região tibial inferior D, s/ sinais flogísticos.
  • 9. EXAMES COMPLEMENTARES 27/10/05 01/10 02/10 03/10 Hb 10,6 12,1 12,1 13,2 Ht 34,7 34,7 35,7 39,7 Leuco 5400 15400 9400 11900 Seg 50 69 55 45 Bast 08 01 00 00 Linf 35 27 36 50 Mon 06 02 03 01 Eos 01 01 06 03 Plaq 470000 454000 609000 472000
  • 10. EXAMES COMPLEMENTARES 27/10/05 01/10 02/10 03/10 Glic 11 84 55 87 Creat 0,3 0,4 Uréia 16 15 14 Ca2+ 8,6 9,7 10 Na+ 133 132 135 K+ 4,4 4,4 4,2 TGO 49 27 32 TGP 20 14 23 Trig 126 252 Colest 106 158
  • 11. EXAMES COMPLEMENTARES 27/10/05 01/10 02/10 03/10 BT 0,17 0,2 BD 0,04 0,1 BI 0,13 Cl- 102 100 104 FA 1525 488 GGT 33 19 Ác. úr 3,72 3,3 PT 5,8 7,6 ALB 3,8 4,7
  • 12. GASOMETRIAS 27/10/05 03/10/06 pH 7,32 7,4 pCO2 45 26 pO2 97 71,2 ABE -2 -7,3 Lactato 34 HCO3 22 18,9 Hb 10,6 Glicose 105
  • 13. OUTROS EXAMES  TAP (26/10/05): 12’’; 87,1%  EAS (01/10/06): dens → 1005; pH → 7; CED → 2-3; LEUCO → 2 p/c  Rx de tórax (02/10/06): normal  PCR (03/10/06): 0,17
  • 14. GLICEMIAS CAPILARES  02/10/06: 38 mg%  03/10/06: 27 mg%, 22 mg% e 33 mg%  04/10/06: 19 mg%
  • 15.
  • 16.
  • 18. METABOLISMO DO GLICOGÊNIO  Glicose →hepatócito→G-6-P→5 vias.  Vias: glicólise (piruvato e lactato); ciclo das pentoses (NADPH2 e CO2); formação de gluconato; glicose livre; síntese de glicogênio.  Glicogênio: presente no fígado e Mm. Composto por glicose. Frutose, galactose e AA são potencialmente glicogênicos. Formação é favorecida pela insulina.
  • 21. METABOLISMO DO GLICOGÊNIO  Deposição de glicogênio: inibição da fosforilase e estimulação da glicogênio sintetase.  Fígado libera glicose em situações de estresse ou quando níveis séricos de glicose estão reduzidos.
  • 22. GALACTOSEMIA  Deficiência da Galactose-1-fosfato-UDP- transferase.  Autossômica recessiva.  Incidência de 1:50000 nascidos vivos.  Efeitos tóxicos, agudos e crônicos, no fígado e em outros órgãos.  Início após introdução de dieta láctea.
  • 23. GALACTOSEMIA  Q.C.: hepatomegalia, icterícia, vômitos, hipodesenvolvimento, distensão abdominal, convulsões, hipoglicemia e catarata.  Laboratório: ↑ da galactose sérica e urinária, bilirrubinas e aminotransferases; presença de substâncias redutoras na urina; hipoalbuminemia; coagulopatia; acidose hiperclorêmica.
  • 24. GALACTOSEMIA  Aumento de óbitos nos 1os. meses de vida, por sepse por E. coli.  Se tratado precocemente, a cirrose é um evento raro.
  • 25. DEFICIÊNCIA DA FRUTOSE-1,6- DIFOSFATASE  Hipoglicemia por jejum ou ingestão de frutose.  Sintomas graves nos 1os. dias de vida (acidose metabólica grave).  Irritabilidade, sonolência, apnéia, taquicardia, hipotonia e hepatomegalia.  Descompensação: doença aguda, jejum ou aumento da ingestão de frutose (hipoglicemia grave e convulsões).
  • 26. INTOLERÂNCIA HEREDITÁRIA À FRUTOSE  Deficiência de Frutose-1-fosfato Aldolase.  Autossômica recessiva.  Incidência de 1:30000 nascidos vivos.  Ingestão de frutose leva a alterações no fígado, rins e intestino.  Acúmulo de frutose-1-fosfato (inibe gliconeogênese e glicogenólise).
  • 27. INTOLERÂNCIA HEREDITÁRIA À FRUTOSE  Início: introdução de sacarose/frutose na dieta.  Irritabilidade, vômitos, letargia, convulsões, coma, sudorese, náuseas, icterícia, edema, diarréia, hipodesenvolvimento, sepse, coagulopatia, hepatomegalia.  Aversão a alimentos doces.  Se não houver vômitos, há grande probabilidade de que não seja a doença.
  • 28. INTOLERÂNCIA HEREDITÁRIA À FRUTOSE  Laboratório: hipoglicemia; hipofosfatemia; ↑ das aminotransferases, bilirrubinas, da excreção dos uratos; hiperuricemia; acidose hiperclorêmica; hiperlactatemia; hipocalemia; hipermagnesemia; anemia e trombocitopenia.  Diagnóstico: confirmação pela medida direta da frutose-1- P-aldolase no tecido hepático.  Esteatose persistente: ingestão de fontes ocultas de frutose.  Cirrose se não houver dieta c/ exclusão de frutose.
  • 29. GLICOGENOSE  Erro inato do metabolismo (alteração da concentração ou estrutura do glicogênio no organismo).  Classificada em 12 tipos.  Classificação é baseada nos defeitos enzimáticos específicos e nos tecidos comprometidos.
  • 30. GLICOGENOSE  Tipos I, III, IV, VI, IX e XI têm comprometimento hepático.  Hipoglicemia de jejum + acidose + hepatomegalia + retardo do crescimento.  Características histopatológicas são muito semelhantes. Impossível correlação morfológica com o tipo de deficiência enzimática (exceto no tipo IV).
  • 31. GLICOGENOSE TIPO I  Deficiência de G-6-Pase.  25% das glicogenoses.  Autossômica recessiva.  5 subtipos (Ia, IaSP, Ib, Ic, Id).  Incidência de 1: 100000 nascidos vivos.
  • 32. GLICOGENOSE TIPO I  Não há liberação de glicose pelo fígado.  Metabolismo da frutose e galactose não fornecerá glicose livre.  Hipoglicemia de jejum é freqüente (cetose não é proeminente).
  • 33. GLICOGENOSE TIPO I  Hipoglicemia→insulina↓ e glucagon↑ (cronicidade).  Ácido láctico é o substrato para o metabolismo cerebral (ação protetora para o SNC).  Hiperuricemia: ↓ depuração renal do urato e ↑ produção do ác. úrico (gota, nefrolitíase e nefropatia).
  • 34. GLICOGENOSE TIPO I  Hiperlipidemia: ↑ produtos glicolíticos → ↑ triglicerídeos e colesterol.  Hepatomegalia: esteatose hepática e acúmulo de glicogênio nos hepatócitos.  Não há maior risco de doença isquêmica precoce.
  • 35. GLICOGENOSE TIPO I Glicogenose Ia  Hipoglicemia de jejum + hepatomegalia.  Observada no período neonatal.  Palidez, fome excessiva, sudorese, convulsões, obesidade troncular, face de boneca, retardo estatural, musculatura pouco desenvolvida.  Distúrbios da agregação plaquetária.
  • 36. GLICOGENOSE TIPO I Glicogenose Ia  Xantomas, osteoporose, fraqueza, cefaléia, taquipnéia e mal-estar.  Nefromegalia (nefropatia progressiva, proteinúria, HAS).  Não evolui com cirrose ou insuficiência hepática.  Desenvolvimento de adenomas (hemorragia e transformação maligna).
  • 37. GLICOGENOSE TIPO I Glicogenose Ib  Semelhante ao tipo Ia.  ↓ e disfunção de neutrófilos (infecções piogênicas, gengivoestomatite, DII e periodontite).  Medula óssea: hiperplasia da série mielóide e atraso na maturação de precursores dos neutrófilos.
  • 38. GLICOGENOSE TIPO I Diagnóstico Laboratorial  Hipoglicemia de jejum; ↑ de ác. láctico, ác. úrico, colesterol, ác. graxos, triglicerídeos, fosfolipídios e aminotransferases.  Teste de tolerância ao glucagon: tipo I → s/ resposta ao glucagon em jejum ou após alimentação; tipo III → há resposta+, se realizado após a dieta.
  • 39. GLICOGENOSE TIPO I Diagnóstico Laboratorial  Tipo Ia: atividade da G-6-Pase está ausente no tecido hepático fresco e congelado.  Tipo Ib: atividade da G-6-Pase é normal no tecido congelado.
  • 40. GLICOGENOSE TIPO I Histologia  Células hepáticas tumefeitas; hepatócitos pálidos e c/ grandes vacúolos de gordura no citoplasma; membrana citoplasmática está espessada; parênquima c/ aspecto de mosaico; fenômeno de hiperglicogenose nuclear; pode haver fibrose (mais comum nos tipos III, IV, VI, IX e XI).
  • 41. GLICOGENOSE TIPO III  Autossômica recessiva.  Deficiência da enzima desramificadora.  Incidência de 1:50000 a 1:100000 nascidos vivos.  Tipo IIIa: perda generalizada da atividade enzimática (80% dos casos; miopatia nos adultos).  Tipo IIIb: atividade enzimática preservada nos Mm. (s/ miopatia nos adultos).
  • 42. GLICOGENOSE TIPO III Quadro Clínico  Manifestações menos intensas que no tipo I.  Hepatomegalia + déficit de crescimento.  Menos hipoglicemia de jejum; comprometimento muscular é maior.  Miopatia (↑ da CPK sérica).
  • 43. GLICOGENOSE TIPO III Quadro Clínico  Cardiomiopatia após os 30 anos.  Pode haver glicose liberada pela fosforilase (glicemia mantida por gliconeogênese de AA e metabolismo da galactose e frutose).  Adulto: assintomático.  Há cetose e cetonúria de jejum; não há acidose láctica importante.
  • 44. GLICOGENOSE TIPO III Quadro Clínico  ↑ de colesterol, triglicerídeos e aminotransferases. Concentração de urato é normal. Pode haver fibrose hepática.  Puberdade atrasada (altura final é preservada).  Envolvimento hepático é autolimitado.
  • 45. GLICOGENOSE TIPO III Complicações  Perda e atrofia muscular; hipertensão porta secundária à cirrose hepática.  Hemorragia digestiva e carcinoma hepatocelular.  Prevalência de adenoma é de 25%
  • 46. GLICOGENOSE TIPO III Diagnóstico  Determinação da atividade da enzima desramificadora no fígado, Mm., eritrócitos, leucócitos e fibroblastos.  Identificação de mutações.  Histopatologia: semelhante ao tipo I, c/ hiperglicogenose nuclear periportal, menor fibrose periportal e esteatose. Acúmulo de glicogênio no fígado e Mm. (tipo IIIa); acúmulo de glicogênio no fígado (IIIb).
  • 47. GLICOGENOSE TIPO IV  Autossômica recessiva.  Forma menos comum.  Deficiência da enzima ramificadora (acúmulo de amilopectina).  Estrutura do glicogênio está alterada.
  • 48. GLICOGENOSE TIPO IV Quadro Clínico  Atraso do crescimento, distensão abdominal e hepatoesplenomegalia nos 1os. meses de vida.  Há casos congênitos (hidropsia fetal).  Cirrose e hipertensão porta no final do 1º. ano → insuficiência hepática e morte antes dos 4 anos de vida.
  • 49. GLICOGENOSE TIPO IV Quadro Clínico  Cardiomiopatia e carcinoma hepatocelular podem complicar o quadro.  Hipotonia e atrofia muscular.  É rara a hipoglicemia (metabolismo do carboidrato é normal).  ↑ de aminotransferases e bilirrubina direta.
  • 50. GLICOGENOSE TIPO IV Diagnóstico  Deficiência da atividade enzimática no fígado, leucócitos, Mm., eritrócitos ou fibroblastos.  Histopatologia: acúmulo de substância anormal (PAS+ diastase-resistente) no fígado e Mm. Acúmulo de material pálido, hialino ou vacuolado por todo o lóbulo hepático (mais intenso na periferia).
  • 51. GLICOGENOSE TIPO IV Diagnóstico  Material PAS+ diastase-resistente é semelhante aos depósitos da deficiência de alfa-1-antitripsina.  Estágio avançado: acúmulos nodulares birrefringentes de material diferente, hialino e fibrilar, difusamente distribuído nos lóbulos hepáticos.
  • 52. GLICOGENOSE TIPO VI  Rara.  Deficiência da fosforilase no fígado.  Possivelmente seja herança autossômica recessiva.  Evolução benigna; características semelhantes ao tipo III.
  • 53. GLICOGENOSE TIPO VI  Hepatomegalia; atraso de crescimento; tolerância ao jejum; ↑ dos níveis séricos de ác. úrico, colesterol, triglicerídeos, aminotransferases.  Hipoglicemia e cetose são discretas.  Histopatologia: mosaico de hepatócitos distendidos. Dilatação celular heterogênea (principalmente na periferia do lóbulo). Membranas grosseiras e onduladas. Vacúolos citoplasmáticos e discretos septos nas áreas portais, mas s/ hiperglicogenose.
  • 54. GLICOGENOSE TIPO VI  Microscopia eletrônica: partículas citoplasmáticas de glicogênio que deslocam as organelas celulares.  Tecido muscular é normal.  Há relatos de carcinoma hepatocelular, mas s/ adenoma.
  • 55. GLICOGENOSE TIPO IX  Deficiência da fosforilase quinase.  Tipo IXa: mais freqüente; acomete o fígado; herança ligada ao sexo.  Tipo IXb: semelhante ao tipo IXa; herança autossômica recessiva.  Tipo IXc: comprometimento hepático e muscular; herança autossômica recessiva.
  • 56. GLICOGENOSE TIPO IX  Q.C.: hepatomegalia; atraso de crescimento; ↑ de triglicerídeos, colesterol e aminotransferases; hipoglicemia; face de boneca; fraqueza muscular no tipo IXc. Assintomáticos quando adultos. Fibrose hepática, cirrose e carcinoma hepatocelular são raros.  Diagnóstico: atividade da fosforilase quinase nos eritrócitos e leucócitos.  Histopatologia: hepatócitos distendidos por glicogênio. Septos proeminentes, inflamação mínima. S/ hiperglicogenose nuclear.
  • 57. GLICOGENOSE TIPO XI  Rara; autossômica recessiva.  Defeitos no GLUT-2.  Disfunção tubular renal proximal, redução da utilização de glicose e galactose, acúmulo de glicogênio no fígado e rins.  Q.C.: atraso no crescimento, raquitismo, hepatomegalia e nefromegalia.
  • 58. GLICOGENOSE TIPO XI  Laboratório: glicosúria, aminoacidúria, perda de bicarbonato, hipofosfatemia, ↑ de FA sérica. Hipoglicemia e hiperlipidemia. Aminotransferases, lactato e ác. úrico plasmáticos estão normais.  Intolerância no TTOG (perda funcional de GLUT-2 → impede a captação hepática).  Biópsia hepática: acúmulo acentuado de glicogênio nos hepatócitos e células tubulares renais proximais, devido ao transporte alterado da glicose para fora desses órgãos.
  • 59. BIÓPSIA HEPÁTICA (02/09/05) Microscopia: arquitetura lobular preservada e espaços portas c/ seus constituintes permeado por leve infiltrado misto. PARÊNQUIMA: esteatose, macro e microgoticular, hepatócitos c/ citoplasma amplo e distendido, c/ material PAS+ que desaparece quando utiliza-se a diastase. Sinusóides focalmente inaparentes. Diagnóstico histopatológico: Hepatopatia metabólica. OBS.: alterações compatíveis c/ glicogenose.
  • 60. CONCLUSÃO GLICOGENOSE TIPO I ou III Hipoglicemia pouco acentuada, colesterol, TGO e ácido úrico normais Glicogenose Tipo III Ausência de queixas musculares Glicogenose Tipo IIIb
  • 61. TRATAMENTO  Dieta faz parte do tratamento.  Pacientes c/ hipoglicemia devem ter nutrição enteral noturna.  Cereais crus têm mais eficácia nas crianças maiores.  Amido de milho cru: 2g/Kg, 4x/dia. Cças menores de 2 anos, podem não apresentar digestão adequada. Recomenda-se a introdução após 8º. mês de vida.
  • 62. TRATAMENTO  S/ restrição de frutose e galactose (gliconeogênese está normal).  Alto teor de carboidratos melhoram a glicemia, hepatomegalia, fraqueza muscular e falência do crescimento.  Administrar proteínas em grande quantidade.
  • 63. TRATAMENTO  Dieta hiperprotéica: 45% de CHO, 30% de lipídios e 25% de proteínas.  6 meses-3 anos: 5-6 g/Kg/dia de proteína.  4-10 anos: 4-5 g/Kg/dia de proteína.  Maiores de 11 anos: 3g/Kg/dia de proteína.
  • 64. TRATAMENTO  Monitorar peso, altura, aminotransferases e triglicerídeos.  Miopatia pode ser atenuada com nutrição enteral hiperprotéica.
  • 65. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, Cristina T.; CARVALHO, Elisa de; SILVA, Luciana R. Glicogenoses. In: FAGUNDES, Eleonora D. T.; FERREIRA, Alexandre R.; ROQUETE, Mariza L. V. Gastroenterologia e hepatologia em pediatria: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: MEDSI EDITORA MÉDICA E CIENTÍFICA LTDA, 2003. cap. 49, p. 645-657. FERREIRA, Cristina T.; CARVALHO, Elisa de; SILVA, Luciana R. Outras doenças metabólicas do fígado. In: BEZERRA, Jorge A. Gastroenterologia e hepatologia em pediatria: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: MEDSI EDITORA MÉDICA E CIENTÍFICA LTDA, 2003. cap. 50, p. 660-663. SCRIVER, Charles R. et al. Glycogen Storage Diseases In: CHEN, Yuan-Tsong; BURCHELL, Ann; The metabolic and molecular bases of inherited disease. New York: THE MCGRAW-HILL COMPANIES, INC, 1995. cap. 24, p. 935-965. 7ed. Volume 1. BRAUNWALD, Eugene et al. Doenças de depósito de glicogênio e outros distúrbios hereditários do metabolismo dos carboidratos. In: CHEN, Yuan-Tsong. Harrison: medicina interna. Rio de Janeiro: MCGRAW-HILL INTERAMERICANA DO BRASIL LTDA, 2001. cap.350, p. 2426-2433. 15 ed. Volume 2.