SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  31
Calendário do mês de junho 2010 by Rosely Lira
Saber Viver Não sei... Se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura... Enquanto durar Cora Coralina 01 de junho
Tarde demais... Quando chegaste enfim, para te ver Abriu-se a noite em mágico luar; E para o som dos seus passos conhecer Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar... Chegaste, enfim! Milagre de endoidar! Viu-se nessa hora o que não pode ser: Em plena noite, a noite iluminar E as pedras do caminho florescer! Beijando a areia de oiro dos desertos Procurava-te em vão! Braços abertos, Pés nus, olhos a rir, boca em flor! E há cem anos que eu era nova e linda!... E a minha boca morta grita ainda: Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!... Florbela Espanca 02 de junho
Presença É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente,  o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, o trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se  sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu te sentir como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca de pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te! Mário Quintana 03 de junho
Duas pessoas maduras em verdadeiro amor ajudam-se mutuamente a se tornarem mais livres,  mais plenas, mais completas. Osho 04 de junho
Quem não compreende um olhartampouco compreenderáuma longa explicação.  Mario Quintana 05 de junho
Mensagem a um desconhecido Teu bom pensamento longínquo me emociona. Tu, que apenas me leste, Acreditaste em mim, e me entendeste profundamente. Isso me consola dos que me viram, A quem mostrei toda a minha alma, E continuaram ignorantes de tudo que sou, Como se nunca me tivessem encontrado. Cecília Meireles 06 de junho
Para estar junto não é preciso estar pertoe sim do lado de dentro.Leonardo da Vinci 07 de junho
Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz... Que nas suas primaveras você seja amante da alegria. Que nos invernos você seja amigo da sabedoria. E, quando você errar o caminho, recomece tudo de novo. Pois assim você será cada vez mais apaixonado pela vida. E descobrirá que... Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência. Augusto Cury 08 de junho
09 de junho
Árvores são poemas que aterra escreve para o céu.Khalil Gibran  10 de junho
Daí a alguns séculos ou daí a alguns minutostalvez digamos espantados:E dizer que Deus sempre esteve!Quem esteve pouco fui eu. Clarice Lispector 11 de junho
Um Beijo Foste o beijo melhor da minha vida,ou talvez o pior...Glória e tormento,contigo à luz subi do firmamento,contigo fui pela infernal descida!Morreste, e o meu desejo não te olvida:queimas-me o sangue,  enches-me o pensamento,e do teu gosto amargo me alimento,e rolo-te na boca malferida.Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,batismo e extrema-unção, naquele instantepor que, feliz, eu não morri contigo?Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,beijo divino! e anseio delirante,na perpétua saudade de um minuto... Olavo Bilac  12 de junho
O auto-retrato No retrato que me faço ,[object Object],às vezes me pinto nuvem, às vezes me pinto árvore... às vezes me pinto coisas de que nem há mais lembrança... ou coisas que não existem mas que um dia existirão... e, desta lida, em que busco ,[object Object],minha eterna semelhança, no final, que restará? Um desenho de criança... Corrigido por um louco! Mário Quintana 13 de junho
Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.Clarice Lispector 14 de junho
Coração é terra que ninguém vê Quis ser um dia,  Jardineira de um coração.Sachei, moldei - nada colhi.Nasceram espinhose nos espinhos me feri. Quis ser um dia,  Jardineira de um coração.Cavei, plantei.Na terra ingratanada criei. Semeador da Parábola...Lancei a boa sementea gestos largos...Aves do céu levaram.Espinhos do chão cobriram.O resto se perdeuna terra durada ingratidão Coração é terra que ninguém vê- diz o ditado.Plantei, reguei, nada deu, não.Terra de lagedo, de pedregulho,- teu coração. Bati na porta de um coração.Bati. Bati. Nada escutei.Casa vazia. Porta fechada,foi que encontrei... Cora Coralina  15 de junho
O que o vento não levou No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as				[únicas que o vento não consegue levar: um estribilho antigo um carinho no momento preciso o folhear de um livro de poemas o cheiro que tinha um dia o próprio vento... Mário Quintana 16 de junho
HumildadeSenhor, fazei com que eu aceite minha pobreza tal como sempre foi. Que não sinta o que não tenho. Não lamente o que podia ter e se perdeu por caminhos errados e nunca mais voltou. Dai, Senhor, que minha humildade seja como a chuva desejada caindo mansa, longa noite escura numa terra sedenta e num telhado velho. Que eu possa agradecer a Vós, minha cama estreita, minhas coisinhas pobres, minha casa de chão, pedras e tábuas remontadas. E ter sempre um feixe de lenha debaixo do meu fogão de taipa, e acender, eu mesma, o fogo alegre da minha casa na manhã de um novo dia que começa. Cora Coralina 17 de junho
Os poemas  Os poemas são pássaros que chegamnão se sabe de onde e pousamno livro que lês.Quando fechas o livro, eles alçam vôocomo de um alçapão.Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cadapar de mãos e partem.E olhas, então, essas tuas mãos vazias,no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... Mario Quintana 18 de junho
Renúncia  Chora de manso e no íntimo... ProcuraCurtir sem queixa o mal que te crucia:O mundo é sem piedade e até ririaDa tua inconsolável amargura.Só a dor enobrece e é grande e é pura.Aprende a amá-la que a amarás um dia.Então ela será tua alegria,E será, ela só, tua ventura...A vida é vã como a sombra que passa...Sofre sereno e de alma sobranceira,Sem um grito sequer, tua desgraça.Encerra em ti tua tristeza inteira.E pede humildemente a Deus que a faça Tua doce e constante companheira... Manuel Bandeira 19 de junho
Rua Procuro a rua que ainda me resta: É longa, é alta, não é essa. Esqueço o nome, por sono ou pressa: é alta, é clara, mas não é esta. Em cada esquina havia uma festa: é clara, é vasta, não é essa. Nunca me lembro  onde começa: é vasta, é longa, mas não é esta. Rua que não se manifesta: é longa, é alta,  não é essa. Cecília Meireles 20 de junho
A atitude otimista tem o poderde dissipar as névoas que turvamnossa visão.O livro das Atitudes  21 de junho
O mais importante é a mudança,o movimento,o dinamismo,a energia.Só o que está morto não muda !Repito por pura alegria de viver:a salvação é pelo risco,sem o qual a vida não vale a pena!!!  Clarice Lispector 22 de junho
Se dois homens vêm andando por uma estrada,  cada um carregando um pão,  e, ao se encontrarem, eles trocam os pães,cada um vai embora com um pão...Porém, se dois homens vêm andando por uma estradacada um carregando uma idéia, e, ao se encontrarem,eles trocam as idéias,  cada homem vai emboracom duas idéias... Ditado chinês  23 de junho
Canção amiga Eu preparo uma canção Em que minha mãe se reconheça Todas as mães se reconheçam E que fale como dois olhos  Caminho por uma rua Que passa em muitos países Se não me vêem, eu vejo E saúdo velhos amigos  Eu distribuo um segredo Como quem ama ou sorri De um jeito tão natural Dois carinhos se procuram  Minha vida, nossas vidas Formam um só diamante Aprendi novas palavras E tornei outras mais belas  Eu preparo uma canção Que faça acordar os homens E adormecer as crianças.“ Carlos Drummond de Andrade 24 de junho
Há quem diga que todas as noites são de sonhos.Más há também quem garanta que nem todas,só as de verão.No fundo, isso não tem importância.O que interessa mesmonão é a noite em si, são os sonhos.Sonhos que o homemsonha sempre, em todos os lugares,em todas as épocas do ano,dormindo ou acordado. Shakeaspeare  25 de junho
Lembro-me de quando era criança e via,como hoje não posso ver,  a manhã raiar sobre a cidade.  Ela não raiava para mim,mas para a vida.  Porque então eu,não sendo consciente, eu era a vida.E via a manhã e tinha alegria.  Hoje vejo a manhã, tenho alegria, e fico triste.Eu vejo como via, mas por trás dos olhos, vejo-me vendo.  E só com isso,se obscurece o sol, o verde das árvores é velho,e as flores murcham antes de apreciadas.Fernando Pessoa 26 de junho
Apresentação Aqui está a minha vida – esta tão clara  com desenhos de andar dedicados ao vento. Aqui está a minha voz – esta concha vazia, Sombra de som curtindo o seu próprio lamento. Aqui está a minha dor – este coral quebrado, Sobrevivendo ao seu patético momento. Aqui está a minha herança – este mar solitário, Que de um lado era amor e, do outro, esquecimento. Cecília Meireles 27 de junho
Eu conheço a residência da dor é um lugar afastado, sem vizinhos, sem conversa,quase sem lágrimas, com umas imensas vigílias, diante do céu. A dor não tem nome, não se chama, não atende. Ela mesma é solidão: nada mostra, nada pede, não precisa. Vem quando quer. O rosto da dor está voltado sobre um espelho, mas não é rosto de corpo, Nem o seu espelho é do mundo. Conheço pessoalmente a dor. A sua residência, longe, em caminhos inesperados. Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores. E ouço dizer: “Quem visse, como vês, a dor, já não sofria.” E olho para ela, imensamente. Conheço há muito tempo a dor. Conheço-a de perto. Pessoalmente. Cecília Meireles 28 de junho
Presença É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, o trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se  sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu te sentir como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca de pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te! Mário Quintana 29 de junho
30 de junho

Contenu connexe

Tendances

E-book Sete Estações Poéticas
E-book Sete Estações PoéticasE-book Sete Estações Poéticas
E-book Sete Estações PoéticasLara Utzig
 
Leituras
LeiturasLeituras
Leiturasguida04
 
Antologia POETIZANDO ENTRE AMIGOS
Antologia POETIZANDO ENTRE AMIGOSAntologia POETIZANDO ENTRE AMIGOS
Antologia POETIZANDO ENTRE AMIGOSLuciana Rugani
 
Livro de Poesias- Desaparecendo
Livro de Poesias- DesaparecendoLivro de Poesias- Desaparecendo
Livro de Poesias- DesaparecendoRaquel Alves
 
Calendário Mensal: Agosto 2010
Calendário Mensal: Agosto 2010Calendário Mensal: Agosto 2010
Calendário Mensal: Agosto 2010Gisele Santos
 
Pés no chão e sonhos no ar - Marcos Samuel Costa
Pés no chão e sonhos no ar - Marcos Samuel Costa Pés no chão e sonhos no ar - Marcos Samuel Costa
Pés no chão e sonhos no ar - Marcos Samuel Costa Marcos Costa
 
Palavrasqueamam
PalavrasqueamamPalavrasqueamam
Palavrasqueamammcunha
 
Dia Mundial Poesia
Dia Mundial PoesiaDia Mundial Poesia
Dia Mundial Poesiaturmaefa3
 
Exposição: "O Branco No Branco" (Exhibition: White on White)
Exposição: "O Branco No Branco" (Exhibition: White on White)Exposição: "O Branco No Branco" (Exhibition: White on White)
Exposição: "O Branco No Branco" (Exhibition: White on White)Maria Sobral Mendonça
 
Não espere a próxima primavera para sentir o perfume de todas as flores..
Não espere a próxima primavera para sentir o perfume de todas as flores..Não espere a próxima primavera para sentir o perfume de todas as flores..
Não espere a próxima primavera para sentir o perfume de todas as flores..Edson Marques
 
Orgasmo dos deuses e outros poemas
Orgasmo dos deuses e outros poemasOrgasmo dos deuses e outros poemas
Orgasmo dos deuses e outros poemasJulio Carrara
 
Almanaque Paraná numero 2 janeiro maio 2011
Almanaque Paraná numero 2 janeiro maio 2011Almanaque Paraná numero 2 janeiro maio 2011
Almanaque Paraná numero 2 janeiro maio 2011Confraria Paranaense
 
Um coração, um cúpido e um beijo por um poema de amor em português
Um coração, um cúpido e um beijo por um poema de amor em portuguêsUm coração, um cúpido e um beijo por um poema de amor em português
Um coração, um cúpido e um beijo por um poema de amor em portuguêsLeonor Costa
 
Equinócio da Primavera
Equinócio da PrimaveraEquinócio da Primavera
Equinócio da PrimaveraBibliotecAtiva
 

Tendances (18)

E-book Sete Estações Poéticas
E-book Sete Estações PoéticasE-book Sete Estações Poéticas
E-book Sete Estações Poéticas
 
Leituras
LeiturasLeituras
Leituras
 
Antologia POETIZANDO ENTRE AMIGOS
Antologia POETIZANDO ENTRE AMIGOSAntologia POETIZANDO ENTRE AMIGOS
Antologia POETIZANDO ENTRE AMIGOS
 
Livro de Poesias- Desaparecendo
Livro de Poesias- DesaparecendoLivro de Poesias- Desaparecendo
Livro de Poesias- Desaparecendo
 
Calendário Mensal: Agosto 2010
Calendário Mensal: Agosto 2010Calendário Mensal: Agosto 2010
Calendário Mensal: Agosto 2010
 
Escolhendo Poesias
Escolhendo Poesias Escolhendo Poesias
Escolhendo Poesias
 
Pés no chão e sonhos no ar - Marcos Samuel Costa
Pés no chão e sonhos no ar - Marcos Samuel Costa Pés no chão e sonhos no ar - Marcos Samuel Costa
Pés no chão e sonhos no ar - Marcos Samuel Costa
 
Palavrasqueamam
PalavrasqueamamPalavrasqueamam
Palavrasqueamam
 
Dia Mundial Poesia
Dia Mundial PoesiaDia Mundial Poesia
Dia Mundial Poesia
 
Exposição: "O Branco No Branco" (Exhibition: White on White)
Exposição: "O Branco No Branco" (Exhibition: White on White)Exposição: "O Branco No Branco" (Exhibition: White on White)
Exposição: "O Branco No Branco" (Exhibition: White on White)
 
Não espere a próxima primavera para sentir o perfume de todas as flores..
Não espere a próxima primavera para sentir o perfume de todas as flores..Não espere a próxima primavera para sentir o perfume de todas as flores..
Não espere a próxima primavera para sentir o perfume de todas as flores..
 
EMBRULHO DE LETRAS
EMBRULHO DE LETRASEMBRULHO DE LETRAS
EMBRULHO DE LETRAS
 
EMBRULHO DE LETRAS
EMBRULHO DE LETRASEMBRULHO DE LETRAS
EMBRULHO DE LETRAS
 
Orgasmo dos deuses e outros poemas
Orgasmo dos deuses e outros poemasOrgasmo dos deuses e outros poemas
Orgasmo dos deuses e outros poemas
 
Concurso FaçA Lá Um Poema
Concurso  FaçA Lá Um PoemaConcurso  FaçA Lá Um Poema
Concurso FaçA Lá Um Poema
 
Almanaque Paraná numero 2 janeiro maio 2011
Almanaque Paraná numero 2 janeiro maio 2011Almanaque Paraná numero 2 janeiro maio 2011
Almanaque Paraná numero 2 janeiro maio 2011
 
Um coração, um cúpido e um beijo por um poema de amor em português
Um coração, um cúpido e um beijo por um poema de amor em portuguêsUm coração, um cúpido e um beijo por um poema de amor em português
Um coração, um cúpido e um beijo por um poema de amor em português
 
Equinócio da Primavera
Equinócio da PrimaveraEquinócio da Primavera
Equinócio da Primavera
 

Similaire à Calendário junho 2010_rosely

POESIAS escrito no site meu lado poético poesias de amor surreal mensagens
POESIAS escrito no site meu lado poético poesias de amor surreal mensagensPOESIAS escrito no site meu lado poético poesias de amor surreal mensagens
POESIAS escrito no site meu lado poético poesias de amor surreal mensagensTerreza Lima
 
C:\Users\Cam 01\Documents\Gisele\CalendáRio Maio 2010 Rosely
C:\Users\Cam 01\Documents\Gisele\CalendáRio Maio 2010 RoselyC:\Users\Cam 01\Documents\Gisele\CalendáRio Maio 2010 Rosely
C:\Users\Cam 01\Documents\Gisele\CalendáRio Maio 2010 RoselyGisele Santos
 
BIOGRAFIA DA POETISA CECILIA MEIRELES.pptx
BIOGRAFIA DA POETISA CECILIA MEIRELES.pptxBIOGRAFIA DA POETISA CECILIA MEIRELES.pptx
BIOGRAFIA DA POETISA CECILIA MEIRELES.pptxMarlene Cunhada
 
Martins Fontes Apresentação
Martins Fontes   ApresentaçãoMartins Fontes   Apresentação
Martins Fontes Apresentaçãomarinhofontes
 
Poemas Ilustrados
Poemas IlustradosPoemas Ilustrados
Poemas Ilustradosvales
 
Diário de Bênçãos (psicografia Chico Xavier - espírito Cristiane)
Diário de Bênçãos (psicografia Chico Xavier - espírito Cristiane)Diário de Bênçãos (psicografia Chico Xavier - espírito Cristiane)
Diário de Bênçãos (psicografia Chico Xavier - espírito Cristiane)Ari Carrasco
 
LER PINTURA, ESCREVER POESIA
LER PINTURA, ESCREVER POESIALER PINTURA, ESCREVER POESIA
LER PINTURA, ESCREVER POESIAElisa Costa Pinto
 
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)Mirian Souza
 
Gerações poéticas
Gerações poéticasGerações poéticas
Gerações poéticasAndre Guerra
 
Sala de leitura min poesia 2014
Sala de leitura min poesia 2014 Sala de leitura min poesia 2014
Sala de leitura min poesia 2014 helena takahashi
 
Materia e Espirito
Materia e EspiritoMateria e Espirito
Materia e EspiritoDoni Cia
 

Similaire à Calendário junho 2010_rosely (20)

POESIAS escrito no site meu lado poético poesias de amor surreal mensagens
POESIAS escrito no site meu lado poético poesias de amor surreal mensagensPOESIAS escrito no site meu lado poético poesias de amor surreal mensagens
POESIAS escrito no site meu lado poético poesias de amor surreal mensagens
 
C:\Users\Cam 01\Documents\Gisele\CalendáRio Maio 2010 Rosely
C:\Users\Cam 01\Documents\Gisele\CalendáRio Maio 2010 RoselyC:\Users\Cam 01\Documents\Gisele\CalendáRio Maio 2010 Rosely
C:\Users\Cam 01\Documents\Gisele\CalendáRio Maio 2010 Rosely
 
BIOGRAFIA DA POETISA CECILIA MEIRELES.pptx
BIOGRAFIA DA POETISA CECILIA MEIRELES.pptxBIOGRAFIA DA POETISA CECILIA MEIRELES.pptx
BIOGRAFIA DA POETISA CECILIA MEIRELES.pptx
 
Feras da Poetica
Feras da PoeticaFeras da Poetica
Feras da Poetica
 
Duetos julho 25
Duetos julho 25Duetos julho 25
Duetos julho 25
 
Martins Fontes Apresentação
Martins Fontes   ApresentaçãoMartins Fontes   Apresentação
Martins Fontes Apresentação
 
Poemas Ilustrados
Poemas IlustradosPoemas Ilustrados
Poemas Ilustrados
 
Diário de Bênçãos (psicografia Chico Xavier - espírito Cristiane)
Diário de Bênçãos (psicografia Chico Xavier - espírito Cristiane)Diário de Bênçãos (psicografia Chico Xavier - espírito Cristiane)
Diário de Bênçãos (psicografia Chico Xavier - espírito Cristiane)
 
Mia couto
Mia coutoMia couto
Mia couto
 
LER PINTURA, ESCREVER POESIA
LER PINTURA, ESCREVER POESIALER PINTURA, ESCREVER POESIA
LER PINTURA, ESCREVER POESIA
 
Antologia livro
Antologia   livroAntologia   livro
Antologia livro
 
Diamundialpoesia 100503060711-phpapp02
Diamundialpoesia 100503060711-phpapp02Diamundialpoesia 100503060711-phpapp02
Diamundialpoesia 100503060711-phpapp02
 
Duetos agosto 11_2013
Duetos agosto 11_2013Duetos agosto 11_2013
Duetos agosto 11_2013
 
Concurso poesia na_corda_2010
Concurso poesia na_corda_2010Concurso poesia na_corda_2010
Concurso poesia na_corda_2010
 
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
 
Gerações poéticas
Gerações poéticasGerações poéticas
Gerações poéticas
 
Sala de leitura min poesia 2014
Sala de leitura min poesia 2014 Sala de leitura min poesia 2014
Sala de leitura min poesia 2014
 
Materia e Espirito
Materia e EspiritoMateria e Espirito
Materia e Espirito
 
Chuva de Poemas 1.pdf
Chuva de Poemas 1.pdfChuva de Poemas 1.pdf
Chuva de Poemas 1.pdf
 
Breve Poesias.
Breve Poesias. Breve Poesias.
Breve Poesias.
 

Plus de Gisele Santos

Educomunicação Ambiental: A relação do jovem com a mídia em temas ambientais
Educomunicação Ambiental: A relação do jovem com a mídia em temas ambientaisEducomunicação Ambiental: A relação do jovem com a mídia em temas ambientais
Educomunicação Ambiental: A relação do jovem com a mídia em temas ambientaisGisele Santos
 
O mês de outubro na história
O mês de outubro na históriaO mês de outubro na história
O mês de outubro na históriaGisele Santos
 
Calendário Mensal: Setembro 2010
Calendário Mensal: Setembro 2010Calendário Mensal: Setembro 2010
Calendário Mensal: Setembro 2010Gisele Santos
 
O mês de setembro na história
O mês de setembro na históriaO mês de setembro na história
O mês de setembro na históriaGisele Santos
 
O mês de agosto na história
O mês de agosto na históriaO mês de agosto na história
O mês de agosto na históriaGisele Santos
 
O mes de julho na história
O mes de julho na históriaO mes de julho na história
O mes de julho na históriaGisele Santos
 
O mes de junho1 cópia
O mes de junho1   cópiaO mes de junho1   cópia
O mes de junho1 cópiaGisele Santos
 
O mes de junho na história
O mes de junho na históriaO mes de junho na história
O mes de junho na históriaGisele Santos
 
O mes de junho na história
O mes de junho na históriaO mes de junho na história
O mes de junho na históriaGisele Santos
 
O mês de junho na história
O mês de junho na históriaO mês de junho na história
O mês de junho na históriaGisele Santos
 

Plus de Gisele Santos (13)

Educomunicação Ambiental: A relação do jovem com a mídia em temas ambientais
Educomunicação Ambiental: A relação do jovem com a mídia em temas ambientaisEducomunicação Ambiental: A relação do jovem com a mídia em temas ambientais
Educomunicação Ambiental: A relação do jovem com a mídia em temas ambientais
 
Salinha Verde 01
Salinha Verde 01Salinha Verde 01
Salinha Verde 01
 
O mês de outubro na história
O mês de outubro na históriaO mês de outubro na história
O mês de outubro na história
 
Calendário Mensal: Setembro 2010
Calendário Mensal: Setembro 2010Calendário Mensal: Setembro 2010
Calendário Mensal: Setembro 2010
 
O mês de setembro na história
O mês de setembro na históriaO mês de setembro na história
O mês de setembro na história
 
O mês de agosto na história
O mês de agosto na históriaO mês de agosto na história
O mês de agosto na história
 
O mes de julho na história
O mes de julho na históriaO mes de julho na história
O mes de julho na história
 
O mes de_julho1
O mes de_julho1O mes de_julho1
O mes de_julho1
 
O mes de_julho1
O mes de_julho1O mes de_julho1
O mes de_julho1
 
O mes de junho1 cópia
O mes de junho1   cópiaO mes de junho1   cópia
O mes de junho1 cópia
 
O mes de junho na história
O mes de junho na históriaO mes de junho na história
O mes de junho na história
 
O mes de junho na história
O mes de junho na históriaO mes de junho na história
O mes de junho na história
 
O mês de junho na história
O mês de junho na históriaO mês de junho na história
O mês de junho na história
 

Calendário junho 2010_rosely

  • 1. Calendário do mês de junho 2010 by Rosely Lira
  • 2. Saber Viver Não sei... Se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura... Enquanto durar Cora Coralina 01 de junho
  • 3. Tarde demais... Quando chegaste enfim, para te ver Abriu-se a noite em mágico luar; E para o som dos seus passos conhecer Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar... Chegaste, enfim! Milagre de endoidar! Viu-se nessa hora o que não pode ser: Em plena noite, a noite iluminar E as pedras do caminho florescer! Beijando a areia de oiro dos desertos Procurava-te em vão! Braços abertos, Pés nus, olhos a rir, boca em flor! E há cem anos que eu era nova e linda!... E a minha boca morta grita ainda: Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!... Florbela Espanca 02 de junho
  • 4. Presença É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, o trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu te sentir como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca de pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te! Mário Quintana 03 de junho
  • 5. Duas pessoas maduras em verdadeiro amor ajudam-se mutuamente a se tornarem mais livres, mais plenas, mais completas. Osho 04 de junho
  • 6. Quem não compreende um olhartampouco compreenderáuma longa explicação. Mario Quintana 05 de junho
  • 7. Mensagem a um desconhecido Teu bom pensamento longínquo me emociona. Tu, que apenas me leste, Acreditaste em mim, e me entendeste profundamente. Isso me consola dos que me viram, A quem mostrei toda a minha alma, E continuaram ignorantes de tudo que sou, Como se nunca me tivessem encontrado. Cecília Meireles 06 de junho
  • 8. Para estar junto não é preciso estar pertoe sim do lado de dentro.Leonardo da Vinci 07 de junho
  • 9. Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz... Que nas suas primaveras você seja amante da alegria. Que nos invernos você seja amigo da sabedoria. E, quando você errar o caminho, recomece tudo de novo. Pois assim você será cada vez mais apaixonado pela vida. E descobrirá que... Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência. Augusto Cury 08 de junho
  • 11. Árvores são poemas que aterra escreve para o céu.Khalil Gibran 10 de junho
  • 12. Daí a alguns séculos ou daí a alguns minutostalvez digamos espantados:E dizer que Deus sempre esteve!Quem esteve pouco fui eu. Clarice Lispector 11 de junho
  • 13. Um Beijo Foste o beijo melhor da minha vida,ou talvez o pior...Glória e tormento,contigo à luz subi do firmamento,contigo fui pela infernal descida!Morreste, e o meu desejo não te olvida:queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,e do teu gosto amargo me alimento,e rolo-te na boca malferida.Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,batismo e extrema-unção, naquele instantepor que, feliz, eu não morri contigo?Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,beijo divino! e anseio delirante,na perpétua saudade de um minuto... Olavo Bilac 12 de junho
  • 14.
  • 15. Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.Clarice Lispector 14 de junho
  • 16. Coração é terra que ninguém vê Quis ser um dia, Jardineira de um coração.Sachei, moldei - nada colhi.Nasceram espinhose nos espinhos me feri. Quis ser um dia, Jardineira de um coração.Cavei, plantei.Na terra ingratanada criei. Semeador da Parábola...Lancei a boa sementea gestos largos...Aves do céu levaram.Espinhos do chão cobriram.O resto se perdeuna terra durada ingratidão Coração é terra que ninguém vê- diz o ditado.Plantei, reguei, nada deu, não.Terra de lagedo, de pedregulho,- teu coração. Bati na porta de um coração.Bati. Bati. Nada escutei.Casa vazia. Porta fechada,foi que encontrei... Cora Coralina 15 de junho
  • 17. O que o vento não levou No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as [únicas que o vento não consegue levar: um estribilho antigo um carinho no momento preciso o folhear de um livro de poemas o cheiro que tinha um dia o próprio vento... Mário Quintana 16 de junho
  • 18. HumildadeSenhor, fazei com que eu aceite minha pobreza tal como sempre foi. Que não sinta o que não tenho. Não lamente o que podia ter e se perdeu por caminhos errados e nunca mais voltou. Dai, Senhor, que minha humildade seja como a chuva desejada caindo mansa, longa noite escura numa terra sedenta e num telhado velho. Que eu possa agradecer a Vós, minha cama estreita, minhas coisinhas pobres, minha casa de chão, pedras e tábuas remontadas. E ter sempre um feixe de lenha debaixo do meu fogão de taipa, e acender, eu mesma, o fogo alegre da minha casa na manhã de um novo dia que começa. Cora Coralina 17 de junho
  • 19. Os poemas Os poemas são pássaros que chegamnão se sabe de onde e pousamno livro que lês.Quando fechas o livro, eles alçam vôocomo de um alçapão.Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cadapar de mãos e partem.E olhas, então, essas tuas mãos vazias,no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... Mario Quintana 18 de junho
  • 20. Renúncia Chora de manso e no íntimo... ProcuraCurtir sem queixa o mal que te crucia:O mundo é sem piedade e até ririaDa tua inconsolável amargura.Só a dor enobrece e é grande e é pura.Aprende a amá-la que a amarás um dia.Então ela será tua alegria,E será, ela só, tua ventura...A vida é vã como a sombra que passa...Sofre sereno e de alma sobranceira,Sem um grito sequer, tua desgraça.Encerra em ti tua tristeza inteira.E pede humildemente a Deus que a faça Tua doce e constante companheira... Manuel Bandeira 19 de junho
  • 21. Rua Procuro a rua que ainda me resta: É longa, é alta, não é essa. Esqueço o nome, por sono ou pressa: é alta, é clara, mas não é esta. Em cada esquina havia uma festa: é clara, é vasta, não é essa. Nunca me lembro onde começa: é vasta, é longa, mas não é esta. Rua que não se manifesta: é longa, é alta, não é essa. Cecília Meireles 20 de junho
  • 22. A atitude otimista tem o poderde dissipar as névoas que turvamnossa visão.O livro das Atitudes 21 de junho
  • 23. O mais importante é a mudança,o movimento,o dinamismo,a energia.Só o que está morto não muda !Repito por pura alegria de viver:a salvação é pelo risco,sem o qual a vida não vale a pena!!! Clarice Lispector 22 de junho
  • 24. Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães,cada um vai embora com um pão...Porém, se dois homens vêm andando por uma estradacada um carregando uma idéia, e, ao se encontrarem,eles trocam as idéias, cada homem vai emboracom duas idéias... Ditado chinês 23 de junho
  • 25. Canção amiga Eu preparo uma canção Em que minha mãe se reconheça Todas as mães se reconheçam E que fale como dois olhos Caminho por uma rua Que passa em muitos países Se não me vêem, eu vejo E saúdo velhos amigos Eu distribuo um segredo Como quem ama ou sorri De um jeito tão natural Dois carinhos se procuram Minha vida, nossas vidas Formam um só diamante Aprendi novas palavras E tornei outras mais belas Eu preparo uma canção Que faça acordar os homens E adormecer as crianças.“ Carlos Drummond de Andrade 24 de junho
  • 26. Há quem diga que todas as noites são de sonhos.Más há também quem garanta que nem todas,só as de verão.No fundo, isso não tem importância.O que interessa mesmonão é a noite em si, são os sonhos.Sonhos que o homemsonha sempre, em todos os lugares,em todas as épocas do ano,dormindo ou acordado. Shakeaspeare 25 de junho
  • 27. Lembro-me de quando era criança e via,como hoje não posso ver, a manhã raiar sobre a cidade. Ela não raiava para mim,mas para a vida. Porque então eu,não sendo consciente, eu era a vida.E via a manhã e tinha alegria. Hoje vejo a manhã, tenho alegria, e fico triste.Eu vejo como via, mas por trás dos olhos, vejo-me vendo. E só com isso,se obscurece o sol, o verde das árvores é velho,e as flores murcham antes de apreciadas.Fernando Pessoa 26 de junho
  • 28. Apresentação Aqui está a minha vida – esta tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento. Aqui está a minha voz – esta concha vazia, Sombra de som curtindo o seu próprio lamento. Aqui está a minha dor – este coral quebrado, Sobrevivendo ao seu patético momento. Aqui está a minha herança – este mar solitário, Que de um lado era amor e, do outro, esquecimento. Cecília Meireles 27 de junho
  • 29. Eu conheço a residência da dor é um lugar afastado, sem vizinhos, sem conversa,quase sem lágrimas, com umas imensas vigílias, diante do céu. A dor não tem nome, não se chama, não atende. Ela mesma é solidão: nada mostra, nada pede, não precisa. Vem quando quer. O rosto da dor está voltado sobre um espelho, mas não é rosto de corpo, Nem o seu espelho é do mundo. Conheço pessoalmente a dor. A sua residência, longe, em caminhos inesperados. Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores. E ouço dizer: “Quem visse, como vês, a dor, já não sofria.” E olho para ela, imensamente. Conheço há muito tempo a dor. Conheço-a de perto. Pessoalmente. Cecília Meireles 28 de junho
  • 30. Presença É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, o trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu te sentir como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca de pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te! Mário Quintana 29 de junho