1. Carlos Pena Filho
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Qua, 31 de Março de 2010 15:35 - Última atualização Qua, 31 de Março de 2010 15:36
Maria do Carmo Andrade
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
pesquisaescolar@fundaj.gov.br
Dotado de aguda imaginação, sensibilidade e inteligência
estéticas,Carlos Pena Filho teria de sacudir a sua geração,
logo emseus inícios, com a sua mensagem, no que ela tinha
de mais convocador: alucidez.
J. Gonçalves de Oliveira
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Carlos Souto Pena Filho, poeta pernambucano, nasceu no Recife no dia 17 de maio de
1928. Seu pai era o comerciante português Carlos Souto Pena e sua mãe D. Laurinda
Souto Pena. Cursou o primário e o ginásio (hoje ensino fundamental) em Portugal.
Quando voltou ao Recife, estudou no Colégio Nóbrega e no Joaquim Nabuco.
Muito cedo começou a escrever e manifestar sua vocação poética. Em 1947,
publicou no Diário de Pernambuco o soneto Marinha. Daí em diante continuou
publicando seus poemas nos suplementos nordestinos e também em publicações do
Sul do País. Suas composições passaram a ser lidas e requisitadas. Era saudado como
promessa de um grande poeta da novíssima geração pernambucana.
Os primeiros sonetos e poemas escritos foram reunidos e publicados sob o título
geral de O tempo de busca. Tempos depois, tendo se ligado ao grupo de O
Gráfico Amador
, Carlos Pena Filho publicou um longo poema intitulado
Memórias do Boi Serapião
, impresso nas oficinas da rua Amélia com projeto gráfico de
Aloísio Magalhães
, sob a supervisão de Gastão de Holanda, Orlando da Costa Ferreira e José Laurênio
de Melo. O poema é uma versão erudita do gênero de cordel e inicia de forma
sentimental e melancólica, dizendo:
“Este campo, vasto e cinzento/ não tem começo nem fim/ nem de leve desconfia, das
coisas que vão em mim”.
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Colaborou com o Diario de Pernambuco, Diário da Noite, Folha da Manhã,porém
marcou sua atividade jornalística, principalmente, no
Jornal do Commercio
, onde dirigiu a seção
Literatura
, mais tarde intitulada
Rosa dos Ventos
.
Ao ingressar na Faculdade de Direito do Recife , em 1953, juntou-se a antigos
companheiros do Colégio e a muitos novos amigos, na sua grande parte, membros de
uma geração que se interessava muito pela política, pela sociologia e, principalmente,
pela literatura, e muito pouco pela Ciência do Direito. Havia, naturalmente, as exceções
que estão hoje investidas em brilhantes bacharéis. Ali foram seus amigos mais
chegados: José Souto Maior Borges, Geraldo Mendonça, Eduardo Moraes, José
Francisco de Moura Cavalcanti, Sileno Ribeiro, Sérgio Murilo Santa Cruz, José Meira,
Joaquim Mac Dowell, Edmir Domingues, César Leal, Mozart Siqueira e muitos outros
que representavam dimensões de inteligência em flor, cujo tempo mental teria de ser
dedicado à Ciência do Direito.
Tendo realizado um mediano exame vestibular, Carlos Pena Filho impôs-se
graças à sua sólida cultura. Isso não o impedia de recorrer, vez por outra, à sua
imaginação para se safar dos imprevistos. Certa feita, havendo se equivocado durante
uma prova oral sobre determinada questão de Direito, refutou o professor que o
advertia afirmando com ênfase que um novo mas já “famoso jurista europeu” – Fred
Zimeman – pensava do modo como se expressara. O professor aceitou sua “tirada”
sem saber, e provavelmente nunca soube, que Fred Zimeman, era justamente um
diretor cinematográfico de invulgar talento, responsável pela direção do filme Mata
r ou Morrer
, um dos melhores
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westerns
de todos os tempos,
então em voga.
No mesmo ano de sua formatura (1957), publicou pela Secretaria do Estado de
Pernambuco A vertigem lúcida. Carlos Pena estava no auge de sua arte e as
edições dos seus livros logo se esgotavam.
O poeta assumiu a função de Procurador do Serviço Social contra o Mucambo
aumentando-lhe a responsabilidade e restringindo-lhe os momentos de sonho. Contudo,
sua obra poética já editada, acrescida de poemas novos, foi reunida e publicada sob o
título de Livro Geral.
A obra de Carlos Pena Filho revela sentimento de delicadeza e cuidado para não
ofender as pessoas e as idéias. Ele era conhecido pelos amigos, como sendo uma
pessoa muito comunicativa, sorridente, cordial, tolerante e compreensiva. Naturalmente,
muito dessas características eram passadas para sua obra.
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5. Carlos Pena Filho
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Sua última poesia, Eco, foi publicada no Jornal do Commercio, no domingo,
véspera de sua morte trágica.
No dia 2 de junho de 1960, o poeta estava no carro de seu amigo, o advogado
José Francisco de Moura Cavalcanti, quando foram atingidos por um ônibus
desgovernado. Carlos Pena recebeu uma violenta pancada na cabeça. O rádio logo
divulgou a notícia e as autoridades e os amigos acorreram ao Pronto Socorro. O
motorista e Moura Cavalcanti tiveram ferimentos leves, mas Carlos Pena não resistiu
aos ferimentos e morreu no dia 10 de junho de 1960.
Deixou desolados seus amigos, os intelectuais de todo o Brasil, sua esposa D. Maria
Tânia, sua filhinha Clara Maria, seus dois irmãos, Fernando e Maria. O cortejo fúnebre,
com discursos à beira da sepultura e com grande acompanhamento de pessoas
demonstrou quanto o poeta era querido.
O CHOPE
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Na avenida Guararapes,/ o Recife vai marchando./
O bairro de Santo Antônio,/ tanto se foi transformando/
Que, agora, às cinco da tarde/ mais se assemelha a um
festim,/
O refrão tem sido assim: são trinta copos de chope,/ são
trinta homens
Sentados, trezentos desejos presos,/ trinta mil sonhos
frustrados.
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Recife, 11 de novembro de 2004.
(Atualizado em 9 de setembro de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
PENA FILHO, Carlos.L ivrogeral. Recife: Universidade
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Federal de Pernambuco, 1969.
______.O Tempo de busca. Recife: Região, [195-?].
SILVA, Jorge Fernandes da. Vidas que não morrem. Recife
: Secretaria de Educação, 2000. v.1.
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COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: ANDRADE, Maria do Carmo. Carlos Pena Filho. Pe
squisa Escolar On-Line
, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <
http://www.fundaj.gov.br
>. Acesso em:
dia
mês ano
. Ex: 6 ago. 2009.
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