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2009
Plano Estratégico
da Construção
Inovação e Competitividade em Portugal
Daniel Tiago Fraga Campos
Direcção de Empresas | EGP-UPBS
2. FICHA
TÉCNICA
PLANO ESTRATÉGICO DA CONSTRUÇÃO Título
Inovação e Competitividade em Portugal Sub-Título
Daniel Tiago Fraga Campos Autor
Escola de Gestão do Porto Instituição
Pós-Graduação em Direcção de Empresas Curso
Inovação e Competitividade na Construção Módulo
Novembro de 2009 Data
Porto, Portugal Local
3. PLANO ESTRATÉGICO DA CONSTRUÇÃO
INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE EM PORTUGAL
SUMÁRIO EXECUTIVO
O Plano Estratégico da Construção é uma iniciativa no âmbito da disciplina de
Inovação e Competitividade na Construção da Pós-Graduação em Direcção de
Empresas, da responsabilidade do autor, que visa servir de base à concretização de
acções de carácter inovador definidas para inverter a situação de profunda crise no
sector da Construção e promover o seu crescimento sustentado nos próximos anos.
Este documento sintetiza as conclusões do diagnóstico, os objectivos e linhas de
desenvolvimento estratégico para o sector, que foram materializadas em 3 eixos:
> Sinergias e Inovação Tecnológica;
> Marcas e Mercados;
> Reestruturação.
A concretização destes eixos é realizada pela implementação de 7 projectos, a
vários níveis e englobando múltiplas entidades:
> Manutenção e Conservação de Vias Rodoviárias;
> Reabilitação e Manutenção de Edifícios;
> Arrendamento Imobiliário;
> Reestruturação do Sector;
> Internacionalização: Marca Construção Portugal;
> Produção Combinada de Energia Eólica-Hídrica;
> Investigação e Desenvolvimento.
DANIEL TIAGO FRAGA CAMPOS © NOV 2009
4. PLANO ESTRATÉGICO DA CONSTRUÇÃO
INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE EM PORTUGAL
ÍNDICE
1. Introdução…………………………………………………………………………………… 4
2. Conjuntura e Evolução……………………………………………………………… 5
2.1. Economia Nacional…………………………………………………………… 5
2.2. Sector da Construção……………………………………………………… 6
3. Caracterização do Sector…………………………………………………………… 7
4. Visão e Objectivos……………………………………………………………………… 11
4.1. Visão para o Sector………………………………………………………… 11
4.2. Proposta de valor…………………………………………………………… 11
4.3. Objectivos………………………………………………………………………… 11
5. Linhas de Desenvolvimento Estratégico………………………………… 12
5.1. Manutenção e Conservação de Vias Rodoviárias…………… 12
5.2. Reabilitação e Manutenção de Edifícios…………………………… 14
5.3. Arrendamento Imobiliário………………………………………………… 16
5.4. Reestruturação do Sector………………………………………………… 17
5.5. Internacionalização: Marca Construção Portugal…………… 19
5.6. Produção Combinada de Energia Eólica-Hídrica……………… 21
5.7. Investigação e Desenvolvimento……………………………………… 22
DANIEL TIAGO FRAGA CAMPOS © NOV 2009
5. PLANO ESTRATÉGICO DA CONSTRUÇÃO
INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE EM PORTUGAL
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1. INTRODUÇÃO
O sector da construção atravessa de momento uma situação muito grave, com
quebras significativas em todos os indicadores que reflectem a sua actividade.
Para além das dificuldades naturais intrínsecas a um mercado deprimido como
aquele que se vive actualmente, ressurgem com violência fenómenos típicos de
uma conjuntura adversa que se repercutem, em cascata, sobre a totalidade do
tecido empresarial: intensificação dos atrasos de pagamento por parte do Estado,
aviltamento de preços, desemprego, riscos agravados de quebra de segurança e de
falhas de qualidade.
A origem dos problemas existentes é simultaneamente conjuntural e estrutural,
sendo que, quanto ao primeiro aspecto, ela reflecte as dificuldades inerentes a um
ciclo económico, tanto interna, como externamente em fase depressiva, e quanto
ao segundo, espelha a urgência da tomada de medidas de modernização e
reconversão do sector da construção.
Os problemas conjunturais, dadas as características próprias deste sector,
combatem-se com instrumentos de dinamização do crescimento económico, entre
os quais ressalta o investimento público selectivo, por via do efeito multiplicador
que ele exerce sobre um considerável número de outras variáveis económicas; a
não ser utilizado, corre-se o risco de vir a pagar, por outra via – subsídios de
desemprego e outros instrumentos de política social –, aquilo que poderia ser
canalizado para a criação da riqueza futura. Abdicar de uma política que privilegie o
investimento público como catalizador da recuperação económica é pôr, também,
em risco o aproveitamento integral dos fundos comunitários atribuídos a Portugal e
hipotecar o esforço que tem sido desenvolvido no sentido da convergência do nosso
nível de infraestruturação com o resto da Europa.
Do ponto de vista estrutural, o sector português de construção tem de avançar
muito rapidamente para um modelo centrado na concentração e na especialização,
tal como já vêm fazendo desde há muito outros países europeus.
Urgem portanto políticas, medidas e acções de carácter inovador que permitam
inverter esta situação e tornar a Construção Portuguesa numa referência mundial
de elevada competitividade.
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INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE EM PORTUGAL
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2. CONJUNTURA E EVOLUÇÃO
2.1. ECONOMIA NACIONAL
À semelhança das restantes economias desenvolvidas, em 2008, a portuguesa
registou forte abrandamento da actividade económica e as expectativas para os
anos seguintes são extremamente negativas.
O Produto Interno Bruto (PIB) registou uma taxa de crescimento de 0,3% em 2008,
e as últimas projecções do BdP apontam para decréscimos de 0,8% em 2009 e de
0,3% em 2010. Note-se que o comportamento do PIB é explicado por uma quebra
da procura, consequência do aumento do desemprego, das restrições de crédito a
empresas e famílias, falta de confiança na economia e nas instituições e pela
redução expressiva das exportações (estimativa de -3.9% em 2009).
A taxa de inflação situou-se nos 2.7% em 2008 e projecta-se 1% e 2% para 2009 e
2010 respectivamente. Estas taxas, desconfortavelmente baixas, são justificadas
maioritariamente pelas quebras do preço do petróleo e das matérias-primas não
energéticas, mas também pelas restrições ao crédito e quebra de confiança dos
consumidores. Importa ainda realçar que, no quadro da União Monetária Europeia,
deseja-se uma inflação abaixo, mas próxima, dos 2%, e que o risco de um ciclo
longo de crescimento nulo e deflação, embora improvável, existe.
De acordo com BdP o emprego registou um aumento de 0,5% em 2008 fruto
essencialmente do incremento verificado no primeiro semestre, situação que deve
inverter para -1% em 2009 e -0,2% em 2010. Este aumento conjugado com o
recurso a crédito pelas famílias (e consequente redução da taxa de poupança) levou
a que o consumo privado apresentasse um abrandamento marginal.
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7. PLANO ESTRATÉGICO DA CONSTRUÇÃO
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2.2. SECTOR DA CONSTRUÇÃO
O sector atingiu no início do ano mínimos históricos, evidenciando actualmente
alguns sinais de recuperação da actividade, abrindo novas perspectivas sobre a
evolução futura. No entanto mantêm-se muito desfavoráveis alguns indicadores,
nomeadamente: o consumo de materiais, onde se registou uma quebra de 15%
no consumo do cimento; o nível de desemprego na construção, onde se
encontram cerca de 57mil pessoas; o crescimento de desemprego na
construção, que verifica a maior taxa da economia portuguesa com 73%; o
licenciamento de novos fogos habitacionais, que registou uma queda de 49%;
a área licenciada para construção não residencial, que registou igualmente
uma queda de 30%.
As empresas continuam numa situação financeira desfavorável e continuam a
assinalar fortes condicionantes à normal actividade, nomeadamente a reduzida
procura e os atrasos nos pagamentos por parte do Estado. Em termos Europeus,
observa-se uma estabilização do nível de confiança, mas uma previsão desfavorável
em relação ao nível de carteira de encomendas e à evolução futura do emprego.
O valor do índice de actividade mantém-se abaixo da média da última década.
O indicador de confiança teve uma pequena recuperação face aos mínimos
alcançados no início do ano, mas já denota uma nova quebra, continuando abaixo
dos valores observados em 2008.
Em relação à carteira de negócios, as empresas mantêm uma expectativa
desfavorável, tendo-se acentuado as tendências que já vinham a ser observadas
nos diferentes segmentos do sector da construção. Os segmentos da construção
residencial e não residencial sofreram uma quebra superior a 30%, com especial
destaque para a redução de 87% nos edifícios destinados a transportes, 56% no
turismo, 38% no comércio e 17% na indústria. Na construção de edifícios não
residenciais públicos, a sua evolução continua a apresentar um acentuado
dinamismo, fruto do crescimento anormal na área da reabilitação dos edifícios
escolares. As obras de engenharia civil sofreram um significativo aumento,
assumindo particular relevo as denominadas obras de urbanização (saneamento,
abastecimento de água, parques e ajardinamentos e trabalhos diversos de
requalificação urbana), as quais, pesando 35% do total de trabalhos de engenharia
civil adjudicados, aumentaram cerca de 115%.
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8. PLANO ESTRATÉGICO DA CONSTRUÇÃO
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3. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR
A indústria da construção em Portugal, à semelhança do que acontece noutros
países, tem uma importância significativa no conjunto da economia nacional. Como
é sabido, o sector da Construção é um sector muito diferenciado dos outros
sectores de actividade, quer em termos produtivos, quer em termos de mercado de
trabalho.
Trata-se de um sector que apresenta uma cadeia de valor muito extensa, pois
recorre a uma ampla rede de inputs, proporciona o aparecimento de externalidades
positivas às restantes actividades e gera efeito multiplicadores significativos a
montante e a jusante.
A construção é uma actividade económica com especificidades próprias,
caracterizada por uma grande diversidade de:
Clientes, com uma procura que vai do Estado ou das Autarquias ao
Particular que pretende auto-construir;
Empresas, das grandes multinacionais aos pequenos promotores
tradicionais;
Projectos, onde cada obra apresenta, geralmente, características
diferentes, o que dificulta o desenvolvimento de produtos e processos de
fabrico estandardizados;
Produtos, que cobrem desde a habitação tradicional às obras mais
complexas como por exemplo estradas ou barragens;
Operações Produtivas, onde o produto final resulta da interacção entre
várias especialidades com graus diferenciados de exigência e tecnologia;
Tecnologias, em resultado da intervenção numa empreitada de diversas
especialidades e da coexistência de tecnologias de produção novas com
antigas;
Unidades Produtivas, em que as empresas com grandes meios e
capacidades e tecnologicamente mais evoluídas laboram a par de empresas
com um aproveitamento limitado das tecnologias disponíveis e com
utilização abundante do factor mão-de-obra.
O impacto do sector da construção no produto faz-se sentir, quer a montante, nas
empresas de materiais e de equipamentos de construção (p.e. maquinaria diversa,
cimento, aço, vidro, tintas, plástico, janelas, etc) e de serviços (de consultoria,
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arquitectura, engenharia, etc.), que a jusante nas empresas de equipamentos (p.e.
mobiliário, equipamento doméstico, etc.) e de serviços (p.e. abastecimento de
energia, manutenção e decoração, seguros, serviços jurídicos, etc.).
Consequentemente, a actividade da construção tem um importante impacto sobre o
emprego.
A procura dirigida a este sector depende directamente do grau de desenvolvimento
da economia, da conjuntura económica e do montante das despesas públicas, ou
seja, mais do que em qualquer outro sector de actividade, a sua evolução depende
do montante e das fases de investimentos em outros sectores. Estamos pois
perante uma actividade tendencialmente pró-cíclica, ou seja, expansões mais
marcadas que a economia global em fases positivas do ciclo e recessões mais
profundas em períodos negativos, sendo por isso mesmo a sua dinâmica
frequentemente considerada como um dos principais indicadores de uma economia,
ou um dos seus barómetros.
Em termos de modelo de financiamento do sector, assinalam-se alguns elementos
essenciais. Em primeiro lugar, de relevar que as transferências comunitárias
constituíram o elemento central de modulação do ciclo de investimento público.
Complementarmente, o financiamento privado dos diferentes segmentos da CCOP
tem tido uma grande preponderância.
Para a banca, este sector tem sido atractivo, em particular na rendibilidade que
estes negócios apresentavam numa conjuntura caracterizada pelo excesso de
capitais privados remunerados com reduzidas taxas de retorno devido ao nível
historicamente baixo das taxas de juro de curto, médio e longo prazo.
Por outro lado, o financiamento privado das obras e dos serviços públicos surge
como uma solução conjuntural para sustentar num nível elevado o investimento em
infra-estruturas, sem agravar o défice e sem aumentar dos impostos. Daqui se
conclui que, em grande parte, o crescimento sustentado da indústria da construção
em Portugal tem tido, nos últimos anos, como base três pilares de financiamento
distintos: a União Europeia, o Estado Português e a Banca.
As empresas portuguesas têm alargado, num curto intervalo de tempo, o seu
espaço de actuação do território nacional para o conjunto dos países da União
Europeia, Europa de Leste e PALOPs, o que conduziu à adopção de novas políticas
de contratação de mão-de-obra e ao recurso, aparentemente de forma
indiferenciada, quer ao mercado formal, quer ao mercado informal como espaços
de desenvolvimento económico.
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INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE EM PORTUGAL
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Em termos de emprego, esta conjuntura tem implicado dois tipos de
desenvolvimentos: por um lado a necessidade de uma maior competitividade
empresarial leva a que a estratégia empresarial preferencial passe por um
“downsizing” e por uma externalização das funções produtivas consideradas não
essenciais ou outsourcing, isto é, diminuem os seus quadros de pessoal, adoptando
uma política que implica passar a subempreitar as diversas fases de realização das
obras, reservando para o empreiteiro geral e para o dono de obra uma função de
coordenação geral.
Em termos da distribuição da mão-de-obra disponível no sector, este facto implica
um redimensionamento dos quadros das grandes e médias empresas, que têm
vindo a reduzir o seu quadro de pessoal, e um aumento do número de pequenas
empresas que passam a funcionar como subcontratadas das primeiras.
Por outro lado, as necessidades de mão-de-obra implicam um processo de novos
recrutamentos de pessoal não qualificado ou semi-qualificado. Perante condições
remuneratórias pouco atraentes no mercado formal, este recrutamento faz-se
sobretudo no mercado informal com condições salariais mais atractivas (mas
menores remunerações sociais) que seduzem um conjunto diversificado de
trabalhadores, designadamente trabalhadores nacionais e trabalhadores imigrantes,
quer dos tradicionais países fornecedores de mão-de-obra do mercado português
(ex: PALOP), quer de países recém chegados ao mercado internacional de mão-de-
obra (ex: países de Leste Europeu).
Em Portugal, estas contratações ocorrem quer directamente contratando
trabalhadores para os seus quadros; quer através de empresas de cedência
temporária de mão-de-obra; quer subcontratando a outras empresas partes ou
tarefas numa obra.
Esta estratégia permite às grandes empresas portuguesas enviar para as
empreitadas nos países da EU a mão-de-obra dos seus próprios quadros e/ou
colocar em subempreitadas no exterior mão-de-obra propositadamente contratada
para o efeito ao mesmo tempo que asseguram ou mantêm a sua carteira de
encomendas em território nacional.
Outra das condicionantes deste sector tem a haver com o facto de exercer a sua
actividade num quadro estrutural de trabalhos cíclicos, o que proporciona a
existência de múltiplas empresas mas, na sua maioria, com um número reduzido
de pessoas no quadro de pessoal e com grande rotatividade de trabalhadores.
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Esta abundância de mão-de-obra é uma das razões principais do fraco investimento
em formação realizado pelas empresas do sector. Para as empresas, não é
economicamente vantajoso formar pessoas que rapidamente se transferem para
outra empresa.
Os trabalhadores deste sector também não se sentem motivados para trocarem
os benefícios imediatos que advêm do exercício da sua actividade pelos potenciais
benefícios que poderão advir no investimento em formação não remunerada. Como
consequência, a produtividade da mão-de-obra é difícil de avaliar, dado que
emprega ainda um volume significativo de mão-de-obra flutuante e/ou informal não
contabilizável. No entanto, dado o baixo nível de qualificações, associado a um
deficiente dimensionamento da tecnologia (i.e. de tecnologia não adaptada às
necessidades), a uma fraca inovação nos métodos de trabalho utilizados, a uma
deficiente qualidade dos projectos, a uma ausência de estandardização assim como
de uniformização e normalização de produtos e a uma deficiente gestão de stocks,
os dados disponíveis parecem sustentar que a produtividade gerada pelo sector é,
em geral, menor que a média nacional.
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4. VISÃO E OBJECTIVOS
4.1. VISÃO PARA O SECTOR
Portugal será uma das maiores potências mundiais na área da construção,
exportando conhecimento e tecnologia de construção através das empresas do
sector, desde as grandes multinacionais até às pequenas e médias empresas.
Portugal funcionará como uma plataforma de gestão, investigação e
desenvolvimento.
A nível interno, as empresas de construção serão especialistas na área da
conservação, manutenção e reabilitação, estando na vanguarda do aproveitamento
das sinergias com os sectores da energia, gestão de resíduos, logística e turismo.
Portugal será a maior potência mundial de produção de energias renováveis e um
dos países de maior eficiência na gestão de resíduos. A nível europeu, Portugal será
a maior plataforma logística, o destino mais visitado e o maior mercado de segunda
habitação.
4.2. PROPOSTA DE VALOR
A proposta de valor do sector da construção Portuguesa aposta na combinação dos
elementos diferenciadores e dos elementos qualificadores do sector.
Os elementos diferenciadores constituem as capacidades que distinguem a
Construção Portuguesa das restantes a nível internacional: elevada produtividade,
elevada capacidade de adaptação, facilidade de comunicação/relacionamento e
elevada capacidade de gestão de recursos.
Os elementos qualificadores são os necessários para qualificar Portugal para o
leque das grandes obras internacionais: elevada experiência, ampla gama de
especialidades, segurança e qualidade na execução e excelência na relação
qualidade / preço.
4.3. OBJECTIVOS
> Crescimento sustentado acima da média europeia, com especial incidência ao
nível das receitas, e redução da dependência das obras públicas;
> Aumento da contribuição do sector na economia, mantendo-se como um dos
principais motores do crescimento da economia portuguesa;
> Redução e estabilização do nível de desemprego no sector.
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5. LINHAS DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO
5.1. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DE VIAS RODOVIÁRIAS
CONTRATOS DE CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO
Após a construção das concessões rodoviárias que se encontram actualmente em
fase de execução, o mercado nacional da construção de vias rodoviárias deverá
estagnar. No entanto, o pavimento betuminoso que constitui a maioria das actuais
vias rodoviárias requer uma manutenção considerável, sendo objecto de renovação
da camada de desgaste num período cíclico de 3 a 5 anos. Isto significa que existe
um segmento de mercado das vias rodoviárias com elevado potencial e
sustentabilidade – a conservação e manutenção.
As empresas deverão portanto apostar em obter a maior cota de mercado de
contratos de manutenção de vias rodoviárias no país.
O processo de concretização desta estratégia deverá passar por abordar
directamente as entidades responsáveis pela gestão das vias rodoviárias não
concessionadas – Estradas de Portugal e Autarquias – e propor a realização de uma
espécie de seguro de manutenção, em que estas entidades pagam um valor fixo
mensal e sempre que seja necessário algum tipo de manutenção, dentro de
determinados critérios, a manutenção é efectuada sem quaisquer custos
extraordinários.
O processo de concretização da estratégia deverá igualmente passar pela aliança
estratégica com uma entidade seguradora, em que esta assumirá a gestão do risco
dos custos extraordinários e a empresa assume a execução de todos os trabalhos
de manutenção.
ENERGIA RODOVIÁRIA
O movimento dos automóveis pode ser convertido em electricidade através de
geradores piezoeléctricos colocados debaixo dos pavimentos rodoviários. As
empresas devem investir neste segmento, aproveitando sinergias entre os
segmentos de Vias Rodoviárias e Energias Renováveis e tirando partido das
vantagens da solução: nível de produção equivalente à energia eólica (potencial de
captação de energia de 250KW.h, valor suficiente para abastecer mais de 500
casas), energia economicamente competitiva face à energia do carbono e retorno
do investimento inferior às restantes energias renováveis – no máximo 12 anos.
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O processo de concretização da estratégia deverá passar pela aquisição dos
equipamentos à empresa israelita que detém a patente da tecnologia
INNOWATTECH e pela aquisição dos direitos de exploração da energia rodoviária
através de alianças estratégicas com as entidades responsáveis pela gestão das
vias rodoviárias não concessionadas – Estradas de Portugal e Autarquias –, em que
a manutenção das vias rodoviárias seria feita a custo zero ou a um custo reduzido,
desde que lhe fosse permitida a exploração do sistema de produção de energia que
iria implementar durante a fase de manutenção das vias rodoviárias.
REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS NOS PAVIMENTOS RODOVIÁRIOS
O tratamento e deposição final dos pneus usados e dos pavimentos betuminosos
fresados é um problema ambiental com que o Estado Português se tem confrontado
nos últimos anos.
A reutilização destes resíduos na produção de novos pavimentos rodoviários, para
além dos evidentes benefícios ambientais (por exemplo, os pneus deixam de ser
queimados ou depositados em lixeiras ou aterros), é uma solução viável e
particularmente interessante para a resolução de diversos problemas nos
pavimentos, uma vez que contribui, de uma forma geral, para um aumento da
resistência à fadiga, diminuição da susceptibilidade à temperatura, diminuição da
sensibilidade ao envelhecimento e diminuição do ruído, relativamente às misturas
betuminosas convencionais. Destas melhorias resulta uma diminuição da espessura
das camadas betuminosas e uma diminuição dos custos de conservação ao longo
da vida de serviço dos pavimentos, com benefícios económicos, que tendo em
conta a escassez de recursos para investimentos em infra-estruturas rodoviárias
que se verifica no nosso país, torna a tecnologia envolvida na pavimentação um
item importante que merece a devida atenção.
As empresas devem assim promover a utilização deste tipo de pavimentos e a
introdução de constituintes reciclados na produção de novos materiais. Para tal
deverão investir em laboratórios de investigação e desenvolvimento de materiais e
efectuar parcerias com universidades.
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5.2. REABILITAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS
Há muitos anos que a reabilitação urbana se avista como um mercado de elevado
potencial. No entanto, por motivo de falta de capacidade financeira dos
proprietários, da existência duma legislação de arrendamento inadequada e da
dificuldade de expropriação em caso de necessidade, este sector da construção
encontra-se literalmente estagnado e sem grande crescimento.
A política de reabilitação urbana nos grandes centros históricos das cidades
portuguesas, nomeadamente na cidade do Porto, tem passado pela expropriação
dos bens imóveis aos proprietários em quarteirões completos, realojamento dos
arrendatários em bairros camarários e posterior lançamento de concursos para
reabilitação e construção de imóveis de luxo e hotelaria.
Esta política não parece ser a mais correcta, no entanto, tem que se admitir que é a
possível em zonas de elevada proximidade entre edifícios e fraca exposição solar.
Nas restantes situações, nomeadamente nas periferias das cidades, nos grandes
dormitórios, onde se encontram os edifícios dos anos 80 de grande porte, de linhas
sóbrias e ricos em patologias que reduzem o conforto térmico e acústico das
habitações, a qualidade estética dos imóveis e por vezes colocam em causa as
condições de salubridade dos mesmos, existe outra solução.
As empresas de reabilitação de fachadas poderiam efectuar a reabilitação destes
edifícios a custo zero para os proprietários, tirando partido das sinergias resultantes
com a produção de energia fotovoltaica.
As empresas aplicariam no revestimento das fachadas materiais com capacidade de
produzir energia eléctrica e com elevados índices de eficiência térmica e acústica. O
retorno do investimento na reabilitação, ou seja, na central fotovoltaica, seria
obtido pela exploração da energia eléctrica cedida pelos proprietários. Desta forma,
ambas as entidades ficariam a ganhar: os proprietários que usufruíam da
reabilitação dos imóveis sem qualquer custo, assim como a manutenção por um
período de 20 anos, que de outra forma não seria possível, entrando os imóveis em
elevado estado de degradação; as empresas de reabilitação, a par do trabalho de
construção, tornar-se-iam promotores/produtores de energia fotovoltaica, apenas
tendo como investimento inicial o custo dos equipamentos e respectiva montagem;
o espaço ocupado seria a custo zero, não existindo quaisquer investimentos em
terrenos ou o pagamento de quaisquer arrendamentos de espaços para
implementação dos sistemas fotovoltaicos.
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Face ao período de retorno médio do investimento de 5 a 8 anos, este negócio
obrigaria as empresas a efectuar parcerias com entidades de financiamento de
crédito. No entanto, após os primeiros 5 anos tornar-se-ia auto-sustentável, facto
inédito na construção.
Como é óbvio, os edifícios elegíveis para este negócio teriam ser alvo de uma
selecção extremamente criteriosa e rígida, no sentido de garantir uma exposição
solar adequada dos equipamentos e sua consequente rendibilidade. No entanto,
esta medida significaria enormes progressos na reabilitação urbana e sua
sustentabilidade, com elevados benefícios para as populações, autarquias e
empresas promotoras.
Para tornar possível esta medida, o Estado e as empresas responsáveis pelas infra-
estruturas eléctricas deveriam procurar melhorar as mesmas, no sentido de não
limitar a injecção de energia na rede e permitirem valores de potência que tornem
o sistema rentável.
As empresas de reabilitação deveriam efectuar parcerias com universidades e
laboratórios de desenvolvimento de materiais, de modo a permitir o crescimento
mais acelerado da gama e potencialidade destes equipamentos, sua adequação à
função de revestimento de fachada e sua diversidade em termos estéticos.
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5.3. ARRENDAMENTO IMOBILIÁRIO
Face à actual situação do mercado imobiliário, as vendas de imóveis, em particular
os apartamentos, diminuiu consideravelmente, deixando os
promotores/construtores numa situação delicada com elevado stock de
apartamentos. Tendo em conta as perspectivas aliciantes do segmento de
arrendamento imobiliário a médio prazo, relacionadas com a crescente necessidade
de maior mobilidade das pessoas no trabalho, as empresas deverão tirar partido do
potencial deste segmento para resolver o problema do baixo nível de vendas e da
falta de retorno do capital investido.
O processo de concretização desta estratégia deverá passar pela criação de uma
bolsa nacional de arrendamento de imóveis distribuídos por todas as capitais de
distrito, em que os imóveis são classificados em função da localização, área,
qualidade de construção, proximidade de serviços e transportes públicos – para
edifícios com a mesma classificação, será cobrado o mesmo valor monetário.
Qualquer cliente que necessite mudar de habitação, mantendo a mesma
classificação, sabe que pagará o mesmo valor, não correndo o risco de, por motivos
de mudança de emprego ou cidade, ter de pagar eventualmente valores muito mais
elevados.
Oferece-se assim a garantia de cobertura de risco e maior estabilidade financeira ao
cliente ao longo da sua vida. Com este modelo garantir-se-á uma fidelização dos
clientes, situação rara no sector da imobiliária.
De modo a não prejudicar os clientes em situações de não disponibilidade imediata
de apartamento para a zona pretendida, deverá ser feita uma aliança estratégica
com cadeias hoteleiras para acolherem os clientes temporariamente ao mesmo
custo do aluguer do apartamento.
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5.4. REESTRUTURAÇÃO DO SECTOR
Existem actualmente em Portugal 56.400 empresas habilitadas a exercer a
actividade da construção. Consoante os subsectores da construção, entre 60% a
90% das empresas são de pequena e média dimensão. A maior empresa do sector,
a Mota-Engil, não consegue figurar no top espanhol. Milhares das pequenas
empresas da construção são constituídas por 9 ou menos colaboradores, sendo a
maioria mão-de-obra produtiva e não existindo qualquer tipo de estrutura de apoio.
FUSÃO DE EMPRESAS
Do ponto de vista estrutural, o sector português de construção tem de avançar
muito rapidamente para um modelo centrado na concentração e na especialização,
tal como já vêm fazendo desde há muito outros países europeus.
A concentração, ao contrário do que muitos erradamente são levados a pensar, é
um poderoso instrumento de clarificação e disciplina dos mercados, pois permite
uma estratificação mais eficaz e uma rentabilização a todos os níveis do tecido
empresarial, induzido pelo efeito motor que as grandes unidades empresariais
exercem sobre os mercados.
Para além deste aspecto, fulcral, a concentração é incontornável se se quiser
continuar a apostar na internacionalização onde o atributo “dimensão” é condição
fundamental para se ter a possibilidade de aceder aos grandes mercados mundiais.
Não se julgue que a solução pela concentração, e com ela a modernização do sector
da construção, está em exclusivo na mão dos empresários. Tem de haver
conjugação de esforços entre a Administração e os agentes económicos no sentido
de serem criadas condições para se caminhar por essa via. E não só de incentivos
fiscais. Também de enquadramento legislativo, que torne o ambiente em que estas
operações ocorram mais amigável.
Neste contexto urge rever em conformidade o quadro legal que enquadra o sector
da construção, tornando-o mais adequado às exigências de uma economia
moderna, fundada na agilidade, na cooperação entre as partes envolvidas e na
repartição racional do risco.
Do lado da oferta – empresas construtoras –, a legislação deve ser melhorada de
modo a fomentar a constituição de grupos empresariais de dimensão próxima da
média europeia, a premiar os mais capazes e a incentivar os que pretendam aceder
a este patamar, a promover o aumento da produtividade, e a impor níveis de
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INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE EM PORTUGAL
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exigência, quanto ao desempenho da sua actividade, mais elevados, garantindo
melhor qualidade do produto final.
Quanto à procura – as entidades adjudicantes –, os diplomas a rever terão que
consagrar soluções que visem a criação de um clima de confiança entre as partes
contratantes, conter mecanismos que estratifiquem o mercado garantindo que as
obras mais volumosas e mais complexas sejam executadas pelas empresas melhor
apetrechadas, condenar práticas concorrenciais que, com o único objectivo de
garantir o presente, ponham em causa a solidez futura do sector.
AGRUPAMENTOS DE PEQUENAS EMPRESAS
As pequenas empresas, que na sua maioria consistem em subempreiteiros
especializados do sector da construção, deveriam juntar-se em agrupamentos
empresariais, fazendo uma gestão partilhada dos recursos, nomeadamente gestão
contabilística e financeira, gestão de compras, gestão de frotas, gestão de recursos
humanos e equipamentos.
Desta forma, iriam usufruir de uma estrutura de apoio que de outra forma não
teriam a um custo pouco significativo, teriam maior poder negocial nos processos
de compras e aquisição de frotas, teriam maior poder negocial junto dos seus
clientes, poderiam ter uma bolsa partilhada de mão-de-obra e equipamentos
fazendo uma optimização destes recursos.
A competitividade destas empresas seria significativamente melhorada, registando-
se posteriormente desempenhos financeiros mais favoráveis e maior facilidade de
internacionalização.
CLUSTERS DA CONSTRUÇÃO
As grandes empresas de construção tornaram-se autênticas empresas gestoras de
projectos, subcontratando a maioria das especialidades. Isto significa que o
desempenho das grandes empresas de construção, depende quase exclusivamente
do desempenho das empresas suas subcontratadas. Assim, deverão efectuar-se
parcerias a longo termo entre empresas complementares, abrangendo toda a
cadeia de valor da construção, desde as actividades a montante da construção até
às actividades a jusante, criando autênticos clusters da construção. Desta forma, o
desempenho seria assegurado e as empresas de construção portuguesas teriam
maior poder e estabilidade para actuar no mercado internacional.
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INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE EM PORTUGAL
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5.5. INTERNACIONALIZAÇÃO: MARCA CONSTRUÇÃO PORTUGAL
Apesar da forte dependência do Estado a que o sector da Construção nacional foi
habituado ao longo de décadas, as empresas adquiriram algo que lhes permite
romper fronteiras: conhecimento e experiência.
Actualmente a construção nacional está especializada em quase todas as áreas da
construção nomeadamente: edifícios, obras de arte, vias rodoviárias, vias
ferroviárias (via-férrea tradicional, metro e, dentro em breve, via-férrea de alta-
velocidade), infra-estruturas urbanas, obras marítimas, túneis, construções
metálicas, energia (barragens, mini-hídrica, parques eólicos, centrais
termoeléctricas, parques fotovoltaicos), etc.
Para além da parte técnica, as empresas portuguesas já têm um largo
conhecimento e experiência em vários tipos de gestão contratual, desde a
construção tradicional, às parcerias públicos-privadas que tanto agradam os
governos dos países, uma vez que não entram na contabilidade como dívida
pública. Esta poderia ser a porta de entrada para muitos mercados, onde esta
modalidade é encarada como extremamente apelativa.
MARCA «CONSTRUÇÃO PORTUGAL»
Na sequência do descrito no ponto anterior, as empresas deverão então
empreender acções de internacionalização intensiva e o estado português deverá
colaborar nesse sentido, criando a marca “Construção Portugal”. Esta marca
consistiria num reconhecimento internacional do estado português do mérito das
empresas a actuar no estrangeiro. A atribuição da distinção e respectivas auditorias
periódicas seriam da responsabilidade do LNEC – Laboratório Nacional de
Engenharia Civil, mediante o cumprimento de critérios bastante apertados em
termos de conhecimento, experiência, qualidade e segurança. O nível de exigência
seria bastante superior ao normalmente exigido, criando uma clara diferenciação
das empresas no sector a nível mundial. O Estado Português ficaria responsável
pela campanha da marca a nível mundial, da mesma forma como já é feito na área
do Turismo e com uma abordagem mais próxima dos governos dos respectivos
países.
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INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE EM PORTUGAL
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CONCESSÕES RODOVIÁRIAS NOS MERCADOS EXTERNOS
O mercado nacional das concessões rodoviárias está praticamente fechado, não
havendo espaço para as empresas operar de agora em diante. Assim estas devem
apostar nas concessões em mercados externos onde existe um grande potencial de
crescimento deste mercado e do seu respectivo valor. Referimo-nos nomeadamente
à Africa do Sul, Polónia e República Checa.
O processo de concretização desta estratégia deverá passar pela aquisição de
empresas autóctones do segmento de vias rodoviárias com forte implantação no
mercado e boa imagem junto dos clientes, assim como deverá passar pela aliança
estratégica com uma instituição de crédito bancário, afim de obter a capacidade de
financiamento que estes projectos requerem.
ENERGIAS RENOVÁVEIS NOS MERCADOS EXTERNOS
O crescimento das empresas e sua internacionalização poderá passar pela sua
expansão para o mercado externo de construção de instalações de produção de
energias renováveis, nomeadamente parques eólicos, barragens e mini-hídricas,
em países onde se verifica um grande potencial destas energias, um forte
investimento de entidades público-privadas, reforçado pelo interesse dos
respectivos governos em apoiar esse investimento. Referimo-nos nomeadamente
ao México, Chile, África do Sul e Roménia.
O processo de concretização desta estratégia deverá passar pela aliança estratégica
das empresas com clientes actuais do mercado nacional da energia, em que se
verificam relações duradouras, nomeadamente com a Enercon GmbH, EDF Energie
Nouvelle, Finerge, Térmica Portuguesa, EDP Energias Renováveis, Enernova,
Generg, etc.
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INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE EM PORTUGAL
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5.6 PRODUÇÃO COMBINADA DE ENERGIA EÓLICA-HÍDRICA
Dado as empresas terem já uma experiência considerável na construção de parques
eólicos e mini-hídricas, estão em condições de iniciar a sua diversificação para o
investimento directo em energias renováveis a par da sua construção. Mais ainda,
deverão aproveitar o efeito de sinergias dos dois segmentos de energia, para
promover um sistema de produção de energia eléctrica mais eficiente – produção
de energia renovável combinada. Neste sistema, em período de fraca necessidade
de energia na rede eléctrica, a energia eólica poderá ser convertida em energia
potencial hidráulica, através da bombagem de água entre duas albufeiras a cotas
diferentes; em períodos de maior necessidade de energia na rede eléctrica, a mini-
hídrica liberta a água da albufeira superior para a inferior e gera energia
hidroeléctrica.
Desta forma, a mini-hídrica funciona como uma bateria de energia e garante-se a
venda de energia à rede nos períodos em que o preço da energia é superior,
obtendo-se assim rentabilidades mais elevadas. A mini-hídrica poderia ainda ser
munida de um sistema de optimização de inércia que permitiria obter maior
produção de energia eléctrica com a mesma energia potencial. Note-se que este
sistema ainda se encontra em desenvolvimento, o que implicaria alguma
investigação.
O processo de concretização desta estratégia deverá passar por adquirir um direito
de ligação à rede de energia eléctrica nacional, assim como deverá passar pela
aliança estratégica com empresas do ramo eléctrico e uma instituição de crédito
bancário, afim de obter a capacidade de financiamento que estes projectos
requerem.
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23. PLANO ESTRATÉGICO DA CONSTRUÇÃO
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5.7. INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
As empresas devem investir em laboratórios de investigação e desenvolvimento
para promover a inovação nos produtos e assim tornarem-se mais competitivas no
mercado nacional e internacional.
Os pavimentos rodoviários são uma área onde ainda existe bastante margem para
a criação de novos produtos, nomeadamente pavimentos betuminosos com maior
durabilidade. A aplicação de pavimentos betuminosos de maior durabilidade em
futuras concessões rodoviárias resultará numa redução considerável dos custos de
manutenção dos pavimentos, com ganhos evidentes na rendibilidade do negócio a
longo prazo.
Mais ainda, caso avançassem com o investimento directo em energias renováveis,
poderiam ainda alargar a investigação e desenvolvimento para este segmento,
procurando desenvolver tecnologias com forte potencial de retorno, nomeadamente
os sistemas de optimização de inércia em mini-hídricas.
Na área da reabilitação de edifícios, o desenvolvimento de materiais de
revestimento de fachadas e coberturas com capacidade de produção de energia
eléctrica é cada vez mais uma realidade. As empresas devem apostar no
desenvolvimento deste tipo de materiais e na sua variedade, tendo como visão que
no futuro todos os edifícios irão produzir energia eléctrica para a rede nacional.
O processo de concretização desta estratégia deverá passar pela contratação
técnicos de investigação especializados, na aquisição de equipamentos específicos e
na aliança estratégica com instituições de ensino superior de engenharia e
investigação, promovendo bolsas de estágios e projectos para mestrados e
doutoramentos.
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