Autoeficácia na transição para o trabalho e práticas psicoeducativas de sucesso
Diana Aguiar Vieira (CEOS.PP / ISCAP / Politécnico do Porto)
Na atualidade a transição do sistema educativo para o mundo do trabalho é um processo longo e muito desafiante para os jovens. Se a ambiguidade e a imprevisibilidade que caracterizam a sociedade do conhecimento são fatores que, por si só, vieram complexificar esta transição, também é verdade que este fenómeno é influenciado por uma multiplicidade de fatores não só associados ao contexto, mas também ao indivíduo e à forma como ambos interagem e se influenciam mutuamente.
O conceito de autoeficácia, da autoria de Albert Bandura (1977;1997), diz respeito às crenças pessoais sobre a capacidade para desempenhar determinadas ações com sucesso, isto é, refere-se ao quanto o indivíduo se sente confiante face ao desempenho competente numa determinada tarefa e/ou área do funcionamento humano.
Se por um lado as crenças de autoeficácia influenciam as escolhas que fazemos, o quanto estamos dispostos a persistir perante obstáculos, a qualidade do nosso desempenho e até o nosso bem-estar, estas crenças têm também determinadas origens (ou fontes) que são claramente explicitadas na Teoria Social Cognitiva.
Deste modo, partindo do conhecimento das fontes de autoeficácia, é possível vislumbrar ações intencionais que poderão ser desenvolvidas no contexto educativo com o objetivo de fortalecer as crenças de autoeficácia dos estudantes.
Neste enquadramento, apresentaremos o Modelo Social Cognitivo da Transição para o Trabalho (Vieira, 2012) que contribui para organizar conceptualmente a complexidade da transição para o trabalho assim como para orientar tanto a intervenção como a investigação nesta área.
Com base em estudos realizados sobre o papel facilitador da autoeficácia na transição para o trabalho e sobre o seu potencial preditor do sucesso, esta apresentação tem como objetivo principal apresentar e refletir sobre o modo como determinadas práticas educativas/pedagógicas poderão contribuir para o fortalecimento das crenças de autoeficácia de estudantes.
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Autoeficácia e transição escola-trabalho
1. Autoeficácia na transição para o trabalho e
práticas psicoeducativas de sucesso
Diana Aguiar Vieira
Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto
ISCAP - Politécnico do Porto
dianavieira@iscap.ipp.pt
5.ª edição do Ciclo de Palestras Formação em Contexto de Trabalho
TRANSIÇÕES ESCOLA-MUNDO DO TRABALHO: REFLETIR TRAJETÓRIAS; DESENHAR PERCURSOS; PROJETAR FUTUROS
Centro de Formação de Escolas António Sérgio, Lisboa, 27 -28 de setembro de 2019
3. Atividade
Para motivar os estudantes e potenciar o
desempenho académico (envolvimento nas
atividades propostas, estudo autónomo e boas
notas) o docente deve (escolher V ou F):
1. Na 1ª aula demonstar como a disciplina é
difícil e exigente, dando como exemplo a
alta de taxa de notas negativas
2. Elogiar publicamente os pequenos
sucessos dos estudantes de forma a
aumentar a confiança nas suas
capacidades
4. Atividade
3. Nas 1ªs aulas, raramente dar feedback
para potenciar a aprendizagem autónoma
4. Nas 1ªs aulas fornecer exercícios difíceis
para que os estudantes percebam que vão
ter que se aplicar bastante para ter sucesso
Para motivar os estudantes e potenciar o
desempenho académico (envolvimento nas
atividades propostas, estudo autónomo e boas
notas) o docente deve (escolher V ou F):
5. Década de 50 do século XX 1ºs trabalhos
Século XXI ainda trabalha!
Investigação em Psicologia há + de 60 anos
Intensa produção teórica e empírica
Teoria da aprendizagem social (Bandura,
1962; 1977a)
Teoria da autoeficácia (Bandura, 1977b)
Teoria Social Cognitiva (Bandura, 1986)
Albert Bandura (1925-)
6. PRESSUPOSTOS da Teoria Social Cognitiva
(Bandura, 1986, 1997)
Aquilo que o indivíduo pensa e acredita sobre os
vários aspetos da sua vida tem mais influência
sobre o seu comportamento do que a “realidade
objetiva”
O que pensamos sobre nós próprios e sobre o
contexto que nos rodeia orienta o nosso
comportamento e influencia a nossa motivação
7. PRESSUPOSTOS da Teoria Social Cognitiva
(Bandura, 1986, 1997)
Comportamento
Pessoa
Contexto
o que fazemos
o que pensamos
o que sentimos
os outros
8. Autoeficácia “Será que eu vou conseguir fazer x?”
• Confiança face à sua capacidade para fazer algo c/ sucesso
• Não é uma característica imutável da personalidade
• Específica de cada domínio comportamental
Teoria Social Cognitiva (Bandura, 1986, 1997)
Fontes Autoeficácia Consequências
9. Fontes de autoeficácia (Bandura, 1986, 1997)
Autoeficácia
Experiências de sucesso diretas
Experiências de sucesso observadas
Persuasão verbal (apoio social)
Estados físicos e emocionais
10. Consequências da autoeficácia (Bandura, 1986, 1997)
Autoeficácia
Escolhas e esforço
Bem-estar emocional
Persistência face aos obstáculos
Qualidade do desempenho
11. Autoeficácia prediz desempenho
A autoeficácia é útil para prever o
desempenho futuro em vários domínios do
funcionamento humano (Bandura, 1986,
1997)
Vários estudos evidenciam o poder preditor
da autoeficácia sobre o desempenho e
abandono académico nos vários níveis de
ensino
12. • Ensino Mundo do trabalho
Transição para o trabalho
• Perspetiva psicológica desta transição
Percurso
académico
(curso)
Procura de
trabalho
remunerado
Adaptação
ao
trabalho
13. A autoeficácia académica prediz o
desempenho e o abandono académico?
Evidências da investigação
Percurso
académico
(curso)
Procura de
trabalho
remunerado
Adaptação
ao
trabalho
14. Evidências da investigação
Autoeficácia
Académica
~ 1 ano
Índice de reprovações
(IR) nas UCs
[varia entre 0 e 1, sendo 1 o pior resultado]
Média notas no ano
curricular
[transf. notas Z para ter uma medida
equivalente entre os diferentes cursos]
Fase 1
Início ano letivo
Fase 2
Início do ano letivo seguinte
Abandono académico
15. A autoeficácia na transição para o trabalho
prediz o sucesso nesta transição?
Evidências da investigação
Percurso
académico
(curso)
Procura de
trabalho
remunerado
Adaptação
ao
trabalho
16. 629 finalistas
IPP
Estudo 1
Estudo 2
Transição para o trabalho
700 finalistas
IPP
259 diplomados
41%
367 diplomados
52%
Após 1 ano
Após 1 ano
17. Fase 1 - finalistas Fase 2 - diplomados
Satisfação c/ percurso
académico-profissional
Satisfação no trabalho
Situação laboral
(trabalha)
Remuneração
Fatores de sucesso na transição p/ trabalho
resultados encontrados apenas em 1 estudo
resultados encontrados em ambos os estudos
Autoeficácia
Objetivos
profissionais
Média do curso
18. Implicações para a prática docente e psicoeducativa
Enquanto docente, o que posso fazer para
aumentar a autoeficácia dos meus
estudantes?
Atuar sobre as fontes de autoeficácia de forma
positiva e intencional
Identificar no início do ano letivo os estudantes
com baixa autoeficácia (2 questionários – 15 min)
19. Implicações para a prática docente
De que modo?
Fonte 1 - Experiências de sucesso diretas
Promover o sucesso nas 1ªs aulas
começando por tarefas mais fáceis
Relembrar a cada estudante os seus
sucessos anteriores
Proporcionar aos estudantes experiências
de sucesso em tarefas académicas
progressivamente mais desafiantes
20. Implicações para a prática docente
De que modo?
Fonte 1 - Experiências de sucesso diretas
Proporcionar aos estudantes:
- experiências práticas de simulação de
ações de procura de emprego
- realização de estágios em contexto
laboral
21. Implicações para a prática docente
De que modo?
Fonte 2 - Experiências de sucesso observadas
Elogiar publicamente os sucessos dos
estudantes, mesmo os mais “pequenos”
Trazer à sala de aula antigos estudantes
(que tenham tido sucesso…) para falar da
sua experiência profissional
22. Implicações para a prática docente
De que modo?
Fonte 3: Persuasão verbal (apoio social)
Verbalizar que acredita nas capacidades
do estudante
Dar feedback frequente, principalmente
nas 1ªs aulas, realçando o que está
correto e explicando como pode melhorar
23. Implicações para a prática docente
De que modo?
Fonte 4: Estados físicos e emocionais
Verbalizar que com trabalho e empenho
todos serão capazes de ter sucesso na
vossa disciplina
Evitar mensagens negativas que
potenciem a ansiedade dos estudantes
24. Concluindo….
1. Na 1ª aula demonstar como a disciplina é
difícil e exigente, dando como exemplo a
alta de taxa de notas negativas
2. Elogiar publicamente os pequenos
sucessos dos estudantes de forma a
aumentar a confiança nas suas
capacidades
X
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25. Atividade
3. Nas 1ªs aulas, raramente dar feedback
para potenciar a aprendizagem autónoma
4. Nas 1ªs aulas fornecer exercícios difíceis
para que os estudantes percebam que vão
ter que se aplicar bastante para ter sucesso
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X
26. Publicações e slides em…
Obrigada pela atenção!
www.beyou-bemore.com
Diana Aguiar Vieira
ISCAP - Politécnico do Porto
dianavieira@iscap.ipp.pt