1. Capítulo 12 de Daniel
A Promessa Final
O livro de Daniel tem um ponto de partida e suas profecias,
reveladas pelo anjo Gabriel, começam em Babilônia, passando à
Medo-Pérsia, Grécia, Roma, destruição do império romano, Igreja
apóstata romana, o julgamento de Deus no Céu, o fim de todas as
coisas e culminando com a volta de Cristo.
Cada profecia de Daniel, não importa onde comece, acaba com a
volta de Cristo, finda com o retorno de nosso Senhor. Assim, o livro
de Daniel nos enche de esperança.
Daniel 12:1 – “Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, o
defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual
nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas,
naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado
inscrito no livro”.
É importante notar que os capítulos 10, 11 e 12 constituem uma
visão, não três. Todas as profecias de Daniel revelam o fato de que
o falso sistema religioso romano será o ator principal na cena de
encerramento do Conflito dos Séculos. O último verso de Daniel 11
termina com as palavras: “Mas chegará ao seu fim, e não haverá
quem o socorra”. É nessa hora que Miguel assume o comando.
A identidade de Miguel já foi revelada: Cristo (nome usado por Jesus
em momentos de guerra direta contra Satanás).
Daniel 7 mostra que o Filho do Homem entra onde se acha o trono de
Deus e Miguel Se assenta para o início do julgamento. Miguel Se
levanta no fim do julgamento. O que isso significa? Na profecia de
Daniel 11:2-3, “levantar-se” significa tomar o poder ou governar.
Quanto terminar o julgamento, Miguel tomará o reino que a Ele
pertence.
A grande tribulação
2. Quando Miguel Se levantar, haverá um tempo de angústia sem
precedentes. Em Mateus 24:1, lemos acerca de uma tribulação sem
comparação antes e depois.
Esse foi o tempo de angústia experimentado pelo povo de Deus
durante o período da dominação papal. Por 1260 anos, o povo de
Deus foi perseguido e oprimido. Mas essa não é a tribulação sobre a
qual Daniel falou.
A tribulação mencionada em Mateus é uma tribulação que cai sobre a
igreja. O povo de Deus passa por essa tribulação, e por causa deles
mesmos, ela é abreviada (Mat. 24:22).
O tempo de angústia descrito por Daniel não é um tempo de
perseguição religiosa, mas de calamidade internacional. A expressão
“qual nunca houve, desde que houve nação” mostra que esse é um
tempo de angústia sobre as nações, e não sobre a igreja.
Esse é o tempo de angústia que inclui as últimas pragas de
Apocalipse 16 e dá desfecho à história deste mundo com a vinda de
Jesus para destruir os Seus inimigos. No fim dessa tribulação, serão
libertos todos aqueles cujos nomes estiverem no livro da vida.
Daniel 12:2 – “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão,
uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”.
Esta não pode ser a descrição da ressurreição que ocorre na segunda
vinda de Cristo (I Tess.4:16), quando todos os justos mortos, de
todas as épocas, são ressuscitados. Nessa ressurreição, “muitos” são
despertados do pó da Terra. Entre eles, estão pessoas perversas que
são despertadas para “vergonha e horror eterno”.
Isso não pode ser referir à primeira ressurreição, da qual diz a Bíblia:
“Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira
ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo
contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele os
mil anos”.(Apoc.20:6).
3. Também não pode se referir à segunda ressurreição, descrita em
Apoc.20:5, em que é dito que “os restantes dos mortos não
reviveram até que se completassem os mil anos”. A segunda
ressurreição exclui os justos que ressuscitaram na primeira, e
nenhum daqueles que dela participarem gozarão a vida eterna.
Duas ressurreições
Há um intervalo de mil anos entre a ressurreição dos justos e a
ressurreição dos ímpios. Todos eles vivem no mesmo mundo, são
sepultados na mesma terra; mas, quanto ao tempo da ressurreição,
haverá enorme separação. A ressurreição aqui mencionada não se
encaixa com a descrição de nenhuma das duas ressurreições.
Quando Jesus estava diante de Caifás, o sumo-sacerdote, Ele
declarou: “Vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-
poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mat.26:64).
Como poderia Caifás, que logo viria a morrer, ser testemunha ocular
da segunda vinda de Cristo? No livro de Apocalipse nos é dito: “Eis
que vem com as nuvens, e todo o olho O verá, até quantos O
traspassaram” (Apoc.1:7).
É evidente que, para Caifás e outros verem o Cristo crucificado vindo
nas nuvens com poder e glória, deverá ocorrer uma ressurreição
preliminar, especial, no momento em que Cristo estiver voltando.
Alguns que se esforçaram e sofreram por causa da esperança da
vinda do Salvador, mas que morreram sem vê-lo, serão ressuscitados
para testemunhar as cenas desse glorioso evento que tanto
esperaram. (vide Apoc.14:13).
Porém, os que zombaram dele e O ridicularizam em Sua agonia de
morte, serão ressuscitados como parte do seu castigo. Caifás estará
entre os que não poderão suportar a majestade e o esplendor de
Jesus, e clamarão para que as rochas e as montanhas caiam sobre
eles (Apoc.6:16 e 17). direita do Todo-poderoso e vindo sobre as
nuvens do cessurreiçeles que dela participarem gozar o inabil Mas
4. existem outros, como diz Isaías, que olham para cima e dizem: “Este
é o nosso Senhor, o qual aguardávamos. Ele nos salvará”.
Daniel 12:3 – “Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o
fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como
as estrelas, sempre e eternamente”.
Paulo diz: “Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de
Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia
deles.” (I Cor. 3:19). Quando Cristo voltar, muitos que se consideram
sábios e cultos estarão entre os que clamarão para as rochas e as
montanhas caírem sobre eles.
A recompensa final não será dada com base na sabedoria ou no
conhecimento mundanos. O Céu não julga de acordo com os padrões
mundanos. Quem refulgirá como as estrelas, sempre e eternamente?
Não serão aqueles a quem o mundo engrandece, exalta e aplaude. O
louvor do mundo passa como a brisa da manhã. As promessas de
Deus duram para sempre.
Deus chama de sábios “os que a muitos conduzirem à justiça”. “O
fruto do justo é árvore da vida, e o que ganha almas é sábio”
(Prov.11:30). “Sabei que aquele que converte o pecador do seu
caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de
pecados” (Tiago 5:20).
Daniel 12:4 – “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro,
até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se
multiplicará”.
Em Daniel 8:26, é dito ao profeta: “Preserva a visão, porque se
refere a dias ainda muito distantes”. Essas visões não foram
compreendidas adequadamente pela igreja primitiva. Não que Deus
tenha ocultado arbitrariamente essas verdades dos cristãos das eras
passadas.
Algumas profecias são mais bem compreendidas depois que muitos
dos seus detalhes são cumpridos. Vivendo depois dos eventos os
estudiosos da Bíblia podem olhar a História passada e ver como essas
coisas aconteceram de acordo com o predito, vantagem que só os
que vivem “no tempo do fim” poderiam ter.
5. O verso sugere que o conhecimento das profecias aumentaria.
“Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará”
(texto conforme versão Almeida Revista e Corrigida) se refere mais
especificamente à pesquisa das profecias para conhecer o seu
verdadeiro significado.
Ele aponta para os que, de maneira persistente, dedicada e
meticulosa, estudam as visões. Somente esses que “correm de uma
parte para outra”, ou “pesquisam” no livro de Daniel – e outros livros
da Bíblia, entenderão suas verdades. Essa profecia está sendo
cumprida agora, por todos os que estudam a palavra.
A grande contribuição de Apocalipse 10 é apresentar a implicação de
que, antes de os sábios chegarem a compreender completamente,
eles enfrentariam compreensões errôneas! Eles haveriam de “comer”
as profecias abertas de Daniel com grande satisfação, apenas para
descobrir que a sua alegria inicial se converteria em tristeza, seu
regozijo em desapontamento.
Daniel 12:5 – “Então, eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé
outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado”.
Aqui, Daniel vê dois visitantes celestiais, além daquele que fala com
ele. Acontece um diálogo que o ajuda a entender coisas que não
podiam ser apresentadas por meio de símbolos.
Daniel 12:6 – “Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava
sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas?”
Daniel 12:7 – “Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as
águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e
jurou, por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um
tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a
destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão”.
Amplia-se a compreensão das profecias
6. Em Daniel 8:13 e 14, é usado um método semelhante de revelar uma
profecia – o de perguntas e respostas. Essas perguntas e respostas
aqui parecem ser um resumo dos importantes elementos fornecidos
em visões anteriores.
Miguel ergueu as mãos e pronunciou um juramento solene. Quando o
Filho de Deus jura pelo Deus vivo, a mensagem que segue é
importante. Nesse caso, a mensagem era que ao final dos 1260 anos
de Daniel 7:25, a luz iria brilhar sobre as profecias do tempo do fim.
O período de tempo mencionado aqui é repetido várias vezes em
Daniel e Apocalipse. Ele se refere aos 1260 anos da supremacia do
paganismo romano em sua forma religiosa e à perseguição ao povo
de Deus.
A expressão “estas maravilhas” se refere às coisas que Daniel vira no
capítulo 11, que, por sua vez, eram simplesmente uma explicação
dos assuntos do capítulo 8. A resposta da pergunta sobre quando
aconteceriam às maravilhas é dada em duas partes. O tempo da
destruição do poder do povo santo, que é um período de tempo
definido de 1260 anos, e o tempo quando “se cumprirão estas
maravilhas”, que é um período cuja época não está determinada. O
período definido de 1260 anos terminou em 1798, e agora vivemos
em um período que não foi medido.
Daniel 12:8 – “Eu ouvi, porém não entendi; então, eu disse: meu
senhor, qual será o fim destas coisas?”
Daniel 12:9 – “Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras
estão encerradas e seladas até ao tempo do fim”.
Era como se Deus afirmasse: “Não se preocupe Daniel, tudo está em
minhas mãos”. O propósito da visão era revelar o que aconteceria
com o povo de Deus nos últimos dias. Somente esse povo poderia
entender o seu significado. Qualquer um que não passasse pelas
perseguições dos últimos dias não poderia compreender inteiramente
as visões do livro de Daniel.
7. Assim, Miguel (o homem vestido de linho) declinou completamente
de responder a segunda pergunta, e esse fato é sem dúvida muito
significativo. Respondeu apenas: “Vai, Daniel”.
Daniel não estava vivendo no tempo do fim; portanto, não
necessitava compreender os detalhes daquilo que ocorreria apenas no
tempo do fim. A resposta de Miguel nos ensina que a profecia é
concedida para fins práticos. Ela não é provida para satisfazer a
curiosidade desnecessária, não importa quão espiritual possa ser.
Daniel 12:10 – “Muitos serão purificados, embranquecidos e
provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum
deles entenderá, mas os sábios entenderão”.
Temos aqui o segredo do verdadeiro conhecimento. As Escrituras
podem ser compreendidas somente por um povo puro e santificado.
As escamas da descrença e da ignorância são removidas
milagrosamente dos olhos e coisas que antes não eram entendidas
são desvendadas em todo o seu significado.
Daniel 12:11 – “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado,
e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e
noventa dias”.
Aqui, um novo período profético é introduzido. O começo desse
período não é claramente definido. É simplesmente dito que é um
“tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação
desoladora”.
A maior parte dos comentaristas sugere que, embora a “abominação
desoladora” fosse estabelecida plenamente em 538 d.C. – o início dos
1260 anos – um importante evento ocorrido antes preparou o
caminho para o que aconteceu em 538.
A conversão de Clóvis, rei dos Francos, ao catolicismo e a sua aliança
com o bispo de Roma em 508 d.C., como primeiro poder civil a unir-
se à igreja de Roma, lançando a união da Igreja com o Estado, foi um
acontecimento vital para a instalação da abominação desoladora da
grande apostasia – a farsa do homem. Nesse caso, ambas as
profecias – a dos 1260 anos e a dos 1290 anos – terminaram em
1798.
8. Daniel 12:12 – “Bem-aventurado o que espera e chega até mil
trezentos e trinta e cinco dias”.
Outro período profético, 45 dias/anos mais longo do que o anterior.
Quando começa esse período? Embora não haja uma indicação direta,
deve haver alguma conexão entre esse período e o de 1290 dias/anos
do verso anterior. Se os dois períodos começam ao mesmo tempo –
em 508 d.C. – esse período termina em 1843. O que aconteceu nesse
ano? O início do grande movimento religioso profético de restauração
da verdade de Deus.
Por isso, é prometida uma bênção (“bem-aventurado”) aos que
esperam e chegam a esse tempo. Agora, estamos em condições de
explicar a imagem de Nabucodonosor e seus metais, a seqüência das
quatro bestas, o surgimento e progresso do chifre pequeno, os
eventos das setenta semanas, o começo e o fim dos 2300 dias/anos.
Daniel 12:13 – “Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois
descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua
herança”.
A obra de Daniel estava completa. Daniel estava com 90 anos de
idade quando Deus disse “chegou a hora de descansar”.
Deus prometeu a este fiel servo que não falharia em dar-lhe sua
recompensa por uma vida inteira de absoluta fidelidade. Daniel sabia,
sem dúvida, que estaria com Deus na eternidade. Esta mesma
promessa também nos pertence. Tomar parte dela depende
exclusivamente de nossas escolhas.