O documento descreve a história de Raynald III, que foi preso pelo irmão em um quarto do qual não conseguia sair devido ao seu peso. Também fala sobre o capítulo 5 de Daniel, onde o rei Belsazar deu uma festa e desrespeitou os utensílios sagrados de Deus, recebendo em troca uma mensagem escrita na parede que anunciava a queda de Babilônia. O documento enfatiza a importância das escolhas que fazemos e de nos fortalecemos pela Palavra de Deus.
1. Daniel 5 – Escolhas
Daniel 5 – Escolhas
Raynald III viveu no século 14. Era um verdadeiro bom vivant e extremamente gordo,
tanto que também ficou conhecido pelo apelido latino Crassus, que quer dizer gordura.
Após uma disputa violenta, seu irmão mais novo, Edward, comandou uma rebelião
contra ele. Edward capturou Raynald e em vez de matá-lo construiu um quarto ao redor
dele, no Castelo de Nieuwkerk, e prometeu que ele poderia recuperar a liberdade assim
que conseguisse sair dali. Detalhe: o quarto tinha várias janelas e uma porta de tamanho
quase normal, que ficavam abertos, mas impediam a passagem do corpanzil de Raynald.
Para recuperar a liberdade, portanto, ele precisava perder peso. Mas Edward conhecia
bem o irmão mais velho e todos os dias lhe enviava comidas deliciosas. Raynald não
perdeu peso. Pelo contrário, engordou mais e ficou no quarto por dez anos, até que o
irmão morreu em batalha. Entretanto, logo em seguida, sua saúde ficou tão arruinada
que ele morreu dentro de um ano. Raynald foi prisioneiro do próprio apetite; escolheu a
satisfação em lugar da liberdade.
O capítulo 5 de Daniel também fala de escolhas. Pouco mais de vinte anos haviam se
passado desde a morte de Nabucodonosor. Quem reinava agora era Nabonido, auxiliado
pelo filho Belsazar. A triste cena narrada por esse capítulo mostra o corregente dando
uma festa no palácio. Não contente com a bebedeira e as orgias idolátricas, mandou
trazer os utensílios que outrora haviam sido utilizados no santuário de Deus, em Israel.
Iria se embriagar com os recipientes que haviam recebido o sangue dos cordeiros que
representavam a Jesus. O pecado é assim mesmo: uma vez acariciado, leva a pessoa à
cegueira, a tal ponto que ela não mais discerne entre o sagrado e o profano.
Quando a mente já estava entorpecida pelo vinho, Belsazar sentiu um calafrio lhe
percorrer a espinha. O que era aquilo? Ele deve ter esfregado os olhos quando viu uma
mão misteriosa escrevendo algo na parede branca. Tentando se recompor (embora os
joelhos tremessem de medo), ele deu uma ordem: que os encantadores e os feiticeiros
2. fossem trazidos ali imediatamente, a fim de interpretar o que a mão havia escrito. E
prometeu que quem fizesse isso seria o terceiro no reino, ou seja, ocuparia função
apenas abaixo de Nabonido e dele mesmo.
Belsazar não aprendera a lição. No tempo de Nabucodonosor, ficara mais que provado
que os feiticeiros e astrólogos não passavam de charlatães inúteis. E, como tal, mais
uma vez falharam; não puderam ler a escrita na parede, o que deixou o rei ainda mais
perturbado.
Naquele momento, entrou no salão de festas a rainha mãe (possivelmente uma das
esposas de Nabucodonosor). Ela conhecia Daniel e fez lembrar ao rei que o hebreu
tinha o “espírito dos deuses santos” (v.11; ela não sabia dizer Espírito Santo, mas tudo
bem...). Daniel, agora com mais ou menos 80 anos, foi chamado à presença do rei, que
lhe ofereceu todas as riquezas prometidas aos outros sábios. Como quem não deve nada
a ninguém, movido pela fé e coragem que o caracterizavam, o profeta disse: “As tuas
dádivas fiquem contigo, e dá os teus presentes a outros. Todavia lerei ao rei a escritura,
e lhe farei saber a interpretação” (v. 17).
Em seguida, Daniel recapitulou a história da ascensão, queda e conversão de
Nabucodonosor. Disse também que, embora Belsazar soubesse de tudo isso, não
humilhou o coração (v. 22). Nas palavras de Ellen White, “a oportunidade de conhecer e
obedecer ao verdadeiro Deus tinha-Lhe sido dada, mas não tinha sido levada ao
coração, e ele estava prestes a colher as consequências da sua rebelião” (Profetas e Reis,
p. 529).
De uma forma ou de outra, todos têm oportunidades de escolher o caminho certo. Se
usam mal a liberdade que possuem, à luz da verdade que lhes foi apresentada, devem
assumir as consequências dessa escolha. Foi o que aconteceu com o inconsequente
Belsazar.
A inscrição traduzida por Daniel era um juízo contra Babilônia e seu rei. Dizia: “Mene,
mene, tequel e parsim.” Decifrada, fica: “Contou Deus o teu reino e o acabou. Pesado
foste na balança, e foste achado em falta. Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e
persas” (v. 26-28).
Naquela mesma noite, os persas desviaram o curso do rio Eufrates, que cruzava
Babilônia, entraram por baixo dos muros, pelo leito seco, e mataram os guardas
sonolentos. O período da cabeça de ouro da estátua de Daniel 2 estava acabado. Os
braços de prata agora dominavam o cenário histórico. Dario, o medo, era o novo rei.
Já pensou que você pode estar sendo “pesado” hoje? Agora é o dia da salvação, diz
Paulo, em 2 Coríntios 6:2. Qual a sua situação diante de Deus? Para que lado vai pender
o prato da balança? Satanás, como o irmão mais velho de Raynald, nos conhece bem.
Sabe que pontos fracos explorar para nos manter presos a uma vida de pecado.
Aquilo que ouvimos, lemos, assistimos, pensamos, comemos... de uma forma ou de
outra contribuirá para decidir nosso destino. Por isso, devemos fazer escolhas sábias,
orientados pela Palavra de Deus e fortalecidos pelo poder do Espírito Santo – o mesmo
Espírito de quem Daniel era cheio.
3. (Michelson Borges, jornalista e mestre em teologia)
Pense e discuta:
1. Quais as consequências de se manter um pecado consciente e acariciado?
2. Como podemos fortalecer nossa força de vontade para resistir aos apelos do mundo e
nos “desviar do mal” (Jó 1:1)?
3. De que forma podemos ser “cheios do Espírito” (Ef 5:18)?
Testemunho da arqueologia
O livro do profeta Daniel, no capítulo 5, menciona que o rei de Babilônia em 539 a.C.
era Belsazar. Mas a história oficial afirmava que esse homem nem sequer existira. “Para
vexação de tais críticos, W. H. F. Talbot publicou em 1861 a tradução de uma oração –
escrita em caracteres cuneiformes – oferecida pelo rei Nabonidus, na qual ele pede aos
deuses que abençoem seu filho Belsazar!” (H. Fox Talbot, “Translation of Some
Assyrian Inscriptions”, Journal of the Royal Asiatic Society 18 [1861]:195 – citado por
C. Mervyn Maxwell, Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, p. 91 [Casa]. Ver
também: Revista Adventista, abril de 1996, p. 11).
Os críticos, então, aceitaram a existência de Belsazar, mas em sua resistência contra a
Palavra de Deus, alguns deles continuaram insistindo que Belsazar jamais fora
identificado como rei, fora da Bíblia. Até que, em 1924, foi traduzido e publicado o
Poema de Nabonidus (Tablete nº 38.299 do Museu Britânico) por Sidney Smith. Esse
documento histórico oficial atesta que Nabonidus deixou Babilônia e se dirigiu a Tema,
e no trono deixou quem? Belsazar!
E mais: o livro Profetas e Reis, de Ellen White, saiu do prelo em 1917, portanto, sete
anos antes da publicação do Poema de Nabonidus. E a afirmação da Sra. White de que
Belsazar fora admitido em sua juventude a partilhar da autoridade real, não apenas era
desconhecida pela História, na época, como não constava na Bíblia! Como poderia ela
ter sabido, em detalhes, que Nabonido havia partilhado sua autoridade real com o filho?
Certamente o mesmo Espírito que inspirou Daniel também inspirou Ellen White.
Para vergonha dos críticos, uma vez mais o relato bíblico estava confirmado. Daniel
vivia na corte de Babilônia e estava familiarizado com esse costume de o filho assumir
o cargo do pai, quando este saia em excursões militares. Portanto, “em instância após
instância quando se destacava a inexatidão histórica como sendo prova da autoria tardia
e espúria dos documentos bíblicos, o relatório dos hebreus tem sido vindicado pelos
resultados das escavações recentes, e comprovou-se que os juízos zombeteiros dos
documentaristas carecem de fundamento” (Gleason L. Archer Jr., Merece Confiança o
Antigo Testamento, p. 183, 184).
Leia também: "Daniel 4 - Sempre existe esperança"