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Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste
ISSN: 1517-3852
rene@ufc.br
Universidade Federal do Ceará
Brasil
de Oliveira, Naiara Cristina; Dias Pedreschi Chaves, Lucieli
GERENCIAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS: O PAPEL DA ENFERMEIRA DE UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA
Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, vol. 10, núm. 4, octubre-diciembre, 2009, pp. 19-27
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=324027968002
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Artigos Originais
Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 19
GERENCIAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS: O PAPEL DA ENFERMEIRA DE UNIDADE
DE TERAPIA INTENSIVA1
MATERIAL RESOURCE MANAGEMENT: THE ROLE OF INTENSIVE CARE UNIT NURSES
ADMINISTRACIÓN DE RECURSOS MATERIALES: EL PAPEL DE LA ENFERMERA DE UNIDAD DE
CUIDADOS INTENSIVOS
Naiara Cristina de Oliveira2
Lucieli Dias Pedreschi Chaves3
Comobjetivodedescreverasatividadesrelativasaogerenciamentoderecursosmateriaisexercidaspelaenfermeiraemunidade
de terapia intensiva de um hospital de ensino do interior de São Paulo foi realizado estudo descritivo e exploratório. Os dados
foram coletados em entrevistas gravadas com enfermeiras das Unidades de Terapia Intensivas (UTIs) e foram analisados
segundo análise de conteúdo. Nos depoimentos foram identificados aspectos recorrentes, constituindo-se três núcleos
temáticos: Aquisição de Materiais, Previsão de Estoque e Acompanhamento do Uso de Materiais. Os resultados evidenciam
a importância que o enfermeiro tenha noções referentes ao controle do uso de materiais, supervisione adequadamente o
trabalho de sua equipe e ainda proporcione a educação e atualização constante do conhecimento com a finalidade de garantir
melhores rendimentos financeiros e de qualidade no uso de recursos materiais necessários à assistência ao paciente.
DESCRITORES: Enfermagem; Organização e administração; Recursos materiais em saúde.
This descriptive and exploratory study aimed to describe the activities related to the management of material resources
performed by nurses in the intensive care unit (ICU) of a teaching hospital in the interior of the state of São Paulo, Brazil.
Recorded interviews with ICU nurses were used as data collection. They were analyzed according to the content analysis.
Recurring aspects were identified in the statements, establishing three thematic cores: Material Purchase, Stock Forecast and
Tracking of Material Use. Results evidence the importance of the knowledge of nurses regarding the control of material use,
appropriate supervision of team work and that they provide constant training and updating of knowledge, aiming to ensure
better financial and quality performance in the use of the material resources needed to provide care to patients.
DESCRIPTORS: Nursing; Organization and administration; Material resources in health.
Estudio descriptivo y exploratorio que tuvo como objetivo describir las actividades relativas a la administración de recursos
materiales, ejercidas por la enfermera en unidad de cuidados intensivos (UCI) de un hospital de aprendizaje localizado
en el interior del estado de São Paulo. Los datos se recogieron a través de entrevistas grabadas, realizadas con enfermeros
de las unidades de cuidados intensivos (UCI) y examinados según el análisis de contenido. En las declaraciones fueron
identificadosaspectosrecurrentes,constituyéndosetresnúcleostemáticos:AdquisicióndeMateriales,PrevisióndeExistencias
y Acompañamiento del Uso de Materiales. Los resultados evidencian que es importante que el enfermero tenga nociones
referentes al control del uso de materiales, supervise adecuadamente el trabajo de su equipo y aun proporcione la educación
y actualización constante del conocimiento con la finalidad de garantizar mejores rendimientos financieros y de calidad en
el uso de recursos materiales necesarios para la asistencia al paciente.
DESCRIPTORES: Enfermería; Organización y administración; Recursos materiales en salud.
1 Projeto de pesquisa financiado pela Fundação Apoio Pesquisa Estado São Paulo (FAPESP), modalidade Iniciação Científica. Processo nº 2008/00318-2.
2 Graduanda do 8º semestre do curso de Bacharelado em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). Endereço:
Av. Brasília, 1038 – Bairro XV de Novembro, CEP: 38200-000. Frutal-MG/Brasil. E-mail: naiara_enf_usp@hotmail.com
3 Enfermeira. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da EERP-USP/Brasil. E-mail: dpchaves@eerp.usp.br
Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009
20
Artigos Originais
INTRODUÇÃO
O processo de cuidar está historicamente ligado ao
trabalho da enfermagem, visa atender as necessidades hu-
manas básicas, seja individualmente, na família ou na co-
munidade, de acordo com os princípios de prevenção de
doenças, promoção, recuperação e reabilitação de saúde.
Nesse sentido, o gerenciamento do processo de cui-
dar é caracterizado pela observação, o levantamento de
dados, o planejamento, a evolução, a avaliação, os siste-
mas de assistência, os procedimentos técnicos e os de co-
municação, a interação entre pacientes e trabalhadores de
enfermagem e entre os diversos profissionais de saúde(1).
Na atualidade, a concepção predominante acerca
do gerenciamento em enfermagem aponta essencialmen-
te para questões de controle, organização, planejamento
e recursos(2). Entretanto, outra vertente do processo de
gerenciamento desempenhado pela enfermeira é o de
gerir unidades e serviços de saúde, a qual compreende a
administração dos recursos humanos e materiais a fim de
manter o bom funcionamento do serviço, prevendo e pro-
vendo recursos necessários à assistência às necessidades
dos pacientes.
Para prestar cuidado ao usuário, dentre outras, há
necessidadedeprovermateriaisadequados.Aadministração
de recursos materiais nas instituições de saúde tem como
objetivo coordenar as atividades necessárias para garantir
o suprimento de todas as áreas da organização, ao menor
custo possível e de maneira que a prestação de seus serviços
não sofra interrupções prejudiciais aos usuários(3).
Entende-se por materiais os produtos que serão
consumidos imediatamente após sua chegada ou após
um período de armazenamento, ou seja, excluem-se des-
te agrupamento os materiais permanentes, tais como os
equipamentos, mobiliários, veículos(4). Recursos mate-
riais também são denominados recursos físicos e englo-
bam aspectos materiais que a empresa utiliza no processo
produtivo(5).
Uma das atribuições da enfermeira é administrar
materiais, definida como a atividade de planejar, executar
e controlar, nas condições mais eficientes e econômicas, o
fluxo de material, partindo das especificações dos artigos a
comprar até a entrega e utilização do produto(6).
O gerenciamento de recursos materiais é definido
como o fluxo de atividades de programação (classificação,
padronização, especificação e previsão de materiais), com-
pra (controle de qualidade e licitação), recepção, armaze-
namento, distribuição e controle, com o objetivo de garantir
que a assistência aos usuários não sofra interrupções por
insuficiência na quantidade ou na qualidade de materiais,
deste modo, o gerenciamento de recursos materiais torna-
se fundamental para garantir a qualidade da assistência(7).
A administração de recursos materiais está dividida
em quatro grupos ou subsistemas: subsistema de normali-
zação, subsistema de controle, subsistema de aquisição e
subsistema de armazenamento(4). A classificação de mate-
riais em diferentes grupos ou classes possibilita estabelecer
instrumentos de planejamento e controle adequado(8).
Enfim, o exposto evidencia a importância do ge-
renciamento de recursos materiais para a assistência de
enfermagem e, nesse sentido, entende-se que o enfermei-
ro tem papel relevante, particularmente em serviços de
maior densidade tecnológica que atendem usuários com
maior grau de complexidade. Com base nestes conceitos e
buscando compreender a inserção do enfermeiro no con-
texto da gerência do trabalho hospitalar, faz-se o seguinte
questionamento: Quais são as atividades da enfermeira, na
perspectiva da gerência de materiais, em Unidade de Tera-
pia Intensiva (UTI)?
OBJETIVO
Descrever as atividades relativas ao gerenciamento
de recursos materiais exercidas pela enfermeira em uni-
dade de terapia intensiva de um hospital de ensino do in-
terior de São Paulo.
MATERIAL E MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de-
senvolvido no ano de 2008. O hospital selecionado para a
realização da pesquisa é um hospital com duas unidades
distintas (Unidade Campus e Unidade de Emergência), é
público, de ensino, presta assistência ambulatorial e inter-
nação, classificado como hospital quaternário por realizar
atendimentos especializados e de alta complexidade.
Artigos Originais
Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 21
O setor selecionado para o estudo foi a unidade de
terapia intensiva adulto, credenciada pelo Sistema Único
de Saúde, que conta com 42 leitos distribuídos em duas
unidades distintas – Unidade de Emergência (UTI-1) e
Unidade Campus (UTI-2).
As UTIs concentram atendimentos a pacientes adul-
tos, acometidos por agravos clínicos ou cirúrgicos de alta
complexidade, realizados por uma equipe multiprofissio-
nal (médicos de diferentes especialidades, equipe de en-
fermagem, psicólogo, agente administrativo).
Os sujeitos da pesquisa foram todas as enfermeiras
responsáveis pelo gerenciamento de recursos materiais
das unidades de terapia intensiva do hospital de estudo.
Foram critérios de inclusão nesse estudo ser enfer-
meira de uma das UTIs do hospital de estudo, estar em
exercício de suas funções e aceitar participar da pesquisa.
Foram critérios de exclusão estar afastado da unidade por
motivo de férias, licença saúde e outros afastamentos le-
gais, não se disponibilizar a participar da pesquisa.
Para coleta de dados foi realizada entrevista semi-
estruturada, com todas as enfermeiras que atenderam aos
critérios de inclusão, a qual foi conduzida com um instru-
mento que consta de duas partes, a primeira tem a finali-
dade de caracterizar as entrevistadas quanto às variáveis de
interesse (idade, tempo de formação, tempo de trabalho
em UTI, participação em cursos de pós-graduação e atua-
lização) e a segunda sobre aspectos do gerenciamento de
materiais. O instrumento foi submetido à validação de face
por três peritos na temática de estudo.
A própria pesquisadora realizou a entrevista, indi-
vidualmente, em data, local e horário agendado pela en-
trevistada. As entrevistas foram gravadas e transcritas na
íntegra pela pesquisadora.
Os dados coletados na primeira parte do roteiro de
entrevista foram analisados segundo a estatística descriti-
va, adotando-se a distribuição de freqüências, percentuais
e valores médios.
Os dados qualitativos foram analisados segundo a
análise de conteúdo, particularmente a análise temática.
A análise iniciou-se com a leitura exploratória vertical,
exaustiva, para possibilitar o domínio do conteúdo de cada
entrevista; a seguir foi feita a leitura horizontal do conjunto
de entrevistas para estabelecer relações entre elas. Da lei-
tura vertical e horizontal identificou-se núcleos temáticos
e, em seguida, elaborou-se a síntese da análise de cada en-
trevista e a síntese da análise do conjunto de entrevistas.
Para a realização da pesquisa, após obter autori-
zação do local de estudo, o projeto foi encaminhado ao
Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas de
Ribeirão Preto-USP, através da Unidade de Pesquisa Clíni-
ca, tendo sido aprovado no processo HCRP nº 3754/08.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A população de estudo totalizou 24 enfermeiras das
duas UTIs estudadas, sendo 10 sujeitos da Unidade Cam-
pus e 14 na Unidade de Emergência. A Tabela 1 apresenta
a caracterização das entrevistadas quanto à idade, tempo
de trabalho em UTI, participação em cursos de pós-gradu-
ação e de atualização.
Tabela 1 – Distribuição dos enfermeiros de UTI, segundo idade, tempo
de formação profissional e trabalho em UTI, participação em cursos de
pós-graduação e atualização. Ribeirão Preto, 2008. (n = 24)
Variáveis UTI – 1 UTI – 2 Total
N % N % N %
Idade
Mínima 24 - 21 - 21 -
Máxima 48 - 43 - 48 -
Média 34 - 33 - 33 -
Tempo de formação profissional
> 20 anos 1 7,14 - - 1 4,17
15 –| 20 1 7,14 1 10,00 2 8,33
10 –| 15 2 14,29 4 40,00 6 25,00
5 –| 10 6 42,86 3 30,00 9 37,50
< 5 anos 4 28,57 2 20,00 6 25,00
Total 14 100,00 10 100,00 24 100,00
Tempo de trabalho na UTI
< de 1 ano 5 35,71 2 20,00 7 29,17
1 –| 5 4 28,57 2 20,00 6 25,00
5 –| 10 5 35,71 5 50,00 10 41,67
10 –| 15 - - - - - -
> de 15 anos - - 1 10,00 1 4,17
Total 14 100,00 10 100,00 24 100,00
Pós-graduação na área de UTI
Sim 5 35,71 3 30,00 8 33,33
Não 9 64,29 7 70,00 16 66,67
Total 14 100,00 10 100,00 24 100,00
Atualização na área de UTI
Sim 10 71,43 7 70,00 17 70,83
Não 4 28,57 3 30,00 7 29,17
Total 14 100,00 10 100,00 24 100,00
Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009
22
Artigos Originais
A faixa etária das participantes variou de 24 a 48
anos, com idade média de 34 anos. Das entrevistadas, 25%
referem ter menos de cinco anos de formação e, 62,5%
referem ter entre cinco e 15 anos de formação.
Quanto ao tempo de trabalho em UTI verificou-se
que 29,2% das entrevistadas referem trabalhar no local há
menos de um ano o que pode evidenciar um contingente
de enfermeiras ainda em fase de adaptação na Unidade.
Constatou-se que 66,7% das enfermeiras não pos-
suem pós-graduação na área de UTI e 33,3% possuem ou
estão com o curso em andamento. Questiona-se as razões
e justificativas para o baixo investimento em especialização
na área, também ressalta-se a importância dos incentivos
institucionais para a qualificação de recursos humanos na
perspectiva de investir em melhoria da assistência de en-
fermagem.
Quanto à atualização de conhecimentos, 70,8% das
entrevistadas responderam que participam regularmente
de cursos. Cabe destacar o expressivo contingente (29,2%)
de entrevistadas que referem não participar de cursos de
atualização levando ao questionamento da importância da
educação permanente em setores altamente especializados
como é o caso da UTI bem como das possíveis implicações
para a assistência de enfermagem.
Entende-se que estas informações acerca do tempo
de trabalho na área de UTI, atualização dos conhecimentos
e ter pós-graduação foram importantes para a compreen-
são de falas dos entrevistados as quais relatam dificuldades
encontradas no âmbito do gerenciamento de recursos ma-
teriais, como os depoimentos a seguir: Como eu te expliquei,
estou trabalhando aqui há 30 dias, ainda estou passando pela fase
de treinamento e conhecendo como é a dinâmica da unidade...
Então o que eu posso te falar é como eu observo (E04).
Na leitura e análise das entrevistas buscamos elen-
car as descrever as atividades relativas ao gerenciamento
de recursos materiais em UTI. Da leitura dos depoimentos
emergiram três núcleos temáticos: Aquisição de Materiais,
Previsão de Estoque, Acompanhamento do Uso, em todos
os núcleos evidencia-se o papel do enfermeiro.
Aquisição de Materiais
O núcleo temático Aquisição de Materiais emer-
ge em falas relativas à solicitação de compra, ao processo
de aquisição, à tomada de decisão sobre a implantação de
novos materiais e aos respectivos testes.
Através da compra busca-se o atendimento às ne-
cessidades de produtos (ou serviços), conforme os requi-
sitos de qualidade estabelecidos pelo processo produtivo,
no tempo correto, com os melhores preços e condições de
pagamento(4).
O processo de compra é conduzido por setores es-
pecíficos das instituições de saúde. Os depoimentos abaixo
evidenciam que, no hospital de estudo, a enfermeira nem
sempre tem o conhecimento acerca do processo de com-
pra no hospital de estudo: A compra, por exemplo, eu não sei
de onde vem essa compra, quem compra, quanto custa. Tudo que
chega pra mim eu não tenho nota, não sei quanto custou (E06).
Em algumas entrevistas encontram-se falas que ci-
tam a não participação direta da enfermeira nessa ativida-
de: No processo de compra não é o enfermeiro que intercede... A
gente não participa do processo de compra diretamente. Como é li-
citação, a gente efetivamente não participa desse processo (E07).
No hospital estudado, a compra é realizada através
de um processo formal denominado licitação, desenvolvi-
do conforme os preceitos legais estabelecidos para tal fim,
com o objetivo de atender às necessidades da organização
quanto à compra de produtos, bem ou serviços destinados
ao processo produtivo.
As licitações no Brasil estão regulamentadas pela
Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, atualizada pelas leis
8.883 de 8 de junho de 1994 e 9.648 de 27 de maio de
1998(9).
Mesmo que não haja a participação direta do en-
fermeiro considera-se de grande importância que todos
conheçam o funcionamento desse processo para saber
relacioná-lo a qualidade dos materiais que estão sendo
adquiridos pela instituição. Além disso, é indispensável a
participação da enfermagem assessorando a área adminis-
trativa nos aspectos técnicos e nas ações locais.
Considerando que no processo de licitação são ofe-
recidos materiais de preços e qualidade variados, o que
dificulta o julgamento das propostas, é de grande impor-
tância a avaliação feita pelas enfermeiras e estabelecimen-
to de especificações técnicas exatas em relação àquilo que
se deseja adquirir. Para esse detalhamento, é importante
consultar normatizações técnicas dos fabricantes.
Artigos Originais
Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 23
Asfalasaseguirsãoreferentesàparticipaçãodasen-
fermeiras no teste de novos materiais antes que o processo
de compra se concretize: Quando o hospital compra um ma-
terial novo ele passa pela avaliação da equipe de enfermagem,que
está mais em contato com o paciente, que mais utiliza esse tipo
de material (E12). Quem atua nessa compra é a chefia. A chefia
consegue falar... comunicar se esse material é bom ou não para o
setor de compras. Mas o setor de compras não tem contato com a
utilização desse material. A gente comunica a chefia que comuni-
ca outra chefia até chegar no setor de compras. Essa comunicação
normalmente é feita escrita, formal e tem a informal que a gente
verbaliza (E04).
Quando existem novas marcas ou modelos de mate-
riais, amostras são disponibilizadas para o uso e avaliação.
Algumas enfermeiras relataram que esta avaliação é feita
pela equipe de enfermagem, pode conter opiniões de ou-
tros profissionais que também utilizam o produto. Poste-
riormente, é preenchido um documento ou elaborado um
parecer sobre a qualidade do material e, através da chefia
de enfermagem é encaminhado ao setor de compras.
Entende-se que pode existir uma importante relação
entre qualidade e preço sendo esta a justificativa para a
enfermeira conhecer o processo de compra, pois acredita-
se que a qualidade do material disponível é indispensável
para qualificar a assistência de enfermagem prestada, via-
bilizar cuidado ao paciente e a atuação da equipe dentro
dos padrões desejáveis de segurança.
O termo qualidade faz referência a uma melhor
conveniência de um produto ou serviço em relação ao uso
que lhe vai ser dado, isto é, à sua eficácia. Quanto mais
adequado é um produto presume-se que maior é a sua
qualidade. As decisões que envolvem qualidade nascem
dos objetivos do hospital e do seu nível de complexidade,
devem estar presentes em todos os planos de compras que
se materializam a partir de especificações detalhadas para
as solicitações de aquisição(10).
Os testes de materiais servem para avaliar o desem-
penho técnico e analisar a possibilidade de riscos para pa-
cientes e trabalhadores(7).
Algumas enfermeiras relataram que apesar da re-
provação de materiais devido à qualidade, às vezes eles são
comprados porque foram aprovados em outros setores do
hospital e, deste modo serão disponibilizados para todos
os outros setores: Então é sempre feito esse controle de qualida-
de dos materiais. Alguns acabam sendo reprovados aqui. Às vezes
acontece de ainda ser reprovado aqui e depois de algum tempo
a gente ainda recebe desse material, porque em algum um outro
lugar foi aceito, entendeu? E acaba vindo para a gente que não
deixou passar no teste, acontece isso também (E05).
As enfermeiras não participam da escolha do mate-
rial apenas opinam em relação à qualidade daqueles que
são colocados para teste e dos materiais que já estão em
uso na unidade.
Entende-se que para haja uma melhor organização
do trabalho é necessária a formação de comissões mis-
tas que desempenhem as atividades relativas à compra, ou
seja, é importante a participação de profissionais relacio-
nados à área administrativa responsável pela aquisição e
de profissionais da área técnica que consomem os referi-
dos materiais.
Previsão de Estoque
No núcleo temático referente à Previsão de Es-
toque encontram-se falas que descrevem a programação
anual, a previsão e reposição semanal, bem como a falta
de materiais. O depoimento refere-se à previsão da quanti-
dade a ser requisitada: ... tem uma programação que é ­
anual...
é feito uma programação anual e para o ano seguinte... Nessa pro-
gramação a gente coloca tudo, é a diretora e a enfermeira chefe
refaz essa programação colocando tudo, reformulando o que é ex-
cesso e o que falta, adequando as quantidades (E14).
Anualmente é realizado um levantamento da quantida-
de de material gasto pela unidade e uma análise para verificar
a suficiência dos materiais. Também é nesta fase que se reali-
zam alterações na quantidade a ser solicitada segundo crité-
rios como estoque atual e perfil de consumo da unidade.
Os relatórios de materiais adquiridos/solicitados,
os mantidos em estoque, os de entrada e saída, bem como
aqueles que relacionam os materiais não utilizados há mais
de um ano, fornecem importantes subsídios para nortear
as inclusões ou exclusões de itens do catálogo(4).
A quantidade a ser adquirida depende do consumo
médio esperado no período, do consumo durante o tempo
de espera, dos imprevistos, dos estoques no almoxarifado
e dos pedidos por receber(10).
Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009
24
Artigos Originais
A estimativa do material a ser comprado depende
do consumo mensal das unidades hospitalares, ou seja,
da soma das cotas de todas as unidades, cujos valores são
calculados com base na média aritmética do consumo,
considerando o consumo médio mensal e o estoque de
segurança(9).
A cota mensal é calculada baseada na média aritmé-
tica do consumo de no mínimo três meses, sendo desejável
considerar um período superior a 12 meses(3,11).
Interessante destacar que embora existam crité-
rios técnicos estabelecidos para a previsão de materiais,
os depoimentos indicam que no hospital estudado, este
processo ocorre de maneira assistemática considerando a
percepção individual dos enfermeiros que se baseiam em
sua própria vivência.
Ocasionalmente a UTI se depara com a falta de
material que é justificada, por algumas enfermeiras, pela
previsão insuficiente de materiais, como exemplifica a
fala: ... só vou te citar um exemplo: vamos supor que tem pre-
visão de cem sondas e... conforme a gente foi pedindo, janeiro,
fevereiro, março, no decorrer dos meses vai subtraindo daquilo
que a agente já marcou em cem que era para previsão anual. Se
chegar em novembro e já esgotou as cem, a gente tem que fazer
essa requisição avulsa, uma série de coisas. Para nós, os recursos
materiais, quando vai chegando o final de ano vai ficando críti-
co, crítico, crítico e é exatamente por causa dessa programação
porque às vezes consome demais, tem troca de paciente demais,
aí é hora de começar a fazer essa requisição (E14).
Além da previsão anual, semanalmente é realizada
a requisição e recebimento de material, uma determinada
quantidade é armazenada nos almoxarifados das próprias
unidades e uma quantidade menor fica nas alas de atendi-
mento: Os materiais chegam semanalmente, tem uma cota, uma
previsão de gasto e, os que acabam, assim, eventualmente são re-
postos toda quarta-feira. A gente tem um estoque, um almoxari-
fado... onde as alas são repostas diariamente. Quando a gente não
tem material, pede na central. Dependendo do que precisa repor
então, do que não tiver aqui (E09).
Após a chegada do material, ele fica estocado em
um almoxarifado central e solicitado pelas unidades sema-
nalmente. Foi relatada a existência de uma lista com todos
os materiais da unidade que, semanalmente, é preenchi-
da com uma quantidade a ser requisitada. Esse material
requisitado por semana é subtraído do total de material
comprado para o ano.
Neste processo encontra-se a soma do trabalho da
enfermeira com o trabalho da escriturária. Algumas falas
descrevem o papel da escriturária na requisição do ma-
terial para suprir as necessidades da UTI: O material vem
do HC Campus, geralmente uma vez por semana. É solicitado, ge-
ralmente pelo escriturário acompanhado do enfermeiro, através
de um check-list. O recebimento também é feito pelo enfermeiro
que está no plantão, geralmente isso é pela manhã. É distribuí-
do do almoxarifado pelo escriturário, pelo enfermeiro que está
no plantão durante a tarde e depois é pelo escriturário (E24). As
escriturárias fazem um levantamento de tudo que a gente tem e
pede só o que vai precisar mesmo. O local de armazenar, porque
não tem um local muito grande, o espaço é pequeno. Então, tem
que ver isso também, pra não pedir tanta coisa senão depois você
não tem como guardar. Esse material, quando chega, elas já procu-
ram colocar por baixo, por conta de validade, então vai fazendo,
alternando... vai pondo sempre por baixo pra não perder o prazo
de vencimento (E05).
No controle do estoque, os objetivos principais
são diminuir custo, prevenir perdas e desperdício devido
a roubo, obsolescência, quebras, dano do produto e da
embalagem, assim como estabelecer, de maneira clara,
onde se encontra cada produto para uma fácil e rápida ex-
pedição, ter fácil acesso a cada material, poder controlar
fisicamente os estoque e manter a qualidade dos produtos
durante o máximo de tempo possível, mediante o controle
adequado de temperatura e umidade, exposição mínima
ao sol ou à luz do dia e a ausência total de insetos(10).
Acompanhamento do Uso
No núcleo temático Acompanhamento do Uso
encontram-se depoimentos relativos à guarda do material,
avaliação da qualidade dos materiais durante o consumo e
controle do desperdício. Os depoimentos abaixo referem-
se à guarda de materiais especiais para controlar o con-
sumo adequadamente: ... alguns materiais são colocados em
um armário específico, que a chave fica com o enfermeiro. São
materiais um pouco caros, cateter de punção central, alguns tipos
de cobertura, esparadrapo, micropore... Porque o pessoal que já
trabalha aqui há algum tempo vinha percebendo que acabavam
Artigos Originais
Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 25
sumindo com muita facilidade, aí não davam conta de repor. En-
tão tomaram essa atitude (E09). ... os enfermeiros, só os enfermei-
ros que têm acesso a esse armário e a gente vai liberando conforme
a necessidade (E20).
Quanto ao desperdício de material também en-
contramos falas que o justificam pelo fato de a instituição
ser um hospital de ensino. No entanto, identifica-se que
as enfermeiras são conscientes dessa falha e consideram
importante que se realizem trabalhos com propostas de
implantar métodos para minimizar o uso indevido.
O acompanhamento do uso também refere-se a pre-
venir perdas e evitar que a equipe use materiais de forma
inadequada: A enfermeira é responsável por evitar desperdício,
do material sendo que alguns tipos de material ficam sob a res-
ponsabilidade só do enfermeiro, como o cateter de duplo lúmen,
cateter de diálise, que são materiais mais que caros, que são dei-
xados... é... o enfermeiro é responsável por distribuir esse material
ou não (E19). Mas eu acho que é de extrema importância o enfer-
meiro, saber o quanto gasta de material. Fazer um levantamento
de quanto gastou por mês e começar fazer comparações, por que
que aquele mês eu gastei menos e esse mês eu gastei mais? Ah,
Será que tinha mais isolamento? Não era o mês que eu tinha tido
mais alunos dentro da UTI ou então, se eu não tive nada disso, o
que aconteceu, por que? Será que eu tenho que fazer um trabalho
voltado para os meus colaboradores aonde a gente poder atuar e
melhorar para diminuir esses gastos? (E06).
Desperdício é todo consumo de produtos e insu-
mos de forma não eficiente e não eficaz, incluindo desde
materiais defeituosos até a realização de atividades desne-
cessárias(12).
O desperdício ocorre, muitas vezes, não por uma
má administração, mas por falta de uma percepção mais
eficiente por parte dos colaboradores(13).
A qualidade do material foi abordada neste núcleo
temático, refere-se ao material que já está em uso na uni-
dade, ou seja, o material que já passou pelo processo de
compra. Deste modo, entende-se que a qualidade é um as-
pecto importante não apenas no teste de materiais durante
o processo de compra, mas também durante o acompa-
nhamento do uso destes materiais com vistas à segurança
do paciente e da equipe.
Do mesmo modo que são avaliados os materiais
disponibilizados para teste, também são avaliados constan-
temente os materiais que já estão em uso na unidade sendo
que toda observação/ocorrência é elaborado um relatório
contendo as opiniões e encaminhado para o setor respon-
sável pela qualidade e compras.
Os relatos abaixo evidenciam as providências em
caso de constatar materiais de baixa qualidade sendo con-
sumidos: Eu sei que tem uma reunião de qualidade do material
que a enfermeira chefe participa. Mas muitas vezes o material já
chega, já vem meio que imposto, sei lá, aí que você vai ver que ele
é ruim (E20). É um relatório falando que esse material não está
adequado, que danificou determinada coisa, a mão do paciente, a
mão do funcionário machucou. A luva, por exemplo... a gente faz
esse relatório e manda pra um órgão específico para a compra,
mas isso não necessariamente é só a enfermeira, pode ser outro
funcionário qualquer (E02).
A fala destaca o papel da enfermeira: ... na terapia
intensiva, o enfermeiro, é responsável por avaliar esse material
que chega para uso, de modo que o hospital compra, o enfermeiro
participa, faz um relatório se foi aprovado ou não (E19).
Quando analisado o trabalho de enfermagem e da
saúde como um todo presume-se que o processo de cuidar
e administrar estão alinhados, constituindo-se na gerência
do cuidado de enfermagem.
O gerenciamento em enfermagem exerce o papel
preponderante de controlar os recursos para assistência,
tanto no que tange aos recursos humanos, quanto aos ma-
teriais, físicos e financeiros(14).
O processo de trabalho de administrar, também
considerado como processo de trabalho gerencial, tem
como instrumentos de trabalho o planejamento, o dimen-
sionamento de pessoal, o recrutamento e a seleção, a edu-
cação permanente, a supervisão, a avaliação de desempe-
nho e de serviços e os saberes administrativos, de gestão e
gerência local(15).
A verificação do conhecimento e a forma de utiliza-
ção do material fazem parte da atividade de supervisão do
enfermeiro e capacitação de sua equipe, como evidenciam
as falas a seguir: A nossa função acaba sendo verificar o conhe-
cimento. Isso é assim, se esse material ele está sendo útil ou não,
onde que ele está ficando, se o paciente está em isolamento o ma-
terial que fica lá pra não gastar a mais, pra não perder, desperdiçar
(E02). Muitas vezes a gente que tem que orientar os escriturários
a como estocar esse material. Tem material de geladeira, tem ma-
terial fotossensível, termossensível, então, a gente sabe como lidar
Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009
26
Artigos Originais
com isso, às vezes, uma pessoa leiga que não lida com isso, na hora
que chega não sabe (E04).
A enfermeira assume a função de supervisão da
equipe de enfermagem, independentemente do cargo, sen-
do a educação uma de suas atividades de maior relevância
junto a seu pessoal. Supervisão como sendo um processo
educativo que visa à motivação e à orientação dos supervi-
sionados para a realização de suas atividades com eficiên-
cia e eficácia(16).
O treinamento, assim como o desenvolvimento da
equipe de enfermagem, justifica-se pela promoção de ca-
pacitação técnica específica, da aquisição de novos con-
ceitos, atitudes e da visão crítica dos problemas contem-
porâneos, responsabilidades sociais e cooperação dentro
e fora do ambiente de trabalho(17).
A enfermagem avança continuamente incorporando
novas tecnologias que devem ser revertidas na qualificação
do cuidado prestado(18).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Algumas atividades desenvolvidas pelas enfermeiras
da UTI fazem parte da organização do trabalho e do cuida-
do prestado, desse modo são entendidas como atividades
gerenciais. Os recursos materiais são essenciais no pro-
cesso de assistência ao paciente, neste sentido represen-
tam expressiva parcela do trabalho do enfermeiro.
Os resultados desta investigação evidenciam que as
enfermeiras têm assumido no cotidiano de trabalho em
UTI o gerenciamento de recursos materiais em uma pers-
pectiva de administrar todo o fluxo de itens utilizados para
assistência de enfermagem. Entende-se que esta é uma ati-
vidade fundamental para garantir a qualidade, continuida-
de e integralidade da assistência, ou seja, o desempenho
da função gerencial do enfermeiro sob o foco do cuidado
ao paciente.
Nesteestudoosdepoimentosgeraramnúcleostemá-
ticos quais sejam: Aquisição de Materiais está presente
em falas relativas à solicitação de compra, testes e tomada
de decisão sobre a implantação de novos materiais; Previ-
são de Estoque emergiu em falas relativas à programação
de materiais, reposição diária/semanal de materiais, con-
trole de estoque e falta de materiais; o Acompanhamento
do Uso de Materiais surgiu como tema em falas relativas
ao consumo, evasão e avaliação da qualidade do material,
o papel da enfermeira perpassa pelos três núcleos, ela exe-
cuta atividades de controle de qualidade e de desperdício,
avaliação do material, teste de novos materiais, controle
dos materiais de alto custo, orientação sobre a forma de
utilização adequada dos materiais.
Constata-se, então, a importância de a enfermeira
ter noções referentes ao controle do uso de materiais,
para supervisionar adequadamente o trabalho de sua
equipe e ainda proporcionar a educação e atualização
constante do conhecimento com a finalidade de garan-
tir melhores rendimentos financeiros e de qualidade no
uso de recursos materiais necessários à assistência ao
paciente.
REFERÊNCIAS
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no processo de cuidar. Cogitare Enferm 2002;7(1):23-9.
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meiro e processo de enfermagem: a articulação na visão
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titui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências [Internet]. 1993 [citado
Artigos Originais
Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 27
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12. Bornia AC. Análise gerencial de custos em empresas
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13. Sá KS, Nunes ETS, Batista HM. Desperdício: uma ques-
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18. Moreira ML, Castro ME. Percepção dos pacientes em
unidade de terapia intensiva frente à internação. Rev Rene.
2006;7(1):75-83.
RECEBIDO: 02/03/2009
ACEITO: 13/10/2009

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  • 1. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste ISSN: 1517-3852 rene@ufc.br Universidade Federal do Ceará Brasil de Oliveira, Naiara Cristina; Dias Pedreschi Chaves, Lucieli GERENCIAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS: O PAPEL DA ENFERMEIRA DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, vol. 10, núm. 4, octubre-diciembre, 2009, pp. 19-27 Universidade Federal do Ceará Fortaleza, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=324027968002 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
  • 2. Artigos Originais Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 19 GERENCIAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS: O PAPEL DA ENFERMEIRA DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA1 MATERIAL RESOURCE MANAGEMENT: THE ROLE OF INTENSIVE CARE UNIT NURSES ADMINISTRACIÓN DE RECURSOS MATERIALES: EL PAPEL DE LA ENFERMERA DE UNIDAD DE CUIDADOS INTENSIVOS Naiara Cristina de Oliveira2 Lucieli Dias Pedreschi Chaves3 Comobjetivodedescreverasatividadesrelativasaogerenciamentoderecursosmateriaisexercidaspelaenfermeiraemunidade de terapia intensiva de um hospital de ensino do interior de São Paulo foi realizado estudo descritivo e exploratório. Os dados foram coletados em entrevistas gravadas com enfermeiras das Unidades de Terapia Intensivas (UTIs) e foram analisados segundo análise de conteúdo. Nos depoimentos foram identificados aspectos recorrentes, constituindo-se três núcleos temáticos: Aquisição de Materiais, Previsão de Estoque e Acompanhamento do Uso de Materiais. Os resultados evidenciam a importância que o enfermeiro tenha noções referentes ao controle do uso de materiais, supervisione adequadamente o trabalho de sua equipe e ainda proporcione a educação e atualização constante do conhecimento com a finalidade de garantir melhores rendimentos financeiros e de qualidade no uso de recursos materiais necessários à assistência ao paciente. DESCRITORES: Enfermagem; Organização e administração; Recursos materiais em saúde. This descriptive and exploratory study aimed to describe the activities related to the management of material resources performed by nurses in the intensive care unit (ICU) of a teaching hospital in the interior of the state of São Paulo, Brazil. Recorded interviews with ICU nurses were used as data collection. They were analyzed according to the content analysis. Recurring aspects were identified in the statements, establishing three thematic cores: Material Purchase, Stock Forecast and Tracking of Material Use. Results evidence the importance of the knowledge of nurses regarding the control of material use, appropriate supervision of team work and that they provide constant training and updating of knowledge, aiming to ensure better financial and quality performance in the use of the material resources needed to provide care to patients. DESCRIPTORS: Nursing; Organization and administration; Material resources in health. Estudio descriptivo y exploratorio que tuvo como objetivo describir las actividades relativas a la administración de recursos materiales, ejercidas por la enfermera en unidad de cuidados intensivos (UCI) de un hospital de aprendizaje localizado en el interior del estado de São Paulo. Los datos se recogieron a través de entrevistas grabadas, realizadas con enfermeros de las unidades de cuidados intensivos (UCI) y examinados según el análisis de contenido. En las declaraciones fueron identificadosaspectosrecurrentes,constituyéndosetresnúcleostemáticos:AdquisicióndeMateriales,PrevisióndeExistencias y Acompañamiento del Uso de Materiales. Los resultados evidencian que es importante que el enfermero tenga nociones referentes al control del uso de materiales, supervise adecuadamente el trabajo de su equipo y aun proporcione la educación y actualización constante del conocimiento con la finalidad de garantizar mejores rendimientos financieros y de calidad en el uso de recursos materiales necesarios para la asistencia al paciente. DESCRIPTORES: Enfermería; Organización y administración; Recursos materiales en salud. 1 Projeto de pesquisa financiado pela Fundação Apoio Pesquisa Estado São Paulo (FAPESP), modalidade Iniciação Científica. Processo nº 2008/00318-2. 2 Graduanda do 8º semestre do curso de Bacharelado em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). Endereço: Av. Brasília, 1038 – Bairro XV de Novembro, CEP: 38200-000. Frutal-MG/Brasil. E-mail: naiara_enf_usp@hotmail.com 3 Enfermeira. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da EERP-USP/Brasil. E-mail: dpchaves@eerp.usp.br
  • 3. Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 20 Artigos Originais INTRODUÇÃO O processo de cuidar está historicamente ligado ao trabalho da enfermagem, visa atender as necessidades hu- manas básicas, seja individualmente, na família ou na co- munidade, de acordo com os princípios de prevenção de doenças, promoção, recuperação e reabilitação de saúde. Nesse sentido, o gerenciamento do processo de cui- dar é caracterizado pela observação, o levantamento de dados, o planejamento, a evolução, a avaliação, os siste- mas de assistência, os procedimentos técnicos e os de co- municação, a interação entre pacientes e trabalhadores de enfermagem e entre os diversos profissionais de saúde(1). Na atualidade, a concepção predominante acerca do gerenciamento em enfermagem aponta essencialmen- te para questões de controle, organização, planejamento e recursos(2). Entretanto, outra vertente do processo de gerenciamento desempenhado pela enfermeira é o de gerir unidades e serviços de saúde, a qual compreende a administração dos recursos humanos e materiais a fim de manter o bom funcionamento do serviço, prevendo e pro- vendo recursos necessários à assistência às necessidades dos pacientes. Para prestar cuidado ao usuário, dentre outras, há necessidadedeprovermateriaisadequados.Aadministração de recursos materiais nas instituições de saúde tem como objetivo coordenar as atividades necessárias para garantir o suprimento de todas as áreas da organização, ao menor custo possível e de maneira que a prestação de seus serviços não sofra interrupções prejudiciais aos usuários(3). Entende-se por materiais os produtos que serão consumidos imediatamente após sua chegada ou após um período de armazenamento, ou seja, excluem-se des- te agrupamento os materiais permanentes, tais como os equipamentos, mobiliários, veículos(4). Recursos mate- riais também são denominados recursos físicos e englo- bam aspectos materiais que a empresa utiliza no processo produtivo(5). Uma das atribuições da enfermeira é administrar materiais, definida como a atividade de planejar, executar e controlar, nas condições mais eficientes e econômicas, o fluxo de material, partindo das especificações dos artigos a comprar até a entrega e utilização do produto(6). O gerenciamento de recursos materiais é definido como o fluxo de atividades de programação (classificação, padronização, especificação e previsão de materiais), com- pra (controle de qualidade e licitação), recepção, armaze- namento, distribuição e controle, com o objetivo de garantir que a assistência aos usuários não sofra interrupções por insuficiência na quantidade ou na qualidade de materiais, deste modo, o gerenciamento de recursos materiais torna- se fundamental para garantir a qualidade da assistência(7). A administração de recursos materiais está dividida em quatro grupos ou subsistemas: subsistema de normali- zação, subsistema de controle, subsistema de aquisição e subsistema de armazenamento(4). A classificação de mate- riais em diferentes grupos ou classes possibilita estabelecer instrumentos de planejamento e controle adequado(8). Enfim, o exposto evidencia a importância do ge- renciamento de recursos materiais para a assistência de enfermagem e, nesse sentido, entende-se que o enfermei- ro tem papel relevante, particularmente em serviços de maior densidade tecnológica que atendem usuários com maior grau de complexidade. Com base nestes conceitos e buscando compreender a inserção do enfermeiro no con- texto da gerência do trabalho hospitalar, faz-se o seguinte questionamento: Quais são as atividades da enfermeira, na perspectiva da gerência de materiais, em Unidade de Tera- pia Intensiva (UTI)? OBJETIVO Descrever as atividades relativas ao gerenciamento de recursos materiais exercidas pela enfermeira em uni- dade de terapia intensiva de um hospital de ensino do in- terior de São Paulo. MATERIAL E MÉTODO Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de- senvolvido no ano de 2008. O hospital selecionado para a realização da pesquisa é um hospital com duas unidades distintas (Unidade Campus e Unidade de Emergência), é público, de ensino, presta assistência ambulatorial e inter- nação, classificado como hospital quaternário por realizar atendimentos especializados e de alta complexidade.
  • 4. Artigos Originais Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 21 O setor selecionado para o estudo foi a unidade de terapia intensiva adulto, credenciada pelo Sistema Único de Saúde, que conta com 42 leitos distribuídos em duas unidades distintas – Unidade de Emergência (UTI-1) e Unidade Campus (UTI-2). As UTIs concentram atendimentos a pacientes adul- tos, acometidos por agravos clínicos ou cirúrgicos de alta complexidade, realizados por uma equipe multiprofissio- nal (médicos de diferentes especialidades, equipe de en- fermagem, psicólogo, agente administrativo). Os sujeitos da pesquisa foram todas as enfermeiras responsáveis pelo gerenciamento de recursos materiais das unidades de terapia intensiva do hospital de estudo. Foram critérios de inclusão nesse estudo ser enfer- meira de uma das UTIs do hospital de estudo, estar em exercício de suas funções e aceitar participar da pesquisa. Foram critérios de exclusão estar afastado da unidade por motivo de férias, licença saúde e outros afastamentos le- gais, não se disponibilizar a participar da pesquisa. Para coleta de dados foi realizada entrevista semi- estruturada, com todas as enfermeiras que atenderam aos critérios de inclusão, a qual foi conduzida com um instru- mento que consta de duas partes, a primeira tem a finali- dade de caracterizar as entrevistadas quanto às variáveis de interesse (idade, tempo de formação, tempo de trabalho em UTI, participação em cursos de pós-graduação e atua- lização) e a segunda sobre aspectos do gerenciamento de materiais. O instrumento foi submetido à validação de face por três peritos na temática de estudo. A própria pesquisadora realizou a entrevista, indi- vidualmente, em data, local e horário agendado pela en- trevistada. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra pela pesquisadora. Os dados coletados na primeira parte do roteiro de entrevista foram analisados segundo a estatística descriti- va, adotando-se a distribuição de freqüências, percentuais e valores médios. Os dados qualitativos foram analisados segundo a análise de conteúdo, particularmente a análise temática. A análise iniciou-se com a leitura exploratória vertical, exaustiva, para possibilitar o domínio do conteúdo de cada entrevista; a seguir foi feita a leitura horizontal do conjunto de entrevistas para estabelecer relações entre elas. Da lei- tura vertical e horizontal identificou-se núcleos temáticos e, em seguida, elaborou-se a síntese da análise de cada en- trevista e a síntese da análise do conjunto de entrevistas. Para a realização da pesquisa, após obter autori- zação do local de estudo, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto-USP, através da Unidade de Pesquisa Clíni- ca, tendo sido aprovado no processo HCRP nº 3754/08. RESULTADOS E DISCUSSÃO A população de estudo totalizou 24 enfermeiras das duas UTIs estudadas, sendo 10 sujeitos da Unidade Cam- pus e 14 na Unidade de Emergência. A Tabela 1 apresenta a caracterização das entrevistadas quanto à idade, tempo de trabalho em UTI, participação em cursos de pós-gradu- ação e de atualização. Tabela 1 – Distribuição dos enfermeiros de UTI, segundo idade, tempo de formação profissional e trabalho em UTI, participação em cursos de pós-graduação e atualização. Ribeirão Preto, 2008. (n = 24) Variáveis UTI – 1 UTI – 2 Total N % N % N % Idade Mínima 24 - 21 - 21 - Máxima 48 - 43 - 48 - Média 34 - 33 - 33 - Tempo de formação profissional > 20 anos 1 7,14 - - 1 4,17 15 –| 20 1 7,14 1 10,00 2 8,33 10 –| 15 2 14,29 4 40,00 6 25,00 5 –| 10 6 42,86 3 30,00 9 37,50 < 5 anos 4 28,57 2 20,00 6 25,00 Total 14 100,00 10 100,00 24 100,00 Tempo de trabalho na UTI < de 1 ano 5 35,71 2 20,00 7 29,17 1 –| 5 4 28,57 2 20,00 6 25,00 5 –| 10 5 35,71 5 50,00 10 41,67 10 –| 15 - - - - - - > de 15 anos - - 1 10,00 1 4,17 Total 14 100,00 10 100,00 24 100,00 Pós-graduação na área de UTI Sim 5 35,71 3 30,00 8 33,33 Não 9 64,29 7 70,00 16 66,67 Total 14 100,00 10 100,00 24 100,00 Atualização na área de UTI Sim 10 71,43 7 70,00 17 70,83 Não 4 28,57 3 30,00 7 29,17 Total 14 100,00 10 100,00 24 100,00
  • 5. Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 22 Artigos Originais A faixa etária das participantes variou de 24 a 48 anos, com idade média de 34 anos. Das entrevistadas, 25% referem ter menos de cinco anos de formação e, 62,5% referem ter entre cinco e 15 anos de formação. Quanto ao tempo de trabalho em UTI verificou-se que 29,2% das entrevistadas referem trabalhar no local há menos de um ano o que pode evidenciar um contingente de enfermeiras ainda em fase de adaptação na Unidade. Constatou-se que 66,7% das enfermeiras não pos- suem pós-graduação na área de UTI e 33,3% possuem ou estão com o curso em andamento. Questiona-se as razões e justificativas para o baixo investimento em especialização na área, também ressalta-se a importância dos incentivos institucionais para a qualificação de recursos humanos na perspectiva de investir em melhoria da assistência de en- fermagem. Quanto à atualização de conhecimentos, 70,8% das entrevistadas responderam que participam regularmente de cursos. Cabe destacar o expressivo contingente (29,2%) de entrevistadas que referem não participar de cursos de atualização levando ao questionamento da importância da educação permanente em setores altamente especializados como é o caso da UTI bem como das possíveis implicações para a assistência de enfermagem. Entende-se que estas informações acerca do tempo de trabalho na área de UTI, atualização dos conhecimentos e ter pós-graduação foram importantes para a compreen- são de falas dos entrevistados as quais relatam dificuldades encontradas no âmbito do gerenciamento de recursos ma- teriais, como os depoimentos a seguir: Como eu te expliquei, estou trabalhando aqui há 30 dias, ainda estou passando pela fase de treinamento e conhecendo como é a dinâmica da unidade... Então o que eu posso te falar é como eu observo (E04). Na leitura e análise das entrevistas buscamos elen- car as descrever as atividades relativas ao gerenciamento de recursos materiais em UTI. Da leitura dos depoimentos emergiram três núcleos temáticos: Aquisição de Materiais, Previsão de Estoque, Acompanhamento do Uso, em todos os núcleos evidencia-se o papel do enfermeiro. Aquisição de Materiais O núcleo temático Aquisição de Materiais emer- ge em falas relativas à solicitação de compra, ao processo de aquisição, à tomada de decisão sobre a implantação de novos materiais e aos respectivos testes. Através da compra busca-se o atendimento às ne- cessidades de produtos (ou serviços), conforme os requi- sitos de qualidade estabelecidos pelo processo produtivo, no tempo correto, com os melhores preços e condições de pagamento(4). O processo de compra é conduzido por setores es- pecíficos das instituições de saúde. Os depoimentos abaixo evidenciam que, no hospital de estudo, a enfermeira nem sempre tem o conhecimento acerca do processo de com- pra no hospital de estudo: A compra, por exemplo, eu não sei de onde vem essa compra, quem compra, quanto custa. Tudo que chega pra mim eu não tenho nota, não sei quanto custou (E06). Em algumas entrevistas encontram-se falas que ci- tam a não participação direta da enfermeira nessa ativida- de: No processo de compra não é o enfermeiro que intercede... A gente não participa do processo de compra diretamente. Como é li- citação, a gente efetivamente não participa desse processo (E07). No hospital estudado, a compra é realizada através de um processo formal denominado licitação, desenvolvi- do conforme os preceitos legais estabelecidos para tal fim, com o objetivo de atender às necessidades da organização quanto à compra de produtos, bem ou serviços destinados ao processo produtivo. As licitações no Brasil estão regulamentadas pela Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, atualizada pelas leis 8.883 de 8 de junho de 1994 e 9.648 de 27 de maio de 1998(9). Mesmo que não haja a participação direta do en- fermeiro considera-se de grande importância que todos conheçam o funcionamento desse processo para saber relacioná-lo a qualidade dos materiais que estão sendo adquiridos pela instituição. Além disso, é indispensável a participação da enfermagem assessorando a área adminis- trativa nos aspectos técnicos e nas ações locais. Considerando que no processo de licitação são ofe- recidos materiais de preços e qualidade variados, o que dificulta o julgamento das propostas, é de grande impor- tância a avaliação feita pelas enfermeiras e estabelecimen- to de especificações técnicas exatas em relação àquilo que se deseja adquirir. Para esse detalhamento, é importante consultar normatizações técnicas dos fabricantes.
  • 6. Artigos Originais Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 23 Asfalasaseguirsãoreferentesàparticipaçãodasen- fermeiras no teste de novos materiais antes que o processo de compra se concretize: Quando o hospital compra um ma- terial novo ele passa pela avaliação da equipe de enfermagem,que está mais em contato com o paciente, que mais utiliza esse tipo de material (E12). Quem atua nessa compra é a chefia. A chefia consegue falar... comunicar se esse material é bom ou não para o setor de compras. Mas o setor de compras não tem contato com a utilização desse material. A gente comunica a chefia que comuni- ca outra chefia até chegar no setor de compras. Essa comunicação normalmente é feita escrita, formal e tem a informal que a gente verbaliza (E04). Quando existem novas marcas ou modelos de mate- riais, amostras são disponibilizadas para o uso e avaliação. Algumas enfermeiras relataram que esta avaliação é feita pela equipe de enfermagem, pode conter opiniões de ou- tros profissionais que também utilizam o produto. Poste- riormente, é preenchido um documento ou elaborado um parecer sobre a qualidade do material e, através da chefia de enfermagem é encaminhado ao setor de compras. Entende-se que pode existir uma importante relação entre qualidade e preço sendo esta a justificativa para a enfermeira conhecer o processo de compra, pois acredita- se que a qualidade do material disponível é indispensável para qualificar a assistência de enfermagem prestada, via- bilizar cuidado ao paciente e a atuação da equipe dentro dos padrões desejáveis de segurança. O termo qualidade faz referência a uma melhor conveniência de um produto ou serviço em relação ao uso que lhe vai ser dado, isto é, à sua eficácia. Quanto mais adequado é um produto presume-se que maior é a sua qualidade. As decisões que envolvem qualidade nascem dos objetivos do hospital e do seu nível de complexidade, devem estar presentes em todos os planos de compras que se materializam a partir de especificações detalhadas para as solicitações de aquisição(10). Os testes de materiais servem para avaliar o desem- penho técnico e analisar a possibilidade de riscos para pa- cientes e trabalhadores(7). Algumas enfermeiras relataram que apesar da re- provação de materiais devido à qualidade, às vezes eles são comprados porque foram aprovados em outros setores do hospital e, deste modo serão disponibilizados para todos os outros setores: Então é sempre feito esse controle de qualida- de dos materiais. Alguns acabam sendo reprovados aqui. Às vezes acontece de ainda ser reprovado aqui e depois de algum tempo a gente ainda recebe desse material, porque em algum um outro lugar foi aceito, entendeu? E acaba vindo para a gente que não deixou passar no teste, acontece isso também (E05). As enfermeiras não participam da escolha do mate- rial apenas opinam em relação à qualidade daqueles que são colocados para teste e dos materiais que já estão em uso na unidade. Entende-se que para haja uma melhor organização do trabalho é necessária a formação de comissões mis- tas que desempenhem as atividades relativas à compra, ou seja, é importante a participação de profissionais relacio- nados à área administrativa responsável pela aquisição e de profissionais da área técnica que consomem os referi- dos materiais. Previsão de Estoque No núcleo temático referente à Previsão de Es- toque encontram-se falas que descrevem a programação anual, a previsão e reposição semanal, bem como a falta de materiais. O depoimento refere-se à previsão da quanti- dade a ser requisitada: ... tem uma programação que é ­ anual... é feito uma programação anual e para o ano seguinte... Nessa pro- gramação a gente coloca tudo, é a diretora e a enfermeira chefe refaz essa programação colocando tudo, reformulando o que é ex- cesso e o que falta, adequando as quantidades (E14). Anualmente é realizado um levantamento da quantida- de de material gasto pela unidade e uma análise para verificar a suficiência dos materiais. Também é nesta fase que se reali- zam alterações na quantidade a ser solicitada segundo crité- rios como estoque atual e perfil de consumo da unidade. Os relatórios de materiais adquiridos/solicitados, os mantidos em estoque, os de entrada e saída, bem como aqueles que relacionam os materiais não utilizados há mais de um ano, fornecem importantes subsídios para nortear as inclusões ou exclusões de itens do catálogo(4). A quantidade a ser adquirida depende do consumo médio esperado no período, do consumo durante o tempo de espera, dos imprevistos, dos estoques no almoxarifado e dos pedidos por receber(10).
  • 7. Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 24 Artigos Originais A estimativa do material a ser comprado depende do consumo mensal das unidades hospitalares, ou seja, da soma das cotas de todas as unidades, cujos valores são calculados com base na média aritmética do consumo, considerando o consumo médio mensal e o estoque de segurança(9). A cota mensal é calculada baseada na média aritmé- tica do consumo de no mínimo três meses, sendo desejável considerar um período superior a 12 meses(3,11). Interessante destacar que embora existam crité- rios técnicos estabelecidos para a previsão de materiais, os depoimentos indicam que no hospital estudado, este processo ocorre de maneira assistemática considerando a percepção individual dos enfermeiros que se baseiam em sua própria vivência. Ocasionalmente a UTI se depara com a falta de material que é justificada, por algumas enfermeiras, pela previsão insuficiente de materiais, como exemplifica a fala: ... só vou te citar um exemplo: vamos supor que tem pre- visão de cem sondas e... conforme a gente foi pedindo, janeiro, fevereiro, março, no decorrer dos meses vai subtraindo daquilo que a agente já marcou em cem que era para previsão anual. Se chegar em novembro e já esgotou as cem, a gente tem que fazer essa requisição avulsa, uma série de coisas. Para nós, os recursos materiais, quando vai chegando o final de ano vai ficando críti- co, crítico, crítico e é exatamente por causa dessa programação porque às vezes consome demais, tem troca de paciente demais, aí é hora de começar a fazer essa requisição (E14). Além da previsão anual, semanalmente é realizada a requisição e recebimento de material, uma determinada quantidade é armazenada nos almoxarifados das próprias unidades e uma quantidade menor fica nas alas de atendi- mento: Os materiais chegam semanalmente, tem uma cota, uma previsão de gasto e, os que acabam, assim, eventualmente são re- postos toda quarta-feira. A gente tem um estoque, um almoxari- fado... onde as alas são repostas diariamente. Quando a gente não tem material, pede na central. Dependendo do que precisa repor então, do que não tiver aqui (E09). Após a chegada do material, ele fica estocado em um almoxarifado central e solicitado pelas unidades sema- nalmente. Foi relatada a existência de uma lista com todos os materiais da unidade que, semanalmente, é preenchi- da com uma quantidade a ser requisitada. Esse material requisitado por semana é subtraído do total de material comprado para o ano. Neste processo encontra-se a soma do trabalho da enfermeira com o trabalho da escriturária. Algumas falas descrevem o papel da escriturária na requisição do ma- terial para suprir as necessidades da UTI: O material vem do HC Campus, geralmente uma vez por semana. É solicitado, ge- ralmente pelo escriturário acompanhado do enfermeiro, através de um check-list. O recebimento também é feito pelo enfermeiro que está no plantão, geralmente isso é pela manhã. É distribuí- do do almoxarifado pelo escriturário, pelo enfermeiro que está no plantão durante a tarde e depois é pelo escriturário (E24). As escriturárias fazem um levantamento de tudo que a gente tem e pede só o que vai precisar mesmo. O local de armazenar, porque não tem um local muito grande, o espaço é pequeno. Então, tem que ver isso também, pra não pedir tanta coisa senão depois você não tem como guardar. Esse material, quando chega, elas já procu- ram colocar por baixo, por conta de validade, então vai fazendo, alternando... vai pondo sempre por baixo pra não perder o prazo de vencimento (E05). No controle do estoque, os objetivos principais são diminuir custo, prevenir perdas e desperdício devido a roubo, obsolescência, quebras, dano do produto e da embalagem, assim como estabelecer, de maneira clara, onde se encontra cada produto para uma fácil e rápida ex- pedição, ter fácil acesso a cada material, poder controlar fisicamente os estoque e manter a qualidade dos produtos durante o máximo de tempo possível, mediante o controle adequado de temperatura e umidade, exposição mínima ao sol ou à luz do dia e a ausência total de insetos(10). Acompanhamento do Uso No núcleo temático Acompanhamento do Uso encontram-se depoimentos relativos à guarda do material, avaliação da qualidade dos materiais durante o consumo e controle do desperdício. Os depoimentos abaixo referem- se à guarda de materiais especiais para controlar o con- sumo adequadamente: ... alguns materiais são colocados em um armário específico, que a chave fica com o enfermeiro. São materiais um pouco caros, cateter de punção central, alguns tipos de cobertura, esparadrapo, micropore... Porque o pessoal que já trabalha aqui há algum tempo vinha percebendo que acabavam
  • 8. Artigos Originais Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 25 sumindo com muita facilidade, aí não davam conta de repor. En- tão tomaram essa atitude (E09). ... os enfermeiros, só os enfermei- ros que têm acesso a esse armário e a gente vai liberando conforme a necessidade (E20). Quanto ao desperdício de material também en- contramos falas que o justificam pelo fato de a instituição ser um hospital de ensino. No entanto, identifica-se que as enfermeiras são conscientes dessa falha e consideram importante que se realizem trabalhos com propostas de implantar métodos para minimizar o uso indevido. O acompanhamento do uso também refere-se a pre- venir perdas e evitar que a equipe use materiais de forma inadequada: A enfermeira é responsável por evitar desperdício, do material sendo que alguns tipos de material ficam sob a res- ponsabilidade só do enfermeiro, como o cateter de duplo lúmen, cateter de diálise, que são materiais mais que caros, que são dei- xados... é... o enfermeiro é responsável por distribuir esse material ou não (E19). Mas eu acho que é de extrema importância o enfer- meiro, saber o quanto gasta de material. Fazer um levantamento de quanto gastou por mês e começar fazer comparações, por que que aquele mês eu gastei menos e esse mês eu gastei mais? Ah, Será que tinha mais isolamento? Não era o mês que eu tinha tido mais alunos dentro da UTI ou então, se eu não tive nada disso, o que aconteceu, por que? Será que eu tenho que fazer um trabalho voltado para os meus colaboradores aonde a gente poder atuar e melhorar para diminuir esses gastos? (E06). Desperdício é todo consumo de produtos e insu- mos de forma não eficiente e não eficaz, incluindo desde materiais defeituosos até a realização de atividades desne- cessárias(12). O desperdício ocorre, muitas vezes, não por uma má administração, mas por falta de uma percepção mais eficiente por parte dos colaboradores(13). A qualidade do material foi abordada neste núcleo temático, refere-se ao material que já está em uso na uni- dade, ou seja, o material que já passou pelo processo de compra. Deste modo, entende-se que a qualidade é um as- pecto importante não apenas no teste de materiais durante o processo de compra, mas também durante o acompa- nhamento do uso destes materiais com vistas à segurança do paciente e da equipe. Do mesmo modo que são avaliados os materiais disponibilizados para teste, também são avaliados constan- temente os materiais que já estão em uso na unidade sendo que toda observação/ocorrência é elaborado um relatório contendo as opiniões e encaminhado para o setor respon- sável pela qualidade e compras. Os relatos abaixo evidenciam as providências em caso de constatar materiais de baixa qualidade sendo con- sumidos: Eu sei que tem uma reunião de qualidade do material que a enfermeira chefe participa. Mas muitas vezes o material já chega, já vem meio que imposto, sei lá, aí que você vai ver que ele é ruim (E20). É um relatório falando que esse material não está adequado, que danificou determinada coisa, a mão do paciente, a mão do funcionário machucou. A luva, por exemplo... a gente faz esse relatório e manda pra um órgão específico para a compra, mas isso não necessariamente é só a enfermeira, pode ser outro funcionário qualquer (E02). A fala destaca o papel da enfermeira: ... na terapia intensiva, o enfermeiro, é responsável por avaliar esse material que chega para uso, de modo que o hospital compra, o enfermeiro participa, faz um relatório se foi aprovado ou não (E19). Quando analisado o trabalho de enfermagem e da saúde como um todo presume-se que o processo de cuidar e administrar estão alinhados, constituindo-se na gerência do cuidado de enfermagem. O gerenciamento em enfermagem exerce o papel preponderante de controlar os recursos para assistência, tanto no que tange aos recursos humanos, quanto aos ma- teriais, físicos e financeiros(14). O processo de trabalho de administrar, também considerado como processo de trabalho gerencial, tem como instrumentos de trabalho o planejamento, o dimen- sionamento de pessoal, o recrutamento e a seleção, a edu- cação permanente, a supervisão, a avaliação de desempe- nho e de serviços e os saberes administrativos, de gestão e gerência local(15). A verificação do conhecimento e a forma de utiliza- ção do material fazem parte da atividade de supervisão do enfermeiro e capacitação de sua equipe, como evidenciam as falas a seguir: A nossa função acaba sendo verificar o conhe- cimento. Isso é assim, se esse material ele está sendo útil ou não, onde que ele está ficando, se o paciente está em isolamento o ma- terial que fica lá pra não gastar a mais, pra não perder, desperdiçar (E02). Muitas vezes a gente que tem que orientar os escriturários a como estocar esse material. Tem material de geladeira, tem ma- terial fotossensível, termossensível, então, a gente sabe como lidar
  • 9. Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 26 Artigos Originais com isso, às vezes, uma pessoa leiga que não lida com isso, na hora que chega não sabe (E04). A enfermeira assume a função de supervisão da equipe de enfermagem, independentemente do cargo, sen- do a educação uma de suas atividades de maior relevância junto a seu pessoal. Supervisão como sendo um processo educativo que visa à motivação e à orientação dos supervi- sionados para a realização de suas atividades com eficiên- cia e eficácia(16). O treinamento, assim como o desenvolvimento da equipe de enfermagem, justifica-se pela promoção de ca- pacitação técnica específica, da aquisição de novos con- ceitos, atitudes e da visão crítica dos problemas contem- porâneos, responsabilidades sociais e cooperação dentro e fora do ambiente de trabalho(17). A enfermagem avança continuamente incorporando novas tecnologias que devem ser revertidas na qualificação do cuidado prestado(18). CONSIDERAÇÕES FINAIS Algumas atividades desenvolvidas pelas enfermeiras da UTI fazem parte da organização do trabalho e do cuida- do prestado, desse modo são entendidas como atividades gerenciais. Os recursos materiais são essenciais no pro- cesso de assistência ao paciente, neste sentido represen- tam expressiva parcela do trabalho do enfermeiro. Os resultados desta investigação evidenciam que as enfermeiras têm assumido no cotidiano de trabalho em UTI o gerenciamento de recursos materiais em uma pers- pectiva de administrar todo o fluxo de itens utilizados para assistência de enfermagem. Entende-se que esta é uma ati- vidade fundamental para garantir a qualidade, continuida- de e integralidade da assistência, ou seja, o desempenho da função gerencial do enfermeiro sob o foco do cuidado ao paciente. Nesteestudoosdepoimentosgeraramnúcleostemá- ticos quais sejam: Aquisição de Materiais está presente em falas relativas à solicitação de compra, testes e tomada de decisão sobre a implantação de novos materiais; Previ- são de Estoque emergiu em falas relativas à programação de materiais, reposição diária/semanal de materiais, con- trole de estoque e falta de materiais; o Acompanhamento do Uso de Materiais surgiu como tema em falas relativas ao consumo, evasão e avaliação da qualidade do material, o papel da enfermeira perpassa pelos três núcleos, ela exe- cuta atividades de controle de qualidade e de desperdício, avaliação do material, teste de novos materiais, controle dos materiais de alto custo, orientação sobre a forma de utilização adequada dos materiais. Constata-se, então, a importância de a enfermeira ter noções referentes ao controle do uso de materiais, para supervisionar adequadamente o trabalho de sua equipe e ainda proporcionar a educação e atualização constante do conhecimento com a finalidade de garan- tir melhores rendimentos financeiros e de qualidade no uso de recursos materiais necessários à assistência ao paciente. REFERÊNCIAS 1. Willig MH, Lenardt MH. A prática gerencial do enfermeiro no processo de cuidar. Cogitare Enferm 2002;7(1):23-9. 2. Azzolin GMC. Processo de trabalho gerencial do enfer- meiro e processo de enfermagem: a articulação na visão de docentes [dissertação]. São Paulo (SP): Escola de En- fermagem da Universidade de São Paulo; 2007. 3. Castilho V, Leite MMJ. A administração de recursos mate- riais na enfermagem. In: Kurcgant P, organizador. Adminis- tração em enfermagem. São Paulo: EPU; 1991. p. 73-88. 4. Vecina Neto G; Reinhardt Filho W. Gestão de recursos materiais e de medicamentos. São Paulo: FAPUSP; 1998. 5. Chiavenato I. Administração de materiais: uma aborda- gem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005. 6. Francischini PG, Gurgel FA. Administração de materiais e do patrimônio. São Paulo: Pioneira Thonson; 2002. 7. Castilho V, Gonçalves VLM. Gerenciamento de recur- sos materiais. In: Kurcgant P, organizador. Gerenciamento em Enfermagem. São Paulo: Guanabara Koogan; 2005. p. 157-70. 8. Castilho V, Lourenço KG. Nível de atendimento dos mate- riais classificados como críticos no Hospital Universitário da USP. Rev Bras Enferm. 2007;60(1):15-20. 9. Brasil. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regula- menta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, ins- titui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências [Internet]. 1993 [citado
  • 10. Artigos Originais Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009 27 2008 set 14]. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm 10. Malagón-Londoño GM, Morera RG, Laverde GP. Ad- ministração hospitalar. Rio de Janeiro: Guanabara Koo- gan; 2000. 11. Rosa MB, Gomes MJVM, Reis AMM. Abastecimento e gerenciamento de materiais. In: Gomes MJVM, Reis AMM, organizadores. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. São Paulo: Atheneu; 2001. p. 365-86. 12. Bornia AC. Análise gerencial de custos em empresas modernas. Porto Alegre: Bookman; 2002. 13. Sá KS, Nunes ETS, Batista HM. Desperdício: uma ques- tão de controle. Rev FARN. 2003;2(2):9-19. 14. Ciampone MHT, Kurcgant P. O ensino de adminis- tração em enfermagem no Brasil: o processo de cons- trução de competências gerenciais. Rev Bras Enferm. 2004;57(4):401-7. 15. Felli VEA, Peduzzi M. O trabalho gerencial em enfer- magem. In: Kurcgant P, organizador. Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p. 1-13. 16. Cunha K. Supervisão em enfermagem. In: Kurcgant P, coordenador. Administração em enfermagem. São Paulo: EPU; 1991. p. 117-32. 17. Castilho V. Educação continuada em enfermagem: a pesquisa como possibilidade de desenvolvimento de pes- soal. Mundo Saúde 2000;24(5):357-60. 18. Moreira ML, Castro ME. Percepção dos pacientes em unidade de terapia intensiva frente à internação. Rev Rene. 2006;7(1):75-83. RECEBIDO: 02/03/2009 ACEITO: 13/10/2009