O documento apresenta um manual de organização sobre processamento de artigos em serviços de saúde com informações sobre estrutura física de centrais de material e esterilização, classificação e tratamento de artigos, métodos de limpeza, desinfecção e esterilização, bem como normas e instruções para o processamento de diferentes tipos de artigos e equipamentos médicos.
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Manual de
Processamento de
Artigos em Serviços de
Saúde
Histórico das Revisões
Revisão Data Descrição
01 Outubro/2010 Publicação Inicial
Elaborado por:
Grupo de Estudos em Centro de Material e Esterilização da Secretaria Municipal de
Saúde de Contagem
Verificado por:
Comissão Municipal de Controle de Infecção em Serviços de Saúde - CMCISS
Aprovado por:
Eduardo Caldeira de Souza Penna
Secretário Municipal de Saúde
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Coordenação
Guilherme Augusto Armond - CMCISS
EquipeTécnica
Guilherme Augusto Armond – CMCISS
Rafaela Oliveira França – CMCISS
Marcelo Silva de Oliveira – CMCISS
José Carlos Matos – CMCISS
Thaís Florêncio Vieira Alves – SURG
Elessandra Lima Guimarães – Hospital Municipal José Lucas Filho
Telma Maria de Oliveira – Áreas Técnicas da Secretaria Municipal de Saúde
Mariza Daniel Proença – Saúde da Família - Distrito Eldorado
Alessandra Maciel Almeida – Cirurgiã Dentista
Simone Lopes de Mesquita – Iria Diniz
Eliete Rosária da Silva – UPA Ressaca
Sandra Cristina Sampaio Vasconcelos – UPA XVI
Selma Santana Perillo – UPA GPV
Paulo Henrique de Almeida Fonseca – Coordenador da Saúde Bucal
Franklin Rodrigo Machado Rocha – SURG
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SIGLÁRIO
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CME Central de Material Esterilizado
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
EX Exemplo
CMCISS Comissão Municipal de Controle de Infecção em Serviços de
Saúde
IRAS Infecções Relacionadas a Assistência a Saúde
SMSA Secretaria Municipal de Saúde
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
m2
Metro quadrado
RE Resolução Específica
SOBEEC Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico,
Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização
EPI Equipamento de Proteção Individual
HBV Vírus da Hepatite B
HCV Vírus da Hepatite C
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
pH Potencial Hidrogeniônico
DNA Ácido Desoxirribonucléico
RNA Ácido Ribonucléico
MEC Concentração Mínima Efetiva
OPA 1,2 – benzenedicarboxaldehyde
FDA Food and Drug Administration
ppm Partes por milhão
p/v Partes por volume
AORN Association of periOperative Registered Nurses
ISO International Organization of Standardization
IB Indicador Biológico
VBTF Vapor de Baixa Temperatura e Formaldeído Gasoso
ETO Esterilização por Óxido de Etileno
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MRC Micobactérias de Crescimento Rápido
PVPI Polivinilpirrolidona-iodo
UPA Unidade de Pronto Atendimento
HBsAg Antígeno de Superfície do Vírus da Hepatite B
CTA Centro de Testagem e Aconselhamento
SAE Serviço de Assistência Especializada
CRIE Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais
SESMT Serviço de Engenharia, Segurança e Medicina do Trabalho
PVC Cloreto de Polivinila
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SUMÁRIO
Apresentação
Introdução
PARTE I
Revisão de Literatura
1. Estrutura Física
1.1. Considerações sobre a estrutura física da CME
1.1.1. Área de recepção
1.1.2. Expurgo – área suja
1.1.3. Expurgo – área limpa
1.1.4. Área de Esterilização
1.1.5. Área de Armazenamento
1.1.6. Área de Transporte e Distribuição
2. Artigo de Serviço de Saúde
2.1. Classificação de Spaulding
2.2. Artigo de Uso Único
2.3. Reuso
2.4. Reutilização de Artigos de Uso Único
2.4.1. Recomendações para Processamento de Artigos de Uso Único
3. Limpeza de Artigos de Serviços de Saúde
3.1. Detergente
3.2. Desincrostante
3.3. Detergente Enzimático
3.4. Métodos de Limpeza de Artigos
3.4.1. Limpeza Manual
3.4.2. Limpeza Mecânica
3.5. Controle Visual da Limpeza
4. Desinfecção de Artigos de Serviços de Saúde
4.1. Tipos de Desinfecção
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4.2. Ordem Decrescente de Resistência dos Microrganismos aos Métodos e Soluções
Germicidas
4.3. Métodos de Desinfecção
4.3.1. Desinfecção por Processo Físico
4.3.2. Desinfecção por Processo Químico
4.3.2.1. Características Ideais de um Desinfetante Químico
4.3.2.2. Fatores que Interferem na Ação do Desinfetante Químico
4.4. Produtos Químicos
4.4.1. Glutaraldeído
4.4.2. Ortoftaldeído
4.4.3. Ácido Peracético
4.4.4. Álcool
4.4.5. Formaldeído
4.4.6. Peróxido de Hidrogênio
4.4.7. Soluções Cloradas
4.4.8. Comparativo entre germicidas para desinfecção de alto nível.
5. Esterilização de Artigos de Serviços de Saúde
5.1. Embalagens
5.1.2. Tipos de embalagens
5.1.2.1. Tecido de algodão duplo
5.1.2.2. Papéis
5.1.2.2.1. Papel grau cirúrgico
5.1.2.2.2. Papel crepado
5.1.2.2.3. Papel Kraft
5.1.2.3. Filmes transparentes
5.1.2.4. Tyvek
5.1.2.5. Lâminas de alumínio e caixas metálicas
5.1.2.6. Sistema de “container” rígido
5.1.2.7. Vidros não refratários
5.1.2.8. SMS
5.1.2.9. Cobertura plástica protetora
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5.2. Fatores que Afetam a Eficácia da Esterilização
5.3. Tempo de Validade de Esterilização de Artigos
5.4. Métodos para Monitoramento de Esterilização
5.4.1. Indicadores Físicos
5.4.2. Indicadores Químicos
5.4.3. Indicadores Biológicos
5.5. Condutas com Relação a Falhas no Processo de Esterilização
5.6. Manutenção de Equipamentos
5.7. Principais Processos de Esterilização
5.7.1. Esterilização por Vapor Saturado sob Pressão
5.7.1.1. Esterilização Rápida (Flash Sterilization)
5.7.2. Esterilização por Vapor de Baixa Temperatura e Formaldeído Gasoso (VBTF)
5.7.3. Esterilização por Óxido de Etileno (ETO)
5.7.4. Esterilização por Plasma de Peróxido de Hidrogênio
5.7.5. Esterilização Química por Imersão
6. Medidas de Biossegurança
6.1. Atendimento as Vítimas de Acidente com Material Biológico
6.2. Riscos de Transmissão
6.3. Cuidados Iniciais
6.4. Profilaxia da Infecção pelo HIV
6.5. Profilaxia da Hepatite B
6.6. Profilaxia da Hepatite C
6.7. Acompanhamento do Acidentado
6.8. Orientações para o Registro de Acidente de Trabalho
PARTE II
Instruções Normativas
Normatização Técnica para Uso de Detergente Enzimático ou Desincrostante de
Serviços de Saúde
Normatização Técnica para Desinfecção de Alto Nível de Artigos de Serviços de Saúde
Instruções Normativas para Limpeza e Desinfecção do Endoscópio e Acessórios
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Instruções Normativas para Limpeza e Desinfecção do Bucal e Espaçador de Xilocaína
Instruções Normativas para Limpeza e Desinfecção de Equipamentos Eletrônicos
Instruções Normativas para Limpeza e Desinfecção do Imobiliário
Instruções Normativas para Descarregamento de Autoclave
Instruções Normativas para Preparo de Material para o Óxido de Etileno
Instruções Normativas para Limpeza de Látex
Instruções Normativas para Limpeza das Seringas de Vidro
Instruções Normativas para Limpeza e Desinfecção de Laringoscópio
Instruções Normativas para Limpeza e Desinfecção de Otoscópio
Instruções Normativas para Limpeza e Preparo de Tubos de Silicone
Instruções Normativas para Limpeza e Desinfecção de Umidificadores
Instruções Normativas para Limpeza do Reanimador Manual (Ambu)
Instruções Normativas para Lavagem de Kit de Micronebulização
Instruções Normativas para Desinfecção do Espaçador (Adaptada de acordo com
Orientação Fabricante do Flumax)
Instruções Normativas para Lavagem e Desinfecção de Almotolias
Instruções Normativas para Limpeza e Desinfecção de Comadre, Marreco, Bacia,
Balde de inox, Jarro, Cuba Rim e Frasco de Aspiração Móvel
Instruções Normativas para Limpeza de Instrumental Cirúrgico e de outros Artigos
Instruções Normativas para Empacotamento do Material (Técnica do Envelope)
Instruções Normativas para Preparo de Caneta de Cautério
Instruções Normativas para Preparo do Pacote de Retirada de Pontos
Instruções Normativas para Preparo de Kit de Parto
Instruções Normativas para Preparo de Cuba Rim
Instruções Normativas para Preparo de Pacote de Curativo
Instruções Normativas para Preparo de Gaze aberta
Instruções Normativas para Preparo de Gazinhas
Instruções Normativas para Preparo de Bandeja para Cateterismo Vesical
Instruções Normativas para Preparo de Dobragem de Roupas e Compressas
Instruções Normativas para Montagem do Rack da Autoclaves
Instruções Normativas para Realização Teste Biológico de Leitura Rápida – 3 horas
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Instruções Normativas para Realização do Teste Bowie & Dick
Instruções Normativas para Higienização Simples das Mãos com Água e Sabão
Instruções Normativas para Higienização das Mãos com Preparação Alcoólica
PARTE III
Instruções Normativas em Odontologia
Bibliografia Consultada
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Apresentação
O Manual de Rotinas Técnicas de Esterilização do Município de Contagem, editado em
2004, surgiu a partir da verificação do crescimento e magnitude de atendimentos
realizados pela rede de atenção à saúde e da necessidade de se padronizar rotinas de
processamento de artigos.
Com a finalidade de acompanhar e atualizar as diretrizes no processamento de artigos
em serviços de saúde foi constituído em 2010, pela Secretaria Municipal de Saúde de
Contagem, o grupo de estudos em processamento de artigos em serviços de saúde com
objetivo de atualizar a primeira edição do manual.
O atual manual, “Processamento de Artigos em Serviços de Saúde” é destinado aos
profissionais de saúde do município de Contagem em todos os níveis de assistência,
possuindo informações e normatizações técnicas atualizadas sobre condutas a cerca do
processamento de artigos em serviços de saúde.
Ao considerar que a qualidade da assistência é fundamentada na proteção dos usuários
e da equipe assistencial, este manual busca apresentar aspectos teóricos e técnicos do
processo de limpeza, desinfecção e esterilização dos artigos de assistência à saúde,
informações básicas sobre infra-estrutura, medidas relacionadas à biossegurança, ao
campo operacional – instruções normativas, e sobre a organização de uma Central de
Material Esterilizado.
Esperamos com este manual contribuir para a melhoria da qualidade da atenção
dispensada aos nossos usuários.
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Introdução
Desde que existe uma associação importante entre o uso de artigos de serviços de
saúde e a ocorrência de infecções, é necessário estabelecer medidas eficazes de
processamento dos mesmos, visando à minimização do risco de transmissão de
Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde (IRAS). De acordo com o seu uso, os
artigos devem ser submetidos a processos eficazes de limpeza, desinfecção ou
esterilização para atingirem os objetivos necessários.
A qualidade do processamento de artigos de serviços de saúde representa um dos
pilares na prevenção de IRAS e relaciona-se tanto à garantia de sua submissão a
processos de redução ou destruição microbiana, quanto a sua funcionalidade e
integridade, a fim de evitar danos ao paciente na sua utilização.
Para garantir e obter os melhores desfechos no processamento dos artigos de serviços
de saúde devem ser considerados diversos fatores relacionados à qualidade do
processo: o tempo de duração da aplicação do processo; a temperatura e a pressão sob
as quais o processo é aplicado; a quantidade ou concentração de calor ou agentes
químicos; a natureza do artigo submetido ao processo; o tipo e a contagem de
microrganismos, inclusive os esporos; e se o artigo está contaminado com fluidos
corporais que podem atuar como um revestimento protetor para o microorganismo.
O processamento de artigos é uma das atividades mais importantes em serviços de
saúde e está associado diretamente a prevenção das IRAS, a segurança e a qualidade
de assistência ao paciente.
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PARTE I: Revisão da Literatura
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PARTE I
Revisão da Literatura
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PARTE I: 1. Estrutura Física
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1. ESTRUTURA FÍSICA
As Resoluções RDC n° 50 de 21 de fevereiro de 2002 e a RDC n° 307 de 14 de
novembro de 2002 estabelecem as normas para as ações de vigilância a respeito de
instalações e ambientes de serviços de saúde. Essas resoluções definem ambiente
como o espaço fisicamente determinado e especializado para o desenvolvimento de
certas atividades, caracterizado por instalações e dimensões diferenciadas e preconizam
que a Central de Material Esterilizado deve existir quando houver Centros Cirúrgico,
Obstétrico e/ou Ambulatorial e serviços de hemodinâmica, de emergência de alta
complexidade e de urgência. Explicitam ainda as áreas que compõem essa unidade,
suas dimensões mínimas em metros quadrados (m2
) e as instalações, conforme descrito
no quadro 1.
Quadro 1 – Demonstrativo das áreas, dimensões mínimas e instalações do Centro de
Material e Esterilização.
Área Dimensões mínimas Instalações
Área para recepção, descontaminação e
separação de artigos, assim como lavagem
de artigos
Mínimo 8,0 m2
(0.08
m2
por leito)
HF; HQ;
E; ADE
Área para recepção de roupas limpas 4,0 m2
HF; E
Área para preparo de artigos e roupas
limpas
Mínimo 12,0 m2
(0,25
m2
por leito) HF; E
Área para esterilização física, que depende
do equipamento utilizado (distância mínima
entre as autoclaves) 20 cm HF; E
Área para esterilização química líquida HF; E
Sala de armazenagem e distribuição de
roupas e artigos esterilizados
Mínimo 10,0 m2
(0,2
m2
por leito) AC
Área para armazenagem e distribuição de
artigos esterilizados descartáveis
25% da área de
armazenagem de
artigos esterilizados AC
Sala de lavagem e descontaminação 4,8 m2
HF; HQ
Sala de esterilização 4,8 m2
HF; E
Fonte: Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. 2.ed. Brasília: ANVISA.
2004.
Legenda:
HF: água fria; HQ: água quente; AC: ar condicionado (1); E: exaustão (2); ADE: a depender dos
equipamentos utilizados, havendo, neste caso, obrigatoriedade de apresentação do layout da sala com o
equipamento
1. Refere-se à climatização destinada a ambientes que requeiram controle da qualidade do ar.
2. É dispensável quando existir sistema de ar recirculado.
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PARTE I: 1. Estrutura Física
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1.1. Considerações sobre a estrutura física da CME
Piso: ser de cor clara, resistente ao calor, à umidade e a soluções corrosivas, não
deve ser poroso, nem sonoro, nem absorvente da luz, oferecendo boa
condutibilidade de eletricidade estática e ainda ser durável, lavável e de fácil limpeza.
Paredes: serem lisas e planas, sem saliências, cantos ou quinas, os quais precisam
ser côncavos ou abaulados; revestimento constituído de material lavável, durável e
de cor suave – azul ou verde-claro – visando à diminuição da reverberação da luz.
Forro: ser acústico para minimizar os ruídos. O uso de forro removível no teto da
CME só é permitido em áreas administrativas.
Janelas: na presença de condicionador de ar, deve ser discutido o uso de janelas,
uma vez que o aparelho promove a ventilação do ambiente e os visores permitem a
entrada de luz natural. Na presença de janelas, elas devem ser amplas, altas e
teladas.
Portas: ser de material lavável, durável, de boa qualidade e com sentido de abertura
respeitando o fluxo unidirecional do trabalho no CME.
Bancadas: devem ser constituídas de material não poroso, resistente à limpeza
úmida e ao uso de produtos saneantes.
Iluminação: ser adequada, acompanhada de iluminação direta nas mesas e nos
balcões de preparo de artigos, com a finalidade de facilitar a inspeção dos mesmos
quanto à eficiência da limpeza, a integridade e à funcionalidade dos instrumentos.
Para que o processo de inspeção seja eficiente, recomenda-se a utilização de uma
luminária acoplada a uma lupa de aumento.
Sistema de exaustão de calor: nas áreas onde ficam localizadas as autoclaves, as
temperaturas são muito elevadas, havendo necessidade de mantê-las em níveis de
conforto.
Ventilação: as temperaturas adequadas constituem um aspecto de importância vital
para o bom funcionamento da CME. Ventilação inadequada e alta temperatura geram
desconforto para os profissionais, diminuindo em muito sua produtividade e
ocasionando significativas perdas de rendimento.
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A limpeza concorrente da CME deve ser realizada diariamente no piso, nas pias,
nas mesas e nos balcões e, pelo menos uma vez por semana, deve ser feita a limpeza
terminal, incluindo os itens limpos diariamente, além das paredes, dos armários, dos
vidros e das janelas.
1.1.1. Área de Recepção
Deve estar localizada dentro da sala de recepção e limpeza. Esta área deve
possuir equipamento de transporte com rodízios, recipientes para pérfuro-cortantes e
para resíduo biológico. Deve ainda, haver registro de todos os produtos recebidos para o
processamento.
É proibida a recepção ou circulação, na área suja da CME, de têxteis limpos
provenientes da unidade de processamento de roupas e que necessitam ser
esterilizados antes da sua utilização.
Deve possuir um lavatório com dispensador de sabonete líquido, solução
alcoólica em gel a 70% e papel toalha para higienização das mãos.
O trabalhador dessa área deve utilizar: luvas de procedimento, touca, máscara,
óculos de proteção, avental impermeável, calçados fechados e antiderrapantes.
1.1.2. Expurgo – Área Suja
Neste local os produtos de serviço de saúde devem ser submetidos à limpeza.
Os produtos para saúde passíveis de processamento, independente da sua
classificação de risco, devem ser submetidos ao processo de limpeza dentro da própria
CME do serviço de saúde, antes da desinfecção ou esterilização.
Esta área deve possuir:
Torneiras com água quente e fria
Bancada com pia
Ponto de água potável com filtro de 0,2 micra para enxágüe
Guichê ou outro mecanismo de transferência dos produtos para saúde da área de
limpeza para área de preparo
Recipiente para perfuro-cortantes, com suporte
Recipiente para resíduo biológico
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Caso hajam equipamentos destinados à limpeza automatizada, estes devem ser
instalados em uma área que não obstrua a circulação nesse ambiente, obedecendo às
especificações técnicas do fabricante. A distância mínima entre esses equipamentos
deverá ser de 0,50m.
O sistema de climatização da área de limpeza da CME deve manter a
temperatura ambiente entre 18 e 22°C e umidade relativa do ar entre 40 e 60%.
Na limpeza manual, a fricção deve ser realizada com produtos não abrasivos, que
não afetem a integridade e não liberem partículas. Deve-se ainda realizar a avaliação
dos artigos por meio da inspeção visual com o auxílio de lentes intensificadoras de
imagem. Dispor ainda de pistola de água sob pressão para limpeza de produtos com
lúmen e ar comprimido medicinal ou oxigênio para secagem de produtos com lúmen.
Os produtos utilizados na fase de limpeza devem estar regularizados junto à
ANVISA.
O trabalhador dessa área deve utilizar: luvas de cano longo antiderrapante, touca,
máscara compatível com o risco, óculos de proteção ou protetor facial, avental
impermeável, calçado fechado, impermeável e antiderrapante, protetor auricular em
concha.
A secagem deve ser rigorosa e executada o mais rápido possível como forma de
prevenir o crescimento microbiano no meio líquido. O rigor na execução deste
procedimento evita a interferência da umidade nos processos de esterilização.
Ressalta-se que o pano a ser utilizado deve estar limpo, ser de cor branca, sem
fiapos.
1.1.3. Área de Preparo – Área Limpa
Nesta área o material deve passar por nova e atenta revisão, devendo ser
selecionado, preparado, identificado e acondicionado até ser submetido ao processo de
esterilização. O trabalhador dessa área deve utilizar luvas, máscaras, touca e protetor
auricular.
A CME deve utilizar embalagens que garantam a manutenção da esterilidade
do conteúdo, bem como a sua transferência sob técnica asséptica. As embalagens
utilizadas para a esterilização de produtos para saúde devem estar regularizadas junto à
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ANVISA. É proibido o uso de caixas metálicas sem furos para esterilização de materiais
por autoclavação em equipamento com bomba de vácuo.
É proibido o uso de embalagens do tipo envelope de plástico transparente não
destinadas para uso em equipamento de esterilização, assim como o uso de papel kraft,
papel toalha, papel manilha, papel jornal e lâminas de alumínio.
A selagem de embalagens tipo envelope deve ser feita por termo seladora ou
conforme orientação do fabricante. É proibida a calandragem, prensagem ou passadores
a ferro dos tecidos de algodão utilizados para embalagem.
É proibido o uso de embalagens de tecido de algodão reparadas com remendos
ou cerzidas.
É obrigatória a identificação das embalagens dos produtos para a saúde
submetidos à esterilização na CME.
O rótulo dos produtos para saúde processados na CME deve ser capaz de se
manter legível e afixado nas embalagens durante a esterilização, transporte,
armazenamento e distribuição até o momento do uso.
O rótulo de identificação da embalagem deve conter: nome do produto, número
do lote, data da esterilização, data de validade, método de esterilização e identificação
do responsável pelo preparo.
A seleção da embalagem deve obedecer à padronização utilizada no município e
tem como objetivo proteger o produto, mantendo-o estéril desde acondicionamento
ainda na CME ao seu manuseio final. Deve ainda possibilitar sua pronta identificação e
permitir que o agente esterilizante entre em contato com o artigo.
1.1.4. Área de Esterilização
Esta área se destina á esterilização dos materiais após o preparo. A sala de
esterilização de produtos para saúde deve ser dimensionada de acordo com o
quantitativo e dimensão dos equipamentos.
A área ocupada por cada equipamento de esterilização deve ser acrescida de
2,50 m2
para circulação. Deve ser previsto uma distância mínima de 0,50 m entre os
equipamentos de esterilização. A temperatura da área de desinfecção/esterilização deve
ser inferior a 24ºC.
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MANUAL DE PROCESSAMENTO DE ARTIGOS EM SERVIÇOS
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PARTE I: 1. Estrutura Física
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O trabalhador dessa área deve utilizar luvas específicas para o tipo de método de
esterilização, máscara e gorro.
Esta área deve dispor de incubadoras de indicadores biológicos e sistema para
guarda dos registros dos monitoramentos. O monitoramento do processo de
esterilização deve ser realizado diariamente com indicadores químicos e físicos,
seguindo rotina definida pela própria CME. O monitoramento do processo de
esterilização com indicadores físicos deve ser registrado a cada ciclo de esterilização. Já
o monitoramento do processo de esterilização com indicador biológico deve ser feito
diariamente em pacote desafio, que deve ser posicionado próximo ao dreno.
1.1.5. Área de Armazenamento
Esta área tem por finalidade centralizar todos os artigos processados e
esterilizados até sua distribuição ás unidade/setores consumidores. O armazenamento
de produtos para saúde na CME deve ser centralizado em local exclusivo e de acesso
restrito, não podendo ocorrer em área de circulação, mesmo que temporariamente.
Os produtos esterilizados devem ser armazenados em local limpo e seco, sob
proteção da luz solar direta e submetidos à manipulação mínima. Os pacotes devem ser
manuseados apenas quando estiverem completamente frios.
O trabalhador desse setor deve utilizar touca e vestimenta exclusivo.
Os materiais devem ser armazenados em armários fechados e devidamente
identificados quando requisitados. Nesta área deve-se ter o cuidado de não permitir, no
momento da distribuição, o cruzamento de artigos estéreis com artigos não estéreis.
1.1.6. Área de Transporte e Distribuição
O transporte interno para a distribuição de produtos para saúde processados na
CME deve ser feito em recipientes fechados e em condições que garantam a
manutenção da identificação e a integridade da embalagem.
A embalagem utilizada para transporte de produtos para saúde encaminhados para
processamento em empresas contratadas deve ser de recipiente rígido, liso, com
19. TIPO DE DOCUMENTO
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PARTE I: 1. Estrutura Física
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sistema de fechamento estanque, contendo a lista de produtos a serem processados e o
nome do serviço solicitante.
1.1.7. Ambiente de Apoio
Na área da CME devem ser contemplados ambientes de apoio, a exemplo de:
Vestiários com sanitários e chuveiros para funcionários e barreiras para área limpa.
Vestiários com sanitários para funcionários e barreiras para área suja. Esses locais
podem ser comuns às áreas suja e limpa, desde que necessariamente se constituam
em uma barreira à área limpa e o acesso à área suja não seja feito por meio de
nenhum ambiente da área limpa.
Depósito de material de limpeza, que pode ser comum às áreas limpa e suja, desde
que seu acesso seja externo.
Sala administrativa.
Área para manutenção dos equipamentos de esterilização física, exceto quando for
de barreira.
Pia para higienização das mãos deve ser de fácil acesso aos trabalhadores.
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MANUAL DE PROCESSAMENTO DE ARTIGOS EM SERVIÇOS
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PARTE I: 2. Artigos de Serviços de Saúde
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2. ARTIGOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Compreendem instrumentos, objetos de natureza diversa, utensílios (talheres,
louças, comadres, papagaios e outros), acessórios de equipamentos, instrumental
odontológico e outros.
2.1. Classificação de Spaulding
Artigos críticos: São aqueles utilizados em procedimentos invasivos, com penetração
em ele e mucosas adjacentes, tecidos subepiteliais e sistema vascular, incluindo tudo
que esteja conectado a estes artigos. O processo recomendado para a utilização destes
é a esterilização. Ex: Instrumental cirúrgico.
Artigos semi-críticos: São aqueles que entram em contato com a pele não íntegra e
mucosa íntegras. Requerem desinfecção de alto nível ou esterilização. Ex: material de
assistência ventilatória.
Artigos não críticos: São artigos que contatam a pele íntegra, e que não entram em
contato direto com o paciente. Requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou médio
nível. Ex: Termômetros, e material para higiene do paciente.
2.2. Artigos de uso único
Produtos que perdem suas características originais após o uso ou, em função de outros
riscos reais ou potenciais à saúde do usuário não devem ser utilizados.
2.3. Reuso
Uso repetido ou múltiplos usos de artigos incluindo os permanentes e os de uso único,
com reprocessamento entre ou usos.
2.4. Reutilização de artigos de uso único
Segundo o artigo 8º da RDC nº. 156, de 11 de agosto de 2006, do Ministério da Saúde,
o reprocessamento é proibido em todo o território nacional, por qualquer tipo de empresa
ou serviço de saúde, público ou privado quando:
Apresentarem na rotulagem o dizer “proibido reprocessar”.
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PARTE I: 2. Artigos de Serviços de Saúde
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Os itens constarem na Resolução Específica (RE nº. 2605) da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA) que contém a relação dos artigos proibidos de
ser reprocessados.
No artigo 4º, para efeito da Resolução nº. 156, os artigos são enquadrados nos
seguintes grupos:
Artigos com processamento proibido
Artigos passíveis de reprocessamento
2.4.1. Recomendações para o processamento de artigos de uso único
A segurança na utilização de artigos reprocessados é de inteira responsabilidade dos
serviços de saúde. As empresas e instituições de saúde que realizam o
reprocessamento devem adotar protocolos que atendam às diretrizes indicadas em
Resolução Específica da ANVISA e que devem ser elaborados, validados e
implementados segundo as etapas propostas pela Resolução nº 2.606/06.
A SOBEEC (Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação
Anestésica e Centro de Material e Esterilização) recomenda que a instituição que optar
pelo reprocessamento constitua uma comissão formada pelo diretor administrativo,
gerente de enfermagem, membro da CCIH, enfermeiro da CME, enfermeiro do centro
cirúrgico, coordenador médicos das unidades usuárias, coordenador médico do centro
cirúrgico e advogado.
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SUBSISTEMA / PROCESSO
PARTE I: 3. Limpeza de Artigos de Serviços de Saúde
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3. LIMPEZA DE ARTIGOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
É o procedimento de remoção de sujidade e detritos para manter em estado de
asseio os artigos, reduzindo a carga microbiana. Constitui o núcleo de todas as ações
referentes aos cuidados de higiene com os artigos de serviços de saúde. A limpeza deve
preceder os procedimentos de desinfecção ou esterilização. Estudos têm demonstrado
que a limpeza manual ou mecânica, com água e detergente ou produtos enzimáticos
reduz aproximadamente 105
do bioburden (carga microbiológica).
O excesso de matéria orgânica aumenta a duração do processo de esterilização,
como altera os parâmetros para este processo.
3.1. Detergente
Correspondem a todos os produtos que contém, em sua formulação, um tensoativo para
reduzir a tensão superficial da água e promover umectação, dispersão e suspensão das
partículas.
3.2. Desincrustantes
Detergentes usados para a limpeza de artigos em imersão.
Desincrustantes são detergentes, porém nem todo detergente tem ação desincrustante.
3.3. Detergente Enzimático
Solução composta pela associação de um detergente não-iônico com uma ou mais
enzimas (proteases, amilases, carboidrases e lípases). Recomendado para artigos de
serviços de saúde de difícil limpeza. Tem por finalidade digerir e dissolver sangue, restos
mucosos fezes, vômitos e outras excreções e secreções orgânicas. Elimina a
necessidade de escovação demorada e exaustiva e pode ser usado em qualquer tipo de
material. Possuem pH neutro, não corroem, são atóxicos e permitem o enxágüe simples.
Resíduos de detergentes enzimáticos em artigos podem provocar eventos adversos ao
paciente, caso não sejam adequadamente removidos com água corrente abundante.
Verificar o modo de diluição, o prazo de validade após a diluição, o tempo de imersão e
o método de utilização, de acordo com as recomendações do fabricante. Usar apenas
produtos com registro no Ministério da Saúde. Utilizar obrigatoriamente os detergentes
enzimáticos para a limpeza de instrumentos endoscópicos.
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PARTE I: 3. Limpeza de Artigos de Serviços de Saúde
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3.4. Métodos de Limpeza de Artigos
Deve ser feita de maneira rigorosa e meticulosa. Selecionar o método que seja mais
adequado ao artigo utilizado, de acordo com as demandas e com os recursos
disponíveis no serviço.
3.4.1. Limpeza Manual
Procedimento realizado por meio de fricção com escovas e do uso de soluções de
limpeza.
Restringir para artigos delicados que não possam ser processados por métodos
mecânicos.
Empregar preferencialmente soluções enzimáticas.
Utilizar os EPI adequados, ou seja, luva grossa de borracha antiderrapante de cano
longo, avental impermeável, bota ou sapato impermeável fechado, gorro, protetor
facial ou máscara e óculos protetor.
Utilizar escovas não-abrasivas.
Substituir as escovas com más condições de uso.
Friccionar os artigos sob a água para evitar aerossóis de microrganismos.
Enxaguar as peças abundantemente com água até remover a sujidade e o
detergente.
3.4.2. Limpeza Mecânica
Feita por meio de equipamentos – lavadora ultra-sônica, lavadora esterilizadora,
lavadora termodesinfetadora, lavadora de descarga ou lavadora pasteurizadora.
Minimiza o risco de acidentes com material biológico, pela redução do manuseio dos
artigos contaminados.
Observar bem a escolha de equipamentos para limpeza que utilizam temperatura, já
que existe a necessidade de um jato de água fria previamente para não coagular as
proteínas.
Manter a água em torno de 43°C para prevenir a coagulação de proteínas e ajudar a
remover sujidades.
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PARTE I: 3. Limpeza de Artigos de Serviços de Saúde
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Prever tratamento específico da água antes da instalação da máquina de limpeza
mecânica. A dureza da água é um fator que pode alterar a vida útil dos
equipamentos.
Promover enxágüe abundante para remover a sujidade e os resíduos de detergente.
Realizar o último enxágüe com água deionizada.
3.5. Controle Visual da Limpeza
Após o processo de limpeza, os artigos devem ser inspecionados para a verificação da
limpeza e de seu funcionamento. Pode ser feito a olho nu ou com o uso de lupa,
implicando principalmente a observação, no caso de instrumental cirúrgico, das
cremalheiras, das ranhuras, das articulações, dos encaixes de dentes e do sistema de
trava das peças.
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PARTE I: 4. Desinfecção de Artigos de Serviços de Saúde
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4. DESINFECÇÃO DE ARTIGOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Processo de destruição de agentes infecciosos em forma vegetativa, patogênicos ou
não, existentes em superfícies inertes, não garantindo a eliminação total dos esporos
bacterianos. A desinfecção pode ocorrer com a aplicação de meios físicos ou químicos
O processo de desinfecção pode ser afetado por diferentes fatores:
a) Limpeza prévia do material
b) Período de exposição ao germicida
c) Concentração da solução germicida
d) Temperatura e o pH do processo de desinfecção.
4.1. Tipos de Desinfecção
CLASSIFICAÇÃO MÉTODOS E SOLUÇÕES GERMICIDAS
Desinfecção de baixo nível: são destruídas as
bactérias em forma vegetativa, alguns vírus e
alguns fungos. O Mycobacterium tuberculosis,
os esporos bacterianos, o vírus da Hepatite B
(HBV) e os vírus lentos sobrevivem.
Álcool etílico e isopropílico
Hipoclorito de Sódio (100ppm)
Fenólicos
Iodóforos*
Quaternário de amônia
Obs.: tempo de exposição ≤a 10 minutos
Desinfecção de médio (intermediário) nível:
além dos microrganismos destruídos na
desinfecção de baixo nível são atingidos o
Mycobacterium tuberculosis, a maioria dos vírus
(inclusive o HBV) e a maioria dos fungos. Ainda
sobrevivem os Mycobacterium intracelular e, os
esporos bacterianos e os vírus lentos.
Álcool etílico e isopropílico (70 a 90%)
Fenólicos
Iodóforos*
Hipoclorito de Sódio (100ppm)
Pasteurização 75
o
C a 30 minutos
Obs.: depende da concentração e/ou período de
exposição.
Desinfecção de alto nível: destrói todas as
bactérias vegetativas – mas não
necessariamente todos os esporos bacterianos,
as micobactérias, os fungos e os vírus.
Glutaraldeído
Solução de Peróxido de Hidrogênio
Hipoclorito de sódio (1000 ppm)
Cloro e compostos clorados
Ácido peracético
Orthophtalaldeído
Água super oxidada
Pasteurização 75
o
C a 30 minutos
Obs.: Tempo de exposição >ou= 20 minutos.
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Não definido: o nível de desinfecção dependerá
das variáveis como temperatura e/ou
concentração de germicidas adicionados no
processo.
Calor seco (passar a ferro)
Fervura em água em 30 min
Pastilhas de formaldeído
Termodesinfectadoras
Sanitizadoras
* Disponível apenas como anti-séptico. Não disponível como desinfetante no mercado nacional.
4.2. Ordem Decrescente de Resistência dos Microrganismos aos Métodos
e Soluções Germicidas
Fonte: Favero, Bond. In: Block, 1991.
Observação: existem variações nesta suscetibilidade dependendo do germicida.
PRIONS
Creutzefeld Jacob Disease
ESPOROS BACTERIANOS
Bacillus subtilis
Clostridium difficile
MICOBACTÉRIAS
Mycobactrium tuberculosis
VÍRUS NÃO LIPÍDICOS
Poliovírus
Coxsackievirus
Rhinovírus
FUNGOS
Candida spp
Trichophyton spp
Cryptococcus spp
BACTERIAS VEGETATIVAS
Pseudomonas aeruginosa
Salmonella choleraesuis
Staphylococcus aureus
VÍRUS LIPÍDICOS
Vírus Herpes simplex (HSV)
Vírus da Hepatite B (HBV)
Vírus da Hepatite A (HAV)
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)
Cytomegalovírus
Resistência Microbiana
A
L
T
A
B
A
I
X
A
Nível de Desinfecção
I
N
T
E
R
M
E
D
I
Á
R
I
O
B
A
I
X
O
A
L
T
O
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4.3. Métodos de Desinfecção
4.3.1. Desinfecção por Processo Físico
Compreende a exposição a agentes físicos, tais como temperatura, pressão e radiação
eletromagnética, calor úmido ou, preferencialmente, sistemas mecânicos automáticos,
com pressão de jatos d água a uma temperatura entre 60°C e 90°C, durante 15 minutos,
a exemplo das máquinas lavadoras sanitizadoras, esterilizadoras de alta pressão,
termodesinfetadoras e similares.
4.3.2. Desinfecção por Processo Químico
Envolve a utilização de produtos químicos cujos princípios ativos devem ser
preconizados pelas legislações vigentes do Ministério da Saúde.
4.3.2.1. Características ideais de um desinfetante químico
Aprovado e registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Amplo espectro de ação.
Ação rápida.
Não ser afetado por fatores ambientais (ex: luz solar).
Deve ser ativo na presença de matéria orgânica.
Compatíveis com sabões, detergentes e outros produtos químicos.
Atóxico (não deve ser irritante para o usuário).
Compatível com diversos tipos de materiais (não corrosivo em superfícies metálicas e
não deve causar deterioração de borrachas, plásticos e outros materiais).
Efeito residual na superfície desinfetada.
Fácil manuseio.
Inodoro ou de odor agradável.
Econômico.
Solúvel em água.
Estável em concentração original ou diluído.
Inócuo ao meio ambiente.
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4.3.2.2. Fatores que interferem na ação do desinfetante químico
Natureza do item a ser selecionado: quanto mais lisa, não porosa e simples for à
superfície do artigo, mais favorável será ao processo de desinfecção.
Resistência intrínseca dos microrganismos: os microrganismos apresentam diferentes
níveis de suscetibilidade aos germicidas químicos, em função de suas características
próprias. Esta diferença determina a classificação dos germicidas em níveis, quanto
ao seu espectro de ação.
Quantidade de matéria orgânica presente: sangue, fezes, muco, dentre outros
materiais orgânicos presentes no artigo podem ocasionar a ineficácia do germicida
devido a:
1. A matéria orgânica pode conter população microbiana em grande quantidade e
variedade.
2. Pode impedir a penetração do germicida ou funcionar como barreira mecânica
para o contato com o microrganismo, dificultando sua ação letal.
3. Pode ocasionar inativação direta e rápida em certos germicidas, afetando o
resultado da desinfecção.
Tipo e concentração do germicida: a escolha do germicida deve basear-se no nível de
desinfecção necessário para uso seguro do artigo, considerando-se o espectro de
ação do desinfetante, na concentração recomendada pelo fabricante.
Tempo e temperatura de exposição: para cada germicida existe uma relação
determinada entre os parâmetros de tempo de contato e temperatura para atingir um
ótimo desempenho, no que se refere ao espectro de ação. Em relação à temperatura,
é necessário ressaltar que os limites determinados pelo fabricante devem ser
observados, pois, acima de certa temperatura, alguns germicidas passam a se
degradar, perdendo a ação desinfetante.
Outros fatores: pH da solução, dureza da água usada para diluição e a presença de
outros produtos químicos (exemplo: resíduos de detergente) podem afetar
negativamente a ação do desinfetante.
Número de microrganismos presentes no artigo.
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4.4. Produtos Químicos
4.4.1. GLUTARALDEÍDO
Dialdeído saturado (1,5 pentanedial) com potente ação biocida. Desinfetante de alto
nível na concentração de 2%. Em solução aquosa apresenta pH ácido e não é
esporicida. As formulações que são utilizadas possuem outros componentes para que a
solução possa ter esta ação. As formulações encontradas são:
I.Solução ativada: quando é ativada por agentes alcalinizantes (exemplo:
bicarbonato de sódio), que torna a solução alcalina (pH 7,5 a 8,5), tendo então
atividade esporicida. Uma vez ativada, a solução mantém sua atividade
biocida por 14 a 28 dias. Existe no mercado formulação de glutaraldeído já
ativada e com pH ácìdo, não sendo necessária a adição de agentes
alcalinizantes.
II.Solução potencializada: utiliza uma mistura isomérica de álcoois lineares e
possui um pH de 3,4 a 3,5. Essa mistura à temperatura ambiente possui
função esporicida baixa e se aquecida a 60o
C torna-se esporicida em
exposição por 6 horas.
Mecanismo de ação
Ação biocida, bactericida, virucida, fungicida e esporicida. Sua atividade é devida a
alquilação de grupos sulfidrila, hidroxila, carboxila e amino dos microrganismos alterando
seu DNA, RNA e síntese protéica. A atividade esporicida se deve ao fato do
glutaraldeído reagir com a superfície do esporo, provocando o endurecimento das
camadas externas e morte do esporo.
Sua ação contra Mycobacteria requer no mínimo 20 minutos em concentração não
inferior a 2%, sendo indicada para desinfecção de endoscópios.
Concentração superior a 2% é ativo contra bactérias vegetativas em menos de 2
minutos, contra M. tuberculosis, fungos e vírus em 10 minutos e contra esporos de
Bacillus spp e Clostridium spp em 3 horas.
Concentração para compra: no mínimo 2% e registro no Ministério da Saúde.
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Controle da utilização:
Para instrumentos reutilizados e inseridos diretamente na árvore
traqueobrônquica utilizar solução recém ativada ou utilizar fita teste para
medir a concentração de glutaraldeído.
A concentração mínima efetiva (MEC) de glutaraldeído para ação
micobactericida é de 1,5%. Recomenda-se usar apenas concentração a
2% ou superior.
Para materiais que não entram em contato com árvore respiratória, utilizar a solução
básica por 14 dias e a ácida por 28 dias. Utilizar a fita teste para medir a concentração
e aceitar quando estiver a 1,5 % ou mais.
Quando há possibilidade de secagem efetiva dos materiais a freqüência dos testes
pode ser determinada pela monitorização inicial diária. Repetir inicialmente os testes
com a fita a fim de verificar o número de vezes em que determinado procedimento é
realizado da mesma forma resultando em concentração semelhante. Desta forma a
freqüência de testes através da fita pode ser estabelecida de acordo com cada
instituição e tipos de procedimentos.
Indicações
Não é corrosivo para metais e não danifica instrumentos como lentes, borracha ou
plástico.
Utilizado para desinfecção de alguns equipamentos como endoscópios, conexões de
respiradores, equipamentos termossensíveis de terapia respiratória com fibra ótica,
dialisadores, tubos de espirometria e instrumentais odontológicos de coorte e fricção
(brocas); para este fim o tempo de exposição é de 30 minutos.
Cuidados no uso
Realizar limpeza minuciosa e rigorosa; utilizar detergente enzimático em artigos de
difícil limpeza para auxiliar na efetiva remoção de sujidades.
Imergir totalmente o material na solução, evitar a formação de bolhas, o recipiente no
qual os materiais serão imersos deve estar limpo e deve ser preferencialmente de
vidro ou plástico.
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As soluções neutras ou alcalinas possuem ação microbicida e anti-corrosiva
superiores quando comparadas as ácidas.
Tampar o recipiente, e marcar o início da desinfecção.
Manusear os materiais com uso de luvas ou pinças e máscara.
Enxaguar por três vezes os materiais após a desinfecção, utilizando água ou soro
fisiológico estéreis, tomando cuidado para se evitar contaminação dos materiais.
O material deve ser utilizado imediatamente.
Uma das desvantagens do glutaraldeído é a propriedade de fixar matéria orgânica
nos artigos, causando incrustações e até obstrução de lumens. Isto ocorre quando os
procedimentos de limpeza do artigo não são realizados adequadamente, antes da
imersão no desinfetante.
Vantagens
Não é corrosivo a metal.
Não altera materiais como plástico e borracha, nem dissolve o cimento de lentes de
instrumentos ópticos e não interfere na condutividade elétrica de equipamentos de
anestesia gasosa, pois possui em sua formulação antioxidante.
Não descolora materiais.
Mantém sua estabilidade a temperatura ambiente.
Toxicidade
Tóxico para a pele e mucosa, podendo causar irritação nos olhos, garganta e nariz,
epistaxe, rinites e sintomas pulmonares (asma).
É necessária ventilação adequada – prever sistema de exaustão com 7 a 15 trocas de
ar por hora, fechamento hermético dos recipientes onde se realizam as desinfecções
e o uso de equipamentos de proteção individual.
Após a desinfecção o enxágue cuidadoso deve ser rigoroso para evitar reações nos
pacientes decorrentes de resíduos de glutaraldeído.
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4.4.2. ORTOFTALDEÍDO
Desinfetante de alto nível composta por 0,55% de 1,2-benzenedicarboxaldehyde (OPA).
Possui aspecto límpido, cor azul-clara e pH de 7,5.
Mecanismo de ação
Age pela interação com aminoácidos, proteínas e microrganismos.
Estudos têm demonstrado excelente atividade bactericida in vitro em baixas
concentrações e esporicida em pH 8 e excelente ação micobactericida, sendo
inclusive superior ao glutaraldeído. Apresenta boa atividade, inclusive contra cepas de
micobactérias resistentes ao glutaraldeído.
Possui baixa ação contra esporos.
O tempo para a desinfecção de alto nível, em temperatura de 20°C, varia de 5 a 12
minutos, em decorrência da metodologia adotada para os testes de validação em
diferentes países (5 minutos na Europa, Ásia e América Latina e 10 minutos no
Canadá e Austrália). Liberado pelo Food and Drug Administration (FDA) como
desinfetante de alto nível aprovado para 12 minutos a 20°C, com reuso máximo da
solução por 14 dias. Em processadores automatizados de endoscópio, onde a
temperatura do OPA permanece estável em 25ºC, o tempo de contato é de 5 minutos.
Indicações
Utilizado para desinfecção de alto nível de artigos como os endoscópios.
A solução não se polimeriza não decaindo a concentração apenas com o tempo.
Em máquinas reprocessadoras de endoscópios o OPA manteve-se efetivo após 82
ciclos de uso.
Vantagens
Menos corrosivo que o glutaraldeído.
Odor menos forte do que o do glutaraldeído.
Quando a matéria orgânica está presente a ação é pouco afetada.
Possui excelente estabilidade em uma ampla faixa de pH (pH 3 a 9).
Não requer monitorização ambiental.
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Odor quase imperceptível.
Não requer ativação.
Uma desvantagem do OPA é a formação de manchas acinzentadas por reação a
proteínas, inclusive nas mãos dos profissionais quando não utilizam luvas.
Toxicidade
Não irritante para os olhos e vias aéreas superiores.
Sua manipulação requer cuidado rigoroso e o uso de equipamentos de proteção
individual (luvas, óculos de proteção e avental resistente a fluidos), devido sua
capacidade de manchar os tecidos orgânicos.
4.4.3. ÁCIDO PERACÉTICO
Definição
Consistem em uma mistura equilibrada entre água, ácido acético, oxigênio e peróxido
de hidrogênio.
Espectro de ação: Desinfetante de alto nível, incluindo Mycobacteria e esporos
bacterianos. Sua principal vantagem na decomposição é a inexistência de resíduos.
A concentração mínima das soluções de ácido peracético, disponíveis no mercado
nacional, é de 2% (2.000 ppm).
Possui rápida ação contra todas as formas de microrganismos, incluindo esporos
bacterianos, a baixas concentrações (0,001 a 0,2%)
Mantém atividade mesmo na presença de matéria orgânica e possui atividade
esporicida a baixas temperaturas.
Sua estabilidade é menor nas soluções diluídas (solução a 1% perde metade de seu
poder biocida em 6 dias); soluções concentradas podem manter sua atividade durante
meses (40% de ácido peracético perde 1 a 2% de sua atividade por mês).
Dependendo do pH da solução o ácido peracético pode ser corrosivo para materiais
de cobre, bronze, ferro galvanizado e aço.
Utilizado em hemodiálise. Indicada para uso em endoscópios, instrumentos de
diagnóstico e outros materiais submersíveis.
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Pode corroer cobre, latão, bronze, ferro galvanizado e aço. Estes efeitos, no entanto,
podem ser reduzidos por aditivos e modificações de pH.
Mecanismo de ação
O ácido peracético age de forma semelhante aos agentes oxidantes como o peróxido
de hidrogênio e outros agentes oxidantes. Desnatura e oxida proteínas, enzimas e
outros metabólitos e realiza a ruptura da permeabilidade da membrana celular.
Indicações
O ácido peracético é comercializado puro ou em associação com outras soluções.
Em associação com o peróxido de hidrogênio tem sido utilizado para a desinfecção
de hemodializadores em centros de hemodiálise, em substituição às soluções de
formaldeído.
Este método pode ser aplicado a artigos termossensíveis, devendo ser totalmente
estar submersos na solução. Tempo de processamento: 30 minutos.
Toxicidade
Baixa toxidade.
4.4.4. ÁLCOOL
Definição
Desinfetante de nível intermediário para alguns artigos semi-críticos, não críticos e
superfícies, com tempo de exposição através de imersão por 10 minutos para artigos
e 3 aplicações intercaladas pela secagem espontânea para superfícies.
Concentração ótima: 60 a 90% por volume; atividade decrescente abaixo de 50%.
Apresentação: álcool etílico (70% - p/v) e álcool isopropílico (92% - p/v).
O álcool etílico possui propriedades germicidas superiores e menor toxidade ao
isopropílico.
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Evaporam rapidamente, dificultando exposição prolongada, a não ser por imersão do
artigo a ser desinfetado. Deve ser estocado em recipiente fechado, local ventilado e
fresco, distante de fontes de faísca.
Mecanismo de ação
Ruptura da membrana celular e rápida desnaturação das proteínas na presença de
água com subsequente interferência no metabolismo e divisão celular.
Espectro de ação: rápido e amplo espectro de ação contra bactérias vegetativas,
bacilo da tuberculose, vírus e fungos, mas não é esporicida.
Superfícies e artigos devem ser adequadamente limpos antes do uso do álcool.
Indicações
Indicado para superfícies externas dos materiais e superfícies de vidro.
Não recomendado para cimento de lentes.
Ressecam plásticos e borrachas quando utilizado repetidas vezes ao longo do
tempo.
Opacifica material acrílico.
Como evapora rapidamente sua ação é limitada, havendo necessidade de
submersão de objetos para uma ação mais ampla.
Artigos e superfícies que podem ser submetidos à desinfecção com álcool: ampolas
e vidros, termômetro retal e oral, estetoscópios, otoscópios (cabos e cones),
laringoscópios (cabos e lâminas sem lâmpadas), superfícies externas de
equipamentos metálicos, partes metálicas das incubadoras, mascas, camas,
colchões, mesas de exames, pratos de balança, dentre outros.
Vantagens
Menor custo.
Toxicidade
Baixa toxidade. Pode causar ressecamento da pele, sendo recomendado o uso de
luvas para o seu manuseio.
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4.4.5. FOLMALDEÍDO
Definição
Desinfetante de alto nível em 30 minutos de contato.
Apresentação: forma líquida ou sólida, mais conhecida como formalina.
A formalina sólida é vaporizada através do calor na presença de umidade. Embora
seja uma opção econômica foi pouco estudada. Tem limitações na mensuração de
parâmetros aceitáveis da liberação dos vapores em determinadas dimensões de
materiais. Além disto, os resíduos são tóxicos e podem danificar alguns instrumentos.
O uso de todas as formulações líquidas e sólidas de formaldeído foi proibido pela
ANVISA na forma isolada, para desinfecção de artigos, superfícies e equipamentos
em serviços submetidos ao controle e fiscalização sanitária. A utilização de produtos
que contenham paraformaldeído ou formaldeído ficou somente permitida quando
associado a um equipamento de esterilização registrado na ANVISA e obedecendo às
condições de uso exigidas pelo fabricante do equipamento, garantindo a segurança e
eficácia do processo de esterilização.
Mecanismo de ação
Bactericida, fungicida, virucida, tuberculicida.
Indicações
Tratamento de hemodializadores. O uso no processamento de capilares e linhas de
hemodiálise pode deixar resíduos, caso não sejam intensamente enxaguados,
causando reações no paciente dialisado.
Vantagens
Toxicidade
Alta toxidade para os profissionais. Carcinogênico. Aplicação limitada em hospitais.
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4.4.6. PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO
Definição
Desinfetante de alto nível, principalmente para materiais termossensíveis.
Mecanismo de ação
Agente oxidante. Desnaturação protéica, ruptura da permeabilidade da membrana
celular.
Apresenta ação germicida a partir da concentração de 3 a 6%. Atua pela produção de
radicais livres que conseguem atacar as membranas lipídicas, DNA e outros
componentes essenciais da célula microbiana. Solução estabilizada a 7% apresenta
ação esporicida por 6 horas de exposição, micobactericida em 20 minutos, fungicida e
virucida em 5 minutos e bactericida em 3 minutos.
A inativação de microrganismos é dependente de tempo, temperatura e concentração.
Alguns germicidas à base de peróxido de hidrogênio são associados ao ácido
peracético que lhe propicia efeito sinérgico para ação esporicida. São utilizadas para
processamento de capilares e linhas de hemodiálise.
Indicações
Tratamento de hemodializadores.
Corrosão para zinco, cobre e latão.
Toxicidade
Não há evidências de toxidade do peróxido de hidrogênio aos profissionais e seu
odor é bem aceito. A literatura relata caso de lesão de córnea devido ao uso de
tonômetro desinfetado com peróxido de hidrogênio e enxague inadequado.
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4.4.7. SOLUÇÕES CLORADAS
Definição
Dentre os produtos clorados, os hipocloritos são os mais utilizados para desinfecção e
podem ser líquidos (hipoclorito de sódio) ou sólidos (hipoclorito de cálcio). Classificado
como de nível intermediário, porém há controvérsias, pois preenche todos os requisitos
para ser considerado como de alto nível. Possui ação bactericida, virucida, fungicida,
micobactericida e esporicida para algumas espécies.
Mecanismo de Ação
Ocorre pela combinação de diversos fatores: oxidação de enzimas e aminoácidos,
perda de componentes celulares, inibição da síntese protéica, quebra do DNA e
diminuição na absorção de nutrientes e de oxigênio.
Indicação
Desinfecção de artigos de Lactário e cozinha: 200 ppm por 60 minutos.
Artigos de Inaloterapia e Oxigenoterapia: 1.000 ppm (0,1%) por 30 minutos ou 200
ppm por 60 minutos.
Considerações
Corrosivo para metais, incompatibilidade com detergentes, ação descolorante, odor
forte e irritante para mucosas do trato respiratório.
Baixo custo, ação rápida, baixa toxidade e ampla atividade microbicida.
Após diluição, o hipoclorito deve ser utilizado em, no máximo, 24 horas.
Dependendo do uso, pode ser necessária troca mais freqüente em decorrência de
saturação por matéria orgânica ou hiperdiluição.
Não se recomenda uso de água sanitária de uso doméstico para instituições de
saúde.
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4.4.8. Comparativo entre germicidas para desinfecção de alto nível.
Característica Peróxido de
Hidrogênio a
7,5%
(não disponível no Brasil)
Ácido
peracético
0,2% a 0,35%
Glutaraldeído
a 2%
Peróxido de
Hidrogênio a
7,35%+
Ácido
Peracético a
0,23
Orthophtalaldeído
a 0,55%
DESINFETANTE DE
ALTO NÍVEL
30´/20°C 10´ 20’ a 90’/20°C a
25°C
15’/20°C 12’/20ºC; 5’/25°C auto.
ATIVAÇÃO NÃO NÃO SIM (ALCALINA) NÃO NÃO
TEMPO DE USO 21 DIAS USO ÚNICO 14-30 DIAS 14 DIAS 14 DIAS
ESTABILIDADE 2 ANOS 6 MESES 2 ANOS 2 ANOS 2 ANOS
RESTRIÇÃO PARA
DESCARTE
NENHUMA NENHUMA LEGISLAÇÃO
LOCAL
NENHUMA LEGISLAÇÃO LOCAL
SEGURANÇA GRAVE LESÃO
OCULAR
GRAVE LESÃO
OCULAR E PELE
RESPIRATÓRIA LESÃO
OCULAR
LESÃO OCULAR E
MANCHA NA PELE
PROCESSO MANUAL/
AUTOMATIZADO
MANUAL/
AUTOMATIZADO
MANUAL/
AUTOMATIZADO
MANUAL MANUAL/
AUTOMATIZADO
COMPATIBILIDADE BOA BOA (PODER
CORROSIVO)
EXCELENTE SEM DADOS EXCELENTE
Fonte: FAVERO, 2008.
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5. ESTERILIZAÇÃO DE ARTIGOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Processo de destruição de todas as formas de vida microbiana, inclusive
esporulados, a tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes
microbiológicos padrão.
Reesterilização e Reprocessamento
Reesterilização é o processo de esterilização de artigos já esterilizados mas não
utilizados, em razão de vencimento do prazo de validade da esterilização ou de outra
situação na qual não haja segurança quanto ao processo ou resultados da esterilização
inicial.
Reprocessamento é o processo a ser aplicado a artigos de serviços de saúde
para permitir sua reutilização, incluindo limpeza, preparo, embalagem, rotulagem,
desinfecção ou esterilização e controle da qualidade.
5.1. EMBALAGENS
As embalagens utilizadas em artigos de serviços de saúde tem como objetivo manter a
segurança do processo de esterilização do produto no que se refere ao uso pretendido,
à vida útil e as condições de transporte e armazenagem.
O “sistema de embalagem” refere-se à combinação do sistema de barreira estéril e a
embalagem de proteção:
Sistema de barreira estéril: embalagem primária que previne a entrada de
microrganismos e permite apresentação asséptica do produto, ex: folha de
empacotamento interno.
Embalagem de proteção: embalagem secundária cuja finalidade é proteger e
prevenir danos para o sistema estéril e seu conteúdo, ex: embalagem externa de
perfuro cortante, mais de um produto na mesma embalagem etc.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) por meio da Comissão de Estudos
de Normatização de Embalagens Odontomédico-hospitalares possui três normas
técnicas sobre o assunto: NBR 12.946 sobre o papel grau cirúrgico, NBR 13.386 sobre
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embalagens para esterilização a óxido de etileno e a NBR 13.387 para esterilização em
radiação ionizante.
A escolha da embalagem deve estar associada à compatibilidade com os métodos de
esterilização e de acordo com as instruções do fabricante quanto a indicação, modo de
utilização e restrições ou contra indicações, bem como prazo de validade do produto.
Na seleção de embalagem faz-se necessário considerar a presença das seguintes
características.
Ser permeável ao agente esterilizante permitindo o contato deste com o conteúdo
do pacote.
Prover adequada barreira à partículas de sujeira que possam carrear
microrganismos.
Facilitar a eliminação do ar e ao término do processo, permitir a eliminação do
agente esterilizante contido no material.
Apresentar massa e gramatura regular, não contendo "claros". Quando a
estrutura do papel é examinada à transparência, ela não deve apresentar partes
mais ou menos transparentes que outras.
Ser dupla, para melhor proteção do conteúdo do pacote.
Ser resistente à umidade. A resistência à penetração de água é sempre relativa,
mas idealmente um papel deve impedir que pequenas gotículas ou umidade
possam entrar no pacote.
Ser flexível, facilitando seu manuseio.
Não furar ou rasgar facilmente quando submetido ao manuseio necessário no
processamento do material incluindo o seu acondicionamento, esterilização,
estocagem e distribuição até o momento do uso.
Não oferecer dificuldade à abertura do pacote, permitindo observar os princípios
da técnica asséptica.
Não conter ingredientes tóxicos e não eliminar resíduos durante o processo de
esterilização.
Permitir selagem íntegra, sem orifícios, áreas queimadas ou enrugadas.
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Ser economicamente viável e fácil de encontrar no mercado.
5.1.2 Tipos de embalagens
5.1.2.1. Tecido de algodão duplo: tecido composto de fibra de algodão cru 100% ou
mistura de poliéster, além de ter o custo-benefício favorável é compatível com a
esterilização a vapor sob pressão que é o processo de esterilização mais utilizado,
porém não confere boa barreira microbiana, pois é difícil realizar um controle efetivo do
número de reprocessamentos ocorrendo diminuição da gramatura do tecido. Em estudo,
os campos duplos de algodão padronizados pela ABNT demonstraram uma barreira
microbiana eficaz até 65 reprocessamentos.
Desvantagens
1. Dificuldade de monitoração do desgaste do tecido após repetidos
reprocessamentos.
2. A falta de regulamentação de manufatura que faz com que o consumidor não
obtenha orientação nem garantias por parte do fabricante na escolha do tecido e
a respeito do número possível de reprocessamentos.
3. Baixo grau de eficiência como barreira microbiana - 34% - OBFE (Bacterial
Filtration Efficiency).
4. Não resiste à umidade.
5. Sobrecarga de trabalho, principalmente para os setores de costura e lavanderia.
Recomendações:
Lavar antes do primeiro uso para retirar o amido.
Lavar o tecido de algodão após cada uso para remover sujidades e restaurar o
teor de umidade das fibras.
Realizar testes freqüentes de permeabilidade com água, controlando o tempo de
vazamento, comparado com tecidos novos.
Estabelecer o número máximo de reprocessamentos em cada estabelecimento de
assistência a saúde.
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Manter a temperatura ambiente entre 18º e 22ºC e umidade relativa de 35 a 70%.
5.1.2.2. Papéis
Amplamente utilizados, boa compatibilidade aos métodos de esterilização por vapor sob
pressão gás de oxido de etileno, gás de formaldeído e radiação ionizante. Possui
legislação específica (NBR/ABNT 14990:2004), e está disponível para uso como papel
grau cirúrgico, papel grau cirúrgico com plástico e papel grau cirúrgico encrespado
conhecido como papel crepado (ABNT, 2003).
5.1.2.2.1. Papel grau cirúrgico: papel permeável ao vapor e ao óxido de etileno e
impermeável aos microorganismos. Resiste a temperatura de 160ºC e é isento de
alvejante ou corante. Sua maior vantagem é facilitar a visualização do produto quando
combinado ao filme plástico (polipropileno). Possui as seguintes características segundo
a NBR 12.946:
5.1.2.2.2. Papel crepado: Composto de celulose tratada (polpa virgem de madeira
branqueada) resistente a temperaturas até de 150ºC por 1 hora (AORN,2007; APECIH,
2003; GRAZIANO, 2003; SOBECC, 2009). Possui várias medidas e gramaturas,
podendo ter na sua composição o látex, o que lhe confere maior resistência. Apresenta
as seguintes características:
Existem três tipos: 1ª geração com estrutura de 100% de celulose, 2ª geração
com estrutura de 100% de celulose e fibras sintéticas e 3ª geração com estrutura
mista de celulose de fibras sintéticas.
Eficiente à esterilização pelo vapor e óxido de etileno;
Alta eficiência de filtragem - OBFE (Bacterial Filtration Efficiency) de 99,9%,
constituindo-se numa barreira efetiva contra a penetração de microorganismos;
Flexível, com facilidade para amoldar-se sendo um produto indicado para a
confecção de campos e aventais cirúrgicos, porém de baixa resistência mecânica.
Resistência à ruptura, não permite termoselagem, é biodegradável e atóxico e
não irritante.
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5.1.2.2.3. Papel kraft: Embalagem em desuso devido a presença freqüente de amido,
corantes e produtos tóxicos (alquiltiofeno). Não resiste à umidade, apresenta
irregularidades em sua gramatura (presença de microfuros), é frágil quanto a resistência
física e vulnerável como barreira microbiana após a esterilização.
5.1.2.3. Filmes transparentes: Compostos de polietileno, polipropileno biorientado,
poliester, nylon ou poliamida, PVC, poliestireno, acetato de celulose, surlyn, EVA, PETG.
Esses filmes, compondo-se numa embalagem com o papel grau cirúrgico, apresentam a
vantagem de permitir a visualização do conteúdo. Filmes de 0,075 mm são laminados
com papel grau cirúrgico para embalagens de artigos destinados à esterilização pelo
vapor ou em embalagens que apresentam uma parede de papel e outra de plástico, que
podem ser utilizados tanto para vapor e ETO.
5.1.2.4. Tyvek: compatível com a maioria dos processos de esterilização com vapor,
óxido de etileno, peróxido de hidrogênio, radiação gama. Constituído de poliolefinas
expandidas e Mylar (polietileno em tripla camada), suporta altas temperaturas (120º a
126º). Incompatível com calor seco. Apresenta alta resistência à tração e perfuração e
excelente barreira microbiana. Uso limitado devido ao alto custo. Indicado para artigos
de geometria disforme, alto peso e pontiagudos (APECIH, 2003; GRAZIANO, 2003;
SOBECC, 2009).
5.1.2.5. Lâminas de alumínio e caixas metálicas: Embalagens que só podem ser
utilizadas na esterilização por calor seco em estufas, sendo um processo de
esterilização em desuso nos estabelecimentos de assistência a saúde. As caixas
metálicas podem ser utilizadas na esterilização por vapor se as mesmas forem
perfuradas e recobertas com embalagens permeáveis ao vapor.
5.1.2.6. Sistema de "container" rígido: caixas de metal termo-resistente, plástico
termo-resistente ou recipientes de alumínio anodizado especificamente desenvolvidos
para acomodar instrumentos cirúrgicos e afins. A tampa contém um filtro microbiano de
alta eficiência, permeável ao vapor ou gás óxido de etileno. É de fácil identificação,
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seguro para transporte e dispensa embalagem externa. (APECIH, 2003; GRAZIANO,
2003; SOBECC, 2009).
5.1.2.7. Vidros não refratários: devem ser resistentes às altas temperaturas. São
indicados para esterilização de líquidos e podem ser utilizados tanto em estufa quanto
em autoclave. Deve possuir tampa para impedir a recontaminação do conteúdo
(CALICCHIO ET AL, 1999; GRAZIANO, 2003).
5.1.2.8. SMS (Spunbonded/Meltblown/Spunbonded): Não-tecido cuja origem é a união
de três camadas de não tecido 100% polipropileno, fundido por calandragem, que
confere alta resistência à tração, à rasgos e perfurações, repelentes a líquidos, com grau
de permeabilidade, permitindo a penetração do agente esterilizante e mantendo a
condição de barreira bacteriana e possui baixo desprendimento de fibras. Embalagem
indicada para artigos de geometria disforme, peso elevado e pontiagudos com proteção.
5.1.2.9. Cobertura plástica protetora: também conhecida como “Cover Bag” podem ser
utilizadas em todos os pacotes ou caixas após a esterilização quando o material estiver
frio e seco, com objetivo de proteger a embalagem contra agentes contaminantes. A
embalagem deve possuir 2 a 3 milésimos de polegada de espessura com vedação feita
pelo calor ou ser auto selante.
Quadro 1. Tipos de embalagens de acordo com a compatibilidade com os métodos de
esterilização.
Tipo de
embalagem
Vapor
sob
pressão
Calor
seco
Óxido
de
etileno
Plasma de
peróxido de
hidogênio
Vapor a
baixa
temperatura
de
formaldeído
Radiação
Ionizante
Tecido de algodão
(1)
Sim Não Não Não Não Não
Contêiner Rígido
(1)
Sim Não Sim Sim Sim Sim
Vidro Refratário
(1)
Sim ** Sim Não Não Não Não
Papel grau
cirúrgico (2)
Sim Não Sim Não Sim Sim
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Papel crepado (2) Sim Não Sim Não Sim Sim
Filmes (2) Sim Não Sim Não Sim Sim
Tyvek (2) Sim Não Sim Não Sim Sim
SMS – Não tecido
(2)
Sim Não Sim Sim Sim Sim***
Caixas metálicas
(1)
Sim * Sim Sim* Sim* Sim* Sim*
Fonte: Adaptado de APECIH, 2010.
* necessitam ser perfuradas; ** para líquidos; *** checar com o fabricante
(1) Embalagens reprocessáveis, (2) Embalagens descartáveis
Quadro 2. Exemplo de matriz de protocolo para a seleção de embalagens de produtos
para a saúde a serem esterilizados em autoclave a vapor sob pressão.
Embalagem Pinça única
de superfície
lisa
Kit com
4 pinças
Tesoura Martelo
pesado
Grau cirúrgico simples X
Grau cirúrgico duplo X
Grau cirúrgico c/ proteção pérfuro
cortante
X
SMS duplo X
5.2. FATORES QUE AFETAM A EFICÁCIA DA ESTERILIZAÇÃO
A atividade dos agentes esterilizantes depende de inúmeros fatores, alguns inerentes às
qualidades intrínsecas do organismo e outros dependentes das qualidades físico-
químicas do agente ou fatores externos do ambiente.
Número e localização de microrganismos.
Resistência inata dos microrganismos.
Concentração e potência do agente germicida.
Fatores físicos e químicos.
Presença de matéria orgânica.
Duração da exposição.
Formação de biofilmes.
5.3. TEMPO DE VALIDADE DE ESTERILIZAÇÃO DE ARTIGOS
Uma vez assumindo que o processo, seja qual for, esterilizou o artigo, as condições
quanto à manutenção desta esterilidade, vinculam-se ao risco de recontaminação, o qual
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é determinado pelo tipo e configuração do material de embalagem, múltiplos manuseios
que permitem ruptura de selagem ou perda da integridade do pacote, penetração de
umidade e contaminantes aéreos, estocagem em prateleira aberta ou fechada,
condições ambientais na área de estocagem (limpeza, temperatura e umidade) e
presença de coberturas plásticas sobre o invólucro e métodos de selagem. Devido às
diferenças tanto em tipos de invólucros quanto em características de estocagem é
impossível recomendar tempos de estocagem para itens estéreis que possam ser
aplicados universalmente.
5.4. MÉTODOS PARA MONITORAMENTO DA ESTERILIZAÇÃO
Um programa de controle da esterilização inclui métodos físicos, químicos e biológicos e
deve ser utilizado para demonstrar a eficiência do processo. Todos os itens esterilizados
devem conter:
O nome do material.
Tipo de esterilização.
Identificação do esterilizador usado.
Número da carga.
Data de validade da esterilização.
Nome do responsável pelo empacotamento.
5.4.1. Indicadores físicos
Desempenho do esterilizador: testes de desempenho do equipamento envolvem a
observação dos parâmetros apresentados durante o processo de esterilização. São
recomendadas leituras de temperatura e pressão a cada minuto durante a fase de
esterilização propriamente dita em autoclaves caso o esterilizador não possua
impressora para registro dos parâmetros de esterilização. Manômetros e
registradores do equipamento devem ser validados a intervalos regulares, utilizando-
se comparação com instrumento padrão.
Termopares: método que determina o tempo de penetração de calor dentro de
pacotes e frascos em autoclaves. Exigem especial atenção quanto à sua calibração
e manuseio para que não haja erro de leitura.
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Dosimetria de radiação: processo que verifica através de dosímetro a quantidade de
energia absorvida pelo material tratado.
5.4.2. Indicadores químicos
Dispositivo para monitoramento do processo de esterilização projetado para responder
com uma característica física ou química a mudança de uma ou mais condições físicas
dentro da câmara de esterilização. De acordo com a Parte 1 da norma ISSO 11140,
existem 6 classes de Indicadores Químicos:
Classe 1 – Indicadores de processo: informam ao usuário se o artigo passou pelo
processo de esterilização diferenciando do não processado. Deve ser usado do lado
externo da embalagem, a menos que o indicador químico externo seja visível. Ex: fita de
autoclave, indicadores impressos nas embalagens.
Classe 2 – Indicadores para uso específico – Teste de Bowie-Dick: não determina se os
parâmetros de esterilização foram alcançados e sim avalia a eficiência da bomba de
vácuo, a presença de vazamento de ar ou de gases do vapor.
Classe 3 – Indicadores de parâmetro único: geralmente usados para avaliar a
temperatura mínima e são úteis para determinar se a temperatura apropriada foi atingida
no centro de grandes pacotes.
Classe 4 – Indicador de multiparâmetro: responde a dois ou mais parâmetros, porém
somente a uma temperatura determinada, que geralmente está especificada no
indicador.
Classe 5 – Indicador de integração: responde a todos os parâmetros de esterilização,
dentro de uma faixa específica de temperatura de esterilização. O desempenho dos
integradores é comparado à inativação de um microrganismo de teste.
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Classe 6 – Simulador ou emulador: o desempenho deste indicador está baseado em um
ciclo específico de esterilização. Conhecido como “de verificação de ciclo”, pois os
controles são mais precisos que os indicadores anteriores e oferecem uma margem
importante de segurança, pois o mesmo não reagirá até que aproximadamente 95% do
ciclo seja concluído.
5.4.3. Indicadores Biológicos
Um Indicador Biológico (IB) é uma preparação padronizada de esporos bacterianos
manipulados de modo a produzir suspensões contendo em torno de 106
esporos por
unidade de papel filtro. O uso de indicadores biológicos é o único meio de assegurar que
o conjunto de todas as condições de esterilização está adequado, porque os
microrganismos são diretamente testados quanto ao seu crescimento ou não após a
aplicação do processo.
Existem três tipos de indicadores biológicos:
Indicadores de 1ª Geração: são tiras de papel impregnadas com esporos contidos em
um envelope de papel de seda ou ampola. Este IB é colocado no meio do pacote que
será processado e, após o processamento, o mesmo é enviado para o laboratório onde
deverá ser retirada a tira de forma asséptica e inoculada em um meio de cultura próprio.
Após ser incubado para se determinar se existe algum esporo viável, a leitura definitiva
ocorre após 7 dias ou 168 horas.
Indicadores de 2ª Geração: são IB auto-contidos, onde a tira ou disco com os esporos
é acondicionado em uma ampola separada do meio de cultura. Após a esterilização a
ampola com meio de cultura é quebrada e este entra em contato com os esporos. Em
seguida o IB é incubado por 48 horas a 56°C, sendo a leitura efetuada por mudança de
cor decorrente da mudança de pH.
Indicadores de 3ª Geração: também são IB auto-contidos, porém, diferentemente dos
de 2ª geração, o método utilizado é baseado na interação de uma enzima, a alpha-D-
glucosidase, que é associada ao esporo bacteriano, com um substrato no meio de
cultura. Após a esterilização o IB deve ser incubado entre 1 a 3 horas a 56°C e em
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seguida exposto a luz ultravioleta. A ausência de fluorescência indica que as condições
de esterilização foram atingidas e o esporo destruído. Neste caso a enzima é destruída
concomitante ao esporo. O crescimento bacteriano é detectado após 48 horas de
incubação. Portanto, ao termos uma leitura positiva, deveremos incubar o IB por 48h
para confirmar o crescimento.
A freqüência mínima indicada de uso de indicadores biológicos é semanal, mas
preferencialmente diária para autoclaves. Existe recomendação para uso de indicadores
biológicos em todas as cargas que contenham próteses e que estas não sejam utilizadas
até o resultado final da incubação.
5.5. CONDUTAS COM RELAÇÃO A FALHAS NO PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO
Situação 1: Resultado positivo do indicador biológico
Interromper a utilização da autoclave
Retornar a CME todos os artigos processados desde o último teste negativo
Notificar ao Serviço de Controle de Infecção Hospitalar ou Referência Técnica ou
CMCISS.
Revisar os registros da autoclave para conferir os parâmetros físicos desde o último
resultado negativo de IB.
Questionar com a equipe de manutenção da Unidade se houve mudanças ou
problemas no fornecimento de vapor da Unidade.
Verificar os registros de outras autoclaves na mesma área ou adjacentes.
Repetir o teste com IB no mínimo 2 ou 3 vezes, se possível. Se o resultado for
negativo, liberar a autoclave para uso. Se o IB continuar positivo, solicitar a inspeção
do equipamento pela Engenharia Clínica ou serviço de manutenção.
Rastrear os materiais utilizados e identificar os pacientes que os utilizaram,
principalmente se for material cirúrgico.
Situação 2: Teste de Bowie-Dick com mudança não uniforme
Repetir o teste para assegurar que não houve falhas na realização do mesmo. Caso
mantenha a alteração, interromper a utilização do equipamento e solicitar a
Engenharia Clínica ou serviço de manutenção.
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Revalidar o equipamento de acordo com as recomendações estabelecidas após a
manutenção do equipamento e a resolução do problema,
Situação 3: O integrador químico (classe 5 ou 6) se apresenta com falha ou
inconclusivo e o indicador biológico se mostra negativo.
As recomendações atuais estabelecem que os IB sejam utilizados no mínimo
semanalmente ou, de preferência, diariamente. Por sua vez, para o uso de indicador
químico (classe 5 ou 6), a orientação é para a colocação interna em cada pacote. Se um
indicador químico se apresenta falho ou inconclusivo, é possível que toda a carga não
esteja estéril, isto é, que o processo de esterilização tenha falhado. O emprego de
indicadores químicos é um dos modos de avaliar o processo, mas pode haver diferenças
de desempenho entre estes indicadores. Por outro lado, erros na montagem do pacote
ou da carga podem possibilitar que a falha se aplique apenas àquele determinado
pacote, e não a toda a carga. Portanto, um único resultado de indicador químico com
falha não deve ser interpretado como problema no processamento de toda a carga
(apenas no pacote) até que seja feita a leitura do resultado do IB. Idealmente, pode-se
manter em quarentena os artigos da mesma carga em que foi encontrado um indicador
químico com problemas, até que o resultado do IB confirme se a falha de esterilização
ocorreu apenas no pacote ou na carga toda. Esta decisão deve levar em conta todos os
aspectos do processo, incluindo os controles físicos. Nesse ponto, verifica-se claramente
a vantagem da opção pelos IB de leitura rápida, pois será menor o tempo necessário
para a decisão.
5.6. MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS
Um programa de manutenção preventiva deve ser estabelecido, de acordo com o
equipamento. Diariamente deve ser feita a limpeza interna da câmara do aparelho, de
acordo com a recomendação do fabricante. Os procedimentos devem ser registrados,
contendo pelo menos as seguintes informações:
Data do serviço.
Número e modelo do esterilizador.
Local do esterilizador.
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Descrição do serviço e componentes substituídos.
Resultado do teste de Bowie & Dick e do indicador biológico.
Resultados de testes biológicos ou validação do equipamento após o reparo.
Nome do profissional responsável pela realização do serviço.
Nome do profissional da CME.
5.7. PRINCIPAIS PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO
5.7.1. Esterilização por vapor saturado sob pressão
Processo mais utilizado em hospitais e o mais econômico para a esterilização de artigos
termorresistentes.
Tipos de autoclave
Gravitacional: a injeção do vapor na câmara força a saída do ar frio por uma válvula
localizada em sua parte inferior. Nesse processo pode ocorrer a formação de bolhas
de ar no interior do pacote, o que impede a esterilização. Para que o vapor penetre
em todos os materiais o tempo deve ser mais longo, tornando o ciclo mais demorado.
Pré-vácuo: por meio de bomba de vácuo ou do sistema Venturi contido no
equipamento, o ar é removido do artigo e da câmara. Esse processo pode ser único,
ou seja, com apenas um pulso, ou fracionado, com três ciclos pulsáteis ou mais, o
que favorece a penetração mais rápida do vapor dentro dos pacotes. Nesse tipo de
autoclave a formação de bolsas de ar é menos provável. Após a esterilização, a
bomba de vácuo faz a sucção do vapor e da umidade interna da carga, tornando a
secagem mais rápida e completando o ciclo.
Mecanismo de ação
Baseia-se na transformação das partículas de água em vapor sob a mesma
temperatura. A atividade esterilizante da autoclave tem como princípio a morte celular
pela coagulação das proteínas bacterianas por meio do calor, de modo que o
microrganismo perca suas funções vitais.
Parâmetros do processo
Vapor.