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  Ciência e Espiritualidade ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Os Paradigmas Científicos,  a Sabedoria Popular  e  a Espiritualidade Humana Prof. Douglas Carrara
RESUMO     Ao longo da história da ciência, as descobertas científicas,  que promovem uma revolução e substituem o paradigma anterior,  são o resultado de intensa e dolorosa luta de cientistas contestando as contradições do paradigma vigente. Além disso, as grandes  descobertas científicas ocorreram em ambiente não-científico, com a colaboração anônima e desinteressada da sabedoria popular. A busca intensa da verdade tem sido o objetivo maior da espiritualidade humana, juntamente com a sabedoria popular e a ciência, ainda que por caminhos diferentes. 
1)    Apresentação pessoal 2)      Trabalho de pesquisa    (A Lógica da Medicina Popular)    (Programa PESES/PEPPE – Fiocruz)  3)      A Sabedoria Popular 4)      A Espiritualidade   Humana 5)      Os Paradigmas Científicos
1)      Apresentação pessoal   Bacharel em Ciências Sociais pela UFRJ/IFCS com concentração em Antropologia (1971/1977). Atualmente é professor, escritor e pesquisador de medicina popular, plantas medicinais e fitoterapia, Ministra conferências, cursos e palestras na área de botânica, fitoterapia e antropologia da saúde desde 1977, assim como tem participado de congressos e simpósios de plantas medicinais, terapias naturais e fitoterapia. Autor do livro “Possangaba – O Pensamento Médico Popular e outros livros e artigos em jornais e revistas. Diretor da Biblioteca Chico Mendes ( http://www.bchicomendes.com ).
2)      Trabalho de pesquisa (A Lógica da Medicina Popular) O texto do livro “Possangaba – O Pensamento Médico Popular” é o resultado de pesquisa de natureza antropológica, promovida pelo Programa PEPPE/PESES, da Fundação Oswaldo Cruz, no início da década de 80. A pesquisa tinha como objetivo principal analisar “A Lógica da Medicina Popular”.      A pesquisa foi realizada na região do Grande Rio, especialmente, no município de Magé (RJ), principal fonte de dados da pesquisa.      As entrevistas foram realizadas junto aos usuários e praticantes da medicina popular, tais como, mateiros, raizeiros, parteiras, rezadores e umbandistas e, sempre que possível, recolhendo amostras das substâncias medicinais utilizadas na prática popular.      Depois de um longo estudo do material recolhido, devidamente identificado cientificamente, todo o material foi submetido à pesquisa bibliográfica, com o objetivo de elaborar uma história terapêutica de cada substância, mas também para avaliar o grau de continuidade e permanência desta medicina ao longo do tempo. A partir deste alicerce histórico, o texto definitivo foi elaborado, pautando sempre pelo rigor metodológico e pela preocupação de registrar a lógica de um pensamento pouco estudado, oprimido e desprezado pelas elites dominantes, apesar de sua incomensurável contribuição para a história da medicina e da farmácia.      Basta lembrar da quina, da   penicilina (fungos), do curare indígena, das vacinas, da digitális, da sapucainha, da noz de cola, da ipecacuanha, para lembrar apenas dos mais notáveis medicamentos de origem popular e usados até hoje pela medicina científica, tanto por alopatas como por homeopatas.      O texto, de linguagem leve e acessível, procura descrever e analisar o pensamento médico popular e o exercício desta prática milenar, resultado da interação de culturas de origem indígena, africana e européia.      O livro contém também relação de substâncias medicinais com respectivas indicações terapêuticas e relação de doenças diagnosticadas à nível popular.
2a) Tipos de Praticantes da Medicina Popular   Os praticantes da medicina popular podem ser classificados de acordo com a atividade da seguinte maneira:   a) O mateiro: é o coletor de ervas ou comerciante de ervas medicinais, geralmente encontrado nas feiras-livres   b) o rezador :é o praticante que trata seus pacientes exclusivamente com rezas e rituais de cura.   c) a parteira: é a praticante, obrigatoriamente do sexo feminino, que assiste os partos, ajudando ou socorrendo as parturientes em sua residência.   d) o umbandista: é o praticante que somente trata de seus pacientes através de entidades espirituais que se incorporam no indivíduo, podendo também indicar receituário com base de nas plantas medicinais.   e) o raizeiro: é o praticante que utiliza a matéria médica popular para tratar de seus pacientes.  
2b) Caracterização da Atuação dos Praticantes da Medicina Popular   Os praticantes da medicina popular no Brasil localizam-se geralmente na área rural ou na periferia dos grandes centros e compõem-se de indivíduos oriundos da classe camponesa. São geralmente analfabetos, e seus padrões de comportamento seguem os princípios das sociedades extremamente ritualizadas. Nosso estudo e classificação baseiam-se em pesquisa realizada através da Fundação Oswaldo Cruz na região do Grande Rio, especialmente no município de Magé (RJ). Numa visão geral podem ser entendidos como praticantes e usuários da medicina popular na medida em que usuários eventualmente também receitam e se automedicam. Denominamos o pensamento desses grupos de pensamento médico popular em virtude de sua razoável uniformidade, mas também pela possibilidade de identificar nesse discurso os princípios do pensamento mágico, estudados especialmente por Mareei Mauss. Assim todos os princípios do pensamento mágico podem ser identificados no discurso médico popular, tais como, a similaridade, a contrariedade e a contigüidade.
2c) A atuação dos praticantes se caracteriza por: a ) dispersão dos praticantes atuando de maneira isolada dos demais praticantes   b) espontaneidade e informalidade no tratamento indicado   c) afetividade na relação médico/paciente   d) legitimidade popular junto à comunidade   e) muita intimidade com a ação das drogas utilizadas na matéria médica popular   f) difusão dos conhecimentos sobre plantas medicinais entre a comunidade.   g) transmissão do saber através da tradição oral   h) uniformidade do saber ao longo da história.   i) estruturalidade do pensamento médico popular seguindo os princípios do pensamento mágico.   j) descontinuidade na prática médica popular.   k) precariedade das práticas por falta de recursos financeiros.   l) desorganização institucional   m) categorias nosológicas próprias diferentes eventualmente das categorias médicas científicas.   n) história terapêutica da cada planta medicina utilizada ao longo da história.   o) padrões de medida individuais utilizados pelos praticantes da medicina popular.  
3) A Sabedoria Popular A sabedoria popular tem produzido ao longo da história inúmeras descobertas que contribuíram para o desenvolvimento da ciência. Não somente as sociedades primitivas, mas as classes subalternas, camponeses, inventores, que paralelamente à ciência produz um saber que a ciência necessariamente não reconhece como científico. René Dubos reconhece em “O Despertar da Razão” que “afinal de contas, uma tradição popular não expressão senão a longa e penosa experiência de um povo. Nasce da batalha travada para manter a sua integridade ou, para dize-lo com mais simplicidade, da sua luta para sobreviver.” Continuando em outro trecho Dubos afirma que “também grande número de medicamentos ainda hoje em uso como o ópio, a quinina, a digitalina, a reserpina e o salicilato foram descobertos e usados pela primeira vez empiricamente há muito tempo por práticos que desconheciam a ciência médica.” Além disso “outras invenções, tais como as várias formas dos relógios, a máquina de impressão, a máquina a vapor e inúmeras outras foram usadas pela primeira vez em grande escala por tecnólogos práticos que eram pouco mais que artesãos e não tinham conhecimento da ciência teórica.” Dubos também afirma que “as principais invenções que deram um impulso surpreendente à ciência foram promovidas por mecânicos, curiosos, biscateiros, bricoleurs, etc.” O Prof. Walter Mors, recentemente falecido, afirmava em artigo publicado em Ciência Hoje (1982) que “observa-se em muitos casos o pleno acerto da sabedoria popular. Só podemos admirar a experiência milenar de povos primitivos que, muito antes do surgimento da ciência moderna, descobriram por exemplo todas as plantas portadoras de cafeína: o chá na Ásia, o café, na Etiópia, e noz de cola na África, o guaraná, e o mate na América Latina. E o efeito estimulante da cafeína nem é tão flagrante que possa ser reconhecido num simples mascar de folhas ou sementes. “    
3a) Processo de Expropriação Científica da Medicina Popular Plantas Medicinais   Digitalis purpurea     digitalina (tônico cardíaco)    Ephedra vulgaris    efedrina (agente cardiovascular, expectorante)    Rauwolfia sp    reserpina (hipotensor, tranquilizante)    Cinchona calisaya     quinina (antimalárico)    Strychnos sp    curare (paralisante muscular indígena utilizado na guerra e na caça)    Cephaelis ipecacuanha    emetina (anti-amebiano)    Salix alba    ácido acetil-salicílico (AAS) (analgésico, antifebril)     Vacinas   Varíola (armênios, árabes, ingleses e chineses)     Jenner (1798)     Soro Antiofídico   Indus (faquires), persas, Grécia     Calmette (1907) e Vital Brasil (1911).   Antibióticos   Fungos     Europeus, Brasil, EUA     Fleming  (1932)   Principais Paradigmas   Medicina Alopática (corrente galênica) Medicina Homeopática (corrente hipocrática) Fitoterapia Medicina Popular
3b) Biopirataria no Mundo
apro-vada   Japão   brasi-leiros   Maytenus ilicifolia   analgésica   gastrite, úlceras espinheira santa   NipponMektron   1996   Brasil   Paraná   aprovada   EUA   indí-genas   Chenopodium quinoa   alimento   Quinua apelawa   Univ. Colo-rado   1994   Andes   aprovada EUA   africanos   HIV   vacinas   vírus HIV   diversos   1986   Gabão   aprovada   EUA   nativos   Penta-diplandra brazzeana   edulcorante  brazzeina   - - África   Resul-tado   Patente   Vítima   Nome  Científico Propriedades   Substân-cia   Autor   Data   Região
cance-lada  Japão   brasi-leiros   Theobroma  grandiflorum   alimento Cupuaçu (nome)  2002   Ama-zônia   aprovada   EUA   Yano-mami   - padrão de contaminação atômica   sangue humano Napo-leon Chag-non   1995   Roraima   cance- lada Brasil Suíça   Krahô  -  neuro-atividade   400 plan-tas medici-nais   Unifesp   2002   Tocan-tins   aprovada   EUA   brasi-leiros   Phyllantus niruri   hepatite B  quebra- pedra   Fox Chase Câncer Center   1986 Brasil   Resul-tado   Patente   Vítima   Nome  Científico Propriedades   Substân-cia   Autor   Data   Região
aprovada  Brasil   brasi-leiros   Carapa guianensis repelente   vela de andiroba   IEPA FiocruzNatu Science   1999 Amapá ?  Brasil brasi-leiros  Heteropterys spp   mal-de-Alzheimer   nó-de-cachorro   Bio-sintetica   2001 Pantana l aprovada -  reli-giosos   Banisteriopsis caapi   uso religioso e alucinógeno ayuasca   Loren Miller   1986  Amazô-nia aprovada   EUA   indígenas   Croton sp.  anti-viral  Sangue de dragão  - - Amazô-nia Resul-tado   Patente   Vítima   Nome  Científico Propriedades   Substân-cia   Autor   Data   Região
cance-lada  EUA   nativos ayurveda  Azadirachta  indica   praguicida   nim  - - Índia   ?  EUA Wapi-chana   Clibatium sylvestre e Ocotea rodiaei   anti-febril, anti-tumoral e anti-vírus HIV   plantas medicinais   Conrad Go-rinsky   2000 Guiana   aprovada Canadá  nativos   -   anti-asmático   genes da asma   Sequana Th.   1991- 1995   Ilha de  Tristão da Cunha Europa   aprovada   EUA   John Moore   -  -  linhagem de células cancerí-genas   - 1976   Califór-nia   USA Resul-tado   Patente   Vítima   Nome  Científico Propriedades   Substân-cia   Autor   Data   Região
aprovada  EUA seres hu-manos   -  isolamento e congelamento   células do cordão umbilical   ByociteAvi-cord   2002 -   cance-lada EUA  maias  diversos  diversas  plantas medici-nais   Brent Berlin ICGB-Maya   1999- 2002   México Chiapas cance-lada EUA   ayurve-da  Curcuma longa  cicatrizante  açafrão Univ. Missis-sipi   1995 Índia Resul-tado   Patente   Vítima   Nome  Científico Propriedades   Substân-cia   Autor   Data   Região
3c)  Da Medicina Popular à Medicina Científica  O Escorbuto e a Vitamina C 400 a. C. - Hipócrates descreve os sintomas do escorbuto. 1497 - Vasco da GAMA, buscando o caminho para as Indias, pelo Cabo da Boa esperança, perdeu 100 dos 160 homens que compunham sua tripulação, vítimas do escorbuto. 1498 - Quando os marinheiros de COLOMBO foram acometidos de escorbuto, os homens, quase moribundos, pediram para serem deixados numa ilha. Quando meses depois, Colombo retornou à ilha, encontrou seus homens vivos e saudáveis. Durante o período tinham se alimentado de frutos tropicais existentes na ilha. Em virtude disso, a ilha passou a se chamar “Curaçao”.  1535 - Quando a tripulação do navio do explorador francês Jacques CARTIER foi atacada pelo escorbuto, os amistosos indios norte americanos prescreveram uma infusão de folhas de pinheiro local que salvava a tripulação da morte. 1563 - MATTHIOLUS publicou uma receita em que preconiza o emprego dos frutos da rosa silvestre (Rosa canina L.) (900 mg) contra as hemorragias dentárias assegurando que o pó dentifrício de rosa silvestre fortalece as gengivas. 1593 - Richard HAWKINS protegia a tripulação de seu navio com laranjas e limões.
3c)  Da Medicina Popular à Medicina Científica  O Escorbuto e a Vitamina C 1597 - John GERARDEproclamou as virtudes curativas da Cochlearia contra o escorbuto.  Na Europa, as feiticeiras, parteiras e herboristas prescreviam a Cochlearia officinalis L. contra o escorbuto. 1601 - James LANCASTER indicou o suco de limão como preventivo e curativo do escorbuto. 1612 - John WOODALL, médico inglês, recomendava o armazenamento de suco de limão a bordo de todos os navios da companhia.  1734 - Johannes BACHSTROM declarou que o escorbuto do mar e o de terra eram a mesma doená e que só tinha uma cura: comer verduras. 1741 - João Cardoso de MIRANDA, médico portugues, além de uma extensa fórmular contra o mal de Loanda ou escorbuto, acrescentava a aplicação nas gengivas, várias vezes, ao dia, de sumo de limão dissolvido em água em partes iguais. 1785 - Manoel Henriques de PAIVA divulgou na Farmacopéia Lisbonense, duas fórmulas antiescorbútica. Uma delas indicava o sumo de Cochlearia e o sumo de laranja azeda.
3c)  Da Medicina Popular à Medicina Científica  O Escorbuto e a Vitamina C 1747 - James LIND, cirurgião a bordo do Salisbury, empreendeu um dos primeiros experimentos controlados em nutrição humana. Testou diversas 5 dietas diferentes para marujos atacados de escorbuto, e apenas o grupo alimentado com limões e laranjas se recuperavam. Em 1753 publica um tratado sobre o escorbuto. Mais tarde, para conservar o suco de limão, aconselhava-se fervê-lo, o que inevitavalmente destruia todo o seu poder curativo contra o escorbuto. 1867 - Durante a retirada da Laguna, na guerra do Paraguai, os soldados brasileiros, aparentemente acometidos de cólera, vários dias com fome, ao chegaram num laranjal, curaram-se logo em seguida. Poderiam estar sofrendo de escorbuto e não de cólera.  1932 - C.G. KING e SZENT-GYORGI conseguiram isolar a vitamina C e relacioná-la com o escorbuto.   TEORES DE ÁCIDO ASCÓRBICO (VITAMINA C)   COCHLEARIA OFFICINALIS, altos teores LIMÃO, suco fresco de 79 mg LIMA DA PERSIA, suco fresco 55,3 mg ROSA SILVESTRE (Rosa canina L.) 900 mg
3d) Da Medicina Popular à Medicina Científica A Dedaleira ( Digitalis purpurea  L.) 1) A dedaleira ( Digitalis purpurea  L.) da família  Scrophulariaceae , foi mencionada pela primeira vez em 1250 por antigos médicos gauleses. 2) O botânico alemão Leonhard FUCHS (1500-1566) reconhecia que a dedaleira era ótima para combater a hidropisia. 3) John GERARDE (1545-1612) afirmava “para os que tem água na barriga, ela põe fora o líquido, purifica o fluido colérico e desfaz a obstrução.” 4) O uso da dedaleira já se encontrava muito difundido entre as classes subalternas européias no século XVI. 5) 1722 - Graças ao testemunho do herbalista inglês William SALMON, a dedaleira foi pela primeira vez incluida na farmacopéia de Londres, de Edimburgo, de Paris e de Wurtemberg. “A dedaleira cura a tísica, mas tem que ser usada com muita cautela, porque produz fraqueza, induz a vômitos e purgas, mas limpa o corpo de alto a baixo e por essa razão elimina os humores.”
3d) Da Medicina Popular à Medicina Científica A Dedaleira ( Digitalis purpurea  L.) 6) Na mesma época, um médico francês, Dr. SALERNE, soube de um peru que morrera em consequência de ter ingerido folhas da dedaleira. Por isso resolveu investigar e obrigou dois perus a ingerir muitas folhas da dedaleira. Quatro horas depois, os perus pareciam ébrios, mal podendo manter-se de pé. Após a morte, submeteu os perus a uma autópsia e verificou assustado que os órgãos se encontravam todos ressecados. Com o comunicado que escreveu, a Digitalis foi imediatamente excluida das farmacopéias.  7) 1771 - O médico inglês William WITHERING recebe de uma camponesa, uma receita para combater a hidropisia muito usada na região, onde consta entre outras plantas, a dedaleira. Decidiu-se a testá-la nos seus pacientes pobres hidrópicos e para sua surpresa verificou que os conseguia curar. E assim começou suas experiências com a dedaleira, que, dependendo da dose e do paciente, produzia efeitos desagradáveis e por isso abandona a pesquisa.  8) Em Birmingham, volta anos mais tarde à pesquisa com a dedaleira. Na época, a tuberculose confundia-se com a insuficiência cardíaca, já que ambas produziam a hidropisia. Entretanto WITHERING somente conseguia curar os hidrópicos que não estavam tísicos. Depois de 10 anos de experiência com a dedaleira e a hidropisia, resolve publicar as suas conclusões, onde reconhece que a dedaleira possuia ação efetiva sobre o coração. Em 1799, WITHERING morre de tuberculose. A dedaleira não tivera nenhum efeito sobre sua doença.
3d) Da Medicina Popular à Medicina Científica A Dedaleira ( Digitalis purpurea  L.) 9) Apesar dos resultados obtidos e das advertências de WITHERING, os demais médicos continuaram a receitar a dedaleira, para hidrópicos, tuberculosos ou não.  10) Por volta de 1830, os médicos se decepcionam com o uso indiscriminado e anticientífico da dedaleira. Mas nesse momento, com o desenvolvimento da química, alguns pesquisadores começam a NATIVELLE e SCHMIEDEBERG acabaram descobrindo o glicosídeo digitalina, o princípio ativo mais importante.  11) Mais tarde, em 1910, CUSHNY, WENCKEBACH e MACKENZIE conseguiram demonstrar que a hidropisia provinha de uma doença que enfraquecia os músculos superiores do coração, e que o coração não realizando o bombeamento com a força necessária, a circulação do sangue demorava e o soro ia ficando pelo caminho, nos membros, no peito, no ventre, o que se conhece atualmente como filtração auricular. 12) A partir daí, outras plantas começaram a ser estudadas, porque possuiam efeito semelhante ao da dedaleira: a Urginea maritima, Nerium oleander, Tanghinia venenifera, Antiaris toxicaria, Strophantus kombe e Adonis vernalis. Todas elas oriundas da medicina popular de diversos países. A grosseira experiência dos selvagens e camponeses, portanto, foi a origem de todos os remédios para a hidropisia relacionada com a insuficiência cardíaca.
4a) A Espiritualidade Humana A dimensão espiritual do ser humano tem sido reconhecida pela antropologia moderna, especialmente a partir das pesquisas de Durkheim sobre a manifestação da espiritualidade nas sociedades primitivas. Todas as sociedades humanas ritualizam o sentimento espiritual estabelecendo padrões de comportamento e de relacionamento com entidades do mundo espiritual. Trata-se de uma maneira simplificada de explicitar o sentimento espiritual. A reverência e o respeito pelas entidades do mundo espiritual, a quem são atribuídas a criação do universo e da natureza, são fundamentais para manter as sociedades unidas por laços sociais e religiosos. Os líderes religiosos e também políticos utilizam uma psicologia de coesão para manter a sociedade unida e solidária e, além disso, estabelece padrões morais de comportamento, especialmente através do comportamento ascético, que serve como padrão ético a ser atingido pelos membros da sociedade. Segundo Durkheim, “as sociedades para existirem produzem representações que lhes são estruturalmente necessárias, o que significa dizer que a ideologia é constitutiva do processo social.” Além disso, “a hegemonia se realiza através do consenso e não da coerção.”
4b) A Espiritualidade Humana Assim todos os elementos essenciais do pensamento e da vida religiosa devem se encontrar nas religiões primitivas, assim como nas religiões modernas. Os cientistas também recebem da sociedade onde vivem, as influências do pensamento religioso  e tentam estabelecer limites entre as explicações científicas e as explicações religiosas para a origem da vida e do universo. Tem sido ao longo da história da ciência, uma temática proscrita no ambiente acadêmico, ainda que, não consiga impedir que o sentimento religioso possa se manifestar no indivíduo que exerce uma atividade acadêmica.  O próprio Einstein declarou que “a coisa mais bela que o homem pode experimentar é o sentido do mistério. Ele é a fonte de toda a verdadeira arte e de toda a verdadeira ciência. Quem nunca experimentou essa sensação encontra-se como se estivesse morto: seus olhos estão fechados. Esse perscrutar nos mistérios da vida, ainda que confuso, deu vida à religião. Saber que o que para nós é impenetrável existe realmente e se manifesta com a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza que os nossos pobres sentidos conseguem perceber somente em suas formas mais primitivas, essa consciência, esse sentimento, é a essência da verdadeira religião.”
4c) A Espiritualidade Humana Afinal de contas, a história da ciência tem se caracterizado por uma sucessão de paradigmas, que são superados dolorosamente até que um novo paradigma seja universalmente aceito.  A partir do reconhecimento desta descontinuidade e da extrema dificuldade para aceitação de um novo paradigma, devemos sempre reconhecer que a ciência não é um saber absoluto sobre a vida e o universo.
5) Os Paradigmas Científicos 5a) Paradigma Analítico (Cartesiano) 5b) Paradigma Holístico (Visão Sintética)
5a) O Paradigma Analítico  (Cartesiano) “ As universidades são organizadas para ensinar e estudar assuntos que abrangem quase todos os aspectos concebíveis do conhecimento. Entretanto, raramente oferecem a oportunidade de integrar os fragmentos separados de informação e de relacioná-los com as necessidades, os valores e as aspirações que desempenham tão considerável papel na vida humana.” René DUBOS (1901-1982) O Despertar da Razão (1970)
5b) O Paradigma Analítico  (Cartesiano) “ No século XIX, todos os historiadores da química reconheceram o furor experimental dos alquimistas e acabaram rendendo homenagem a alguns descobrimentos positivos, tais como, o ácido sulfúrico e o oxigênio, ainda que para eles não fosse uma descoberta.” “ A química moderna foi surgindo lentamente dos laboratórios dos alquimistas.” “ Os químicos do século XIX, animados pelo espírito positivo, tem sido levados a julgar o valor objetivo das descobertas, sem levar em conta a notável coesão psicológica da cultura alquimista.” Gaston BACHELARD – La Formacion del Espiritu Cientifico (1948)
5c) O Paradigma Analítico  (Cartesiano) ARISTÓTELES (384 a.C. – 322 a.C. Origens da Física e da Biologia Claudius PTOLOMEU (século II a.C.) Almagesto, teoria geocêntrica Giordano BRUNO (1548-1600)  Multiplicidade de mundos Infinitude do espaço  (1584) Movimento da terra  Movimento dos átomos Nicolau COPÉRNICO (1473-1543)  Teoria heliocêntrica (1530) Johannes KEPLER (1571-1630) Órbitas planetárias (1609)
5d) O Paradigma Analítico  (Cartesiano) Galileu GALILEI (1564-1642) Ciência experimental (1589) René DESCARTES (1596-1650)  Geometria Analítica (1637) Isaac NEWTON (1642-1727) Leis do movimento Lei da Gravitação Universal (1687) Karl von LINNEU (1707-1778) Sistemas da Natureza (1735)  Fundamentos da Taxonomia dos Seres Vivos William WITHERING (1741-1799) Digitalina (1775) Edward JENNER (1743-1794)  Vacina anti-variólica (1796)
5e) O Paradigma Analítico  (Cartesiano) Joseph PRIESTLEY (1733-1804)  Ar desflogitizado (Oxigênio) (1774)  Antoine-Laurent de LAVOISIER (1743-1794) Química quantitativa (1769) Fundamentos da Química Moderna Friedrich Wilhelm SERTÜRNER (1783-1841) Isolamento da morfina (1805) Fundamentos da Farmacologia Moderna Ignac SEMMELWEISS (1818-1865) Febre puerperal, a peste dos médicos (1847) Joseph LISTER (1827-1912) Cirurgia antisséptica (1865)
5f) O Paradigma Analítico  (Cartesiano) Louis PASTEUR (1822-1895) Germes, causadores de doenças (1862) Fundamentos da Microbiologia Moderna Claude BERNARD (1813-1878) Descoberta do glicogênio ( 1856 )  Fundamentos da Medicina experimental ( 1865 ) Charles DARWIN (1809-1882) Origem das Espécies (1859) Fundamentos da Teoria Evolucionista Karl MARX (1818-1883) O Capital (1867) Fundamentos do Materialismo Dialético
5g) O Paradigma Analítico  (Cartesiano) Sigmund FREUD (1856-1939) Fundamentos da Psicanálise (1900) Albert   EINSTEIN (1879-1955) Teoria da Relatividade (1905) Fundamentos da Física Moderna Werner HEISENBERG (1901-1976) Princípio da Incerteza (1927) Alexander FLEMING (1881-1955)  Isolamento da penicilina (1928) Fundamentos da antibioticoterapia (1940)
5h) O Paradigma Analítico  (Cartesiano) Thomas KUHN (1922-1996) Teoria dos Paradigmas (1962) Paradigmas – Realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante certo tempo, proporcionam modelos de problemas e soluções a uma comunidade científica. Gaston BACHELARD (1884-1962)  Fundamentos da Epistemologia Moderna René DUBOS (1901-1982) Fundamentos da Ecologia Moderna
5i) O Paradigma Holístico   (Visão Sintética) HIPÓCRATES (460 – 380 a. C. ) – “A doença é um processo natural e que seus sintomas são reações do organismo à doença e que o principal papel do médico é ajudar as forças naturais do organismo.” O corpo, de acordo com Hipócrates, tem em si mesmo os meios de cura; os sintomas da doença, e particularmente a febre, são meras expressões do esforço do organismo.”  HIPÓCRATES (460 – 380 a. C. ) –  “em seu conceito de doença cada órgão estava ligado aos demais, não havendo afecção mórbida que não envolvesse todo o organismo”.   Arturo CASTIGLIONI História da Medicina (1947)
5j) O Paradigma Holístico   (Visão Sintética) HIPOCRATES (460 – 380 a. C. ) –  Observador agudo de cada distúrbio e convencido, portanto, que muitas doenças se curarão espontaneamente se as forças da natureza foram assistidas sabiamente. HIPÓCRATES (460 – 380 a. C. ) –  “Para o médico é incontestavelmente um ponto importante ter uma aparência agradável e estar bem nutrido, porque o público acredita que aqueles que não sabem tomar conta do próprio corpo não estão em situação de se preocupar com os outros.” Arturo CASTIGLIONI História da Medicina (1947)
5k) O Paradigma Holístico   (Visão Sintética) Pensamento OCIDENTAL Pensamento ORIENTAL HIPÓCRATES (460 a. C. - 380 a. C.)  GRÉCIA - Medicina hipocrática Siddharta Gautama  (563 a. C - 483 a. C)  (BUDA) Índia Samuel HAHNEMANN (1755-1843)  Medicina homeopática (1796) Lao- Tsé (VI a. C.)  China - Taoísmo IRIDOLOGIA Ignatz von PECZELY (1826-1911) MEDICINA TRADICIONAL CHINESA FITOTERAPIA OCIDENTAL TAI-CHI-CHUEN
5l) O Paradigma Holístico   (Visão Sintética) RADIESTESIA GESTALTERAPIA TEERAPIA ORGÔNICA Wilhelm REICH (1897-1957) GEOTERAPIA CROMOTERAPIA ESPONDILOTERAPIA Método ABRAMS PSICODRAMA Jacob MORENO (1889-1974) YOGA Índia SHIATSU MEDICINA AYURVEDA Índia MEDICINA PRÂNICA Índia MOXABUSTÃO MEDICINA MACROBIÓTICA George OHSAWA (1893-1966 Japão
5m) O Paradigma Holístico   (Visão Sintética) QUIROPRÁTICA David Daniel PALMER (1845-1913) OLIGOTERAPIA MEDICINA POPULAR AROMATERAPIA HIDROTERAPIA TALASSOTERAPIA GRUPOS DE AUTO-AJUDA MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL SHANTALA PULSOLOGIA CHINESA China AURICULOTERAPIA TUI-NA China MEDICINA MAIA México
5n) O Paradigma Holístico   (Visão Sintética) MEDICINA ORTOMOLECULAR DO-IN ACUPUNTURA REFLEXOLOGIA PLANTAR MEDICINA ANTROPOSÓFICA Rudolf STEINER (1861-1925) HIPNOTERAPIA Florais de BACH Edward BACH (1886-1936) Inglaterra MEDICINA INDÍGENA
5o) O Paradigma Holístico   (Visão Sintética) Padrão de Pensamento Oriental:  Princípios dos Contrários YIN Feminino Contrátil Conser v ador Receptivo Cooperativo Intuitivo Sintético Terra  Lua Noite Inverno Umidade Frescor Interior YANG Masculino Expansivo Exigente Agressivo Competitivo Racional Analítico Céu Sol Dia Verão Secura Calidez Superfície
Bibliografia consultada ASIMOV, Isaac (1920-1992):  1993 - Cronologia das Ciências e das Descobertas - 1ª Ed. - Ed. Civ. Bras. - Rio de Janeiro – 1.060 p.  BACHELAR, Gaston (1884-1962): 1974 –- La Formación del Espiritu Científico –XXI - 302 p.  CAPRA, Fritjof (1939- ): 1992 - O Ponto de Mutação - Ed. Cultrix - 447 p.  CARRARA, Douglas: 1995 - Possangaba, - o Pensamento Médico Popular - 1ª Ed. - Ed. Ribro Soft - Maricá - 260 p.  CASTIGLIONI, Arturo (1874-1952): 1947 - História da Medicina - 1ª Ed. – 2 Vol. Ed. Cia. Editora Nacional - São Paulo - Brasil - 613 p.  DUBOS, René  (1901-1982): 1972 - O Despertar da Razão - Por uma Ciência mais Humana - Ed. Melhoramentos – S.Paulo - 196 p.  DURKHEIM, Émile  (1858-1917): 1989 - As Formas Elementares da Vida Religiosa - O Sistema Totêmico na Austrália (Les Formes Élémentaires de la Vie Religieuse) - Ed. Paulinas - São Paulo - 536 p.   KUHN, Thomas S. (1922-1996): 1971 - La Estructura de Ias Revoluciones Cientificas - F.C.E. – Mexico - 319 p.  SHIVA, Vandana: 2001 - Biopirataria: - A Pilhagem da Natureza e do Conhecimento - Ed. Vozes - Petrópolis - 152 p.

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Os Paradigmas Científicos, a Sabedoria Popular e a Espiritualidade Humana

  • 1.
  • 2. Os Paradigmas Científicos, a Sabedoria Popular e a Espiritualidade Humana Prof. Douglas Carrara
  • 3. RESUMO   Ao longo da história da ciência, as descobertas científicas,  que promovem uma revolução e substituem o paradigma anterior,  são o resultado de intensa e dolorosa luta de cientistas contestando as contradições do paradigma vigente. Além disso, as grandes  descobertas científicas ocorreram em ambiente não-científico, com a colaboração anônima e desinteressada da sabedoria popular. A busca intensa da verdade tem sido o objetivo maior da espiritualidade humana, juntamente com a sabedoria popular e a ciência, ainda que por caminhos diferentes. 
  • 4. 1)    Apresentação pessoal 2)      Trabalho de pesquisa (A Lógica da Medicina Popular) (Programa PESES/PEPPE – Fiocruz) 3)      A Sabedoria Popular 4)      A Espiritualidade Humana 5)      Os Paradigmas Científicos
  • 5. 1)      Apresentação pessoal   Bacharel em Ciências Sociais pela UFRJ/IFCS com concentração em Antropologia (1971/1977). Atualmente é professor, escritor e pesquisador de medicina popular, plantas medicinais e fitoterapia, Ministra conferências, cursos e palestras na área de botânica, fitoterapia e antropologia da saúde desde 1977, assim como tem participado de congressos e simpósios de plantas medicinais, terapias naturais e fitoterapia. Autor do livro “Possangaba – O Pensamento Médico Popular e outros livros e artigos em jornais e revistas. Diretor da Biblioteca Chico Mendes ( http://www.bchicomendes.com ).
  • 6. 2)      Trabalho de pesquisa (A Lógica da Medicina Popular) O texto do livro “Possangaba – O Pensamento Médico Popular” é o resultado de pesquisa de natureza antropológica, promovida pelo Programa PEPPE/PESES, da Fundação Oswaldo Cruz, no início da década de 80. A pesquisa tinha como objetivo principal analisar “A Lógica da Medicina Popular”.     A pesquisa foi realizada na região do Grande Rio, especialmente, no município de Magé (RJ), principal fonte de dados da pesquisa.     As entrevistas foram realizadas junto aos usuários e praticantes da medicina popular, tais como, mateiros, raizeiros, parteiras, rezadores e umbandistas e, sempre que possível, recolhendo amostras das substâncias medicinais utilizadas na prática popular.     Depois de um longo estudo do material recolhido, devidamente identificado cientificamente, todo o material foi submetido à pesquisa bibliográfica, com o objetivo de elaborar uma história terapêutica de cada substância, mas também para avaliar o grau de continuidade e permanência desta medicina ao longo do tempo. A partir deste alicerce histórico, o texto definitivo foi elaborado, pautando sempre pelo rigor metodológico e pela preocupação de registrar a lógica de um pensamento pouco estudado, oprimido e desprezado pelas elites dominantes, apesar de sua incomensurável contribuição para a história da medicina e da farmácia.     Basta lembrar da quina, da penicilina (fungos), do curare indígena, das vacinas, da digitális, da sapucainha, da noz de cola, da ipecacuanha, para lembrar apenas dos mais notáveis medicamentos de origem popular e usados até hoje pela medicina científica, tanto por alopatas como por homeopatas.     O texto, de linguagem leve e acessível, procura descrever e analisar o pensamento médico popular e o exercício desta prática milenar, resultado da interação de culturas de origem indígena, africana e européia.     O livro contém também relação de substâncias medicinais com respectivas indicações terapêuticas e relação de doenças diagnosticadas à nível popular.
  • 7. 2a) Tipos de Praticantes da Medicina Popular Os praticantes da medicina popular podem ser classificados de acordo com a atividade da seguinte maneira:   a) O mateiro: é o coletor de ervas ou comerciante de ervas medicinais, geralmente encontrado nas feiras-livres   b) o rezador :é o praticante que trata seus pacientes exclusivamente com rezas e rituais de cura.   c) a parteira: é a praticante, obrigatoriamente do sexo feminino, que assiste os partos, ajudando ou socorrendo as parturientes em sua residência.   d) o umbandista: é o praticante que somente trata de seus pacientes através de entidades espirituais que se incorporam no indivíduo, podendo também indicar receituário com base de nas plantas medicinais.   e) o raizeiro: é o praticante que utiliza a matéria médica popular para tratar de seus pacientes.  
  • 8. 2b) Caracterização da Atuação dos Praticantes da Medicina Popular Os praticantes da medicina popular no Brasil localizam-se geralmente na área rural ou na periferia dos grandes centros e compõem-se de indivíduos oriundos da classe camponesa. São geralmente analfabetos, e seus padrões de comportamento seguem os princípios das sociedades extremamente ritualizadas. Nosso estudo e classificação baseiam-se em pesquisa realizada através da Fundação Oswaldo Cruz na região do Grande Rio, especialmente no município de Magé (RJ). Numa visão geral podem ser entendidos como praticantes e usuários da medicina popular na medida em que usuários eventualmente também receitam e se automedicam. Denominamos o pensamento desses grupos de pensamento médico popular em virtude de sua razoável uniformidade, mas também pela possibilidade de identificar nesse discurso os princípios do pensamento mágico, estudados especialmente por Mareei Mauss. Assim todos os princípios do pensamento mágico podem ser identificados no discurso médico popular, tais como, a similaridade, a contrariedade e a contigüidade.
  • 9. 2c) A atuação dos praticantes se caracteriza por: a ) dispersão dos praticantes atuando de maneira isolada dos demais praticantes   b) espontaneidade e informalidade no tratamento indicado   c) afetividade na relação médico/paciente   d) legitimidade popular junto à comunidade   e) muita intimidade com a ação das drogas utilizadas na matéria médica popular   f) difusão dos conhecimentos sobre plantas medicinais entre a comunidade.   g) transmissão do saber através da tradição oral   h) uniformidade do saber ao longo da história.   i) estruturalidade do pensamento médico popular seguindo os princípios do pensamento mágico.   j) descontinuidade na prática médica popular.   k) precariedade das práticas por falta de recursos financeiros.   l) desorganização institucional   m) categorias nosológicas próprias diferentes eventualmente das categorias médicas científicas.   n) história terapêutica da cada planta medicina utilizada ao longo da história.   o) padrões de medida individuais utilizados pelos praticantes da medicina popular.  
  • 10. 3) A Sabedoria Popular A sabedoria popular tem produzido ao longo da história inúmeras descobertas que contribuíram para o desenvolvimento da ciência. Não somente as sociedades primitivas, mas as classes subalternas, camponeses, inventores, que paralelamente à ciência produz um saber que a ciência necessariamente não reconhece como científico. René Dubos reconhece em “O Despertar da Razão” que “afinal de contas, uma tradição popular não expressão senão a longa e penosa experiência de um povo. Nasce da batalha travada para manter a sua integridade ou, para dize-lo com mais simplicidade, da sua luta para sobreviver.” Continuando em outro trecho Dubos afirma que “também grande número de medicamentos ainda hoje em uso como o ópio, a quinina, a digitalina, a reserpina e o salicilato foram descobertos e usados pela primeira vez empiricamente há muito tempo por práticos que desconheciam a ciência médica.” Além disso “outras invenções, tais como as várias formas dos relógios, a máquina de impressão, a máquina a vapor e inúmeras outras foram usadas pela primeira vez em grande escala por tecnólogos práticos que eram pouco mais que artesãos e não tinham conhecimento da ciência teórica.” Dubos também afirma que “as principais invenções que deram um impulso surpreendente à ciência foram promovidas por mecânicos, curiosos, biscateiros, bricoleurs, etc.” O Prof. Walter Mors, recentemente falecido, afirmava em artigo publicado em Ciência Hoje (1982) que “observa-se em muitos casos o pleno acerto da sabedoria popular. Só podemos admirar a experiência milenar de povos primitivos que, muito antes do surgimento da ciência moderna, descobriram por exemplo todas as plantas portadoras de cafeína: o chá na Ásia, o café, na Etiópia, e noz de cola na África, o guaraná, e o mate na América Latina. E o efeito estimulante da cafeína nem é tão flagrante que possa ser reconhecido num simples mascar de folhas ou sementes. “    
  • 11. 3a) Processo de Expropriação Científica da Medicina Popular Plantas Medicinais   Digitalis purpurea  digitalina (tônico cardíaco)   Ephedra vulgaris  efedrina (agente cardiovascular, expectorante)   Rauwolfia sp  reserpina (hipotensor, tranquilizante)   Cinchona calisaya  quinina (antimalárico)   Strychnos sp  curare (paralisante muscular indígena utilizado na guerra e na caça)   Cephaelis ipecacuanha  emetina (anti-amebiano)   Salix alba  ácido acetil-salicílico (AAS) (analgésico, antifebril)     Vacinas   Varíola (armênios, árabes, ingleses e chineses)  Jenner (1798)     Soro Antiofídico   Indus (faquires), persas, Grécia  Calmette (1907) e Vital Brasil (1911).   Antibióticos   Fungos  Europeus, Brasil, EUA  Fleming (1932)   Principais Paradigmas   Medicina Alopática (corrente galênica) Medicina Homeopática (corrente hipocrática) Fitoterapia Medicina Popular
  • 13. apro-vada Japão brasi-leiros Maytenus ilicifolia analgésica gastrite, úlceras espinheira santa NipponMektron 1996 Brasil Paraná aprovada EUA indí-genas Chenopodium quinoa alimento Quinua apelawa Univ. Colo-rado 1994 Andes aprovada EUA africanos HIV vacinas vírus HIV diversos 1986 Gabão aprovada EUA nativos Penta-diplandra brazzeana edulcorante brazzeina - - África Resul-tado Patente Vítima Nome Científico Propriedades Substân-cia Autor Data Região
  • 14. cance-lada Japão brasi-leiros Theobroma grandiflorum alimento Cupuaçu (nome) 2002 Ama-zônia aprovada EUA Yano-mami - padrão de contaminação atômica sangue humano Napo-leon Chag-non 1995 Roraima cance- lada Brasil Suíça Krahô - neuro-atividade 400 plan-tas medici-nais Unifesp 2002 Tocan-tins aprovada EUA brasi-leiros Phyllantus niruri hepatite B quebra- pedra Fox Chase Câncer Center 1986 Brasil Resul-tado Patente Vítima Nome Científico Propriedades Substân-cia Autor Data Região
  • 15. aprovada Brasil brasi-leiros Carapa guianensis repelente vela de andiroba IEPA FiocruzNatu Science 1999 Amapá ? Brasil brasi-leiros Heteropterys spp mal-de-Alzheimer nó-de-cachorro Bio-sintetica 2001 Pantana l aprovada - reli-giosos Banisteriopsis caapi uso religioso e alucinógeno ayuasca Loren Miller 1986 Amazô-nia aprovada EUA indígenas Croton sp. anti-viral Sangue de dragão - - Amazô-nia Resul-tado Patente Vítima Nome Científico Propriedades Substân-cia Autor Data Região
  • 16. cance-lada EUA nativos ayurveda Azadirachta indica praguicida nim - - Índia ? EUA Wapi-chana Clibatium sylvestre e Ocotea rodiaei anti-febril, anti-tumoral e anti-vírus HIV plantas medicinais Conrad Go-rinsky 2000 Guiana aprovada Canadá nativos - anti-asmático genes da asma Sequana Th. 1991- 1995 Ilha de Tristão da Cunha Europa aprovada EUA John Moore - - linhagem de células cancerí-genas - 1976 Califór-nia USA Resul-tado Patente Vítima Nome Científico Propriedades Substân-cia Autor Data Região
  • 17. aprovada EUA seres hu-manos - isolamento e congelamento células do cordão umbilical ByociteAvi-cord 2002 - cance-lada EUA maias diversos diversas plantas medici-nais Brent Berlin ICGB-Maya 1999- 2002 México Chiapas cance-lada EUA ayurve-da Curcuma longa cicatrizante açafrão Univ. Missis-sipi 1995 Índia Resul-tado Patente Vítima Nome Científico Propriedades Substân-cia Autor Data Região
  • 18. 3c) Da Medicina Popular à Medicina Científica  O Escorbuto e a Vitamina C 400 a. C. - Hipócrates descreve os sintomas do escorbuto. 1497 - Vasco da GAMA, buscando o caminho para as Indias, pelo Cabo da Boa esperança, perdeu 100 dos 160 homens que compunham sua tripulação, vítimas do escorbuto. 1498 - Quando os marinheiros de COLOMBO foram acometidos de escorbuto, os homens, quase moribundos, pediram para serem deixados numa ilha. Quando meses depois, Colombo retornou à ilha, encontrou seus homens vivos e saudáveis. Durante o período tinham se alimentado de frutos tropicais existentes na ilha. Em virtude disso, a ilha passou a se chamar “Curaçao”. 1535 - Quando a tripulação do navio do explorador francês Jacques CARTIER foi atacada pelo escorbuto, os amistosos indios norte americanos prescreveram uma infusão de folhas de pinheiro local que salvava a tripulação da morte. 1563 - MATTHIOLUS publicou uma receita em que preconiza o emprego dos frutos da rosa silvestre (Rosa canina L.) (900 mg) contra as hemorragias dentárias assegurando que o pó dentifrício de rosa silvestre fortalece as gengivas. 1593 - Richard HAWKINS protegia a tripulação de seu navio com laranjas e limões.
  • 19. 3c) Da Medicina Popular à Medicina Científica  O Escorbuto e a Vitamina C 1597 - John GERARDEproclamou as virtudes curativas da Cochlearia contra o escorbuto.  Na Europa, as feiticeiras, parteiras e herboristas prescreviam a Cochlearia officinalis L. contra o escorbuto. 1601 - James LANCASTER indicou o suco de limão como preventivo e curativo do escorbuto. 1612 - John WOODALL, médico inglês, recomendava o armazenamento de suco de limão a bordo de todos os navios da companhia. 1734 - Johannes BACHSTROM declarou que o escorbuto do mar e o de terra eram a mesma doená e que só tinha uma cura: comer verduras. 1741 - João Cardoso de MIRANDA, médico portugues, além de uma extensa fórmular contra o mal de Loanda ou escorbuto, acrescentava a aplicação nas gengivas, várias vezes, ao dia, de sumo de limão dissolvido em água em partes iguais. 1785 - Manoel Henriques de PAIVA divulgou na Farmacopéia Lisbonense, duas fórmulas antiescorbútica. Uma delas indicava o sumo de Cochlearia e o sumo de laranja azeda.
  • 20. 3c) Da Medicina Popular à Medicina Científica  O Escorbuto e a Vitamina C 1747 - James LIND, cirurgião a bordo do Salisbury, empreendeu um dos primeiros experimentos controlados em nutrição humana. Testou diversas 5 dietas diferentes para marujos atacados de escorbuto, e apenas o grupo alimentado com limões e laranjas se recuperavam. Em 1753 publica um tratado sobre o escorbuto. Mais tarde, para conservar o suco de limão, aconselhava-se fervê-lo, o que inevitavalmente destruia todo o seu poder curativo contra o escorbuto. 1867 - Durante a retirada da Laguna, na guerra do Paraguai, os soldados brasileiros, aparentemente acometidos de cólera, vários dias com fome, ao chegaram num laranjal, curaram-se logo em seguida. Poderiam estar sofrendo de escorbuto e não de cólera. 1932 - C.G. KING e SZENT-GYORGI conseguiram isolar a vitamina C e relacioná-la com o escorbuto.   TEORES DE ÁCIDO ASCÓRBICO (VITAMINA C)   COCHLEARIA OFFICINALIS, altos teores LIMÃO, suco fresco de 79 mg LIMA DA PERSIA, suco fresco 55,3 mg ROSA SILVESTRE (Rosa canina L.) 900 mg
  • 21. 3d) Da Medicina Popular à Medicina Científica A Dedaleira ( Digitalis purpurea L.) 1) A dedaleira ( Digitalis purpurea L.) da família Scrophulariaceae , foi mencionada pela primeira vez em 1250 por antigos médicos gauleses. 2) O botânico alemão Leonhard FUCHS (1500-1566) reconhecia que a dedaleira era ótima para combater a hidropisia. 3) John GERARDE (1545-1612) afirmava “para os que tem água na barriga, ela põe fora o líquido, purifica o fluido colérico e desfaz a obstrução.” 4) O uso da dedaleira já se encontrava muito difundido entre as classes subalternas européias no século XVI. 5) 1722 - Graças ao testemunho do herbalista inglês William SALMON, a dedaleira foi pela primeira vez incluida na farmacopéia de Londres, de Edimburgo, de Paris e de Wurtemberg. “A dedaleira cura a tísica, mas tem que ser usada com muita cautela, porque produz fraqueza, induz a vômitos e purgas, mas limpa o corpo de alto a baixo e por essa razão elimina os humores.”
  • 22. 3d) Da Medicina Popular à Medicina Científica A Dedaleira ( Digitalis purpurea L.) 6) Na mesma época, um médico francês, Dr. SALERNE, soube de um peru que morrera em consequência de ter ingerido folhas da dedaleira. Por isso resolveu investigar e obrigou dois perus a ingerir muitas folhas da dedaleira. Quatro horas depois, os perus pareciam ébrios, mal podendo manter-se de pé. Após a morte, submeteu os perus a uma autópsia e verificou assustado que os órgãos se encontravam todos ressecados. Com o comunicado que escreveu, a Digitalis foi imediatamente excluida das farmacopéias. 7) 1771 - O médico inglês William WITHERING recebe de uma camponesa, uma receita para combater a hidropisia muito usada na região, onde consta entre outras plantas, a dedaleira. Decidiu-se a testá-la nos seus pacientes pobres hidrópicos e para sua surpresa verificou que os conseguia curar. E assim começou suas experiências com a dedaleira, que, dependendo da dose e do paciente, produzia efeitos desagradáveis e por isso abandona a pesquisa. 8) Em Birmingham, volta anos mais tarde à pesquisa com a dedaleira. Na época, a tuberculose confundia-se com a insuficiência cardíaca, já que ambas produziam a hidropisia. Entretanto WITHERING somente conseguia curar os hidrópicos que não estavam tísicos. Depois de 10 anos de experiência com a dedaleira e a hidropisia, resolve publicar as suas conclusões, onde reconhece que a dedaleira possuia ação efetiva sobre o coração. Em 1799, WITHERING morre de tuberculose. A dedaleira não tivera nenhum efeito sobre sua doença.
  • 23. 3d) Da Medicina Popular à Medicina Científica A Dedaleira ( Digitalis purpurea L.) 9) Apesar dos resultados obtidos e das advertências de WITHERING, os demais médicos continuaram a receitar a dedaleira, para hidrópicos, tuberculosos ou não. 10) Por volta de 1830, os médicos se decepcionam com o uso indiscriminado e anticientífico da dedaleira. Mas nesse momento, com o desenvolvimento da química, alguns pesquisadores começam a NATIVELLE e SCHMIEDEBERG acabaram descobrindo o glicosídeo digitalina, o princípio ativo mais importante. 11) Mais tarde, em 1910, CUSHNY, WENCKEBACH e MACKENZIE conseguiram demonstrar que a hidropisia provinha de uma doença que enfraquecia os músculos superiores do coração, e que o coração não realizando o bombeamento com a força necessária, a circulação do sangue demorava e o soro ia ficando pelo caminho, nos membros, no peito, no ventre, o que se conhece atualmente como filtração auricular. 12) A partir daí, outras plantas começaram a ser estudadas, porque possuiam efeito semelhante ao da dedaleira: a Urginea maritima, Nerium oleander, Tanghinia venenifera, Antiaris toxicaria, Strophantus kombe e Adonis vernalis. Todas elas oriundas da medicina popular de diversos países. A grosseira experiência dos selvagens e camponeses, portanto, foi a origem de todos os remédios para a hidropisia relacionada com a insuficiência cardíaca.
  • 24. 4a) A Espiritualidade Humana A dimensão espiritual do ser humano tem sido reconhecida pela antropologia moderna, especialmente a partir das pesquisas de Durkheim sobre a manifestação da espiritualidade nas sociedades primitivas. Todas as sociedades humanas ritualizam o sentimento espiritual estabelecendo padrões de comportamento e de relacionamento com entidades do mundo espiritual. Trata-se de uma maneira simplificada de explicitar o sentimento espiritual. A reverência e o respeito pelas entidades do mundo espiritual, a quem são atribuídas a criação do universo e da natureza, são fundamentais para manter as sociedades unidas por laços sociais e religiosos. Os líderes religiosos e também políticos utilizam uma psicologia de coesão para manter a sociedade unida e solidária e, além disso, estabelece padrões morais de comportamento, especialmente através do comportamento ascético, que serve como padrão ético a ser atingido pelos membros da sociedade. Segundo Durkheim, “as sociedades para existirem produzem representações que lhes são estruturalmente necessárias, o que significa dizer que a ideologia é constitutiva do processo social.” Além disso, “a hegemonia se realiza através do consenso e não da coerção.”
  • 25. 4b) A Espiritualidade Humana Assim todos os elementos essenciais do pensamento e da vida religiosa devem se encontrar nas religiões primitivas, assim como nas religiões modernas. Os cientistas também recebem da sociedade onde vivem, as influências do pensamento religioso e tentam estabelecer limites entre as explicações científicas e as explicações religiosas para a origem da vida e do universo. Tem sido ao longo da história da ciência, uma temática proscrita no ambiente acadêmico, ainda que, não consiga impedir que o sentimento religioso possa se manifestar no indivíduo que exerce uma atividade acadêmica. O próprio Einstein declarou que “a coisa mais bela que o homem pode experimentar é o sentido do mistério. Ele é a fonte de toda a verdadeira arte e de toda a verdadeira ciência. Quem nunca experimentou essa sensação encontra-se como se estivesse morto: seus olhos estão fechados. Esse perscrutar nos mistérios da vida, ainda que confuso, deu vida à religião. Saber que o que para nós é impenetrável existe realmente e se manifesta com a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza que os nossos pobres sentidos conseguem perceber somente em suas formas mais primitivas, essa consciência, esse sentimento, é a essência da verdadeira religião.”
  • 26. 4c) A Espiritualidade Humana Afinal de contas, a história da ciência tem se caracterizado por uma sucessão de paradigmas, que são superados dolorosamente até que um novo paradigma seja universalmente aceito. A partir do reconhecimento desta descontinuidade e da extrema dificuldade para aceitação de um novo paradigma, devemos sempre reconhecer que a ciência não é um saber absoluto sobre a vida e o universo.
  • 27. 5) Os Paradigmas Científicos 5a) Paradigma Analítico (Cartesiano) 5b) Paradigma Holístico (Visão Sintética)
  • 28. 5a) O Paradigma Analítico (Cartesiano) “ As universidades são organizadas para ensinar e estudar assuntos que abrangem quase todos os aspectos concebíveis do conhecimento. Entretanto, raramente oferecem a oportunidade de integrar os fragmentos separados de informação e de relacioná-los com as necessidades, os valores e as aspirações que desempenham tão considerável papel na vida humana.” René DUBOS (1901-1982) O Despertar da Razão (1970)
  • 29. 5b) O Paradigma Analítico (Cartesiano) “ No século XIX, todos os historiadores da química reconheceram o furor experimental dos alquimistas e acabaram rendendo homenagem a alguns descobrimentos positivos, tais como, o ácido sulfúrico e o oxigênio, ainda que para eles não fosse uma descoberta.” “ A química moderna foi surgindo lentamente dos laboratórios dos alquimistas.” “ Os químicos do século XIX, animados pelo espírito positivo, tem sido levados a julgar o valor objetivo das descobertas, sem levar em conta a notável coesão psicológica da cultura alquimista.” Gaston BACHELARD – La Formacion del Espiritu Cientifico (1948)
  • 30. 5c) O Paradigma Analítico (Cartesiano) ARISTÓTELES (384 a.C. – 322 a.C. Origens da Física e da Biologia Claudius PTOLOMEU (século II a.C.) Almagesto, teoria geocêntrica Giordano BRUNO (1548-1600) Multiplicidade de mundos Infinitude do espaço (1584) Movimento da terra Movimento dos átomos Nicolau COPÉRNICO (1473-1543) Teoria heliocêntrica (1530) Johannes KEPLER (1571-1630) Órbitas planetárias (1609)
  • 31. 5d) O Paradigma Analítico (Cartesiano) Galileu GALILEI (1564-1642) Ciência experimental (1589) René DESCARTES (1596-1650) Geometria Analítica (1637) Isaac NEWTON (1642-1727) Leis do movimento Lei da Gravitação Universal (1687) Karl von LINNEU (1707-1778) Sistemas da Natureza (1735) Fundamentos da Taxonomia dos Seres Vivos William WITHERING (1741-1799) Digitalina (1775) Edward JENNER (1743-1794) Vacina anti-variólica (1796)
  • 32. 5e) O Paradigma Analítico (Cartesiano) Joseph PRIESTLEY (1733-1804) Ar desflogitizado (Oxigênio) (1774) Antoine-Laurent de LAVOISIER (1743-1794) Química quantitativa (1769) Fundamentos da Química Moderna Friedrich Wilhelm SERTÜRNER (1783-1841) Isolamento da morfina (1805) Fundamentos da Farmacologia Moderna Ignac SEMMELWEISS (1818-1865) Febre puerperal, a peste dos médicos (1847) Joseph LISTER (1827-1912) Cirurgia antisséptica (1865)
  • 33. 5f) O Paradigma Analítico (Cartesiano) Louis PASTEUR (1822-1895) Germes, causadores de doenças (1862) Fundamentos da Microbiologia Moderna Claude BERNARD (1813-1878) Descoberta do glicogênio ( 1856 ) Fundamentos da Medicina experimental ( 1865 ) Charles DARWIN (1809-1882) Origem das Espécies (1859) Fundamentos da Teoria Evolucionista Karl MARX (1818-1883) O Capital (1867) Fundamentos do Materialismo Dialético
  • 34. 5g) O Paradigma Analítico (Cartesiano) Sigmund FREUD (1856-1939) Fundamentos da Psicanálise (1900) Albert EINSTEIN (1879-1955) Teoria da Relatividade (1905) Fundamentos da Física Moderna Werner HEISENBERG (1901-1976) Princípio da Incerteza (1927) Alexander FLEMING (1881-1955) Isolamento da penicilina (1928) Fundamentos da antibioticoterapia (1940)
  • 35. 5h) O Paradigma Analítico (Cartesiano) Thomas KUHN (1922-1996) Teoria dos Paradigmas (1962) Paradigmas – Realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante certo tempo, proporcionam modelos de problemas e soluções a uma comunidade científica. Gaston BACHELARD (1884-1962) Fundamentos da Epistemologia Moderna René DUBOS (1901-1982) Fundamentos da Ecologia Moderna
  • 36. 5i) O Paradigma Holístico (Visão Sintética) HIPÓCRATES (460 – 380 a. C. ) – “A doença é um processo natural e que seus sintomas são reações do organismo à doença e que o principal papel do médico é ajudar as forças naturais do organismo.” O corpo, de acordo com Hipócrates, tem em si mesmo os meios de cura; os sintomas da doença, e particularmente a febre, são meras expressões do esforço do organismo.” HIPÓCRATES (460 – 380 a. C. ) – “em seu conceito de doença cada órgão estava ligado aos demais, não havendo afecção mórbida que não envolvesse todo o organismo”. Arturo CASTIGLIONI História da Medicina (1947)
  • 37. 5j) O Paradigma Holístico (Visão Sintética) HIPOCRATES (460 – 380 a. C. ) – Observador agudo de cada distúrbio e convencido, portanto, que muitas doenças se curarão espontaneamente se as forças da natureza foram assistidas sabiamente. HIPÓCRATES (460 – 380 a. C. ) – “Para o médico é incontestavelmente um ponto importante ter uma aparência agradável e estar bem nutrido, porque o público acredita que aqueles que não sabem tomar conta do próprio corpo não estão em situação de se preocupar com os outros.” Arturo CASTIGLIONI História da Medicina (1947)
  • 38. 5k) O Paradigma Holístico (Visão Sintética) Pensamento OCIDENTAL Pensamento ORIENTAL HIPÓCRATES (460 a. C. - 380 a. C.) GRÉCIA - Medicina hipocrática Siddharta Gautama (563 a. C - 483 a. C) (BUDA) Índia Samuel HAHNEMANN (1755-1843) Medicina homeopática (1796) Lao- Tsé (VI a. C.) China - Taoísmo IRIDOLOGIA Ignatz von PECZELY (1826-1911) MEDICINA TRADICIONAL CHINESA FITOTERAPIA OCIDENTAL TAI-CHI-CHUEN
  • 39. 5l) O Paradigma Holístico (Visão Sintética) RADIESTESIA GESTALTERAPIA TEERAPIA ORGÔNICA Wilhelm REICH (1897-1957) GEOTERAPIA CROMOTERAPIA ESPONDILOTERAPIA Método ABRAMS PSICODRAMA Jacob MORENO (1889-1974) YOGA Índia SHIATSU MEDICINA AYURVEDA Índia MEDICINA PRÂNICA Índia MOXABUSTÃO MEDICINA MACROBIÓTICA George OHSAWA (1893-1966 Japão
  • 40. 5m) O Paradigma Holístico (Visão Sintética) QUIROPRÁTICA David Daniel PALMER (1845-1913) OLIGOTERAPIA MEDICINA POPULAR AROMATERAPIA HIDROTERAPIA TALASSOTERAPIA GRUPOS DE AUTO-AJUDA MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL SHANTALA PULSOLOGIA CHINESA China AURICULOTERAPIA TUI-NA China MEDICINA MAIA México
  • 41. 5n) O Paradigma Holístico (Visão Sintética) MEDICINA ORTOMOLECULAR DO-IN ACUPUNTURA REFLEXOLOGIA PLANTAR MEDICINA ANTROPOSÓFICA Rudolf STEINER (1861-1925) HIPNOTERAPIA Florais de BACH Edward BACH (1886-1936) Inglaterra MEDICINA INDÍGENA
  • 42. 5o) O Paradigma Holístico (Visão Sintética) Padrão de Pensamento Oriental: Princípios dos Contrários YIN Feminino Contrátil Conser v ador Receptivo Cooperativo Intuitivo Sintético Terra Lua Noite Inverno Umidade Frescor Interior YANG Masculino Expansivo Exigente Agressivo Competitivo Racional Analítico Céu Sol Dia Verão Secura Calidez Superfície
  • 43. Bibliografia consultada ASIMOV, Isaac (1920-1992): 1993 - Cronologia das Ciências e das Descobertas - 1ª Ed. - Ed. Civ. Bras. - Rio de Janeiro – 1.060 p.  BACHELAR, Gaston (1884-1962): 1974 –- La Formación del Espiritu Científico –XXI - 302 p.  CAPRA, Fritjof (1939- ): 1992 - O Ponto de Mutação - Ed. Cultrix - 447 p.  CARRARA, Douglas: 1995 - Possangaba, - o Pensamento Médico Popular - 1ª Ed. - Ed. Ribro Soft - Maricá - 260 p. CASTIGLIONI, Arturo (1874-1952): 1947 - História da Medicina - 1ª Ed. – 2 Vol. Ed. Cia. Editora Nacional - São Paulo - Brasil - 613 p.  DUBOS, René (1901-1982): 1972 - O Despertar da Razão - Por uma Ciência mais Humana - Ed. Melhoramentos – S.Paulo - 196 p. DURKHEIM, Émile (1858-1917): 1989 - As Formas Elementares da Vida Religiosa - O Sistema Totêmico na Austrália (Les Formes Élémentaires de la Vie Religieuse) - Ed. Paulinas - São Paulo - 536 p.   KUHN, Thomas S. (1922-1996): 1971 - La Estructura de Ias Revoluciones Cientificas - F.C.E. – Mexico - 319 p.  SHIVA, Vandana: 2001 - Biopirataria: - A Pilhagem da Natureza e do Conhecimento - Ed. Vozes - Petrópolis - 152 p.