2. “Todo mundo tá feliz? Todo mundo quer dançar?” É
isso aí, galera! Literatura está de volta!
3.
4. Arcadismo
Originado na Itália em 1690, o Arcadismo inspirou-se
numa região lendária da Grécia Antiga: a Arcádia. Segundo a
lenda, a Arcádia era um lugar dominado pelo deus Pan e
habitado por pastores, que viviam de modo simples e
espontâneo, divertindo-se por meio de disputas poéticas e
celebrando o prazer e o amor;
O Arcadismo literário foi fortemente marcado pelas ideias
iluministas;
O Arcadismo brasileiro e português ocorreu aos
moldes do Arcadismo italiano.
5.
6. Características gerais
Quanto ao conteúdo Quanto à forma
Antropocentrismo; Vocabulário simples;
Racionalismo, busca de equilíbrio; Gosto pelo soneto e pelo decassílabo;
Elementos da cultura greco-latina; Ordem direta das palavras;
Volta à Antiguidade Clássica;
Fugere urbem, carpe diem, aurea mediocritas;
Pastoralismo, bucolismo;
Busca da clareza das ideias;
Harmonia do homem com a natureza; Ideia
de locus amoenuns
7.
8.
9. Arcadismo em Portugal
A fundação da academia literária Arcádia Lusitana, em
1756, é considerada o marco inicial do Arcadismo em
Portugal;
O gênero predominante nessa estética em Portugal foi o
poema;
IMPORTANTE: Manuel Maria Barbosa du Bocage, apesar de
estar classificado em muitos livros como um autor árcade,
apresenta em sua obra alguns traços da estética posterior: o
Romantismo. Sendo, por isso, considerado por muitos um
autor pré-romântico português.
12. Nos foge o tempo
Se mais que aéreas nuvens pressuroso,
Se mais que inquietas ondas inconstantes,
Nos foge o Tempo; é inútil o saudoso
Pranto, dado a quem foge; eu incessante
Quero abarcar, e com ardor ansioso
Entranhar na alma cada alegre instante:
Pois que a vida é passagem, as lindas flores
Bom é colher na estrada dos Amores.
14. I
Fiei-me nos sorrisos da ventura,
Em mimos feminis, como fui louco!
Vi raiar o prazer; porém tão pouco
Momentâneo relâmpago não dura:
No meio agora desta selva escura,
Dentro deste penedo húmido e ouco,
Pareço, até no tom lúgubre, e rouco
Triste sombra a carpir na sepultura:
Que estância para mim tão própria é esta!
Causais-me um doce, e fúnebre transporte,
Áridos matos, lôbrega floresta!
Ah! não me roubou tudo a negra sorte:
Inda tenho este abrigo, inda me resta
O pranto, a queixa, a solidão e a morte.
15. Os garços olhos em que Amor brincava
XIII
Os garços olhos em que Amor brincava
Os rubros lábios, em que Amor se ria,
As longas tranças, de que Amor pendia,
As lindas faces, onde Amor Brilhava:
As melindrosas mãos, que Amor beijava,
Os níveos braços, onde Amor dormia,
Foram dados, Armânia, à terra fria,
Pelo fatal poder que a tudo agrava.
Seguiu-te Amor ao tácito jazigo,
Entre as irmãs cobertas de amargura;
E eu que faço (ai de mim!) como não os sigo!
Que há no mundo que ver, se a formosura,
Se Amor, se as Graças, se o prazer contigo
Jazem no eterno da sepultura?
16.
17.
18. Arcadismo no Brasil
O Arcadismo no Brasil teve início no ano de 1768, com a
publicação do livro “Obras” de Cláudio Manuel da Costa.
O Arcadismo brasileiro originou-se e teve maior expressão
em Vila Rica (Ouro Preto);
Os jovens brasileiros costumavam ser mandados para
Coimbra para estudar, uma vez que não havia no Brasil ainda
instituições de ensino superior. Ao retornarem ao país, esses
jovens traziam consigo as ideias iluministas que faziam
fermentar a vida cultural portuguesa à época de inovações
políticas e culturais do ministro Marquês de Pombal.
21. XIII
Nise? Nise? onde estás? Aonde espera
Achar te uma alma, que por ti suspira,
Se quanto a vista se dilata, e gira,
Tanto mais de encontrar te desespera!
Ah se ao menos teu nome ouvir pudera
Entre esta aura suave, que respira!
Nise, cuido, que diz; mas é mentira.
Nise, cuidei que ouvia; e tal não era.
Grutas, troncos, penhascos da espessura,
Se o meu bem, se a minha alma em vós se esconde,
Mostrai, mostrai me a sua formosura.
Nem ao menos o eco me responde!
Ah como é certa a minha desventura!
Nise? Nise? onde estás? aonde? aonde?
22. XXVIII
Faz a imaginação de um bem amado,
Que nele se transforme o peito amante;
Daqui vem, que a minha alma delirante
Se não distingue já do meu cuidado.
Nesta doce loucura arrebatado
Anarda cuido ver, bem que distante;
Mas ao passo, que a busco neste instante
Me vejo no meu mal desenganado.
Pois se Anarda em mim vive, e eu nela vivo,
E por força da idéia me converto
Na bela causa de meu fogo ativo;
Como nas tristes lágrimas, que verto,
Ao querer contrastar seu gênio esquivo,
Tão longe dela estou, e estou tão perto.
24. Tomás Antônio Gonzaga
Obras: “Marília de Dirceu”, que traz um conjunto de poemas
líricos, no qual é cantado o amor do pastor Dirceu por uma bela
pastora chamada Marília. É atribuída também a esse autor a
obra “Cartas Chilenas”, que traz poemas satíricos, escritos
em versos decassílabos brancos (sem rimas), que circularam em
Vila Rica (hoje, Ouro Preto) em manuscrito, poucos anos antes
da Inconfidência Mineira, em 1789. “Cartas Chilenas” possui
um aspecto satírico, um tom mordaz, agressivo, jocoso. Nessa
segundo livro, o poeta satiriza ferinamente a mediocridade
administrativa, os desmandos dos componentes do governo, o
governador de Minas e a Independência do Brasil.
25. Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite,
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
26. Eu vi o meu semblante numa fonte:
dos anos inda não está cortado;
os Pastores que habitam este monte
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela concerto a voz celeste
nem canto letra, que não seja minha.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
27. Mas tendo tantos dotes da ventura,
só apreço lhes dou, gentil Pastora,
depois que o teu afeto me segura
que queres do que tenho ser senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
de um rebanho, que cubra monte e prado;
porém, gentil Pastora, o teu agrado
vale mais que um rebanho e mais que um trono.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
28. Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
29. Leve-me a sementeira muito embora
O rio sobre os campos levantado:
Acabe, acabe a peste matadora,
Sem deixar uma rês, o nédio gado.
Já destes bens, Marília, não preciso:
Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta;
Para viver feliz, Marília, basta
Que os olhos movas, e me dês um riso.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
30. Irás a divertir-te na floresta,
Sustentada, Marília, no meu braço;
Ali descansarei a quente sesta,
Dormindo um leve sono em teu regaço:
Enquanto a luta jogam os Pastores,
E emparelhados correm nas campinas,
Toucarei teus cabelos de boninas,
Nos troncos gravarei os teus louvores.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
31. Depois de nos ferir a mão da morte,
Ou seja neste monte, ou noutra serra,
Nossos corpos terão, terão a sorte
De consumir os dois a mesma terra.
Na campa, rodeada de ciprestes,
Lerão estas palavras os Pastores:
"Quem quiser ser feliz nos seus amores,
Siga os exemplos, que nos deram estes."
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
(Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu)
33. Principal obra: “Caramuru”
Publicado pela primeira vez em Lisboa no ano de 1781, o poema épico
Caramuru gira em torno de Diogo Álvares Correia e sua lendária
existência entre os índios. Naufragando no litoral da Bahia, um tiro de
espingarda lhe confere, na imaginação dos aborígenes, características
sobrenaturais. Dão-lhe o apelido pelo qual será conhecido dali em diante
– Caramuru – e destinam-lhe Paraguaçu, a mais bela moça da aldeia
como esposa. Outra índia, Moema, também se apaixona pelo herói, que
a despreza em favor do amor de Paraguaçu. Por ser cristão, Diogo
resolve levar a sua amada à França para que ela seja batizada e, assim,
poder recebê-la como esposa perante os reis Henrique II e Catarina de
Médicis. O elogio da terra é corroborado pela visão que tem Paraguaçu
do seu futuro histórico, pontilhado de uma extraordinária empresa
colonizadora e de lutas contra os estrangeiro cobiçoso.
35. Principal obra: “O Uraguai”
Poemeto épico, em cinco cantos, estrofação livre,
decassílabos brancos, gira em torno da guerra que
portugueses e espanhóis moveram contra indígenas e jesuítas
em Sete Povos de Missões do Uraguai, em 1759. No poema,
o herói, Gomes Freire de Andrade, divide as honras com
Cacambo, herói indígena, que se mostra como um guerreiro
forte e valente, mas que infelizmente batalha ao lado das
pessoas erradas, ou seja, os jesuítas.
36. Caros pastores e
pastoras da
Arcádia do CAVest,
isso é tudo! Vamos
nessa! Beijinho,
beijinho e...
Tchau, tchau!