O documento discute como o capitalismo induz um sentimento generalizado de falta de tempo através da sobreocupação constante das pessoas com tarefas e responsabilidades. Isto gera stress e leva as pessoas a uma leitura superficial da informação. O controle biopolítico é também discutido como uma forma de o sistema capitalista controlar os desejos e comportamentos das massas.
O controlo biopolítico, o stress e a leitura em diagonal
1. GRAZIA.TANTA@GMAIL.COM 3/3/2016 1
O controlo biopolítico, o stress e a leitura em diagonal
O esmagamento pelo trabalho e as formas de preenchimento
do restante tempo de vida geram o stress e conduzem à
superficialidade e ao culto do espetáculo como elementos
essenciais para o controlo biopolítico da multidão.
1 - Uma invenção recente – a falta de tempo
2 – Capitalismo e controlo biopolítico
3 – Informação e formatação
4 - A leitura em diagonal
oooooooooo +++++ oooooooooo
1 - Uma invenção recente – a falta de tempo
Apesar das tecnologias de informação, de estradas e autoestradas, de veículos disponíveis
para deslocações, ninguém tem tempo. Como se o tempo pudesse acabar, como referido por
um sábio polinésio ao observar, espantado, a correria constante do Papalagui1
(o homem
branco) numa metrópole europeia, cerca de cem anos atrás. Ele preferia o afago das suas
mulheres, sentar-se ao entardecer e contemplar o mar. Um sábio é quem sabe usufruir a sua
passagem pela vida, sem atropelos nem ansiedades.
O frenesi daquela época não se pode comparar com o de hoje naquelas metrópoles,
aumentadas e densificadas e o fenómeno estendeu-se a cidades e aldeias, pequenas e médias;
Pouco depois da visita do polinésio à Europa e a partir de 1930, o stress foi apontado como
factor disruptivo para os humanos, que pode degenerar em encefalomielitis miálgica,
síndroma de fadiga crónica, mais economicamente, a surmenage, o termo francês que cedeu,
entretanto, perante a maior popularidade do inglês, para designar a maleita.
A ânsia de prosseguir uma tarefa com a constante sensação de atraso na sua realização –
efetivo ou eminente – é doentia, mesmo que nada haja de relevante ou obrigatório para fazer
de seguida. O stress preenche a vida de todos os dias, numa sucessão de tarefas tomadas ou
sentidas como inadiáveis, urgentes e que parecem fugir à nossa frente; seja no trabalho, nos
percursos entre a casa e outro local (mesmo que seja a praia), na realização dos actos
domésticos quotidianos e rotineiros, nas relações com os outros, tudo isso é marcado pelo
andamento do relógio, sobreposto pelo toque do telemóvel, pela preocupação de conseguir
amanhã o rendimento para pagar o consumo de ontem, para comprar hoje o que amanhã já
não estará em saldo ou na moda, mesmo que objetivamente, não faça falta alguma.
1
Papalagui é o título de um livro de Erich Scheurmann, de 1920
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Esta ânsia insatisfeita, de corrida contra o tempo faz lembrar Tântalo que via a água fugir-lhe à
frente da boca sempre que a queria sorver. Tântalo estava a isso condenado para todo o
sempre, de acordo com a narrativa grega, a tentar algo que nunca iria realizar. Na vida
“civilizada” de hoje, o tempo parece fugir à nossa frente porque a nossa existência é atulhada
de obrigações e escolhas de premência sentida e incorporada na nossa objetiva vontade. É o
tempo que se encurta à nossa passagem ou é a carga de tarefas que assumimos exagerada
quando a repartimos por unidade de tempo?
É evidente que o stress constante e massificado como o conhecemos não é uma inerência à
espécie humana2
e menos ainda quando o grau de satisfação das múltiplas necessidades se
acha muito mais facilitado do que em épocas passadas. Ele é induzido da organização social,
do modo de produção capitalista3
cujo objetivo é a acumulação de capital e para o qual os
humanos são mercadoria a incorporar com outras mercadorias – naturais, manufaturadas,
ambientais ou imateriais – no âmbito de um processo produtivo global, bem definido.
A vida de outrora, no campo, tinha um horário bem determinado pelas estações e pelo ciclo
diário do sol; os ritmos da natureza e a falta de luz solar limitavam a ocupação produtiva no
campo mas, deixava tempo para a confeção da roupa, para zelar pelos animais e orientava
também a vida de ferreiros, correeiros, tanoeiros e outros artesãos. A inquietação acontecia
perante uma tempestade fora da época, uma seca prolongada, a destruição de uma guerra ou
as descuidadas caçadas dos senhores; melhor seria chamar a essa angústia medo, pois desses
eventos poderia decorrer fome, doença, morte.
O conhecimento científico e as tecnologias, daquele provenientes, trouxeram muitas
vantagens à vida dos humanos, aumentando a longevidade e reduzindo a dependência de
ciclos e caprichos da natureza, gerando, em contrapartida, um potencial muito mais alargado
de tempo para repartir entre o ócio e os afazeres necessários. A mecanização, a robotização e
o circuito integrado retiraram das nossas vistas os grandes grupos de gente vergada a
trabalhar no campo ou a entrar em magotes para as grandes fábricas, típicas do fordismo.
2
No entanto, contagiou o … sistema financeiro. Recentemente, os banqueiros e especuladores
financeiros, mormente os representados no BCE, observaram que o stress tinha atingido os bancos.
Como o stress ao atingir os bancos havia produzido a crise financeira de 2007/8 e suas sequelas sob a
forma de dívida e austeridade, o BCE para poupar a população da zona euro promove regularmente
testes de stress aos bancos. O diagnóstico não deve ser grande coisa pois só o descobriram no BES
quando a bancarrota desabou e no Banif a bancarrota aconteceu mesmo com um stress largamente
diagnosticado. O stress aplicado aos bancos consiste na avaliação da tensão que se pode registar entre
as responsabilidades e os meios para lhes fazer frente; e como os bancos constituem um sistema de
entidades imbrincadas umas nas outras, o BCE e seus próximos procuram estar atentos para decretarem
uma intervenção de dinheiros públicos, do país onde o banco stressado tenha sede, por mais que se
saiba que cada banco é apenas uma célula do sistema financeiro.
3
Para quem não se recorde, o capitalismo existe, mesmo que raramente citado nos meios da direita
política ou, esquecido pelos da chamada esquerda, neste caso, substituído por uma amálgama
composta pela interação entre poderes de estado e medidas de recorte keynesiano, tendo como pano
de fundo a “democracia representativa”. O capitalismo é pouco referido e menos ainda discutido. Eppur
si muove, diria Galileu.
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Na realidade, tendo em conta o caráter limitado das necessidades de cada pessoa e o muito
maior número de gente susceptível de exercer uma atividade produtiva, tudo indicaria que o
tempo dedicado ao esforço laboral de cada um se reduzisse, em benefício de maior
disponibilidade para a sua utilização em atividades culturais, de lazer ou na gestão de afetos.
Pelo contrário, há uma corrida com a meta sempre por alcançar, resultante duma
produtividade que se pretende infinitamente crescente por unidade de tempo ou, se se
preferir, a prossecução de uma produtividade de tal modo elevada que o tempo unitário de
produção de qualquer bem ou serviço possa tender para zero. Se isso acontece no plano da
produção o mesmo se verifica no contexto da venda, sendo necessário ser competitivo para
escoar os bens ou serviços produzidos, numa lógica de incessante procura de conquista de
mercado, de aumento das vendas, através da utilização de agressivas técnicas de marketing,
de redução de custos laborais, de envolvimento do Estado na elaboração de regulamentos, da
dotação de financiamentos e da instituição de uma benévola fiscalidade sobre as empresas.
Os ganhos de produtividade não se refletem sensivelmente no tempo de trabalho de quem
exerce funções laborais. Em Portugal as oito horas de trabalho foram estabelecidas para o
comércio e indústria em 1919 (na agricultura em 1962) e, passado um século, a sua redução é
pouco significativa, em nada se comparando com a evolução da produtividade. A comparação
é ainda menos gloriosa se se considerar o tempo dos percursos pendulares casa-emprego hoje,
muito superiores aos de há um século, quando a habitação não distava muito do local de
trabalho; e ainda, porque a redução da dimensão das famílias, obriga ao depósito das crianças
de manhã (e a sua recolha ao final da tarde) em escolas, creches ou casas de familiares, com os
desvios e encargos necessários dos progenitores, uma situação que há um século era mitigada
pela proximidade dos núcleos familiares ou pela coexistência de várias gerações numa mesma
casa.
Por outro lado, a não redução do tempo de trabalho da população ativa num dado momento,
afasta da atividade laboral uma fatia crescente da população e torna esta força potencial de
trabalho numa “mercadoria” superabundante que, como tal, tenderá a ser objeto de um baixo
preço relativo e condições de exercício mais penosas e precárias. Assim, uns, os mais jovens,
verão retardado o seu início no trabalho, do acesso a um rendimento, à construção de um
futuro; outros, os de escalões etários intermédios arrastar-se-ão pelo desemprego ou serão
objeto de aposentações antecipadas, penalizadoras, depois de um negócio sórdido para evitar
o mal pior do desemprego. Para todos estes o stress não será problema gerado pelo trabalho
mas, precisamente, o resultante da sua falta, pela vida que passa sem um rendimento
susceptível de uma vida digna, sem uma ocupação que a sociedade, na sua cruel avaliação,
considere digna e, para mais, com uma compensação – subsídio4
– precária e apontada com
caráter esmoler, parca para eventuais responsabilidades familiares e outras para cumprir.
4
A palavra subsídio usada para os casos de doença, desemprego e outros é aviltante pois nada mais é
que a concretização de um direito que o seu destinatário tem, em função de valores que previamente
descontou aos seus salários, para utilização naquelas eventualidades. Aplica-se às prestações de um
sistema público mas já não às prestações de quem tem um seguro de saúde privado. Presume-se que no
primeiro caso há um beneficiário, um inferior e no segundo um segurado, parte de um contrato entre
iguais. A origem latina em sub (abaixo) + sedere (sentar-se) é clara quanto ao cunho de inferioridade
atribuída ao destinatário do “subsídio”.
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A falta de tempo, embora sentida individualmente não é materialmente verdadeira, é uma
criação capitalista, pela sua generalização, pela sua omnipresença, pela forma como é
introduzida na cultura da multidão, como algo natural, dependendo apenas da gestão que
cada um faz da sua vida; como se o problema do stress fosse de responsabilidade individual e
não caraterística sistémica. O mesmo sucede com a dívida que deve ser assumida como culpa
ou pecado a expiar com sacrifícios, como resultante de um despesismo estouvado de que o
devedor é um único responsável; e no caso da dívida pública como produto de uma cultura
coletiva de leviandade e de imprevisão, a repartir por todos. O capitalismo é particularmente
ágil em se isentar, enquanto sistema, dos males que provoca, encontrando sempre agentes
específicos para cada desastre, ameaça ou problema, isolando-os, recusando proceder à
análise das interações.
Essa pretensa falta de tempo desvaloriza o tempo presente através da pulsão para a chegada
do momento seguinte, ocasião para qualquer concretização de tarefa, funcionando um
desnecessário acto de consumo como lenitivo para o stress; e chegado o momento seguinte a
preencher com outra tarefa, logo esta é desvalorizada, porque outra já se encontra na fila.
2 – Capitalismo e controlo biopolítico
As necessidades do capital, da produção, do crescimento, da competitividade, do investimento
para gerar emprego5
, são apresentadas como necessidades coletivas, que se sobrepõem às
individuais, de todos, embora na realidade sejam essencialmente as necessidades de
acumulação de capital, de alguns.
Se o sistema político e económico preenche de tarefas e responsabilidades de cada pessoa, o
tempo sobrante tende, por um lado, a ser escasso e objeto de pressões exteriores ao indivíduo
ou endogeneizadas por ele, inconscientemente. Por outro lado, o capitalismo, na passagem do
controlo disciplinar para o controlo biopolítico trata de produzir aplicações desse tempo
sobrante que sejam convenientes para a reprodução do sistema. O controlo biopolítico
corresponde ao caráter invasivo do capitalismo de hoje, no contexto da incorporação e
controlo dos desejos, para que estes não se transformem em subversão da (des)ordem
existente; sobretudo se incorporado por grupos e segmentos alargados da população.
A questão do controlo biopolítico remete para outro tipo de análise, subsequente, muito
interessante nos tempos que correm. As religiões do Livro concebem o Homem como produto
5
Esta é uma das grandes trapaças do discurso dominante, aceite e repercutido por direitas e esquerdas.
Ninguém investe para gerar emprego mas sim para produzir lucro, reproduzir capital; se o investimento
se materializa na produção de batata frita ou num negócio de trabalho temporário, pouco importa,
trata-se de uma escolha instrumental para a finalidade de acumulação e o recrutamento de
trabalhadores (a criação de emprego, na gíria política) é um meio para aquele fim, um custo necessário
como o da energia, das matérias-primas, etc. Para mais, no actual contexto de selvajaria neoliberal, a
redução do desemprego quando ocorre, engloba uma redução do salário do beneficiário da “criação de
emprego” face à situação anterior; algo que a esquerda do sistema e os sindicatos se “esquecem” de
referir para poderem assinalar uma vitória dos seus esforços a favor dos trabalhadores contra o
patronato.
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de Deus, algo que lhe é exterior, que o transcende e condiciona e, é nessa mesma senda que
laboram os teóricos do capitalismo, pretendendo considerar este como definitivo, a-histórico,
emanente. Spinoza, na senda de Giordano Bruno e dos estóicos antigos negou a
transcendência no século XVIII e considerou que o Homem se determina a si próprio, é
portador de uma potência que constrói a sua própria existência.
Essa autodeterminação imanente do Homem para a sua realização em termos materiais e dos
afetos sempre foi combatida pelos poderes, mesmo depois de, a partir de Spinoza, as ideias de
transcendência terem perdido credibilidade e remetidas para o âmbito da fé. Os poderes
políticos não podem controlar o desejo de vida que há em cada pessoa mas podem - e fazem
tudo por isso – controlar a expressão prática e sobretudo coletiva dos desejos; nomeadamente
dos que possam colocar em causa o Estado, as minorias dominantes ou a ordem social
estabelecida pelo capital.
Assim sendo, um sistema político como o capitalismo, apesar de uma existência
historicamente recente, tem mostrado grandes mutações através do tempo e de acordo com o
espaço e está longe de se poder apresentar como uma abstração acabada, mesmo quando usa
a típica e lapidar afirmação do TINA, “there is no alternative”. Mas, faz o que pode para incutir
na multidão essa inevitabilidade, contando com o empenhado interesse das classes políticas e
das estruturas marcadamente biopolíticas, nacionais e transnacionais; mormente dos media e
da universidade.
Neste contexto, os defensores do capitalismo inventaram a ideia de que o esforço laboral
eleva o prestígio social de cada um, que contribui para o bem-estar da nação; de que se trata
de um esforço vivificante a maximizar, como no mito em torno de Stakhanov6
. Tendo em conta
as capacidades técnicas de produção de bens e serviços e as limitações ambientais existentes,
não é possível a continuidade do esforço produtivista de crescimento infinito defendido pelos
arautos do capitalismo - neoliberais e keynesianos – sendo um acto da mais elementar
inteligência destruir o capitalismo antes que ele destrua a humanidade e o planeta.
A pressão do capitalismo exerce-se pois, muito para além do tempo de exercício das funções
laborais ou produtivas. Nestas, pretende-se um empenhamento físico, anímico e afetivo, uma
entrega total em que “é a alma do operário que deve descer na oficina” como dizem Negri e
Lazzarato. Porém, o capitalismo atual pretende também controlar e condicionar não só a
dimensão do tempo sobrante, mas preenche-lo com uma grande variedade de ocupações
insertas na lógica do capital, nomeadamente no encaminhamento das pulsões de vida para o
espetáculo desportivo, para os wrestlings verbais dos debates televisivos, para a vacuidade ou
a superficialidade dos conteúdos mediáticos, para a apresentação da política como espetáculo,
com atores profissionais (a classe política).
6
Nome de um mineiro soviético que deu origem a um movimento de aumento da produtividade que
demonstraria a superioridade do regime soviético dirigido por Stalin. Passado o tempo da reconstrução
das imensas destruições e perdas de vidas resultantes da invasão hitleriana, a URSS como modelo de
capitalismo de estado estiolou e caiu, como Império do Mal na lógica demente de Reagan, entre outros
motivos, devido à baixíssima produtividade. Em 1974/75, foi cumprido em Portugal “um dia de trabalho
para a nação”( 6/10/1974 e 10/6/1975) e uma “batalha de produção” sem que alguma vez os governos
tivessem posto em causa o capitalismo.
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A necessidade ou a pressão para o encaixe de várias atividades, necessárias ou desejadas,
genuínas ou induzidas pelo controlo biopolítico, nesse escasso tempo disponível é fonte de
stress; e o stress acentua a necessidade da formação de hierarquias naquelas atividades,
incute o desejo de alijar o que possa ser considerado secundário ou estranho, tomado como
elemento de acentuação do stress. O controlo biopolítico que seca as energias no âmbito do
trabalho, prolonga-se fora dessa esfera e gera uma vida onde o stress penetra, desconstrói e
destrói, mostrando, finalmente uma grande eficácia no controlo da expressão do desejo, por
parte da multidão, da sua canalização para o que se enquadre na ordem social, atalhando para
que se coloque fora de caminhos politicamente “desviantes”.
O capitalismo existe, envolve e condiciona a nossa vida, as nossas relações, os nossos passos,
os nossos hábitos e necessidades e o nosso futuro. O capitalismo, dominado pela articulação
do sistema financeiro, com as multinacionais e o capital do crime, capturou as classes políticas
colocando, na sequência, os aparelhos de estado, no essencial, ao seu serviço; arquiteta o
conteúdo e as funções da escola e do sistema de saúde, regulamenta o acesso à habitação e a
circulação de pessoas e bens, procede à produção legislativa, enforma o funcionamento dos
tribunais, das forças armadas e policiais, bem como a organização política e o modelo de
representação, de modo a permitir a manipulação da multidão e a perpetuação da sua
submissão, construindo um placebo de democracia. No âmbito de leis e regulamentos inscritos
numa burocracia inextricável e de conteúdo pastoso, o capital dominante, acima referido,
utiliza o Estado na estratificação das várias camadas de empresas e determina, no essencial, a
vida de novos e velhos, de trabalhadores no ativo, no desemprego ou na reforma, de homens
e mulheres, de adultos e crianças, independentemente de culturas e latitudes de proveniência;
e ainda de quem deve viver mais ou menos, tornando a longevidade uma variável económica e
quem pode morrer na miséria, na guerra, na doença, na inanição, em campos de refugiados.
Em suma, não há capitalismo sem Estado, nem (hoje) Estado sem capitalismo mas a integração
de ambos num mesmo objetivo – a acumulação permanente e crescente de capital, por
qualquer meio. Imaginar uma retomada dos palácios de inverno com um Estado a favor da
multidão é a repetição de uma história que correu mal, é uma visão naif ou mistificadora,
corrente na chamada esquerda com acesso aos media, através de universitários que terão lido
muito, estudado bastante mas, aprendido pouco; apenas evidenciam o realismo suficiente
para serem cortejados para cargos governamentais, num governo PS.
No momento em que vivemos, o capitalismo é omnipresente como a morte; e, como a morte,
o capitalismo constitui a face oposta da vida que gostaríamos de viver.
3 – Informação e formatação
O controlo biopolítico exige a definição do que é fornecido como informação, embora esse
controlo se distinga das fórmulas proibicionistas e persecutórias próprias das sociedades
disciplinares. Os media pertencem a grupos editoriais ou mais vastos e condicionam os
conteúdos convenientes para os interesses do capital em geral, para os desses grupos em
particular, relegando – na melhor das hipóteses - para publicações ou canais com pouca
audiência o que possa transgredir minimamente o controlo dos desejos. O controlo dos
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conteúdos é feito no seio de uma hierarquia que vai da administração ao estagiário na
redação, cuja precariedade é apenas mais um elemento para a sua total submissão aos
interesses do sistema, transformando-se o jornalismo na promoção de espetáculo, fait-divers,
ou promotor de instâncias do poder; o jornalismo de hoje é a atualização do papel dos escribas
antigos, funcionários dos faraós.
A condensação da informação encontra uma convergência entre o interesse do seu
destinatário e o do seu emissor, este último, enquanto agente do poder. O primeiro, porque
afogado em tarefas e no stress inerente à sua (não) realização, no trabalho ou fora dele, deseja
a maximização daquela condensação por unidade de tempo ou a ligeireza que lhe permita
aliviar o stress, distraindo-o, sublimando qualquer desejo de mudança. O poder, por seu turno,
exige o torpor do relaxamento que tudo aceita, acrítico e uma focagem que absorve, que seca
e não admite pausas, reflexões, recapitulações. O fluir do objeto atrai, domina o sujeito, retira-
lhe autonomia, manipula-o, apossa-se dele; é esse o objetivo do controlo biopolítico.
Nas várias formas de trocas ou recolhas de informação só a oralidade exige a presença ou a
interação com o outro. Na oralidade (excluindo o teatro ou as orações de sapiência dos
ungidos7
, onde normalmente há uma relação unívoca, de cima para baixo) são os
intervenientes que marcam o assunto, o ritmo, a duração, podendo os desejos e as ideias de
cada um expressar-se livremente, possivelmente sem o controlo do poder; o stress. a existir
será proveniente de causas externas ou de dificuldades de expressão. Na leitura individual8
,
desde que não compulsiva e com prazo de realização, o ritmo também é decidido pelo leitor
que pode voltar atrás, parar, refletir, divagar, sublinhar, escrever e intercalar essa leitura com
outras, relacionadas ou não, com aquela, como ainda dialogar com outrem a propósito do
tema; tudo é decidido pelo leitor, mesmo os comentários com outras pessoas. Ler, neste
sentido é esforço que dá prazer, tal como amar9
.
A imagem simples ou uma sequência de imagens cujo ritmo é definido pelo observador
ocasiona situações semelhantes à da leitura: contemplação, divagação, reflexão, pausas,
apreensão de conhecimento, tendo em conta que numa imagem o detalhe e a informação
contida pode ter elevada densidade, a exigir uma dedicação mais demorada da sua observação
e leitura.
A televisão, forma massificada e invasiva de colocar sons e imagens em conjunto, em
sequência, colocam a questão da apreensão num outro patamar, aquele em que o observador
não consegue absorver todo o conjunto que lhe é apresentado. Primeiro, porque há uma
preponderância da imagem, de captação mais imediata, uma vez que a sua descodificação é
mais intuitiva, não se expressa através dos símbolos que estão presentes na linguagem falada
7
Num auditório cheio onde estará presente um mandarim ou uma personalidade mediática, a
univocidade é a regra. A solenidade institucional não permite diálogos com um presidente de república,
ou com o secretário-geral da NATO, por exemplo.
8
Perdeu-se o hábito da leitura em coletivo, sobretudo em família, como no século XIX, porque o
pequeno écran e o que vomita é bem mais eficaz na captação e formatação das consciências por parte
do poder e para mais facilita o isolamento de cada um dos presentes.
9
A estória de uma fleumática inglesa após a primeira relação sexual é sintomática: “What a ridiculous
position in such a wonderful sensation”
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ou escrita; depois, porque essa preponderância subalterniza o som, as vozes e mais ainda
eventuais legendas; e em terceiro lugar, porque a televisão insinuando-se em todos os espaços
domésticos e públicos é um veículo permanente da ideologia do poder, de formatação dos
desejos no sentido da conformação, do conservadorismo. como ainda de indução do
desenvolvimento do mercado, através de um consumo tendencialmente orgiástico. O meio
torna-se a mensagem e o televisor a caixa que mudou o mundo, como diria McLuhan.
Para além de monopolizador do olhar, da audição e das capacidades cognitivas, a marcha
ininterrupta da emissão (com ou sem zapping) vai muito para além das capacidades de
apreensão do observador. E este, ao chegar defronte do chamado pequeno écran (hoje, não
tão pequeno como anos atrás), depois de passar pelo stress imposto pela sua vida profissional
e suas inerentes sequelas, ao prostrar-se diante do televisor irá protagonizar uma visão
superficial, renunciando ao detalhe10
, à contemplação. Esse contexto, captura; “o televisor
entra, por assim dizer, dentro do espectador, molda-o”11
. Essa captura não se reduz quando o
observador fica absorto nos seus pensamentos, distraído dos conteúdos emitidos,
funcionando estes como pano de fundo, como hábito de ruido e imagem avulsa que preenche
o espaço, um analgésico.
4 - A leitura em diagonal
Os espíritos cordatos e conciliadores ao assumiram não terem lido um texto que lhes foi
remetido ou aconselhado não se atrevem a dizê-lo, procurando amaciar o facto com um “li na
diagonal”; não se sabendo se com isso folhearam, viram o índice, simplesmente o título ou
mesmo nada. Em contrapartida, sabe-se que o recém-eleito presidente da República lia, pelo
menos, as contracapas dos livros que receitava aos basbaques. Marcelo tem sido um grande
promotor da diagonalidade, do verbo fácil e redondo, sem ponta por onde se possa pegar. E
por isso, com todo o mérito, os basbaques colocaram-no no pedestal de Belém, com alta
probabilidade de, um dia mais tarde, se trasladar para o Panteão, na boa tradição portuguesa
de inventar figuras públicas que permitam adoçar a autoestima de um pequeno povo com uma
passagem episódica com relevância na História da Humanidade.
Como toda a gente tem falta de tempo e anda tomada pelo stress, prefere-se outras formas de
comunicação, menos exigentes que a leitura. Convém também exacerbar a ocupação
profissional como forma de apresentar a relevância no quadro laboral… pelo menos enquanto
o desemprego ou a reforma antecipada não chegam. Numa sociedade de trabalho em que
este é tomado como dignificante e menos como esforço, como pena imposta pelo regime de
propriedade, a exibição dessa dignidade representa uma captura ideológica; uma mansidão
conveniente para que o capital continue o seu processo de acumulação, com o mínimo de
sobressaltos.
10
Exceptuando as visualizações das condições em que num jogo de futebol são marcados golos,
assinaladas ou não grandes penalidades ou mostrados devidamente cartões ou não mostrados quando
o deveriam ter sido
11
Giovanni Sartori, “Homo videns”, ed. Terramar, 2000
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A questão não será a falta de tempo mas a valorização que se atribui ao tempo disponível.
Longínquos vão os tempos em que os sindicatos anarquistas defendiam 8 horas para trabalhar,
8 para estudar e 8 para descansar.
Nesse contexto a interpretação das realidades fica dependente dos chamados mass media,
mormente da televisão, campo minado de conservadorismo, enviesamentos e propaganda.
Inversamente, a habitual prática da leitura em diagonal, da observação superficial e apressada,
embora possa ser pressionada pela falta de tempo induzida pelo ritmo frenético das
sociedades de capitalismo avançado, tenderá a sedimentar-se e a redundar numa verdadeira
iliteracia, elemento muito desejado para efeitos de controlo biopolítico.
A iliteracia e a diagonalidade alimentam-se mutuamente. Quem sofre da primeira pouco se
dispõe a mudar a sua prática e passar a informar-se condignamente e isso é tanto mais difícil
quanto a duração do tempo de perda de hábitos de estudo e ponderação, admitindo que terão
existido. Refira-se a propósito que a iliteracia é pior que o analfabetismo uma vez que este é,
geralmente assumido com modéstia ou pena e devidamente credenciado pelas estatísticas.
Por seu turno, a iliteracia não é assumida, disfarça-se de dislates proferidos com ares de
profundo entendimento do tema e não consta dos formulários do recenseamento, uma vez
que ninguém se assumiria como portador de iliteracia. Sobretudo se licenciado ou doutorado.
Do ponto de vista do conhecimento, os sistemas educativos, com relevo para a universidade,
privilegiam as competências técnicas, em áreas segmentadas e estanques, a inserir como
peças na burocracia empresarial ou estatal, tornando as pessoas, elementos conectados
apenas enquanto instrumentos de produção e afastados de qualquer concepção ou assunção
de cidadania. Onde esse afunilamento cognitivo possa falhar, aí é o campo de intervenção dos
especialistas de ciências políticas, sociólogos e psicólogos, comentadores políticos e políticos
chamados a comentar, que constituirão um corpo de reinserção e afinamento da máquina de
esmagamento do desejo de fuga ao controlo biopolítico.
O santificado mercado adaptou-se rapidamente a esta situação de real iliteracia ou
diagonalidade. As livrarias, onde se apalpa, folheia e se lê se o livro agrada ou não, rareiam,
não sendo substituídas pela encomenda via internet. No século XVI, Lisboa com uma
população muito inferior à actual e muitos analfabetos, tinha onze livrarias. Quantas existirão
agora?
Nas grandes cadeias distribuidoras, os livros dispõem-se nos locais mais longe da entrada. O
privilégio na visibilidade e acesso é dado à venda de jornais e revistas, de aparelhos emissores
de som e imagem, ao multimédia. São as figuras de televisão – reais ou protagonistas das
telenovelas - que têm os lugares de honra nos escaparates dos supermercados, precisamente
porque são “leves”, evitam canseira às meninges.
A universidade, que sempre esteve ao serviço do poder, tem-se mantido na vanguarda da
produção e melhoramento da burocracia, do controlo da imaginação. Tem manifestado um
particular empenho em métricas para a dimensão dos textos, do tipo e da dimensão dos
carateres, na obrigação de publicação regular em revistas científicas por mestrandos e
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doutorandos, depois de validadas os textos pelas mais elevadas estirpes dos zeladores do
conhecimento conveniente12
.
Qualquer conteúdo técnico ou científico tem, forçosamente, um abstract, com que se
pretende evidenciar o desejo de projetar a leveza do seu ser, permitir leituras rápidas, sem
detalhes, num género de sucedâneo de leitura em diagonal, mas, suficiente para atrelar
imensas páginas de referências bibliográficas, como se tivessem sido objetos de estudo.
Esse espírito dito científico de síntese que se exprime sob a forma de abstracts nos textos
universitários, têm como precursores as já velhas “Seleções do Reader’s Digest”, compêndios
de compilações de reacionarismo dedicados a quem tem falta de tempo, aos Papalaguis do
século XXI, aos conformados ou empenhados cultores da diagonalidade.
Os poderes estatais, as classes políticas e as suas burocracias são, por natureza, conservadores
e reagem por instinto de autodefesa às ideias e aos anseios que coloquem em causa ou se
mostrem desviantes face à norma por aqueles instituída e que visa a sua perpetuação como
elites credoras de riqueza, mordomias e vassalagens.
O livro, como a cultura em geral, tem tido muitos adversários através dos tempos. A opinião
discordante ou a estética ousada sempre foram apontados com desprezo e desconfiança,
quando não conducentes ao trânsito para o patíbulo. Nos tempos que correm o patíbulo é,
sobretudo, o silêncio, a marginalidade, a ausência dos jornais ou da televisão, a invisibilidade;
inversamente, as presenças típicas no écran representam garantidamente a passagem cordata
no filtro das redações, a insuspeição de dissonância opinativa ou estética, a integração ou a
neutralidade face ao sistema capitalista.
A Inquisição perseguia o que considerava herético ou desviante, cujas diferenças podem ser
ilustradas pelo castigo dado a Giordano Bruno (queimado e com a língua pregada a uma tábua,
para não ofender os algozes com as suas heresias) e o tratamento dado a Galileu que aceitou,
para salvar a pele, perante os juízes, que afinal a Terra não girava em torno do Sol. Foucault
estava, ignorado, a lecionar em Tunes quando a revolução cultural de Maio de 1968 o fez
ganhar uma cátedra em Paris; antes, tivera o azar de não agradar à direita gaullista nem ao
mecanicismo determinista da “esquerda” trotsko-estalinista.
Pouco depois da chegada dos humanos à Lua, a seita Testemunhas de Jeová não aceitava o
facto, por razões inscritas nessa construção cabalística chamada teologia, não sabendo nós se
isso já foi objeto de revisão; a sorte dos descrentes nas prescrições das Testemunhas é que
estes nunca tiveram o poder temporal da Inquisição ou dos mullahs sauditas que pretendem
anular o ateísmo de Raif Badawi com mil chicotadas.
12
Assistimos recentemente a um debate sobre os tenebrosos tratados patrocinados pelas
multinacionais com vista a uma unificação dos mercados (sempre eles!) europeu e norte-americano.
Entre os palestrantes estavam dois catedráticos, um deles que chegou a ser ministro e ainda uma
deputada europeia, cujas posturas não passaram de um situacionismo mal informado, superficial e que
encontrou nos alunos um conformismo tão marcado que levanta dúvidas sobre o caráter e a formação
das futuras elites portuguesas.
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Estes tipos de atitude atrasaram a divulgação das ideias, o avanço do conhecimento e das
liberdades mas mostraram-se impotentes para as abolir, sendo exemplar o caso do abade
Meslier que viveu na transição do século XVII para o XVIII.
Jean Meslier, padre na Champagne foi descobrindo que todas as religiões são um embuste e
escreveu, em segredo, um livro, considerado como uma das obras mais precoces sobre o
ateísmo na Europa. Quando morreu, o notário cumpriu o testamento de Meslier e editou o
livro que foi um sucesso, mesmo que rapidamente perseguido pelas autoridades eclesiásticas;
a sua fama chegou à corte de Catarina da Rússia que mandou emissários a França para adquirir
o livro.
Spinoza, tomado como herético pela comunidade judaica de Amsterdão, de onde era
proveniente, foi objeto de um “banimento” onde constam estas pérolas: “que ninguém lhe
pode falar pela boca nem por escrito nem conceder-lhe nenhum favor, nem debaixo do
mesmo teto estar com ele, nem a uma distância de menos de quatro côvados, nem ler papel
algum feito ou escrito por ele."
Orwell atribuiu a Wilbur, no seu 1984, o papel de funcionário da reescrita da História, como
um pequeno burocrata13
, cronista sem outra autonomia que não a da glorificação do Grande
Irmão. E a sua margem de fuga ao controlo da vídeo-vigilância da teletela, era muito escassa,
acabando por ser descoberto. O Grande Irmão de hoje são os media, os empórios do controlo
social global (Facebook, Google…), em articulação com as polícias e os poderes estatais e
empresariais. Orwell adivinhava o papel da televisão – então ainda não massificada e
omnipresente - no controlo e formatação das consciências. A sua riqueza cénica impôs-se e é
hoje o principal instrumento nessa formatação de um pensamento único que se pretende per
saecula saeculorum.
O filme Farehneit 451 apresenta uma sociedade onde os livros são proibidos, onde a crítica é
eliminada e perseguida, onde os espíritos livres e as cabeças pensantes são constrangidas a
decorar os seus conteúdos, a voltar à tradição oral dos tempos antigos, para partilharem ideias
e promoverem a sua transição Inter-geracional. A perseguição à crítica, ao livro como suporte
essencial da transmissão da dissidência, da diferença, é bem simbolizada pelas imensas
fogueiras onde os estudantes universitários nazis queimavam livros, de escritores e
intelectuais etiquetados como indignos, proscritos por razões políticas, ideológicas ou de
“raça”. Hitler e Mussolini preferiam a rádio e as grandes multidões para eletrizarem
multidões14
.
Nos tempos que correm, as taras religiosas, na Europa, têm uma importância localizada para o
controlo social e são as taras geradas pelo mercado que mais afetam as pessoas e as confinam.
Como as necessidades extremas são marginais em muitos países e a contestação é frágil e
esporádica não se torna necessária uma atuação dos poderes baseada na agressão física brutal
13
A língua castelhana tem um delicioso vocábulo para designar um diligente e formatado funcionário
da baixa burocracia - chupatintas
14
O elitismo de Salazar era bem conhecido. Detestava multidões e o populismo (considerava Hitler um
louco) e as suas alocuções eram produtos intelectuais, sem berros ou palavras de ordem, que grande
parte da população não entendia.
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e continuada; basta aplicar uma “engenharia do consentimento”15
, proceder à gestão das
pulsões de consumo e endividamento, através do marketing, uma tese que se inclui no
controlo biopolítico. No mesmo sentido se pode incluir o papel dos sindicatos e das esquerdas
institucionais, apostados na concertação, na diluição dos descontentamentos, na sua
mediação nos cenários parlamentares e em negociações de com patrões e governos.
Este e outros textos em:
http://grazia-tanta.blogspot.com/
http://www.slideshare.net/durgarrai/documents
https://pt.scribd.com/uploads
15
Tem como um dos seus principais expoentes Edward Bernays