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O Presidente da Bolívia, Carlos Mesa, sofre revolucionária. Sob o grito, que se vayan todos!,
novamente uma enorme pressão de milhares a parcela da população oprimida e aquela
de manifestantes que pedem a sua renúncia. penalizada pela dolarização e pelas políticas
Carlos Mesa já havia tentado uma manobra neoliberais (piqueteros, desempregados,
política apresentando uma carta de renúncia jovens e estudantes, donas de casa, e grupos
ao Congresso que não foi aceita, em 06 de de vizinhos), saíram às ruas, apesar do estado
março passado. Foi uma tentativa de obter de sítio, e expulsaram também Domingo
maior apoio político do parlamento para Cavallo, Ministro da Economia e principal
consolidar a estratégia neoliberal adotada. mentor e dirigente da política econômica
Para tanto, anunciou que não aceitaria uma neoliberal, desde os tempos de Carlos Menem.
mudança nos contratos já firmados sobre as Provisoriamente, o Presidente do Senado,
reservas de gás e petróleo e com a concessão Ramón Puerta, assumiu a presidência até a
para Águas del Illimani, empresa francesa, com escolha de Adolfo Rodríguez Saá, peronista e
participação do Banco Mundial, que detém a identificado com as frações dominantes no
concessão para distribuição de água potável poder, Saá não durou nem duas semanas no
em El Alto, uma das principais áreas de tensão cargo. Rodrigues Saá foi substituído por
social e política na Bolívia. A principal reivindica- Eduardo Duhalde, que antecipou o término de
ção dos manifestantes é que o governo seu mandato e as eleições, sob um clima de
boliviano nacionalize os recursos naturais do intensos protestos e mobilizações sociais contra
país e que o serviço de águas de El Alto seja as tentativas de obter novos acordos com o
transferido para uma empresa social sem fins FMI. Nas eleições de maio de 2003, foi
lucrativos. Carlos Mesa substituiu o presidente escolhido o atual presidente, o peronista Néstor
Gonzalo Sánchez de Lozada, que foi eleito em Kirchner. Para setores importantes da esquerda
agosto de 2002 e renunciou em outubro de e dos trabalhadores argentinos o Presidente
2003, após a repressão contra a intensa onda Kirchner continua uma política econômica
de protestos que causou a morte de mais de 80 dentro dos principais cânonesdo FMI.
pessoas ecentenas deferidos. Entre 1989 e 2005, a cada ano e meio um
O Presidente do Equador, Lúcio Gutiérrez, foi presidente da América do Sul renunciou, foi
destituído do cargo pelo congresso, em destituído ou derrubado, apenas no Chile e no
20/ 04/ 05, apó s inten sas man ife staçõ es Uruguai os presidentes concluíram normalmen-
populares em que foram mortas duas pessoas. te os seus mandatos. Esses dados são a
Gutiérrez foi eleito principalmente com o apoio expressão do elevado grau de tensão das
dos indígenas e da população pobre, com um contradições internas nas sociedades sul-
discurso de esquerda prometendo combater a americanas após o fim das ditaduras militares e
pobreza ea corrupção, masdefendia também a adoção das políticas neoliberais. A crise e o
a austeridade fiscal e a manutenção da fim das ditaduras no continente sul-americano
dolarização que havia sido implementada em produziram diferentes processos de redemo-
2002. Após sua posse, continuou com as cratização mas, em todos eles, as frações das
políticas neoliberais, cortou subsídios de elites que eram dominantes nos diferentes
alimentos e de programas sociais, para utilizar países, antes e durante as ditaduras, voltaram
parte das receitas do petróleo para o paga- ao comando. O fim das ditaduras latino-
mento da dívida externa. Ele foi substituído pelo americanas foi em parte o resultado da crise da
vice-presidente Alfredo Palacio. dívida externa, que conduziu à implementa-
Em dezembro de 2001, o Presidente da ção das políticas neoliberais comandada pelo
Argentina, Fernando de La Rúa, foi obrigado a Fundo Monetário Internacional e pelo Banco
renunciar ao seu mandato após uma grave Mundial como contrapartida dos acordos
revolta social, que chegou a ser considerada, firmados para a estabilização dos balanços de
por alguns, como uma insurreição popular pagamentos. A abertura comercial e financei-
APRESENTAÇÃO
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 01
ra, a privatização das estatais, a política de 2002, para R$ 1.156,1 bilhões, em março de
obtenção de superávits primários para o 2005. A dívida em títulos, em posse do
pagamento de juros da dívida pública, a mercado financeiro, passou de R$ 623,2
expansão do endividamento dos Estados e a bilhões para R$ 873,6 bilhões, um aumento de
dolarização nos casos da Argentina e Equador, 40,2% em pouco mais de dois anos. O total de
além de um conjunto de outras medidas que juros pagos no período foi de R$ 311,4 bilhões,
compõem a estratégia neoliberal foram cerca de 50% do saldo devedor em dezembro
adotadas emtoda aAmérica Latina. de 2002. O último aumento na taxa básica de
Após mais de uma década, o fracasso juros, para 19,75% ao ano, mantém o Brasil no
dessas medidas, ao não cumprir as promessas primeiro lugar do mundo, com 13,6%, se
de retomada do crescimento, redução das descontarmos a inflação. "A média de 40
desigualdades, redução do desemprego e fim países situa-se em apenas 1,2%. Nos desenvol-
da miséria, colocou nas ruas as massas, vidos, a taxa real é 0,6%, em média. Nos
empobrecidas e espoliadas pelos grandes 'emergentes', 1,8%." (Batista Jr. FSP, 19/05/05).
capitais, derrubando presidenteapós presiden- Considerando os interesses e a articulação
te, com poucas exceções. Na maior parte dos política, o governo de Lula criou dificuldades
casos mais recentes, o apoio popular foi obtido para a investigação das denúncias contra o
durante as eleições, com as promessas de Pres idente do Banco Central, Henrique
mudança econômica, política e social. Esse Meirelles, por crime contra o sistema financeiro,
apoio foi frustrado pela manutenção das crime eleitoral e evasão de divisas, atribuindo-
mesmas políticas econômicas, do mesmo jogo lhe o status de Ministro, através de medida
político de troca de cargos e alianças espúrias e provisória. Lula nomeou Romero Jucá como
pelo desvendamento da continuidade da Ministro da Previdência, sabendo que ele sofria
corrupção e nepotismo que permanecem um processo de cobrança de R$ 18,0 milhões
quase sempre impunes. Essa escalada dos de empréstimos que tomou no Banco da
movimentos sociais na América Latina contra as Amazônia, na época em que era proprietário
antigas práticas políticas, contra a continuidade da empresa Frangonorte, dando como
da estratégia neoliberal e por uma mudança garantia propriedades inexistentes. Segundo o
nas práticas políticas e econômicas é muito Ministério Público, que o acusa de ser "benefi-
auspiciosa, pois traz novos ares de mudança e ciário de ação criminosa e fraudulenta", parte
a esperançade ummundo melhor. do dinheiro recebido (R$ 134,5 mil) foi utilizado
No Brasil, repete-se esse mesmo quadro por Jucá, inclusive, para pagamento de
com as suas particularidades e especificidades, empréstimos contraídos como pessoa física
mas com uma mobilização muito menor das (Folhaon-line,10/05/05).
massas populares. A eleição de Lula trouxe O desenrolar das contradições na disputa
muitas esperanças de mudança, esperanças por poder dentro do Estado trouxe à tona mais
que muitos ainda nutrem. Mas, pode-se dizer uma denúncia de corrupção, desta vez dentro
que, para ser eleito, o candidato e a direção do da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
Partido dos Trabalhadores mudaram o discurso Um servidor indicado para o cargo por Roberto
e prometeram honrar os contratos e manter as Jefferson, presidente nacional do PTB, cobrava
políticas do FMI, portanto ninguém devia propina em nome dele e do PTB, para as
esperar grandes mudanças. Considerando licitações de compra de material. Ao que
estritamente a política macroeconômica, o parece, a encenação entre os partidos de
governo anterior havia negociadocom o FMI a oposição e os que fazem parte da aliança de
produção de um superávit primário de 3,75% apoio ao governo de Lula no Congresso,
do PIB. Antonio Palocci ofereceu ao FMI e através da tentativa de criação de uma
conseguiu obter como resultado primário Comissão Parlamentar de Inquérito, resultará
4,25% do PIB, em 2003, 4,58%, em 2004, e em nada do ponto de vista da ética na política.
6,16%, no primeiro trimestre de 2005. O Tesouro Possivelmente, o funcionário será punido e a
Nacional aumentou o volume de títulos negociação em torno da CPI acabará com
emitidos de R$ 838,8 bilhões, em dezembro de novas distribuições de cargos, benesses e
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 02
liberação de emendas parlamentares. é uma contribuição do professor Rémy Herrera,
Infelizmente, pelas especificidades brasileiras, pesquisador do CNRS e professor na
esse conjunto de indicações sobre o que o Universidade de Paris 1, Panthéon Sorbonne,
governo Lula realmente está representando com a colaboração do nosso professor
ainda não é suficiente para levar a um pesquisador Maurício de Souza Sabadini,
significativo ascenso do movimento de massas, bolsista da Capes em doutoramento na
em direção a uma mudança efetiva, e pode Universidade de Paris 1. Desde setembro do
encaminhar apenas para uma nova acomo- ano passado, contamos também com a
dação do poder no interior das frações colaboração do professor Alexis Saludjian,
dominantes e dos grupos dirigentes do país. doutor em economia pela Universidade de
A partir deste número, o boletim de Paris XIII, agraciado com a Bourse Lavoisier para
conjuntura apresenta uma nova seção sobre a um estágio de pós-doutorado em nosso grupo
conjuntura econômica internacional. Esta parte de pesquisa.
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 03
1. POLÍTICA ECONÔMICA
A economia em desaceleração beneficiado pelo aumento do emprego e da
Os resultados da produção industrial do massa de rendimentos. Os bens duráveis, cujo
primeiro trimestre deste ano divulgados pelo dinamismo vem principalmente das exporta-
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e ções e do crédito, 13%, mas já acusando
Estatística) confirmam o que já vinham desaceleração; já os bens de capital, líderes do
mostrando os indicadores da atividade crescimento em 2004, registraram expansão
econômica desde o último trimestre de 2004: o de 2,5% no primeiro trimestre contra 22,2% no
ingresso da indústria num quadro de forte mesmo período daquele ano.
desaceleração. Com a queda do ritmo de crescimento dos
Desc onta dos o s efe itos sazo nais, a investimentos, prejudicado principalmente
produção industrial cresceu 1,5% em março pelas elevadas taxas de juros da economia, a
em relação a fevereiro e 1,7% em relação ao contaminação paraos demaissetores torna-se
mesmo mês do ano passado. Após dois meses inevitável. Como estes também já vêm
de queda, este crescimento pode até ser visto sofrendo os efeitos da redução global da
como sinal de retomada do vigor apresentado atividade econômica, com a reversão
pela economia em 2004, mas não é bem registrada na criação líquida de empregos e
assim. Ainda segundo o IBGE, o crescimento de também de uma taxa de câmbio valorizada
1,7% ante igual mês do ano passado é o menor que, apesar de continuar mantendo as
desde novembro de 2003, quando atingiu exportações em patamares elevados,
1, 5% . M as a m ai or ev id ên ci a d es sa principais responsáveis pela sustentação dessa
desaceleração é fornecida pela comparação expansão, prenuncia problemas à frente, o
dessa expansão com os trimestres otimismo dominante no governo, no final de
imediatamente anteriores: 3% no período abril- 2004, de que haviam sido criadas as condições
junho; 2,2% em julho-setembro; 0,5% em fundamentais para o crescimento sustentado
outubro-dezembro; e 0,2% no primeiro trimestre da economia brasileira, caminha para ser,
deste ano. Embora positivas, as taxas de muito rapidamente, desfeito. A verdade é que
crescimento da indústria têm se mantido numa a política econômica, apesar do discurso em
persistente trajetória de declínio. contrário, tem se encarregado, ela própria, de
A composição deste crescimento também abortar qualquer ensaio mais firme de
revela que, apesar de modesto, ele ainda tem expansão da economia, dados os seus
se beneficiado do impulso de 2004, mas que compromissos assumidos com a estabilidade
este já começa a se enfraquecer. O setor monetária, garantida por um modelo divorcia-
produtor de bens não-duráveis expandiu 5,4% do da produção em virtude das tensões que o
no trimestre ante igual período de 2004, crescimento provoca em seus principais
elementos. Por essa razão, em vez de aproveitar interna de juros (Selic) para 19,75% em maio e a
as condições mais favoráveis criadas com a negligência que as autoridades econômicas
expansão de 2004 para o fortalecimento do têm demonstrado em relação ao câmbio
mercado interno e para dar início à remoção apenas confirmam que não se pode dela
de seus limites estruturais, com o aumento de esperar a adoção de medidas favoráveis ao
investimentos em infra-estrutura e incentivos ao crescimento e que, entre o discurso e o fato,
investimento para o aumento da capacidade este deverá continuar garantindo uma trajetória
de oferta da economia, tem ela atuado para medíocre para o país em 2005.
refrear este movimento. A elevação da taxa
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 04
2. INFLAÇÃO
A ata da última reunião do COPOM explica surpreender se o COPOM aumentar a taxa
as razões para o oitavo aumento consecutivo básica de juros na próxima reunião.
na taxa básica de juros. Para a avaliação das No primeiro trimestre de 2005, tanto o INPC
tendências da inflação, manteve em seu (índice nacional de preços do consumidor,
modelo a hipótese de 0% de aumento nos referente a famílias com 1 a 8 salários mínimos)
preços do gás de cozinha e da gasolina para o quanto o IPCA(índice de preçosdo consumidor
resto do ano de 2005. Os reajustes para as amplo, correspondente a famílias com
tarifas de energia elétrica residencial e da rendimentos entre 1 a 40 salários mínimos),
telefonia fixa foram fixadas em 10,8% e 7,9%, sofreram uma queda em relação ao final do
respectivamente. Considerando os preços ano de 2004, visto que ambos os indicadores
administrados, a projeção efetuada para a eram de 0,86%.
inflação foi elevada de 6,7% para 6,9%, no O IPCA vem crescendo muito lentamente,
ano, na reunião de março. Na última reunião, passando de0,58% para0,61% entrejaneiro e
em 19/20 de abril, esta projeção foi elevada março, mas apresentou um crescimento de
para 7,2%, indicando uma pressão maior dos 29,8%, na comparação entre março de 2005 e
preços administrados. Para o modelo foi março de 2004. Essa estabilidade relativa do
considerado ainda a manutenção da meta de IPCA é decorrente do efeito da variação
superávit primário de 4,25% do PIB e uma taxa negativa nos preços dos alimentos e positiva
de câmbio de R$ 2,60, aproximadamente a nos preços dos produtos não-alimentícios.
taxa vigente antes da reunião. Assim, o Banco Segundo os dados do IBGE, os preços dos
Central, que havia elevado a taxa Selic para alimentos diminuíram 0,29 p.p., em fevereiro, e
18,25%, no início do ano, manteve a trajetória 0,23 p.p., em março. As maiores quedas no
de aumentos, para 18,75%, em fevereiro, primeiro trimestre do ano foram os preços da
19,25% em março e 19,50%, em abril de 2005. farinha de trigo (-4,85%), óleo de soja (-3, 65%),
Esses aumentos sucessivos na taxa Selic visam farinha de mandioca (-2,18), frango (-2,73%) e
atingir o objetivo de obter uma taxa de 5,1%, carnes (-1,21%). Nota especial para as
em 2005, e de 4,5%, em 2006. Entretanto, a ata hortaliças que tiveram uma variação de -
indica que, "no cenário de mercado, que 4,23%, em março, após uma alta de 15,99%,
incorpora as trajetórias para a taxa de câmbio e em fevereiro. Por outro lado, a batata-inglesa
para a taxa Selic
esperadas pelos
agentes do merca-
do (...), as projeções
se encontram acima
do objetivo de 5,1%
para 2005 e acima
da meta de 4,5%
para 2006". Por essas
razões, não é de se
Tabela 2.1 – Índices de preços (em %)
Indicadores Jan/05 Fev/05 Mar/05 Mar/04 No ano 12 meses
IPCA 0,58 0,59 0,61 0,47 1,79 7,54
INPC 0,57 0,44 0,73 0,57 1,75 6,08
IPC-FIPE 0,56 0,36 0,79 0,11 1,72 7,49
ICV-DIEESE 0,91 0,32 0,81 0,46 2,06 8,53
IGP-M 0,39 0,30 0,85 1,13 1,55 11,12
IGP-DI 0,33 0,40 0,99 0,93 1,73 10,92
Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE.
(31,83), a cebola (18,31) e os ovos
(16,43), reduziram em parte esse
impacto. Os produtos não alimentí-
cios que vinham de uma queda em
relação a dezembro, tiveram um
novo aumento, apresentando uma
variação de 0,71%, em março. O
INPC apresentou uma taxa
acumulada no ano de 1,75%, muito
próxima à do IPCA. Entretanto, as
quedas observadas nos dois
primeiros meses do ano não se
repetiram em março, quando
aumentou 0,12 p.p. mais do que o
IPCA. Os produtos alimentícios
contribuíram para o reduzido
crescimento do INPC, apresenta-
ram uma variação de 0,75%, em
janeiro, de 0,43%, em fevereiro e de
0,23%, em março. Essa queda não
foi capaz, contudo, de impedir o maior dentre todas as apresentadas na tabela
crescimento de fevereiro para março, pois os 2.1. O crescimento do índice em março foi
produtos não alimentícios que haviam crescido impulsionado principalmente pelo aumento
0,44%, em fevereiro, avançaram 0,94%, em de 2,92% no grupo transportes que contribuiu
março. A maior pressão sobre a variação dos com mais de 50% de aumento nessa taxa.
preços em relação ao mês anterior foi causada Somente o aumento na tarifa dos ônibus
pelo transporte público (3,01%), bebidas e (17,65%) foi responsável por 0,43p.p. dos
infusões (2,01%), aluguel e taxas (1,83%), leite e 0,81% de aumento no índice de preços. A
derivados (1,34%) e reparos (1,21%). Apenas alimentação cresceu apenas 0,75%, mas
três itens compensaram esses aumentos: com seu peso de 25,7%, contribuiu com
hortaliças e verduras (-2,75%), alimentos 0,19p.p. para o aumento verificado em março.
prontos (-1,23%) e farinhas, féculas e massas (- Os preços do vestuário diminuíram 0,17%, mas
1,0%) seu efeito foi de apenas -0,01p.p. no índice
O índice de preços estimado pela FIPE/USP, geral.
que tem como área de abrangência a cidade Além do índice geral, o DIEESE calcula
de São Paulo, apresentou uma variação de outros três indicadores, de acordo com a renda
0,56%, em janeiro, 0,36%, em fevereiro e média das famílias paulistanas. O primeiro com
0,79%, em março de 2005, acompanhando a famílias cuja renda média é de R$ 377,99, o
tendência observada no INPC. Em março, os segundo para famílias com renda média de R$
grupos que mais pressionaram esse aumento 934,17 e o terceiro para as famílias com renda
foram os de transporte (4,17), saúde (0,57%) e média de R$ 2.792,00. O primeiro estrato, das
alimentação (0,29%), esses aumentos foram famílias mais pobres, sofreu mais com os
parcialmente compensados pela redução nos aumentos de preços em março, o custo de
grupos vestuário (-0,22%) e despesas pessoais (- vida para elas cresceu 1,10%, pois foram mais
0,06%). penalizadas com os aumentos nos transportes
O índice de custo de vida (ICV), estimado e na alimentação. Para o segundo grupo de
pelo DIEESE para o município de São Paulo, famílias, o custo de vida no mês foi de 1,0% e
diminuiu entre os meses de janeiro (0,91%) e para o terceiro grupo, de 0,66%.
fevereiro (0,32%) de 2005, voltando a crescer Os indicadores de inflação desaceleraram
substancialmente em março (0,81%), nos meses de janeiro e fevereiro em relação
acumulando uma taxa de 2,06% no ano, a aos meses anteriores, voltando a crescer em
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 05
Tabela 2.2 – Preço da cesta básica nas capitais
brasileiras (R$ e %)
Capital Jan/05 Fev/05 Mar/05 var. ano
Florianópolis 157,47 159,18 161,74 2,74
Belo Horizonte 150,56 150,97 157,47 3,41
João Pessoa 133,60 134,13 132,80 5,29
Curitiba 160,10 164,13 166,32 6,68
Porto Alegre 168,80 175,57 175,64 0,51
Rio de Janeiro 164,81 169,79 167,02 0,99
Salvador 127,85 133,74 132,60 5,37
São Paulo 172,87 175,04 175,87 2,13
Brasília 170,62 170,10 167,29 -0,85
Goiânia 151,78 153,51 156,48 5,10
Fortaleza 125,20 124,91 127,42 2,16
Recife 132,31 130,79 131,19 6,67
Belém 152,20 155,26 154,69 3,33
Vitória 157,96 163,69 159,26 4,52
Natal 137,09 140,52 133,18 1,05
Aracaju 130,45 134,93 133,58 1,73
Fonte: DIEESE
março, e ainda permanece num patamar nentes do IGP-DI, a aceleração foi puxada pelo
elevado se considerarmos a meta de inflação IPA-DI, que subiu de 0,08%, em janeiro, para
definida pelogoverno. 0,39%, em fevereiro. O aumento desse
O IGP-M (Índice Geral de Preços do componente refletiu, sobretudo, o aumento de
Mercado) fechou o mês de janeiro num 1,28% nos preços agrícolas no período, ante a
patamar abaixo do esperado, em 0,39%, se, queda de 0,63% no mês anterior. Nesse grupo,
comparado ao mês anterior (0,74%). O fim do apesar das quedas nos preços de aves, soja,
efeito da alta dos combustíveis, no ano suínos, feijão e bovinos, prevaleceram as
passado, foi o principal fator para o recuo. Outro elevações observadas nos preços de ovos,
fator foi a taxa de câmbio que segurou alguns 26,3%, legumes e frutas, 13,6%. No mês de
preços, como os dos produtos metalúrgicos (no março o IGP-DI variou 0,99%, bem acima da
atacado). Em fevereiro, o índice voltou a variação registrada em fevereiro. Os três
surpreender e apresentou um quadro ainda componentes apresentaram acréscimo em
mais favorável para a inflação do país, relação ao mês anterior. O IPA teve alta de
reduzindo a taxa para 0,30%. Dentre os 1,14%. A maior influência positiva para a
componentes doíndice, oIPA-M(corresponden- elevação foi a soja, que saiu de uma deflação
te a 60% do índice) manteve a pequena (-7,58%) em fevereiro para 15,75%, em março.
variação de 0,20% na passagem de janeiro O IPC (Índice de Preços ao Consumidor)
para fevereiro, enquanto que o IPC-M (corres- registrou aumento de 0,43%, em fevereiro,para
pondente a 10%) recuou 0,29 p.p., para 0,51%. 0,70% em março, destacando o reajuste da
No mês de março o índice elevou-se para tarifa de ônibus urbano (7,78%). O INCC (Índice
0,85%, praticamente triplicando o resultado Nacional de Custo da Construção) também
anterior e chamou a atenção para os resultados apresentou aceleração de 0,44% para 0,67%,
de inflação divulgados em 2005. O IPC-M pressionado pelo aumento do vale transporte.
registrou variação de 0,66%, sendo 0,15 p.p. Além do índice de custo de vida, o DIEESE
acima da variação ocorrida no mês anterior. O calcula opreço deuma cestabásica compos-
subgrupo que mais contribuiu para a acelera- ta por produtos alimentícios de acordo com o
ção foi o de Transp ort es, seg uid o de Decreto Lei 399 que criou o salário mínimo no
Alimentação e Habitação. O reajuste das tarifas país. O acompanhamento do custo desta
de transporte urbano (que passou de -0,18% cesta é realizado mensalmente em dezesseis
para 5,04%) e a elevação do preço das frutas capitais brasileiras e permite avaliar qual
foram os itens que mais contribuíram para a deveria ser o valor do salário mínimo segundo a
elevação. legislação brasileira. Segundo os cálculos do
O IGP-DI (Índice Geral de Pre ços - DIEESE, o montante do salário mínimo necessá-
Disponibilidade Interna) apresentou, em janeiro, rio para atender o disposto na Constituição
uma alta bem menor que a esperada pelos deveria ser de R$ 1.447,49, em março de 2005.
analistas. Os preços no atacado, que têm peso Se considerássemos o salário mínimo apenas
maior no índice, tiveram uma desaceleração, para Vitória, o montante deveria ser de R$
apesar da alta no varejo, influenciada por 1.337,94. Esse salário mínimo refere-se à uma
fatores sazonais, típicos do período. O IPA-DI família com dois adultos e duas crianças
(Índice de Preços por Atacado), que correspon- devendo ser o suficiente para os gastos com
de a 60% do IGP-DI recuou de 1% em novembro alimentação, habitação, vestuário, higiene e
para 0,08% em janeiro. A maior influência para transporte.
esta desaceleração veio dos seguintes itens: No primeiro trimestre do ano, todas as
aves (-9,75%), ovos (-10,25%) e suínos (-7,19%). capitais, com exceção de Brasília (-0,85%),
O custo das mensalidades e alimentos apresentaram aumentos no custo da cesta
(condições climáticas) acabou formando as básica. Os maiores aumentos ocorreram em
maiores pressões sobre o índice: ensino superior Curitiba (6,68%), Recife (6,67%), Salvador
(4,46%), ensino fundamental (5,95%) e ensino (5,37%), João Pessoa (5,29%) e Goiânia
médio (5,43%). Em fevereiro, o índice registrou (5,10%). As capitais onde os aumentos foram
variação de 0,40%. Considerando os compo- menores foram Porto Alegre (0,51%), Rio de
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 06
Janeiro (0,99%)e Natal(1,05%). para a previdência) de um trabalhador, a mais
A cesta básica mais cara é a da cidade de barata é a de Fortaleza (R$ 127,42) e compro-
São Paulo (R$ 175,87) e compromete 73,25% mete 53,07% do salário mínimo vigente.
do salário mínimo líquido (depois do desconto
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 07
O PIB brasileiro pela ótica do dispêndio bruta de capital fixo, que cresceu continua-
acumulou, em 2004, um crescimento de 5,2% mente nos três primeiros trimestres do ano
em relação a 2003 (tabela 3.1), o maior desde passado, sofreuuma quedade 3,9%,no quarto
1994. Mais uma vez tal expansão reflete o trimestre.
comportamento positivo dos componentes da Pelo lado da oferta, a indústria de transfor-
demanda. Ao longo do ano o Consumo das mação foi a alavanca do crescimento do PIB
Famílias cresceu 4,3%, o Consumo do Governo crescendo 7,7%, em 2004. Os sub-setores da
0,7%, a Formação Bruta de Capital Fixo 10,9%, construção civil e dos serviços industriais de
as Exportações 18,0% e as Importações 14,3%. utilidade pública também contribuíram
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica positivamente para o crescimento da econo-
Aplicada (IPEA), a recuperação do consumo mia com variações de 5,7% e 5,0%, respecti-
das famílias foi resultado do aumento da oferta vamente. Aindústria extrativa mineralfoi o único
de crédito e da expansão da massa salarial sub-setor que apresentou queda (-8,0% no
(3,5%). Porém, sua participaçãono PIB diminuiu último trimestre e -0,7% no acumulado do ano)
de 56,7% para 55,3%, devido ao aumento da devido ao desempenho do mercado de
participação das exportações e do investimen- petróleo. A agropecuária apresentou uma taxa
to. O aumento na taxa de investimento, de de crescimento de 5,3%, em 2004, acima
17,8% para 19,6% do PIB,
pode ser atribuído,
segundo o IBGE, à compra
de máquinas e equipa-
mentos, destinados à
ampliação do parque
industrial, e à recuperação
da construção civil, que
não vinha apresentando
um bom desempenho nos
últimos três anos.
Entretanto, a tendên-
cia apresentada em 2004
é de uma queda contínua
na taxa de variação
trimestral do PIB, de 1,8%
no primeiro trimestre, para
1,5%, no segundo, 1,1%
no terceiro e 0,4%, no
quarto trimestre. Esta
desaceleração no ritmo
de atividade da econo-
mia é o resultado, em
grande parte, da política
de juros altos mantida pelo
governo. A formação
Tabela 3.1- Brasil: Produto Interno Bruto (em %)
Setor de Atividade
2004IV/
2003IV
2004IV/
2004III
Acum.
no ano
Acum. 12
meses
Agropecuária 2,9 2,0 5,3 5,3
Indústria 6,0 0,5 6,2 6,2
Extrativa Mineral (-)8,0 (*) (-)0,7 (-)0,7
Transformação 8,3 (*) 7,7 7,7
Construção Civil 5,2 (*) 5,7 5,7
Serv. Ind. Util. Pública 7,3 (*) 5,0 5,0
Serviços 3,8 0,5 3,7 3,7
Comércio 7,1 (*) 7,9 7,9
Transportes 3,6 (*) 4,9 4,9
Comunicações 4,8 (*) 2,0 2,0
Instituições financeiras 5,0 (*) 4,3 4,3
Outros Serviços 6,2 (*) 5,6 5,6
Aluguel de Imóveis 2,1 (*) 1,8 1,8
Admin. Pública 0,9 (*) 1,6 1,6
Dummy Financeiro* 5,7 (*) 4,4 4,4
V. adic. pr. básicos 4,4 0,4 4,8 4,8
Impostos s/ produtos 9,5 (*) 8,5 8,5
PIB a pr. de mercado 4,9 0,4 5,2 5,2
Consumo das famílias 5,4 1,3 4,3 4,3
Consumo do governo 0,8 0,5 0,7 0,7
Form. bruta de cap. fixo 9,3 (-)3,9 10,9 10,9
Exportação 16,2 3,2 18,0 18,0
Importação (-) 12,8 2,7 14,3 14,3
Fonte: IBGE - Contas Nacionais Trimestrais
daquela observada em 2003 (4,5%), mas uma queda dessa magnitude.
menor do que a indústria (6,2%), construção A queda no volume de comércio foi
civil (5,7%) e comércio (7,9%). O desempenho ocasionada, em grande parte, pelo setor de
trimestral da agropecuária, em 2004, foi muito supermercados, hipermercados, produtos
irregular, cresceu 2,5% no primeiro trimestre, alimentares, bebidas e fumo, que representa
0,5% no segundo, -1,9% no terceiro e 2,0% no mais de 50% do índice, e que registrou queda
quarto, característica da sazonalidade típica de 0,22%. Se for considerado apenas o setor de
desse setor. Supermercados e Hipermercados, a queda foi
Em fevereiro de 2005, segundo os dados do a i n d a m a i o r ( 1 , 1 % ) . O s e t o r d e
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Eletrodomésticos e Móveis regis trou um
Estatística), o comércio varejista registrou aumento de 16,1% nas vendas em fevereiro.
crescimento de apenas 1,3% (tabela 3.2) em Segundo especialistas, os juros mais altos não
relação a fevereiro de 2004, o pior desempe- tiveram impacto neste setor, visto que os juros
nho dos últimos 15 meses. A desaceleração do praticados não acompanham asaltas da Selic.
comércio foi o resultado dos juros mais altos, do Aliado a esse motivo, observou-se uma
endividamento das famílias e do comprometi- diminuição da inadimplência, ou seja, as
mento de uma fatia maior do orçamento condições de crédito ainda continuam
familiar por causa dos reajustes de serviços e favoráveis. Por essas razões é que o setor
tarifas públicas. Porém, o IBGE atribuiu a conseguiu ter um aumento nas vendas.
desaceleração do comércio à elevada base A tendência, para 2005, é de crescimento
de comparação de 2004, que teve um dia do comércio varejista, porém a uma taxa
(ano bissexto) e um final de semana a mais. menor do que a observada ao longo de 2004,
Porém, paraalguns especialistas, aredução do já que a expectativa é de aumento na taxa de
número de dias úteis, em 2005, não justifica juros. Confirmando essa expectativa o Banco
Central elevou a taxa
de juros pelo oitavo
mês consecutivo,
passando-a para
19,5%. A produção
industrial brasileira,
estimada segundo
categorias de uso,
a p r e s e n t o u u m a
queda de 1,2% em
fevereiro (tabela 3.3),
em relação ao mês
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 08
Tabela 3.2 - Brasil e Espírito Santo: Vendas no Varejo por Atividade (Var. real %)
Fev05/Fev04 Acum. no Ano Acum. 12 meses
Atividade BR ES BR ES BR ES
Comércio Varejista 1,32 8,65 3,84 7,31 8,95 14,85
Combustíveis e Lubrificantes -8,65 -16,49 -4,73 -10,39 3,02 -0,46
Hiper, Super, Prod. deAlim., Beb. Fumo -0,22 11,55 3,09 8,71 7,05 17,09
Super e Hipermercados -1,10 11,30 2,77 8,57 7,29 17,47
Tecidos, Vestuário e Calçados -1,02 -1,82 1,63 0,34 5,22 0,57
Móveis e Eletrodomésticos 16,10 31,04 17,93 28,07 26,24 24,34
Art. Farm., Méd, Orto, Perf. e Cosm. 0,26 8,50 0,29 7,37 * *
Livros, Jornais, Revistas e Papelaria 4,56 34,77 -1,81 14,69 * *
Equip. e Mat p/ Escrit, Inf. Comunic 33,78 50,84 7,01 -12,41 * *
Outros Art. Uso Pessoal e Doméstico 10,06 10,35 10,83 12,30 * *
Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal de Comércio
Categorias de Uso
Bens de capital -3,1 1,1 3,9 18,1
Bens intermediários -1,2 1,1 2,6 7,2
Bens de consumo -1,6 8,7 8,5 8,6
Duráveis 11,8 22,4 12,6 22,2
Semidur. e não duráveis -4,3 5,3 7,5 5,4
Indústria geral -1,2 4,4 5,2 8,6
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de indústria
Tabela 3.3 - Brasil: Indicadores da Produção
Industrial por Categorias de Uso
Fev05/
Jan05
Fev05/
Fev04
Acum. no
ano
Acum. 12
meses
meses seguintes, ainda que não
seja nos mesmos níveis de 2004.
A demanda externa ainda deve
ser um fator de estímulo à
produção, e o aumento do
salário mínimo para R$ 300,00
deve aquecer um pouco a
demanda interna por bens de
consumo não duráveis. A
produção industrial do Espírito
Santo não foi muito diferente do
resto do país, apresentando no
mês de fevereiro uma variação
anterior. Apesar disso, o crescimento em
negativa de 0,14% (tabela 3.4) ao se comparar
relação a fevereiro de 2004 foi de 4,4% e a taxa
os resultados com o mesmo período do ano
acumulada no ano atingiu 5,2%. A produção
passado. Apesar dessa retração na produção,
de bens de capital apresentou um desempe-
o saldo do acumulado no ano foi positivo em
nho fraco, queda de 3,1% em fevereiro sobre
3,6% e dos últimos doze meses foi de 5,6%.
janeiro, descontadas as influências sazonais e
Uma das atividades que mais contribuíram
os bens intermediários tiveram queda de 1,2%.
para esse resultado negativo foi o ramo da
Somente a produção de bens duráveis de
metalurgia básica, que apresentou um
consumo apresentou uma taxa de crescimento
desempenho negativo de 6,34%; o setor de
significativa (11,8%), no mês. Os bens não
celulose, papel e produtos de papel também
duráveis tiveram um decréscimo de 4,3%
teve participação nos resultados negativos,
devido uma queda de produção de alimentos,
tendo diminuído 3,68%. Em contrapartida, o
remédios e bebidas, mas mantêm o cresci-
setor de alimentos e bebidas apresentou a
mento quando comparado esse resultado ao
maior taxa de crescimento (19,65%) contribuin-
saldo dos três últimos meses.
do assim, positivamente para uma menor
A produção industrial deve crescer nos
queda na taxa geral.
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 09
Fev05/ Acum.
Seções e Atividades fev/04 no ano
Industria Geral -0,14 3,64 5,59
Indústrias Extrativas 1,08 4,42 3,12
Indústrias de transformação -0,65 3,33 6,62
Alimentos e Bebidas 19,65 22,7 20,76
Celul., Papel e Prod. de Papel -3,68 2,19 2,62
Minerais não metálicos -0.93 -1,77 0,51
Metalurgia básica -6,.34 -2,52 5,67
Tabela 3.4 ES: Indicadores da Produção Industrial
Últ.12
meses
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de Indústria
4. EMPREGOS E SALÁRIOS
Tabela 4.1 - Taxa de desemprego (%)
IBGE DIEESE*
Meses 2004 2005 2004* 2005* 2004* 2005*
Dezembro 10,9 9,6 11,8 9,8 19,1 17,1
Janeiro 11,7 10,2 12,9 11,1 19,1 16,7
Fevereiro 12,0 10,6 13,6 11,5 19,8 17,1
Março 12,8 10,8 14,6 11,5 20,6 17,3
* Região Metropolitana de São Paulo
Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
A economia brasileira apresentou um de desemprego. Entretanto, as taxas de
notável crescimento em 2004, a maior taxa desemprego voltaram a subir no primeiro
observada desde 1994 quando o crescimento trimestre de2005 (tabela4.1).
foi de 5,9%. O crescimento do nível de A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do
produção tem uma relação inversa com o nível IBGE, que representa as seis maiores regiões
de desemprego. Reaquecimento da econo- metropolitanas do país, apresentou, em
mia em geral, significa mais
postos de trabalho para
ocupar e também mais
pessoas à procura de
trabalho, entusiasmadas
com a nova situação
econômica. Isso fica mais
claro quando se observa
dados do IBGE e os compara
com os do DIEESE. De
qualquer modo encerramos
o ano com taxas mais baixas
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 10
dezembro, uma taxa de desemprego de 9,6%, 9,4%, quando comparado com fevereiro de
e aumentou sucessivamente até 10,8%, em 2004. O rendimento médio real foi de R$
março de 2005. O IBGE também verificou que 932,90, um aumento de 1,0%, em relação a
em 2004 houve um aumento de 4,2% no janeiro e um aumento de 2,6% em relação a
contingente de trabalhadores com carteira fevereiro de 2004.
assinada do setor privado. Houve uma Em março, a taxa de desempre go
diminuição de 1,8% no rendimento médio do estimada pelo IBGE aumentou para 10,8%,
trabalhador quando comparado com o mês entretanto ficou abaixo dos 12,8% do mesmo
de novembro, e o poder de compra do mês do ano anterior. Por isso, todos os setores
trabalhador aumentou 1,9%, se confrontado mantiveram uma relativa estabilidade em
com dezembro do ano anterior. Analisando os relação ao mês anterior, com exceção de
setores que mais empregaram na economia, educação, saúde e administração pública,
destacam-se o comércio, reparação de que aumentou 3,9%. Na comparação com o
veículos automotores e de objetos pessoais e ano anterior, a indústria (8,5%), os serviços
domésticos e comércio a varejo de combustí- domésticos (7,6%) e os serviços prestados às
veis, empregando 19,9% da população empresas (6,9%) foram as atividades que mais
ocupada. contribuíram para a queda na taxa de
No mês de janeiro, a taxa de desocupação desemprego. Dentre as regiões metropolitanas
subiu para 10,2%. Também foi constatado que pesquisadas, Salvador é a que apresenta a
houve um acréscimo de 3,9% no número de maior taxa de desemprego (15,7%), seguida
trabalhadores com carteira assinada em por Recife (14,1%) e São Paulo (11,5%). Porto
comparação com janeiro de 2004, todavia o Alegre é a cidade com a menor taxa de
número de trabalhadores sem carteira desemprego, 7,9%. O rendimento médio real
assinada apresentou um aumento ainda maior, da população ocupada cresceu 0,5% em
de 8,1%. Em fevereiro, a taxa de desemprego relação ao mês anterior e 1,7% em relação ao
continuou subindo, chegando 10,6%. Os mesmo mês do ano anterior. No mês, apenas os
setores da economia que mais se sobressaíram empregados com registro em carteira tiveram
foram: comércio, reparação de veículos um aumento (0,8%) no rendimento médio, os
automotores e de objetos pessoais e domésti- empregados sem carteira (-0,6%) e os
cos, comércio a varejo de combustível, trabalhadores por conta própria (-0,4%) tiveram
representando 20,2% da população ocupada. redução em seus rendimentos médios. O
A indústria extrativa, a de transformação e a de resultado positivoem relaçãoao anoanterior foi
distribuição de eletricidade, gás e água devido unicamente ao aumento do rendimen-
empregam 17,6% da população ocupada. to médio dos empregados sem registro em
Quanto ao número de pessoas desocupadas, carteira do setor privado (6,4%). As outras
houve um incremento de 5,0%, em relação a categorias sofreram perdas de 2,6%, conta
janeiro, porém foi registrado uma queda de própria, e 0,8%, empregados com carteira.
Tabela 4.2 - Saldo de admitidos e desligados - CAGED
Dez/04 Fev/05 No Ano 12 meses
Atividade Econômica Brasil ES Brasil ES Brasil ES Brasil ES
Extrativa Mineral -206 72 583 179 1.821 352 10.682 1.268
Ind. Transformação -111.737 -1.575 810 -355 33.654 -224 464.078 7.885
Serv Ind Ut Pública -961 -70 1.856 -18 4.521 -59 6.372 -129
Construção Civil -35.345 -755 910 556 8.789 1.253 43.941 3.777
Comércio 10.911 1.195 8.647 -435 19.833 -42 400.458 7.984
Serviços -66.281 -997 50.660 -361 105.161 679 488.866 11.818
Admin. Pública -22.909 -21 11.217 301 12.827 376 3.149 592
Agropecuária -125.524 -799 -1.420 71 2.640 -89 55.755 2.705
Saldo* -352.093 -2.590 73.285 -62 189.257 2.246 1.473.353 35.900
O item Outros está contabilizado em Saldo
Fonte: MTE - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
São Paulo é a região metropolitana que ções foram dos serviços industriais de utilidade
concentra a maior massa de trabalhadores no pública (6.372 novas vagas) e da administra-
país, 9,9 milhões segundo o DIEESE, e a maior ção pública(3.149 vagas).Não severificou, no
massa de desempregados, 1,7 milhão, em período, nenhum saldo negativo, diferente-
março de 2005. Após a queda observada em mente do que ocorreu um ano antes, quando a
2004, as taxas de desemprego na região construção civil registrou a redução de 19.480
voltaram a crescer no primeiro trimestre de contratos de trabalho. No mês de dezembro de
2005, mantendo-se, no entanto, em torno de 2004, o CAGED registrou um saldo negativo em
2,0 p.p. abaixo das taxas estimadas para o 352.093 vagas em todo o território nacional,
primeiro trimestre de 2004. Do total de desem- sendo queas atividadeseconômicas quemais
pregados, 1,08 milhão estão no grupo do contribuíram para tamanho fechamento de
desemprego aberto, 467mil são desemprega- postos de trabalho formal foram a agropecuá-
dos ocultos pelo trabalho precário e 167 mil, ria (-125.524), a indústria de transformação (-
pelo desalento. O aumento na taxa de 111.737) e a de serviços (-66.281). Apenas o
desemprego ocorreu em parte devido ao comércio apresentou uma ampliação na
aumento na população economicamente oferta de empregos (10.911), devido à
ativa, dos 43 mil novos ingressantes no peculiaridade do mês em questão, que
mercado de trabalho, apenas 15 mil consegui- abarca as festas de fim-de-ano, tendo todas as
ram ocupação. outras atividades apresentado saldos negati-
O CAGED - Cadastro Geral de Empregados vos.
e Desempregados - registrou para os últimos Nos dois primeiros meses de 2005, houve a
doze meses, encerrados em fevereiro, criação de 189.257 novos vínculos empregatí-
1.473.353 novas vagas no Brasil, das quais cios, sendo que o mês de janeiro contribuiu
488.866 pelo setor de serviços, 464.078 pela mais fortemente para o saldo positivo
indústria de transformação e 400.458 pelo (115.972). No entanto, ao se comparar a
comércio (tabela 4.2). As menores participa- quantidade de novas vagas criadas no
primeiro bimestre com
a do mesmo período
de 2004 (239.180)
o b s e r v a - s e u m a
redução de 20,9%, o
que aponta para uma
desaceleração do
crescimento da oferta
de empregos no
mercado formal. Duas
d a s a t i v i d a d e s
econômicas que mais
contribuíram para o
resultado de 2004, a
indústria de transfor-
mação e a agrope-
cuária, tiveram uma
importante participa-
ção nessa desacele-
ração, ofertando,
respectivamente,
apenas 33.654 e
2.640 postos adicio-
nais em 2005. Para o
Espírito Santo, os
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 11
Tabela 4.3 – Variação mensal e acumulada do pessoal ocupado
por gênero de atividade no ES (%)
Discriminação Dez/04 Jan/05 Fev/04 No ano 12 meses
Ind. Extrativa Mineral 0,23 1,47 2,61 1,47 7,34
Minerais não Metálicos 0,07 1,11 0,70 1,11 6,08
Metalúrgica 0,55 -0,28 0,18 -0,28 2,10
Mecânica -8,12 -4,32 1,82 -4,32 37,21
Mat. Elétr. e de Comum. -3,91 10,18 -2,12 10,18 72,28
Material de Transporte 1,19 2,34 2,93 2,34 9,62
Madeira 3,17 4,30 -2,07 4,30 23,22
Mobiliário -0,68 0,88 1,90 0,88 14,55
Papel e Papelão 0,32 0,06 -0,07 0,06 2,85
Borracha 1,63 -4,80 -2,42 -4,80 -5,53
Química -7,90 -1,37 2,16 -1,37 23,18
Material Plástico -0,61 0,62 2,22 0,62 6,32
Têxtil 1,52 0,87 2,05 0,87 12,32
Vestuário e Calçados -5,82 0,32 1,09 0,32 6,94
Produtos Alimentares -3,25 -2,73 -5,06 -2,73 6,20
Bebidas 1,72 -1,36 -1,26 -1,36 15,92
Editorial e Gráfica 0,25 -0,08 -0,66 -0,08 -0,24
Indústrias Diversas -5,00 0,00 -4,38 0,00 -4,40
Outros -1,32 1,33 0,00 1,33 -16,25
Construção Civil -0,66 2,99 -1,82 2,99 3,97
Utilidade Pública -0,13 0,00 0,29 0,00 -2,13
Total da Indústria -0,76 0,40 0,08 0,40 5,51
Fonte: IEL-ES
mais contrataram foram as
indústrias de material
elétrico e de comunica-
ções (10,18%) e a de
madeira (4,30%). Enquanto
as indústrias dos segmentos
de borracha (-4,80),
mecânicos (-4,32%) e
produtos alimentares (-
dados do CAGED indicam que o emprego 2,73%), foram as que mais
formal apresentou saldo de 36.007 novas vagas demitiram. As contratações se explicam pelo
no ano de 2004, um crescimento de 2.246 incremento da demanda, fechamento de
vínculos no primeiro bimestre do ano e um grandes contratos, início de obras civis e
acumulado no ano de 35.900 novos empregos. contratações para atividades anteriormente
Contrariamente ao que vinha ocorrendo terceirizadas na indústria de madeira. As
durante o ano de 2004, o mês de dezembro contratações ocorreram mais nas pequenas
apresentou um saldo negativo de 2.590 vagas, (0,41%) e médias (1,38%) empresas, enquanto
provocado principalmente pela redução de as grandes empresas (-0,77%) reduziram as
vínculos de trabalho na indústria de transforma- vagas.
ção (-1.575), serviços (-997), agropecuária (- Nos últimos 12 meses, segundo o IEL-ES, o
799) e construção civil (-755). Em todos os outros nível de emprego na indústria capixaba se
meses do ano, exceto junho (-302) e dezembro elevou em 5,51%. O maior número de vagas foi
(-2.590), o saldo foi positivo. A atividade de gerado nas empresas de material elétrico e de
serviços foi aquela com melhor resultado nos comunicação (72,28%), seguido pelas
últimos doze meses, representando um indústrias do setor de mecânica (37,21%). Os
crescimento de 11.818 novos postos de saldos negativos mais acentuados foram
trabalho formal no Espírito Santo, seguido do registrados pelas empresas dos gêneros de
comércio (7.984), indústria de transformação couros e peles, produtos farmacêuticos,
(7.885) e agropecuária (2.705). O pior desem- veterinários e perfumaria, sabões e velas (-
penho ficou com os serviços industriais de 16,25%), e borracha (-5,53%). Em 2004, as
utilidade pública (-129) e com a administração indústrias dos setores de material elétrico e de
pública (592). comunicação (49,08%), de madeira (40,61%),
Nos dois primeiros meses de 2004 foram química (23,08) e bebidas (18,18), foram as
criados 2.353 novos postos de trabalho e no campeãs em contratações. Os dados de
mesmo período de 2005 houve um leve intermediação de mão-de-obra do SINE-ES -
aumento para 2.246. Porém, foi no mês de Sistema Nacional do Emprego do Ministério do
fevereiro que ocorreu a maior diferença. Em Trabalho e Emprego - (tabela 4.4), evidenciam
2004, o saldo foi positivo em 548, e a atividade o grande aumento de procura potencial por
econômica que mais contribuiu foi a de emprego em janeiro (5.592) e fevereiro (5.679)
serviços, com 520 novos postos de trabalho. Em de 2005, em relação ao mesmos meses de
fevereiro de 2005, surgiu um déficit, sendo o 2004, registrando crescimento de 19,34% e
comércio (-435) o setor que mais contribuiu 38,14% respectivamente. A oferta potencial
para o resultado negativo. O nível de emprego também cresceu fortemente de 1.100, em
estimado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES), da janeiro de 2004, para 2031, em 2005. Em
Federação das Indústrias do Espírito Santo fevereiro, o crescimento foi de 755 para 1.312
(FINDES), registrou, no mês de janeiro de 2005, vagas captadas. No total, o SINE cadastrou
um incremento de 0,4%, em relação a 11.271 trabalhadores no primeiro bimestre de
dezembro de 2004 (tabela 4.3). No mês, a 2005 e encaminhou 5.214 candidatos para as
indústria capixaba contratou 465 trabalhado- 3.343 vagas captadas, tendo sido contratados
res, o que representa uma elevação de 0,6% se 1.402 pessoas, que resultou na taxa de
comparado a janeiro de 2004. Os setores que alocação de 41.94%.
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 12
Tabela 4.4 - Intermediação de mão de obra no ES
Especificação Fev/04 Dez/04 Jan/05 Fev/05 No Ano
M.O. cadastrada 3.613 4.395 5.592 5.679 11.271
Vagas captadas 755 1.244 2.031 1.312 3.343
M.O. encaminhada 1.439 1.900 2.872 2.342 5.214
M.O. colocada 364 503 782 620 1.402
Taxa de alocação(%) 48,21 40,43 38,50 47,26 41,94
Fonte: SINE
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 13
5. POLÍTICA MONETÁRIA
Os dados da tabela 5.1 revelam que insistentes declarações contra a intervenção no
iniciamos o ano de 2005 com movimentos de mercado de câmbio e com a justificativa de
contração da base monetária. Em janeiro, o recomposição das reservas internacionais, o
saldo da base monetária estimado no final do Banco Central tem expandido a base através
período, atingiu R$ 83,5 bilhões (redução de da compra de divisas. Essas operações
5,9% no mês), e de R$ 79,1 bilhões (redução de geraram uma expansão de R$ 23,6 bilhões na
5,2%), em fevereiro. O total de papel moeda base monetária, entre dezembro e fevereiro. A
emitido diminuiu 10,2%, em janeiro, e 2,3%, em operação realizada para a compensação
fevereiro, as reservas bancárias aumentaram desses movimentos, condicionada pelo
3,8% e diminuíram 11,1%, nos dois meses. No movimento das reservas bancárias e pelo
acumulado do primeiro bimestre, a variação vencimento dos títulos, são as operações com
da basefoi de-10,8%. títulos públicos. Nos dois últimos meses do ano,
A oferta de moeda é estimada pelo o Banco Central colocou R$ 18,5 bilhões
estoque de meios de pagamentos que, por através da compra de títulos do Tesouro e retirou
definição, é constituída da soma de todo o R$ 21,9 bilhões nos dois meses seguintes,
papel-moeda que está em poder do público e através da venda de títulos. As demais opera-
dos depósitos à vista do público junto aos ções são marginais em relação ao conjunto e
bancos comerciais. No mês de fevereiro, os não afetaram significativamente a base
meios de pagamento (M1), medido pela monetária.
média dos saldos diários, atingiram R$ 120,7 Com exceção dos meses de janeiro e
bilhões, uma redução de 3% no mês, mas um dezembro de 2004, o Banco Central evitou a
incremento de 20,3%, em doze meses. Os intervenção no mercado de câmbio, apresen-
saldos do papel-moeda em poder do público e tando como resultado, nesses dez meses, um
dos depósitos à vista apresentaram quedas de impacto negativo na base monetária de
4,6% e de 2,0%, respectivamente. apenas R$ 26,3 milhões. A mudança de
A síntese da política monetária executada postura, depois do final do ano, reflete em parte
pelo Banco Central nos últimos meses de 2004 a enorme pressão dos grupos interessados na
e início de 2005 está registrada na tabela 5.2. desvalorização do real, principalmente os
Nela observamos um aumento na base exportadores. O maior problema que o
monetária nos dois últimos meses do ano no desenho da política monetária coloca para o
total de R$ 17,0 bilhões e uma redução de R$ governo é que a aquisição de divisas pressupõe
9,6, nos dois primeiros meses do ano. As a troca por dívida mobiliária, a primeira pode
operações realizadas por conta do Tesouro render juros a taxas muito baixas e a segunda
Nacional refletem a política de obtenção de pagamentos de taxas muito elevadas.
um elevado superávit primário, através da Taxade juros
restrição de gastos que conduz a uma retração Em reunião realizada nos dias 15 e 16 de
na base monetária. Por outro lado, apesar das março, o COPOM decidiu por unanimidade
Tabela 5.1 - Base monetária, componentes e meios de pagamentos
Saldos em final de período (em R$ milhões) e variação mensal (%)
fev/04 dez/04 jan/05 fev/05
Componentes R$ % R$ % R$ % R$ %
Base Monetária 68.869 0,0 88.733 18,2 83.471 -5,9 79.116 -5,2
Papel moeda emitido 46.011 -0,1 61.936 18,8 55.647 -10,2 54.394 -2,3
Reservas bancárias 22.858 0,1 26.797 16,8 27.824 3,8 24.722 -11,1
Meios de Pagamento* 100.295 -2,4 127.129 12,3 124.415 -2,1 120.678 -3,0
Moeda em poder do público 39.074 -3,1 51.024 18,5 49.073 -3,8 46.808 -4,6
Depósitos à vista 61.221 -1,9 76.105 8,6 75.342 -1,0 73.871 -2,0
Os meios de pagamento referem-se à média dos saldos nos dias úteis.
Fonte: BCB. Nota para a imprensa- 23.3.2005.
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 14
através da capitaliza-
ção das taxas diárias
durante o número de
dias úteis em um
período de 30 dias,
continuam elevadíssi-
mas. A taxa para o
cheque especial, em
o p e r a ç õ e s p r é -
fixadas, estimadas
para o período entre
26/04 a 02/05, chegacontinuar com o "ajuste" monetário que vem
a 12,68% que, anualizada, atinge 319,0%executando desde a segunda metade de
(Banco Schahin). Os principais bancos estatais,2004, aumentando a taxa SELIC para 19,25 %
o Banco do Brasil (7,86%) e a Caixa Econômicaa.a., sem viés.
Federal (7,38%), ainda oferecem taxas menosApesar dos indicadores econômicos
elevadas do que os maiores bancos privadosestarem apresentando uma evolução que
nacionais como o Bradesco (8,23) e o Itaúpoderia ser considerada satisfatória, com taxas
(7,92%) ou do que os maiores bancos estrange-de crescimento impulsionadas principalmente
iros como o Banespa (7,89%), o ABN-AMROpelo setor externo, os membros do comitê
(7,65%) e o HSBC (8,13%). A menor taxa para oconsideraram mais prudente manter uma
cheque especial é cobrada pelo bancopolítica monetária de caráter mais restritivo por
Votorantim, apenas 1,62% ou 21,27% ao ano.observarem uma evolução nas projeções das
As taxas cobradas para o crédito pessoalexpectativas da inflação futura. Dessa maneira,
atingem níveis ainda mais elevados. A Crefisaesta política se explica pela clara adoção de
(19,51%) e o Banco Ibi (13,74%) cobram asum instrumental focado na oferta como fica
maiores taxas. A taxa da Crefisa anualizadaevidente pela própria ata: "em função da forte
chega a 748,89%. Os maiores bancos estataisexpansão na atividade desde o fim de 2003,
cobram taxas mensais que vão de 3,13%um foco importante de preocupação em
(Caixa Econômica Federal) e 4,04% (Banco dorelação à dinâmica prospectiva da inflação
Brasil), os bancos privados nacionais cobramcontinua sendo o desempenho da oferta
entre 4,91% (Bradesco) e 5,71% (Itaú), e osagregada nos próximos trimestres".
maiores bancos estrangeiros cobram entreAssim, a política de aumento sistemático da
4,15% (Banespa) e 10,23% (ABN-AMRO).taxa básica de juros continua, segundo o
Para as pessoas jurídicas, as operações deprisma do monetarismo mais ortodoxo possível,
crédito mais importantes, que representam orecebendo, incrivelmente, até criticas do Fundo
maior volume de negócios, são os empréstimosMonetário Internacional (FMI). As críticas são
para capital de giro, a conta garantida e ascontra a dosagem e não quanto aos seus
antecipações de contratos de câmbio (ACC).fundamentos, que tem embasamento nos
Juntas elas representavam 57,47% dospróprios princípios do fundo. A taxa média de
empréstimos tomados pelas pessoas jurídicas,juros cobrada nas operações de crédito com
em fevereiro de 2005. As taxas mensais efetivasrecursos livres do sistema bancário chegou a
pré-fixadas, para empréstimos a título de64,0% para pessoas físicas e 42,9% para
capital de giro, estimadas pelo Banco Central,pessoas jurídicas, nas operações pré-fixadas,
para o período entre 26/04/05 e 02/05/05,no mês de fevereiro. Para as pessoas físicas, as
variavam entre 0,52% (Banco Keb do Brasil) eoperações de crédito para o cheque especial,
5,74% (Banco Sudameris do Brasil). Os cincocrédito pessoal e para aquisição de bens
maiores bancos brasileiros cobravam respecti-representam, a taxas pré-fixadas, 86,61% dos
vamente as seguintes taxas mensais: BB, 2,29%,empréstimos.
CEF, 2,65%, Bradesco, 3,29%, Itaú, 2,93% eAs taxas mensais de juros cobradas pelos
Unibanco 2,28%. Para a conta garantida, osbancos nas operações de crédito, calculadas
Tabela 5.2 - Fatores condicionantes da base monetária
Fluxos acumulados no mês (R$ milhões)
Período
Tesouro
Nacional
Títulos
Públicos
Setor
Externo
Assist.
Finan.
Depó-
sitos
Outras
Contas*
Var. da
Base
Nov/04 -1.225 6.295 9 -1 110 -1.763 3.425
Dez/04 -2.789 12.184 7.186 -1 -1.578 -1.367 13.635
Jan/05 2.988 -14.841 6.876 22 388 -695 -5.261
Fev/05 -6.815 -7.080 9.576 -24 312 -324 -4.355
* Inclui operações com derivativos
Fonte: BCB. Nota para a imprensa.
bancos cobravam até 8,40% (banco Sofisa), ao fevereiro de 2005, de 1,4% no mês e 4,1% no
mês. Dentre os cinco maiores bancos, o Banco trimestre. Os empréstimos para pessoas físicas,
do Brasil cobra a maior taxa, 5,01% e a Caixa com incremento de 2,7% no mês, 8,7% no
Econômica Federal, em 28o lugar, 2,95%, a trimestre, foram os que mais cresceram. O custo
menor taxa. médio dos empréstimos com recursos livres
Operações de crédito O total dos emprésti- atingiu 47,5% a.a. em fevereiro de 2005. A
mos efetuados pelo sistema financeiro brasileiro elevação do custo médio das operações de
até fevereiro de 2005, (tabela 5.3), foi de R$ crédito com recursos livres foi reflexo da alta nas
498,3 bilhões, ele apresentou expansão de taxas dos contratos com pessoas físicas, com
1,4% no mês, 3,9% no trimestre e 2,7 % no ano. destaque para o aumento na taxa de juros do
Desse total, R$ 19,1 bilhões, foi contraído pelo cheque especial e para as operações de
setor público e R$ 479,2 bilhões pelo setor crédito pessoal. As taxas médias de juros nos
privado. Os governos estaduais e municipais empréstimos para aquisição de veículos e de
devem R$ 14,2 bilhões, uma variação de 0,3% bens diminuíram.
no mês, e 32,9% na comparação com o mês A distribuição das operações de crédito,
de fevereiro de 2004. O governo federal, com efetuada pelo sistema financeiro, segundo
saldo de R$ 5,0 bilhões, apresentou queda de níveis de risco mostram que as dívidas vencidas
0,4% no mês e 1,6% em relação ao mesmo com mais de 180 dias de atraso,classificação H,
mês do ano anterior. A relação entre o volume diminuíram 0,1 p.p. no mês e 0,6 p.p. no ano. Por
de crédito do sistema financeiro brasileiro e o PIB outro lado, as dívidas não vencidas e aquelas
foi de 26,7%, em fevereiro de 2005, evoluindo com até 15 dias de atraso, mantiveram-se
positivamente em 0,2 p.p. se comparado a estáveis, mas diminuíram de 61,0%, em
janeiro de 2005 ( 26,5%) e 1,4 p.p. em relação a fevereiro de 2004, para 60,3%, em 2005. A
fevereiro de 2004 (25,3%). diferença levou a um aumento nas dívidas
O volume de crédito do sistema financeiro classificadas entre as faixas B e G, que passou de
brasileiro, em fevereiro de 2005, foi mais 35,4%, em fevereiro de 2004, para 36,7%, em
significativo na carteira de crédito com recursos 2005. A maior parte da inadimplência concen-
livres (R$ 284,5 bilhões), registrou crescimento tra-se nos governos estaduais e municipais
de 2,5% no mês, os empréstimos para pessoas (9,0%), nos créditos do sistema financeiro da
físicas cresceram 3,2% e 2,0% para pessoas habitação (6,1%) e nas pessoas físicas (4,8%). O
jurídicas. Por outro lado, os recursos direcionados governo federal é o melhor cliente, 95,7% de
(R$ 179,7 bilhões) apresentaram retração de - suas dívidas ou não estão vencidas ou estão
0,4%, no mês. Os empréstimos do BNDES, no somente com até 15 dias de atraso, o pior são os
valor de R$ 96,4 bilhões, que representam compradores de casa própria, com apenas
53,6% dos recursosdirecionados, retraíram0,7% 40,0 de suas dívidas não vencidas ou com duas
no mês de fevereiro. O crescimento nos semanas de atraso.
empréstimos para o setor privado foi, em
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 15
Tabela 5.3 - Operações de crédito do sistema financeiro - saldos em final de período (R$ milhões)
e classificação das faixas de risco do saldo das operações
Setor Público Setor Privado
Meses Governo Governo Total Set. Indús- Habi- Rural Comér Pess. Outros Total Set. Total
Federal Mun/Est. Público tria tação cio Física Serv. Privado Geral
Dez/04 5.041 14.161 19.202 124.939 25.775 55.293 54.667 125.691 79.444 465.809 485.011
Jan/05 5.000 14.131 19.131 125.347 25.940 55.342 55.178 129.413 81.301 472.521 491.652
Fev/05 4.981 14.168 19.149 126.684 26.028 55.231 56.727 132.853 81.633 479.156 498.305
Faixa de Risco (fevereiro de 2005 %)
AA+A 95,70 63,00 71,50 65,01 40,00 57,80 55,90 60,90 60,60 59,80 60,30
B até G 4,30 28,00 21,80 33,20 54,10 40,90 41,70 34.30 37,40 37,30 36,70
H 0,00 9,00 6,60 1,70 6,10 1,40 2,30 4.80 1,90 2,90 3,00
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: BCB - Nota para a imprensa
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 16
6. POLÍTICA FISCAL
Para um analista político é uma tarefa árdua Receita Federal e de Política Econômica),
caracterizar um governo como o atual. Definir guardiões do receituário ortodoxo. A busca
se ele é conservador, populista, desenvolvi- pela estabilidade dos preços torna-se um fator
mentista ou neoliberal é rotulá-lo sem que o seu limitador não apenas das despesas correntes
comportamento, no geral, corresponda do governo, mas também da política econômi-
inteiramente a uma dessas classificações. Na ca. Prova disso são os resultados do Tesouro
verdade, no bojo das eleições, a tentativa de Nacional e a aprovação, no final do ano de
aliar diferentes setores da sociedade mostrava- 2004, das Parcerias Público-Privadas (PPPs) cujo
se como um esforço positivo na construção do mecanismo isenta o governo de prover a
tão solene pacto social e, dessa maneira, seria totalidade dos investimentos que pretende
possível trazer o país de volta aos trilhos do realizar, cabendo à iniciativa privada essa
desenvolvimento, parafraseando uma das tarefa.
possíveis metáforas utilizadas pelo presidente Em março de 2005, venceu o acordo
da república para explicar aos brasileiros o seu firmado com o Fundo Monetário Internacional
projeto de desenvolvimento. (FMI) em dezembro de 1998 e prorrogado em
Entretanto, no que tange a política fiscal, dezembro de 2003. Economistas contrários à
fica evidente a utilização dos princípios da visão do mainstream, acreditam que o atual
corrente ortodoxa. O próprio Lula evita comen- modelo é uma imposição de fortes atores,
tar a fundo essa prática, apenas enfatiza a dentre eles o Fundo, em seu papel determinan-
necessidade de controle da inflação e do te para a adoção do regime de metas de
cumprimento de contratos, tendo em vista, inflação, mas se questionam sobre quais seriam
possivelmente, a evitar a deterioração de sua as atitudes do governo federal diante da
imagem política no despontar das eleições suspensão das metas oficiais do acordo.
presidenciais de 2006. O fato é que a política A tabela 6.1, que trata das receitas e gastos
fiscal é comandada diretamente pelo não financeiros do governo central, aponta
Ministério da Fazenda e suas secretarias para a continuidade da política fiscal contraci-
(notadamente a do Tesouro Nacional, da onista que vem predominando durante os
Tabela 6.1 - Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões)
Discriminação Dez/03 Jan-Dez/03 Out/04 Nov/04 Dez/04 Jan-Dez/04
I. RECEITATOTAL 37.018,0 358.883,2 36.281,3 34.076,2 48.154,4 423.688,0
I.1. Receita do Tesouro 24.720,4 277.159,9 28.410,3 26.258,7 34.703,0 328.686,7
I.2. Receita da Prev. Social 12.297,6 80.730,1 7.758,70 7.680,8 13.318,7 93.765,4
I.3. Receita do Banco Central¹ 993,1 112,2 136,8 132,7 1.236,0
II. TRANF. A EST. E MUNIC. 4.933,4 60.226,2 5.704,00 6.220,5 6.342,8 67.557,4
III. RECEITALÍQUIDA TOTAL (I-II) 32.084,6 298.657,0 30.577,3 27.855,7 41.811,6 356.130,6
IV. DESPESATOTAL 37.778,4 259.367,9 25.821,6 26.135,2 44.565,7 306.742,6
IV.1. Pessoal e Enc. Sociais 9.098,0 78.068,7 7.119,6 8.106,9 11.008,8 87.728,7
IV.2. Benef. Previdenciários 16.556,7 107.134,8 10.314,1 10.141,8 19.922,2 125.750,8
IV.3. Custeio e Capital 12.066,7 72.451,6 8.191,9 7.669,3 13.290,0 91.068,7
IV.4. Transf. do Tesouro ao BC 56,9 525 63,7 54,6 72,7 622,1
IV.5. Despesas do B. Central¹ 1.187,8 132,3 162,6 271,9 1.572,4
V. RES. PRIM. GOV. CENTRAL -5.669,5 39.289,1 4.755,7 1.720,5 -2.754,1 49.388,0
V.1. Tesouro Nacional -1.434,7 65.888,4 7.331,1 4.207,4 3.988,7 81.709,8
V.2. Previdência Social (RGPS) -4.259,1 -26.404,7 -2.555,3 -2.461,1 -6.603,5 -31.985,4
V.3. Banco Central¹ 24,4 -194,7 -20,1 -25,8 -139,3 -336,4
VI. RES. PRIMÁRIO/PIB (%) 2,52% 2,80%
¹ Para dezembro 2003 o resultado do Banco Central foi apresentado apenas consolidado.
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional – Ministério da Fazenda.
últimos anos noBrasil. O crescimento expressivo atingiu R$ 356,1 bilhões em comparação a R$
das receitas do governo central continua 298,7 bilhões, do ano anterior, ou seja, 19,3%
acompanhado da contenção, ou de um de expansão. Se considerarmos a inflação
crescimento lento, dos gastos governamentais, medida pelo IPCA de 7,6% e o crescimento de
como forma de garantir a geração de 5,2% do PIB (apurado pelo IBGE), durante do
superávits primários. Durante o ano de 2004, ano de 2004, fica claro o aumento da carga
assiste-se à intensificação do ajuste fiscal do tributária. Destaca-se o fato de que todos os
governo, porém com seus efeitos atenuados componentes do governo central (Tesouro
pelo crescimento econômico registrado ao Nacional, Banco Central e Previdência Social)
longodo ano. obtiveram aumento significativo em suas
As receitas passaram de R$ 37,0 bilhões, em receitas, respectivamente 18,6%, 24,5% e
dezembro de 2003, para R$ 48,1 bilhões em 16,1%.
dezembro de 2004, um crescimento de 30%. Os dados permitem mais uma vez enfatizar
Mesmo se considerarmos as transferências para que o crescimento das despesas do governo
estados e municípios, ainda assim observa-se central dá-se em ritmo mais lento do que o das
um aumento considerável da receita líquida, receitas. Durante o ano de 2004, as despesas
de R$ 32,0 bilhões para R$ 41,8 bilhões totais do governo central passaram de R$ 259,4
(acréscimo de 30,3%) na comparação entre os bilhões (resultado acumulado em dezembro de
dois meses. 2003) para R$ 306,7 bilhões, o que representa
As transferências constitucionais para aumento de 18,3%, inferior ao acréscimo da
estados e municípios receberam acréscimo receita líquida.
importante durante o ano de 2004. Este Dentre as despesas do governo destaca-se
resultado pode ser creditado ao crescimento o item custeio e capital, cuja rubrica passou de
da economia e conseqüente aumento no fluxo R$ 72,5 bilhões para R$ 91,1 bilhões, quando
de mercadorias e serviços. Com o incremento comparados os resultados acumulados dos
na arrecadação de impostos, o repasse feito a anos de 2003 e 2004, respectivamente. Outro
esses entes federativos toma maior importân- item que apresentou acréscimo relevante
cia. Se comparados, os resultados acumulados foram as despesas do Banco Central, de R$ 1,2
nos anos de 2003 e de 2004 revelam um bilhão para R$ 1,6 bilhão.
aumento das transferências da ordem de Como resultado desses movimentos, tanto
12,2%. da receita quanto da despesa do governo
Não obstante esse aumento das transferên- central, houve um aumento da relação entre
cias a estados e municípios, durante o ano de superávit primário e PIB considerando-se o
2004, a receita líquida do governo central resultado final de 2003 e 2004. A relação
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 17
Tabela 6.2 - Necessidade de Financiamento do Setor Público (R$ milhões)
Discriminação Dez/03
Jan-
Dez/03
Out/04 Nov/04 Dez/04
Jan-
Dez/04
I. Resultado Primário 4.121 -66.173 -8.200 -6.857 3.716 -81.112
I.1. Governo Central 7.511 -38.744 -5.515 -2.477 3.110 -52.385
I.2. Governos Regionais 596 -13.821 -1.274 -1.433 379 -17.482
I.3. Empresas Estatais -3.986 -13.608 -1.411 -2.947 228 -11.245
II. Juros Nominais 8.918 145.205 11.086 10.317 11.569 128.256
II.1. Governo Central 5.674 100.896 8.703 7.297 6.748 79.419
II.2. Governos Regionais 3.128 40.824 2.489 2.984 4.183 51.464
II.3. Empresas Estatais 115 3.484 -107 37 638 -2.626
III. Resultado Nominal 13.039 79.032 2.885 3.460 15.285 47.144
III.1. Governo Central 13.185 62.153 3.188 4.820 9.857 27.033
III.2. Governos Regionais 3.725 27.002 1.215 1.550 4.562 33.982
III.3. Empresas Estatais -3.871 -10.123 -1.518 -2.910 866 -13.872
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 28.01.2005 (-) = superávit
ano anterior. Apenas o mês de
d e z e m b r o m o s t r o u - s e
destoante no último trimestre
(e na maioria dos outros
meses do ano). O fato de ter
apresentado um déficit
primário, deve-se às despesas
normais de final de ano. De
qualquer forma, os juros
devidos no período foram
menores do que em 2003, R$
128,26 bilhões, em 2004,
passou de 2,52% para 2,8%. Apesar do contra R$ 145,2 bilhões, em
aumento do déficit do Regime Geral de 2003, já o montante pago de juros no trimestre
Previdência Social (RGPS), que passou de R$ (R$ 33,0 bilhões) seria suficiente para cobrir o
26,4 bilhões para R$ 32,0 bilhões, a melhora do déficit da Previdência Social (R$ 31,98 bilhões)
resultado do Tesouro Nacional mais que durante todoo ano.
compensou essa dificuldade, com um saldo No período analisado pode-se observar
de R$ 81,7 bilhões em 2004 em comparação a uma melhora no resultado fiscal do governo
R$ 65,9 bilhões em 2003. federal, especificamente na proporção da
Diante do cenário apresentado,e conside- dívida líquida do setor público em relação ao
rando-se os fluxos mensais acumulados PIB. Em função do aumento do PIB, da combi-
durante o ano de 2004, a necessidade de nação de aperto fiscal e da apreciação
financiamento do setor público totalizou R$ cambial do real em relação ao dólar, o
47,1 bilhões (2,68% do PIB, tabela 6.2). Em endividamento do setor público cresceu em
outras palavras, embora o setor público uma proporção menor que nos anos anteriores.
(compreendido pelo governo central, estados, Como podemos observar na tabela 6.3,
municípios e empresas estatais) tenha em dezembro de 2003, o endividamento
alcançado um superávit primário descomunal estava em R$ 913,14 bilhões, o que representa-
de R$ 81,1 bilhões (4,61% do PIB, bem acima va 57,2% do PIB. Em dezembro de 2004, a
da meta com o FMI de 4,25% do PIB), ainda dívida atingiu o patamar de R$ 956,99 bilhões,
assim não foi o suficiente para cobrir o montan- embora tenha caído para 51,8%, como
te de pagamento de juros, R$ 128,3 bilhões proporção do PIB. A redução foi possível graças
(7,25% do PIB). ao crescimento da economia, tendo em vista
Na verdade, se dependesse do Governo que o PIB estimado pelo BC para o cálculo da
Federal (leia-se Ministério da Fazenda) o dívida passou de R$ 1,597 trilhão em 2003 para
superávit primário seria bem superior, já que R$ 1,847 trilhão em 2004. Só essa expansão
sozinho alcançou o valor de R$ 84,7 bilhões, teria sido suficiente para reduzir a relação entre
mas Banco Central e a previdência social dívida e PIB em 7,7 pontos percentuais ao longo
apresentaram déficits de R$ 336 milhões e R$ de 2004, segundo cálculos do BC.
32,0 bilhões, respectivamente (tabela 6.1). As Mesmo com a melhora da relação
empresas estatais, além de apresentarem um divida/PIB, devido ao crescimento do PIB, o total
resultado operacional superavitário, em 2004 dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional
tiveram resultados não-operacionais positivos atingiu R$ 1,1 trilhão, em dezembro de 2004,
em R$ 2,6 bilhões, número significativo um crescimento no seu estoque de 12,4%, no
considerando-se que em 2003 apresentaram ano. Desse total R$ 796,7 bilhões estão
um déficit de R$ 3,5 bilhões (tabela 6.2). colocados no mercado e R$ 302,9 bilhões
A economia feita pelo poder público em estão em carteira no Banco Central. Esse total,
2004 superouem 22,6%a contençãorealizada somado aos títulos do Banco Central, ainda no
em 2003. Por outro lado, o resultado nominal foi mercado, e as operações de mercado aberto
menor, aproximadamente 40% do obtido no elevaram a divida para R$ 857,47 bilhões, em
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 18
Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ bilhões)
Discriminação Dez/03 Out/04 Nov/04 Dez/04
Dívida Total Líquida 913,14 945,40 941,05 957,00
Governo Central 578,74 592,93 590,79 601,47
Governos regionais 316,71 346,66 347,00 351,05
Empresas Estatais 17,68 5,81 3,26 4,46
Dívida Total Líquida 913,14 945,4 941,05 957,00
Dívida líquida interna 726,68 783,63 787,26 818,06
Dívida líquida externa 186,46 161,78 153,79 138,93
DLSP em % do PIB 57,2 51,9 51,3 51,9
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 28.01.2005
dezembro de 2004 (8,9% superior a dezembro swap representavam 54,0%. Por outro lado, os
de 2003). títulos indexados à variação cambial com swap
Em 2004, a composição da dívida representam 9,3% e sem swap 4,9%. Outra
mobiliária, segundo os indexadores que forma de remuneração dos títulos que sofreu
determinam a remuneração de cada parcela um grande aumento em sua participação
dessa dívida, sofreu significativa alteração. A foram os títulos pré-fixados. Eles passaram de
parte da dívida remunerada pela taxa de juros 11,6%, emdezembro de2003, para19,0%, em
determinada pelo over/selic sofreu um dezembro de 2004. Esse tipo de título é objeto
aumento de 46,6% para 49,5% e a parte de demanda maior quando os aplicadores no
remunerada por juros e corrigida pela taxa de mercado esperam uma redução na taxa de
câmbio sofreu uma queda de 20,5% para juros futura ou da taxa de inflação. Os demais
9,3%. Aparentemente, isso significa uma menor indexadores como os índices de preço e as
exposição da dívida às possíveis crises cambiais operações de mercado aberto sofreram
decorrente de algum ataque especulativo. mudanças bem menores.
Entretanto, as dívidas indexadas à
selic e à taxa de câmbio são
protegidas por operações de
swap, ou seja contratos que
permitem a troca do indexador.
Assim, pode-se comprar títulos
indexados à selic com a opção
de troca pela variação cambial.
No caso de uma desvalorização
aguda, superior à taxa selic, a
aplicação estará protegida. Por
essa razão, os títulos indexados à
selic com swap representavam
49,5% do total e os títulos sem
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 19
7. SETOR EXTERNO
Mais uma vez a balança comercial do Brasil balança comercial brasileira podem ser
apresenta resultado positivo. Em 2004, o considerados positivos, por um lado, pois
superávit registrado foi de US$ 33,7 bilhões, um continuou a aumentarmesmo com oreal mais
crescimento de 35,9%, em relação a 2003 (US$ valorizado diante do dólar. Por outro lado
24,8 bilhões). É o maior saldo positivo da história podem ser considerados negativos, pois a
do país e o segundo recorde anual consecuti- valorização do real obviamente prejudica as
vo. Uma parcela importante do crescimento do exportações do país. Pode-se dizer que esse
PIB, em 2004, foi decorrente do resultado saldo continua positivo, porque as exportações
excepcional do comércio externo brasileiro. de hoje são referentes a contratos realizados há
Em 2005, a balança comercial continua meses atrás, mas, um outro fator que pode
apresentando resultado positivo e crescente. estar suavizando os efeitos da valorização
No primeiro bimestre do ano, o saldo foi de cambial é a manutenção dos preços altos das
cerca de US$ 5,0 bilhões, um aumento de 40% commodities que tem continuado no primeiro
em relação ao mesmo período do ano trimestre deste ano. A questão cambial é muito
passado. Esse saldo foi mais do que suficiente importante, pois uma taxa menos valorizada
para cobrir o déficit na conta de serviços e as contribui para um maior saldo entre as
remessas de rendas. Somando com o ingresso exportações e as importações e maior
por conta das transferências unilaterais o saldo quantidade dedivisas. Alémda valorizaçãona
em conta corrente já acumulou um total de taxa de câmbio, a falta de investimentos em
quase US$ 1,0 bilhão. Estes superávits na infra-estrutura e logística também pode afetar
Tabela 6.4 – Títulos Públicos Federais e Operações de
Mercado Aberto
Discriminação Dez/03 Out/04 Nov/04 Dez/04
Dívida total (R$ bilhões) 787,57 850,11 851,99 857,47
Indexadores (%)
Over/Selic* 46,6 49,5 49,6 49,5
Câmbio* 20,5 10,2 9,5 9,3
Prefixado 11,6 15,9 17,2 19,0
TR 1,7 1,7 1,7 2,6
Índices de preço 12,6 14,0 14,1 14,1
Oper. de merc. Aberto 7,1 8,7 7,9 5,5
* com operações de Swap
FONTE: BCB – Notas para a imprensa, 28.01.05
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 20
negativamente o saldo da balança brasileira. comercial e nas transações correntes como
Mesmo com o desempenho altamente um todo no ano de 2004, a conta capital e
favorável nos últimos anos, o Brasil ainda se financeira apresentou um resultado diferente
mantém no 29º lugar entre os 30 principais neste ano, pela primeira vez, desde 1988, o
importadores, em 2004, mas nem aparece no saldo foi negativo (tabela 7.2). Nos dois
ranking dos 30 principais exportadores. Por isso a primeiros meses deste ano, no entanto, a conta
forte pressão para que não se permita uma capital e financeira mostra um fluxo positivo,
valorização significativa do real diante do dólar. cujas entradas líquidas representaram um
O saldo da conta de transações correntes, montante de US$ 5,6 bilhões, 69,0% maior do
em 2004, apresentou um superávit de US$ 11,7 que o mesmoperíodo do anopassado.
bilhões, o melhor resultado já registrado desde A conta capital, onde são registradas as
o início da série histórica em 1947. Esse valor é transações relativasàs transferênciasunilaterais
equivalente a 1,94% do PIB (Produto Interno de capital e as aquisições/alienações de bens
Bruto), também recorde histórico. Nos meses não financeiros não produzidos (cessão de
iniciais de 2005, o saldo das transações marcas e patentes) fechou ano passado com
correntes em relação ao PIB apresenta uma saldo positivo de US$ 703 milhões. Nos dois
pequena redução, de 0,96% do PIB, para primeiros meses de 2005 essa sub-conta
0,92%. Deve-se considerar que este saldo acumulou um saldo de US$ 103 milhões,
positivo é o resultado exclusivamente do saldo resultado 9,6% maior que o do mesmo
superavitário da balança comercial, pois as período do ano passado.
remessas de juros, lucros e dividendos são cada A conta financeira, onde são registradas as
vez maiores, e sempre têm sido deficitário na transações mais importantes relativas à
conta de transações correntes. Ao contrário dos formação de ativos e passivos externos,
resultados positivos observados na balança apresentou um déficit de cerca de US$ 8,0
Tabela 7.1 –Conta de transações correntes (US$ milhões)
Discriminação fev/04 Ano/04 jan/05 fev/05 jan-fev/05
Balança comercial 1.969 33.693 2.183 2.786 4.969
Exportações 5.722 96.475 7.444 7.756 15.200
Importações 3.752 62.782 5.260 4.970 10.230
Serviços -180 -25.293 -272 -373 -641
Transportes -118 -2.081 -114 -100 -213
Rendas -1.819 -20.520 -1.365 -1.909 -3.907
Juros -1.248 -13.364 -1.021 -369 -2.238
Lucros e Dividendos -585 -7.338 -372 -100 -1.720
Transferências unilaterais 232 3.268 271 241 513
Transações correntes 202 11.669 818 117 935
Trans. Correntes/PIB (%) - 1,94 - - 0,92
Fonte: BCB – Notas para a imprensa
Tabela 7.2 –Conta capital e financeira (US$ milhões)
Discriminação fev/04 Ano/04 jan/05 fev/05 jan-fev/05
Conta capital e financeira -318 -7.310 1.187 4.407 5.594
Conta capital 55 703 51 52 103
Conta financeira -373 -8.013 1.136 4.355 5.492
Investimento direto 1.023 8.695 1.144 780 1.924
Invest. em carteira 957 -4.750 420 3.452 3.872
Derivativos 12 -677 20 74 94
Outros investimentos -2.366 -11.281 -448 50 398
Erros e omissões -190 -2.115 20 268 289
Resultado do balanço -306 2.244 2.025 4.792 6.817
Fonte: BCB – Notas para a imprensa
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 21
bilhões. Este ano, ao contrário, somente até mas apenas US$ 27,5 bilhões como reservas
fevereiro esta conta apresentou um saldo líquidas ajustadas das quais se excluem a
acumulado de US$ 5,5 bilhões,resultado 70,7% dívida decorrente do acordo com o FMI. As
maior do que no mesmo período do ano contínuas desvalorizações do dólar no
passado (US$ 3,2 bilhões). mercado interno de câmbio têm conduzido o
Os ingressos líquidos na modalidade de Banco central a efetuar volumosas compras,
investimento externo direto (IED) foram de US$ acelerando o aumento nas reservas internacio-
8,7 bilhões, no ano de 2004, resultado inferior nais. Assim, as reservas líquidas atingiram US$
ao obtido no ano anterior, US$ 9,9 bilhões. Até 39,5 bilhões, em março de 2005. Esse resultado
fevereiro deste ano a conta já acumula um foi obtido com a compra de US$ 10,3 bilhões,
saldo de US$ 1,9 bilhões. Os investimentos no primeiro trimestre do ano, associado a novos
carteira, que representam os fluxos de ativos e empréstimos tomados no mercado financeiro
passivos constituídos pela emissão de títulos de internacional, através do lançamento dos
crédito, comumente negociados em merca- bônus Euro15 e Global25, em fevereiro e do
dos secundários de papéis, acumulou em bônus Global 15, em março, totalizando US$
2004, saídas líquidas de US$ 4,7 bilhões, valor 2,9 bilhões de novos empréstimos.
bastante diverso do superávit de US$ 5,3 bilhões Considerando o período de dezembro de
ocorrido em 2003. Esse grupo terminou janeiro 2003 a dezembro de 2004, o montante total da
com um saldo positivo de US$ 420,0 milhões, dívida externa apresentou uma redução de
porém em fevereiro apresenta uma entrada 6,3%. No mesmo período, os resultados
bastante volumosa de US$ 3,5 bilhões, valor positivos do saldo externo de bens e serviços
quase 10 vezes maior do que o apresentado no permitiram a amortização de uma parcela da
mês de janeiro. O movimento na carteira de dívida total de longo prazo, ocasionando uma
derivativos apresentou um volume líquido de redução de 9,4% na dívida do setor privado e
negócios pouco significativo. de 4,2%, do setor público. Na dívida de curto
Nas transações contabilizadascomo outros prazo do setor privado houve uma redução de
investimentos (financiamentos concedidos por 7,1% e a dívida do setor público teve uma
exportadores estrangeiros e importadores redução de 90,1%. O saldo da balança
nacionais e aqueles provenientes do organis- comercial do Espírito Santo representou, em
mo e agências internacionais, como o Fundo janeiro e fevereiro de 2005, 4,38% do total da
Monetário Internacional) o balanço de balança comercial brasileira (US$ 4,97 bilhões).
pagamentos registrou saídas líquidas de US$ Em 2005, o saldo atingiu um total de US$ 217,8
11,3 bilhões no acumulado do ano de 2004. milhões 5,17% menor do que no mesmo
Apesar dosignificativo volumeregistrado como período do ano passado. Esta queda no saldo
erros e omissões (US$ -2,1 bilhões), indicando foi decorrente do crescimento espetacular das
fuga de capitais sem registro, o balanço de importações, que atingiu 57,5%. Assim,
pagamentos apresentou um resultado global mesmo com o crescimento de 33,0% nas
positivo no ano de 2004.
No entanto tal resultado
foi 3,8 vezes menor do
que aquele apresentado
no ano anterior, quando o
balanço fechou com
superávit de US$ 8,5
bilhões. O volume de
reservas brasileiras, no
conceito de liquidez
internacional, totalizou
US$ 52,9 bilhões, no mês
de dezembro de 2004,
Tabela 7.3 – Dívida externa (US$ milhões)
Discriminação dez/03 out/04 nov/04 Dez/04
1
Dívida médio e longo prazos 194.736 184.662 185.402 182.630
Setor público
1
119.785 115.381 116.218 114.712
Setor privado
2
74.950 69.281 69.184 67.918
Dívida de curto prazo 20.194 18.542 18.124 18.744
Setor público
1
11 9 9 1
Setor privado
2
20.183 18.533 18.115 18.743
Dívida externa total 214.930 203.204 203.527 201.374
Fonte: BCB – Notas para a imprensa
1. Não inclui o setor público financeiro
2. Inclui o setor público financeiro
de semi-manufaturados e
1 9 , 3 % d e p r o d u t o s
básicos, esse crescimento
não foi suficiente para
iniciar o ano com um saldo
favorável. Dentre as
importações, os produtos
básicos (96,2%) foram os
que mais cresceram, em
seguida foram os produtos
manufaturados (54,7%) e
por último os produtos
s e m i - m a n u f a t u r a d o s
(36,1%).exportações, decorrente do aumento de
83,2% nas de produtos manufaturados, 33,8%
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 22
8. INTERNACIONAL
Depois de uma nítida desaceleração na Na África, a perspectiva é de 5,4% de
taxa de crescimento econômico registrada variação no PIB, enquanto que no Oriente
em 2000, a economiamundial melhorou sua Médio é de 4,8%, na América Latina, 3,1%, e
performance a partir de meados de 2003. A no resto da Ásia, 6%. Somente China e Rússia,
taxa de crescimento média anual do PIB com previsão de crescer a 7,5%, se desta-
mundial foi de 4%, em 2003, passando para cam emrelação aosdemais.
4,9% em 2004. Essa variação difundiu-se a No momento onde a retomada econô-
quase todas regiões do mundo. Em 2003 e mica parecia se confirmar, pelo menos em
2004, a taxa de crescimento do PIB foi de, relação aos anos anteriores, e onde o preço
respectivamente, 1,9% e 3,1% no conjunto do petróleo está elevado, o controle no nível
dos países desenvolvidos: 3% e 4,3% nos EUA de preços permanecerá como prioridade
(que participa com 21,2% do PIB mundial), absoluta das autoridades monetárias. Nos
2,5% e 3,7% no Japão (7,1% do PIB mundial) países da tríade, o nível de preços, em 2004 e
e 1,1% e 2,3% na União Européia integrada 2005, foi estimado em 2,6% e 2,5% nos EUA, -
pelos 25 países (21,5% do PIB mundial). Já 0,1% e 0,1% no Japão, e 2,1% e 1,8% na
nos países ditos 'em desenvolvimento', as zona do euro.
taxas foram de, respectivamente: 7,3% e Os cenários de crescimento parecem
7,1% na Rússia (2,7% do PIB mundial), 9,1% e bastante otimistas, subestimando os
8,7% na China (12,7% do PIB mundial), 6,9% consideráveis riscos presentes na economia
e 6,3% no resto da Asia (13,5% do PIB mundial. Além da tendência natural do
mundial), 1,9% e 5,5% na América Latina capitalismo à geração de crises constantes,
(7,9% do PIB mundial), 4,3% e 4,5% na Africa a hegemoniado dólare acriação decrédito
(3,2% do PIB mundial) e 6% e 5,1% no Oriente barato aos consumidores pelos EUA devem
Médio (3,1% do PIB mundial). merecer atenção. Em primeiro lugar, em
As previsões para 2005 são de 3,5% de razão dos desequilíbrios que caracterizam a
crescimento nos EUA, 1,7% no Japão, 2,6% economia dos EUA: i) déficit no balanço de
na Inglaterra e 2,4% na zona do euro. Em conta corrente (-5,5% do PIB em 2004) e ii)
média, o crescimento pode se estabilizar a déficit do orçamento do Estado (-4,8% do PIB
2,6% no conjunto dos países industrializados. em 2004). O caminho adotado foi o de
Tabela 7.4 -Balança Comercial do Espírito Santo (US$ mil)
Discriminação jan-fev/04 jan/05 fev/05 jan-fev/05
Balança Comercial 229.701 113.127 104.699 217.826
Exportações 587.312 396.995 384.158 781.153
Básicos 256.706 135.694 170.506 306.200
Semimanufaturados 264.817 204.645 149.772 354.417
Manufaturados 65.789 56.656 63.880 120.536
Importações 357.611 283.868 279.459 563.327
Básicos 41.203 37.698 43.141 80.839
Semimanufaturados 37.508 31.375 19.657 51.032
Manufaturados 278.900 214.795 216.661 431.456
Fonte: MDIC
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 23
endividamento das famílias americanas a anos) e de 5% para 5,3% na Inglaterra
baixas taxas de juros à época (compra de (obrigações do Estado de 10 anos).
imóveis, carros) e emissão de títulos governa- Na periferia do sistema, o excesso de
mentais para financiar a dívida. liquidez no mercado internacional intensifi-
Por outro lado, o processo de deprecia- cou o processo especulativo em países
ção da moeda americana, a diminuição do "emergentes" como o Brasil, Turquia,
financiamento dos déficits (corrente e Argentina e México, atraídos pelas altas taxas
orçamentário) dos EUA pelos excedentes de juros. Em contrapartida, a inserção
europeus e asiáticos (Chineses e Japoneses subordinada ao sistema financeiro internaci-
principalmente) e as altas prováveis na taxa onal para captação de crédito em dólar,
de juros (cujo efeitos serão perigosos para o tornou-os cada vez mais submissos e
mercado imobiliário, sobre as quais os dependentes da política econômica dos
tr abal ha do re s es tã o ex ce ss iv am en te EUA. Associado ao processo interno de
endividados) são fatores suscetíveis de liberalização financeira, a fuga de capitais
ocasionar uma nova recessão no centro do pode ocorrer a qualquer momento.
sistema capitalista mundial. Nesse cenário, as conseqüências para
As taxas de juros de curto-prazo no economias com alta vulnerabilidade externa
mundo tendem a aumentar, saindo de 1,5%, serão danosas pois provocarão maiores
em 2004, para 2,8%, em 2005, nos EUA desequilíbrios no balanço de pagamentos,
(papéis comerciais de 3 meses), de 2,1% diminuição nas reservas internacionais, riscos
para 2,4% na zona do euro (Eurobond), e de de defaults da dívida pública, aumento nas
4,6% para 5,5% na Inglaterra (taxa interban- taxas de juros, nas taxas de desemprego, na
cária). As taxas de longo-prazo, entre 2004 e desigualdade social. Resta acompanhar,
2005, tendem a variar de 4,3% para 4,9% nos portanto, como se será a condução da
EUA (T-Bonds de 10 anos), de 4,3% para 4,5% política econômica nosEUA.
na zona do euro (obrigação do Estado de 10
Tabela 8.1- Agregados macroeconômicos mundiais (%)
Crescimento PIB Indice de preços Desemprego Taxa de Juros CP
Países 2004 2005 2004 2005 2004 2005 2004 2005
EUA 4,3 3,5 2,6 2,5 5,5 5,3 1,5 2,8
Japão 3,7 1,7 -0,1 0,1 4,8 4,5 0,0 0,0
Europa 2,6 2,5 2,2 2,0 8,8 8,6 2,6 2,6
Alemanha 1,6 2,1 1,7 1,3 9,2 9,3 2,1 2,1
França 2,5 2,6 2,3 1,8 9,8 9,7 2,1 2,1
Inglaterra 3,4 2,6 1,3 1,7 4,7 4,7 4,6 5,5
Itália 1,2 2,0 2,1 2,5 8,1 7,5 2,1 2,1
Espanha 2,5 2,6 3,0 3,2 10,9 10,7 2,1 2,1
Rússia 7,1 7,5 10,3 8,9 6,1 6,2 - -
China 8,7 7,5 4,0 3,0 - - - -
Am. Latina 5,5 3,1 7,7 - 10,0 - - -
Argentina 9,1 4,5 4,8 7,1 13,8 - - -
Brasil 5,2 3,5 7,6 5,4 11,5 10,8* 16,2 18,3
México 4,0 3,2 4,4 4,0 2,4 2,3 6,8 7,8
Fontes: Observatório Francês de Conjuntura Econômica (OFCE), Organização de
Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE), Fundo Monetário Internacional
(FMI), EUROSTAT, Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (IPEA), Comissão
Econômica para a América Latina (CEPAL). (-) não disponível, (*) em março 2005.
Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 24
Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
Departamento de Economia
Curso de Ciências Econômicas
Universidade Federal do Espírito Santo
Av. Fernando Ferrari, 514 - Campus Goiabeiras - Vitória - ES
CEP 29075-910 - Tel/fax: 27-3335-2605/2615
www.conjuntura.cjb.net
boletim@npd.ufes.br
Coordenadores: Paulo Nakatani e Fabrício Augusto de Oliveira
Professores Pesquisadores: Alexis Saludjian, Luiz Jorge
Vasconcelos Pessoa de Mendonça, Maurício de Souza
Sabadini e Rémy Herrera.
Professores Colaboradores: Angela Maria Morandi e Reinaldo
Antonio Carcanholo
Participaram neste número:
IMPRESSO NA GRÁFICA DA UFES COM O APOIO DO CCJE
Alexsandro Mairink Hoffmann, Álvaro Caiado Netto, Alysson
Correia Pedra, Ana Maria Gomes Amâncio, Ana Paula Moreira,
Camilla dos Santos Nogueira, Celso Bissoli Sessa, Daniel do
Valle Pretti, Diogo Franco Magalhães, Eduardo Reis Araujo,
Felipe Cunha Salles, Filipe Scarpat Careta, Gabriela Vichi Abel
Almeida, Guilherme Lucas Barcelos, Julierme Gomes Tosta,
Lorena Zardo Trindade, Márcio Dias Gomes, Mariana Fialho
Ferreira, Marinilda Knaak Buss, Panmella da Silva Manfre, Parlei
Busatto Prando, Patrick Andrade, Rodrigo Delpupo Monfardini,
Ronaud Souza Gomes, Silvia Buzzone de Souza Varejão,
Vinícius Barcelos de Oliveira.
Universidade Federal do Espírito Santo
Av. Fernando Ferrari, 514 Campus de Goiabeiras
29 075-910 Vitória ES
Tel/Fax: (27) 3335 2605 / 2615
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  • 1.
  • 2. O Presidente da Bolívia, Carlos Mesa, sofre revolucionária. Sob o grito, que se vayan todos!, novamente uma enorme pressão de milhares a parcela da população oprimida e aquela de manifestantes que pedem a sua renúncia. penalizada pela dolarização e pelas políticas Carlos Mesa já havia tentado uma manobra neoliberais (piqueteros, desempregados, política apresentando uma carta de renúncia jovens e estudantes, donas de casa, e grupos ao Congresso que não foi aceita, em 06 de de vizinhos), saíram às ruas, apesar do estado março passado. Foi uma tentativa de obter de sítio, e expulsaram também Domingo maior apoio político do parlamento para Cavallo, Ministro da Economia e principal consolidar a estratégia neoliberal adotada. mentor e dirigente da política econômica Para tanto, anunciou que não aceitaria uma neoliberal, desde os tempos de Carlos Menem. mudança nos contratos já firmados sobre as Provisoriamente, o Presidente do Senado, reservas de gás e petróleo e com a concessão Ramón Puerta, assumiu a presidência até a para Águas del Illimani, empresa francesa, com escolha de Adolfo Rodríguez Saá, peronista e participação do Banco Mundial, que detém a identificado com as frações dominantes no concessão para distribuição de água potável poder, Saá não durou nem duas semanas no em El Alto, uma das principais áreas de tensão cargo. Rodrigues Saá foi substituído por social e política na Bolívia. A principal reivindica- Eduardo Duhalde, que antecipou o término de ção dos manifestantes é que o governo seu mandato e as eleições, sob um clima de boliviano nacionalize os recursos naturais do intensos protestos e mobilizações sociais contra país e que o serviço de águas de El Alto seja as tentativas de obter novos acordos com o transferido para uma empresa social sem fins FMI. Nas eleições de maio de 2003, foi lucrativos. Carlos Mesa substituiu o presidente escolhido o atual presidente, o peronista Néstor Gonzalo Sánchez de Lozada, que foi eleito em Kirchner. Para setores importantes da esquerda agosto de 2002 e renunciou em outubro de e dos trabalhadores argentinos o Presidente 2003, após a repressão contra a intensa onda Kirchner continua uma política econômica de protestos que causou a morte de mais de 80 dentro dos principais cânonesdo FMI. pessoas ecentenas deferidos. Entre 1989 e 2005, a cada ano e meio um O Presidente do Equador, Lúcio Gutiérrez, foi presidente da América do Sul renunciou, foi destituído do cargo pelo congresso, em destituído ou derrubado, apenas no Chile e no 20/ 04/ 05, apó s inten sas man ife staçõ es Uruguai os presidentes concluíram normalmen- populares em que foram mortas duas pessoas. te os seus mandatos. Esses dados são a Gutiérrez foi eleito principalmente com o apoio expressão do elevado grau de tensão das dos indígenas e da população pobre, com um contradições internas nas sociedades sul- discurso de esquerda prometendo combater a americanas após o fim das ditaduras militares e pobreza ea corrupção, masdefendia também a adoção das políticas neoliberais. A crise e o a austeridade fiscal e a manutenção da fim das ditaduras no continente sul-americano dolarização que havia sido implementada em produziram diferentes processos de redemo- 2002. Após sua posse, continuou com as cratização mas, em todos eles, as frações das políticas neoliberais, cortou subsídios de elites que eram dominantes nos diferentes alimentos e de programas sociais, para utilizar países, antes e durante as ditaduras, voltaram parte das receitas do petróleo para o paga- ao comando. O fim das ditaduras latino- mento da dívida externa. Ele foi substituído pelo americanas foi em parte o resultado da crise da vice-presidente Alfredo Palacio. dívida externa, que conduziu à implementa- Em dezembro de 2001, o Presidente da ção das políticas neoliberais comandada pelo Argentina, Fernando de La Rúa, foi obrigado a Fundo Monetário Internacional e pelo Banco renunciar ao seu mandato após uma grave Mundial como contrapartida dos acordos revolta social, que chegou a ser considerada, firmados para a estabilização dos balanços de por alguns, como uma insurreição popular pagamentos. A abertura comercial e financei- APRESENTAÇÃO Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 01
  • 3. ra, a privatização das estatais, a política de 2002, para R$ 1.156,1 bilhões, em março de obtenção de superávits primários para o 2005. A dívida em títulos, em posse do pagamento de juros da dívida pública, a mercado financeiro, passou de R$ 623,2 expansão do endividamento dos Estados e a bilhões para R$ 873,6 bilhões, um aumento de dolarização nos casos da Argentina e Equador, 40,2% em pouco mais de dois anos. O total de além de um conjunto de outras medidas que juros pagos no período foi de R$ 311,4 bilhões, compõem a estratégia neoliberal foram cerca de 50% do saldo devedor em dezembro adotadas emtoda aAmérica Latina. de 2002. O último aumento na taxa básica de Após mais de uma década, o fracasso juros, para 19,75% ao ano, mantém o Brasil no dessas medidas, ao não cumprir as promessas primeiro lugar do mundo, com 13,6%, se de retomada do crescimento, redução das descontarmos a inflação. "A média de 40 desigualdades, redução do desemprego e fim países situa-se em apenas 1,2%. Nos desenvol- da miséria, colocou nas ruas as massas, vidos, a taxa real é 0,6%, em média. Nos empobrecidas e espoliadas pelos grandes 'emergentes', 1,8%." (Batista Jr. FSP, 19/05/05). capitais, derrubando presidenteapós presiden- Considerando os interesses e a articulação te, com poucas exceções. Na maior parte dos política, o governo de Lula criou dificuldades casos mais recentes, o apoio popular foi obtido para a investigação das denúncias contra o durante as eleições, com as promessas de Pres idente do Banco Central, Henrique mudança econômica, política e social. Esse Meirelles, por crime contra o sistema financeiro, apoio foi frustrado pela manutenção das crime eleitoral e evasão de divisas, atribuindo- mesmas políticas econômicas, do mesmo jogo lhe o status de Ministro, através de medida político de troca de cargos e alianças espúrias e provisória. Lula nomeou Romero Jucá como pelo desvendamento da continuidade da Ministro da Previdência, sabendo que ele sofria corrupção e nepotismo que permanecem um processo de cobrança de R$ 18,0 milhões quase sempre impunes. Essa escalada dos de empréstimos que tomou no Banco da movimentos sociais na América Latina contra as Amazônia, na época em que era proprietário antigas práticas políticas, contra a continuidade da empresa Frangonorte, dando como da estratégia neoliberal e por uma mudança garantia propriedades inexistentes. Segundo o nas práticas políticas e econômicas é muito Ministério Público, que o acusa de ser "benefi- auspiciosa, pois traz novos ares de mudança e ciário de ação criminosa e fraudulenta", parte a esperançade ummundo melhor. do dinheiro recebido (R$ 134,5 mil) foi utilizado No Brasil, repete-se esse mesmo quadro por Jucá, inclusive, para pagamento de com as suas particularidades e especificidades, empréstimos contraídos como pessoa física mas com uma mobilização muito menor das (Folhaon-line,10/05/05). massas populares. A eleição de Lula trouxe O desenrolar das contradições na disputa muitas esperanças de mudança, esperanças por poder dentro do Estado trouxe à tona mais que muitos ainda nutrem. Mas, pode-se dizer uma denúncia de corrupção, desta vez dentro que, para ser eleito, o candidato e a direção do da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Partido dos Trabalhadores mudaram o discurso Um servidor indicado para o cargo por Roberto e prometeram honrar os contratos e manter as Jefferson, presidente nacional do PTB, cobrava políticas do FMI, portanto ninguém devia propina em nome dele e do PTB, para as esperar grandes mudanças. Considerando licitações de compra de material. Ao que estritamente a política macroeconômica, o parece, a encenação entre os partidos de governo anterior havia negociadocom o FMI a oposição e os que fazem parte da aliança de produção de um superávit primário de 3,75% apoio ao governo de Lula no Congresso, do PIB. Antonio Palocci ofereceu ao FMI e através da tentativa de criação de uma conseguiu obter como resultado primário Comissão Parlamentar de Inquérito, resultará 4,25% do PIB, em 2003, 4,58%, em 2004, e em nada do ponto de vista da ética na política. 6,16%, no primeiro trimestre de 2005. O Tesouro Possivelmente, o funcionário será punido e a Nacional aumentou o volume de títulos negociação em torno da CPI acabará com emitidos de R$ 838,8 bilhões, em dezembro de novas distribuições de cargos, benesses e Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 02
  • 4. liberação de emendas parlamentares. é uma contribuição do professor Rémy Herrera, Infelizmente, pelas especificidades brasileiras, pesquisador do CNRS e professor na esse conjunto de indicações sobre o que o Universidade de Paris 1, Panthéon Sorbonne, governo Lula realmente está representando com a colaboração do nosso professor ainda não é suficiente para levar a um pesquisador Maurício de Souza Sabadini, significativo ascenso do movimento de massas, bolsista da Capes em doutoramento na em direção a uma mudança efetiva, e pode Universidade de Paris 1. Desde setembro do encaminhar apenas para uma nova acomo- ano passado, contamos também com a dação do poder no interior das frações colaboração do professor Alexis Saludjian, dominantes e dos grupos dirigentes do país. doutor em economia pela Universidade de A partir deste número, o boletim de Paris XIII, agraciado com a Bourse Lavoisier para conjuntura apresenta uma nova seção sobre a um estágio de pós-doutorado em nosso grupo conjuntura econômica internacional. Esta parte de pesquisa. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 03 1. POLÍTICA ECONÔMICA A economia em desaceleração beneficiado pelo aumento do emprego e da Os resultados da produção industrial do massa de rendimentos. Os bens duráveis, cujo primeiro trimestre deste ano divulgados pelo dinamismo vem principalmente das exporta- IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e ções e do crédito, 13%, mas já acusando Estatística) confirmam o que já vinham desaceleração; já os bens de capital, líderes do mostrando os indicadores da atividade crescimento em 2004, registraram expansão econômica desde o último trimestre de 2004: o de 2,5% no primeiro trimestre contra 22,2% no ingresso da indústria num quadro de forte mesmo período daquele ano. desaceleração. Com a queda do ritmo de crescimento dos Desc onta dos o s efe itos sazo nais, a investimentos, prejudicado principalmente produção industrial cresceu 1,5% em março pelas elevadas taxas de juros da economia, a em relação a fevereiro e 1,7% em relação ao contaminação paraos demaissetores torna-se mesmo mês do ano passado. Após dois meses inevitável. Como estes também já vêm de queda, este crescimento pode até ser visto sofrendo os efeitos da redução global da como sinal de retomada do vigor apresentado atividade econômica, com a reversão pela economia em 2004, mas não é bem registrada na criação líquida de empregos e assim. Ainda segundo o IBGE, o crescimento de também de uma taxa de câmbio valorizada 1,7% ante igual mês do ano passado é o menor que, apesar de continuar mantendo as desde novembro de 2003, quando atingiu exportações em patamares elevados, 1, 5% . M as a m ai or ev id ên ci a d es sa principais responsáveis pela sustentação dessa desaceleração é fornecida pela comparação expansão, prenuncia problemas à frente, o dessa expansão com os trimestres otimismo dominante no governo, no final de imediatamente anteriores: 3% no período abril- 2004, de que haviam sido criadas as condições junho; 2,2% em julho-setembro; 0,5% em fundamentais para o crescimento sustentado outubro-dezembro; e 0,2% no primeiro trimestre da economia brasileira, caminha para ser, deste ano. Embora positivas, as taxas de muito rapidamente, desfeito. A verdade é que crescimento da indústria têm se mantido numa a política econômica, apesar do discurso em persistente trajetória de declínio. contrário, tem se encarregado, ela própria, de A composição deste crescimento também abortar qualquer ensaio mais firme de revela que, apesar de modesto, ele ainda tem expansão da economia, dados os seus se beneficiado do impulso de 2004, mas que compromissos assumidos com a estabilidade este já começa a se enfraquecer. O setor monetária, garantida por um modelo divorcia- produtor de bens não-duráveis expandiu 5,4% do da produção em virtude das tensões que o no trimestre ante igual período de 2004, crescimento provoca em seus principais
  • 5. elementos. Por essa razão, em vez de aproveitar interna de juros (Selic) para 19,75% em maio e a as condições mais favoráveis criadas com a negligência que as autoridades econômicas expansão de 2004 para o fortalecimento do têm demonstrado em relação ao câmbio mercado interno e para dar início à remoção apenas confirmam que não se pode dela de seus limites estruturais, com o aumento de esperar a adoção de medidas favoráveis ao investimentos em infra-estrutura e incentivos ao crescimento e que, entre o discurso e o fato, investimento para o aumento da capacidade este deverá continuar garantindo uma trajetória de oferta da economia, tem ela atuado para medíocre para o país em 2005. refrear este movimento. A elevação da taxa Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 04 2. INFLAÇÃO A ata da última reunião do COPOM explica surpreender se o COPOM aumentar a taxa as razões para o oitavo aumento consecutivo básica de juros na próxima reunião. na taxa básica de juros. Para a avaliação das No primeiro trimestre de 2005, tanto o INPC tendências da inflação, manteve em seu (índice nacional de preços do consumidor, modelo a hipótese de 0% de aumento nos referente a famílias com 1 a 8 salários mínimos) preços do gás de cozinha e da gasolina para o quanto o IPCA(índice de preçosdo consumidor resto do ano de 2005. Os reajustes para as amplo, correspondente a famílias com tarifas de energia elétrica residencial e da rendimentos entre 1 a 40 salários mínimos), telefonia fixa foram fixadas em 10,8% e 7,9%, sofreram uma queda em relação ao final do respectivamente. Considerando os preços ano de 2004, visto que ambos os indicadores administrados, a projeção efetuada para a eram de 0,86%. inflação foi elevada de 6,7% para 6,9%, no O IPCA vem crescendo muito lentamente, ano, na reunião de março. Na última reunião, passando de0,58% para0,61% entrejaneiro e em 19/20 de abril, esta projeção foi elevada março, mas apresentou um crescimento de para 7,2%, indicando uma pressão maior dos 29,8%, na comparação entre março de 2005 e preços administrados. Para o modelo foi março de 2004. Essa estabilidade relativa do considerado ainda a manutenção da meta de IPCA é decorrente do efeito da variação superávit primário de 4,25% do PIB e uma taxa negativa nos preços dos alimentos e positiva de câmbio de R$ 2,60, aproximadamente a nos preços dos produtos não-alimentícios. taxa vigente antes da reunião. Assim, o Banco Segundo os dados do IBGE, os preços dos Central, que havia elevado a taxa Selic para alimentos diminuíram 0,29 p.p., em fevereiro, e 18,25%, no início do ano, manteve a trajetória 0,23 p.p., em março. As maiores quedas no de aumentos, para 18,75%, em fevereiro, primeiro trimestre do ano foram os preços da 19,25% em março e 19,50%, em abril de 2005. farinha de trigo (-4,85%), óleo de soja (-3, 65%), Esses aumentos sucessivos na taxa Selic visam farinha de mandioca (-2,18), frango (-2,73%) e atingir o objetivo de obter uma taxa de 5,1%, carnes (-1,21%). Nota especial para as em 2005, e de 4,5%, em 2006. Entretanto, a ata hortaliças que tiveram uma variação de - indica que, "no cenário de mercado, que 4,23%, em março, após uma alta de 15,99%, incorpora as trajetórias para a taxa de câmbio e em fevereiro. Por outro lado, a batata-inglesa para a taxa Selic esperadas pelos agentes do merca- do (...), as projeções se encontram acima do objetivo de 5,1% para 2005 e acima da meta de 4,5% para 2006". Por essas razões, não é de se Tabela 2.1 – Índices de preços (em %) Indicadores Jan/05 Fev/05 Mar/05 Mar/04 No ano 12 meses IPCA 0,58 0,59 0,61 0,47 1,79 7,54 INPC 0,57 0,44 0,73 0,57 1,75 6,08 IPC-FIPE 0,56 0,36 0,79 0,11 1,72 7,49 ICV-DIEESE 0,91 0,32 0,81 0,46 2,06 8,53 IGP-M 0,39 0,30 0,85 1,13 1,55 11,12 IGP-DI 0,33 0,40 0,99 0,93 1,73 10,92 Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE.
  • 6. (31,83), a cebola (18,31) e os ovos (16,43), reduziram em parte esse impacto. Os produtos não alimentí- cios que vinham de uma queda em relação a dezembro, tiveram um novo aumento, apresentando uma variação de 0,71%, em março. O INPC apresentou uma taxa acumulada no ano de 1,75%, muito próxima à do IPCA. Entretanto, as quedas observadas nos dois primeiros meses do ano não se repetiram em março, quando aumentou 0,12 p.p. mais do que o IPCA. Os produtos alimentícios contribuíram para o reduzido crescimento do INPC, apresenta- ram uma variação de 0,75%, em janeiro, de 0,43%, em fevereiro e de 0,23%, em março. Essa queda não foi capaz, contudo, de impedir o maior dentre todas as apresentadas na tabela crescimento de fevereiro para março, pois os 2.1. O crescimento do índice em março foi produtos não alimentícios que haviam crescido impulsionado principalmente pelo aumento 0,44%, em fevereiro, avançaram 0,94%, em de 2,92% no grupo transportes que contribuiu março. A maior pressão sobre a variação dos com mais de 50% de aumento nessa taxa. preços em relação ao mês anterior foi causada Somente o aumento na tarifa dos ônibus pelo transporte público (3,01%), bebidas e (17,65%) foi responsável por 0,43p.p. dos infusões (2,01%), aluguel e taxas (1,83%), leite e 0,81% de aumento no índice de preços. A derivados (1,34%) e reparos (1,21%). Apenas alimentação cresceu apenas 0,75%, mas três itens compensaram esses aumentos: com seu peso de 25,7%, contribuiu com hortaliças e verduras (-2,75%), alimentos 0,19p.p. para o aumento verificado em março. prontos (-1,23%) e farinhas, féculas e massas (- Os preços do vestuário diminuíram 0,17%, mas 1,0%) seu efeito foi de apenas -0,01p.p. no índice O índice de preços estimado pela FIPE/USP, geral. que tem como área de abrangência a cidade Além do índice geral, o DIEESE calcula de São Paulo, apresentou uma variação de outros três indicadores, de acordo com a renda 0,56%, em janeiro, 0,36%, em fevereiro e média das famílias paulistanas. O primeiro com 0,79%, em março de 2005, acompanhando a famílias cuja renda média é de R$ 377,99, o tendência observada no INPC. Em março, os segundo para famílias com renda média de R$ grupos que mais pressionaram esse aumento 934,17 e o terceiro para as famílias com renda foram os de transporte (4,17), saúde (0,57%) e média de R$ 2.792,00. O primeiro estrato, das alimentação (0,29%), esses aumentos foram famílias mais pobres, sofreu mais com os parcialmente compensados pela redução nos aumentos de preços em março, o custo de grupos vestuário (-0,22%) e despesas pessoais (- vida para elas cresceu 1,10%, pois foram mais 0,06%). penalizadas com os aumentos nos transportes O índice de custo de vida (ICV), estimado e na alimentação. Para o segundo grupo de pelo DIEESE para o município de São Paulo, famílias, o custo de vida no mês foi de 1,0% e diminuiu entre os meses de janeiro (0,91%) e para o terceiro grupo, de 0,66%. fevereiro (0,32%) de 2005, voltando a crescer Os indicadores de inflação desaceleraram substancialmente em março (0,81%), nos meses de janeiro e fevereiro em relação acumulando uma taxa de 2,06% no ano, a aos meses anteriores, voltando a crescer em Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 05 Tabela 2.2 – Preço da cesta básica nas capitais brasileiras (R$ e %) Capital Jan/05 Fev/05 Mar/05 var. ano Florianópolis 157,47 159,18 161,74 2,74 Belo Horizonte 150,56 150,97 157,47 3,41 João Pessoa 133,60 134,13 132,80 5,29 Curitiba 160,10 164,13 166,32 6,68 Porto Alegre 168,80 175,57 175,64 0,51 Rio de Janeiro 164,81 169,79 167,02 0,99 Salvador 127,85 133,74 132,60 5,37 São Paulo 172,87 175,04 175,87 2,13 Brasília 170,62 170,10 167,29 -0,85 Goiânia 151,78 153,51 156,48 5,10 Fortaleza 125,20 124,91 127,42 2,16 Recife 132,31 130,79 131,19 6,67 Belém 152,20 155,26 154,69 3,33 Vitória 157,96 163,69 159,26 4,52 Natal 137,09 140,52 133,18 1,05 Aracaju 130,45 134,93 133,58 1,73 Fonte: DIEESE
  • 7. março, e ainda permanece num patamar nentes do IGP-DI, a aceleração foi puxada pelo elevado se considerarmos a meta de inflação IPA-DI, que subiu de 0,08%, em janeiro, para definida pelogoverno. 0,39%, em fevereiro. O aumento desse O IGP-M (Índice Geral de Preços do componente refletiu, sobretudo, o aumento de Mercado) fechou o mês de janeiro num 1,28% nos preços agrícolas no período, ante a patamar abaixo do esperado, em 0,39%, se, queda de 0,63% no mês anterior. Nesse grupo, comparado ao mês anterior (0,74%). O fim do apesar das quedas nos preços de aves, soja, efeito da alta dos combustíveis, no ano suínos, feijão e bovinos, prevaleceram as passado, foi o principal fator para o recuo. Outro elevações observadas nos preços de ovos, fator foi a taxa de câmbio que segurou alguns 26,3%, legumes e frutas, 13,6%. No mês de preços, como os dos produtos metalúrgicos (no março o IGP-DI variou 0,99%, bem acima da atacado). Em fevereiro, o índice voltou a variação registrada em fevereiro. Os três surpreender e apresentou um quadro ainda componentes apresentaram acréscimo em mais favorável para a inflação do país, relação ao mês anterior. O IPA teve alta de reduzindo a taxa para 0,30%. Dentre os 1,14%. A maior influência positiva para a componentes doíndice, oIPA-M(corresponden- elevação foi a soja, que saiu de uma deflação te a 60% do índice) manteve a pequena (-7,58%) em fevereiro para 15,75%, em março. variação de 0,20% na passagem de janeiro O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) para fevereiro, enquanto que o IPC-M (corres- registrou aumento de 0,43%, em fevereiro,para pondente a 10%) recuou 0,29 p.p., para 0,51%. 0,70% em março, destacando o reajuste da No mês de março o índice elevou-se para tarifa de ônibus urbano (7,78%). O INCC (Índice 0,85%, praticamente triplicando o resultado Nacional de Custo da Construção) também anterior e chamou a atenção para os resultados apresentou aceleração de 0,44% para 0,67%, de inflação divulgados em 2005. O IPC-M pressionado pelo aumento do vale transporte. registrou variação de 0,66%, sendo 0,15 p.p. Além do índice de custo de vida, o DIEESE acima da variação ocorrida no mês anterior. O calcula opreço deuma cestabásica compos- subgrupo que mais contribuiu para a acelera- ta por produtos alimentícios de acordo com o ção foi o de Transp ort es, seg uid o de Decreto Lei 399 que criou o salário mínimo no Alimentação e Habitação. O reajuste das tarifas país. O acompanhamento do custo desta de transporte urbano (que passou de -0,18% cesta é realizado mensalmente em dezesseis para 5,04%) e a elevação do preço das frutas capitais brasileiras e permite avaliar qual foram os itens que mais contribuíram para a deveria ser o valor do salário mínimo segundo a elevação. legislação brasileira. Segundo os cálculos do O IGP-DI (Índice Geral de Pre ços - DIEESE, o montante do salário mínimo necessá- Disponibilidade Interna) apresentou, em janeiro, rio para atender o disposto na Constituição uma alta bem menor que a esperada pelos deveria ser de R$ 1.447,49, em março de 2005. analistas. Os preços no atacado, que têm peso Se considerássemos o salário mínimo apenas maior no índice, tiveram uma desaceleração, para Vitória, o montante deveria ser de R$ apesar da alta no varejo, influenciada por 1.337,94. Esse salário mínimo refere-se à uma fatores sazonais, típicos do período. O IPA-DI família com dois adultos e duas crianças (Índice de Preços por Atacado), que correspon- devendo ser o suficiente para os gastos com de a 60% do IGP-DI recuou de 1% em novembro alimentação, habitação, vestuário, higiene e para 0,08% em janeiro. A maior influência para transporte. esta desaceleração veio dos seguintes itens: No primeiro trimestre do ano, todas as aves (-9,75%), ovos (-10,25%) e suínos (-7,19%). capitais, com exceção de Brasília (-0,85%), O custo das mensalidades e alimentos apresentaram aumentos no custo da cesta (condições climáticas) acabou formando as básica. Os maiores aumentos ocorreram em maiores pressões sobre o índice: ensino superior Curitiba (6,68%), Recife (6,67%), Salvador (4,46%), ensino fundamental (5,95%) e ensino (5,37%), João Pessoa (5,29%) e Goiânia médio (5,43%). Em fevereiro, o índice registrou (5,10%). As capitais onde os aumentos foram variação de 0,40%. Considerando os compo- menores foram Porto Alegre (0,51%), Rio de Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 06
  • 8. Janeiro (0,99%)e Natal(1,05%). para a previdência) de um trabalhador, a mais A cesta básica mais cara é a da cidade de barata é a de Fortaleza (R$ 127,42) e compro- São Paulo (R$ 175,87) e compromete 73,25% mete 53,07% do salário mínimo vigente. do salário mínimo líquido (depois do desconto 3. NÍVEL DE ATIVIDADE Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 07 O PIB brasileiro pela ótica do dispêndio bruta de capital fixo, que cresceu continua- acumulou, em 2004, um crescimento de 5,2% mente nos três primeiros trimestres do ano em relação a 2003 (tabela 3.1), o maior desde passado, sofreuuma quedade 3,9%,no quarto 1994. Mais uma vez tal expansão reflete o trimestre. comportamento positivo dos componentes da Pelo lado da oferta, a indústria de transfor- demanda. Ao longo do ano o Consumo das mação foi a alavanca do crescimento do PIB Famílias cresceu 4,3%, o Consumo do Governo crescendo 7,7%, em 2004. Os sub-setores da 0,7%, a Formação Bruta de Capital Fixo 10,9%, construção civil e dos serviços industriais de as Exportações 18,0% e as Importações 14,3%. utilidade pública também contribuíram Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica positivamente para o crescimento da econo- Aplicada (IPEA), a recuperação do consumo mia com variações de 5,7% e 5,0%, respecti- das famílias foi resultado do aumento da oferta vamente. Aindústria extrativa mineralfoi o único de crédito e da expansão da massa salarial sub-setor que apresentou queda (-8,0% no (3,5%). Porém, sua participaçãono PIB diminuiu último trimestre e -0,7% no acumulado do ano) de 56,7% para 55,3%, devido ao aumento da devido ao desempenho do mercado de participação das exportações e do investimen- petróleo. A agropecuária apresentou uma taxa to. O aumento na taxa de investimento, de de crescimento de 5,3%, em 2004, acima 17,8% para 19,6% do PIB, pode ser atribuído, segundo o IBGE, à compra de máquinas e equipa- mentos, destinados à ampliação do parque industrial, e à recuperação da construção civil, que não vinha apresentando um bom desempenho nos últimos três anos. Entretanto, a tendên- cia apresentada em 2004 é de uma queda contínua na taxa de variação trimestral do PIB, de 1,8% no primeiro trimestre, para 1,5%, no segundo, 1,1% no terceiro e 0,4%, no quarto trimestre. Esta desaceleração no ritmo de atividade da econo- mia é o resultado, em grande parte, da política de juros altos mantida pelo governo. A formação Tabela 3.1- Brasil: Produto Interno Bruto (em %) Setor de Atividade 2004IV/ 2003IV 2004IV/ 2004III Acum. no ano Acum. 12 meses Agropecuária 2,9 2,0 5,3 5,3 Indústria 6,0 0,5 6,2 6,2 Extrativa Mineral (-)8,0 (*) (-)0,7 (-)0,7 Transformação 8,3 (*) 7,7 7,7 Construção Civil 5,2 (*) 5,7 5,7 Serv. Ind. Util. Pública 7,3 (*) 5,0 5,0 Serviços 3,8 0,5 3,7 3,7 Comércio 7,1 (*) 7,9 7,9 Transportes 3,6 (*) 4,9 4,9 Comunicações 4,8 (*) 2,0 2,0 Instituições financeiras 5,0 (*) 4,3 4,3 Outros Serviços 6,2 (*) 5,6 5,6 Aluguel de Imóveis 2,1 (*) 1,8 1,8 Admin. Pública 0,9 (*) 1,6 1,6 Dummy Financeiro* 5,7 (*) 4,4 4,4 V. adic. pr. básicos 4,4 0,4 4,8 4,8 Impostos s/ produtos 9,5 (*) 8,5 8,5 PIB a pr. de mercado 4,9 0,4 5,2 5,2 Consumo das famílias 5,4 1,3 4,3 4,3 Consumo do governo 0,8 0,5 0,7 0,7 Form. bruta de cap. fixo 9,3 (-)3,9 10,9 10,9 Exportação 16,2 3,2 18,0 18,0 Importação (-) 12,8 2,7 14,3 14,3 Fonte: IBGE - Contas Nacionais Trimestrais
  • 9. daquela observada em 2003 (4,5%), mas uma queda dessa magnitude. menor do que a indústria (6,2%), construção A queda no volume de comércio foi civil (5,7%) e comércio (7,9%). O desempenho ocasionada, em grande parte, pelo setor de trimestral da agropecuária, em 2004, foi muito supermercados, hipermercados, produtos irregular, cresceu 2,5% no primeiro trimestre, alimentares, bebidas e fumo, que representa 0,5% no segundo, -1,9% no terceiro e 2,0% no mais de 50% do índice, e que registrou queda quarto, característica da sazonalidade típica de 0,22%. Se for considerado apenas o setor de desse setor. Supermercados e Hipermercados, a queda foi Em fevereiro de 2005, segundo os dados do a i n d a m a i o r ( 1 , 1 % ) . O s e t o r d e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Eletrodomésticos e Móveis regis trou um Estatística), o comércio varejista registrou aumento de 16,1% nas vendas em fevereiro. crescimento de apenas 1,3% (tabela 3.2) em Segundo especialistas, os juros mais altos não relação a fevereiro de 2004, o pior desempe- tiveram impacto neste setor, visto que os juros nho dos últimos 15 meses. A desaceleração do praticados não acompanham asaltas da Selic. comércio foi o resultado dos juros mais altos, do Aliado a esse motivo, observou-se uma endividamento das famílias e do comprometi- diminuição da inadimplência, ou seja, as mento de uma fatia maior do orçamento condições de crédito ainda continuam familiar por causa dos reajustes de serviços e favoráveis. Por essas razões é que o setor tarifas públicas. Porém, o IBGE atribuiu a conseguiu ter um aumento nas vendas. desaceleração do comércio à elevada base A tendência, para 2005, é de crescimento de comparação de 2004, que teve um dia do comércio varejista, porém a uma taxa (ano bissexto) e um final de semana a mais. menor do que a observada ao longo de 2004, Porém, paraalguns especialistas, aredução do já que a expectativa é de aumento na taxa de número de dias úteis, em 2005, não justifica juros. Confirmando essa expectativa o Banco Central elevou a taxa de juros pelo oitavo mês consecutivo, passando-a para 19,5%. A produção industrial brasileira, estimada segundo categorias de uso, a p r e s e n t o u u m a queda de 1,2% em fevereiro (tabela 3.3), em relação ao mês Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 08 Tabela 3.2 - Brasil e Espírito Santo: Vendas no Varejo por Atividade (Var. real %) Fev05/Fev04 Acum. no Ano Acum. 12 meses Atividade BR ES BR ES BR ES Comércio Varejista 1,32 8,65 3,84 7,31 8,95 14,85 Combustíveis e Lubrificantes -8,65 -16,49 -4,73 -10,39 3,02 -0,46 Hiper, Super, Prod. deAlim., Beb. Fumo -0,22 11,55 3,09 8,71 7,05 17,09 Super e Hipermercados -1,10 11,30 2,77 8,57 7,29 17,47 Tecidos, Vestuário e Calçados -1,02 -1,82 1,63 0,34 5,22 0,57 Móveis e Eletrodomésticos 16,10 31,04 17,93 28,07 26,24 24,34 Art. Farm., Méd, Orto, Perf. e Cosm. 0,26 8,50 0,29 7,37 * * Livros, Jornais, Revistas e Papelaria 4,56 34,77 -1,81 14,69 * * Equip. e Mat p/ Escrit, Inf. Comunic 33,78 50,84 7,01 -12,41 * * Outros Art. Uso Pessoal e Doméstico 10,06 10,35 10,83 12,30 * * Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal de Comércio Categorias de Uso Bens de capital -3,1 1,1 3,9 18,1 Bens intermediários -1,2 1,1 2,6 7,2 Bens de consumo -1,6 8,7 8,5 8,6 Duráveis 11,8 22,4 12,6 22,2 Semidur. e não duráveis -4,3 5,3 7,5 5,4 Indústria geral -1,2 4,4 5,2 8,6 Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de indústria Tabela 3.3 - Brasil: Indicadores da Produção Industrial por Categorias de Uso Fev05/ Jan05 Fev05/ Fev04 Acum. no ano Acum. 12 meses
  • 10. meses seguintes, ainda que não seja nos mesmos níveis de 2004. A demanda externa ainda deve ser um fator de estímulo à produção, e o aumento do salário mínimo para R$ 300,00 deve aquecer um pouco a demanda interna por bens de consumo não duráveis. A produção industrial do Espírito Santo não foi muito diferente do resto do país, apresentando no mês de fevereiro uma variação anterior. Apesar disso, o crescimento em negativa de 0,14% (tabela 3.4) ao se comparar relação a fevereiro de 2004 foi de 4,4% e a taxa os resultados com o mesmo período do ano acumulada no ano atingiu 5,2%. A produção passado. Apesar dessa retração na produção, de bens de capital apresentou um desempe- o saldo do acumulado no ano foi positivo em nho fraco, queda de 3,1% em fevereiro sobre 3,6% e dos últimos doze meses foi de 5,6%. janeiro, descontadas as influências sazonais e Uma das atividades que mais contribuíram os bens intermediários tiveram queda de 1,2%. para esse resultado negativo foi o ramo da Somente a produção de bens duráveis de metalurgia básica, que apresentou um consumo apresentou uma taxa de crescimento desempenho negativo de 6,34%; o setor de significativa (11,8%), no mês. Os bens não celulose, papel e produtos de papel também duráveis tiveram um decréscimo de 4,3% teve participação nos resultados negativos, devido uma queda de produção de alimentos, tendo diminuído 3,68%. Em contrapartida, o remédios e bebidas, mas mantêm o cresci- setor de alimentos e bebidas apresentou a mento quando comparado esse resultado ao maior taxa de crescimento (19,65%) contribuin- saldo dos três últimos meses. do assim, positivamente para uma menor A produção industrial deve crescer nos queda na taxa geral. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 09 Fev05/ Acum. Seções e Atividades fev/04 no ano Industria Geral -0,14 3,64 5,59 Indústrias Extrativas 1,08 4,42 3,12 Indústrias de transformação -0,65 3,33 6,62 Alimentos e Bebidas 19,65 22,7 20,76 Celul., Papel e Prod. de Papel -3,68 2,19 2,62 Minerais não metálicos -0.93 -1,77 0,51 Metalurgia básica -6,.34 -2,52 5,67 Tabela 3.4 ES: Indicadores da Produção Industrial Últ.12 meses Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de Indústria 4. EMPREGOS E SALÁRIOS Tabela 4.1 - Taxa de desemprego (%) IBGE DIEESE* Meses 2004 2005 2004* 2005* 2004* 2005* Dezembro 10,9 9,6 11,8 9,8 19,1 17,1 Janeiro 11,7 10,2 12,9 11,1 19,1 16,7 Fevereiro 12,0 10,6 13,6 11,5 19,8 17,1 Março 12,8 10,8 14,6 11,5 20,6 17,3 * Região Metropolitana de São Paulo Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED A economia brasileira apresentou um de desemprego. Entretanto, as taxas de notável crescimento em 2004, a maior taxa desemprego voltaram a subir no primeiro observada desde 1994 quando o crescimento trimestre de2005 (tabela4.1). foi de 5,9%. O crescimento do nível de A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do produção tem uma relação inversa com o nível IBGE, que representa as seis maiores regiões de desemprego. Reaquecimento da econo- metropolitanas do país, apresentou, em mia em geral, significa mais postos de trabalho para ocupar e também mais pessoas à procura de trabalho, entusiasmadas com a nova situação econômica. Isso fica mais claro quando se observa dados do IBGE e os compara com os do DIEESE. De qualquer modo encerramos o ano com taxas mais baixas
  • 11. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 10 dezembro, uma taxa de desemprego de 9,6%, 9,4%, quando comparado com fevereiro de e aumentou sucessivamente até 10,8%, em 2004. O rendimento médio real foi de R$ março de 2005. O IBGE também verificou que 932,90, um aumento de 1,0%, em relação a em 2004 houve um aumento de 4,2% no janeiro e um aumento de 2,6% em relação a contingente de trabalhadores com carteira fevereiro de 2004. assinada do setor privado. Houve uma Em março, a taxa de desempre go diminuição de 1,8% no rendimento médio do estimada pelo IBGE aumentou para 10,8%, trabalhador quando comparado com o mês entretanto ficou abaixo dos 12,8% do mesmo de novembro, e o poder de compra do mês do ano anterior. Por isso, todos os setores trabalhador aumentou 1,9%, se confrontado mantiveram uma relativa estabilidade em com dezembro do ano anterior. Analisando os relação ao mês anterior, com exceção de setores que mais empregaram na economia, educação, saúde e administração pública, destacam-se o comércio, reparação de que aumentou 3,9%. Na comparação com o veículos automotores e de objetos pessoais e ano anterior, a indústria (8,5%), os serviços domésticos e comércio a varejo de combustí- domésticos (7,6%) e os serviços prestados às veis, empregando 19,9% da população empresas (6,9%) foram as atividades que mais ocupada. contribuíram para a queda na taxa de No mês de janeiro, a taxa de desocupação desemprego. Dentre as regiões metropolitanas subiu para 10,2%. Também foi constatado que pesquisadas, Salvador é a que apresenta a houve um acréscimo de 3,9% no número de maior taxa de desemprego (15,7%), seguida trabalhadores com carteira assinada em por Recife (14,1%) e São Paulo (11,5%). Porto comparação com janeiro de 2004, todavia o Alegre é a cidade com a menor taxa de número de trabalhadores sem carteira desemprego, 7,9%. O rendimento médio real assinada apresentou um aumento ainda maior, da população ocupada cresceu 0,5% em de 8,1%. Em fevereiro, a taxa de desemprego relação ao mês anterior e 1,7% em relação ao continuou subindo, chegando 10,6%. Os mesmo mês do ano anterior. No mês, apenas os setores da economia que mais se sobressaíram empregados com registro em carteira tiveram foram: comércio, reparação de veículos um aumento (0,8%) no rendimento médio, os automotores e de objetos pessoais e domésti- empregados sem carteira (-0,6%) e os cos, comércio a varejo de combustível, trabalhadores por conta própria (-0,4%) tiveram representando 20,2% da população ocupada. redução em seus rendimentos médios. O A indústria extrativa, a de transformação e a de resultado positivoem relaçãoao anoanterior foi distribuição de eletricidade, gás e água devido unicamente ao aumento do rendimen- empregam 17,6% da população ocupada. to médio dos empregados sem registro em Quanto ao número de pessoas desocupadas, carteira do setor privado (6,4%). As outras houve um incremento de 5,0%, em relação a categorias sofreram perdas de 2,6%, conta janeiro, porém foi registrado uma queda de própria, e 0,8%, empregados com carteira. Tabela 4.2 - Saldo de admitidos e desligados - CAGED Dez/04 Fev/05 No Ano 12 meses Atividade Econômica Brasil ES Brasil ES Brasil ES Brasil ES Extrativa Mineral -206 72 583 179 1.821 352 10.682 1.268 Ind. Transformação -111.737 -1.575 810 -355 33.654 -224 464.078 7.885 Serv Ind Ut Pública -961 -70 1.856 -18 4.521 -59 6.372 -129 Construção Civil -35.345 -755 910 556 8.789 1.253 43.941 3.777 Comércio 10.911 1.195 8.647 -435 19.833 -42 400.458 7.984 Serviços -66.281 -997 50.660 -361 105.161 679 488.866 11.818 Admin. Pública -22.909 -21 11.217 301 12.827 376 3.149 592 Agropecuária -125.524 -799 -1.420 71 2.640 -89 55.755 2.705 Saldo* -352.093 -2.590 73.285 -62 189.257 2.246 1.473.353 35.900 O item Outros está contabilizado em Saldo Fonte: MTE - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
  • 12. São Paulo é a região metropolitana que ções foram dos serviços industriais de utilidade concentra a maior massa de trabalhadores no pública (6.372 novas vagas) e da administra- país, 9,9 milhões segundo o DIEESE, e a maior ção pública(3.149 vagas).Não severificou, no massa de desempregados, 1,7 milhão, em período, nenhum saldo negativo, diferente- março de 2005. Após a queda observada em mente do que ocorreu um ano antes, quando a 2004, as taxas de desemprego na região construção civil registrou a redução de 19.480 voltaram a crescer no primeiro trimestre de contratos de trabalho. No mês de dezembro de 2005, mantendo-se, no entanto, em torno de 2004, o CAGED registrou um saldo negativo em 2,0 p.p. abaixo das taxas estimadas para o 352.093 vagas em todo o território nacional, primeiro trimestre de 2004. Do total de desem- sendo queas atividadeseconômicas quemais pregados, 1,08 milhão estão no grupo do contribuíram para tamanho fechamento de desemprego aberto, 467mil são desemprega- postos de trabalho formal foram a agropecuá- dos ocultos pelo trabalho precário e 167 mil, ria (-125.524), a indústria de transformação (- pelo desalento. O aumento na taxa de 111.737) e a de serviços (-66.281). Apenas o desemprego ocorreu em parte devido ao comércio apresentou uma ampliação na aumento na população economicamente oferta de empregos (10.911), devido à ativa, dos 43 mil novos ingressantes no peculiaridade do mês em questão, que mercado de trabalho, apenas 15 mil consegui- abarca as festas de fim-de-ano, tendo todas as ram ocupação. outras atividades apresentado saldos negati- O CAGED - Cadastro Geral de Empregados vos. e Desempregados - registrou para os últimos Nos dois primeiros meses de 2005, houve a doze meses, encerrados em fevereiro, criação de 189.257 novos vínculos empregatí- 1.473.353 novas vagas no Brasil, das quais cios, sendo que o mês de janeiro contribuiu 488.866 pelo setor de serviços, 464.078 pela mais fortemente para o saldo positivo indústria de transformação e 400.458 pelo (115.972). No entanto, ao se comparar a comércio (tabela 4.2). As menores participa- quantidade de novas vagas criadas no primeiro bimestre com a do mesmo período de 2004 (239.180) o b s e r v a - s e u m a redução de 20,9%, o que aponta para uma desaceleração do crescimento da oferta de empregos no mercado formal. Duas d a s a t i v i d a d e s econômicas que mais contribuíram para o resultado de 2004, a indústria de transfor- mação e a agrope- cuária, tiveram uma importante participa- ção nessa desacele- ração, ofertando, respectivamente, apenas 33.654 e 2.640 postos adicio- nais em 2005. Para o Espírito Santo, os Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 11 Tabela 4.3 – Variação mensal e acumulada do pessoal ocupado por gênero de atividade no ES (%) Discriminação Dez/04 Jan/05 Fev/04 No ano 12 meses Ind. Extrativa Mineral 0,23 1,47 2,61 1,47 7,34 Minerais não Metálicos 0,07 1,11 0,70 1,11 6,08 Metalúrgica 0,55 -0,28 0,18 -0,28 2,10 Mecânica -8,12 -4,32 1,82 -4,32 37,21 Mat. Elétr. e de Comum. -3,91 10,18 -2,12 10,18 72,28 Material de Transporte 1,19 2,34 2,93 2,34 9,62 Madeira 3,17 4,30 -2,07 4,30 23,22 Mobiliário -0,68 0,88 1,90 0,88 14,55 Papel e Papelão 0,32 0,06 -0,07 0,06 2,85 Borracha 1,63 -4,80 -2,42 -4,80 -5,53 Química -7,90 -1,37 2,16 -1,37 23,18 Material Plástico -0,61 0,62 2,22 0,62 6,32 Têxtil 1,52 0,87 2,05 0,87 12,32 Vestuário e Calçados -5,82 0,32 1,09 0,32 6,94 Produtos Alimentares -3,25 -2,73 -5,06 -2,73 6,20 Bebidas 1,72 -1,36 -1,26 -1,36 15,92 Editorial e Gráfica 0,25 -0,08 -0,66 -0,08 -0,24 Indústrias Diversas -5,00 0,00 -4,38 0,00 -4,40 Outros -1,32 1,33 0,00 1,33 -16,25 Construção Civil -0,66 2,99 -1,82 2,99 3,97 Utilidade Pública -0,13 0,00 0,29 0,00 -2,13 Total da Indústria -0,76 0,40 0,08 0,40 5,51 Fonte: IEL-ES
  • 13. mais contrataram foram as indústrias de material elétrico e de comunica- ções (10,18%) e a de madeira (4,30%). Enquanto as indústrias dos segmentos de borracha (-4,80), mecânicos (-4,32%) e produtos alimentares (- dados do CAGED indicam que o emprego 2,73%), foram as que mais formal apresentou saldo de 36.007 novas vagas demitiram. As contratações se explicam pelo no ano de 2004, um crescimento de 2.246 incremento da demanda, fechamento de vínculos no primeiro bimestre do ano e um grandes contratos, início de obras civis e acumulado no ano de 35.900 novos empregos. contratações para atividades anteriormente Contrariamente ao que vinha ocorrendo terceirizadas na indústria de madeira. As durante o ano de 2004, o mês de dezembro contratações ocorreram mais nas pequenas apresentou um saldo negativo de 2.590 vagas, (0,41%) e médias (1,38%) empresas, enquanto provocado principalmente pela redução de as grandes empresas (-0,77%) reduziram as vínculos de trabalho na indústria de transforma- vagas. ção (-1.575), serviços (-997), agropecuária (- Nos últimos 12 meses, segundo o IEL-ES, o 799) e construção civil (-755). Em todos os outros nível de emprego na indústria capixaba se meses do ano, exceto junho (-302) e dezembro elevou em 5,51%. O maior número de vagas foi (-2.590), o saldo foi positivo. A atividade de gerado nas empresas de material elétrico e de serviços foi aquela com melhor resultado nos comunicação (72,28%), seguido pelas últimos doze meses, representando um indústrias do setor de mecânica (37,21%). Os crescimento de 11.818 novos postos de saldos negativos mais acentuados foram trabalho formal no Espírito Santo, seguido do registrados pelas empresas dos gêneros de comércio (7.984), indústria de transformação couros e peles, produtos farmacêuticos, (7.885) e agropecuária (2.705). O pior desem- veterinários e perfumaria, sabões e velas (- penho ficou com os serviços industriais de 16,25%), e borracha (-5,53%). Em 2004, as utilidade pública (-129) e com a administração indústrias dos setores de material elétrico e de pública (592). comunicação (49,08%), de madeira (40,61%), Nos dois primeiros meses de 2004 foram química (23,08) e bebidas (18,18), foram as criados 2.353 novos postos de trabalho e no campeãs em contratações. Os dados de mesmo período de 2005 houve um leve intermediação de mão-de-obra do SINE-ES - aumento para 2.246. Porém, foi no mês de Sistema Nacional do Emprego do Ministério do fevereiro que ocorreu a maior diferença. Em Trabalho e Emprego - (tabela 4.4), evidenciam 2004, o saldo foi positivo em 548, e a atividade o grande aumento de procura potencial por econômica que mais contribuiu foi a de emprego em janeiro (5.592) e fevereiro (5.679) serviços, com 520 novos postos de trabalho. Em de 2005, em relação ao mesmos meses de fevereiro de 2005, surgiu um déficit, sendo o 2004, registrando crescimento de 19,34% e comércio (-435) o setor que mais contribuiu 38,14% respectivamente. A oferta potencial para o resultado negativo. O nível de emprego também cresceu fortemente de 1.100, em estimado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES), da janeiro de 2004, para 2031, em 2005. Em Federação das Indústrias do Espírito Santo fevereiro, o crescimento foi de 755 para 1.312 (FINDES), registrou, no mês de janeiro de 2005, vagas captadas. No total, o SINE cadastrou um incremento de 0,4%, em relação a 11.271 trabalhadores no primeiro bimestre de dezembro de 2004 (tabela 4.3). No mês, a 2005 e encaminhou 5.214 candidatos para as indústria capixaba contratou 465 trabalhado- 3.343 vagas captadas, tendo sido contratados res, o que representa uma elevação de 0,6% se 1.402 pessoas, que resultou na taxa de comparado a janeiro de 2004. Os setores que alocação de 41.94%. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 12 Tabela 4.4 - Intermediação de mão de obra no ES Especificação Fev/04 Dez/04 Jan/05 Fev/05 No Ano M.O. cadastrada 3.613 4.395 5.592 5.679 11.271 Vagas captadas 755 1.244 2.031 1.312 3.343 M.O. encaminhada 1.439 1.900 2.872 2.342 5.214 M.O. colocada 364 503 782 620 1.402 Taxa de alocação(%) 48,21 40,43 38,50 47,26 41,94 Fonte: SINE
  • 14. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 13 5. POLÍTICA MONETÁRIA Os dados da tabela 5.1 revelam que insistentes declarações contra a intervenção no iniciamos o ano de 2005 com movimentos de mercado de câmbio e com a justificativa de contração da base monetária. Em janeiro, o recomposição das reservas internacionais, o saldo da base monetária estimado no final do Banco Central tem expandido a base através período, atingiu R$ 83,5 bilhões (redução de da compra de divisas. Essas operações 5,9% no mês), e de R$ 79,1 bilhões (redução de geraram uma expansão de R$ 23,6 bilhões na 5,2%), em fevereiro. O total de papel moeda base monetária, entre dezembro e fevereiro. A emitido diminuiu 10,2%, em janeiro, e 2,3%, em operação realizada para a compensação fevereiro, as reservas bancárias aumentaram desses movimentos, condicionada pelo 3,8% e diminuíram 11,1%, nos dois meses. No movimento das reservas bancárias e pelo acumulado do primeiro bimestre, a variação vencimento dos títulos, são as operações com da basefoi de-10,8%. títulos públicos. Nos dois últimos meses do ano, A oferta de moeda é estimada pelo o Banco Central colocou R$ 18,5 bilhões estoque de meios de pagamentos que, por através da compra de títulos do Tesouro e retirou definição, é constituída da soma de todo o R$ 21,9 bilhões nos dois meses seguintes, papel-moeda que está em poder do público e através da venda de títulos. As demais opera- dos depósitos à vista do público junto aos ções são marginais em relação ao conjunto e bancos comerciais. No mês de fevereiro, os não afetaram significativamente a base meios de pagamento (M1), medido pela monetária. média dos saldos diários, atingiram R$ 120,7 Com exceção dos meses de janeiro e bilhões, uma redução de 3% no mês, mas um dezembro de 2004, o Banco Central evitou a incremento de 20,3%, em doze meses. Os intervenção no mercado de câmbio, apresen- saldos do papel-moeda em poder do público e tando como resultado, nesses dez meses, um dos depósitos à vista apresentaram quedas de impacto negativo na base monetária de 4,6% e de 2,0%, respectivamente. apenas R$ 26,3 milhões. A mudança de A síntese da política monetária executada postura, depois do final do ano, reflete em parte pelo Banco Central nos últimos meses de 2004 a enorme pressão dos grupos interessados na e início de 2005 está registrada na tabela 5.2. desvalorização do real, principalmente os Nela observamos um aumento na base exportadores. O maior problema que o monetária nos dois últimos meses do ano no desenho da política monetária coloca para o total de R$ 17,0 bilhões e uma redução de R$ governo é que a aquisição de divisas pressupõe 9,6, nos dois primeiros meses do ano. As a troca por dívida mobiliária, a primeira pode operações realizadas por conta do Tesouro render juros a taxas muito baixas e a segunda Nacional refletem a política de obtenção de pagamentos de taxas muito elevadas. um elevado superávit primário, através da Taxade juros restrição de gastos que conduz a uma retração Em reunião realizada nos dias 15 e 16 de na base monetária. Por outro lado, apesar das março, o COPOM decidiu por unanimidade Tabela 5.1 - Base monetária, componentes e meios de pagamentos Saldos em final de período (em R$ milhões) e variação mensal (%) fev/04 dez/04 jan/05 fev/05 Componentes R$ % R$ % R$ % R$ % Base Monetária 68.869 0,0 88.733 18,2 83.471 -5,9 79.116 -5,2 Papel moeda emitido 46.011 -0,1 61.936 18,8 55.647 -10,2 54.394 -2,3 Reservas bancárias 22.858 0,1 26.797 16,8 27.824 3,8 24.722 -11,1 Meios de Pagamento* 100.295 -2,4 127.129 12,3 124.415 -2,1 120.678 -3,0 Moeda em poder do público 39.074 -3,1 51.024 18,5 49.073 -3,8 46.808 -4,6 Depósitos à vista 61.221 -1,9 76.105 8,6 75.342 -1,0 73.871 -2,0 Os meios de pagamento referem-se à média dos saldos nos dias úteis. Fonte: BCB. Nota para a imprensa- 23.3.2005.
  • 15. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 14 através da capitaliza- ção das taxas diárias durante o número de dias úteis em um período de 30 dias, continuam elevadíssi- mas. A taxa para o cheque especial, em o p e r a ç õ e s p r é - fixadas, estimadas para o período entre 26/04 a 02/05, chegacontinuar com o "ajuste" monetário que vem a 12,68% que, anualizada, atinge 319,0%executando desde a segunda metade de (Banco Schahin). Os principais bancos estatais,2004, aumentando a taxa SELIC para 19,25 % o Banco do Brasil (7,86%) e a Caixa Econômicaa.a., sem viés. Federal (7,38%), ainda oferecem taxas menosApesar dos indicadores econômicos elevadas do que os maiores bancos privadosestarem apresentando uma evolução que nacionais como o Bradesco (8,23) e o Itaúpoderia ser considerada satisfatória, com taxas (7,92%) ou do que os maiores bancos estrange-de crescimento impulsionadas principalmente iros como o Banespa (7,89%), o ABN-AMROpelo setor externo, os membros do comitê (7,65%) e o HSBC (8,13%). A menor taxa para oconsideraram mais prudente manter uma cheque especial é cobrada pelo bancopolítica monetária de caráter mais restritivo por Votorantim, apenas 1,62% ou 21,27% ao ano.observarem uma evolução nas projeções das As taxas cobradas para o crédito pessoalexpectativas da inflação futura. Dessa maneira, atingem níveis ainda mais elevados. A Crefisaesta política se explica pela clara adoção de (19,51%) e o Banco Ibi (13,74%) cobram asum instrumental focado na oferta como fica maiores taxas. A taxa da Crefisa anualizadaevidente pela própria ata: "em função da forte chega a 748,89%. Os maiores bancos estataisexpansão na atividade desde o fim de 2003, cobram taxas mensais que vão de 3,13%um foco importante de preocupação em (Caixa Econômica Federal) e 4,04% (Banco dorelação à dinâmica prospectiva da inflação Brasil), os bancos privados nacionais cobramcontinua sendo o desempenho da oferta entre 4,91% (Bradesco) e 5,71% (Itaú), e osagregada nos próximos trimestres". maiores bancos estrangeiros cobram entreAssim, a política de aumento sistemático da 4,15% (Banespa) e 10,23% (ABN-AMRO).taxa básica de juros continua, segundo o Para as pessoas jurídicas, as operações deprisma do monetarismo mais ortodoxo possível, crédito mais importantes, que representam orecebendo, incrivelmente, até criticas do Fundo maior volume de negócios, são os empréstimosMonetário Internacional (FMI). As críticas são para capital de giro, a conta garantida e ascontra a dosagem e não quanto aos seus antecipações de contratos de câmbio (ACC).fundamentos, que tem embasamento nos Juntas elas representavam 57,47% dospróprios princípios do fundo. A taxa média de empréstimos tomados pelas pessoas jurídicas,juros cobrada nas operações de crédito com em fevereiro de 2005. As taxas mensais efetivasrecursos livres do sistema bancário chegou a pré-fixadas, para empréstimos a título de64,0% para pessoas físicas e 42,9% para capital de giro, estimadas pelo Banco Central,pessoas jurídicas, nas operações pré-fixadas, para o período entre 26/04/05 e 02/05/05,no mês de fevereiro. Para as pessoas físicas, as variavam entre 0,52% (Banco Keb do Brasil) eoperações de crédito para o cheque especial, 5,74% (Banco Sudameris do Brasil). Os cincocrédito pessoal e para aquisição de bens maiores bancos brasileiros cobravam respecti-representam, a taxas pré-fixadas, 86,61% dos vamente as seguintes taxas mensais: BB, 2,29%,empréstimos. CEF, 2,65%, Bradesco, 3,29%, Itaú, 2,93% eAs taxas mensais de juros cobradas pelos Unibanco 2,28%. Para a conta garantida, osbancos nas operações de crédito, calculadas Tabela 5.2 - Fatores condicionantes da base monetária Fluxos acumulados no mês (R$ milhões) Período Tesouro Nacional Títulos Públicos Setor Externo Assist. Finan. Depó- sitos Outras Contas* Var. da Base Nov/04 -1.225 6.295 9 -1 110 -1.763 3.425 Dez/04 -2.789 12.184 7.186 -1 -1.578 -1.367 13.635 Jan/05 2.988 -14.841 6.876 22 388 -695 -5.261 Fev/05 -6.815 -7.080 9.576 -24 312 -324 -4.355 * Inclui operações com derivativos Fonte: BCB. Nota para a imprensa.
  • 16. bancos cobravam até 8,40% (banco Sofisa), ao fevereiro de 2005, de 1,4% no mês e 4,1% no mês. Dentre os cinco maiores bancos, o Banco trimestre. Os empréstimos para pessoas físicas, do Brasil cobra a maior taxa, 5,01% e a Caixa com incremento de 2,7% no mês, 8,7% no Econômica Federal, em 28o lugar, 2,95%, a trimestre, foram os que mais cresceram. O custo menor taxa. médio dos empréstimos com recursos livres Operações de crédito O total dos emprésti- atingiu 47,5% a.a. em fevereiro de 2005. A mos efetuados pelo sistema financeiro brasileiro elevação do custo médio das operações de até fevereiro de 2005, (tabela 5.3), foi de R$ crédito com recursos livres foi reflexo da alta nas 498,3 bilhões, ele apresentou expansão de taxas dos contratos com pessoas físicas, com 1,4% no mês, 3,9% no trimestre e 2,7 % no ano. destaque para o aumento na taxa de juros do Desse total, R$ 19,1 bilhões, foi contraído pelo cheque especial e para as operações de setor público e R$ 479,2 bilhões pelo setor crédito pessoal. As taxas médias de juros nos privado. Os governos estaduais e municipais empréstimos para aquisição de veículos e de devem R$ 14,2 bilhões, uma variação de 0,3% bens diminuíram. no mês, e 32,9% na comparação com o mês A distribuição das operações de crédito, de fevereiro de 2004. O governo federal, com efetuada pelo sistema financeiro, segundo saldo de R$ 5,0 bilhões, apresentou queda de níveis de risco mostram que as dívidas vencidas 0,4% no mês e 1,6% em relação ao mesmo com mais de 180 dias de atraso,classificação H, mês do ano anterior. A relação entre o volume diminuíram 0,1 p.p. no mês e 0,6 p.p. no ano. Por de crédito do sistema financeiro brasileiro e o PIB outro lado, as dívidas não vencidas e aquelas foi de 26,7%, em fevereiro de 2005, evoluindo com até 15 dias de atraso, mantiveram-se positivamente em 0,2 p.p. se comparado a estáveis, mas diminuíram de 61,0%, em janeiro de 2005 ( 26,5%) e 1,4 p.p. em relação a fevereiro de 2004, para 60,3%, em 2005. A fevereiro de 2004 (25,3%). diferença levou a um aumento nas dívidas O volume de crédito do sistema financeiro classificadas entre as faixas B e G, que passou de brasileiro, em fevereiro de 2005, foi mais 35,4%, em fevereiro de 2004, para 36,7%, em significativo na carteira de crédito com recursos 2005. A maior parte da inadimplência concen- livres (R$ 284,5 bilhões), registrou crescimento tra-se nos governos estaduais e municipais de 2,5% no mês, os empréstimos para pessoas (9,0%), nos créditos do sistema financeiro da físicas cresceram 3,2% e 2,0% para pessoas habitação (6,1%) e nas pessoas físicas (4,8%). O jurídicas. Por outro lado, os recursos direcionados governo federal é o melhor cliente, 95,7% de (R$ 179,7 bilhões) apresentaram retração de - suas dívidas ou não estão vencidas ou estão 0,4%, no mês. Os empréstimos do BNDES, no somente com até 15 dias de atraso, o pior são os valor de R$ 96,4 bilhões, que representam compradores de casa própria, com apenas 53,6% dos recursosdirecionados, retraíram0,7% 40,0 de suas dívidas não vencidas ou com duas no mês de fevereiro. O crescimento nos semanas de atraso. empréstimos para o setor privado foi, em Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 15 Tabela 5.3 - Operações de crédito do sistema financeiro - saldos em final de período (R$ milhões) e classificação das faixas de risco do saldo das operações Setor Público Setor Privado Meses Governo Governo Total Set. Indús- Habi- Rural Comér Pess. Outros Total Set. Total Federal Mun/Est. Público tria tação cio Física Serv. Privado Geral Dez/04 5.041 14.161 19.202 124.939 25.775 55.293 54.667 125.691 79.444 465.809 485.011 Jan/05 5.000 14.131 19.131 125.347 25.940 55.342 55.178 129.413 81.301 472.521 491.652 Fev/05 4.981 14.168 19.149 126.684 26.028 55.231 56.727 132.853 81.633 479.156 498.305 Faixa de Risco (fevereiro de 2005 %) AA+A 95,70 63,00 71,50 65,01 40,00 57,80 55,90 60,90 60,60 59,80 60,30 B até G 4,30 28,00 21,80 33,20 54,10 40,90 41,70 34.30 37,40 37,30 36,70 H 0,00 9,00 6,60 1,70 6,10 1,40 2,30 4.80 1,90 2,90 3,00 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: BCB - Nota para a imprensa
  • 17. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 16 6. POLÍTICA FISCAL Para um analista político é uma tarefa árdua Receita Federal e de Política Econômica), caracterizar um governo como o atual. Definir guardiões do receituário ortodoxo. A busca se ele é conservador, populista, desenvolvi- pela estabilidade dos preços torna-se um fator mentista ou neoliberal é rotulá-lo sem que o seu limitador não apenas das despesas correntes comportamento, no geral, corresponda do governo, mas também da política econômi- inteiramente a uma dessas classificações. Na ca. Prova disso são os resultados do Tesouro verdade, no bojo das eleições, a tentativa de Nacional e a aprovação, no final do ano de aliar diferentes setores da sociedade mostrava- 2004, das Parcerias Público-Privadas (PPPs) cujo se como um esforço positivo na construção do mecanismo isenta o governo de prover a tão solene pacto social e, dessa maneira, seria totalidade dos investimentos que pretende possível trazer o país de volta aos trilhos do realizar, cabendo à iniciativa privada essa desenvolvimento, parafraseando uma das tarefa. possíveis metáforas utilizadas pelo presidente Em março de 2005, venceu o acordo da república para explicar aos brasileiros o seu firmado com o Fundo Monetário Internacional projeto de desenvolvimento. (FMI) em dezembro de 1998 e prorrogado em Entretanto, no que tange a política fiscal, dezembro de 2003. Economistas contrários à fica evidente a utilização dos princípios da visão do mainstream, acreditam que o atual corrente ortodoxa. O próprio Lula evita comen- modelo é uma imposição de fortes atores, tar a fundo essa prática, apenas enfatiza a dentre eles o Fundo, em seu papel determinan- necessidade de controle da inflação e do te para a adoção do regime de metas de cumprimento de contratos, tendo em vista, inflação, mas se questionam sobre quais seriam possivelmente, a evitar a deterioração de sua as atitudes do governo federal diante da imagem política no despontar das eleições suspensão das metas oficiais do acordo. presidenciais de 2006. O fato é que a política A tabela 6.1, que trata das receitas e gastos fiscal é comandada diretamente pelo não financeiros do governo central, aponta Ministério da Fazenda e suas secretarias para a continuidade da política fiscal contraci- (notadamente a do Tesouro Nacional, da onista que vem predominando durante os Tabela 6.1 - Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões) Discriminação Dez/03 Jan-Dez/03 Out/04 Nov/04 Dez/04 Jan-Dez/04 I. RECEITATOTAL 37.018,0 358.883,2 36.281,3 34.076,2 48.154,4 423.688,0 I.1. Receita do Tesouro 24.720,4 277.159,9 28.410,3 26.258,7 34.703,0 328.686,7 I.2. Receita da Prev. Social 12.297,6 80.730,1 7.758,70 7.680,8 13.318,7 93.765,4 I.3. Receita do Banco Central¹ 993,1 112,2 136,8 132,7 1.236,0 II. TRANF. A EST. E MUNIC. 4.933,4 60.226,2 5.704,00 6.220,5 6.342,8 67.557,4 III. RECEITALÍQUIDA TOTAL (I-II) 32.084,6 298.657,0 30.577,3 27.855,7 41.811,6 356.130,6 IV. DESPESATOTAL 37.778,4 259.367,9 25.821,6 26.135,2 44.565,7 306.742,6 IV.1. Pessoal e Enc. Sociais 9.098,0 78.068,7 7.119,6 8.106,9 11.008,8 87.728,7 IV.2. Benef. Previdenciários 16.556,7 107.134,8 10.314,1 10.141,8 19.922,2 125.750,8 IV.3. Custeio e Capital 12.066,7 72.451,6 8.191,9 7.669,3 13.290,0 91.068,7 IV.4. Transf. do Tesouro ao BC 56,9 525 63,7 54,6 72,7 622,1 IV.5. Despesas do B. Central¹ 1.187,8 132,3 162,6 271,9 1.572,4 V. RES. PRIM. GOV. CENTRAL -5.669,5 39.289,1 4.755,7 1.720,5 -2.754,1 49.388,0 V.1. Tesouro Nacional -1.434,7 65.888,4 7.331,1 4.207,4 3.988,7 81.709,8 V.2. Previdência Social (RGPS) -4.259,1 -26.404,7 -2.555,3 -2.461,1 -6.603,5 -31.985,4 V.3. Banco Central¹ 24,4 -194,7 -20,1 -25,8 -139,3 -336,4 VI. RES. PRIMÁRIO/PIB (%) 2,52% 2,80% ¹ Para dezembro 2003 o resultado do Banco Central foi apresentado apenas consolidado. Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional – Ministério da Fazenda.
  • 18. últimos anos noBrasil. O crescimento expressivo atingiu R$ 356,1 bilhões em comparação a R$ das receitas do governo central continua 298,7 bilhões, do ano anterior, ou seja, 19,3% acompanhado da contenção, ou de um de expansão. Se considerarmos a inflação crescimento lento, dos gastos governamentais, medida pelo IPCA de 7,6% e o crescimento de como forma de garantir a geração de 5,2% do PIB (apurado pelo IBGE), durante do superávits primários. Durante o ano de 2004, ano de 2004, fica claro o aumento da carga assiste-se à intensificação do ajuste fiscal do tributária. Destaca-se o fato de que todos os governo, porém com seus efeitos atenuados componentes do governo central (Tesouro pelo crescimento econômico registrado ao Nacional, Banco Central e Previdência Social) longodo ano. obtiveram aumento significativo em suas As receitas passaram de R$ 37,0 bilhões, em receitas, respectivamente 18,6%, 24,5% e dezembro de 2003, para R$ 48,1 bilhões em 16,1%. dezembro de 2004, um crescimento de 30%. Os dados permitem mais uma vez enfatizar Mesmo se considerarmos as transferências para que o crescimento das despesas do governo estados e municípios, ainda assim observa-se central dá-se em ritmo mais lento do que o das um aumento considerável da receita líquida, receitas. Durante o ano de 2004, as despesas de R$ 32,0 bilhões para R$ 41,8 bilhões totais do governo central passaram de R$ 259,4 (acréscimo de 30,3%) na comparação entre os bilhões (resultado acumulado em dezembro de dois meses. 2003) para R$ 306,7 bilhões, o que representa As transferências constitucionais para aumento de 18,3%, inferior ao acréscimo da estados e municípios receberam acréscimo receita líquida. importante durante o ano de 2004. Este Dentre as despesas do governo destaca-se resultado pode ser creditado ao crescimento o item custeio e capital, cuja rubrica passou de da economia e conseqüente aumento no fluxo R$ 72,5 bilhões para R$ 91,1 bilhões, quando de mercadorias e serviços. Com o incremento comparados os resultados acumulados dos na arrecadação de impostos, o repasse feito a anos de 2003 e 2004, respectivamente. Outro esses entes federativos toma maior importân- item que apresentou acréscimo relevante cia. Se comparados, os resultados acumulados foram as despesas do Banco Central, de R$ 1,2 nos anos de 2003 e de 2004 revelam um bilhão para R$ 1,6 bilhão. aumento das transferências da ordem de Como resultado desses movimentos, tanto 12,2%. da receita quanto da despesa do governo Não obstante esse aumento das transferên- central, houve um aumento da relação entre cias a estados e municípios, durante o ano de superávit primário e PIB considerando-se o 2004, a receita líquida do governo central resultado final de 2003 e 2004. A relação Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 17 Tabela 6.2 - Necessidade de Financiamento do Setor Público (R$ milhões) Discriminação Dez/03 Jan- Dez/03 Out/04 Nov/04 Dez/04 Jan- Dez/04 I. Resultado Primário 4.121 -66.173 -8.200 -6.857 3.716 -81.112 I.1. Governo Central 7.511 -38.744 -5.515 -2.477 3.110 -52.385 I.2. Governos Regionais 596 -13.821 -1.274 -1.433 379 -17.482 I.3. Empresas Estatais -3.986 -13.608 -1.411 -2.947 228 -11.245 II. Juros Nominais 8.918 145.205 11.086 10.317 11.569 128.256 II.1. Governo Central 5.674 100.896 8.703 7.297 6.748 79.419 II.2. Governos Regionais 3.128 40.824 2.489 2.984 4.183 51.464 II.3. Empresas Estatais 115 3.484 -107 37 638 -2.626 III. Resultado Nominal 13.039 79.032 2.885 3.460 15.285 47.144 III.1. Governo Central 13.185 62.153 3.188 4.820 9.857 27.033 III.2. Governos Regionais 3.725 27.002 1.215 1.550 4.562 33.982 III.3. Empresas Estatais -3.871 -10.123 -1.518 -2.910 866 -13.872 Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 28.01.2005 (-) = superávit
  • 19. ano anterior. Apenas o mês de d e z e m b r o m o s t r o u - s e destoante no último trimestre (e na maioria dos outros meses do ano). O fato de ter apresentado um déficit primário, deve-se às despesas normais de final de ano. De qualquer forma, os juros devidos no período foram menores do que em 2003, R$ 128,26 bilhões, em 2004, passou de 2,52% para 2,8%. Apesar do contra R$ 145,2 bilhões, em aumento do déficit do Regime Geral de 2003, já o montante pago de juros no trimestre Previdência Social (RGPS), que passou de R$ (R$ 33,0 bilhões) seria suficiente para cobrir o 26,4 bilhões para R$ 32,0 bilhões, a melhora do déficit da Previdência Social (R$ 31,98 bilhões) resultado do Tesouro Nacional mais que durante todoo ano. compensou essa dificuldade, com um saldo No período analisado pode-se observar de R$ 81,7 bilhões em 2004 em comparação a uma melhora no resultado fiscal do governo R$ 65,9 bilhões em 2003. federal, especificamente na proporção da Diante do cenário apresentado,e conside- dívida líquida do setor público em relação ao rando-se os fluxos mensais acumulados PIB. Em função do aumento do PIB, da combi- durante o ano de 2004, a necessidade de nação de aperto fiscal e da apreciação financiamento do setor público totalizou R$ cambial do real em relação ao dólar, o 47,1 bilhões (2,68% do PIB, tabela 6.2). Em endividamento do setor público cresceu em outras palavras, embora o setor público uma proporção menor que nos anos anteriores. (compreendido pelo governo central, estados, Como podemos observar na tabela 6.3, municípios e empresas estatais) tenha em dezembro de 2003, o endividamento alcançado um superávit primário descomunal estava em R$ 913,14 bilhões, o que representa- de R$ 81,1 bilhões (4,61% do PIB, bem acima va 57,2% do PIB. Em dezembro de 2004, a da meta com o FMI de 4,25% do PIB), ainda dívida atingiu o patamar de R$ 956,99 bilhões, assim não foi o suficiente para cobrir o montan- embora tenha caído para 51,8%, como te de pagamento de juros, R$ 128,3 bilhões proporção do PIB. A redução foi possível graças (7,25% do PIB). ao crescimento da economia, tendo em vista Na verdade, se dependesse do Governo que o PIB estimado pelo BC para o cálculo da Federal (leia-se Ministério da Fazenda) o dívida passou de R$ 1,597 trilhão em 2003 para superávit primário seria bem superior, já que R$ 1,847 trilhão em 2004. Só essa expansão sozinho alcançou o valor de R$ 84,7 bilhões, teria sido suficiente para reduzir a relação entre mas Banco Central e a previdência social dívida e PIB em 7,7 pontos percentuais ao longo apresentaram déficits de R$ 336 milhões e R$ de 2004, segundo cálculos do BC. 32,0 bilhões, respectivamente (tabela 6.1). As Mesmo com a melhora da relação empresas estatais, além de apresentarem um divida/PIB, devido ao crescimento do PIB, o total resultado operacional superavitário, em 2004 dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional tiveram resultados não-operacionais positivos atingiu R$ 1,1 trilhão, em dezembro de 2004, em R$ 2,6 bilhões, número significativo um crescimento no seu estoque de 12,4%, no considerando-se que em 2003 apresentaram ano. Desse total R$ 796,7 bilhões estão um déficit de R$ 3,5 bilhões (tabela 6.2). colocados no mercado e R$ 302,9 bilhões A economia feita pelo poder público em estão em carteira no Banco Central. Esse total, 2004 superouem 22,6%a contençãorealizada somado aos títulos do Banco Central, ainda no em 2003. Por outro lado, o resultado nominal foi mercado, e as operações de mercado aberto menor, aproximadamente 40% do obtido no elevaram a divida para R$ 857,47 bilhões, em Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 18 Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ bilhões) Discriminação Dez/03 Out/04 Nov/04 Dez/04 Dívida Total Líquida 913,14 945,40 941,05 957,00 Governo Central 578,74 592,93 590,79 601,47 Governos regionais 316,71 346,66 347,00 351,05 Empresas Estatais 17,68 5,81 3,26 4,46 Dívida Total Líquida 913,14 945,4 941,05 957,00 Dívida líquida interna 726,68 783,63 787,26 818,06 Dívida líquida externa 186,46 161,78 153,79 138,93 DLSP em % do PIB 57,2 51,9 51,3 51,9 Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 28.01.2005
  • 20. dezembro de 2004 (8,9% superior a dezembro swap representavam 54,0%. Por outro lado, os de 2003). títulos indexados à variação cambial com swap Em 2004, a composição da dívida representam 9,3% e sem swap 4,9%. Outra mobiliária, segundo os indexadores que forma de remuneração dos títulos que sofreu determinam a remuneração de cada parcela um grande aumento em sua participação dessa dívida, sofreu significativa alteração. A foram os títulos pré-fixados. Eles passaram de parte da dívida remunerada pela taxa de juros 11,6%, emdezembro de2003, para19,0%, em determinada pelo over/selic sofreu um dezembro de 2004. Esse tipo de título é objeto aumento de 46,6% para 49,5% e a parte de demanda maior quando os aplicadores no remunerada por juros e corrigida pela taxa de mercado esperam uma redução na taxa de câmbio sofreu uma queda de 20,5% para juros futura ou da taxa de inflação. Os demais 9,3%. Aparentemente, isso significa uma menor indexadores como os índices de preço e as exposição da dívida às possíveis crises cambiais operações de mercado aberto sofreram decorrente de algum ataque especulativo. mudanças bem menores. Entretanto, as dívidas indexadas à selic e à taxa de câmbio são protegidas por operações de swap, ou seja contratos que permitem a troca do indexador. Assim, pode-se comprar títulos indexados à selic com a opção de troca pela variação cambial. No caso de uma desvalorização aguda, superior à taxa selic, a aplicação estará protegida. Por essa razão, os títulos indexados à selic com swap representavam 49,5% do total e os títulos sem Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 19 7. SETOR EXTERNO Mais uma vez a balança comercial do Brasil balança comercial brasileira podem ser apresenta resultado positivo. Em 2004, o considerados positivos, por um lado, pois superávit registrado foi de US$ 33,7 bilhões, um continuou a aumentarmesmo com oreal mais crescimento de 35,9%, em relação a 2003 (US$ valorizado diante do dólar. Por outro lado 24,8 bilhões). É o maior saldo positivo da história podem ser considerados negativos, pois a do país e o segundo recorde anual consecuti- valorização do real obviamente prejudica as vo. Uma parcela importante do crescimento do exportações do país. Pode-se dizer que esse PIB, em 2004, foi decorrente do resultado saldo continua positivo, porque as exportações excepcional do comércio externo brasileiro. de hoje são referentes a contratos realizados há Em 2005, a balança comercial continua meses atrás, mas, um outro fator que pode apresentando resultado positivo e crescente. estar suavizando os efeitos da valorização No primeiro bimestre do ano, o saldo foi de cambial é a manutenção dos preços altos das cerca de US$ 5,0 bilhões, um aumento de 40% commodities que tem continuado no primeiro em relação ao mesmo período do ano trimestre deste ano. A questão cambial é muito passado. Esse saldo foi mais do que suficiente importante, pois uma taxa menos valorizada para cobrir o déficit na conta de serviços e as contribui para um maior saldo entre as remessas de rendas. Somando com o ingresso exportações e as importações e maior por conta das transferências unilaterais o saldo quantidade dedivisas. Alémda valorizaçãona em conta corrente já acumulou um total de taxa de câmbio, a falta de investimentos em quase US$ 1,0 bilhão. Estes superávits na infra-estrutura e logística também pode afetar Tabela 6.4 – Títulos Públicos Federais e Operações de Mercado Aberto Discriminação Dez/03 Out/04 Nov/04 Dez/04 Dívida total (R$ bilhões) 787,57 850,11 851,99 857,47 Indexadores (%) Over/Selic* 46,6 49,5 49,6 49,5 Câmbio* 20,5 10,2 9,5 9,3 Prefixado 11,6 15,9 17,2 19,0 TR 1,7 1,7 1,7 2,6 Índices de preço 12,6 14,0 14,1 14,1 Oper. de merc. Aberto 7,1 8,7 7,9 5,5 * com operações de Swap FONTE: BCB – Notas para a imprensa, 28.01.05
  • 21. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 20 negativamente o saldo da balança brasileira. comercial e nas transações correntes como Mesmo com o desempenho altamente um todo no ano de 2004, a conta capital e favorável nos últimos anos, o Brasil ainda se financeira apresentou um resultado diferente mantém no 29º lugar entre os 30 principais neste ano, pela primeira vez, desde 1988, o importadores, em 2004, mas nem aparece no saldo foi negativo (tabela 7.2). Nos dois ranking dos 30 principais exportadores. Por isso a primeiros meses deste ano, no entanto, a conta forte pressão para que não se permita uma capital e financeira mostra um fluxo positivo, valorização significativa do real diante do dólar. cujas entradas líquidas representaram um O saldo da conta de transações correntes, montante de US$ 5,6 bilhões, 69,0% maior do em 2004, apresentou um superávit de US$ 11,7 que o mesmoperíodo do anopassado. bilhões, o melhor resultado já registrado desde A conta capital, onde são registradas as o início da série histórica em 1947. Esse valor é transações relativasàs transferênciasunilaterais equivalente a 1,94% do PIB (Produto Interno de capital e as aquisições/alienações de bens Bruto), também recorde histórico. Nos meses não financeiros não produzidos (cessão de iniciais de 2005, o saldo das transações marcas e patentes) fechou ano passado com correntes em relação ao PIB apresenta uma saldo positivo de US$ 703 milhões. Nos dois pequena redução, de 0,96% do PIB, para primeiros meses de 2005 essa sub-conta 0,92%. Deve-se considerar que este saldo acumulou um saldo de US$ 103 milhões, positivo é o resultado exclusivamente do saldo resultado 9,6% maior que o do mesmo superavitário da balança comercial, pois as período do ano passado. remessas de juros, lucros e dividendos são cada A conta financeira, onde são registradas as vez maiores, e sempre têm sido deficitário na transações mais importantes relativas à conta de transações correntes. Ao contrário dos formação de ativos e passivos externos, resultados positivos observados na balança apresentou um déficit de cerca de US$ 8,0 Tabela 7.1 –Conta de transações correntes (US$ milhões) Discriminação fev/04 Ano/04 jan/05 fev/05 jan-fev/05 Balança comercial 1.969 33.693 2.183 2.786 4.969 Exportações 5.722 96.475 7.444 7.756 15.200 Importações 3.752 62.782 5.260 4.970 10.230 Serviços -180 -25.293 -272 -373 -641 Transportes -118 -2.081 -114 -100 -213 Rendas -1.819 -20.520 -1.365 -1.909 -3.907 Juros -1.248 -13.364 -1.021 -369 -2.238 Lucros e Dividendos -585 -7.338 -372 -100 -1.720 Transferências unilaterais 232 3.268 271 241 513 Transações correntes 202 11.669 818 117 935 Trans. Correntes/PIB (%) - 1,94 - - 0,92 Fonte: BCB – Notas para a imprensa Tabela 7.2 –Conta capital e financeira (US$ milhões) Discriminação fev/04 Ano/04 jan/05 fev/05 jan-fev/05 Conta capital e financeira -318 -7.310 1.187 4.407 5.594 Conta capital 55 703 51 52 103 Conta financeira -373 -8.013 1.136 4.355 5.492 Investimento direto 1.023 8.695 1.144 780 1.924 Invest. em carteira 957 -4.750 420 3.452 3.872 Derivativos 12 -677 20 74 94 Outros investimentos -2.366 -11.281 -448 50 398 Erros e omissões -190 -2.115 20 268 289 Resultado do balanço -306 2.244 2.025 4.792 6.817 Fonte: BCB – Notas para a imprensa
  • 22. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 21 bilhões. Este ano, ao contrário, somente até mas apenas US$ 27,5 bilhões como reservas fevereiro esta conta apresentou um saldo líquidas ajustadas das quais se excluem a acumulado de US$ 5,5 bilhões,resultado 70,7% dívida decorrente do acordo com o FMI. As maior do que no mesmo período do ano contínuas desvalorizações do dólar no passado (US$ 3,2 bilhões). mercado interno de câmbio têm conduzido o Os ingressos líquidos na modalidade de Banco central a efetuar volumosas compras, investimento externo direto (IED) foram de US$ acelerando o aumento nas reservas internacio- 8,7 bilhões, no ano de 2004, resultado inferior nais. Assim, as reservas líquidas atingiram US$ ao obtido no ano anterior, US$ 9,9 bilhões. Até 39,5 bilhões, em março de 2005. Esse resultado fevereiro deste ano a conta já acumula um foi obtido com a compra de US$ 10,3 bilhões, saldo de US$ 1,9 bilhões. Os investimentos no primeiro trimestre do ano, associado a novos carteira, que representam os fluxos de ativos e empréstimos tomados no mercado financeiro passivos constituídos pela emissão de títulos de internacional, através do lançamento dos crédito, comumente negociados em merca- bônus Euro15 e Global25, em fevereiro e do dos secundários de papéis, acumulou em bônus Global 15, em março, totalizando US$ 2004, saídas líquidas de US$ 4,7 bilhões, valor 2,9 bilhões de novos empréstimos. bastante diverso do superávit de US$ 5,3 bilhões Considerando o período de dezembro de ocorrido em 2003. Esse grupo terminou janeiro 2003 a dezembro de 2004, o montante total da com um saldo positivo de US$ 420,0 milhões, dívida externa apresentou uma redução de porém em fevereiro apresenta uma entrada 6,3%. No mesmo período, os resultados bastante volumosa de US$ 3,5 bilhões, valor positivos do saldo externo de bens e serviços quase 10 vezes maior do que o apresentado no permitiram a amortização de uma parcela da mês de janeiro. O movimento na carteira de dívida total de longo prazo, ocasionando uma derivativos apresentou um volume líquido de redução de 9,4% na dívida do setor privado e negócios pouco significativo. de 4,2%, do setor público. Na dívida de curto Nas transações contabilizadascomo outros prazo do setor privado houve uma redução de investimentos (financiamentos concedidos por 7,1% e a dívida do setor público teve uma exportadores estrangeiros e importadores redução de 90,1%. O saldo da balança nacionais e aqueles provenientes do organis- comercial do Espírito Santo representou, em mo e agências internacionais, como o Fundo janeiro e fevereiro de 2005, 4,38% do total da Monetário Internacional) o balanço de balança comercial brasileira (US$ 4,97 bilhões). pagamentos registrou saídas líquidas de US$ Em 2005, o saldo atingiu um total de US$ 217,8 11,3 bilhões no acumulado do ano de 2004. milhões 5,17% menor do que no mesmo Apesar dosignificativo volumeregistrado como período do ano passado. Esta queda no saldo erros e omissões (US$ -2,1 bilhões), indicando foi decorrente do crescimento espetacular das fuga de capitais sem registro, o balanço de importações, que atingiu 57,5%. Assim, pagamentos apresentou um resultado global mesmo com o crescimento de 33,0% nas positivo no ano de 2004. No entanto tal resultado foi 3,8 vezes menor do que aquele apresentado no ano anterior, quando o balanço fechou com superávit de US$ 8,5 bilhões. O volume de reservas brasileiras, no conceito de liquidez internacional, totalizou US$ 52,9 bilhões, no mês de dezembro de 2004, Tabela 7.3 – Dívida externa (US$ milhões) Discriminação dez/03 out/04 nov/04 Dez/04 1 Dívida médio e longo prazos 194.736 184.662 185.402 182.630 Setor público 1 119.785 115.381 116.218 114.712 Setor privado 2 74.950 69.281 69.184 67.918 Dívida de curto prazo 20.194 18.542 18.124 18.744 Setor público 1 11 9 9 1 Setor privado 2 20.183 18.533 18.115 18.743 Dívida externa total 214.930 203.204 203.527 201.374 Fonte: BCB – Notas para a imprensa 1. Não inclui o setor público financeiro 2. Inclui o setor público financeiro
  • 23. de semi-manufaturados e 1 9 , 3 % d e p r o d u t o s básicos, esse crescimento não foi suficiente para iniciar o ano com um saldo favorável. Dentre as importações, os produtos básicos (96,2%) foram os que mais cresceram, em seguida foram os produtos manufaturados (54,7%) e por último os produtos s e m i - m a n u f a t u r a d o s (36,1%).exportações, decorrente do aumento de 83,2% nas de produtos manufaturados, 33,8% Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 22 8. INTERNACIONAL Depois de uma nítida desaceleração na Na África, a perspectiva é de 5,4% de taxa de crescimento econômico registrada variação no PIB, enquanto que no Oriente em 2000, a economiamundial melhorou sua Médio é de 4,8%, na América Latina, 3,1%, e performance a partir de meados de 2003. A no resto da Ásia, 6%. Somente China e Rússia, taxa de crescimento média anual do PIB com previsão de crescer a 7,5%, se desta- mundial foi de 4%, em 2003, passando para cam emrelação aosdemais. 4,9% em 2004. Essa variação difundiu-se a No momento onde a retomada econô- quase todas regiões do mundo. Em 2003 e mica parecia se confirmar, pelo menos em 2004, a taxa de crescimento do PIB foi de, relação aos anos anteriores, e onde o preço respectivamente, 1,9% e 3,1% no conjunto do petróleo está elevado, o controle no nível dos países desenvolvidos: 3% e 4,3% nos EUA de preços permanecerá como prioridade (que participa com 21,2% do PIB mundial), absoluta das autoridades monetárias. Nos 2,5% e 3,7% no Japão (7,1% do PIB mundial) países da tríade, o nível de preços, em 2004 e e 1,1% e 2,3% na União Européia integrada 2005, foi estimado em 2,6% e 2,5% nos EUA, - pelos 25 países (21,5% do PIB mundial). Já 0,1% e 0,1% no Japão, e 2,1% e 1,8% na nos países ditos 'em desenvolvimento', as zona do euro. taxas foram de, respectivamente: 7,3% e Os cenários de crescimento parecem 7,1% na Rússia (2,7% do PIB mundial), 9,1% e bastante otimistas, subestimando os 8,7% na China (12,7% do PIB mundial), 6,9% consideráveis riscos presentes na economia e 6,3% no resto da Asia (13,5% do PIB mundial. Além da tendência natural do mundial), 1,9% e 5,5% na América Latina capitalismo à geração de crises constantes, (7,9% do PIB mundial), 4,3% e 4,5% na Africa a hegemoniado dólare acriação decrédito (3,2% do PIB mundial) e 6% e 5,1% no Oriente barato aos consumidores pelos EUA devem Médio (3,1% do PIB mundial). merecer atenção. Em primeiro lugar, em As previsões para 2005 são de 3,5% de razão dos desequilíbrios que caracterizam a crescimento nos EUA, 1,7% no Japão, 2,6% economia dos EUA: i) déficit no balanço de na Inglaterra e 2,4% na zona do euro. Em conta corrente (-5,5% do PIB em 2004) e ii) média, o crescimento pode se estabilizar a déficit do orçamento do Estado (-4,8% do PIB 2,6% no conjunto dos países industrializados. em 2004). O caminho adotado foi o de Tabela 7.4 -Balança Comercial do Espírito Santo (US$ mil) Discriminação jan-fev/04 jan/05 fev/05 jan-fev/05 Balança Comercial 229.701 113.127 104.699 217.826 Exportações 587.312 396.995 384.158 781.153 Básicos 256.706 135.694 170.506 306.200 Semimanufaturados 264.817 204.645 149.772 354.417 Manufaturados 65.789 56.656 63.880 120.536 Importações 357.611 283.868 279.459 563.327 Básicos 41.203 37.698 43.141 80.839 Semimanufaturados 37.508 31.375 19.657 51.032 Manufaturados 278.900 214.795 216.661 431.456 Fonte: MDIC
  • 24. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 23 endividamento das famílias americanas a anos) e de 5% para 5,3% na Inglaterra baixas taxas de juros à época (compra de (obrigações do Estado de 10 anos). imóveis, carros) e emissão de títulos governa- Na periferia do sistema, o excesso de mentais para financiar a dívida. liquidez no mercado internacional intensifi- Por outro lado, o processo de deprecia- cou o processo especulativo em países ção da moeda americana, a diminuição do "emergentes" como o Brasil, Turquia, financiamento dos déficits (corrente e Argentina e México, atraídos pelas altas taxas orçamentário) dos EUA pelos excedentes de juros. Em contrapartida, a inserção europeus e asiáticos (Chineses e Japoneses subordinada ao sistema financeiro internaci- principalmente) e as altas prováveis na taxa onal para captação de crédito em dólar, de juros (cujo efeitos serão perigosos para o tornou-os cada vez mais submissos e mercado imobiliário, sobre as quais os dependentes da política econômica dos tr abal ha do re s es tã o ex ce ss iv am en te EUA. Associado ao processo interno de endividados) são fatores suscetíveis de liberalização financeira, a fuga de capitais ocasionar uma nova recessão no centro do pode ocorrer a qualquer momento. sistema capitalista mundial. Nesse cenário, as conseqüências para As taxas de juros de curto-prazo no economias com alta vulnerabilidade externa mundo tendem a aumentar, saindo de 1,5%, serão danosas pois provocarão maiores em 2004, para 2,8%, em 2005, nos EUA desequilíbrios no balanço de pagamentos, (papéis comerciais de 3 meses), de 2,1% diminuição nas reservas internacionais, riscos para 2,4% na zona do euro (Eurobond), e de de defaults da dívida pública, aumento nas 4,6% para 5,5% na Inglaterra (taxa interban- taxas de juros, nas taxas de desemprego, na cária). As taxas de longo-prazo, entre 2004 e desigualdade social. Resta acompanhar, 2005, tendem a variar de 4,3% para 4,9% nos portanto, como se será a condução da EUA (T-Bonds de 10 anos), de 4,3% para 4,5% política econômica nosEUA. na zona do euro (obrigação do Estado de 10 Tabela 8.1- Agregados macroeconômicos mundiais (%) Crescimento PIB Indice de preços Desemprego Taxa de Juros CP Países 2004 2005 2004 2005 2004 2005 2004 2005 EUA 4,3 3,5 2,6 2,5 5,5 5,3 1,5 2,8 Japão 3,7 1,7 -0,1 0,1 4,8 4,5 0,0 0,0 Europa 2,6 2,5 2,2 2,0 8,8 8,6 2,6 2,6 Alemanha 1,6 2,1 1,7 1,3 9,2 9,3 2,1 2,1 França 2,5 2,6 2,3 1,8 9,8 9,7 2,1 2,1 Inglaterra 3,4 2,6 1,3 1,7 4,7 4,7 4,6 5,5 Itália 1,2 2,0 2,1 2,5 8,1 7,5 2,1 2,1 Espanha 2,5 2,6 3,0 3,2 10,9 10,7 2,1 2,1 Rússia 7,1 7,5 10,3 8,9 6,1 6,2 - - China 8,7 7,5 4,0 3,0 - - - - Am. Latina 5,5 3,1 7,7 - 10,0 - - - Argentina 9,1 4,5 4,8 7,1 13,8 - - - Brasil 5,2 3,5 7,6 5,4 11,5 10,8* 16,2 18,3 México 4,0 3,2 4,4 4,0 2,4 2,3 6,8 7,8 Fontes: Observatório Francês de Conjuntura Econômica (OFCE), Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE), Fundo Monetário Internacional (FMI), EUROSTAT, Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (IPEA), Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). (-) não disponível, (*) em março 2005.
  • 25. Vitória/ES - Boletim N.º 34 - 24 Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura Departamento de Economia Curso de Ciências Econômicas Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari, 514 - Campus Goiabeiras - Vitória - ES CEP 29075-910 - Tel/fax: 27-3335-2605/2615 www.conjuntura.cjb.net boletim@npd.ufes.br Coordenadores: Paulo Nakatani e Fabrício Augusto de Oliveira Professores Pesquisadores: Alexis Saludjian, Luiz Jorge Vasconcelos Pessoa de Mendonça, Maurício de Souza Sabadini e Rémy Herrera. Professores Colaboradores: Angela Maria Morandi e Reinaldo Antonio Carcanholo Participaram neste número: IMPRESSO NA GRÁFICA DA UFES COM O APOIO DO CCJE Alexsandro Mairink Hoffmann, Álvaro Caiado Netto, Alysson Correia Pedra, Ana Maria Gomes Amâncio, Ana Paula Moreira, Camilla dos Santos Nogueira, Celso Bissoli Sessa, Daniel do Valle Pretti, Diogo Franco Magalhães, Eduardo Reis Araujo, Felipe Cunha Salles, Filipe Scarpat Careta, Gabriela Vichi Abel Almeida, Guilherme Lucas Barcelos, Julierme Gomes Tosta, Lorena Zardo Trindade, Márcio Dias Gomes, Mariana Fialho Ferreira, Marinilda Knaak Buss, Panmella da Silva Manfre, Parlei Busatto Prando, Patrick Andrade, Rodrigo Delpupo Monfardini, Ronaud Souza Gomes, Silvia Buzzone de Souza Varejão, Vinícius Barcelos de Oliveira.
  • 26. Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari, 514 Campus de Goiabeiras 29 075-910 Vitória ES Tel/Fax: (27) 3335 2605 / 2615 boletim@npd.ufes.br - www.conjuntura.cjb.net