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REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA, O BRINQUEDO E A EDUCAÇÃO
WALTER BENJAMIN
O primeiro brinquedo utilizado pela criança é seu próprio corpo, que começa a ser explorado nos
primeiros meses de vida; em seguida ela passa objetos do meio que produzem estimulações
auditivas ou cinestésicas. A partir daí o brinquedo estará sempre na vida da criança, do adolescente
e mesmo do adulto. O mundo do brinquedo é um mundo composto, que representa o apego, à
imitação, a representação e não aparece simplesmente como uma exigência indevida, mas faz parte
da vontade de crescer e se desenvolver, ao brincar com bonecas ou utensílios domésticos em
miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-os,
designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações o eventualmente
seus conflitos, gritos com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para descarregar
sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto, pode escolher
uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho amado, ou do
qual tem ciúme. brincar com a criança, Os brinquedos terão sentido profundo se vierem
representados pelo brincar. Por isso a criança não cansa de pedir aos adultos que brinquem com
elas, estes, quando brincam com as crianças, tem a vantagem de dispor de uma experiência mais
vasta mais rica, podendo ir mais longe com a imaginação, aumentando com isso seu coeficiente,
não só de informações intelectuais, mais de nível linguístico, por exemplo, quando brinca de
construção o adulto sabe calcular melhor as proporções e equilíbrio. Possui um repertório mais
rico do ponto de vista linguístico, e por isso ganha em organização, direção e abre novos
horizontes. Considerando a realidade em que vive a criança a intenção do adulto com ela, não se
pode esquecer que o brinquedo torna-se hoje, um objeto de consumo numa sociedade que propõe
qualquer objeto para ser consumido como brinquedo. Absorvida pelo brinquedo (roupagem), a
criança não joga mais, não explora mais, não cria nem representa concretamente seu pensamento,
valores, mas torna-se objeto do verdadeiro objeto. É fundamental compreender que o conteúdo do
brinquedo não determina a brincadeira da criança. Ao brincar com bonecas ou utensílios
domésticos em miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e
recompondo-os, designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações e
eventualmente conflitos. Grita com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para
descarregar sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto.
Pode escolher uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho
amado, ou do qual tem ciúme. Faz do brinquedo a representação, constituindo uma autentica
atividade do pensamento. “Demorou muito tempo até que se desse conta que as crianças não são
homens ou mulheres em dimensões reduzidas – para não falar do tempo que levou até que essa
consciência se impusesse também em relação às Walter Benjamim, em A criança, o brinquedo e a
educação, ultrapassa os limites técnicos do brinquedo, dando-lhe um significado, atingindo uma
concepção filosófica e psicológica profunda. Para ele jamais se chegaria à realidade ou ao conceito
do brinquedo se tentasse explicá-lo unicamente pelo espírito da criança ou simplesmente pela
concepção do adulto. Os brinquedos atuais variam entre brados de guerra, morte, combates,
prazer, consumo utilizados pelas crianças, passando pelo O primeiro brinquedo utilizado pela
criança é seu próprio corpo, que começa a ser explorado nos primeiros meses de vida; em seguida
ela passa objetos do meio que produzem estimulações auditivas ou cinestésicas. A partir daí o
brinquedo estará sempre na vida da criança, do adolescente e mesmo do adulto.
O mundo do brinquedo é um mundo composto, que representa o apego, à imitação, a
representação e não aparece simplesmente como uma exigência indevida, mas faz parte da vontade
de crescer e se desenvolver, ao brincar com bonecas ou utensílios domésticos em miniatura, uma
criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-os, designando-lhes um
espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações o eventualmente seus conflitos, gritos
com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para descarregar sentimentos de culpa;
acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto, pode escolher uma delas para amar ou
odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho amado, ou do qual tem ciúme.
brincar com a criança, Os brinquedos terão sentido profundo se vierem representados pelo brincar.
Por isso a criança não cansa de pedir aos adultos que brinquem com elas, estes, quando brincam
com as crianças, tem a vantagem de dispor de uma experiência mais vasta mais rica, podendo ir
mais longe com a imaginação, aumentando com isso seu coeficiente, não só de informações
intelectuais, mais de nível linguístico, por exemplo, quando brinca de construção o adulto sabe
calcular melhor as proporções e equilíbrio. Possui um repertório mais rico do ponto de vista
linguístico, e por isso ganha em organização, direção e abre novos horizontes.
Considerando a realidade em que vive a criança a intenção do adulto com ela, não se pode
esquecer que o brinquedo torna-se hoje, um objeto de consumo numa sociedade que propõe
qualquer objeto para ser consumido como brinquedo. Absorvida pelo brinquedo (roupagem), a
criança não joga mais, não explora mais, não cria nem representa concretamente seu pensamento,
valores, mas torna-se objeto do verdadeiro objeto. É fundamental compreender que o conteúdo do
brinquedo não determina a brincadeira da criança. Ao brincar com bonecas ou utensílios
domésticos em miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e
recompondo-os, designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações e
eventualmente conflitos. Grita com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para
descarregar sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto.
Pode escolher uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho
amado, ou do qual tem ciúme. Faz do brinquedo a representação, constituindo uma autentica
atividade do pensamento. “Demorou muito tempo até que se desse conta que as crianças não são
homens ou mulheres em dimensões reduzidas – para não falar do tempo que levou até que essa
consciência se impusesse também em relação às Walter Benjamim, em A criança, o brinquedo e a
educação, ultrapassa os limites técnicos do brinquedo, dando-lhe um significado, atingindo uma
concepção filosófica e psicológica profunda. Para ele jamais se chegaria à realidade ou ao conceito
do brinquedo se tentasse explicá-lo unicamente pelo espírito da criança ou simplesmente pela
concepção do adulto. Os brinquedos atuais variam entre brados de guerra, morte, combates,
prazer, consumo utilizados pelas crianças, passando pelos jogos eletrônicos utilizados pelos
adolescentes e atingindo os brinquedos eróticos e jogos nas estrelas utilizados pelos adultos.
[...] as crianças são inclinadas de modo especial a procurar todo e qualquer lugar de trabalho
onde visivelmente transcorre a atividade sobre as coisas. Sentem-se irresistivelmente atraídas
pelo resíduo que surge na construção, no trabalho de jardinagem ou doméstico, na costura ou na
marcenaria. Em produtos residuais reconhecem o rosto que o mundo das coisas volta
exatamente para elas unicamente. Neles, elas menos imitam as obras dos adultos do que põem
materiais de espécie muito diferente, através daquilo que com eles aprontam no brinquedo, em
uma nova, brusca relação entre si.
[...]
Cada pedra que ela encontra, cada flor colhida, cada borboleta capturada já é para ela princípio
de uma coleção, e tudo que ela possui em geral, constitui para ela uma coleção única. Nela essa
paixão mostra sua verdadeira face, o rigoroso olhar índio, que, nos antiquários, pesquisadores,
bibilômanos, só continua ainda a arder turvado e maníaco. Mal entra na vida ela é caçador.
Caça os espíritos cujo rastro fareja nas coisas ela gasta anos, no qual seu campo de visão
permanece livre de seres humanos. Para ela tudo se passa como em sonhos: ela não conhece
nada de permanente; tudo lhe acontece pensa ela, vai lhe de encontro, atopela-a. Seus sonhos de
nômade são horas na floresta do sonho. De lá ela arrasta a presa para casa, para limpá-la, fixá-
la, desenfeitiçá-la. Suas gavetas têm de tornar-se casa de armas e zoológico, museu criminal e
cripta. “Arrumar” seria aniquilar [...].
[...]
Pois se a criança não é nenhum Robinson Crusoé, assim também as crianças não constituem
nenhuma comunidade isolada, mas antes fazem parte do povo e da classe a que pertencem. Da
mesma forma, os seus brinquedos não dão testemunho de uma vida autônoma e segregada, mas
são um diálogo de sinais entre a criança e o povo. Um diálogo de sinais, para cuja decifração a
presente obra oferece um fundamento seguro.
[...]
A essência do brincar não é um “fazer como se”, mas um “fazer sempre de novo”, transformação
da experiência mais comovente em hábito [...] O hábito entra na vida como brincadeira, e nele,
mesmo em suas formas mais enrijecidas, sobrevive até o final um restinho da brincadeira.
[...]
Demorou muito tempo até que se desse conta que as crianças não são homens ou mulheres em
dimensões reduzidas – para não falar do tempo que levou até que essa consciência se impusesse
também em relação às bonecas. É sabido que mesmo as roupas infantis só muito tardiamente se
emanciparam das adultas. Foi o século XIX que levou isso a cabo. Pode parecer que o nosso
século tenha dado um passo adiante e, longe de querer ver nas crianças pequenos homens ou
mulheres, reluta inclusive em aceitá-las como pequenos seres humanos. [...] jamais são os adultos
que executam a correção mais eficaz dos brinquedos – sejam eles pedagogos, fabricantes ou
literatos –, mas as crianças mesmas, no próprio ato de brincar.
[...]
A saudade que em mim desperta o jogo das letras prova como foi parte integrante de minha
infância. O que busco nele na verdade, é ela mesma: a infância por inteiro, tal qual sabia
manipular a mão que empurrava as letras no filete, onde se ordenavam como uma palavra. A
mão pode ainda sonhar com essa manipulação, mas nunca mais poderá despertar para realizá-
la de fato. Assim, posso sonhar como no passado aprendi a andar. Mas isso nada adianta. Hoje
sei andar; porém, nunca mais poderei tornar a aprendê-lo.
[...]
Atrás do cortinado, a própria criança transforma-se em algo ondulante e branco, converte-se em
fantasma. A mesa de jantar, debaixo da qual ela se pôs de cócoras, a faz transformar-se em ídolo
de madeira em um templo onde as pernas talhadas são as quatro colunas. E atrás de uma porta,
ela própria é porta, incorporou-a como pesada máscara e, feita um sacerdote-mago, enfeitiçará
todas as pessoas que entrarem desprevenidas [...].

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Reflexões sobre a criança

  • 1. REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA, O BRINQUEDO E A EDUCAÇÃO WALTER BENJAMIN O primeiro brinquedo utilizado pela criança é seu próprio corpo, que começa a ser explorado nos primeiros meses de vida; em seguida ela passa objetos do meio que produzem estimulações auditivas ou cinestésicas. A partir daí o brinquedo estará sempre na vida da criança, do adolescente e mesmo do adulto. O mundo do brinquedo é um mundo composto, que representa o apego, à imitação, a representação e não aparece simplesmente como uma exigência indevida, mas faz parte da vontade de crescer e se desenvolver, ao brincar com bonecas ou utensílios domésticos em miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-os, designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações o eventualmente seus conflitos, gritos com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para descarregar sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto, pode escolher uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho amado, ou do qual tem ciúme. brincar com a criança, Os brinquedos terão sentido profundo se vierem representados pelo brincar. Por isso a criança não cansa de pedir aos adultos que brinquem com elas, estes, quando brincam com as crianças, tem a vantagem de dispor de uma experiência mais vasta mais rica, podendo ir mais longe com a imaginação, aumentando com isso seu coeficiente, não só de informações intelectuais, mais de nível linguístico, por exemplo, quando brinca de construção o adulto sabe calcular melhor as proporções e equilíbrio. Possui um repertório mais rico do ponto de vista linguístico, e por isso ganha em organização, direção e abre novos horizontes. Considerando a realidade em que vive a criança a intenção do adulto com ela, não se pode esquecer que o brinquedo torna-se hoje, um objeto de consumo numa sociedade que propõe qualquer objeto para ser consumido como brinquedo. Absorvida pelo brinquedo (roupagem), a criança não joga mais, não explora mais, não cria nem representa concretamente seu pensamento, valores, mas torna-se objeto do verdadeiro objeto. É fundamental compreender que o conteúdo do brinquedo não determina a brincadeira da criança. Ao brincar com bonecas ou utensílios domésticos em miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-os, designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações e eventualmente conflitos. Grita com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para descarregar sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto. Pode escolher uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho amado, ou do qual tem ciúme. Faz do brinquedo a representação, constituindo uma autentica atividade do pensamento. “Demorou muito tempo até que se desse conta que as crianças não são homens ou mulheres em dimensões reduzidas – para não falar do tempo que levou até que essa consciência se impusesse também em relação às Walter Benjamim, em A criança, o brinquedo e a educação, ultrapassa os limites técnicos do brinquedo, dando-lhe um significado, atingindo uma
  • 2. concepção filosófica e psicológica profunda. Para ele jamais se chegaria à realidade ou ao conceito do brinquedo se tentasse explicá-lo unicamente pelo espírito da criança ou simplesmente pela concepção do adulto. Os brinquedos atuais variam entre brados de guerra, morte, combates, prazer, consumo utilizados pelas crianças, passando pelo O primeiro brinquedo utilizado pela criança é seu próprio corpo, que começa a ser explorado nos primeiros meses de vida; em seguida ela passa objetos do meio que produzem estimulações auditivas ou cinestésicas. A partir daí o brinquedo estará sempre na vida da criança, do adolescente e mesmo do adulto. O mundo do brinquedo é um mundo composto, que representa o apego, à imitação, a representação e não aparece simplesmente como uma exigência indevida, mas faz parte da vontade de crescer e se desenvolver, ao brincar com bonecas ou utensílios domésticos em miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-os, designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações o eventualmente seus conflitos, gritos com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para descarregar sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto, pode escolher uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho amado, ou do qual tem ciúme. brincar com a criança, Os brinquedos terão sentido profundo se vierem representados pelo brincar. Por isso a criança não cansa de pedir aos adultos que brinquem com elas, estes, quando brincam com as crianças, tem a vantagem de dispor de uma experiência mais vasta mais rica, podendo ir mais longe com a imaginação, aumentando com isso seu coeficiente, não só de informações intelectuais, mais de nível linguístico, por exemplo, quando brinca de construção o adulto sabe calcular melhor as proporções e equilíbrio. Possui um repertório mais rico do ponto de vista linguístico, e por isso ganha em organização, direção e abre novos horizontes. Considerando a realidade em que vive a criança a intenção do adulto com ela, não se pode esquecer que o brinquedo torna-se hoje, um objeto de consumo numa sociedade que propõe qualquer objeto para ser consumido como brinquedo. Absorvida pelo brinquedo (roupagem), a criança não joga mais, não explora mais, não cria nem representa concretamente seu pensamento, valores, mas torna-se objeto do verdadeiro objeto. É fundamental compreender que o conteúdo do brinquedo não determina a brincadeira da criança. Ao brincar com bonecas ou utensílios domésticos em miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-os, designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações e eventualmente conflitos. Grita com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para descarregar sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto. Pode escolher uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho amado, ou do qual tem ciúme. Faz do brinquedo a representação, constituindo uma autentica atividade do pensamento. “Demorou muito tempo até que se desse conta que as crianças não são homens ou mulheres em dimensões reduzidas – para não falar do tempo que levou até que essa
  • 3. consciência se impusesse também em relação às Walter Benjamim, em A criança, o brinquedo e a educação, ultrapassa os limites técnicos do brinquedo, dando-lhe um significado, atingindo uma concepção filosófica e psicológica profunda. Para ele jamais se chegaria à realidade ou ao conceito do brinquedo se tentasse explicá-lo unicamente pelo espírito da criança ou simplesmente pela concepção do adulto. Os brinquedos atuais variam entre brados de guerra, morte, combates, prazer, consumo utilizados pelas crianças, passando pelos jogos eletrônicos utilizados pelos adolescentes e atingindo os brinquedos eróticos e jogos nas estrelas utilizados pelos adultos. [...] as crianças são inclinadas de modo especial a procurar todo e qualquer lugar de trabalho onde visivelmente transcorre a atividade sobre as coisas. Sentem-se irresistivelmente atraídas pelo resíduo que surge na construção, no trabalho de jardinagem ou doméstico, na costura ou na marcenaria. Em produtos residuais reconhecem o rosto que o mundo das coisas volta exatamente para elas unicamente. Neles, elas menos imitam as obras dos adultos do que põem materiais de espécie muito diferente, através daquilo que com eles aprontam no brinquedo, em uma nova, brusca relação entre si. [...] Cada pedra que ela encontra, cada flor colhida, cada borboleta capturada já é para ela princípio de uma coleção, e tudo que ela possui em geral, constitui para ela uma coleção única. Nela essa paixão mostra sua verdadeira face, o rigoroso olhar índio, que, nos antiquários, pesquisadores, bibilômanos, só continua ainda a arder turvado e maníaco. Mal entra na vida ela é caçador. Caça os espíritos cujo rastro fareja nas coisas ela gasta anos, no qual seu campo de visão permanece livre de seres humanos. Para ela tudo se passa como em sonhos: ela não conhece nada de permanente; tudo lhe acontece pensa ela, vai lhe de encontro, atopela-a. Seus sonhos de nômade são horas na floresta do sonho. De lá ela arrasta a presa para casa, para limpá-la, fixá- la, desenfeitiçá-la. Suas gavetas têm de tornar-se casa de armas e zoológico, museu criminal e cripta. “Arrumar” seria aniquilar [...]. [...] Pois se a criança não é nenhum Robinson Crusoé, assim também as crianças não constituem nenhuma comunidade isolada, mas antes fazem parte do povo e da classe a que pertencem. Da mesma forma, os seus brinquedos não dão testemunho de uma vida autônoma e segregada, mas são um diálogo de sinais entre a criança e o povo. Um diálogo de sinais, para cuja decifração a presente obra oferece um fundamento seguro. [...] A essência do brincar não é um “fazer como se”, mas um “fazer sempre de novo”, transformação da experiência mais comovente em hábito [...] O hábito entra na vida como brincadeira, e nele, mesmo em suas formas mais enrijecidas, sobrevive até o final um restinho da brincadeira. [...]
  • 4. Demorou muito tempo até que se desse conta que as crianças não são homens ou mulheres em dimensões reduzidas – para não falar do tempo que levou até que essa consciência se impusesse também em relação às bonecas. É sabido que mesmo as roupas infantis só muito tardiamente se emanciparam das adultas. Foi o século XIX que levou isso a cabo. Pode parecer que o nosso século tenha dado um passo adiante e, longe de querer ver nas crianças pequenos homens ou mulheres, reluta inclusive em aceitá-las como pequenos seres humanos. [...] jamais são os adultos que executam a correção mais eficaz dos brinquedos – sejam eles pedagogos, fabricantes ou literatos –, mas as crianças mesmas, no próprio ato de brincar. [...] A saudade que em mim desperta o jogo das letras prova como foi parte integrante de minha infância. O que busco nele na verdade, é ela mesma: a infância por inteiro, tal qual sabia manipular a mão que empurrava as letras no filete, onde se ordenavam como uma palavra. A mão pode ainda sonhar com essa manipulação, mas nunca mais poderá despertar para realizá- la de fato. Assim, posso sonhar como no passado aprendi a andar. Mas isso nada adianta. Hoje sei andar; porém, nunca mais poderei tornar a aprendê-lo. [...] Atrás do cortinado, a própria criança transforma-se em algo ondulante e branco, converte-se em fantasma. A mesa de jantar, debaixo da qual ela se pôs de cócoras, a faz transformar-se em ídolo de madeira em um templo onde as pernas talhadas são as quatro colunas. E atrás de uma porta, ela própria é porta, incorporou-a como pesada máscara e, feita um sacerdote-mago, enfeitiçará todas as pessoas que entrarem desprevenidas [...].