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CAPÍTULO 12
VERDADE E FALSIDADE

Bertrand Russell.
Os problemas da filosofia.
Trad. Jaimir Conte. Florianópolis: 2005
O AUTOR

   Russell     nasceu      em
    1872,      no    auge   do
    poderio econômico e
    político        do   Reino
    Unido, e morreu em
    1970, vítima de uma
    gripe.
   Recebeu o Nobel de
    Literatura de 1950, "em
    reconhecimento        dos
    seus      variados      e
    significativos   escritos,
    nos quais ele lutou por
    ideais humanitários e
    pela    liberdade      do
    pensamento”.
FILOSOFIA
   Durante sua longa vida, Russell elaborou algumas
    das mais influentes teses filosóficas do século XX,
    e, com elas, ajudou a fomentar uma das suas
    tradições filosóficas, a assim chamada Filosofia
    Analítica.


   Dentre essas teses, destacam-se a tese logicista,
    ou da lógica simbólica, de fundamentação da
    Matemática.
A OBRA: O PROBLEMA DA FILOSOFIA -

   Trata-se    de    uma     estimulante   introdução    à
    filosofia, escrita por um dos mais influentes
    filósofos do século XX.



   De entre os problemas abordados destaca-se a
    refutação    do     cepticismo,     a    origem      do
    conhecimento, a existência de universais e a
    justificação da indução.
   Contudo, esta obra não é apenas uma introdução à
    filosofia; é também uma apresentação e defesa de
    algumas das teorias que caracterizam a filosofia de
    Russell: a sua famosa teoria das descrições
    definidas, a epistemologia do contato, a teoria
    descritivista dos nomes próprios, a teoria
    realista dos universais, das relações e das leis
    da   lógica,   e   a   teoria   da   verdade   como
    correspondência, entre outras.
NO CAPÍTULO 12
              "VERDADE E FALSIDADE"

   Russell não considera sequer esta hipótese teórica.



   Argumenta contra o coerentismo metafísico, mas
    é um erro confundir o coerentismo metafísico
    com o coerentismo epistémico.
   O coerentismo metafísico é uma teoria sobre a
    verdade em si, e não sobre a justificação ou sobre
    a estrutura do conhecimento, como veremos na
    secção "Teoria da verdade" (pág. 38).
RACIONALISMO E EMPIRISMO

   Costuma-se classificar os filósofos como empiristas
    ou racionalistas, com respeito às suas posições
    sobre o problema da justificação última do
    conhecimento, a que por vezes se chama também,
    algo enganadoramente, o problema da origem do
    conhecimento.
   Nas histórias da filosofia,
   De acordo com esta             Kant     surge     por      vezes
    classificação, filósofos       como     um      filósofo    que

    como Locke, Berkeley           tentou      superar          esta
                                   dicotomia, e é verdade que
    e Hume são encarados
                                   ele próprio se encarava
    como empiristas, ao            assim, mas a sua atenção
    passo   que    filósofos       aos aspectos empíricos do
                                   conhecimento é de tal modo
    como     Descartes    e
                                   tênue      que       é       mais
    Leibniz são encarados
                                   informativo afirmar que Kant
    como racionalistas.            era um filósofo racionalista.
EIS COMO RUSSELL CARACTERIZA O
EMPIRISMO E O RACIONALISMO:



     Uma das grandes controvérsias históricas em
      filosofia é a controvérsia entre as duas escolas
        respectivamente chamadas "empiristas" e
                      "racionalistas".
   Os empiristas — cujos            Os racionalistas — que são
    melhores representantes           representados               pelos
    são        os     filósofos       filósofos    continentais     do
    britânicos         Locke,         século XVII, especialmente
    Berkeley     e   Hume   —         Descartes      e   Leibniz    —
    sustentavam que todo o            sustentavam que, além do
    nosso conhecimento        é       que conhecemos através da
    derivado da experiência           experiência,       há   certas
                                      "ideias inatas" e "princípios
                                      inatos"     que    conhecemos
                                      independentemente             da
                                      experiência.(p. 97)
PARA RUSSEL

   A caracterização do empirismo apresentada por
    Russell, apesar de comum, não é inteiramente
    correta.

   Hume, por exemplo, aceitava que o nosso
    conhecimento da geometria não derivava da
    experiência, mas sim do pensamento puro.
   É mais correto caracterizar os empiristas como
    aqueles filósofos que consideram que todo o
    conhecimento substancial do mundo extramental
    deriva da experiência.

   Hume, por exemplo, diria que as "relações de
    ideias", como ele lhes chamava, nada nos dizem
    de substancial sobre o mundo extramental —
    dizem-nos apenas qual é a estrutura do nosso
    pensamento.
   Também     a   caracterização   do   racionalismo
    apresentada por Russell, apesar de comum, é
    ligeiramente enganadora.



   Um empirista, como Hume, pode aceitar que há
    conhecimento    independente    da   experiência,
    nomeadamente conhecimento sobre "relações de
    ideias".
   O que um filósofo empirista não aceita é a tese

    racionalista de que tal conhecimento é substancial

    e diz respeito ao mundo, sendo algo sem o qual o

    conhecimento do mundo não é possível.
   Russell      defende     duas       teses    racionalistas
    importantes.



   Primeiro, que as chamadas leis da lógica não são
    vacuidades     linguísticas   nem    leis   empíricas   do
    pensamento.



   Segundo, que há universais (como a brancura) e
    relações (como a semelhança), que podemos conhecer
    e que são independentes do nosso conhecimento
    delas.
   Contudo, Russell não é um filósofo racionalista,
    pois defende também que certos conhecimentos
    obtidos   pela      experiência   são    igualmente
    substanciais    e   os   fundamentos    do   restante
    conhecimento.
FACTIVIDADE

   Russell começa o Capítulo 12 ("Verdade e
    Falsidade") caracterizando brevemente o que hoje
    chamamos a factividade do conhecimento, por
    oposição à não factividade da crença.
   Apesar de ser trivial que nem todo o nosso
    pensamento     é     verdadeiro,   todo   o   nosso
    conhecimento é trivialmente verdadeiro, e é a isto
    que   se     chama     o    carácter   factivo   do
    conhecimento.
   Podemos ter pensamentos ou crenças falsas, mas
    não há "conhecimento falso"; há apenas falso
    conhecimento, no mesmo sentido em que há
    dentes falsos: não são realmente dentes mas
    sim próteses dentárias.
   Há uma grande diferença entre conhecer e pensar
    que se conhece.



   Uma pessoa pode pensar que tem conhecimento
    de que Sócrates não era grego, mas se Sócrates
    era grego, então ela não pode realmente saber tal
    coisa, apenas pode ter a crença (falsa) de que
    sabe.
   Assim, um céptico não é uma pessoa que afirma o
    absurdo de que todo o nosso conhecimento é falso,
    mas antes alguém que afirma que não temos
    realmente   conhecimento    de coisa alguma,
    apesar de acreditarmos falsamente que o temos.
   O carácter factivo do conhecimento provoca muitas
    confusões desnecessárias, dizendo-se por vezes que
    no tempo de Ptolomeu era verdade que a Terra estava
    imóvel, ao passo que hoje é verdade que a Terra não
    está imóvel.



   Isto é uma confusão.
   Acontece apenas que as pessoas, no tempo de
    Ptolomeu, pensavam, falsamente, que a Terra
    estava imóvel.



   E hoje, claro, podemos estar enganados quando
    pensamos que a Terra não está imóvel.



   O que não pode acontecer é a verdade coincidir
    sempre magicamente com o que calhamos pensar
    que é verdade, pois não somos oniscientes.
TEORIA DA VERDADE

   No Capítulo 12, Russell apresenta a sua teoria
    metafísica   da     verdade,     distinguindo-a
    cuidadosamente de uma teoria epistemológica da
    verdade.



   A distinção é crucial e ainda hoje provoca
    confusões.
   Uma teoria epistemológica
                                   da verdade tem por missão
   Uma teoria metafísica
                                    dizer-nos como podemos
      da verdade tem por
                                    distinguir as verdades das
missão dizer-nos o que é
                                      falsidades (o que na
    a verdade e o que faz as
                                   antiguidade era conhecido
        verdades serem
                                      como "o problema do
          verdadeiras.
                                   critério"), e como podemos
                                   conhecer as verdades, se é
                                   que as podemos conhecer.
RUSSELL       DEFENDE       QUE    QUALQUER   TEORIA
METAFÍSICA DA VERDADE TEM DE PERMITIR A
CRENÇA FALSA:

   “A nossa teoria da verdade tem de ser tal que
    admita o seu oposto, a falsidade. Muitos filósofos
    não satisfizeram adequadamente esta condição:
    construíram teorias de acordo com as quais todo o
    nosso pensamento teria de ser verdadeiro, tendo
    depois a maior das dificuldades em encontrar um
    lugar para a falsidade.” (p. 131)
RUSSELL DEFENDE QUE QUALQUER TEORIA DA
VERDADE TEM DE OBEDECER A TRÊS REQUISITOS
PRÉVIOS:

   Permitir a existência de crenças falsas;

   Aceitar que sem agentes cognitivos que tenham
    crenças verdadeiras ou falsas não há verdade nem
    falsidade;

   E aceitar que, apesar do segundo requisito, o que
    faz uma crença ser verdadeira, ou falsa, é a
    realidade extramental: nada na qualidade interna
    da crença a faz ser verdadeira ou falsa.
   Russell defende que o que faz uma crença ser
    verdadeira, ou falsa, não é qualquer qualidade interna
    da própria crença, mas sim a realidade extramental;
    mas defende igualmente que as crenças podem ter
    qualidades internas, como a auto-evidência, que sejam
    sinais — mas não causas — da sua verdade.

   Do mesmo modo, quando vemos carros de bombeiros
    em circulação de emergência, temos um sinal de que
    há fogo em algum lugar, mas os carros de bombeiros
    em circulação de emergência não fazem o fogo.
A TEORIA DA VERDADE DE RUSSELL TEM DUAS
PECULIARIDADES, ENTRE OUTRAS.

   Em primeiro lugar, a teoria é       Evidentemente, a crença de que a
    esboçada em termos firmemente        neve    é   branca   exprime-se     em
    não linguísticos:                    português através da frase "A neve
                                         é branca", mas é significativo que
> Não se trata de procurar saber o       Russell tenha escolhido dar atenção
que faz uma frase ser verdadeira,        às     crenças,   diretamente,    pois
primariamente, mas antes o que faz
                                         mostra até que ponto é enganadora
uma crença ser verdadeira.
                                         a ideia de que houve uma "viragem
                                         linguística" na filosofia do séc. XX.
   Em segundo lugar, a teoria da verdade de Russell
    articula-se intimamente com a sua epistemologia.



   Um empirista não pode aceitar a sua teoria da
    verdade    porque    esta   pressupõe    que    há
    universais   e   relações   independentes      dos
    agentes.

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Russel cap 12

  • 1. CAPÍTULO 12 VERDADE E FALSIDADE Bertrand Russell. Os problemas da filosofia. Trad. Jaimir Conte. Florianópolis: 2005
  • 2. O AUTOR  Russell nasceu em 1872, no auge do poderio econômico e político do Reino Unido, e morreu em 1970, vítima de uma gripe.
  • 3. Recebeu o Nobel de Literatura de 1950, "em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento”.
  • 4. FILOSOFIA  Durante sua longa vida, Russell elaborou algumas das mais influentes teses filosóficas do século XX, e, com elas, ajudou a fomentar uma das suas tradições filosóficas, a assim chamada Filosofia Analítica.  Dentre essas teses, destacam-se a tese logicista, ou da lógica simbólica, de fundamentação da Matemática.
  • 5. A OBRA: O PROBLEMA DA FILOSOFIA -  Trata-se de uma estimulante introdução à filosofia, escrita por um dos mais influentes filósofos do século XX.  De entre os problemas abordados destaca-se a refutação do cepticismo, a origem do conhecimento, a existência de universais e a justificação da indução.
  • 6. Contudo, esta obra não é apenas uma introdução à filosofia; é também uma apresentação e defesa de algumas das teorias que caracterizam a filosofia de Russell: a sua famosa teoria das descrições definidas, a epistemologia do contato, a teoria descritivista dos nomes próprios, a teoria realista dos universais, das relações e das leis da lógica, e a teoria da verdade como correspondência, entre outras.
  • 7. NO CAPÍTULO 12 "VERDADE E FALSIDADE"  Russell não considera sequer esta hipótese teórica.  Argumenta contra o coerentismo metafísico, mas é um erro confundir o coerentismo metafísico com o coerentismo epistémico.
  • 8. O coerentismo metafísico é uma teoria sobre a verdade em si, e não sobre a justificação ou sobre a estrutura do conhecimento, como veremos na secção "Teoria da verdade" (pág. 38).
  • 9. RACIONALISMO E EMPIRISMO  Costuma-se classificar os filósofos como empiristas ou racionalistas, com respeito às suas posições sobre o problema da justificação última do conhecimento, a que por vezes se chama também, algo enganadoramente, o problema da origem do conhecimento.
  • 10. Nas histórias da filosofia,  De acordo com esta Kant surge por vezes classificação, filósofos como um filósofo que como Locke, Berkeley tentou superar esta dicotomia, e é verdade que e Hume são encarados ele próprio se encarava como empiristas, ao assim, mas a sua atenção passo que filósofos aos aspectos empíricos do conhecimento é de tal modo como Descartes e tênue que é mais Leibniz são encarados informativo afirmar que Kant como racionalistas. era um filósofo racionalista.
  • 11. EIS COMO RUSSELL CARACTERIZA O EMPIRISMO E O RACIONALISMO:  Uma das grandes controvérsias históricas em filosofia é a controvérsia entre as duas escolas respectivamente chamadas "empiristas" e "racionalistas".
  • 12. Os empiristas — cujos  Os racionalistas — que são melhores representantes representados pelos são os filósofos filósofos continentais do britânicos Locke, século XVII, especialmente Berkeley e Hume — Descartes e Leibniz — sustentavam que todo o sustentavam que, além do nosso conhecimento é que conhecemos através da derivado da experiência experiência, há certas "ideias inatas" e "princípios inatos" que conhecemos independentemente da experiência.(p. 97)
  • 13. PARA RUSSEL  A caracterização do empirismo apresentada por Russell, apesar de comum, não é inteiramente correta.  Hume, por exemplo, aceitava que o nosso conhecimento da geometria não derivava da experiência, mas sim do pensamento puro.
  • 14. É mais correto caracterizar os empiristas como aqueles filósofos que consideram que todo o conhecimento substancial do mundo extramental deriva da experiência.  Hume, por exemplo, diria que as "relações de ideias", como ele lhes chamava, nada nos dizem de substancial sobre o mundo extramental — dizem-nos apenas qual é a estrutura do nosso pensamento.
  • 15. Também a caracterização do racionalismo apresentada por Russell, apesar de comum, é ligeiramente enganadora.  Um empirista, como Hume, pode aceitar que há conhecimento independente da experiência, nomeadamente conhecimento sobre "relações de ideias".
  • 16. O que um filósofo empirista não aceita é a tese racionalista de que tal conhecimento é substancial e diz respeito ao mundo, sendo algo sem o qual o conhecimento do mundo não é possível.
  • 17. Russell defende duas teses racionalistas importantes.  Primeiro, que as chamadas leis da lógica não são vacuidades linguísticas nem leis empíricas do pensamento.  Segundo, que há universais (como a brancura) e relações (como a semelhança), que podemos conhecer e que são independentes do nosso conhecimento delas.
  • 18. Contudo, Russell não é um filósofo racionalista, pois defende também que certos conhecimentos obtidos pela experiência são igualmente substanciais e os fundamentos do restante conhecimento.
  • 19. FACTIVIDADE  Russell começa o Capítulo 12 ("Verdade e Falsidade") caracterizando brevemente o que hoje chamamos a factividade do conhecimento, por oposição à não factividade da crença.
  • 20. Apesar de ser trivial que nem todo o nosso pensamento é verdadeiro, todo o nosso conhecimento é trivialmente verdadeiro, e é a isto que se chama o carácter factivo do conhecimento.
  • 21. Podemos ter pensamentos ou crenças falsas, mas não há "conhecimento falso"; há apenas falso conhecimento, no mesmo sentido em que há dentes falsos: não são realmente dentes mas sim próteses dentárias.
  • 22. Há uma grande diferença entre conhecer e pensar que se conhece.  Uma pessoa pode pensar que tem conhecimento de que Sócrates não era grego, mas se Sócrates era grego, então ela não pode realmente saber tal coisa, apenas pode ter a crença (falsa) de que sabe.
  • 23. Assim, um céptico não é uma pessoa que afirma o absurdo de que todo o nosso conhecimento é falso, mas antes alguém que afirma que não temos realmente conhecimento de coisa alguma, apesar de acreditarmos falsamente que o temos.
  • 24. O carácter factivo do conhecimento provoca muitas confusões desnecessárias, dizendo-se por vezes que no tempo de Ptolomeu era verdade que a Terra estava imóvel, ao passo que hoje é verdade que a Terra não está imóvel.  Isto é uma confusão.
  • 25. Acontece apenas que as pessoas, no tempo de Ptolomeu, pensavam, falsamente, que a Terra estava imóvel.  E hoje, claro, podemos estar enganados quando pensamos que a Terra não está imóvel.  O que não pode acontecer é a verdade coincidir sempre magicamente com o que calhamos pensar que é verdade, pois não somos oniscientes.
  • 26. TEORIA DA VERDADE  No Capítulo 12, Russell apresenta a sua teoria metafísica da verdade, distinguindo-a cuidadosamente de uma teoria epistemológica da verdade.  A distinção é crucial e ainda hoje provoca confusões.
  • 27. Uma teoria epistemológica da verdade tem por missão  Uma teoria metafísica dizer-nos como podemos da verdade tem por distinguir as verdades das missão dizer-nos o que é falsidades (o que na a verdade e o que faz as antiguidade era conhecido verdades serem como "o problema do verdadeiras. critério"), e como podemos conhecer as verdades, se é que as podemos conhecer.
  • 28. RUSSELL DEFENDE QUE QUALQUER TEORIA METAFÍSICA DA VERDADE TEM DE PERMITIR A CRENÇA FALSA:  “A nossa teoria da verdade tem de ser tal que admita o seu oposto, a falsidade. Muitos filósofos não satisfizeram adequadamente esta condição: construíram teorias de acordo com as quais todo o nosso pensamento teria de ser verdadeiro, tendo depois a maior das dificuldades em encontrar um lugar para a falsidade.” (p. 131)
  • 29. RUSSELL DEFENDE QUE QUALQUER TEORIA DA VERDADE TEM DE OBEDECER A TRÊS REQUISITOS PRÉVIOS:  Permitir a existência de crenças falsas;  Aceitar que sem agentes cognitivos que tenham crenças verdadeiras ou falsas não há verdade nem falsidade;  E aceitar que, apesar do segundo requisito, o que faz uma crença ser verdadeira, ou falsa, é a realidade extramental: nada na qualidade interna da crença a faz ser verdadeira ou falsa.
  • 30. Russell defende que o que faz uma crença ser verdadeira, ou falsa, não é qualquer qualidade interna da própria crença, mas sim a realidade extramental; mas defende igualmente que as crenças podem ter qualidades internas, como a auto-evidência, que sejam sinais — mas não causas — da sua verdade.  Do mesmo modo, quando vemos carros de bombeiros em circulação de emergência, temos um sinal de que há fogo em algum lugar, mas os carros de bombeiros em circulação de emergência não fazem o fogo.
  • 31. A TEORIA DA VERDADE DE RUSSELL TEM DUAS PECULIARIDADES, ENTRE OUTRAS.  Em primeiro lugar, a teoria é  Evidentemente, a crença de que a esboçada em termos firmemente neve é branca exprime-se em não linguísticos: português através da frase "A neve é branca", mas é significativo que > Não se trata de procurar saber o Russell tenha escolhido dar atenção que faz uma frase ser verdadeira, às crenças, diretamente, pois primariamente, mas antes o que faz mostra até que ponto é enganadora uma crença ser verdadeira. a ideia de que houve uma "viragem linguística" na filosofia do séc. XX.
  • 32. Em segundo lugar, a teoria da verdade de Russell articula-se intimamente com a sua epistemologia.  Um empirista não pode aceitar a sua teoria da verdade porque esta pressupõe que há universais e relações independentes dos agentes.