[1] O documento analisa três correntes de bicicleta de diferentes preços através de ensaios dimensionais, microestruturais e tribológicos. [2] A corrente mais cara apresentou as maiores durezas e melhor desempenho contra desgaste, mas as diferenças entre as correntes não foram significativas em muitas análises. [3] A corrente intermediária teve as menores durezas e pior desempenho tribológico, indicando que o preço não necessariamente reflete a qualidade.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Programa de Pós-graduação em Minas, Metalurgia e Materiais –PPGE3M
ANÁLISE DE SIMILARES: CORRENTES DE BICICLETA
Design e Seleção de Materiais
Tiago Falcade
Israel Durli Savaris
Ahmad Elsheikh
2. INTRODUÇÃO
O aumento na prática do ciclismo, tanto por motivações
ambientais, de lazer ou esportiva profissional tem gerado
um avanço no desenvolvimento e qualidade de peças de
reposição para bicicletas. Entre estas partes esta a corrente
(correia) sem a qual, para padrões atuais, o ciclismo seria
impraticável.
Correntes, assim como correias, cordas, e outros
similares elásticos e elementos de máquinas flexíveis são
utilizados em sistemas de transporte e transmissão de
potência. Esses elementos são comunmente utilizados com
substitutos de eixos, mancais engrenagens e outros
elementos relativamente rígidos de transmissão de potência
3. INTRODUÇÃO
Correntes de bicicletas são geralmente categorizadas de duas
formas: 1/2 X 1/8 e 1/2 X 3/32, sendo que o primeiro número (1/2) diz
respeito ao passo e o segundo (1/8 e 3/32) à largura interna em
polegadas. As correntes de número 1/2 X 1/8 são usadas em para
transmissão simples, isto é, sem mudança de marchas, enquanto que as
de número 1/2 X 3/32 são geralmente do tipo sem bucha (bushingless) e
devido a isso, possuem maior flexibilidade lateral, trabalhando melhor
em câmbios trocadores de marchas (carretos)
Com a intenção de acompanhar o avanço das bicicletas, o
desenvolvimento de correntes segue atualmente diferentes rumos,
entre eles:
- Baixo peso;
- Maior resistência a corrosão e desgaste;
- Atraente quanto à aparência;
- Menos agressivas em sujar roupas;
- Menor barulho na troca de marchas.
4. INTRODUÇÃO
As diferentes partes constituintes de correntes de
bicicleta desempenham diferentes funções, sofrendo
então diferentes tipos solicitações mecânicas: desgaste,
tração, fadiga, etc. Por isso para uma correta avaliação
destas correntes, a escolha de ensaios adequados e
representativos é de suma importância.
Os materiais mais utilizados para este tipo de
aplicação são em geral aços ao carbono e aços ligados,
sendo que em alguns casos é utilizado recobrimento de
níquel ou nitreto de titânio para que seja possível um
aumento na resistência ao desgaste
7. Metodologia
- Análise dimensional:
• Cada corrente foi medida e pesada, visando comparar o peso específico de cada
uma delas, bem como as características dimensionais de cada elemento da corrente
e adequação com o descrito na embalagem
- Análise morfológica e microestrutural:
• Amostras foram lixadas até lixa #1000 e polidas com pasta de diamante 1 μm e
posteriormente atacadas com nital 2% e observadas ao microscópio.
• Foram feitas espectroscopias de emissão óptica em cada componente.
• Ensaios de dureza foram utilizados como ensaio complementar na caracterização
do material das correntes.
• Os componentes das correntes foram desengraxadas com detergente sob
aquecimento e limpeza com acetona em ultrassom.
8. Metodologia
-Comportamento tribológico:
• Foram selecionados os componentes sujeitos à ação de atriito pino e rolete
• Ensaio tribológico do tipo ball-on-plate: - Esfera de alumina;
- Carga linear de 5 N;
- Frequência de 1 Hz;
- Trilhas de 1,5 mm para os pinos;
- Trilhas de 0,5 mm para roletes.
• As amostras foram ensaiadas em duas condições:
- Com óleo (como adquiridas) Condição de serviço;
- Desengraxadas Desgaste de material.
• Após os ensaios tribológicos as trilhas foram avaliadas por microscopia óptica e
por perfilometria.
23. Conclusões
• Considerando a análise dimensional, todas as correntes estavam
adequadas ao que estava indicado na embalagem, além disso, os
demais parâmetros dimensionais aferidos não diferiram entre as
correntes.
• As análises de composição química por EDS mostraram que
todas as correntes foram fabricadas em aço carbono, alguns casos
contendo manganês e/ou silício. A placa externa da corrente 2
apresentou um revestimento de níquel na superfície.
• Tanto dureza quanto a microestrutura corroboraram com o
inferido pela análise de composição química. Para todas as
correntes, tanto o pino, quanto o rolete apresentaram dureza e
microestrutura compatíveis com martensita revenida. Sendo os
maiores valores de dureza apresentados pela corrente 3.
24. Conclusões
• As placas interna e externa da corrente 1 e 3 apresentaram
dureza mais baixa, compatível com ferrita e perlita
observadas nas microestruturas. Observa-se que a placa 3
parece apresentar uma microestrutura mais refinada, sendo
responsável pelo valor levemente maior de dureza. Ambas
parecem ter composição próxima do eutetóide. As placas
interna e externa da corrente 2 apresentou microestrutura e
dureza semelhantes às obtidas pelo pino e rolete, indicando
que não há mudança de material entre os componente s
dessa corrente. Como as placas interna e externa não
sofrem muito efeito de desgaste abrasivo, e têm apenas
função de apoio e ligação, o material destes componentes
pode apresentar dureza menor, não sendo determinante
para avaliar a qualidade das correntes.
25. Conclusões
• Quanto ao comportamento tribológico,
primeiramente observou-se que a corrente 1
apresentou uma lubrificação de fábrica mais efetiva,
enquanto as correntes 2 e 3 apresentaram
comportamento inferior, mas semelhante entre si.
No entanto quando comparando apenas o material,
com as amostras desengraxadas, a corrente 3
mostrou-se superior, seguida da corrente 1 e tendo
como pior comportamento frente ao desgaste a
corrente 2. O que está de acordo com as durezas
obtidas para os pinos e roletes.
26. Conclusões
• Como relação entre qualidade das correntes e preço,
a corrente 3, que é a mais cara, realmente mostrou-se
superior em termos de desgaste e dureza dos
componentes que estão sujeitos a maiores
solicitações, no entanto as demais análises mostraram
não haver uma diferença significativa em termos das
propriedades avaliadas. A corrente 2, apesar de
apresentar uma microestrutura temperada e revenida
para todos os componentes, onde a propriedade era
importante os valores de dureza foram inferiores às
demais correntes, mesmo tendo um valor
intermediário. Quanto ao comportamento tribológico
a corrente 2 foi a que apresentou os piores resultados.