1. Resumo teórico de Taxonomia – Prof. Emanuel
COMO CLASSIFICAR OS ORGANISMOS
Os humanos sempre sentiram necessidade de agrupar os
organismos na natureza, a fim de compreender a diversidade
biológica e facilitar seu estudo.
O mais conhecido Sistema de Classificação dos seres vivos foi
proposto por Carolus Linnaeus em meados do século 18. Ele criou
o que chamamos de Sistemática Clássica, que utiliza de todas as
características observadas num determinado organismo para
classificá-lo dentro de categorias taxonômicas organizadas numa
hierarquia. A Sistemática Clássica é responsáevel pela criação de
Reinos, Classes, Ordens, e fundamentalmente, Gêneros e
Espécies.
Sistemática é a ciência que procura classificar os diversos seres
vivos e relacioná-los evolutivamente, expressando-se em sistemas
taxonómicos. Para isso, reúne conhecimentos e dados de outras
áreas. A taxonomia, por sua vez, trata da ordenação e
denominação dos seres vivos, agrupando-os de acordo com o seu
grau de semelhança. A taxonomia pretende separar os organismos
por espécies, descrevendo as características que distinguem uma
espécie da outra e ordenando as espécies por categorias
taxonómicas. Por fim, a nomenclatura tem a função de designar
cientificamente os grupos taxonómicos, de acordo com certas
regras universalmente estabelecidas.
O ramo da ciência que se responsabiliza pela classificação dos
seres vivos – sistemática, teve início no século IV a.C. por
Aristóteles, que ordenou os animais consoante o seu modo de
reprodução e o seu tipo de sangue: vermelho ou não vermelho. A
partir dos séculos XVII e XVIII os botânicos e zoólogos começaram
a esboçar um sistema de categorias de classificação. Em 1758,
Lineu fez o primeiro trabalho extensivo de categorização, que ainda
serve de base actualmente.
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Como já foi referido, a ciência sistemática é caracterizada por
aglomerar conhecimentos de varias áreas ligadas à biologia.
Quando foi criado o primeiro sistema de classificação, por
Aristóteles, as ferramentas utilizadas para a classificação dos seres
vivos eram muito rudimentares, a ciência ainda não estava em
desenvolvimento. Foi a partir do século XVII que começou o grande
avanço na área da ciência com Galileu e Descartes. Em 1758 já se
notava significativamente o progresso obtido na ciência, através do
vasto trabalho de categorização de Lineu. Neste momento as
ferramentas utilizadas são muito mais avançadas e tendem a
evoluir cada vez mais. Dada a constante evolução das tecnologias e
o progresso a nível do conhecimento científico, a sistemática
também evoluiu, uma vez que esta reúne conhecimentos de áreas a
si ligadas. Actualmente tem-se recorrido à biologia molecular que
permite comparar os diferentes códigos genéticos, e futuramente,
com certeza, serão utilizados outros métodos para o
desenvolvimento da ciência sistemática
A classificação feita por Whittaker em 1969, reconhece cinco reinos:
Plantae, Animalia, Fungi, Protista e Monera. Whittaker propõe
inicialmente, dois critérios de classificação:
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- Celularidade: unicelulares ou multicelulares;
- Modo de nutrição: Autotróficos (fotossíntese); heterotróficos
(ingestão e absorção).
Depois destes dois critérios foram acrescentados mais dois, que
fizeram constituir a classificação de Whittaker (modificada). Assim o
sistema passou a ter os seguintes critérios:
- Celularidade: unicelulares ou multicelulares;
- Modo de nutrição: Autotróficos (fotossíntese e quimiossíntese);
heterotróficos (ingestão e absorção).
- Tipo de células: Procarióticas e eucarióticas;
- Interação nos ecossistemas: Produtores, consumidores.
Whittaker substituiu as relações filogenéticas (evolutivas) por uma
classificação ecológica, tornando a sua classificação mais simples e
objectiva.
No ano de 1990, Carl Woese, criou um novo sistema de
classificação, em que os seres não eram classificados em reinos
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mas sim em domínios. Por domínio entende-se cada um dos três
clades propostos por Woese para, de certa forma, substituir os
reinos. Uma clade é um grupo de seres vivos que se relacionam
evolutivamente. Woese e os seus colegas usaram as investigações
realizadas a nível do genoma e concluíram que o grupo dos seres
procariontes se pode dividir em dois. Assim, obtemos três grandes
domínios:
Bacteria, Archaea e Eukarya. Como critérios para esta
classificação, Carl Woese utilizou a comparação genética. Esta
classificação tem em vista apenas as relações filogenéticas entre os
seres, o que a torna mais complexa, por outro lado, é uma
classificação mais abrangente uma vez que divide todos os seres
em três grandes domínios.
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Evolução dos sistemas de classificação
Os domínios de Woose
Woese e Fox revolucionaram o pensamento científico quando,
baseados na análise de seqüências de RNAr, propuseram uma
bipartição dos procariontes em Eubacteria e Archaeabacteria,
posteriormente renomeados Archaea e Bacteria (Woese et al.,
1990). Com esta proposta o mundo vivo passou a ser classificado
em três grandes domínios: Bacteria, Archaea e Eukarya. Os
membros de dois destes domínios, Archaea e Bacteria, são
considerados procariontes porque não apresentam uma carioteca
compartimentalizando o cromossomo e nem as organelas típicas de
eucariontes; na classificação de Whittaker (5 reinos) pertencem ao
reino Monera. Em geral o seu genoma está organizado num grande
cromossomo circular, ocasionalmente acompanhado de um ou mais
plasmídios. Estes dois domínios diferem na composição do RNA
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ribossômico, na estrutura da parede celular e no metabolismo. O
surgimento da carioteca identifica os Eucarya que incluem, além de
animais e vegetais, os fungos e os protistas. As tabelas a seguir
apresentam algumas semelhanças e diferenças entre os três
domínios.
O ramo que originou as Arqueobactérias teria, mais tarde, originado
os eucariontes (Eukarya). Considera-se que as arqueobactérias
atuais sofreram poucas alterações, em relação aos seus ancestrais.
Estes procariontes vivem em locais com condições extremamente
adversas para outros seres vivos, provavelmente semelhantes às
que existiriam na Terra primitiva
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As arqueobactérias podem ser divididas em três grandes grupos
principais:
a) Halófilas - Vivem em concentrações salinas extremas, dezenas
de vezes mais salgadas que a água do mar, em locais como
salinas, lagos de sal ou soda, etc. A sua temperatura ótima é entre
35 e 50ºC. Estas bactérias são autotróficas, mas o seu mecanismo
de produção de ATP é radicalmente diferente do habitual pois
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utilizam um pigmento vermelho único - bacteriorrodopsina - que
funciona como uma bomba de prótons (como os da fosforilação
oxidativa nas mitocôndrias) que lhes permite obter energia;
b) Metanogênicas - Este grupo de bactérias foi o primeiro a ser
reconhecido como único. Vivem em pântanos, no fundo dos
oceanos, estações de tratamento de esgotos e no tubo digestivo
dos ruminantes, onde produzem metano (CH4) como resultado da
degradação da celulose. As reservas de gás natural que
conhecemos são o resultado do metabolismo anaeróbio obrigatório
e produtor de metano de bactérias deste tipo no passado. Algumas
conseguem produzir metano a partir de CO2 e H2, obtendo energia
desse processo. O gênero Methanosarcina consegue fixar
nitrogênio atmosférico, capacidade que se julgava única das
eubactérias;
c) Termoacidófilas - Vivem em zonas de águas termais ácidas,
com temperaturas ótimas entre 70 e 150ºC e valores de pH ótimo
perto do 1. Na sua grande maioria utilizam enxofre. Podem ser
quimioautotróficas, obtendo energia da oxidação do ácido sulfídrico
(H2S) a partir do enxofre, ou heterotróficas.