SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  11
Télécharger pour lire hors ligne
Contributo para a história da paróquia de são
Cipriano de paços de brandão


ORDEM DOS HOSPITALEIROS OU CAVALEIROS DE S. JOÃO

DE JERUSALÉM – ORDEM DE MALTA



Por: Carlos Varela



Após a tomada de Jerusalém, pelos Cristãos, nos fins do século XI, cerca
do ano de 1046, um grupo de mercadores da zona italiana de Amalfi,
fundou ali uma pequena casa religiosa, inspirada na Regra de S. Bento e
destinada a receber peregrinos, a dar-lhes asilo, a tratá-los nas suas
doenças. Chamavam-lhe «Casa dos Pobres do Hospital de Jerusalém» ou
«Hospital de S. João» - 1099.

Esta instituição foi confirmada em 1113 pelo Papa Pascoal II, Bula (Piae
postulatio), como Congregação de S. João, que deu origem à Ordem dos
Hospitaleiros ou Cavaleiros de S. João de Jerusalém. Bem depressa viria
esta Ordem a estabelecer-se em Portugal.

O antigo Mosteiro de Leça estava ligado ao da Vacariça, foi doado à
Ordem do Hospital no segundo quartel do século XII.

Em 1118 começou a vigorar a bula de Pascoal II, possivelmente terá sido
por esta bula que foi feita a doação de «Lessa» ou Leça à Ordem do
Hospital.




.
Mosteiro de Leça do Balio




A Casa de Jerusalém, devido às epidemias que afligiram os Cruzados e
peregrinos, chegados ao Oriente, em breve se converteu numa vasta
enfermaria. Com a fomentação das Ordens Militares, Papa Urbano II,
Concílio de Clermont (1095) e a exemplo dos Cavaleiros do Templo, que
combatiam os infiéis e defendiam o Sepulcro de Cristo, propunha-se a
defender iguais propósitos, convertendo-se em Ordem Militar. Contudo,
conservou o carácter beneficiente, mantendo, nas suas casas, os serviços
de assistência (agasalho e enfermagem) dos peregrinos. Foi em 1120 que
o francês Raimundo du Puy, nomeado Grão-Mestre, acrescentou ao
cuidado com os doentes o serviço militar.

No ano de 1122, era de 1160, a Ordem já está dotada, com legados, e está
possuindo ou ocupando o Mosteiro de Leça (distante pouco mais de uma
légua da Cidade do Porto, junto do Rio Leça, de que tomou o nome) com
muitas herdades, coutos e pertenças. No mesmo ano de 1122, 28 de
Julho, existe uma Escritura de Contrato e Composição, que fez o Bispo D.
Hugo com Martinho, Prior do Mosteiro de Leça, aparecendo este com
toda a regularidade conventual de Prelado e súbditos, remitindo-lhe por si
e seus sucessores a obrigação do jantar (colheita ou contribuições, a que
sempre ficarão obrigadas as referidas Ordens) em que só pelo referido
Mosteiro lhe era obrigado: doação pelo Prior da Ordem ao Bispo do Porto
de diversos bens.

É difícil fixar ao certo, quem concedeu a primeira doação à Ordem do
Hospital; se o Conde D. Henrique com sua mulher D. Thereza; se esta
juntamente com o seu filho, ou finalmente se este só, naquela parte das
conquistas de seu Pai em a Província do Minho e Galliza, de que somente
tinha ficado mais liberto Senhor, continuando a sua Corte em Guimarães?

Pode-se conjecturar que D. Afonso Henriques, imediatamente que ficou
de posse pacífica de todo o Reino em 1128, se lembraria muito
naturalmente de confirmar a Doação, ou fazê-la como de novo, a uns
Cavaleiros e Donatários, de que cada vez iria recebendo mais serviços.

Em 1130 o Papa Innocencio II dá enorme distinção à Ordem, pelo
empenho na defesa da Terra Santa. É desta época, em que todos os
Príncipes, Senhores, e Poderosos, repartem de suas rendas (com mão
mais larga) a favor da Ordem do Hospital, que adquire possessões, Igrejas,
Terras, por esmola e doações, às quais chamou Comendas, entre as sete
Nações e Províncias do Ocidente, que são: Inglaterra, Provença, Alvernia,
França, Itália, Hespanha (antes da sua divisão) e Alemanha.

A Ordem foi introduzida em Portugal quase ao mesmo tempo que foi a
dos Templários. Segundo D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, na
Homilia, da celebração de encerramento das Comemorações do Milénio
da História do Mosteiro de Leça do Balio, 14 de Março de 2004, «foi na
aproximação do Rio Leça, no lugar de Recarei, que houve um modesto
cenóbio, de carácter familiar, documentado desde 1003. Sucedeu-lhe, em
continuidade, uma construção românica do século XII, a qual terá recebido
os primeiros Hospitalários portugueses. São pouco consistentes as datas e
vagas as circunstâncias da sua chegada e implantação. Fala-se da
interferência do Conde D. Henrique, insiste-se mais na doação de D.
Teresa, por ventura em 1112 (para outros, um pouco mais tarde). Admite-
se porém, e pacificamente, que no tempo de D. Afonso Henriques, os
Hospitalários se integravam na vida do Reino».

Efectivamente, em 1123, D. Afonso Henriques concede carta de couto,
separado da cidade do Porto e dá privilégios. Leça do Balio foi pois a
primeira sede e casa – mãe do Grão-Priorado em Portugal da Ordem
Militar dos Hospitalários, que muito contribuiu para o desenvolvimento
daquelas Terras da Maia (hoje integradas em Matosinhos).

Em 1157, D. Afonso Henriques e D. Mafalda fizeram doação do couto do
mosteiro ao procurador D. Raimundo e ao prior de Portugal e Galiza D.
Ayres, da ordem de Jerusalém. Este couto foi confirmado em 1166 (Couto
de Santa Maria de Leça do Balio).

O convento de Leça foi reedificado por D. Gualdim Paes de Marecos, em
1180 e dedicado a Santa Maria. No ano de 1192, D. Sancho I outorgou a
Rodrigo Paes, prior da Ordem do Hospital a carta de confirmação do foro
que seu pai dera a D. Raimundo, senhorio real nos seus coutos. O MESMO
d. Sancho I reformou e ampliou a Igreja e casa de Santa Maria de Leça do
Balio em 1212.

No ano de 1330, Estêvão Vasques Pimentel, investido na qualidade de
Bailio de Leça, realizou importantes obras com o intuito de ampliar o
secular mosteiro dos beneditinos em substituição da primeira igreja,
arruinada e sem grandeza. O admirável templo que ainda hoje, depois de
ter resistido longamente às injúrias do tempo e dos homens, merece o
nosso respeito e o nosso orgulho como padrão de uma época enobrecida
poe altos heroicos ideais.

Aquele inabalável gigante de pedra, que foi talvez a albarrã das antigas
fortificações conventuais, devia possuir alicerces muito mais antigos; a sua
fundação data provavelmente do tempo em que o mosteiro passou dos
pacíficos beneditinos, que a princípio o ocuparam, para os monges
guerreiros de S. João de Jerusalém.

A importância de Leça no dealbar do século XVI justifica-se quando em 4
de Junho de 1519, o Rei D. Manuel lhe atribuía uma carta de foral. Mais do
que isso ainda no primeiro quartel desse século, e para fins
administrativos, Leça seria mesmo constituída em município com julgado
próprio. Por falecimento do Prior D. Frei Estêvão Vasques Pimentel ou
pouco tempo depois, erigiu-se o Crato em Grão – Priorado, e Leça ficou
sendo Comenda até 15 de Outubro de 1571, data em que foi erecta em
Baliado e seu primeiro Balio foi D. Pedro de Mesquita.

Na sequência do triunfo liberal, Leça do Balio assiste à extinção das ordens
religiosas, e logo dos privilégios e direitos que a ordem do Hospital ainda
possuía. O convento é extinto em 1834.

A freguesia em 1835 é integrada no concelho de Bouças.

ORDEM DE MALTA

Em 1194, D. Sancho I doou à Ordem dos Hospitalários, a terra Guidintesta,
junto ao rio Tejo, para aí construírem um castelo, aí o monarca, no acto da
doação pôs o nome de Castelo de Belver, que foi a segunda casa em
Portugal, que chegara a possuir treze vilas, e entre elas, Proença, Gavião.

Em 8 de Dezembro de 1231, no reinado de D. Sancho II, era prior da
Ordem em Portugal, Mem Gonçalves, foi dado foral à Vila do Crato, mas
supõe-se que conquanto a Ordem fosse senhora do Crato, ainda não havia
sido elevada a sede da Ordem.

Crato, doado por D. Sancho II à que mais tarde, talvez em 1340, veio a ser
a nova sede. O superior português era denominado de Prior do Hospital, e
a partir de D. Afonso IV por Prior do Crato, sendo com este título D. Álvaro
Gonçalves Pereira. Em 1350 passou por ser sede dos Cavaleiros de Malta,
os mais privilegiados de Portugal. A Congregação ganhou fama na Europa
e perpetuou-se com a designação de ORDEM DE MALTA, a partir de 1530,
quando se estabeleceram na Ilha do mesmo nome.

No século XIII (cerca dos anos 60) e princípios do seguinte, no oriente, a
Ordem do Hospital, perde as últimas praças que aí possuía, também no
seio da igreja existiam enormes perturbações, provocadas pelo cisma do
ocidente, o que veio a levar a diversas correções normativas, que foram
efectuadas ao longo do século XV na Ordem de Malta, contudo as
perturbações causadas à Ordem não acabaram aqui. A capitulação de
Rodes e a defesa desta ilha em 1522, constituíram uma preocupação do
Grão Mestre, que o leva a tomar medidas excepcionais, para a defesa da
Ilha. A Instalação da Ordem de Malta não coincidiu com o fim das
hostilidades, bem evidentes na defesa desta Ilha em 1565, o que mais
uma vez irá estar na base da resposta dada pelos freires, que saiem do seu
Priorado em defesa destes locais distantes.

O conjunto de normas e respectivas penas, aplicáveis sempre que se
verificassem certos desvios, traduzem uma crescente complexidade da
organização da Ordem do Hospital durante a época medieval e uma maior
insegurança nos órgãos conventuais, compatível com um incremento das
brigas entre freires e o seu envolvimento com a comunidade civil, fruto do
desenvolvimento da sua actuação na vida laica. Paralelamente, a evolução
das cláusulas normativas apresenta momentos fundamentais, reflectindo
as diversas conjunturas históricas, marcadas ora pela organização do
convento, pela definição dos órgãos centrais de governo e pela definição
das obrigações de cada unidade territorial, ora por dificuldades
económicas resultantes da perda de domínios na Terra Santa, ora pelo
Cisma da Igreja, ora por convulsões militares relacionadas com o avanço
dos infiéis no Mediterrâneo.

Os Grãos-Priores (num total de 35), eram providos por dez anos
prorrogáveis e gozavam no reino de honras de conde quando não eram
superiores.

A Rainha D. Maria I, por carta de 31 de Janeiro de 1790, confirmou o Breve
Apostólico do Papa Pio VI, ordenou que a administração do Grão-Priorado
do Crato ficasse unida à Casa do Infantado, que seria extinta em 1843,
assim como a Ordem dos Hospitaleiros.

O Priorado do Crato, tinha em 1834, cinco baliados: Leça, Sertã, Crato, Rio
Meão e Rossos e Fossos (Rossos junto a Arouca, e Fossos em Faia,
Cabeceira de Basto); com a extinção ficaram incorporados no Patriarcado.

No Mosteiro de Leça do Balio, casaram o Rei D. Fernando com D. Leonor
de Teles. Na Capela-Mor do Mosteiro, encontra-se uma campa rasa
brasonada (armas dos Almeidas e Vasconcelos) e, em arossólio adossado a
parede direita, a arca tumular de Fei Cristóvão de Cernache (1569). Na
parede fronteira situam-se os nichos que guardam os túmulos de Frei
Lopo Pereira de Lima (1684) e de Frei Diogo de Melo Pereira (1666). No
absidíolo do lado do Evangelho, encontra-se o túmulo de Frei João Coelho,
com estátua jazente. Na capela de ferro, ao lado da Epístola, está a campa
rasa do fundador, Frei Estêvão Vasques (1336), encimada por uma placa
de bronze contendo o epitáfio do defunto em caracteres leoneses.




                   Igreja de Rio Meão
AFONSO DE PORTUGAL, GRÃO-MESTRE DA ORDEM DE S. JOÃO DO
HOSPITAL
Afonso de Portugal (1135-1207), era filho natural de D. Afonso Henriques,
que pertenceu à Ordem de S. João do Hospital e permaneceu largo tempo
na Palestina. Foi eleito, em 1196, Grão-Mestre, embora fosse considerado
como um homem cheio de valor e de piedade, disciplinado, tanto no
aspecto militar como na sua vida regular, escrupulosamente observador
dos estatutos da Ordem, altivo e arrogante, em breve desmereceu a
confiança dos cavaleiros por se ter dado aos prazeres do mundo. Forçado
a abdicar, regressou a Portugal.




No capítulo VII, (A reacção muçulmana, pelo Prof. Ângelo Ribeiro) páginas
107 e 108, volume II, da História de Portugal, dirigida pelo Professor
Damião Peres, vem expresso que: «Afonso de Portugal renunciando ao
mestrado, voltou a Portugal. Formou-se a lenda (Crónica de Malta) de que
viera com a intenção de suceder no trono a seu irmão Sancho, pelo que
este o mandara matar «com peçonha». Brandão acentuou o nenhum
crédito que merece «a calúnia». A inscrição do seu túmulo na igreja de S.
João de Alporão, em Santarém, dá-o como falecido em 1207.»
O epitáfio da pedra diz: «Quem quer que sejas tu, sujeito à morte, lê e
chora. Sou o que tu serás, já fui o que tu és. Peço-te que rezes por mim.»
História da Ordem dos Hospitalários em Portugal

Contenu connexe

Tendances (20)

O evangelho segundo Lucas
O evangelho segundo LucasO evangelho segundo Lucas
O evangelho segundo Lucas
 
TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
TESTEMUNHAS DE JEOVÁTESTEMUNHAS DE JEOVÁ
TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
 
Tito - Introdução
Tito - IntroduçãoTito - Introdução
Tito - Introdução
 
Estudo biblia
Estudo bibliaEstudo biblia
Estudo biblia
 
Panorama do NT - Atos
Panorama do NT - AtosPanorama do NT - Atos
Panorama do NT - Atos
 
Eclesiologia
EclesiologiaEclesiologia
Eclesiologia
 
Panorama do NT - 2Coríntios
Panorama do NT - 2CoríntiosPanorama do NT - 2Coríntios
Panorama do NT - 2Coríntios
 
Formação Sagrada Escritura
Formação Sagrada EscrituraFormação Sagrada Escritura
Formação Sagrada Escritura
 
O Evangelismo e a igreja.ppt
O Evangelismo e a igreja.pptO Evangelismo e a igreja.ppt
O Evangelismo e a igreja.ppt
 
7. atos dos apóstolos
7. atos dos apóstolos7. atos dos apóstolos
7. atos dos apóstolos
 
Cursoparaobreiros
Cursoparaobreiros Cursoparaobreiros
Cursoparaobreiros
 
Curso de Bibliologia
Curso de BibliologiaCurso de Bibliologia
Curso de Bibliologia
 
Estudos os evangelhos
Estudos os evangelhosEstudos os evangelhos
Estudos os evangelhos
 
Doutrina da igreja
Doutrina da igrejaDoutrina da igreja
Doutrina da igreja
 
Estudo Bíblico 1 Coríntios - Estudo 3 (power point)
Estudo Bíblico 1 Coríntios - Estudo 3 (power point)Estudo Bíblico 1 Coríntios - Estudo 3 (power point)
Estudo Bíblico 1 Coríntios - Estudo 3 (power point)
 
Bibliologia - Cânon biblico
Bibliologia - Cânon biblicoBibliologia - Cânon biblico
Bibliologia - Cânon biblico
 
Epístolas gerais - aula 1
Epístolas gerais - aula 1Epístolas gerais - aula 1
Epístolas gerais - aula 1
 
Carta à Igreja de Tiatira no Apocalipse
Carta à Igreja de Tiatira no ApocalipseCarta à Igreja de Tiatira no Apocalipse
Carta à Igreja de Tiatira no Apocalipse
 
Métodos de Estudo Bíblico
Métodos de Estudo BíblicoMétodos de Estudo Bíblico
Métodos de Estudo Bíblico
 
Lição 3 - A Natureza da Igreja - Escola Bíblica Dominical.pptx
Lição 3 - A Natureza da Igreja - Escola Bíblica Dominical.pptxLição 3 - A Natureza da Igreja - Escola Bíblica Dominical.pptx
Lição 3 - A Natureza da Igreja - Escola Bíblica Dominical.pptx
 

En vedette

T.petizes 21 4-2013 regulamento xii tiv 2013
T.petizes 21 4-2013 regulamento xii tiv 2013T.petizes 21 4-2013 regulamento xii tiv 2013
T.petizes 21 4-2013 regulamento xii tiv 2013O Engenho No Papel
 
Comunicado de imprensa sobre Lourosa do PCP
Comunicado de imprensa sobre Lourosa do PCPComunicado de imprensa sobre Lourosa do PCP
Comunicado de imprensa sobre Lourosa do PCPO Engenho No Papel
 
Cdpb mapa jogos semana 31 maio e 1 junho 2014
Cdpb mapa jogos   semana 31 maio e 1 junho 2014Cdpb mapa jogos   semana 31 maio e 1 junho 2014
Cdpb mapa jogos semana 31 maio e 1 junho 2014O Engenho No Papel
 
Requerimento da cdu sobre instalações desportivas sanfins
Requerimento da cdu sobre instalações desportivas sanfinsRequerimento da cdu sobre instalações desportivas sanfins
Requerimento da cdu sobre instalações desportivas sanfinsO Engenho No Papel
 
A razão ou não razão - Carlos Varela
A razão ou não razão - Carlos VarelaA razão ou não razão - Carlos Varela
A razão ou não razão - Carlos VarelaO Engenho No Papel
 
CiRAC Entrevista Paulo Joaquim
CiRAC Entrevista Paulo JoaquimCiRAC Entrevista Paulo Joaquim
CiRAC Entrevista Paulo JoaquimO Engenho No Papel
 
Programa eleitoral do PS em Paços de Brandão 2013
Programa eleitoral do PS em Paços de Brandão 2013Programa eleitoral do PS em Paços de Brandão 2013
Programa eleitoral do PS em Paços de Brandão 2013O Engenho No Papel
 
Doc 1.pdf recomendação do provedor de justiça.pdfrecomendaçãodoprovedordejustiça
Doc 1.pdf recomendação do provedor de justiça.pdfrecomendaçãodoprovedordejustiçaDoc 1.pdf recomendação do provedor de justiça.pdfrecomendaçãodoprovedordejustiça
Doc 1.pdf recomendação do provedor de justiça.pdfrecomendaçãodoprovedordejustiçaO Engenho No Papel
 
Requerimento escapães perigo para a saúde pública na rua da granja
Requerimento escapães   perigo para a saúde pública na rua da granjaRequerimento escapães   perigo para a saúde pública na rua da granja
Requerimento escapães perigo para a saúde pública na rua da granjaO Engenho No Papel
 
Contributo para a história da paróquia de são cipriano (1)
Contributo para a história da paróquia de são cipriano  (1)Contributo para a história da paróquia de são cipriano  (1)
Contributo para a história da paróquia de são cipriano (1)O Engenho No Papel
 
Requerimento rio meão águas pluviais
Requerimento rio meão águas pluviaisRequerimento rio meão águas pluviais
Requerimento rio meão águas pluviaisO Engenho No Papel
 
Uma crítica de história local
Uma crítica de história localUma crítica de história local
Uma crítica de história localO Engenho No Papel
 
Moções be assembleia municipal
Moções be assembleia municipalMoções be assembleia municipal
Moções be assembleia municipalO Engenho No Papel
 
Entrevista Mino ao Correio da feira
Entrevista Mino ao Correio da feiraEntrevista Mino ao Correio da feira
Entrevista Mino ao Correio da feiraO Engenho No Papel
 

En vedette (20)

T.petizes 21 4-2013 regulamento xii tiv 2013
T.petizes 21 4-2013 regulamento xii tiv 2013T.petizes 21 4-2013 regulamento xii tiv 2013
T.petizes 21 4-2013 regulamento xii tiv 2013
 
Comunicado de imprensa sobre Lourosa do PCP
Comunicado de imprensa sobre Lourosa do PCPComunicado de imprensa sobre Lourosa do PCP
Comunicado de imprensa sobre Lourosa do PCP
 
Cdpb mapa jogos semana 31 maio e 1 junho 2014
Cdpb mapa jogos   semana 31 maio e 1 junho 2014Cdpb mapa jogos   semana 31 maio e 1 junho 2014
Cdpb mapa jogos semana 31 maio e 1 junho 2014
 
Requerimento da cdu sobre instalações desportivas sanfins
Requerimento da cdu sobre instalações desportivas sanfinsRequerimento da cdu sobre instalações desportivas sanfins
Requerimento da cdu sobre instalações desportivas sanfins
 
A razão ou não razão - Carlos Varela
A razão ou não razão - Carlos VarelaA razão ou não razão - Carlos Varela
A razão ou não razão - Carlos Varela
 
CiRAC Entrevista Paulo Joaquim
CiRAC Entrevista Paulo JoaquimCiRAC Entrevista Paulo Joaquim
CiRAC Entrevista Paulo Joaquim
 
Programa eleitoral do PS em Paços de Brandão 2013
Programa eleitoral do PS em Paços de Brandão 2013Programa eleitoral do PS em Paços de Brandão 2013
Programa eleitoral do PS em Paços de Brandão 2013
 
Doc 1.pdf recomendação do provedor de justiça.pdfrecomendaçãodoprovedordejustiça
Doc 1.pdf recomendação do provedor de justiça.pdfrecomendaçãodoprovedordejustiçaDoc 1.pdf recomendação do provedor de justiça.pdfrecomendaçãodoprovedordejustiça
Doc 1.pdf recomendação do provedor de justiça.pdfrecomendaçãodoprovedordejustiça
 
Requerimento escapães perigo para a saúde pública na rua da granja
Requerimento escapães   perigo para a saúde pública na rua da granjaRequerimento escapães   perigo para a saúde pública na rua da granja
Requerimento escapães perigo para a saúde pública na rua da granja
 
Cds 2013
Cds 2013Cds 2013
Cds 2013
 
Juiz leão
Juiz leãoJuiz leão
Juiz leão
 
Contributo para a história da paróquia de são cipriano (1)
Contributo para a história da paróquia de são cipriano  (1)Contributo para a história da paróquia de são cipriano  (1)
Contributo para a história da paróquia de são cipriano (1)
 
Requerimento rio meão águas pluviais
Requerimento rio meão águas pluviaisRequerimento rio meão águas pluviais
Requerimento rio meão águas pluviais
 
Feira 2020 projecto
Feira 2020 projectoFeira 2020 projecto
Feira 2020 projecto
 
A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJAA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
 
Uma crítica de história local
Uma crítica de história localUma crítica de história local
Uma crítica de história local
 
Moções be assembleia municipal
Moções be assembleia municipalMoções be assembleia municipal
Moções be assembleia municipal
 
Cdu
CduCdu
Cdu
 
Entrevista Mino ao Correio da feira
Entrevista Mino ao Correio da feiraEntrevista Mino ao Correio da feira
Entrevista Mino ao Correio da feira
 
Comunicado arrifana 3
Comunicado arrifana 3Comunicado arrifana 3
Comunicado arrifana 3
 

Similaire à História da Ordem dos Hospitalários em Portugal

O mosteiro de são salvador de grijó
O mosteiro de são salvador de grijóO mosteiro de são salvador de grijó
O mosteiro de são salvador de grijóO Engenho No Papel
 
O espaço português 1
O espaço português 1O espaço português 1
O espaço português 1Vítor Santos
 
02_02_o espaço português.pdf
02_02_o espaço português.pdf02_02_o espaço português.pdf
02_02_o espaço português.pdfVítor Santos
 
Eubiose 2 mar-2013 portugal a primeira nação templaria
Eubiose 2 mar-2013 portugal a primeira nação templariaEubiose 2 mar-2013 portugal a primeira nação templaria
Eubiose 2 mar-2013 portugal a primeira nação templariaNumeric Contadores
 
Sistema feudal - Igreja Católica - Parte 2
Sistema feudal - Igreja Católica - Parte 2Sistema feudal - Igreja Católica - Parte 2
Sistema feudal - Igreja Católica - Parte 2Valéria Shoujofan
 
Reis De Portugal
Reis De PortugalReis De Portugal
Reis De PortugalHelena
 
Os Templários e o descobrimento do Brasil
Os Templários e o descobrimento do BrasilOs Templários e o descobrimento do Brasil
Os Templários e o descobrimento do BrasilJose Renato Dos Santos
 
A Formação do Reino de Portugal
A Formação do Reino de PortugalA Formação do Reino de Portugal
A Formação do Reino de PortugalHistN
 
A formação e alargamento do território português
A formação e alargamento do território portuguêsA formação e alargamento do território português
A formação e alargamento do território portuguêsAnabela Sobral
 
As dinastias em portugal e estilos arquitetonicos
As dinastias em portugal  e estilos arquitetonicosAs dinastias em portugal  e estilos arquitetonicos
As dinastias em portugal e estilos arquitetonicosSoniaCabeleira
 
Cronologia da-historia-de-portugal
Cronologia da-historia-de-portugalCronologia da-historia-de-portugal
Cronologia da-historia-de-portugaljosepinho
 
154 ab reconquista e formação de espanha e portugal
154 ab reconquista e formação de espanha e portugal154 ab reconquista e formação de espanha e portugal
154 ab reconquista e formação de espanha e portugalcristianoperinpissolato
 
D. Afonso Henriques
D. Afonso HenriquesD. Afonso Henriques
D. Afonso HenriquesMaria Gomes
 
História da cultura portuguesa
História da cultura portuguesaHistória da cultura portuguesa
História da cultura portuguesaPatrícia Vitorino
 

Similaire à História da Ordem dos Hospitalários em Portugal (20)

O mosteiro de são salvador de grijó
O mosteiro de são salvador de grijóO mosteiro de são salvador de grijó
O mosteiro de são salvador de grijó
 
O espaço português 1
O espaço português 1O espaço português 1
O espaço português 1
 
02_02_o espaço português.pdf
02_02_o espaço português.pdf02_02_o espaço português.pdf
02_02_o espaço português.pdf
 
Eubiose 2 mar-2013 portugal a primeira nação templaria
Eubiose 2 mar-2013 portugal a primeira nação templariaEubiose 2 mar-2013 portugal a primeira nação templaria
Eubiose 2 mar-2013 portugal a primeira nação templaria
 
Sistema feudal - Igreja Católica - Parte 2
Sistema feudal - Igreja Católica - Parte 2Sistema feudal - Igreja Católica - Parte 2
Sistema feudal - Igreja Católica - Parte 2
 
Reis De Portugal
Reis De PortugalReis De Portugal
Reis De Portugal
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Os Templários e o descobrimento do Brasil
Os Templários e o descobrimento do BrasilOs Templários e o descobrimento do Brasil
Os Templários e o descobrimento do Brasil
 
A Formação do Reino de Portugal
A Formação do Reino de PortugalA Formação do Reino de Portugal
A Formação do Reino de Portugal
 
A formação e alargamento do território português
A formação e alargamento do território portuguêsA formação e alargamento do território português
A formação e alargamento do território português
 
As dinastias em portugal e estilos arquitetonicos
As dinastias em portugal  e estilos arquitetonicosAs dinastias em portugal  e estilos arquitetonicos
As dinastias em portugal e estilos arquitetonicos
 
Algumas Batalhas
Algumas BatalhasAlgumas Batalhas
Algumas Batalhas
 
Cronologia da-historia-de-portugal
Cronologia da-historia-de-portugalCronologia da-historia-de-portugal
Cronologia da-historia-de-portugal
 
154 ab reconquista e formação de espanha e portugal
154 ab reconquista e formação de espanha e portugal154 ab reconquista e formação de espanha e portugal
154 ab reconquista e formação de espanha e portugal
 
A Reconquista
A ReconquistaA Reconquista
A Reconquista
 
D. Afonso Henriques
D. Afonso HenriquesD. Afonso Henriques
D. Afonso Henriques
 
História da cultura portuguesa
História da cultura portuguesaHistória da cultura portuguesa
História da cultura portuguesa
 
HistóRia De Portugal
HistóRia De PortugalHistóRia De Portugal
HistóRia De Portugal
 
História de portugal2
História de portugal2História de portugal2
História de portugal2
 

Plus de O Engenho No Papel

Requerimento contratação de professores feira viva
Requerimento contratação de professores   feira vivaRequerimento contratação de professores   feira viva
Requerimento contratação de professores feira vivaO Engenho No Papel
 
T.petizes regulamento xiv 2014 2
T.petizes  regulamento xiv 2014 2T.petizes  regulamento xiv 2014 2
T.petizes regulamento xiv 2014 2O Engenho No Papel
 
Requerimento santa maria de lamas2
Requerimento santa maria de lamas2Requerimento santa maria de lamas2
Requerimento santa maria de lamas2O Engenho No Papel
 
Cd paços de brandão jogos semana - 7 a 10 junho 2014
Cd paços de brandão   jogos semana - 7 a 10 junho 2014Cd paços de brandão   jogos semana - 7 a 10 junho 2014
Cd paços de brandão jogos semana - 7 a 10 junho 2014O Engenho No Papel
 
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014O Engenho No Papel
 
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014O Engenho No Papel
 
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014O Engenho No Papel
 
Requerimento praia fluvial da mámoa mmilheirós de poiares
Requerimento praia fluvial da mámoa   mmilheirós de poiaresRequerimento praia fluvial da mámoa   mmilheirós de poiares
Requerimento praia fluvial da mámoa mmilheirós de poiaresO Engenho No Papel
 
Requerimento praia fluvial da mámoa mmilheirós de poiares
Requerimento praia fluvial da mámoa   mmilheirós de poiaresRequerimento praia fluvial da mámoa   mmilheirós de poiares
Requerimento praia fluvial da mámoa mmilheirós de poiaresO Engenho No Papel
 
CDU - Requerimento agrupamento de escolas de fiães
CDU - Requerimento agrupamento de escolas de fiãesCDU - Requerimento agrupamento de escolas de fiães
CDU - Requerimento agrupamento de escolas de fiãesO Engenho No Papel
 
ENCONTRO / DEBATE “ 40 ANOS DE 25 DE ABRIL”
ENCONTRO / DEBATE  “ 40 ANOS DE 25 DE ABRIL”ENCONTRO / DEBATE  “ 40 ANOS DE 25 DE ABRIL”
ENCONTRO / DEBATE “ 40 ANOS DE 25 DE ABRIL”O Engenho No Papel
 
Programação 37º fimv paços de brandão (2)
Programação 37º fimv paços de brandão (2)Programação 37º fimv paços de brandão (2)
Programação 37º fimv paços de brandão (2)O Engenho No Papel
 
Requerimento zona industrial casalinho
Requerimento zona industrial casalinhoRequerimento zona industrial casalinho
Requerimento zona industrial casalinhoO Engenho No Papel
 
Requerimento da cdu sobre amianto no antónio lamoso
Requerimento da cdu sobre amianto no antónio lamosoRequerimento da cdu sobre amianto no antónio lamoso
Requerimento da cdu sobre amianto no antónio lamosoO Engenho No Papel
 

Plus de O Engenho No Papel (20)

Programa oficial
Programa oficialPrograma oficial
Programa oficial
 
Requerimento contratação de professores feira viva
Requerimento contratação de professores   feira vivaRequerimento contratação de professores   feira viva
Requerimento contratação de professores feira viva
 
Torneios 15 junho.20141
Torneios 15 junho.20141Torneios 15 junho.20141
Torneios 15 junho.20141
 
T.petizes regulamento xiv 2014 2
T.petizes  regulamento xiv 2014 2T.petizes  regulamento xiv 2014 2
T.petizes regulamento xiv 2014 2
 
Requerimento santa maria de lamas2
Requerimento santa maria de lamas2Requerimento santa maria de lamas2
Requerimento santa maria de lamas2
 
Cd paços de brandão jogos semana - 7 a 10 junho 2014
Cd paços de brandão   jogos semana - 7 a 10 junho 2014Cd paços de brandão   jogos semana - 7 a 10 junho 2014
Cd paços de brandão jogos semana - 7 a 10 junho 2014
 
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014
 
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014
 
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014Cd paços de brandão   sorteios - taça petizes 2014
Cd paços de brandão sorteios - taça petizes 2014
 
Binder1
Binder1Binder1
Binder1
 
Requerimento praia fluvial da mámoa mmilheirós de poiares
Requerimento praia fluvial da mámoa   mmilheirós de poiaresRequerimento praia fluvial da mámoa   mmilheirós de poiares
Requerimento praia fluvial da mámoa mmilheirós de poiares
 
Requerimento praia fluvial da mámoa mmilheirós de poiares
Requerimento praia fluvial da mámoa   mmilheirós de poiaresRequerimento praia fluvial da mámoa   mmilheirós de poiares
Requerimento praia fluvial da mámoa mmilheirós de poiares
 
CDU - Requerimento agrupamento de escolas de fiães
CDU - Requerimento agrupamento de escolas de fiãesCDU - Requerimento agrupamento de escolas de fiães
CDU - Requerimento agrupamento de escolas de fiães
 
Requerimento arrifana
Requerimento arrifanaRequerimento arrifana
Requerimento arrifana
 
Paços
PaçosPaços
Paços
 
Homenagem
HomenagemHomenagem
Homenagem
 
ENCONTRO / DEBATE “ 40 ANOS DE 25 DE ABRIL”
ENCONTRO / DEBATE  “ 40 ANOS DE 25 DE ABRIL”ENCONTRO / DEBATE  “ 40 ANOS DE 25 DE ABRIL”
ENCONTRO / DEBATE “ 40 ANOS DE 25 DE ABRIL”
 
Programação 37º fimv paços de brandão (2)
Programação 37º fimv paços de brandão (2)Programação 37º fimv paços de brandão (2)
Programação 37º fimv paços de brandão (2)
 
Requerimento zona industrial casalinho
Requerimento zona industrial casalinhoRequerimento zona industrial casalinho
Requerimento zona industrial casalinho
 
Requerimento da cdu sobre amianto no antónio lamoso
Requerimento da cdu sobre amianto no antónio lamosoRequerimento da cdu sobre amianto no antónio lamoso
Requerimento da cdu sobre amianto no antónio lamoso
 

História da Ordem dos Hospitalários em Portugal

  • 1. Contributo para a história da paróquia de são Cipriano de paços de brandão ORDEM DOS HOSPITALEIROS OU CAVALEIROS DE S. JOÃO DE JERUSALÉM – ORDEM DE MALTA Por: Carlos Varela Após a tomada de Jerusalém, pelos Cristãos, nos fins do século XI, cerca do ano de 1046, um grupo de mercadores da zona italiana de Amalfi, fundou ali uma pequena casa religiosa, inspirada na Regra de S. Bento e destinada a receber peregrinos, a dar-lhes asilo, a tratá-los nas suas doenças. Chamavam-lhe «Casa dos Pobres do Hospital de Jerusalém» ou «Hospital de S. João» - 1099. Esta instituição foi confirmada em 1113 pelo Papa Pascoal II, Bula (Piae postulatio), como Congregação de S. João, que deu origem à Ordem dos Hospitaleiros ou Cavaleiros de S. João de Jerusalém. Bem depressa viria esta Ordem a estabelecer-se em Portugal. O antigo Mosteiro de Leça estava ligado ao da Vacariça, foi doado à Ordem do Hospital no segundo quartel do século XII. Em 1118 começou a vigorar a bula de Pascoal II, possivelmente terá sido por esta bula que foi feita a doação de «Lessa» ou Leça à Ordem do Hospital. .
  • 2. Mosteiro de Leça do Balio A Casa de Jerusalém, devido às epidemias que afligiram os Cruzados e peregrinos, chegados ao Oriente, em breve se converteu numa vasta enfermaria. Com a fomentação das Ordens Militares, Papa Urbano II, Concílio de Clermont (1095) e a exemplo dos Cavaleiros do Templo, que combatiam os infiéis e defendiam o Sepulcro de Cristo, propunha-se a defender iguais propósitos, convertendo-se em Ordem Militar. Contudo, conservou o carácter beneficiente, mantendo, nas suas casas, os serviços de assistência (agasalho e enfermagem) dos peregrinos. Foi em 1120 que o francês Raimundo du Puy, nomeado Grão-Mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar. No ano de 1122, era de 1160, a Ordem já está dotada, com legados, e está possuindo ou ocupando o Mosteiro de Leça (distante pouco mais de uma légua da Cidade do Porto, junto do Rio Leça, de que tomou o nome) com muitas herdades, coutos e pertenças. No mesmo ano de 1122, 28 de
  • 3. Julho, existe uma Escritura de Contrato e Composição, que fez o Bispo D. Hugo com Martinho, Prior do Mosteiro de Leça, aparecendo este com toda a regularidade conventual de Prelado e súbditos, remitindo-lhe por si e seus sucessores a obrigação do jantar (colheita ou contribuições, a que sempre ficarão obrigadas as referidas Ordens) em que só pelo referido Mosteiro lhe era obrigado: doação pelo Prior da Ordem ao Bispo do Porto de diversos bens. É difícil fixar ao certo, quem concedeu a primeira doação à Ordem do Hospital; se o Conde D. Henrique com sua mulher D. Thereza; se esta juntamente com o seu filho, ou finalmente se este só, naquela parte das conquistas de seu Pai em a Província do Minho e Galliza, de que somente tinha ficado mais liberto Senhor, continuando a sua Corte em Guimarães? Pode-se conjecturar que D. Afonso Henriques, imediatamente que ficou de posse pacífica de todo o Reino em 1128, se lembraria muito naturalmente de confirmar a Doação, ou fazê-la como de novo, a uns Cavaleiros e Donatários, de que cada vez iria recebendo mais serviços. Em 1130 o Papa Innocencio II dá enorme distinção à Ordem, pelo empenho na defesa da Terra Santa. É desta época, em que todos os Príncipes, Senhores, e Poderosos, repartem de suas rendas (com mão mais larga) a favor da Ordem do Hospital, que adquire possessões, Igrejas, Terras, por esmola e doações, às quais chamou Comendas, entre as sete Nações e Províncias do Ocidente, que são: Inglaterra, Provença, Alvernia, França, Itália, Hespanha (antes da sua divisão) e Alemanha. A Ordem foi introduzida em Portugal quase ao mesmo tempo que foi a dos Templários. Segundo D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, na Homilia, da celebração de encerramento das Comemorações do Milénio da História do Mosteiro de Leça do Balio, 14 de Março de 2004, «foi na aproximação do Rio Leça, no lugar de Recarei, que houve um modesto cenóbio, de carácter familiar, documentado desde 1003. Sucedeu-lhe, em continuidade, uma construção românica do século XII, a qual terá recebido os primeiros Hospitalários portugueses. São pouco consistentes as datas e vagas as circunstâncias da sua chegada e implantação. Fala-se da interferência do Conde D. Henrique, insiste-se mais na doação de D.
  • 4. Teresa, por ventura em 1112 (para outros, um pouco mais tarde). Admite- se porém, e pacificamente, que no tempo de D. Afonso Henriques, os Hospitalários se integravam na vida do Reino». Efectivamente, em 1123, D. Afonso Henriques concede carta de couto, separado da cidade do Porto e dá privilégios. Leça do Balio foi pois a primeira sede e casa – mãe do Grão-Priorado em Portugal da Ordem Militar dos Hospitalários, que muito contribuiu para o desenvolvimento daquelas Terras da Maia (hoje integradas em Matosinhos). Em 1157, D. Afonso Henriques e D. Mafalda fizeram doação do couto do mosteiro ao procurador D. Raimundo e ao prior de Portugal e Galiza D. Ayres, da ordem de Jerusalém. Este couto foi confirmado em 1166 (Couto de Santa Maria de Leça do Balio). O convento de Leça foi reedificado por D. Gualdim Paes de Marecos, em 1180 e dedicado a Santa Maria. No ano de 1192, D. Sancho I outorgou a Rodrigo Paes, prior da Ordem do Hospital a carta de confirmação do foro que seu pai dera a D. Raimundo, senhorio real nos seus coutos. O MESMO d. Sancho I reformou e ampliou a Igreja e casa de Santa Maria de Leça do Balio em 1212. No ano de 1330, Estêvão Vasques Pimentel, investido na qualidade de Bailio de Leça, realizou importantes obras com o intuito de ampliar o secular mosteiro dos beneditinos em substituição da primeira igreja, arruinada e sem grandeza. O admirável templo que ainda hoje, depois de ter resistido longamente às injúrias do tempo e dos homens, merece o nosso respeito e o nosso orgulho como padrão de uma época enobrecida poe altos heroicos ideais. Aquele inabalável gigante de pedra, que foi talvez a albarrã das antigas fortificações conventuais, devia possuir alicerces muito mais antigos; a sua fundação data provavelmente do tempo em que o mosteiro passou dos pacíficos beneditinos, que a princípio o ocuparam, para os monges guerreiros de S. João de Jerusalém. A importância de Leça no dealbar do século XVI justifica-se quando em 4 de Junho de 1519, o Rei D. Manuel lhe atribuía uma carta de foral. Mais do
  • 5. que isso ainda no primeiro quartel desse século, e para fins administrativos, Leça seria mesmo constituída em município com julgado próprio. Por falecimento do Prior D. Frei Estêvão Vasques Pimentel ou pouco tempo depois, erigiu-se o Crato em Grão – Priorado, e Leça ficou sendo Comenda até 15 de Outubro de 1571, data em que foi erecta em Baliado e seu primeiro Balio foi D. Pedro de Mesquita. Na sequência do triunfo liberal, Leça do Balio assiste à extinção das ordens religiosas, e logo dos privilégios e direitos que a ordem do Hospital ainda possuía. O convento é extinto em 1834. A freguesia em 1835 é integrada no concelho de Bouças. ORDEM DE MALTA Em 1194, D. Sancho I doou à Ordem dos Hospitalários, a terra Guidintesta, junto ao rio Tejo, para aí construírem um castelo, aí o monarca, no acto da doação pôs o nome de Castelo de Belver, que foi a segunda casa em Portugal, que chegara a possuir treze vilas, e entre elas, Proença, Gavião. Em 8 de Dezembro de 1231, no reinado de D. Sancho II, era prior da Ordem em Portugal, Mem Gonçalves, foi dado foral à Vila do Crato, mas supõe-se que conquanto a Ordem fosse senhora do Crato, ainda não havia sido elevada a sede da Ordem. Crato, doado por D. Sancho II à que mais tarde, talvez em 1340, veio a ser a nova sede. O superior português era denominado de Prior do Hospital, e a partir de D. Afonso IV por Prior do Crato, sendo com este título D. Álvaro Gonçalves Pereira. Em 1350 passou por ser sede dos Cavaleiros de Malta, os mais privilegiados de Portugal. A Congregação ganhou fama na Europa e perpetuou-se com a designação de ORDEM DE MALTA, a partir de 1530, quando se estabeleceram na Ilha do mesmo nome. No século XIII (cerca dos anos 60) e princípios do seguinte, no oriente, a Ordem do Hospital, perde as últimas praças que aí possuía, também no seio da igreja existiam enormes perturbações, provocadas pelo cisma do ocidente, o que veio a levar a diversas correções normativas, que foram efectuadas ao longo do século XV na Ordem de Malta, contudo as perturbações causadas à Ordem não acabaram aqui. A capitulação de
  • 6. Rodes e a defesa desta ilha em 1522, constituíram uma preocupação do Grão Mestre, que o leva a tomar medidas excepcionais, para a defesa da Ilha. A Instalação da Ordem de Malta não coincidiu com o fim das hostilidades, bem evidentes na defesa desta Ilha em 1565, o que mais uma vez irá estar na base da resposta dada pelos freires, que saiem do seu Priorado em defesa destes locais distantes. O conjunto de normas e respectivas penas, aplicáveis sempre que se verificassem certos desvios, traduzem uma crescente complexidade da organização da Ordem do Hospital durante a época medieval e uma maior insegurança nos órgãos conventuais, compatível com um incremento das brigas entre freires e o seu envolvimento com a comunidade civil, fruto do desenvolvimento da sua actuação na vida laica. Paralelamente, a evolução das cláusulas normativas apresenta momentos fundamentais, reflectindo as diversas conjunturas históricas, marcadas ora pela organização do convento, pela definição dos órgãos centrais de governo e pela definição das obrigações de cada unidade territorial, ora por dificuldades económicas resultantes da perda de domínios na Terra Santa, ora pelo Cisma da Igreja, ora por convulsões militares relacionadas com o avanço dos infiéis no Mediterrâneo. Os Grãos-Priores (num total de 35), eram providos por dez anos prorrogáveis e gozavam no reino de honras de conde quando não eram superiores. A Rainha D. Maria I, por carta de 31 de Janeiro de 1790, confirmou o Breve Apostólico do Papa Pio VI, ordenou que a administração do Grão-Priorado do Crato ficasse unida à Casa do Infantado, que seria extinta em 1843, assim como a Ordem dos Hospitaleiros. O Priorado do Crato, tinha em 1834, cinco baliados: Leça, Sertã, Crato, Rio Meão e Rossos e Fossos (Rossos junto a Arouca, e Fossos em Faia, Cabeceira de Basto); com a extinção ficaram incorporados no Patriarcado. No Mosteiro de Leça do Balio, casaram o Rei D. Fernando com D. Leonor de Teles. Na Capela-Mor do Mosteiro, encontra-se uma campa rasa brasonada (armas dos Almeidas e Vasconcelos) e, em arossólio adossado a parede direita, a arca tumular de Fei Cristóvão de Cernache (1569). Na
  • 7. parede fronteira situam-se os nichos que guardam os túmulos de Frei Lopo Pereira de Lima (1684) e de Frei Diogo de Melo Pereira (1666). No absidíolo do lado do Evangelho, encontra-se o túmulo de Frei João Coelho, com estátua jazente. Na capela de ferro, ao lado da Epístola, está a campa rasa do fundador, Frei Estêvão Vasques (1336), encimada por uma placa de bronze contendo o epitáfio do defunto em caracteres leoneses. Igreja de Rio Meão
  • 8. AFONSO DE PORTUGAL, GRÃO-MESTRE DA ORDEM DE S. JOÃO DO HOSPITAL
  • 9. Afonso de Portugal (1135-1207), era filho natural de D. Afonso Henriques, que pertenceu à Ordem de S. João do Hospital e permaneceu largo tempo na Palestina. Foi eleito, em 1196, Grão-Mestre, embora fosse considerado como um homem cheio de valor e de piedade, disciplinado, tanto no aspecto militar como na sua vida regular, escrupulosamente observador dos estatutos da Ordem, altivo e arrogante, em breve desmereceu a confiança dos cavaleiros por se ter dado aos prazeres do mundo. Forçado a abdicar, regressou a Portugal. No capítulo VII, (A reacção muçulmana, pelo Prof. Ângelo Ribeiro) páginas 107 e 108, volume II, da História de Portugal, dirigida pelo Professor Damião Peres, vem expresso que: «Afonso de Portugal renunciando ao mestrado, voltou a Portugal. Formou-se a lenda (Crónica de Malta) de que viera com a intenção de suceder no trono a seu irmão Sancho, pelo que este o mandara matar «com peçonha». Brandão acentuou o nenhum crédito que merece «a calúnia». A inscrição do seu túmulo na igreja de S. João de Alporão, em Santarém, dá-o como falecido em 1207.»
  • 10. O epitáfio da pedra diz: «Quem quer que sejas tu, sujeito à morte, lê e chora. Sou o que tu serás, já fui o que tu és. Peço-te que rezes por mim.»