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Quais de mim você procura?
1
Quais de mim
você procura??
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
Quais de mim você procura?
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Quais de mim você procura?
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Quais de mim
você procura??
Quais de mim você procura?
4
DIREÇÃO EDITORIAL
Katia Teixeira
CAPA E DIAGRAMAÇÃO
Ativa Comunicação & Design
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
© ORGANIZADORAS, 2016.
Q22
Quais de mim você procura ? : 50 mães empreendedoras que chegaram lá.
Coordenação Katia Teixeira e Liz Vargas - 1Ed - São Paulo 2016
196 p. ; 23 cm
ISBN 978-85-93015-00-7
1. Mulheres de negocíos teixeira. Katia
COD 650.1 CDU 65.011-4
Editora Dimensão - 2016
Rua Capitão Mor Passos, n° 64 - Salas 23/24/25
Bairro - Canindé CEP 03024-010 São Paulo - SP
Telefone - (11) 2893-9966
www.agoraquesaoelas.com.br
https://www.facebook.com/agoraquesaoelasoficial/?fref=ts
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer
meio sem a autorização prévia e por escrito do autor.
A violação dos Direitos Autorias ( Lei n° 9610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184
do Código Penal.
REVISÃO
Tradupoints/Tradução e Textos
Monica Pires Rodrigues
Quais de mim você procura?
5
Transformando SONHOS em um negócio com propósito! ............. 0
Adriana Valente
“Sou mulher, sou guerreira. Eu posso tudo!” ...................................... 0
Ana Bianca Ciarlini
Ser Mãe, isso dá Negócio .................................................................................... 0
Andrea Gasques
Como encontrar o seu empreendimento de sucesso ...................... 0
Bruna Betoli
Vidas Transformadas .......................................................................................... 0
Carol marcan
A MÃE, A FILHA E AS VACAS ...................................................................................... 0
Dalva Regina
reviravoltas, recomeços e conquistas ................................................... 0
Deise Pinheiro
Mãe com Excelência ............................................................................................. 0
Diana Cândida de Oliveira
Dedicação para crescer .................................................................................... 0
Edna Magda Ferreira Góes
Um quadro em branco e uma vida passada a limpo ........................... 0
Eliana Araújo
Sonhe,acrediteenãotenhapressa...oqueéseu,estáreservado!!!...00
Élide Soul
Por que não mãe e também empreendedora? ....................................... 00
Erica Biondo
Nada muda se eu não mudar! ........................................................................ 00
Erika sakugawa
Um “raio” cai duas vezes no mesmo lugar: raios de bençãos! ... 00
Érika Stancolovich
DEPOISDECERTOTEMPOTUDO QUENOSÉESTRANHOSETORNAFAMILIAR ... 00
Erika Zoeller Veras
E AGORA? MÃE OU EMPREENDEDORA... ................................................................ 00
Gabriela Silvério
QUANDO TUDO DIZ QUE NÃO... CONTINUE QUE NÃO É O FIM... ................ 00
Gezane Almeida
SUMÁRIO
Quais de mim você procura?
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{Entre nós} ............................................................................................................... 00
Ivete Costa
Reinventar-se é acreditar no melhor, sempre .................................. 00
Janaína Graciele
A vida de trás pra frente ................................................................................ 00
Juliana Albanez
Ousar ser ................................................................................................................... 00
Juliana de Oliveira Souto
Faltou colocar o título do texto .......................................................... 00
Katia Camargo
ME DESCOBRINDO E ENTENDENDO OS PLANOS DE DEUS ............................. 00
Kátia Miranda
TEM UM CNPJ EM MINHA VIDA ................................................................................ 00
Katia Teixeira
DESISTIR NÃO É OPÇÃO ................................................................................................ 00
Ligia Dutra Zeppelini
Empreendedorismo de Mãe é diferente? ................................................ 00
Lilia Martins
Quão doce é a palavra mãe... ......................................................................... 00
Lilian Fernandes
Renascimento! O poder de transformação e o milagre da vida ... 00
Lilian Isabel Sarturato de Sales,
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...” ............................... 00
Liz Vargas
Jamais substime o quão poderosa uma mulher pode ser ............ 00
Luci do Carmo Santana
O deserto de cada um... ..................................................................................... 00
Malu Neves
RENOVAR A CADA AÇÃO ............................................................................................ 000
Marcilene Evangelista
A Jornada Mágica: Um Chamado à Aventura ................................... 000
Maria Almeida
Como traduzir o amor ................................................................................... 000
Mônica Pires Rodrigues
Amor Incondicional ........................................................................................ 000
Nara Lygia Leme Brisola Caseiro
CHEGOU A HORA DE MUDAR O RUMO DA SUA HISTÓRIA ............................ 000
Patrícia Duarte
Reconstruindo a filha do empreendedor ......................................... 000
Patrícia Pereira
Quais de mim você procura?
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Minha família, meu alicerce ....................................................................... 000
Pepita Busta Pignocchi
EU, MÃE EMPREENDEDORA - AMOR, SUPERAÇÃO E CONQUISTAS ............ 000
Priscila Molino
UMA IDEIA PODE MUDAR TUDO ............................................................................ 000
Rafaela da Silva Caetano
Nunca é tarde para se realizar... ............................................................. 000
Ramy Arany
Primeira posição... plie... nado borboleta, nado cachorrinho...
poesias sem fim... ................................................................................................... 000
Regina Alvares
Ser Mulher... inspiração e amor... ............................................................. 000
Rita Rocha
A chance de dar tudo errado era tudo que eu tinha ............... 000
Rosangela Machado
Era uma vez uma menina, hoje mulher que acreditou nos seus
sonhos... ................................................................................................................... 000
Roseli Cunha
“Ser mãe é ir além de procriar: amar e criar!” .................................. 000
Selma Lourdes Favero Fincatto
FILHOS: NOSSA MELHOR PARTE .............................................................................. 000
Sueli Campos
UM NEGÓCIO PERFEITO PARA MIM ...................................................................... 000
Taís Bonilha
NASCE MINHA FILHA, NASCE TAMBÉM UM EMPREENDIMENTO ............... 000
Tatiana Sklarow
Quais de mim você procura?
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Quais de mim você procura?
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50 Mães empreendedoras que chegaram lá
Transformando SONHOS em um negócio
com propósito!
Muitos me perguntam como me tornei empreendedora e a resposta é
simples, eu sempre fui e não sabia! Desde criança eu sempre gostei de empreender e
inovar, enquanto minhas amigas se preocupavam em gastar dinheiro, eu pensava em
como ganhar.
Filha única, de pais nordestinos, família humilde, minha maior meta era entrar
na tão sonhada faculdade, graças a Deus eu consegui, com muito esforço e dedicação.
Fiz Gestão em Marketing de Varejo, Graduação em Propaganda e Marketing e MBA
em Gestão Empresarial.
Quando meu filho nasceu o assunto maternidade me deixou “super”
apaixonada. Eu só tinha olhos para ele. Quando chegou o momento de voltar da
licença maternidade eu fui demitida e decidi cuidar do meu filho. Porém, esse prazo
normalmente tem validade, quando ele completou 01 ano me veio a inquietude de
fazer alguma coisa, mas eu não sabia o que fazer.
Não queria apenas uma estabilidade financeira, queria fazer algo que estivesse
alinhado com meu propósito de vida, onde eu pudesse compartilhar com o mundo
aquilo que eu tinha de melhor, ser feliz e fazer aquilo que me alegrasse. Em meio a
tantas dúvidas e incertezas comecei a pensar, o que eu poderia fazer e, além disso,
como ter meu tempo flexível para cuidar e acompanhar o crescimento do filho.
Nesse universo de incertezas eu percebi que eu não estava sozinha e tinha
centenas e até milhares de mamães na mesma situação, perdidas sem saber o que fazer.
Foi ai que comecei a TRANSFORMAR meus SONHOS em NEGÓCIO, e decidi partir
para ação!
Em fevereiro de 2015 eu criei a Comunidade Empreender Mulher, que iniciou
com um grupo no Facebook e depois, uma plataforma online com conteúdos criados
de maneira colaborativa, de empreendedora para empreendedora! Conectando mais
de 54 mil mulheres no mundo. Ao longo do tempo surgiram muitas iniciativas e
negócios, gerando assim um impacto socioeconômico em nosso país.
Meu negócio dos SONHOS!
Com esse projeto eu consigo compartilhar com o mundo aquilo que eu
tenho de melhor, que são minhas consultorias de negócio e marketing, onde ajudo
Quais de mim você procura?
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empreendedoras que desejam começar ou desenvolver seus projetos a se posicionarem
no mercado de uma maneira estratégica.
Cada consultoria que eu faço é muito mais que um trabalho, é uma conquista!
Eu choro e vibro com cada projeto que nasce e tendo um prazer em tudo isso!
Esse é o meu negócio, é a minha PAIXÃO!!! Amo o que faço e faço o que amo .
Além disso, faço palestras pelo Brasil e no Exterior, compartilhando meus
conhecimentos e minha história com o mundo!
Também realizamos eventos presenciais em diversas cidades do país, com o
objetivo de levar conteúdo de qualidade, incentivando o empreendedorismo feminino
e principalmente motivando as participantes a irem em busca dos seus sonhos e
objetivos de vida! Enfim, transformando seus SONHOS em negócios!
Empreendendo seus talentos!
Será que não seriam aqueles quitutes que você manda muito bem na cozinha,
ou aquele artesanato que você tanto ama fazer? Quem sabe montar uma loja virtual,
costurar, ajudar outras pessoas através de consultorias naquele assunto que você
entende muito pode ser o seu negócio?
Não importa o que seja, mostre para o mundo aquilo que você tem de melhor!
Você também poderá contar sempre comigo para te ajudar nessa jornada
onde a força e determinação são fundamentais. Eu acredito em você e se EXISTE UM
SONHO, FAÇA ACONTECER!!!
Acredite e “Cuidado com seus SONHOS, eles podem e vão se tornar realidade”.
Tenha fé em Deus e muita atitude para realizar e fazer a diferença no mundo.
Tenho uma SURPRESA para VOCÊ que acabou de ler a minha história!!! Me
mande um e-mail agora com o assunto: EU TENHO UM SONHO e ganhe uma sessão
de consultoria cortesia .
Grande Beijo e espero você!
Adriana Valente
Mãe Empreendedora | Consultora de Marketing |
Fundadora do Empreender Mulher
www.adrianavalente.com.br
www.empreendermulher.com
contato@adrianavalente.com.br
Quais de mim você procura?
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“Sou mulher, sou guerreira. Eu posso tudo!”
Sou a Ana Bianca Flores Ciarlini, tenho 46 anos e santista com muito
orgulho! Pertenço a uma família tradicional. Meu pai, Ítalo Orlando Ciarlini, era
nordestino. Minha mãe, Ianyra Flores Ciarlini, uma “carioca da gema”, assim ela
confirma. Do amor de um jogador de futebol do Ceará, que não resistiu aos encantos
da bela professorinha da cidade de Araruama (na região dos Lagos) em breve tempo
casaram-se. Dessa união amorosa nasceram 7 filhos. Sou a caçulinha! Mamãe ao
relembrar sua poesia “Fortuna” declarou: “Eu tenho duas rainhas, cinco reis... bela
fortuna se diz”!
A minha mãe sempre foi muito rigorosa e falante. Papai, suavemente
observador e engraçado. Formavam um casal amoroso, equilibrado e gracioso. A
partir dos exemplos de respeito e construções vividas no cotidiano, percebi claramente
a liderança matriarcal, especialmente nas situações difíceis - mamãe tinha mesmo o
comando.
Outra pessoa, muito importante na minha vida, foi minha irmã Andrea di
Paola (seis anos a mais do que eu). Minha “musa” inspiradora; a minha bailarina,
patinadora e que tornou-se uma Educadora física. Nela, me espelhava totalmente. Sua
beleza (física e espiritual) a tornava um ser de luz, movida pelo lindo sorriso, astral
bom e muito caridosa. Perdê-la, com apenas 27 anos, foi um momento indescritível
de muita dor na minha vida.
Em segunda união, sou casada com o meu querido companheiro, parceiro, “pau
pra toda obra”, Ricardo Luiz de Oliveira, com quem divido o meu amor e cumplicidade
há 10 anos. Sou mãe do Felipe, meu único e amado filho, hoje com 19 anos, um belo
jovem cursando a Universidade. Faz Publicidade .
Assim, movida pelos valores morais e o amor maternal, fundamentais para
a nossa união familiar, encarei cada dificuldade como aprendizado, o que só me
fortaleceu. Foram muitas as superações e com elas redescobri-me. Novos horizontes
acenaram.
Desde a infância mostrava uma certa liderança, fossem nas brincadeiras
infantis, no esporte ou nas aulas de dança.. Ah, a experiência mais gratificante: a dança!
Vencer e aperfeiçoar-me sempre me inspiravam! A dança tocou a minha alma por
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
Quais de mim você procura?
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inteiro. E já na adolescência, ditava a “moda do belo” foi quando resolvi empreender
e passei a vender a “moda de praia carioca”, ali aflorava “a empreendedora”. Ôpa! Sem
dúvida, ingressei na comercialização de trajes esportivos para ginástica “fitness” que
tornou-se a minha atividade de trabalho e rentabilidade até chegar a hora de encarar
a Universidade e realizar o meu sonho: Licenciatura plena em Dança.
Moro na capital mais feminina (54,13% de mulheres) e uma das mais idosas do
país, por isso priorizei este segmento em minhas escolhas profissionais. Assim, há 10
anos, existe o projeto “Vibra Vida” que tornou-se um método conceituado em técnicas
de dança, embasado no conceito do Envelhecimento Ativo. Tornei-me coreografa
do Grupo de Competição da Terceira Idade da cidade de Santos, resultado nunca
conquistado para a nossa cidade. O “tricampeonato” consecutivo nos Jogos Regionais
do Idoso foi uma avalanche de alegrias.
Atualmente,souprofissionaldaPrefeituradeSantosem trabalhointergeracional
e construtivista, executado nas Secretarias de Educação (crianças/adolescentes) e
na área de Esportes (adultos e idosos). Mais além, sou voluntária através da dança
adaptada na ABASE (Associação Beneficente de Assistência Social ao Excepcional
“Centro de Convivência Maria Helena”) com público alvo para jovens, adultos e idosos
que possuem deficiência intelectual ou múltipla.
O que me mais me encanta é o poder transformador que a dança tem. Através
dela, nos tornamos melhores, mais sutis. O Projeto “Vibra Vida” cresceu e está mais
completo ao abraçar também Ações Sociais.
Ser uma líder movida pela determinação da atleta que um dia fui, aliada a eterna
busca por projetos maiores, o destino lançou-me um novo caminhar diante da vida.
Com essa proposta ingressei nos caminhos da política, resgatando o seu verdadeiro
significado, segundo os gregos: “o que cuida da comunidade”. Muito centrada a lutar
por uma maior representatividade feminina, busco melhorias para os idosos que tanto
admiro, além de uma visão ampliada para os deficientes e crianças, todos no meu
pensamento e coração.
Tendo a certeza absoluta de que a educação é uma poderosa ferramenta de
transformação em nossas vidas, aceitei o desafio e sou candidata a Vereadora em
Santos – SP. Nessa conduta, penso que a sociedade pode ser melhorada, abarcando
com mais sensibilidade as reivindicações humanas, sejam pelos relacionamentos,
sentimentos, modos de ser, de estar, de agir e de se manifestar.
Considero, por fim, que as “mulheres que fazem a diferença” são muitas em
várias áreas de atuação no Brasil inteiro. Elas merecem destaque. Há um novo cenário
que vem descortinando a importância do feminino na vida pública. Somos, na maioria
dos países do mundo, um contingente crescente populacional se comparado aos homens.
Na política brasileira, a mulher é uma desconhecida. Precisamos romper com
Quais de mim você procura?
13
as barreiras: desafiar e incorporar nossa atuante presença para que estes números
estabeleçam condições de justiça e igualdade perante aos homens.
Por isso mesmo, enfrentarei as eleições com a dignidade que sempre me
inspirou. Seja qual for o resultado, considero um privilégio chegar até aqui.
Ana Bianca Ciarlini
Quais de mim você procura?
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Ser Mãe, isso dá Negócio.
Aos23anosdeidade,encontrei-mecasadaemãededoislindosmeninos.
Prazer. Meu nome é Andréa Gasques Pacheco Nogueira. Sou empreendedora!
Minha vida não tem histórias de grande superação. Minha vida é feita de
experiências. Não empreendo por necessidade, mas por oportunidades, por gostar de
ser desafiada, por curiosidade e por querer fazer o bem. A maternidade me levou a
empreender sim, mas não por querer estar mais tempo com meus filhos, mas por me
mostrar novas ideias e novos mundos.
Venho de uma família de empreendedores. Desde criança frequentava o
ambiente da empresa. Aos quinze anos, assumi responsabilidades e comecei a
trabalhar efetivamente na corretora de seguros da família. Segui o caminho natural e
me graduei em administração de empresas e, por meu próprio gosto, especializei-me
em Marketing.
Eu não havia planejado ser mãe e isso nem fazia parte dos meus sonhos. Com a
chegada dos meus filhos, algumas coisas mudaram muito. Uma delas é que minha sala
se tornou um berçário. Com diferença de dois anos entre o Guilherme e o Gabriel, me
vi entre papéis e fraldas por um bom tempo. Não imaginava a mãe que existia dentro
de mim e nem como era bom ser mãe. Hoje entendo porque muitas mulheres saem de
seus empregos formais para empreender. Eu pude acompanhar o crescimento deles,
meu tempo quem fazia era eu e eles estavam sempre comigo.
Com 3 anos de idade o Guilherme já frequentava a escola. Sim começou
pequeno, pois com a chegada do Gabriel escolhi colocá-lo numa escola para que
ambos, eu e ele, tivéssemos nossos momentos e pudesse ter meu tempo com o Gabriel.
A escola mandava tarefas para serem feitas em família e foi através de uma
dessas tarefas que nasceu meu primeiro negócio. Um dia, o Guilherme precisou fazer
uma atividade para a feira cultural da escola. Tinha que fazer um instrumento musical;
não fazia ideia do quê e nem como fazer. Então fui pesquisar procurar ideias e foi
aí que me deparei com um material chamado E.V.A. Fizemos juntos o seu trabalho
que, por sinal, ficou lindo e foi muito elogiado. Vendo isso acontecer, pensei: “Isso dá
Negócio!”. Era minha veia empreendedora pulsando.
Foi então que criei minha empresa de produtos artesanais para decoração. A
empresa chamava-se Deart’s Sonhos Possíveis. Apaixonei-me pela possibilidade de criar
peças para pessoas ficarem felizes, deixarem a vida mais colorida, de tornar alguns
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
Quais de mim você procura?
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sonhos possíveis. Fiz muitos cursos para aprender técnicas, conheci pessoas incríveis
que se tornaram amigas e fiz parcerias com grandes empresas.
Meu trabalho ia para buffets, escolas e festas. As pessoas encomendavam para
dar de presente, atendia o Brasil todo. A internet nos possibilita isso, quebra barreiras.
Fiz feiras de artesanato e demonstrações em lojas do ramo. Tudo era lindo, encantador
e colorido. A satisfação de ver as pessoas felizes era incrível.
O negócio atingiu sua maturidade, estabilizou-se, não crescia e nem diminuía.
Isso acontece com a maioria das empresas. Novos clientes pararam de aparecer. Atendia
aos mesmos, pois as pessoas sempre faziam aniversários, sempre tinha algum bebê
chegando à família, as escolas sempre precisavam de alguma nova decoração. Então,
a cada ano os mesmos clientes entravam em contato e faziam seus pedidos. Aquilo
foi desanimando um pouco, pois já não trazia desafios, não havia novidades. Eu me
encontrava num momento pessoal ruim; não pela empresa, mas por mim mesma. Não
estava me sentindo bem, não tinha prazer no trabalho manual. Resolvi dar um tempo
com meu negócio e cuidar de mim, pois sei que o problema estava em mim e que nada
daria certo se não me cuidasse.
Continuei a trabalhar na empresa da família, de onde nunca me desliguei
totalmente. Dividia-me entre as duas empresas. Fazia meu trabalho e via meus filhos
crescerem e aquela sala-berçário foi se adaptando ao crescimento deles. As coisas
foram melhorando pra mim, aprendi neste tempo a importância de me valorizar,
cuidei da cabeça e do corpo. Com a autoestima bem cuidada, comecei a sentir falta de
ter meu negócio, de ser desafiada e de explorar ideias e usar a criatividade.
Havia mantido amizades e parcerias que havia feito com minha empresa. Não
abri mão do que havia conquistado, mesmo dando um tempo. Conversava muito
com as amigas artesãs, acompanhava o trabalho delas e durante estas conversas,
dava orientações sobre como elas podiam melhorar seus negócios, como divulgar
seu trabalho, como legalizar o seu negócio, etc. Junto, também auxiliava em seu
empoderamento como mulher empreendedora.
“Isso dá negócio!”, pensei novamente.
Sempre gostei do mundo dos negócios, do mundo das empresas. Sou fascinada
comojogodoganha-ganhadesteuniversoempreendedor,criarestratégias,issosempre
me fascinou. Desde criança, achava lindas aquelas mulheres de negócios, empresárias
poderosas, mesmo elas sendo poucas, infelizmente. Sonhava, na época de criança, em
ser executiva. Bem, não me tornei uma executiva, mas descobri o empreendedorismo.
Retomando a história, havia observado que aquelas conversas com as amigas
eram oportunidades de mudar o foco da minha empresa. Foi então que mudei o
caminho: direcionei minha empresa de produtos artesanais para uma consultoria para
artesãs, em especial na parte que mais gosto, que é o Marketing. Precisava aprimorar o
conhecimento que tinha de base.
Voltei a estudar; precisava reciclar meu conhecimento, pois o mundo vai
mudando e novos conhecimentos vão chegando. Precisava aprender sobre novas
Quais de mim você procura?
16
ferramentas, novos modelos de Marketing para atender bem quem precisasse deste
serviço.
Nesta busca de novos conhecimentos, encontrei vários grupos de mulheres
empreendedoras e de empoderamento feminino. Aprendi muito, conheci histórias
incríveis de superação, exemplos de grandes empreendedoras que, como eu, tinham
sua família, filhos e sonhos.
Isso me abriu novos horizontes. Via que o mundo era bem maior e que não
cabia trabalhar somente com artesãs. Surgiram oportunidades de me desenvolver mais
a cada dia, de redescobrir o que eu gostava de fazer, no que eu poderia contribuir para
a sociedade, de trabalhar com isso e de ser feliz.
O foco da minha nova empresa hoje não é somente artesãs, pois hoje atende
a todo tipo de negócio. A maternidade nos dá certas habilidades que ajudam muito
nos negócios: lidar com pessoas, acreditar que vai dar certo, saber dividir, lidar com
conflitos e imprevistos. A maternidade nos deixa mais fortes de uma maneira incrível.
Empreender e ser mãe não são tarefas fáceis. Em algumas situações, temos
que nos dedicar mais à nossa empresa que aos nossos filhos, mas o lado bom é ver o
orgulho deles estampados em seus rostos e acompanhando o dia-a-dia da mãe. Saber
que estamos dando exemplos bons e deixando legados.
Hoje, aos 36 anos, encontro-me casada e mãe de dois lindos rapazes. Eu e
meus negócios somos resultados de todas as experiências vividas como esposa, mãe
e mulher.
Andrea Gasques
Quais de mim você procura?
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Como encontrar o seu empreendimento
de sucesso
Durante muito tempo, eu busquei minha missão de vida, minha razão
de ser, do meu trabalho, de mim mesma. Sou de natureza questionadora, curiosa,
investigativa. Respostas curtas e simples nunca me satisfizeram, só me tornaram uma
incomodada! E talvez seja esse incômodo que me mova em busca das respostas a todas
as perguntas.
Na busca por descobrir o meu propósito, me tornei mãe. E a maternidade
mudou tudo para mim.
Antes, advogada com carreira promissora e em ascensão profissional. Agora,
mãe, deixou de fazer sentido trabalhar loucamente por mais de 14 horas por dia para
gerar lucro para a empresa, o escritório, o mercado...
E sei que esse incômodo e a conclusão a que cheguei são muito particulares.
Também sei, por experiência no contato com diversas mulheres-­mães, que esses são
motivos que nos levam a enxergar no empreendedorismo o “caminho do meio”: uma
forma de continuar a investir em uma carreira e ter tempo para também se dedicar ao
que realmente importa.
Para encontrar o seu caminho como empreendedora, o passo inicial é descobrir o
que você busca. O que te move? O que te faz acordar todos os dias de manhã e ir à luta?
Sendo mãe, como eu sou, a sua resposta primeira, aquela que o seu cérebro te
condicionou a dar é “meu(s) filho(s)”.
Linda resposta. Porque sim, nossos filhos são a razão de nossa batalha.
O que eu quero que você pense é: o que TE move?
O que vai além dos seus filhos, que te faz querer trilhar o caminho (seja ele qual
for)?
Fazer o que se faz pelo bem-estar dos filhos é sim uma maravilhosa razão e
motivação. Mas eu quero saber o que está por trás disso.
Como você espera se SENTIR e quem você quer SER sendo mãe de filhos
fortes, saudáveis e felizes?
Você quer se sentir realizada? Satisfeita com a vida, ativa intelectualmente, capaz?
Eu poderia continuar listando exemplos infinitos aqui.
O importante é que você consiga vislumbrar onde está o verdadeiro motivo:
dentro de você. Esse motivo é que te fará levantar da cama todos os dias de manhã e
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
Quais de mim você procura?
18
continuar caminhando mesmo no mais sombrio dos dias, em que parece que está tudo
dando errado.
Será esse motivo que te permitirá continuar trilhando o caminho que você
escolheu e a busca pelo seu objetivo.
E qual é o seu objetivo? O que você deseja lá no fundo da alma?
Sua resposta pode ser dinheiro, por exemplo. Todas nós queremos dinheiro. Só
que o dinheiro pelo dinheiro não significa nada. Ninguém vai ver o dinheiro e dizer:
agora sim!! O que o dinheiro vai trazer pra você?
Conforto? Segurança? Tempo? Viagens? Diversão?
O que você REALMENTE deseja?
Na minha jornada, no meu caminhar, passei do descobrir que a advocacia não
era pra mim, a que a maternidade não era suficiente e, finalmente, a me permitir SER
quem eu gostaria de ser.
Para me permitir realizar o que, no fundo da alma, sinto que é minha missão de
vida: auxiliar pessoas a encontrarem soluções efetivas para a vida, para sua melhoria
permanente. Uma jornada de autoconhecimento que possibilitou descobrir quem eu
quero Ser e como quero me Sentir.
E como essa jornada te levará a encontrar o seu empreendimento de sucesso?
Empreender vai além de ter um negócio. Vai além de ganhar dinheiro.
Empreender é também a construção de algo maior. Mesmo que esse “algo” seja nós
mesmas.
Meu primeiro investimento enquanto empreendedora foi em mim mesma, na
minha descoberta do ser­, sentir e ­querer.
A partir dessa descoberta, o negócio nasce. E é o ser, ­sentir­e querer que me
move diariamente a persistir no negócio e me permite recomeçar, re­paginar, re­trilhar,
quando o caminho se mostra inadequado ou insuficiente.
Mais do que saber “o que”, a resposta que você precisa encontrar para ter seu
empreendimento de sucesso é o seu “porquê”.
Seu porquê te moverá. Te levará. Te guiará.
E aí... Ah! Aí é trilhar a jornada, com a força, luta e garra que você já tão bem
conhece em si.
Bruna Betoli
É mãe de 3 pequenos (Lila, Liam e Luc) e casada com
o Ricardo. Empreendedora multipotencial, atua como
coach em produtividade e é criadora do programa “Mãe
Produtiva”, que auxilia mulheres-mães a serem mais
produtivas para que possam se dedicar ao que
realmente importa.
www.maeprodutiva.com.br
facebook.com/maeprodutiva
Quais de mim você procura?
19
Vidas Transformadas.
Ahistória do empreendedorismo na minha vida, se confunde com a
minha história materna.
Uma das minhas primeiras ações empreendedoras, aconteceram justamente
porque eu engravidei.
Era 2002 e eu tinha apenas 20 anos.
Mas já carregava em meu ventre aquele que viria para despertar em mim a
maior empreendedora que eu jamais tinha visto.
Morava em Curitiba e vivia um relacionamento nocivo com o “traste”. Estava
grávida e a situação financeira era péssima: quantas xepas de feira frequentei, quantos
restos de bandejas em praças de alimentação comi, quanto papel higiênico de banheiro
de shopping precisei desenrolar para levar para casa, entre outras privações.
Para piorar, ainda era vítima de diversos tipos de violências e abusos e estava
muito distante da minha família, no Rio de Janeiro.
Éramos eu, Deus e aquele serzinho inocente que já dava sinais de traria consigo
a mudança.
E foi exatamente por ele que eu mudei.
Estava no 7⁰ mês de gestação e não tinha sequer um alfinete de fralda para o
enxoval do meu filho.
Foi então quando uma amiga querida me mandou em uma carta, R$ 40 para
que eu comprasse um presente para meu filho, um jogo de berço.
Porém, se eu comprasse o jogo de berço para meu bebê, ele teria somente isso
e não resolveria meu problema.
Mas se eu investisse o dinheiro em algo, as chances de fazer um enxoval
seriam maiores e a dor de ter dado errado, caso desse, seria bem menor do que a do
arrependimento, de não ter tentado.
Optei por tentar e rapidamente decidi no que empregaria aquela pequena
grande fortuna que tinha em mãos: tinha assistido na televisão, uma certa vez, uma
senhora ensinando a fazer coelhinhos de eva, um material emborrachado, com
bombons na barriga, enfeitando.
Era inicio de abril e a páscoa se aproximava, uma boa oportunidade de lucrar
com a data.
Fui pro centro, a pé para não gastar nada e comprei todo o material. Na volta,
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
Quais de mim você procura?
20
ainda achei uma cestinha de vime no lixo e com as sobras de eva, dei uma enfeitada
nela e foi ali que coloquei todos os coelhos que produzi naquela noite.
Sai cedo para vender meus coelhinhos no sinal.
Não vou dizer para vocês que foi fácil.
Mas não era impossível fazer dar certo.
Batia nos vidros dos carros, parava os pedestres, sempre com um sorriso no
rosto que acompanhava o discurso:
“Estou vendendo esse coelhinho com bombom por um real, para fazer o
enxoval do meu filho, você pode me ajudar?”
A minha barriga era muito maior que a minha vergonha, o inchaço dos meus
pés muito menores que a minha necessidade e dessa forma, passei quase um mês
vendendo coelhos até as 16h, de forma que pudesse pegar o dinheiro conquistado em
comprar mais material para vender no dia seguinte.
Eu só tinha duas roupas de gestante: usava uma durante o dia e lavava quando
chegava em casa e colocava atras da geladeira para secar, quando recolhia a outra para
usar no dia seguinte.
Ganhei uma cistite e uma infecção urinária, por ter que segurar o xixi por não
ter onde fazer nas ruas, o frio também rachou meus lábios e calcanhares, desprotegidos
diuturnamente.
No domingo de páscoa, quando eu voltei pra casa depois de uma intensificação
nas vendas feitas nas saídas da feirinha do Largo da Ordem, contabilizei mais de 3 mil
coelhos vendidos.
Eu havia juntado, em moedas e notas de 1 e 2 reais, quase 2 mil reais, o suficiente
para um enxoval modesto para meu bebê.
Porém, mais do que isso, eu sabia que de agora em diante, nada me deteria.
Tanto que no dia que meu filho completou 6 meses, dei um basta naquela
relaçao sem futuro, voltei para o Rio e não, nem tudo foram flores.
Mas foram sementes, fertilizantes, ferramentas e água, os quais usei para
cultivar o meu jardim.
Foi pelo Gabriel, que trabalhei em diversas festinhas de criança, nas empresas
dos outros, vindo posteriormente a montar minha equipe de garçons, o meu buffet
escolar, que foi pioneiro e chegou a ser premiado pelo Sebrae em 2010, a minha casa
de festas infantis, a minha empresa de consultoria e hoje, viajo todo o país, ensinando
as mulheres que tem talento e querem empreender no ramo de festas infantis que elas
podem ter sucesso, que se trabalharem direito e seguirem o que eu ensino, terão suas
vidas transformadas por esse mercado tão democrático e inesgotável, que elas podem
ser felizes e trabalharem, sendo prósperas, fazendo o que amam!
Cada pessoa que passou na minha vida, colaborou de uma forma para o que eu
sou hoje, cada colaborador, cada fornecedor, cada cliente, cada amigo, quem acreditou
e quem não acreditou, mas em especial, a minha base, minha família, por que sem ela,
nada teria sido possível.
Sim, eu formei uma nova família, afinal, de que adianta o sucesso na rua se teria
um fracasso no lar?
Sou casada há 12 anos com um Príncipe Encantado, um homem de verdade,
honesto, amoroso, trabalhador e cuja maior prova de amor que poderia me dar, além
Quais de mim você procura?
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de me apoiar em tudo incondicionalmente, é amar meu filho como se fosse dele e tem
cumprido isso de forma exemplar. É meu advogado, contador e presidente do meu fã
clube!rs
Meus pais, meus maiores exemplos de honestidade, dignidade e me passaram
o DNA do empreendedorismo e são responsáveis pelo meu caráter. Meu pai se levanta
todos os dias as 5h da manhã para abrir sua padaria, desde antes de eu nascer e minha
mãe sempre me incentivou a estudar, evoluir, sempre apoiou meus negócios e sei o
quanto torce e ora por mim.
E meu filho Gabriel, meu Deus, o que dizer de você?
Uma criança que encanta a todos que o conhecem.
Doce, meigo, educado, amoroso, carinhoso, inteligente...se deixar eu vou falar o
dia todo dele e ainda não teria sido justa em citar todos os atributos.
Nem sei se sou digna de ser sua mãe, mas eu não consigo mais imaginar a
minha vida sem você, afinal, você é a melhor parte de mim, minha grande obra prima,
sem você nada disso teria acontecido.
Confesso que nem tenho mais coragem de pedir nada a Deus, só de agradecer:
dei a volta por cima, tenho uma vida próspera graças ao empreendedorismo, uma
família maravilhosa, saúde, bens materiais...um dia, em uma das minhas idas a
Curitiba, eu disse para meu filho: “era nessa padaria que eu trocava dinheiro, moedas.
Quantas vezes vim aqui, sentia o cheiro das delicias saindo do forno e não podia
comprar, porque ia faltar para o seu enxoval. Hoje, nós podemos comprar o que a
gente quiser aqui. Talvez, se não tivesse engravidado de você, estivesse ainda infeliz,
sentindo somente o cheiro.”
As vezes, você está ai, sentindo o cheiro e uma coisa eu te digo, se eu consegui
provar, com tudo para dar errado, você também pode!
Só depende de você!
Que Deus lhe abençoe e faça prosperar o trabalho de suas mãos, te dando vida
em abundância!
Carol marcan
Quais de mim você procura?
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50 Mães empreendedoras que chegaram lá
A MÃE, A FILHA E AS VACAS
Todos os dias, às quatro horas da manhã, meu pai entrava no quarto onde
dormíamos eu mais quatro irmãs e dizia, “Dalva, levante-se e vá buscar as vacas para
o papai”. Então eu me levantava, pegava o cavalo e ia buscar as vacas que não vinham
para o curral. Foi assim dos sete aos dezoito anos. Não entendia porque meu pai só
chamava a mim, permitindo que minhas irmãs dormissem por mais uma hora.
Nasci em José Bonifácio, uma cidade do interior de São Paulo, cresci em um
sítio a 7 km da cidade. Todos os dias, depois de buscar as vacas, eu e minhas quatro
irmãs, pegávamos a charrete e íamos para escola na cidade, voltávamos para casa às
13 h debaixo de um sol escaldante. Fizemos isto do primeiro ano primário até o 3°
colegial.
Em 1975, mudei-me para cidade de São Paulo com o objetivo de fazer faculdade.
Não tinha a menor ideia de como seria a cidade grande ou mesmo qual curso escolher,
mas sabia que São Paulo era o lugar que permitiria meu desenvolvimento.
Formei-me em Processamento de Dados pela FATEC em 1981. Atuei na área
de TI até 1990, porém sentia necessidade de provar que tinha capacidade de gerar
meus próprios vencimentos e até rendas para terceiros.
Engravidei em 1987, e minha filha nasceu no dia 8 de fevereiro de 1988. Já
estava tudo planejado, os quatro meses afastada do banco eram o tempo necessário
para começar meu primeiro empreendimento.
Com apenas quinze dias do nascimento de minha filha, adquiri uma pequena
empresa de prestação de serviço no ramo de confecção. Comecei do zero, fui
aprendendo, fiz curso de corte e costura e, aos poucos, fui dominando o segmento.
Em 1989, pedi demissão do banco para me dedicar integralmente ao
empreendedorismo. Meu chefe não conseguia entender como eu podia deixar um
emprego seguro, com bom salário, para entrar num mundo cheio de incertezas.
Realmente ele tinha razão, logo no início do ano de 1990, veio o plano Collor
e o início de muitas dificuldades. Na tentativa de passar pela crise, fiz minha primeira
sociedade, o que não durou mais do que um ano. Em 1992, não resisti, fechei a empresa.
Neste mesmo ano, meu marido ficou desempregado.
Tentei voltar ao mercado de trabalho, mas o viés empreendedor foi mais forte e
não permitiu que eu me vinculasse novamente a uma grande empresa. Nesse momento,
Quais de mim você procura?
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vi um anúncio no jornal O Estado de São Paulo, no caderno Negócios e Oportunidades,
vi que uma rede de lojas procurava uma empresa de prestação de serviços em confecção.
Recortei o anúncio, e na segunda-feira fui conhecer a empresa. Com a ajuda de uma
costureiraeumapassadeira,conseguimosotrabalho.Aquiaprendioquanto éimportante
preservar e respeitar os colaboradores. Sem nenhuma estrutura, comecei a confeccionar.
Primeiro foram cento e cinquenta peças. Eram muitas para eu fazer sozinha, sem uma
equipe formada ou lugar para trabalhar. Preparava o corte, comprava os aviamentos.
Meu carro era minha empresa, eu não tinha endereço, informação que não podia chegar
aos meus clientes, sob pena de macular a confiabilidade que estava desenvolvendo. Deu
certo. A perseverança e o esforço foram recompensados e em seis meses minha empresa
já fabricava seis mil peças por mês.
Deixava minha filha na escola às sete horas da manhã, e saia para trabalhar.
Eu era administradora, gerente, costureira, motorista, compradora, financeiro e chefe.
Preparava o serviço para as costureiras, levava na casa delas no Embu das Artes,
Campo Limpo, Barueri, Carapicuíba, Cotia, Perus, Serra da Cantareira, Grajaú, só
voltava para casa quando terminava.
Incontáveis vezes perdia o horário de pegar minha pequena na escola,
momentos em que tinha que deixar meu orgulho de lado e pedir para vizinhos me
ajudarem. Minha filhota ficava extremamente magoada, pois tudo que ela queria era
ter um momento com sua mãe e ser buscada na escola como todas as suas colegas, mas
nem sempre era possível. Até que em uma comemoração do Dia das Mães realizada no
colégio eu não consegui comparecer. Foi o pior dia da minha vida. Obviamente, minha
pequena, com toda razão, não se conformou, não conseguia entender a ausência da
mãe. Ver o quanto aquilo machucou minha única filha foi sofrido demais para mim e
para ela, por isso, decidi que nunca mais deixaria de ir às datas comemorativas. Foi um
longo trabalho de reconstrução de confiança, pois daquele momento em diante ela não
acreditava que eu estaria presente nos momentos importantes.
Sabia do meu papel de mãe; era muito difícil cumprir a agenda de trabalho e de
mãe, por isso acabei delegando parte de minhas funções maternas, para a colaboradora
Josefa, que a buscava na escola, cuidava da alimentação, das roupas e brincadeiras.
Como empreendedora de uma empresa em crescimento, férias era um luxo do qual eu
não podia usufruir, missão que também deleguei.
O que eu podia fazer e mais me preocupava era garantir uma boa educação
à minha filha. Por isso, além de querer o sucesso da minha empresa, precisava dele.
Era ele o meio de prover a mensalidade de uma das melhores escolas de São Paulo
e, consequentemente muito custosa. Para demonstrar que apesar do tempo escasso
eu era uma mãe presente e preocupada com seu desempenho na escola, mantinha
o calendário de provas na porta da geladeira e, na noite anterior à prova, sempre
perguntava o que ela tinha estudado, e se estava preparada, sempre acreditando em
sua capacidade. Quando chegava novamente de um dia exaustivo de trabalho, logo
Quais de mim você procura?
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ia perguntando à minha filha como tinha sido a prova. Com isso, consegui criar um
desafio e uma expectativa positiva em que minha pequena sabia que se estudasse e
fizesse uma boa prova teria como recompensa uma mãe feliz e orgulhosa da filha.
Porém, a vida de uma empreendedora, além dos desafios diários, também está
sujeita a diversas dificuldades imprevisíveis e aparentemente intransponíveis.
Em certo momento, minha empresa passava por grandes dificuldades. Não
bastava ver o meu projeto lentamente desabando, recebi o golpe de misericórdia, um
protesto de cobrança da escola de minha filha avisando que não seria possível mantê-la
como aluna, pois as mensalidades estavam atrasadas. Não podia deixar isso acontecer,
afinal, era a única promessa que tinha feito a mim mesma: garantir uma educação
de excelência à minha filha. No mesmo dia fui à escola conversar com o financeiro.
Expliquei minha situação, e como minha filha frequentava esta escola desde o maternal
e era de extrema importância que ela não perdesse essa continuidade e estava em um
momento crítico de desenvolvimento quando cursava o primeiro ano do colegial, a
gerente financeira chamou o dono da escola.
“Minha filha só conhece esta escola, e é aqui que vai fazer o segundo e o terceiro
colegial, portanto não existe a menor chance dela não cursar todo o período. Por isso,
temos que encontrar uma forma de pagar, posso fazer qualquer trabalho para escola,
posso ir pagando conforme der, não sei como vamos fazer, mas minha filha vai concluir
o colegial aqui”. Felizmente, o dono do colégio se sensibilizou com a minha situação
e confiou na minha palavra, mandou baixar o protesto, e deu uma oportunidade de
pagamento e permitiu que minha filha concluísse seus estudos no colégio.
Não sei exatamente o que aconteceu, ou se efetivamente os fatos estão
relacionados, mas, depois desta reunião, minha empresa entrou numa rota de
crescimento e nunca mais faltou dinheiro para eu pagar meus compromissos. Acredito
que esse momento de desafio, vendo minhas principais prioridades serem ameaçadas,
já que não podia garantir minha presença em todos os momentos da vida da minha
filha, que pelo menos garantisse que ela teria chances de ser alguém na vida, foi um
basta para me dar forças e fazer com que lutasse mais ainda pelo meu empreendimento.
A vida de empresária é assim. Às vezes precisamos passar por situações humilhantes,
que funcionam como desafios para novas conquistas e aguçam nossa capacidade de
persuasão e resiliência.
Ser empreendedora e mãe não é só cuidar da empresa, gerar faturamento para
pagar contas, empreender é ser capaz de liderar, de capacitar seus colabores, fazer
com que seus colaboradores evoluam como cidadãos, principalmente no ramo de
confecções em que a maior parte da equipe é formada por mulheres que também são
mães e precisam cuidar de seus filhos, muitas vezes com menos condições financeiras
do que nós, empreendedoras.
Quando você decide empreender, precisa ter consciência de que tudo é com
você, não tem uma grande empresa de apoio, setores que dividem a responsabilidade,
Quais de mim você procura?
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um chefe te endossando; toda responsabilidade e a consequência das decisões tomadas
são suas, só suas. E ainda sendo mãe, é tudo com você, você tem que levantar lidar com
os afazeres de casa, cuidar da filha, da sua educação, da sua formação e saúde. Mãe é
só uma.
Acordo todo dia sabendo que o meu dia tem um custo e que no final ele tem
que ser coberto, e que se não conseguir faturar o suficiente, o dia seguinte começa mais
pesado e mais difícil.
Minha capacidade de persuasão é bastante grande; desde pequena nunca
desisti de minhas atribuições. Depois da maturidade, fui entender que o que eu achava
uma punição do meu pai, na verdade era um reconhecimento. Durante anos fui a filha
escolhida para ajudá-lo porque, segundo ele, era a única filha que nunca voltava para
o curral sem as vacas.
Só fui tomar consciência e entender o significado desta frase, quando estava
participando de uma licitação de fornecimento de uniformes do Ministério da
Aeronáutica que em vinte e quatro horas, ganhei, perdi e recuperei a licitação.
Realmente eu nunca volto para o curral sem minhas vacas.
No meu dia-a-dia, só volto para casa depois de ter concluído todos os afazeres;
nunca deixo nada para depois.
Mesmos com todas as exigências e todo tempo dedicado à empresa, não deixei
de cuidar de minha filha e fazer com que se tornasse uma grande mulher. Minha filha
sempre me admirou e me teve como ídolo desde pequena. Ela sempre soube o quanto
seu sucesso era importante para mim. Ela não quis trabalhar comigo na empresa,
embora tivesse todas as condições de levar esta empresa com sucesso como provou
em 2011 quando fizemos uma viagem para Europa e fiquei ausente por vinte dias.
Minha filha cursou uma das melhores universidades da América Latina e optou por
fazer carreira no poder judiciário do Estado de São Paulo. Fui acompanhar a prova,
dar força e apoio para que ela se sentisse o mais segura possível. Funcionou, ela passou
e hoje exerce um cargo de muito prestígio.
Eu continuo como empreendedora, cheia de ideias e muito sonhos a realizar antes
de me tornar avó.
Dalva Regina
Quais de mim você procura?
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reviravoltas, recomeços
e conquistas
	
Em abril de 2002, me divorciei após quase 11 anos de casada. Entre
namoro e casamento, foram 17 anos de minha vida dedicados a um relacionamento em
que eu só me anulei, dia após dia. E aos 34 anos de idade, recomecei minha vida. Tive
que recuperar minha autoestima, me redescobrir como mulher madura, independente
e competente.
	 Quase dois anos mais tarde, em 2004, por força de uma circunstância, aceitei
o desafio empreendedor de ser uma empresária da Contabilidade, área na qual sou
técnica e bacharel e na qual já acumulava 19 anos de experiência. Foi quando surgiu
a Kian Contabilidade Ltda, em São Bernardo do Campo, constituída com mais dois
sócios, atualmente Defato Contabilidade Ltda, localizada no município de Santo
André.
	Neste mesmo ano de 2004, conheci um amigo de meus sócios, o José Roberto.
Interessamo-nos um pelo outro, mas cada um permaneceu na sua. Com o passar do
tempo, conversa daqui, happy hour dali, o apoio do filho mais velho do Roberto, o
Renan, ele e eu começamos a namorar em setembro de 2005.
Tão logo, eu conheci seus outros dois filhos, Ramires e Julia Vitória, à época
com 11 e 4 anos, respectivamente. Primeiro fui apresentada ao Ramires, em um dia em
que o Roberto foi ao meu escritório acompanhado dele. Era sério e de poucas palavras,
parecia olhar para mim com cara de poucos amigos. Dois meses depois, conheci a Julia
em um final de semana em que o Roberto os trouxe para passar conosco. Encontrei
com eles na Praça Lauro Gomes, no Centro de São Bernardo do Campo. Eu estava
tensa e apreensiva, perdida em meus pensamentos: faz tanto tempo que não convivo
com crianças! Será que saberei lidar com elas? Será que irão gostar de mim? Será que
sentirão ciúmes do pai e me olharão como a “Madrasta da Branca de Neve?”.
	 Mas qual não foi a minha surpresa quando avistei aquela menina linda,
morena, de cabelos pretos, com traços que lembravam uma indiazinha, com um
bichinho de pelúcia nos braços e uma mochilinha nas costas, vindo ao meu encontro,
com um sorriso contagiante, para me dar um abraço caloroso e amoroso. Neste dia, o
Ramires estava com um ar mais amigável. Ufa!
	 Meu Deus, como eu me sentia perdida. Eu não convivia com crianças,
meu mundo era de adultos, pois, durante os dezessete anos em que vivi com meu
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
Quais de mim você procura?
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ex-marido, eu me afastei do convívio familiar; não vi primos e primas nascerem e
crescerem. Eu não conhecia os desenhos da época, as músicas infantis que estavam na
moda, nada, eu não sabia nada de crianças. Eu somente pensava: se esta é a família que
Deus preparou para mim, Ele irá me capacitar para um bom convívio, para auxiliar na
educação e criação deles.
	 Tão logo a Julia nasceu, o Roberto fez uma vasectomia irreversível e decidir
casar com ele seria abrir mão do sonho de ser mãe (biológica). No dia 24 de março
de 2007, nos casamos. Nesta época, além de administrar meu escritório, exercia a
função de Conselheira Suplente no Conselho Regional de Contabilidade do Estado
de São Paulo – CRCSP (gestões 2006-2007 e 2008-2009) e também colaborava nas
reuniões do Centro de Estudos e Debates Fisco-Contábeis – CEDFC, do Sindicato dos
Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, em São Bernardo do Campo.
Ao longo desses anos, muitas vezes, senti-me mal quando precisei chegar tarde
a casa, por causa do trabalho ou por estar em alguma atividade das Entidades de
Contabilidade, como se tivesse abandonado minha família. Nunca me esqueço do dia
em que, ao sair para trabalhar, a Julia me perguntou:
– Tia, hoje você chegará tarde de novo?
Quando respondi que sim, ela me disse, com a voz triste:
– Mas Tia, você só trabalha, trabalha, trabalha!
Dei um beijo nela e fechei a porta com o coração sangrando. No entanto, passei
a rever minha rotina para poder dedicar tempo com qualidade para minha família e
para os filhos que Deus me deu. Sim, filhos! Não me sinto mãe deles pelo simples desejo
de uma mulher ser mãe, mas pelo carinho, consideração e respeito que recebo de cada
um deles; quando o Renan me chama de “Mamis”; quando o Ramires e a Julia me
chamam de “Tia”. Até hoje, nunca me faltaram com respeito. Mesmo quando tive que
dar duras broncas ou colocar disciplina, eles nunca ergueram a voz ou responderam
com grosseria. Desde janeiro de 2015, a Júlia Vitória mora comigo e meu marido. O
Ramires morou conosco por quase três anos, de 2008 a 2011.
O tempo passou, eles cresceram e nossa família aumentou. Em setembro de
2014, o Renan se casou com a Bruna. Um pouco depois, o Menino, um cachorro vira-
lata que adotamos ao visitar um projeto social de proteção e cuidados de animais,
trouxe mais alegria para a nossa casa.
Hoje, continuo enfrentado os desafios de gerir um negócio próprio, participar
das diversas atividades das Entidades Contábeis, da organização de atividades na
igreja em que congregamos - entre elas, o curso para casais -, cuidar da minha família.
Atualmente contemplo a Julia aos 14 anos, começando a se tornar uma mulher,
com todos os conflitos próprios da adolescência, mas ao mesmo tempo, com uma
visão tão madura de coisas que a maioria dos adolescentes nem dão importância. Às
vezes presto atenção em algumas coisas que ela fala e parece que estou me ouvindo
falar. Ela usa termos e expressões que uso, até gestos, às vezes, são parecidos aos meus.
E então percebo o quão generoso Deus é comigo. Percebo o quão gratificante é ter uma
família sólida, pois, se assim não fosse, as conquistas profissionais e empreendedoras
não teriam o mesmo valor.
Hoje, eu entendo quando Deus falava comigo em Sua palavra, dizendo: “Canta
alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto e exclama, tu que
Quais de mim você procura?
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não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária do que os
filhos da casada, diz o Senhor. Alarga o espaço da tua habitação, e não o impeças;
alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás para a direita e
para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades
assoladas”, Isaias 54:1-3.
Não gerei filhos no útero, mas os gerei no coração, e eles me receberam com
amor, carinho e respeito. Cumpriu-se a Palavra de Deus!
Deise Pinheiro
Quais de mim você procura?
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Mãe com Excelência
Eu sempre quis ser mãe, mais precisamente ter dois filhos. Claro, um
casal, pois queria viver os dois lados de educar, justamente porque passei por algumas
situações durante a minha infância que não eram possíveis serem aplicáveis a uma
criança e então cresci acreditando em uma educação e nela estou até hoje. Acertei!
Tive dois meninos e algumas meninas...
Era 1990 quando comecei um curso no Senai – Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial -, vivíamos em nosso país uma crise, não tão grave como a
que estamos enfrentando atualmente (2016), porque naquele tempo havia um grande
crescimento industrial e o desemprego ocorria pela falta de mão de obra qualificada.
Após a conclusão desse curso Modelagem Industrial Automobilística aos 17
anos fui desligada, porém, com a experiência logo fui admitida em outra empresa.
Conheci meu primeiro namorado e a história começa aí... eu me apaixonei, começamos
a namorar e em poucos meses veio o pedido de “prova de amor”.
Resultado, em 8 de dezembro de 1993 com 18 anos trouxe ao mundo meu
primogênito, Pedro Henrique. Do jeito que sonhei, loiro, dos olhos clarinhos,
sagitariano, canhoto e perfeito, sim porque havia a expectativa após algumas
declarações de que teria alguma má formação devido ao meu biótipo e problemas na
gestação.
Sozinhos, eu e ele vivemos fases na vida que ainda hoje não acreditamos
que passamos juntos. Foram batalhas e mais batalhas, juízes, promotores de justiça,
assistentes sociais, psicólogo, eles não mudaram o nosso amor e nem esconderam a
verdade sobre a vida, até mesmo porque dinheiro nunca foi o que nos uniu; não vou
contar os detalhes porque esqueci toda essa fase em algum lugar por aí.
O que importa é que crescemos juntos, ele sempre soube do amor que tenho
por ele e ele por mim. Quando ele tinha sete anos, veio a nova fase formamos uma
família com um pai do coração maravilhoso e apaixonado por ele que contribuiu e
contribuí muito para a formação do homem que é hoje aos 22 anos, trabalhador e
independente.
Desde pequeno trabalhamos juntos, ele sempre ao meu lado ajudando.
Costumo dizer que meus filhos já nasceram e foram trabalhar.
O Pedro me ajudou a trabalhar como manicure, fazer colar de contas para casa
de umbanda, roupa de dança do ventre e dar aulas. Como precisava trabalhar então,
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Quais de mim você procura?
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ele ia e ficava na biblioteca da escola brincando quietinho enquanto eu ministrava as
aulas de espanhol. Não o levava para empresa, porque não podia. Sempre foi muito
maduro, aos 10 anos quando eu e o pai respondemos a pergunta: Pai, eu tenho uma
década? Ele ficou maravilhado ao descobrir que em 10 anos já tínhamos viajado para
vários lugares e feitos inúmeras festas, e que tinha feito inúmeros cursos inclusive sob
responsabilidade da madrinha, enquanto eu estudava na Argentina ela cuidava dele
ensinado a jogar pôquer. Segundo ele, as melhores férias.
O tempo passou, até que chegou um dia ele disse que era hora de ter o tão
sonhado irmão, que ele insistia em ter porque até o amiguinho Anderson tinha. Por
que ele não?
E em 2006 a família aumentou, mudamos para nossa residência oficial e nela
chegou o caçula meu bombom Luís Otávio, fruto de uma relação intensa.
A felicidade estava completa. Eu tinha um bombom branco e um pretinho sim,
porque a mãe branquinha com o pai moreno já viu que criança linda que veio. O
caçula nasceu até com a manchinha da mistura do chocolate e branco no bracinho do
lado direito. Lindo!
Era inquieto adorava uma arte e a felicidade reinava em toda a família. Adorava
o clube e ama onde moramos, aqui tem seus amigos desde a infância.
A vida dele nesses 10 anos é bem mais fácil que a do mais velho. A avó o pai e o
tio, o irmão e os primos vivem juntos e assim com entendimento convivemos em família.
Com dois filhos, uma casa e uma família completa incluindo a Lili, a caçula da
casa uma shih-tzu, cor champanhe para brindar a nossa felicidade vieram os desafios
e oportunidades.
Quando o Luís completou um ano as necessidades surgiam, era hora de
despertar para a vida profissional de novo. Após o fim da licença maternidade fiz um
acordo e fui dispensada da empresa; aproveitei o segundo semestre do ano de 2006
para continuar curtindo minha nova fase.
Na necessidade e importância de voltar a trabalhar ouço a frase de maior
impacto em minha vida, que veio de uma das pessoas que mais amo na vida, minha
sogra Vicença: “Para você trabalhar e estudar eu cuido dos seus filhos.”
Frasemágica!EassimqueoLuístevealtadeumprobleminhadesaúde,queeletem
até hoje, comecei a estudar Letras e estagiar, não deu certo, conclui o um ano e tranquei a
matrícula. Sentia em meu coração que alguma coisa sairia errado na sala de aula.
Em 2007 arrumei um novo emprego, novamente em uma indústria, mas
com um salário melhor. Na sequência, em 2008, entrei na faculdade de Tecnologia
Industrial e comprei um carro, agora era executar o plano de ação. Parecia surreal, sair
de casa às 7h com duas crianças e voltar às 23h, mas com fé, foco e força me formei, e
ainda fiz uma pós-graduação, tudo em cinco anos.
Os meninos crescendo... Pedro também em 2008 entrou no Senai, seguindo a
carreira do pai, e o Luís ficava entre os cuidados da avó e do tio maravilhoso.
Sempre quando alguém perguntava para ele no que a mãe e o pai trabalhavam
Quais de mim você procura?
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ele dizia: Viajando! Sim, com o apoio da minha orientadora sogra viajei para vários
Estados do Brasil prestando consultoria, auditoria e treinamentos em sistemas de
gestão da qualidade.
Todos nós crescemos nesses anos, eu em especial como mãe, profissional
e empresária. A SantaISO veio em 2013 quando o pai resolveu seguir carreira solo.
Meus filhos tinham 19, 7 e 2 anos respectivamente. Eu precisava de algo ainda mais
desafiador e empreender era algo inevitável.
Estamos em 2006 e, até hoje, dentro de mim tudo foi feito pensando em como
tornar a nossa vida confortável e com qualidade de vida, e ser para eles exemplo de
mãe e profissional competente. Mesmo trabalhando e passando pelas adversidades
da vida conseguimos alcançar nossos objetivos juntos. Nesses 22 anos de experiência
de mãe incluo, nessa felicidade, minhas sobrinhas Carolina, Camila e meu sobrinho
Leonardo, Bruno e o Samuel e agora a pequena Elloysa.
Diana Cândida DE Oliveira
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dedicação para crescer
	
Montadora, empresária contábil, esposa do Luiz Antônio há 35 anos
e mãe da Juliana, 32 anos, e do Felipe, 30 anos. Estes são alguns papéis que exerço.
Minha filha é formada em Ciências Farmacêuticas e Bioquímica e atualmente reside
no Canadá, onde cursou sua pós-graduação em Gerenciamento de Projetos e trabalha
como conselheira educacional. Meu filho graduou-se em Sistemas da Informação, área
em que cursou pós-graduação voltada à Consultoria Empresarial e na qual administra
sua empresa na cidade de São Paulo, onde mora.
	 Desde a adolescência, sempre gostei de números. Meu primeiro emprego
foi em uma pequena empresa como auxiliar de escritório, onde fazia de tudo, desde
faturamento, cobranças, atividades de finanças, vendas, entre outras. Ao perceber
meu interesse em aprender, o gerente desta empresa começou a me passar mais
serviço, que eu executava com muita confiança, razão pela qual alcancei o então
cargo de gerente.
Lá eu trabalhei por 12 anos e desenvolvi a ideia de ser contadora. Cursei ensino
técnico em Contabilidade, graduação em Ciências Contábeis e pós-graduação em
Controladoria, uma das áreas da Contabilidade. Em 1983, ano em que Juliana nasceu,
trabalhava como contadora em uma empresa privada. Por trabalhar até tarde e levar
serviço para casa aos finais de semana, não curti os primeiros meses de minha filha.
No ano de 1986, quando o Felipe nasceu, foi a mesma coisa. Não conseguia ver meus
filhos crescerem. Contava com a colaboração de uma irmã que cuidava dos dois e que
por eles era chamada de mãe.
Foi então que, em 1990, resolvi trabalhar em casa como autônoma, para ficar
mais perto deles. A experiência de conviver com meus filhos tornou-se inexplicável.
Podia levá-los e buscá-los na escola e eles ficavam muito felizes. A maternidade é
um momento muito marcante para nós, mulheres. É uma fase em que passamos por
muitos desafios, principalmente quando se é necessário conciliar a vida profissional
com o sonho de ser mãe.
À época, não pude abrir um escritório, pois além de não ter recursos, não tinha
clientes. Foi então que fiz uma parceria com meu irmão, proprietário de uma empresa
de legalização de documentos junto a órgãos públicos, e ele começou a me indicar
clientes. Em 2001 abri minha empresa, a Magda Assessoria Contábil. Como sou uma
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
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pessoa otimista, não identifiquei os desafios pelos quais passei para obter sucesso
como empreendedora.
No entanto, encontrar o equilíbrio entre trabalho e família ainda é uma das
dificuldades enfrentadas pelas mulheres empreendedoras, pois o principal obstáculo
feminino no mercado de trabalho costuma estar dentro de casa. Muitas mulheres
enfrentam dupla jornada, pois além do trabalho, cuidam dos filhos e encaram
uma injusta divisão de tarefas no ambiente doméstico. As mulheres têm excesso de
responsabilidades e ainda hoje encontram muitas barreiras para chegar a cargos de
chefia, o que pode atrapalhar o desenvolvimento de suas carreiras.
Embora o número de mulheres a frente de negócios esteja crescendo, como
proprietárias ou ocupando altos postos de comando, os desafios a serem vivenciados
são muito grandes. O primeiro deles é a falta de autoconfiança, uma característica que,
muitas vezes, está em nossa cabeça. A mulher que trabalha fora tem grande dificuldade
em conciliar trabalho e família, e esta característica não costumar estar presente no
universo masculino. As mulheres que estão à frente de negócios precisam enfrentar
em seu dia a dia a cultura que vem por décadas sobre a expectativa do papel da mulher
de ser mãe e esposa. Esta realidade a cada ano vem se mostrando diferente, com a força
de mulheres notáveis à frente de seus negócios.
Quando abri minha empresa, minha filha estava com 17 anos e meu filho,
com 14. Como já estavam crescidos e compreendiam o esforço, o processo foi mais
fácil, embora me dissessem constantemente que minha profissão era “de louco”, muito
desgastante, quase sem tempo para eles, com muitos cursos e palestras durante a
semana para me manter atualizada. Estava tentando dar o melhor para eles.
Acredito que minha trajetória como empreendedora tenha inspirado meu filho
a empreender também. Quando ele tinha entre 12 e 13 anos, estudava em um colégio
próximo de meu escritório e, sempre que saía, passava por lá para dar um ‘oi’. Então,
pedia a ele para ir ao banco fazer pagamentos, pois nesta época não havia internet.
Sei que ele ficava muito bravo e dizia que se houvesse fila na agência, não iria ficar
esperando. E não ficava mesmo! Ele retornava ao escritório com todos os boletos,
afirmando querer muito mais para si. Aos 18 anos, ele começou a trabalhar, com um
ótimo salário, após passar por um concorrido processo de seleção.
É natural sentir um pouco de medo ao iniciar seu próprio negócio, afinal,
sempre existe certo risco no empreendedorismo. Estou nesta profissão há algum tempo
e posso afirmar que esta jornada permanece muito gratificante. Ser empreendedor
é ter vontade de fazer algo diferente. Muitas vezes, temos que lidar com todas as
tarefas e áreas do negócio. As incertezas e as emoções das pequenas conquistas e
derrotas vividas diariamente fazem com que a experiência do empreendedorismo seja
inigualável à corporativa.
	 Para mim, o trabalho representa felicidade. Todos os dias, eu agradeço a Deus
por acordar com saúde e poder trabalhar. É muito importante escolher uma profissão
Quais de mim você procura?
34
que gostamos e com a qual nos identificamos; saber o que nos realiza e quais sensações
fazem nosso cotidiano valer a pena. Sim, a felicidade está em pequenos momentos,
na soma de diversas sensações, por isso insistimos. O trabalho deve ser uma fonte de
realização, um papel na vida que nos trará orgulho, superação, desafios, entre outros.
Da minha empresa, eu cuido com carinho, pois ela é o meu sustento.
Já a maternidade é algo sublime na vida de uma mulher, é o maior dom de
Deus que podemos receber. Não há tarefa mais magnífica nem mais compensadora.
Com ela aprendemos mais sobre o amor incondicional. A maternidade é um momento
único, de aprendizado, afinal é mãe aquela que carrega seu filho no ventre; que lhe dá
luz; que cria; que ensina e que aconselha. O papel da mãe é muito importante, não só
nos primeiros anos de vida de seus filhos. Mãe é eterna.
Edna Magda Ferreira Góes
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35
Um quadro em branco e uma vida passada
a limpo
Quando criança, não gostava de brincar com bonecas, mas me lembro que
cedia à brincadeira quando podia fazer o papel romântico com o Ken, e principalmente,
quando tinha a possibilidade de fazer o papel de mãe. Pensava num quadro branco e o
que estaria escrito nele quando fosse mais velha. Sempre apareciam as palavras “mãe”
e “ajudar pessoas”. Fazia todos os testes de revista para saber quantos filhos teria e quais
seriam seus nomes. Fiquei expert em ler as linhas da minha mão. Eu teria sucesso na
carreira, mesmo querendo ser publicitária, médica, fonoaudióloga, agente de turismo,
psicóloga, recursos humanos... tudo ao mesmo tempo e agora, me casaria antes dos
trinta anos, teria três filhos, seria bem sucedida e viveríamos felizes para sempre.
Também tinha ânsia de aprender e compartilhar conhecimento. Tornei-me
professora universitária aos vinte e um anos de idade. Encantei-me pela sala de aula
e fui conciliando minha carreira com a vida acadêmica. Fiz uma brilhante carreira
na área de Marketing, passando por grandes corporações multinacionais que me
trouxeram grandes prêmios: estabilidade financeira, realização pessoal e profissional.
Casei-me aos vinte e sete anos. Trabalhava, na época, em uma grande multinacional
americana, na área de Marketing. As previsões estavam indo tão bem...
E aí, aquele diagnóstico. Estava voltando da lua de mel e tive minha primeira
crise de endometriose no voo de volta para casa. Uma dor tão insuportável que
desmaiei no avião. Nos dias que se seguiram, crises cada vez mais intensas, novos
desmaios. Lembro-me de ter tido uma dor tão forte numa madrugada que fui me
arrastando no chão, do banheiro até meu quarto, para pedir socorro. Depois deste
dia, acordei no hospital, com indicação para cirurgia. Minha endometriose era grau 5
(máximo) e decorrente deste diagnóstico, fiz três laparoscopias e uma cirurgia invasiva
para conter a proliferação do endométrio em mais órgãos além dos já contaminados:
trompas, ovários e parte do intestino. “Como assim, estéril? Eu nasci para ser mãe!
Eu vou ser mãe! Deve existir algum procedimento, algum tratamento até fora do país
que eu possa fazer”. Iniciei um tratamento medicamentoso por seis meses. Foram
muitos os efeitos colaterais, mais o ganho de vinte quilos. A autoestima ficou lá em
baixo. O desejo e a certeza de que seria mãe me levou a procurar por especialistas
em inseminação artificial e a decisão final de partir, futuramente, para uma adoção.
Decidi parar com toda medicação e relaxar. Depois de seis meses sem cortisona, sem
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
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medicamentos agressivos e mais conformada com meu diagnóstico, veio o milagre.
Fiquei grávida da Vitória! Este foi um dos dias mais felizes da minha vida! Com a
notícia, virei caso de estudo da UNICAMP.
Aos três meses de gravidez meu marido nos deixou com um bilhete na parede,
se despedindo de nós. Quase enlouqueci. Mas sobrevivemos! Minha filha nasceu, meu
ex-marido voltou a se aproximar e no dia de aniversário de um ano da Vitória, concebi
o Mateus! Um único encontro; uma única chance e tive meu segundo milagre.
Recomecei a vida com meus dois bebês: Vitória com um ano e nove meses e
Mateus, recém-nascido. Nesta época, gerenciava uma rede de idiomas com mais de
1200 franquias no Brasil. Recomecei, eu, uma babá e o apoio incondicional dos meus
pais para tudo o que precisei e que vim precisar alguns anos depois. Vitória tinha
quatro anos e Mateus tinha dois quando tentamos reconstruir a família, mas o sonho
do “felizes para sempre” durou pouco: dois anos. De forma definitiva, meu ex-marido
foi tratar um problema de saúde, em sua cidade natal e não voltou mais. Foram meses
de espera, de angústia, de dúvidas, com tantos sentimentos misturados e uma única
certeza: deixava de me ver como coautora, como espectadora da minha vida e carreira.
Decidi ser protagonista.
Foram muitos os desafios ao longo da infância e, posteriormente, na
adolescência dos meus filhos. Tenho dois seres humanos incríveis e guerreiros. Ambos
tiveram problemas graves de saúde; os dois têm síndromes raras, passaram por muitas
internações e tratamentos. Precisava de mudanças radicais; de mais tempo com meus
filhos, de mais flexibilidade de horário, de possibilidade de fazer a minha própria renda.
O universo corporativo é muito sedutor, a sensação de segurança e prosperidade nos
estimula para nos perpetuar na zona de conforto, mas já não mais me moldava a este
formato-padrão de “felicidade”. Faltava um propósito maior. Voltei a pensar no quadro
branco e o que estaria escrito nele quando fosse mais velha. Agora faltava o “ajudar
pessoas”. Assim migrei de uma gloriosa carreira na área de Marketing, com emprego
estável, para a área comportamental do desenvolvimento humano, em gestão de
pessoas; minha grande paixão. Comecei atuando como palestrante e instrutora e fui me
especializando nas áreas do desenvolvimento humano (andragogia, comportamento
humano, neurociência, coaching e mentoria). No início da carreira autônoma, depois
de migrar dos empregos com salário fixo para a iniciativa empreendedora de forma
exclusiva, perdi-me na estruturação de algumas parcerias e em questões básicas de
planejamento financeiro; quebrei duas vezes. Não tenho nenhuma história grandiosa e
instigante para contar por ter perdido milhares ou milhões em cifras, de investimento.
Mas passei meses sem um centavo no bolso; anos vivendo na casa dos meus pais. Meus
filhos ouviram muitos, mas muitos “nãos” ao longo dos anos! Aprendi na prática sobre
resiliência, gratidão, perdão e protagonismo.
E perdoando meu ex-marido, me libertei também! Aprendi que o universo me
devolve o que lhe entrego.
O caminho foi árduo! Não foi nada fácil conciliar as agendas de clientes com a
Quais de mim você procura?
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da escola dos meus filhos, as festas de aniversário dos amigos da escola com as noites
e madrugadas produzindo material e desenvolvendo conteúdo para as consultorias e
treinamentos, ministrar as aulas na universidade nos horários em que aconteciam
reuniões de pais e mestres e datas comemorativas na escola dos meus filhos, deixar de ir
a algumas viagens da família por estar trabalhando nos finais de semana em projetos in
company ou estudando. Era um misto de superação e perda, de alegria e medo, de culpa
por não estar sempre presente e sentimento de dever cumprido pelas conquistas diárias.
Vim para ser mãe; não gosto de dizer que também para ser pai porque sei da
importância do papel que cada um tem na vida de um filho e um não compensa o lugar
e a missão do outro. Tive duas gestações sozinha e criei meus filhos na luz da minha
fé, da minha garra, dedicação, persistência e, principalmente, do meu amor irrestrito,
intenso e incondicional por eles. Mas não fiz o trajeto sozinha. Ninguém o faz! Não
teria conseguido resgatar minha essência e o entendimento do meu propósito de vida
e carreira; da minha veia empreendedora se não tivesse meus pais, minha família, a
contribuição de tantos anjos ao meu redor, me dando suporte e apoio. Não teria tantas
conquistas se hoje não tivesse mais do que um namorado; um cúmplice, um amigo
ao meu lado. Sim, reconstruí minha vida. Marcus me ajudou a entender o valor de
fazermos juntos; lado a lado!
E no meio de mais uma crise que assola nosso país, especificamente em outubro
de 2015; no meio do “olho do furacão”, reconstruí mais uma vez a minha carreira. Um
ex-aluno da universidade, de dez anos atrás, me ofertou uma sociedade. Junto com
Michel Lobato, abri a Eliana Araujo - Escola de Líderes. Hoje, com um ano e muita
história de sucesso e prosperidade!
O quadro está menos branco. Nele tem a mãe, a empresária e empreendedora
que ajuda pessoas e empresas e, com meus filhos, aprendi a escrever ohana1
/.
Reinventei-me, resignifiquei-me!
Aprendi que é impossível tentar controlar tudo e que, mesmo nos momentos de
crise, estamos sempre evoluindo na direção da vida que criamos.
Aprendi que “sucesso é ser feliz” e se eu puder fazer mais pessoas felizes, o
sonho sonhado com a maternidade estará garantido.
Eliana Araújo
1			 Ohana, na cultura havaiana, significa “família”.
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Sonhe, acredite e não tenha pressa...
o que é seu, está reservado!!!
Ahhh essa vida da gente...vez ou outra é tão bom olhar para trás:
recordar o que fomos, o que fizemos, quem passou pela nossa vida...lembrarmos onde
estudamos, no quanto sonhamos e em quem nos transformamos!!!
Neste momento, parece passar um filme em minha mente.
Até os meus treze anos, não poderia imaginar outra coisa, a não ser uma
conceituada bailarina, pois tinha uma paixão muito grande pela dança.
Porém, aos quatorze anos, perdi o meu pai.
Como filha única, comecei a pensar em trabalhar, pois necessitávamos
minimizar as despesas. Aos poucos, comecei a idealizar a carreira que queria seguir;
foi então que escolhi o Jornalismo; mas jamais pensei em ser uma simples Jornalista.
Queria ser a Sandra Passarinho, correspondente internacional e destaque no
telejornalismo no final dos anos “70”.
Escolhi cursar um colegial técnico em Tradutor e Intérprete (ensino médio):
aperfeiçoar o português e aprender inglês, francês e alemão. Este último, o sonho do
meu pai para a minha formação.
E aos dezessete anos, eu estava formada: inglês fluente, francês intermediário
e alemão básico; um idioma muito difícil. Mas o alemão tornou-se uma questão
de honra, em prol de tudo o que sempre ouvi o meu pai dizer: “Nenê, você vai
estudar alemão e vai ter muito sucesso dominando este idioma!!!” (“Nenê” era como,
carinhosamente, ele me chamava)
Mas eu jamais poderia me contentar com um “alemão” básico. Após o término
do meu curso, optei por não prestar vestibular naquele ano. Fui trabalhar em horário
comercial e, à noite, três vezes por semana, aulas de alemão; havia conseguido uma
bolsa parcial.
Mas esta vida da gente, “vira e mexe” nos surpreende, não é?
Eu havia iniciado um namoro com um rapaz que conheci no clube. Mas, desde
nosso primeiro encontro, tive uma sensação esquisita como se minha vida, a partir
daquele momento, nunca mais seria a mesma.
E nada acontece por acaso...
Aos poucos, o nosso relacionamento foi tomando uma proporção maior: fazíamos
planos para o futuro e, com meses de namoro, já dizíamos que teríamos três filhos.
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
Quais de mim você procura?
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Incrível... dois meses após completar dezoito anos, estava grávida do meu
primeiro filho.
Casamos e tudo parecia um sonho... Mas um sonho que levou tantos outros...
Fui morar em outra cidade e, em função do mal estar que sentia, nos primeiros
meses de gravidez, optei por sair da empresa onde atuava, uma multinacional com
todas as chances de uma promissora carreira.
A gestação progrediu bem, mas eu optei por interromper o meu curso de
alemão, transformando-me, pela primeira vez, em uma dona de casa.
Nasceu meu filho Fábio: muito saudável. Eu estava muito feliz em finalmente
ter me tornado mãe. Mas, no período de amamentação dele, exatamente em seus sete
meses, engravidei do meu segundo filho, Bruno, sem qualquer programação. Com
dois filhos pequenos e com a opção de estar à frente da educação e formação deles,
abri mão de voltar ao mercado de trabalho.
Só dois ou três anos depois, voltei para o curso de inglês e havia decidido: iria
prestar vestibular para o Jornalismo. Já atuava em uma rádio da cidade e queria muito
conseguir uma vaga no jornal.
Mas a vida sempre nos surpreende: exatamente quando havia iniciado o meu
tão sonhado curso de Comunicação com ênfase em Jornalismo, estava grávida e fui
mãe da tão sonhada menina.
Até consegui fazer alguns semestres; mas com três filhos pequenos, sem chance
de me envolver com estágios; optei por trancar minha matrícula!!!
E foi neste momento que iniciei o empreendedorismo em minha vida.
Minha paixão por sobremesas me direcionou para alguns cursos e pude iniciar
uma produção discreta. E, nos dez anos subseqüentes ao nascimento de minha filha,
atuei na área de alimentos e até abri uma uma Cafeteria.
Mas as encomendas aumentaram muito, em pouco espaço de tempo e minha
vida era a produção de sobremesas. Até que optei pela venda do estabelecimento, para
recuperar meu casamento; a relação estava muito abalada. Voltei a ser dona de casa;
mais perto de minha família.
Mas o tempo foi passando e acabamos por concluir que havíamos nos casado
muito jovens e as diferenças foram ficando mais visíveis. Após vinte anos de casamento,
nos divorciamos.
Com filhos maiores, resolvi fazer Hotelaria, pois a atuação em eventos estava
em alta. Após formada, gerenciei um Hotel Fazenda no interior e dei várias consultorias
em pousadas. Meus meninos já eram maiores e cursavam a faculdade; o mais velho já
morava fora de casa; o do meio, com o pai e minha caçula, uma adolescente que ficava,
em minha casa, com minha mãe.
Mas, alguns anos depois, não suportava mais trabalhar aos finais de semana.
Em 2008, consegui uma vaga como Recepcionista Bilingue, na Diretoria da
Ford; mas com o início da crise mundial, não fui efetivada.
Quais de mim você procura?
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E foi no embalo destes acontecimentos que uma depressão foi constatada,
vindo a sofrer um acidente. Fraturei a coluna lombar, com primeiro diagnóstico de
paraplegia; fiquei em uma cama, em torno de seis meses e quase 24 meses, fora do
mercado de trabalho, em função das terapias complementares.
Mas minha recuperação ultrapassou em muito, os prognósticos médicos.
Quando fui liberada para voltar ao mercado de trabalho, fui contratada
pelo Grupo Suzano, para uma vaga interna, na área comercial. Lá estive durante 18
meses. Até que um dia, a minha gestora me indagou se eu aceitava ser promovida à
vendedora, pois até então, atuava como um “coringa” na empresa, tamanha facilidade
de comunicação e expressão que muitos haviam identificado em mim. Não aceitei,
pois não tenho qualquer afinidade com vendas. E pasmem: aos meus 49 anos, fui
dispensada, após o retorno do meu período de férias.
Tudo bem que a minha gestora, ao me dispensar, me disse: “Élide, você é muita areia
para o nosso caminhãozinho. Vá escrever...vá fazer o que realmente gosta...vá ser feliz!!!”
Mas claro que esta frase dela, não fazia o menor sentido. E só conseguia pensar:
o que farei agora?!?
Mas jamais deixei de sonhar e acreditar!!!
Dois meses depois da demissão, maio de 2012, estava sendo convidada para
atuar como Redatora em uma revista de Turismo. E esta foi a porta que se abriu, mais
de 25 anos depois, para eu retomar o caminho que havia aberto mão, em prol da
formação dos meus filhos.
Nestes últimos quatro anos, atuei como Redatora e como repórter também. E
mais: desenvolvi um Blog, “Éli de bem com a VIDA!”, postagens com base na Gestão
Disney, ferramentas que conheci no decorrer do meu curso de Hotelaria.
Consegui desenvolver um perfil bem conhecido nas redes sociais e, com
tamanha visibilidade, estou na segunda temporada do meu programa em web TV,
com a mesma titularidade.
E quanto aos meus filhos?
Os três se formaram em áreas diferentes: Engenharia da Computação na USP,
Administração de Empresas na Universidade Metodista e a minha menina, além de
bailarina, como sempre sonhei, é formada em Designer de Interiores pela Belas Artes.
E hoje já sou vovó da pequena Lia, do meu filho mais velho e da Pietra, da minha
filha caçula. Hoje moro sozinha, apesar de estar muito feliz em um relacionamento
onde sou respeitada e muito amada.
Profissionalmente falando, atuo como Assessora de Imprensa e Palestrante,
além de estar finalizando o meu primeiro livro: “Câncer de Mama – JAMAIS
acontecerá comigo!!!”. Minha história e de mais dez mulheres, na difícil experiência
de passar por um diagnóstico e tratamento de câncer de mama; fui diagnosticada em
janeiro de 2014... mas está tudo bem!!!”
Quais de mim você procura?
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Será uma das ferramentas para complementar as várias ações filantrópicas que
faremos através do grupo “Superação Rosa”, em prol da campanha em prevenção ao
Câncer de mama, “Outubro Rosa – 2016”.
E sabe por que “De bem com a VIDA?!?
Porque eu sigo o meu caminho, de cabeça erguida e acreditando sempre que,
dias melhores virão. Em todas as muitas adversidades que passei e passo, não abro
mão de viver o meu melhor, curtir o que realmente me faz bem, como a música e a
dança, por exemplo e jamais permitir que, quem quer que seja, modifique o que sou
em essência.
E quanto aos filhos?
Ahhhh...por aqui todos adultos e independentes; mas a certeza de que podemos
contar, uns com os outros, seja lá o que quer que esta vida possa nos “presentear”!!!
Posso dizer que, amadureci com eles; aprendi muitas coisas que não havia
tido a oportunidade de vivenciar, no formato de família que tínhamos quando eu era
pequena.
E quer saber mesmo?
Estou vivendo uma das fases mais incríveis da minha vida, sem qualquer
sombra de dúvida...amo o que faço, sou muito amada e respeitada, tenho minha saúde
recuperada e duas lindas netinhas!!!
Quais de mim você procura?!? Muito prazer, hoje sou Élide Soul, Jornalista
com muito orgulho!!!
E eu seria injusta demais, com esta inteligência superior, que a todos nós rege,
se eu esquecer em um só dia de agradecer, por todas as oportunidades que esta vida
me trouxe, em aprender, entender, praticar, acreditar e me superar....dia após dia, em
cada novo amanhecer!!!
Élide Soul
Quais de mim você procura?
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50 Mães empreendedoras que chegaram lá
Por que não mãe e também empreendedora?
Sempre sonhei um dia poder servir de exemplo. Mas não por vaidade, e
sim, para ajudar outras pessoas a ter sucesso.
Sou de origem humilde, criada na periferia de São Paulo, de família complicada,
soube transformar cada limão da minha trajetória em uma refrescante limonada e,
com muito orgulho, quero compartilhar isso com mulheres batalhadoras que, como
eu, reinventam-se todos os dias. O objetivo é incentivá-las a jamais desistirem da luta
e que sim, vale a pena!
Sou proprietária da loja virtual de roupas infantis Repipiu Baby & Kids,
mãe da Beatriz, que hoje está com cinco anos de idade, especialista em Marketing
Digital e E-commerce. Na área de empreendedorismo feminino, sou embaixadora
da Escola de Você, que é um portal fundado pelas jornalistas Natalia Leite e Ana
Paula Padrão e que, gratuitamente, disponibiliza aulas online para mulheres.
Os conteúdos abordados nos cursos são: autoconhecimento, empoderamento e
empreendedorismo, ajudando mulheres a desenvolver autonomia e autoconfiança
para gerir seus negócios e suas vidas.
Fui apresentada à Escola de Você pela coach de mães empreendedoras da cidade
de Manaus, Daniela Menezes. Ela me conheceu num momento em que sentia que
o mundo todo estava contra mim. Comecei a empreender, mas percebia que muitas
pessoas de meu convívio no mundo corporativo não apoiavam minha decisão. Queria
e precisava conhecer outras mulheres que estavam no mesmo momento que eu. A
Escola de Você combinou perfeitamente com minha busca, pois é um grupo que reúne
diversas atividades voltadas para empreendedoras e onde todas do grupo possuem um
objetivo comum: unir forças e o crescimento pessoal e profissional. Amei a proposta
e acompanhei a escola durante todo o ano de 2015, fui me envolvendo e percebi que
poderia contribuir muito mais do que imaginava.
Devido a essa sinergia com a Escola de você, manifestei o interesse em me
tornar embaixadora na região Norte de São Paulo e desde então venho desenvolvendo
um trabalho com outras empreendedoras. Essa troca tem sido muito gratificante, pois
é em forma de voluntariado e tem me proporcionado a oportunidade de ajudar outras
mulheres, além de crescer e me desenvolver junto das pessoas que conheço ao longo
desse caminho. E com essa força que adquiri, também assumi como auxiliar ao grupo
Empreender Mulher, que também é um grupo de mulheres empreendedoras, fundado
Quais de mim você procura?
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por Adriana Valente, e o meu objetivo nesse grupo é criar pontes de contatos, gerar
oportunidades e novos negócios.	
Conclui a graduação em Administração de Empresas nas Faculdades Oswaldo
Cruz no ano de 2002 e foi graças a um financiamento estudantil que consegui meu
curso superior, realidade que faz parte da vida de muitos jovens do país; afinal, devido
à baixa renda de suas famílias, muitos dependem de programas de financiamentos e de
bolsas de estudos para seguirem seus estudos.
	 Então as portas foram se abrindo e percebi que a vida começou a andar no
ritmo que gostaria. Sem perder a oportunidade que o momento me proporcionou, fiz
MBA na área de Gestão Empresarial na prestigiada Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Atuei em grandes empresas na área administrativo/financeira. Conheci ótimas
pessoas (e outras nem tanto) do mundo corporativo. Casei-me em 2007e tive uma
bebê no ano de 2010.
E foi no ano de 2013 quando achei que a vida estava perfeita, foi que ela
me surpreendeu e deu uma reviravolta. Depois de quinze anos atuando nas áreas
administrativa e financeira e finalmente trabalhando na empresa dos sonhos, com
família formada e a minha filha ainda bebê (Beatriz tinha apenas dois anos de idade),
tive que deixar o mundo corporativo... demitida.
Assim, nasceu uma mãe empreendedora.
	Cheia de garra e fé na vida, diante da dificuldade para conseguir uma
recolocação no mercado, uma vez que as empresas exigiam disponibilidade total de
tempo, algo de que não poderia dispor, pois minha filha precisava muito de mim. Não
pensei duas vezes e entrei de cabeça no mundo do empreendedorismo.
Com apoio do marido, comecei a estudar tudo o que dizia respeito a Marketing
Digital, fazer cursos e consultorias no Sebrae; entre tantos, o curso Empretec. Tornei-
me Empreteca, o que me proporcionou uma mudança comportamental que não teria
sido proporcionada no mundo corporativo.
	 Há pouco mais de três anos, vivo um sonho que se tornou realidade graças a
meu esforço e persistência. Montei uma loja virtual de roupa infantil, visando atender
às necessidades das mamães que trabalham fora e não têm muito tempo em buscar
roupa infantil de qualidade e preço justo; uma realidade que vivi quando estava no
mundo corporativo.
Esse desafio que requer muita dedicação, pois minha experiência sempre foi
na área financeira, e isso também representa a consolidação da paixão e da vontade
numa rotina de trabalho que se encaixa perfeitamente à minha necessidade. Isso me
permite ser dona do próprio tempo e conciliá-lo com a educação e acompanhamento
do crescimento de minha filha e a atenção à família.
Quando saí do mundo corporativo, além das atividades de meu E-commerce e
cuidados com minha família, também consegui conciliar a atividade com elaboração e
revisão técnica de material didático para uma grande editora.
Sempre tive uma veia empreendedora, pois antes mesmo de entrar no mercado
Quais de mim você procura?
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de trabalho, já trabalhava com minha mãe, vendendo no colégio, coxinhas e esfihas
que ela fazia. Também ajudava a fabricar e vender pão caseiro e pamonha, vendendo e
entregando de porta em porta. Essa experiência foi muito importante para mim, pois
assim fui desenvolvendo habilidades de vendas e de contato com clientes. Porém, a loja
virtual foi meu primeiro empreendimento formal.
Para mim, ser empreendedora é fazer a diferença na minha vida, na vida de
minha família e na sociedade. Meu maior orgulho é ter transformado minha própria
história, de origem humilde a funcionária de multinacional e, depois de desempregada,
empreendedora, empresária e motivadora, ensinando e crescendo junto com outras
guerreiras. Sempre digo que dias melhores virão!
Erica Biondo
Quais de mim você procura?
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Nada muda se eu não mudar!
Quanta honra ser convidada a participar deste projeto maravilhoso, mas
ao mesmo tempo um frio enorme na barriga, um grande desafio em escrever, uma vez
que não me acho boa nisto.
Minha história de mãe empreendedora se inicia no Japão, onde morei por
quase 20 anos. Casei-me e no mês seguinte desembarcava no Japão com o pensamento
de que ficaríamos por lá de 2 a 3 anos e voltaríamos. Mas com o tempo vimos que não
seria assim... Passados 6 anos resolvemos que já era a hora de termos um filho, então
começaram nossos planos... eu queria ter meu filho e poder curtir este momento de ser
mãe, e como isso seria possível? A rotina louca de uma jornada de 12 horas de trabalho
diários ou até mais inviabilizava esse sonho.
Foi então que resolvi que minha renda não seria mais como empregada de uma
fábrica. Iria revender produtos trazidos do Brasil, e ter uma equipe de revendedoras.
Estava pronta para a gravidez... então que venha a gravidez!!!!
E ela veio. Em 2003 nascia meu primeiro filho, um lindo menino. Vivenciei
com intensidade essa experiência única de ser mãe. Curti todos os momentos, fases,
preocupações, alegrias, e me vi a mulher mais feliz do mundo.
Quandomeufilhocompletou1anoe6meses,asvendasjánãoeramcomoantes.
Eu queria muito voltar ao Brasil para apresentar meu filho a família e principalmente
a minha avó, que nesta época já apresentava problemas de saúde. Meu pequeno era
seu primeiro bisneto. Precisava ter reservas para isso. Então voltei a trabalhar numa
fábrica como a maioria. Coloquei meu filho numa escolinha japonesa. Trabalhava
agora 8 horas por dia, para assim ter como dar atenção ao meu pequeno. Creio que
Deus sabe tudo que faz, e nos prepara o melhor.
Passado 1 ano viemos rumo ao Brasil, ficamos 3 meses por aqui. Minha avó e
toda a família puderam conhecer nosso reizinho. Regressei ao Japão sabendo que teria
que voltar a trabalhar a uma fábrica para nos erguermos das despesas que
havíamos tido com a viagem, enfim essa é a vida.
Meu filho, com a idade de 3 pra 4 anos, seu pai me chama para uma conversa e diz:
– Chega. Não dá mais, não quero mais... nunca fui feliz ao seu lado, e quero a
separação!!!
Como assim ? nunca foi feliz ? foram quase 10 anos de casados. Sentia como se
um tsunami passasse sobre mim.
50 Mães empreendedoras que chegaram lá
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Mas fazer o quê? Aceitei a situação, peguei meu filho e sai de casa. Na época
meus pais moravam lá. Fiz nossas malas e fui para casa deles. Fomos recebidos de
braços abertos.
Entretanto estou só, com um filho nos braços. Por maior que tenha tido o apoio
de meus pais, e eles me apoiaram muito, como sustentar meu filho agora?
O valor que o pai disponibilizava não supria todas as necessidades de nosso filho.
Nunca tive medo de trabalhar, e contando com ajuda de meus pais, recomeçaria
novamente.
Minha mãe se tornou sua segunda mãe, buscava-o escolinha, dava banho,
alimentava-o, e muitas vezes colocava-o para dormir, pois eu trabalhava, além das 8
horas diárias, de 4 a 6 horas extras, de segunda a sexta, e aos sábados trabalhava até às
20 horas na fábrica, e ao sair, me dirigia a outro trabalho - um bico, onde trabalhava
até as 6 horas do dia seguinte .
Meu filho estranhou, chorou, queria entender o porquê, mas com o tempo foi
se adaptando. Muitas vezes meu coração se partiu por vê-lo assim, mas fiz o que achei
ser o necessário, afinal não queria que faltasse nada a ele . Fiquei nessa vida louca 1
ano e meio quando conheço um novo ``amor``. Mas avisei: “nada de filhos e nem de
casamento de papel passado”. Na verdade acho que ele adorou a ideia, pois não é uma
pessoa de assumir grandes compromissos.
Meu segundo marido me apoiava em todas as loucuras que quisesse fazer.
E nesse momento decidi que não queria continuar numa fábrica, e lá vou eu
novamente empreender trabalhando com maquiagens importadas, via China e USA.
Aproveitei minha formação de Maquiadora Profissional para me associar a uma
maquiadora renomada. Inicio ministrando cursos por todo Japão.
Para nossa surpresa surge a suspeita da segunda gravidez. Tenho que ir ao
médico, fazer exames.
No dia da consulta, chamo meu marido, e digo que vou conversar com o
médico, e saber quais os reais riscos que corro, afinal estou na casa dos 40 anos, como
também apresento hipertensão gravídica.
Preocupo-me, pois se algo me acontecer o que será do meu filho, e deste que
está a caminho? Afinal meu segundo marido não é uma pessoa que teria condições de
criar um filho pequeno sozinho.
O médico me diz que não tenho com o que me preocupar, fazendo todo meu
pré-natal estaria tudo bem e seguro. Diante disto não tive a menor sombras de dúvidas
que teria meu segundo filho. Ele seria tão amado e querido como o primeiro.
Mas com a notícia de confirmação da gravidez meu mundo desaba. Meu
casamento desestabiliza.
Mentiras, histórias mirabolantes, fantasias, raiva, ódio, separação. Infelizmente
até hoje não sei dizer o que realmente aconteceu. Qual o motivo.
Voltei do hospital com minha mãe me questionando se deveria ter esse filho, e
minha irmã colocando pilha pra que não levasse essa gravidez adiante, sem entender,
Quais de mim você procura?
47
até os dias de hoje,o porque disso tudo. Foram criadas histórias, que quando calma e
tranquila, conclui que não eram bem como minha irmã insistia em dizer. Mas meus
pais já estavam com ódio do meu marido e tinham a certeza que 100% do que minha
irmã dizia a verdade. Minha mãe insiste que não deveria seguir com a gravidez. Tento
entender o lado dela, a preocupação.
Mas o maior absurdo que ouvi foi minha irmã dizer: “agora que sou evangélica
sou contra o aborto, mas vou te arrumar uma família que não pode ter filhos, eles
arcarão com todas suas despesas, e quando a criança nascer você a entrega”.
A essa altura dos acontecimentos eu não queria mais saber se eu machucaria
alguém com minhas atitudes, afinal eu estava ali sendo massacrada, ao invés de viver
o momento mais lindo e sublime para mim, a minha gravidez.
Respondi a ela, sem titubear: “você não é mãe, não tem noção o que é sentir
uma vida crescendo, se desenvolvendo. É muita emoção e amor envolvidos. Você acha
que sou capaz de entregar um filho meu? A única vez que me passou pela cabeça a
possibilidade em interromper essa gravidez foi antes de conversar com o médico e
saber se eu e o bebê correríamos risco de morte.
A situação ficou insustentável. Decidi que era hora de sair de lá. E lá fomos nós,
eu e meu filho, sozinhos, para um apartamento, longe de todos, onde ninguém saberia
onde estávamos. Meu filho continuou convivendo com meus pais, mas com minha
irmã cortei relações.
Continuei na batalha, e meu marido não sabia o que queria, dizia-se magoado
com tudo, mas ao mesmo tempo dizia querer estar perto do filho.
Nesse momento pensei com o coração: “não quero um filho sem pai”. Acabamos
voltando. Meu marido não era o melhor marido do mundo, mas era um bom pai e me
apoiava em tudo.
Minha segunda gravidez foi muito conturbada. Sofria, chorava, me via sozinha.
Culpava-me por não ter como dar, ao meu filho que chegaria, ao menos metade
do que o primeiro teve. Mas o mais triste e impactante foi o dia do nascimento do meu
segundo filho. Eu sozinha no hospital. Quanto chorei. Pedia perdão ao meu filho por
tudo que estávamos passando, por estarmos sozinhos, só nos dois... e Deus.
Mas minha mãe, que apesar de tudo, é mãe, chegou na madrugada no hospital.
Ficou comigo e viu meu filho nascer. O pai dele veio depois de trabalhar o dia todo.
Mas o mais emocionante e belo foi quando meu filho mais velho chegou no hospital
para conhecer seu irmão... Quanto amor, quanto carinho ... nesse momento eu tive a
certeza que esses eram os homens de minha vida, meu dois filhos !!!!
Voltamos para casa e fui registrar meu filho, sozinha. Pelo governos japonês
eu aceitava que fosse assim, e pelo governo brasileiro, mesmo não estando certo, fui
protelando e esperando que o pai fosse comigo registrar nosso filho, mas isso não
aconteceu.
Não sei o porque até hoje dessa postura. Ele sempre enrolou e nunca deu uma
justificativa.
Quais de mim você procura?
48
Aparentemente amava nosso filho e nossa família, como pai tinha qualidades e
defeitos, aliás como todo mundo. Fui levando nossa vida com altos e baixos, até a hora
que decidi voltar ao Brasil !!!
Em 6 meses resolvi tudo, me preparei , preparei as crianças e decidi.
Vou nem que seja sozinha com as crianças, afinal já batalho tanto aqui, porque
não batalhar no meu próprio pais? Fui criticada e julgada por todos: famílias, amigos,
mas mesmo assim, a decisão era essa: Eu vou !!!
E eu vim.
Recomecei minha vida no Brasil, com dois filhos, e com o apoio do meu pai,
que também resolveu retornar ao Brasil. Meu pai me disse:
– Já estou velho , mas posso lhe ajudar cuidando dos meninos enquanto você
procura se virar.
Desde que cheguei sabia que teria que empreender. Procurar um emprego CLT
sequer passou pela minha cabeça, pois estar ausente do mercado de trabalho por quase
20 anos diminuíram muito minhas chances.
A vida se encarregou e me levou, cada vez mais, para o mundo do empreende-
dorismo feminino. Comecei a fazer parte de grupos, via Facebook, comparecendo a en-
contros, oficinas, workshops , e conhecendo pessoas, entre elas várias empreendedoras.
Paralelamente comecei a vivenciar o mundo do MMN (Marketing Multinível), e
ameiestemundo.Identifiquei-me.Epercebiquesãopoucasasmulheresque acreditam
e pensam nele como  um empreendimento. Resolvi desmistificar, me especializando.
Hoje é um dos trabalhos que desenvolvo.
Nesse universo do empreendedorismo conheci pessoas maravilhosas. Surgiram
excelentes parcerias, muito aprendizado, grandes amizades e até uma sociedade.
Esta é, resumidamente, minha vida de empreendedora e mãe.
Hoje,após1anoemeiodevoltaaoBrasil, possodizeravocêsqueestoucaminhando,
com a certeza que estou no caminho certo. Sou muito mais feliz aqui, e creio que vencerei.
Num próximo livro, quem sabe, estarei contando os meus maiores sucessos!!!!
Afirmo com toda a convicção a vocês que depois das minhas decisões e
mudanças de atitudes, encontrei meu caminho, afinal nada muda se eu não mudar!!!!
Erika sakugawa
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  • 5. Quais de mim você procura? 5 Transformando SONHOS em um negócio com propósito! ............. 0 Adriana Valente “Sou mulher, sou guerreira. Eu posso tudo!” ...................................... 0 Ana Bianca Ciarlini Ser Mãe, isso dá Negócio .................................................................................... 0 Andrea Gasques Como encontrar o seu empreendimento de sucesso ...................... 0 Bruna Betoli Vidas Transformadas .......................................................................................... 0 Carol marcan A MÃE, A FILHA E AS VACAS ...................................................................................... 0 Dalva Regina reviravoltas, recomeços e conquistas ................................................... 0 Deise Pinheiro Mãe com Excelência ............................................................................................. 0 Diana Cândida de Oliveira Dedicação para crescer .................................................................................... 0 Edna Magda Ferreira Góes Um quadro em branco e uma vida passada a limpo ........................... 0 Eliana Araújo Sonhe,acrediteenãotenhapressa...oqueéseu,estáreservado!!!...00 Élide Soul Por que não mãe e também empreendedora? ....................................... 00 Erica Biondo Nada muda se eu não mudar! ........................................................................ 00 Erika sakugawa Um “raio” cai duas vezes no mesmo lugar: raios de bençãos! ... 00 Érika Stancolovich DEPOISDECERTOTEMPOTUDO QUENOSÉESTRANHOSETORNAFAMILIAR ... 00 Erika Zoeller Veras E AGORA? MÃE OU EMPREENDEDORA... ................................................................ 00 Gabriela Silvério QUANDO TUDO DIZ QUE NÃO... CONTINUE QUE NÃO É O FIM... ................ 00 Gezane Almeida SUMÁRIO
  • 6. Quais de mim você procura? 6 {Entre nós} ............................................................................................................... 00 Ivete Costa Reinventar-se é acreditar no melhor, sempre .................................. 00 Janaína Graciele A vida de trás pra frente ................................................................................ 00 Juliana Albanez Ousar ser ................................................................................................................... 00 Juliana de Oliveira Souto Faltou colocar o título do texto .......................................................... 00 Katia Camargo ME DESCOBRINDO E ENTENDENDO OS PLANOS DE DEUS ............................. 00 Kátia Miranda TEM UM CNPJ EM MINHA VIDA ................................................................................ 00 Katia Teixeira DESISTIR NÃO É OPÇÃO ................................................................................................ 00 Ligia Dutra Zeppelini Empreendedorismo de Mãe é diferente? ................................................ 00 Lilia Martins Quão doce é a palavra mãe... ......................................................................... 00 Lilian Fernandes Renascimento! O poder de transformação e o milagre da vida ... 00 Lilian Isabel Sarturato de Sales, “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...” ............................... 00 Liz Vargas Jamais substime o quão poderosa uma mulher pode ser ............ 00 Luci do Carmo Santana O deserto de cada um... ..................................................................................... 00 Malu Neves RENOVAR A CADA AÇÃO ............................................................................................ 000 Marcilene Evangelista A Jornada Mágica: Um Chamado à Aventura ................................... 000 Maria Almeida Como traduzir o amor ................................................................................... 000 Mônica Pires Rodrigues Amor Incondicional ........................................................................................ 000 Nara Lygia Leme Brisola Caseiro CHEGOU A HORA DE MUDAR O RUMO DA SUA HISTÓRIA ............................ 000 Patrícia Duarte Reconstruindo a filha do empreendedor ......................................... 000 Patrícia Pereira
  • 7. Quais de mim você procura? 7 Minha família, meu alicerce ....................................................................... 000 Pepita Busta Pignocchi EU, MÃE EMPREENDEDORA - AMOR, SUPERAÇÃO E CONQUISTAS ............ 000 Priscila Molino UMA IDEIA PODE MUDAR TUDO ............................................................................ 000 Rafaela da Silva Caetano Nunca é tarde para se realizar... ............................................................. 000 Ramy Arany Primeira posição... plie... nado borboleta, nado cachorrinho... poesias sem fim... ................................................................................................... 000 Regina Alvares Ser Mulher... inspiração e amor... ............................................................. 000 Rita Rocha A chance de dar tudo errado era tudo que eu tinha ............... 000 Rosangela Machado Era uma vez uma menina, hoje mulher que acreditou nos seus sonhos... ................................................................................................................... 000 Roseli Cunha “Ser mãe é ir além de procriar: amar e criar!” .................................. 000 Selma Lourdes Favero Fincatto FILHOS: NOSSA MELHOR PARTE .............................................................................. 000 Sueli Campos UM NEGÓCIO PERFEITO PARA MIM ...................................................................... 000 Taís Bonilha NASCE MINHA FILHA, NASCE TAMBÉM UM EMPREENDIMENTO ............... 000 Tatiana Sklarow
  • 8. Quais de mim você procura? 8
  • 9. Quais de mim você procura? 9 50 Mães empreendedoras que chegaram lá Transformando SONHOS em um negócio com propósito! Muitos me perguntam como me tornei empreendedora e a resposta é simples, eu sempre fui e não sabia! Desde criança eu sempre gostei de empreender e inovar, enquanto minhas amigas se preocupavam em gastar dinheiro, eu pensava em como ganhar. Filha única, de pais nordestinos, família humilde, minha maior meta era entrar na tão sonhada faculdade, graças a Deus eu consegui, com muito esforço e dedicação. Fiz Gestão em Marketing de Varejo, Graduação em Propaganda e Marketing e MBA em Gestão Empresarial. Quando meu filho nasceu o assunto maternidade me deixou “super” apaixonada. Eu só tinha olhos para ele. Quando chegou o momento de voltar da licença maternidade eu fui demitida e decidi cuidar do meu filho. Porém, esse prazo normalmente tem validade, quando ele completou 01 ano me veio a inquietude de fazer alguma coisa, mas eu não sabia o que fazer. Não queria apenas uma estabilidade financeira, queria fazer algo que estivesse alinhado com meu propósito de vida, onde eu pudesse compartilhar com o mundo aquilo que eu tinha de melhor, ser feliz e fazer aquilo que me alegrasse. Em meio a tantas dúvidas e incertezas comecei a pensar, o que eu poderia fazer e, além disso, como ter meu tempo flexível para cuidar e acompanhar o crescimento do filho. Nesse universo de incertezas eu percebi que eu não estava sozinha e tinha centenas e até milhares de mamães na mesma situação, perdidas sem saber o que fazer. Foi ai que comecei a TRANSFORMAR meus SONHOS em NEGÓCIO, e decidi partir para ação! Em fevereiro de 2015 eu criei a Comunidade Empreender Mulher, que iniciou com um grupo no Facebook e depois, uma plataforma online com conteúdos criados de maneira colaborativa, de empreendedora para empreendedora! Conectando mais de 54 mil mulheres no mundo. Ao longo do tempo surgiram muitas iniciativas e negócios, gerando assim um impacto socioeconômico em nosso país. Meu negócio dos SONHOS! Com esse projeto eu consigo compartilhar com o mundo aquilo que eu tenho de melhor, que são minhas consultorias de negócio e marketing, onde ajudo
  • 10. Quais de mim você procura? 10 empreendedoras que desejam começar ou desenvolver seus projetos a se posicionarem no mercado de uma maneira estratégica. Cada consultoria que eu faço é muito mais que um trabalho, é uma conquista! Eu choro e vibro com cada projeto que nasce e tendo um prazer em tudo isso! Esse é o meu negócio, é a minha PAIXÃO!!! Amo o que faço e faço o que amo . Além disso, faço palestras pelo Brasil e no Exterior, compartilhando meus conhecimentos e minha história com o mundo! Também realizamos eventos presenciais em diversas cidades do país, com o objetivo de levar conteúdo de qualidade, incentivando o empreendedorismo feminino e principalmente motivando as participantes a irem em busca dos seus sonhos e objetivos de vida! Enfim, transformando seus SONHOS em negócios! Empreendendo seus talentos! Será que não seriam aqueles quitutes que você manda muito bem na cozinha, ou aquele artesanato que você tanto ama fazer? Quem sabe montar uma loja virtual, costurar, ajudar outras pessoas através de consultorias naquele assunto que você entende muito pode ser o seu negócio? Não importa o que seja, mostre para o mundo aquilo que você tem de melhor! Você também poderá contar sempre comigo para te ajudar nessa jornada onde a força e determinação são fundamentais. Eu acredito em você e se EXISTE UM SONHO, FAÇA ACONTECER!!! Acredite e “Cuidado com seus SONHOS, eles podem e vão se tornar realidade”. Tenha fé em Deus e muita atitude para realizar e fazer a diferença no mundo. Tenho uma SURPRESA para VOCÊ que acabou de ler a minha história!!! Me mande um e-mail agora com o assunto: EU TENHO UM SONHO e ganhe uma sessão de consultoria cortesia . Grande Beijo e espero você! Adriana Valente Mãe Empreendedora | Consultora de Marketing | Fundadora do Empreender Mulher www.adrianavalente.com.br www.empreendermulher.com contato@adrianavalente.com.br
  • 11. Quais de mim você procura? 11 “Sou mulher, sou guerreira. Eu posso tudo!” Sou a Ana Bianca Flores Ciarlini, tenho 46 anos e santista com muito orgulho! Pertenço a uma família tradicional. Meu pai, Ítalo Orlando Ciarlini, era nordestino. Minha mãe, Ianyra Flores Ciarlini, uma “carioca da gema”, assim ela confirma. Do amor de um jogador de futebol do Ceará, que não resistiu aos encantos da bela professorinha da cidade de Araruama (na região dos Lagos) em breve tempo casaram-se. Dessa união amorosa nasceram 7 filhos. Sou a caçulinha! Mamãe ao relembrar sua poesia “Fortuna” declarou: “Eu tenho duas rainhas, cinco reis... bela fortuna se diz”! A minha mãe sempre foi muito rigorosa e falante. Papai, suavemente observador e engraçado. Formavam um casal amoroso, equilibrado e gracioso. A partir dos exemplos de respeito e construções vividas no cotidiano, percebi claramente a liderança matriarcal, especialmente nas situações difíceis - mamãe tinha mesmo o comando. Outra pessoa, muito importante na minha vida, foi minha irmã Andrea di Paola (seis anos a mais do que eu). Minha “musa” inspiradora; a minha bailarina, patinadora e que tornou-se uma Educadora física. Nela, me espelhava totalmente. Sua beleza (física e espiritual) a tornava um ser de luz, movida pelo lindo sorriso, astral bom e muito caridosa. Perdê-la, com apenas 27 anos, foi um momento indescritível de muita dor na minha vida. Em segunda união, sou casada com o meu querido companheiro, parceiro, “pau pra toda obra”, Ricardo Luiz de Oliveira, com quem divido o meu amor e cumplicidade há 10 anos. Sou mãe do Felipe, meu único e amado filho, hoje com 19 anos, um belo jovem cursando a Universidade. Faz Publicidade . Assim, movida pelos valores morais e o amor maternal, fundamentais para a nossa união familiar, encarei cada dificuldade como aprendizado, o que só me fortaleceu. Foram muitas as superações e com elas redescobri-me. Novos horizontes acenaram. Desde a infância mostrava uma certa liderança, fossem nas brincadeiras infantis, no esporte ou nas aulas de dança.. Ah, a experiência mais gratificante: a dança! Vencer e aperfeiçoar-me sempre me inspiravam! A dança tocou a minha alma por 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 12. Quais de mim você procura? 12 inteiro. E já na adolescência, ditava a “moda do belo” foi quando resolvi empreender e passei a vender a “moda de praia carioca”, ali aflorava “a empreendedora”. Ôpa! Sem dúvida, ingressei na comercialização de trajes esportivos para ginástica “fitness” que tornou-se a minha atividade de trabalho e rentabilidade até chegar a hora de encarar a Universidade e realizar o meu sonho: Licenciatura plena em Dança. Moro na capital mais feminina (54,13% de mulheres) e uma das mais idosas do país, por isso priorizei este segmento em minhas escolhas profissionais. Assim, há 10 anos, existe o projeto “Vibra Vida” que tornou-se um método conceituado em técnicas de dança, embasado no conceito do Envelhecimento Ativo. Tornei-me coreografa do Grupo de Competição da Terceira Idade da cidade de Santos, resultado nunca conquistado para a nossa cidade. O “tricampeonato” consecutivo nos Jogos Regionais do Idoso foi uma avalanche de alegrias. Atualmente,souprofissionaldaPrefeituradeSantosem trabalhointergeracional e construtivista, executado nas Secretarias de Educação (crianças/adolescentes) e na área de Esportes (adultos e idosos). Mais além, sou voluntária através da dança adaptada na ABASE (Associação Beneficente de Assistência Social ao Excepcional “Centro de Convivência Maria Helena”) com público alvo para jovens, adultos e idosos que possuem deficiência intelectual ou múltipla. O que me mais me encanta é o poder transformador que a dança tem. Através dela, nos tornamos melhores, mais sutis. O Projeto “Vibra Vida” cresceu e está mais completo ao abraçar também Ações Sociais. Ser uma líder movida pela determinação da atleta que um dia fui, aliada a eterna busca por projetos maiores, o destino lançou-me um novo caminhar diante da vida. Com essa proposta ingressei nos caminhos da política, resgatando o seu verdadeiro significado, segundo os gregos: “o que cuida da comunidade”. Muito centrada a lutar por uma maior representatividade feminina, busco melhorias para os idosos que tanto admiro, além de uma visão ampliada para os deficientes e crianças, todos no meu pensamento e coração. Tendo a certeza absoluta de que a educação é uma poderosa ferramenta de transformação em nossas vidas, aceitei o desafio e sou candidata a Vereadora em Santos – SP. Nessa conduta, penso que a sociedade pode ser melhorada, abarcando com mais sensibilidade as reivindicações humanas, sejam pelos relacionamentos, sentimentos, modos de ser, de estar, de agir e de se manifestar. Considero, por fim, que as “mulheres que fazem a diferença” são muitas em várias áreas de atuação no Brasil inteiro. Elas merecem destaque. Há um novo cenário que vem descortinando a importância do feminino na vida pública. Somos, na maioria dos países do mundo, um contingente crescente populacional se comparado aos homens. Na política brasileira, a mulher é uma desconhecida. Precisamos romper com
  • 13. Quais de mim você procura? 13 as barreiras: desafiar e incorporar nossa atuante presença para que estes números estabeleçam condições de justiça e igualdade perante aos homens. Por isso mesmo, enfrentarei as eleições com a dignidade que sempre me inspirou. Seja qual for o resultado, considero um privilégio chegar até aqui. Ana Bianca Ciarlini
  • 14. Quais de mim você procura? 14 Ser Mãe, isso dá Negócio. Aos23anosdeidade,encontrei-mecasadaemãededoislindosmeninos. Prazer. Meu nome é Andréa Gasques Pacheco Nogueira. Sou empreendedora! Minha vida não tem histórias de grande superação. Minha vida é feita de experiências. Não empreendo por necessidade, mas por oportunidades, por gostar de ser desafiada, por curiosidade e por querer fazer o bem. A maternidade me levou a empreender sim, mas não por querer estar mais tempo com meus filhos, mas por me mostrar novas ideias e novos mundos. Venho de uma família de empreendedores. Desde criança frequentava o ambiente da empresa. Aos quinze anos, assumi responsabilidades e comecei a trabalhar efetivamente na corretora de seguros da família. Segui o caminho natural e me graduei em administração de empresas e, por meu próprio gosto, especializei-me em Marketing. Eu não havia planejado ser mãe e isso nem fazia parte dos meus sonhos. Com a chegada dos meus filhos, algumas coisas mudaram muito. Uma delas é que minha sala se tornou um berçário. Com diferença de dois anos entre o Guilherme e o Gabriel, me vi entre papéis e fraldas por um bom tempo. Não imaginava a mãe que existia dentro de mim e nem como era bom ser mãe. Hoje entendo porque muitas mulheres saem de seus empregos formais para empreender. Eu pude acompanhar o crescimento deles, meu tempo quem fazia era eu e eles estavam sempre comigo. Com 3 anos de idade o Guilherme já frequentava a escola. Sim começou pequeno, pois com a chegada do Gabriel escolhi colocá-lo numa escola para que ambos, eu e ele, tivéssemos nossos momentos e pudesse ter meu tempo com o Gabriel. A escola mandava tarefas para serem feitas em família e foi através de uma dessas tarefas que nasceu meu primeiro negócio. Um dia, o Guilherme precisou fazer uma atividade para a feira cultural da escola. Tinha que fazer um instrumento musical; não fazia ideia do quê e nem como fazer. Então fui pesquisar procurar ideias e foi aí que me deparei com um material chamado E.V.A. Fizemos juntos o seu trabalho que, por sinal, ficou lindo e foi muito elogiado. Vendo isso acontecer, pensei: “Isso dá Negócio!”. Era minha veia empreendedora pulsando. Foi então que criei minha empresa de produtos artesanais para decoração. A empresa chamava-se Deart’s Sonhos Possíveis. Apaixonei-me pela possibilidade de criar peças para pessoas ficarem felizes, deixarem a vida mais colorida, de tornar alguns 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 15. Quais de mim você procura? 15 sonhos possíveis. Fiz muitos cursos para aprender técnicas, conheci pessoas incríveis que se tornaram amigas e fiz parcerias com grandes empresas. Meu trabalho ia para buffets, escolas e festas. As pessoas encomendavam para dar de presente, atendia o Brasil todo. A internet nos possibilita isso, quebra barreiras. Fiz feiras de artesanato e demonstrações em lojas do ramo. Tudo era lindo, encantador e colorido. A satisfação de ver as pessoas felizes era incrível. O negócio atingiu sua maturidade, estabilizou-se, não crescia e nem diminuía. Isso acontece com a maioria das empresas. Novos clientes pararam de aparecer. Atendia aos mesmos, pois as pessoas sempre faziam aniversários, sempre tinha algum bebê chegando à família, as escolas sempre precisavam de alguma nova decoração. Então, a cada ano os mesmos clientes entravam em contato e faziam seus pedidos. Aquilo foi desanimando um pouco, pois já não trazia desafios, não havia novidades. Eu me encontrava num momento pessoal ruim; não pela empresa, mas por mim mesma. Não estava me sentindo bem, não tinha prazer no trabalho manual. Resolvi dar um tempo com meu negócio e cuidar de mim, pois sei que o problema estava em mim e que nada daria certo se não me cuidasse. Continuei a trabalhar na empresa da família, de onde nunca me desliguei totalmente. Dividia-me entre as duas empresas. Fazia meu trabalho e via meus filhos crescerem e aquela sala-berçário foi se adaptando ao crescimento deles. As coisas foram melhorando pra mim, aprendi neste tempo a importância de me valorizar, cuidei da cabeça e do corpo. Com a autoestima bem cuidada, comecei a sentir falta de ter meu negócio, de ser desafiada e de explorar ideias e usar a criatividade. Havia mantido amizades e parcerias que havia feito com minha empresa. Não abri mão do que havia conquistado, mesmo dando um tempo. Conversava muito com as amigas artesãs, acompanhava o trabalho delas e durante estas conversas, dava orientações sobre como elas podiam melhorar seus negócios, como divulgar seu trabalho, como legalizar o seu negócio, etc. Junto, também auxiliava em seu empoderamento como mulher empreendedora. “Isso dá negócio!”, pensei novamente. Sempre gostei do mundo dos negócios, do mundo das empresas. Sou fascinada comojogodoganha-ganhadesteuniversoempreendedor,criarestratégias,issosempre me fascinou. Desde criança, achava lindas aquelas mulheres de negócios, empresárias poderosas, mesmo elas sendo poucas, infelizmente. Sonhava, na época de criança, em ser executiva. Bem, não me tornei uma executiva, mas descobri o empreendedorismo. Retomando a história, havia observado que aquelas conversas com as amigas eram oportunidades de mudar o foco da minha empresa. Foi então que mudei o caminho: direcionei minha empresa de produtos artesanais para uma consultoria para artesãs, em especial na parte que mais gosto, que é o Marketing. Precisava aprimorar o conhecimento que tinha de base. Voltei a estudar; precisava reciclar meu conhecimento, pois o mundo vai mudando e novos conhecimentos vão chegando. Precisava aprender sobre novas
  • 16. Quais de mim você procura? 16 ferramentas, novos modelos de Marketing para atender bem quem precisasse deste serviço. Nesta busca de novos conhecimentos, encontrei vários grupos de mulheres empreendedoras e de empoderamento feminino. Aprendi muito, conheci histórias incríveis de superação, exemplos de grandes empreendedoras que, como eu, tinham sua família, filhos e sonhos. Isso me abriu novos horizontes. Via que o mundo era bem maior e que não cabia trabalhar somente com artesãs. Surgiram oportunidades de me desenvolver mais a cada dia, de redescobrir o que eu gostava de fazer, no que eu poderia contribuir para a sociedade, de trabalhar com isso e de ser feliz. O foco da minha nova empresa hoje não é somente artesãs, pois hoje atende a todo tipo de negócio. A maternidade nos dá certas habilidades que ajudam muito nos negócios: lidar com pessoas, acreditar que vai dar certo, saber dividir, lidar com conflitos e imprevistos. A maternidade nos deixa mais fortes de uma maneira incrível. Empreender e ser mãe não são tarefas fáceis. Em algumas situações, temos que nos dedicar mais à nossa empresa que aos nossos filhos, mas o lado bom é ver o orgulho deles estampados em seus rostos e acompanhando o dia-a-dia da mãe. Saber que estamos dando exemplos bons e deixando legados. Hoje, aos 36 anos, encontro-me casada e mãe de dois lindos rapazes. Eu e meus negócios somos resultados de todas as experiências vividas como esposa, mãe e mulher. Andrea Gasques
  • 17. Quais de mim você procura? 17 Como encontrar o seu empreendimento de sucesso Durante muito tempo, eu busquei minha missão de vida, minha razão de ser, do meu trabalho, de mim mesma. Sou de natureza questionadora, curiosa, investigativa. Respostas curtas e simples nunca me satisfizeram, só me tornaram uma incomodada! E talvez seja esse incômodo que me mova em busca das respostas a todas as perguntas. Na busca por descobrir o meu propósito, me tornei mãe. E a maternidade mudou tudo para mim. Antes, advogada com carreira promissora e em ascensão profissional. Agora, mãe, deixou de fazer sentido trabalhar loucamente por mais de 14 horas por dia para gerar lucro para a empresa, o escritório, o mercado... E sei que esse incômodo e a conclusão a que cheguei são muito particulares. Também sei, por experiência no contato com diversas mulheres-­mães, que esses são motivos que nos levam a enxergar no empreendedorismo o “caminho do meio”: uma forma de continuar a investir em uma carreira e ter tempo para também se dedicar ao que realmente importa. Para encontrar o seu caminho como empreendedora, o passo inicial é descobrir o que você busca. O que te move? O que te faz acordar todos os dias de manhã e ir à luta? Sendo mãe, como eu sou, a sua resposta primeira, aquela que o seu cérebro te condicionou a dar é “meu(s) filho(s)”. Linda resposta. Porque sim, nossos filhos são a razão de nossa batalha. O que eu quero que você pense é: o que TE move? O que vai além dos seus filhos, que te faz querer trilhar o caminho (seja ele qual for)? Fazer o que se faz pelo bem-estar dos filhos é sim uma maravilhosa razão e motivação. Mas eu quero saber o que está por trás disso. Como você espera se SENTIR e quem você quer SER sendo mãe de filhos fortes, saudáveis e felizes? Você quer se sentir realizada? Satisfeita com a vida, ativa intelectualmente, capaz? Eu poderia continuar listando exemplos infinitos aqui. O importante é que você consiga vislumbrar onde está o verdadeiro motivo: dentro de você. Esse motivo é que te fará levantar da cama todos os dias de manhã e 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 18. Quais de mim você procura? 18 continuar caminhando mesmo no mais sombrio dos dias, em que parece que está tudo dando errado. Será esse motivo que te permitirá continuar trilhando o caminho que você escolheu e a busca pelo seu objetivo. E qual é o seu objetivo? O que você deseja lá no fundo da alma? Sua resposta pode ser dinheiro, por exemplo. Todas nós queremos dinheiro. Só que o dinheiro pelo dinheiro não significa nada. Ninguém vai ver o dinheiro e dizer: agora sim!! O que o dinheiro vai trazer pra você? Conforto? Segurança? Tempo? Viagens? Diversão? O que você REALMENTE deseja? Na minha jornada, no meu caminhar, passei do descobrir que a advocacia não era pra mim, a que a maternidade não era suficiente e, finalmente, a me permitir SER quem eu gostaria de ser. Para me permitir realizar o que, no fundo da alma, sinto que é minha missão de vida: auxiliar pessoas a encontrarem soluções efetivas para a vida, para sua melhoria permanente. Uma jornada de autoconhecimento que possibilitou descobrir quem eu quero Ser e como quero me Sentir. E como essa jornada te levará a encontrar o seu empreendimento de sucesso? Empreender vai além de ter um negócio. Vai além de ganhar dinheiro. Empreender é também a construção de algo maior. Mesmo que esse “algo” seja nós mesmas. Meu primeiro investimento enquanto empreendedora foi em mim mesma, na minha descoberta do ser­, sentir e ­querer. A partir dessa descoberta, o negócio nasce. E é o ser, ­sentir­e querer que me move diariamente a persistir no negócio e me permite recomeçar, re­paginar, re­trilhar, quando o caminho se mostra inadequado ou insuficiente. Mais do que saber “o que”, a resposta que você precisa encontrar para ter seu empreendimento de sucesso é o seu “porquê”. Seu porquê te moverá. Te levará. Te guiará. E aí... Ah! Aí é trilhar a jornada, com a força, luta e garra que você já tão bem conhece em si. Bruna Betoli É mãe de 3 pequenos (Lila, Liam e Luc) e casada com o Ricardo. Empreendedora multipotencial, atua como coach em produtividade e é criadora do programa “Mãe Produtiva”, que auxilia mulheres-mães a serem mais produtivas para que possam se dedicar ao que realmente importa. www.maeprodutiva.com.br facebook.com/maeprodutiva
  • 19. Quais de mim você procura? 19 Vidas Transformadas. Ahistória do empreendedorismo na minha vida, se confunde com a minha história materna. Uma das minhas primeiras ações empreendedoras, aconteceram justamente porque eu engravidei. Era 2002 e eu tinha apenas 20 anos. Mas já carregava em meu ventre aquele que viria para despertar em mim a maior empreendedora que eu jamais tinha visto. Morava em Curitiba e vivia um relacionamento nocivo com o “traste”. Estava grávida e a situação financeira era péssima: quantas xepas de feira frequentei, quantos restos de bandejas em praças de alimentação comi, quanto papel higiênico de banheiro de shopping precisei desenrolar para levar para casa, entre outras privações. Para piorar, ainda era vítima de diversos tipos de violências e abusos e estava muito distante da minha família, no Rio de Janeiro. Éramos eu, Deus e aquele serzinho inocente que já dava sinais de traria consigo a mudança. E foi exatamente por ele que eu mudei. Estava no 7⁰ mês de gestação e não tinha sequer um alfinete de fralda para o enxoval do meu filho. Foi então quando uma amiga querida me mandou em uma carta, R$ 40 para que eu comprasse um presente para meu filho, um jogo de berço. Porém, se eu comprasse o jogo de berço para meu bebê, ele teria somente isso e não resolveria meu problema. Mas se eu investisse o dinheiro em algo, as chances de fazer um enxoval seriam maiores e a dor de ter dado errado, caso desse, seria bem menor do que a do arrependimento, de não ter tentado. Optei por tentar e rapidamente decidi no que empregaria aquela pequena grande fortuna que tinha em mãos: tinha assistido na televisão, uma certa vez, uma senhora ensinando a fazer coelhinhos de eva, um material emborrachado, com bombons na barriga, enfeitando. Era inicio de abril e a páscoa se aproximava, uma boa oportunidade de lucrar com a data. Fui pro centro, a pé para não gastar nada e comprei todo o material. Na volta, 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 20. Quais de mim você procura? 20 ainda achei uma cestinha de vime no lixo e com as sobras de eva, dei uma enfeitada nela e foi ali que coloquei todos os coelhos que produzi naquela noite. Sai cedo para vender meus coelhinhos no sinal. Não vou dizer para vocês que foi fácil. Mas não era impossível fazer dar certo. Batia nos vidros dos carros, parava os pedestres, sempre com um sorriso no rosto que acompanhava o discurso: “Estou vendendo esse coelhinho com bombom por um real, para fazer o enxoval do meu filho, você pode me ajudar?” A minha barriga era muito maior que a minha vergonha, o inchaço dos meus pés muito menores que a minha necessidade e dessa forma, passei quase um mês vendendo coelhos até as 16h, de forma que pudesse pegar o dinheiro conquistado em comprar mais material para vender no dia seguinte. Eu só tinha duas roupas de gestante: usava uma durante o dia e lavava quando chegava em casa e colocava atras da geladeira para secar, quando recolhia a outra para usar no dia seguinte. Ganhei uma cistite e uma infecção urinária, por ter que segurar o xixi por não ter onde fazer nas ruas, o frio também rachou meus lábios e calcanhares, desprotegidos diuturnamente. No domingo de páscoa, quando eu voltei pra casa depois de uma intensificação nas vendas feitas nas saídas da feirinha do Largo da Ordem, contabilizei mais de 3 mil coelhos vendidos. Eu havia juntado, em moedas e notas de 1 e 2 reais, quase 2 mil reais, o suficiente para um enxoval modesto para meu bebê. Porém, mais do que isso, eu sabia que de agora em diante, nada me deteria. Tanto que no dia que meu filho completou 6 meses, dei um basta naquela relaçao sem futuro, voltei para o Rio e não, nem tudo foram flores. Mas foram sementes, fertilizantes, ferramentas e água, os quais usei para cultivar o meu jardim. Foi pelo Gabriel, que trabalhei em diversas festinhas de criança, nas empresas dos outros, vindo posteriormente a montar minha equipe de garçons, o meu buffet escolar, que foi pioneiro e chegou a ser premiado pelo Sebrae em 2010, a minha casa de festas infantis, a minha empresa de consultoria e hoje, viajo todo o país, ensinando as mulheres que tem talento e querem empreender no ramo de festas infantis que elas podem ter sucesso, que se trabalharem direito e seguirem o que eu ensino, terão suas vidas transformadas por esse mercado tão democrático e inesgotável, que elas podem ser felizes e trabalharem, sendo prósperas, fazendo o que amam! Cada pessoa que passou na minha vida, colaborou de uma forma para o que eu sou hoje, cada colaborador, cada fornecedor, cada cliente, cada amigo, quem acreditou e quem não acreditou, mas em especial, a minha base, minha família, por que sem ela, nada teria sido possível. Sim, eu formei uma nova família, afinal, de que adianta o sucesso na rua se teria um fracasso no lar? Sou casada há 12 anos com um Príncipe Encantado, um homem de verdade, honesto, amoroso, trabalhador e cuja maior prova de amor que poderia me dar, além
  • 21. Quais de mim você procura? 21 de me apoiar em tudo incondicionalmente, é amar meu filho como se fosse dele e tem cumprido isso de forma exemplar. É meu advogado, contador e presidente do meu fã clube!rs Meus pais, meus maiores exemplos de honestidade, dignidade e me passaram o DNA do empreendedorismo e são responsáveis pelo meu caráter. Meu pai se levanta todos os dias as 5h da manhã para abrir sua padaria, desde antes de eu nascer e minha mãe sempre me incentivou a estudar, evoluir, sempre apoiou meus negócios e sei o quanto torce e ora por mim. E meu filho Gabriel, meu Deus, o que dizer de você? Uma criança que encanta a todos que o conhecem. Doce, meigo, educado, amoroso, carinhoso, inteligente...se deixar eu vou falar o dia todo dele e ainda não teria sido justa em citar todos os atributos. Nem sei se sou digna de ser sua mãe, mas eu não consigo mais imaginar a minha vida sem você, afinal, você é a melhor parte de mim, minha grande obra prima, sem você nada disso teria acontecido. Confesso que nem tenho mais coragem de pedir nada a Deus, só de agradecer: dei a volta por cima, tenho uma vida próspera graças ao empreendedorismo, uma família maravilhosa, saúde, bens materiais...um dia, em uma das minhas idas a Curitiba, eu disse para meu filho: “era nessa padaria que eu trocava dinheiro, moedas. Quantas vezes vim aqui, sentia o cheiro das delicias saindo do forno e não podia comprar, porque ia faltar para o seu enxoval. Hoje, nós podemos comprar o que a gente quiser aqui. Talvez, se não tivesse engravidado de você, estivesse ainda infeliz, sentindo somente o cheiro.” As vezes, você está ai, sentindo o cheiro e uma coisa eu te digo, se eu consegui provar, com tudo para dar errado, você também pode! Só depende de você! Que Deus lhe abençoe e faça prosperar o trabalho de suas mãos, te dando vida em abundância! Carol marcan
  • 22. Quais de mim você procura? 22 50 Mães empreendedoras que chegaram lá A MÃE, A FILHA E AS VACAS Todos os dias, às quatro horas da manhã, meu pai entrava no quarto onde dormíamos eu mais quatro irmãs e dizia, “Dalva, levante-se e vá buscar as vacas para o papai”. Então eu me levantava, pegava o cavalo e ia buscar as vacas que não vinham para o curral. Foi assim dos sete aos dezoito anos. Não entendia porque meu pai só chamava a mim, permitindo que minhas irmãs dormissem por mais uma hora. Nasci em José Bonifácio, uma cidade do interior de São Paulo, cresci em um sítio a 7 km da cidade. Todos os dias, depois de buscar as vacas, eu e minhas quatro irmãs, pegávamos a charrete e íamos para escola na cidade, voltávamos para casa às 13 h debaixo de um sol escaldante. Fizemos isto do primeiro ano primário até o 3° colegial. Em 1975, mudei-me para cidade de São Paulo com o objetivo de fazer faculdade. Não tinha a menor ideia de como seria a cidade grande ou mesmo qual curso escolher, mas sabia que São Paulo era o lugar que permitiria meu desenvolvimento. Formei-me em Processamento de Dados pela FATEC em 1981. Atuei na área de TI até 1990, porém sentia necessidade de provar que tinha capacidade de gerar meus próprios vencimentos e até rendas para terceiros. Engravidei em 1987, e minha filha nasceu no dia 8 de fevereiro de 1988. Já estava tudo planejado, os quatro meses afastada do banco eram o tempo necessário para começar meu primeiro empreendimento. Com apenas quinze dias do nascimento de minha filha, adquiri uma pequena empresa de prestação de serviço no ramo de confecção. Comecei do zero, fui aprendendo, fiz curso de corte e costura e, aos poucos, fui dominando o segmento. Em 1989, pedi demissão do banco para me dedicar integralmente ao empreendedorismo. Meu chefe não conseguia entender como eu podia deixar um emprego seguro, com bom salário, para entrar num mundo cheio de incertezas. Realmente ele tinha razão, logo no início do ano de 1990, veio o plano Collor e o início de muitas dificuldades. Na tentativa de passar pela crise, fiz minha primeira sociedade, o que não durou mais do que um ano. Em 1992, não resisti, fechei a empresa. Neste mesmo ano, meu marido ficou desempregado. Tentei voltar ao mercado de trabalho, mas o viés empreendedor foi mais forte e não permitiu que eu me vinculasse novamente a uma grande empresa. Nesse momento,
  • 23. Quais de mim você procura? 23 vi um anúncio no jornal O Estado de São Paulo, no caderno Negócios e Oportunidades, vi que uma rede de lojas procurava uma empresa de prestação de serviços em confecção. Recortei o anúncio, e na segunda-feira fui conhecer a empresa. Com a ajuda de uma costureiraeumapassadeira,conseguimosotrabalho.Aquiaprendioquanto éimportante preservar e respeitar os colaboradores. Sem nenhuma estrutura, comecei a confeccionar. Primeiro foram cento e cinquenta peças. Eram muitas para eu fazer sozinha, sem uma equipe formada ou lugar para trabalhar. Preparava o corte, comprava os aviamentos. Meu carro era minha empresa, eu não tinha endereço, informação que não podia chegar aos meus clientes, sob pena de macular a confiabilidade que estava desenvolvendo. Deu certo. A perseverança e o esforço foram recompensados e em seis meses minha empresa já fabricava seis mil peças por mês. Deixava minha filha na escola às sete horas da manhã, e saia para trabalhar. Eu era administradora, gerente, costureira, motorista, compradora, financeiro e chefe. Preparava o serviço para as costureiras, levava na casa delas no Embu das Artes, Campo Limpo, Barueri, Carapicuíba, Cotia, Perus, Serra da Cantareira, Grajaú, só voltava para casa quando terminava. Incontáveis vezes perdia o horário de pegar minha pequena na escola, momentos em que tinha que deixar meu orgulho de lado e pedir para vizinhos me ajudarem. Minha filhota ficava extremamente magoada, pois tudo que ela queria era ter um momento com sua mãe e ser buscada na escola como todas as suas colegas, mas nem sempre era possível. Até que em uma comemoração do Dia das Mães realizada no colégio eu não consegui comparecer. Foi o pior dia da minha vida. Obviamente, minha pequena, com toda razão, não se conformou, não conseguia entender a ausência da mãe. Ver o quanto aquilo machucou minha única filha foi sofrido demais para mim e para ela, por isso, decidi que nunca mais deixaria de ir às datas comemorativas. Foi um longo trabalho de reconstrução de confiança, pois daquele momento em diante ela não acreditava que eu estaria presente nos momentos importantes. Sabia do meu papel de mãe; era muito difícil cumprir a agenda de trabalho e de mãe, por isso acabei delegando parte de minhas funções maternas, para a colaboradora Josefa, que a buscava na escola, cuidava da alimentação, das roupas e brincadeiras. Como empreendedora de uma empresa em crescimento, férias era um luxo do qual eu não podia usufruir, missão que também deleguei. O que eu podia fazer e mais me preocupava era garantir uma boa educação à minha filha. Por isso, além de querer o sucesso da minha empresa, precisava dele. Era ele o meio de prover a mensalidade de uma das melhores escolas de São Paulo e, consequentemente muito custosa. Para demonstrar que apesar do tempo escasso eu era uma mãe presente e preocupada com seu desempenho na escola, mantinha o calendário de provas na porta da geladeira e, na noite anterior à prova, sempre perguntava o que ela tinha estudado, e se estava preparada, sempre acreditando em sua capacidade. Quando chegava novamente de um dia exaustivo de trabalho, logo
  • 24. Quais de mim você procura? 24 ia perguntando à minha filha como tinha sido a prova. Com isso, consegui criar um desafio e uma expectativa positiva em que minha pequena sabia que se estudasse e fizesse uma boa prova teria como recompensa uma mãe feliz e orgulhosa da filha. Porém, a vida de uma empreendedora, além dos desafios diários, também está sujeita a diversas dificuldades imprevisíveis e aparentemente intransponíveis. Em certo momento, minha empresa passava por grandes dificuldades. Não bastava ver o meu projeto lentamente desabando, recebi o golpe de misericórdia, um protesto de cobrança da escola de minha filha avisando que não seria possível mantê-la como aluna, pois as mensalidades estavam atrasadas. Não podia deixar isso acontecer, afinal, era a única promessa que tinha feito a mim mesma: garantir uma educação de excelência à minha filha. No mesmo dia fui à escola conversar com o financeiro. Expliquei minha situação, e como minha filha frequentava esta escola desde o maternal e era de extrema importância que ela não perdesse essa continuidade e estava em um momento crítico de desenvolvimento quando cursava o primeiro ano do colegial, a gerente financeira chamou o dono da escola. “Minha filha só conhece esta escola, e é aqui que vai fazer o segundo e o terceiro colegial, portanto não existe a menor chance dela não cursar todo o período. Por isso, temos que encontrar uma forma de pagar, posso fazer qualquer trabalho para escola, posso ir pagando conforme der, não sei como vamos fazer, mas minha filha vai concluir o colegial aqui”. Felizmente, o dono do colégio se sensibilizou com a minha situação e confiou na minha palavra, mandou baixar o protesto, e deu uma oportunidade de pagamento e permitiu que minha filha concluísse seus estudos no colégio. Não sei exatamente o que aconteceu, ou se efetivamente os fatos estão relacionados, mas, depois desta reunião, minha empresa entrou numa rota de crescimento e nunca mais faltou dinheiro para eu pagar meus compromissos. Acredito que esse momento de desafio, vendo minhas principais prioridades serem ameaçadas, já que não podia garantir minha presença em todos os momentos da vida da minha filha, que pelo menos garantisse que ela teria chances de ser alguém na vida, foi um basta para me dar forças e fazer com que lutasse mais ainda pelo meu empreendimento. A vida de empresária é assim. Às vezes precisamos passar por situações humilhantes, que funcionam como desafios para novas conquistas e aguçam nossa capacidade de persuasão e resiliência. Ser empreendedora e mãe não é só cuidar da empresa, gerar faturamento para pagar contas, empreender é ser capaz de liderar, de capacitar seus colabores, fazer com que seus colaboradores evoluam como cidadãos, principalmente no ramo de confecções em que a maior parte da equipe é formada por mulheres que também são mães e precisam cuidar de seus filhos, muitas vezes com menos condições financeiras do que nós, empreendedoras. Quando você decide empreender, precisa ter consciência de que tudo é com você, não tem uma grande empresa de apoio, setores que dividem a responsabilidade,
  • 25. Quais de mim você procura? 25 um chefe te endossando; toda responsabilidade e a consequência das decisões tomadas são suas, só suas. E ainda sendo mãe, é tudo com você, você tem que levantar lidar com os afazeres de casa, cuidar da filha, da sua educação, da sua formação e saúde. Mãe é só uma. Acordo todo dia sabendo que o meu dia tem um custo e que no final ele tem que ser coberto, e que se não conseguir faturar o suficiente, o dia seguinte começa mais pesado e mais difícil. Minha capacidade de persuasão é bastante grande; desde pequena nunca desisti de minhas atribuições. Depois da maturidade, fui entender que o que eu achava uma punição do meu pai, na verdade era um reconhecimento. Durante anos fui a filha escolhida para ajudá-lo porque, segundo ele, era a única filha que nunca voltava para o curral sem as vacas. Só fui tomar consciência e entender o significado desta frase, quando estava participando de uma licitação de fornecimento de uniformes do Ministério da Aeronáutica que em vinte e quatro horas, ganhei, perdi e recuperei a licitação. Realmente eu nunca volto para o curral sem minhas vacas. No meu dia-a-dia, só volto para casa depois de ter concluído todos os afazeres; nunca deixo nada para depois. Mesmos com todas as exigências e todo tempo dedicado à empresa, não deixei de cuidar de minha filha e fazer com que se tornasse uma grande mulher. Minha filha sempre me admirou e me teve como ídolo desde pequena. Ela sempre soube o quanto seu sucesso era importante para mim. Ela não quis trabalhar comigo na empresa, embora tivesse todas as condições de levar esta empresa com sucesso como provou em 2011 quando fizemos uma viagem para Europa e fiquei ausente por vinte dias. Minha filha cursou uma das melhores universidades da América Latina e optou por fazer carreira no poder judiciário do Estado de São Paulo. Fui acompanhar a prova, dar força e apoio para que ela se sentisse o mais segura possível. Funcionou, ela passou e hoje exerce um cargo de muito prestígio. Eu continuo como empreendedora, cheia de ideias e muito sonhos a realizar antes de me tornar avó. Dalva Regina
  • 26. Quais de mim você procura? 26 reviravoltas, recomeços e conquistas Em abril de 2002, me divorciei após quase 11 anos de casada. Entre namoro e casamento, foram 17 anos de minha vida dedicados a um relacionamento em que eu só me anulei, dia após dia. E aos 34 anos de idade, recomecei minha vida. Tive que recuperar minha autoestima, me redescobrir como mulher madura, independente e competente. Quase dois anos mais tarde, em 2004, por força de uma circunstância, aceitei o desafio empreendedor de ser uma empresária da Contabilidade, área na qual sou técnica e bacharel e na qual já acumulava 19 anos de experiência. Foi quando surgiu a Kian Contabilidade Ltda, em São Bernardo do Campo, constituída com mais dois sócios, atualmente Defato Contabilidade Ltda, localizada no município de Santo André. Neste mesmo ano de 2004, conheci um amigo de meus sócios, o José Roberto. Interessamo-nos um pelo outro, mas cada um permaneceu na sua. Com o passar do tempo, conversa daqui, happy hour dali, o apoio do filho mais velho do Roberto, o Renan, ele e eu começamos a namorar em setembro de 2005. Tão logo, eu conheci seus outros dois filhos, Ramires e Julia Vitória, à época com 11 e 4 anos, respectivamente. Primeiro fui apresentada ao Ramires, em um dia em que o Roberto foi ao meu escritório acompanhado dele. Era sério e de poucas palavras, parecia olhar para mim com cara de poucos amigos. Dois meses depois, conheci a Julia em um final de semana em que o Roberto os trouxe para passar conosco. Encontrei com eles na Praça Lauro Gomes, no Centro de São Bernardo do Campo. Eu estava tensa e apreensiva, perdida em meus pensamentos: faz tanto tempo que não convivo com crianças! Será que saberei lidar com elas? Será que irão gostar de mim? Será que sentirão ciúmes do pai e me olharão como a “Madrasta da Branca de Neve?”. Mas qual não foi a minha surpresa quando avistei aquela menina linda, morena, de cabelos pretos, com traços que lembravam uma indiazinha, com um bichinho de pelúcia nos braços e uma mochilinha nas costas, vindo ao meu encontro, com um sorriso contagiante, para me dar um abraço caloroso e amoroso. Neste dia, o Ramires estava com um ar mais amigável. Ufa! Meu Deus, como eu me sentia perdida. Eu não convivia com crianças, meu mundo era de adultos, pois, durante os dezessete anos em que vivi com meu 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 27. Quais de mim você procura? 27 ex-marido, eu me afastei do convívio familiar; não vi primos e primas nascerem e crescerem. Eu não conhecia os desenhos da época, as músicas infantis que estavam na moda, nada, eu não sabia nada de crianças. Eu somente pensava: se esta é a família que Deus preparou para mim, Ele irá me capacitar para um bom convívio, para auxiliar na educação e criação deles. Tão logo a Julia nasceu, o Roberto fez uma vasectomia irreversível e decidir casar com ele seria abrir mão do sonho de ser mãe (biológica). No dia 24 de março de 2007, nos casamos. Nesta época, além de administrar meu escritório, exercia a função de Conselheira Suplente no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – CRCSP (gestões 2006-2007 e 2008-2009) e também colaborava nas reuniões do Centro de Estudos e Debates Fisco-Contábeis – CEDFC, do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, em São Bernardo do Campo. Ao longo desses anos, muitas vezes, senti-me mal quando precisei chegar tarde a casa, por causa do trabalho ou por estar em alguma atividade das Entidades de Contabilidade, como se tivesse abandonado minha família. Nunca me esqueço do dia em que, ao sair para trabalhar, a Julia me perguntou: – Tia, hoje você chegará tarde de novo? Quando respondi que sim, ela me disse, com a voz triste: – Mas Tia, você só trabalha, trabalha, trabalha! Dei um beijo nela e fechei a porta com o coração sangrando. No entanto, passei a rever minha rotina para poder dedicar tempo com qualidade para minha família e para os filhos que Deus me deu. Sim, filhos! Não me sinto mãe deles pelo simples desejo de uma mulher ser mãe, mas pelo carinho, consideração e respeito que recebo de cada um deles; quando o Renan me chama de “Mamis”; quando o Ramires e a Julia me chamam de “Tia”. Até hoje, nunca me faltaram com respeito. Mesmo quando tive que dar duras broncas ou colocar disciplina, eles nunca ergueram a voz ou responderam com grosseria. Desde janeiro de 2015, a Júlia Vitória mora comigo e meu marido. O Ramires morou conosco por quase três anos, de 2008 a 2011. O tempo passou, eles cresceram e nossa família aumentou. Em setembro de 2014, o Renan se casou com a Bruna. Um pouco depois, o Menino, um cachorro vira- lata que adotamos ao visitar um projeto social de proteção e cuidados de animais, trouxe mais alegria para a nossa casa. Hoje, continuo enfrentado os desafios de gerir um negócio próprio, participar das diversas atividades das Entidades Contábeis, da organização de atividades na igreja em que congregamos - entre elas, o curso para casais -, cuidar da minha família. Atualmente contemplo a Julia aos 14 anos, começando a se tornar uma mulher, com todos os conflitos próprios da adolescência, mas ao mesmo tempo, com uma visão tão madura de coisas que a maioria dos adolescentes nem dão importância. Às vezes presto atenção em algumas coisas que ela fala e parece que estou me ouvindo falar. Ela usa termos e expressões que uso, até gestos, às vezes, são parecidos aos meus. E então percebo o quão generoso Deus é comigo. Percebo o quão gratificante é ter uma família sólida, pois, se assim não fosse, as conquistas profissionais e empreendedoras não teriam o mesmo valor. Hoje, eu entendo quando Deus falava comigo em Sua palavra, dizendo: “Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto e exclama, tu que
  • 28. Quais de mim você procura? 28 não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária do que os filhos da casada, diz o Senhor. Alarga o espaço da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades assoladas”, Isaias 54:1-3. Não gerei filhos no útero, mas os gerei no coração, e eles me receberam com amor, carinho e respeito. Cumpriu-se a Palavra de Deus! Deise Pinheiro
  • 29. Quais de mim você procura? 29 Mãe com Excelência Eu sempre quis ser mãe, mais precisamente ter dois filhos. Claro, um casal, pois queria viver os dois lados de educar, justamente porque passei por algumas situações durante a minha infância que não eram possíveis serem aplicáveis a uma criança e então cresci acreditando em uma educação e nela estou até hoje. Acertei! Tive dois meninos e algumas meninas... Era 1990 quando comecei um curso no Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -, vivíamos em nosso país uma crise, não tão grave como a que estamos enfrentando atualmente (2016), porque naquele tempo havia um grande crescimento industrial e o desemprego ocorria pela falta de mão de obra qualificada. Após a conclusão desse curso Modelagem Industrial Automobilística aos 17 anos fui desligada, porém, com a experiência logo fui admitida em outra empresa. Conheci meu primeiro namorado e a história começa aí... eu me apaixonei, começamos a namorar e em poucos meses veio o pedido de “prova de amor”. Resultado, em 8 de dezembro de 1993 com 18 anos trouxe ao mundo meu primogênito, Pedro Henrique. Do jeito que sonhei, loiro, dos olhos clarinhos, sagitariano, canhoto e perfeito, sim porque havia a expectativa após algumas declarações de que teria alguma má formação devido ao meu biótipo e problemas na gestação. Sozinhos, eu e ele vivemos fases na vida que ainda hoje não acreditamos que passamos juntos. Foram batalhas e mais batalhas, juízes, promotores de justiça, assistentes sociais, psicólogo, eles não mudaram o nosso amor e nem esconderam a verdade sobre a vida, até mesmo porque dinheiro nunca foi o que nos uniu; não vou contar os detalhes porque esqueci toda essa fase em algum lugar por aí. O que importa é que crescemos juntos, ele sempre soube do amor que tenho por ele e ele por mim. Quando ele tinha sete anos, veio a nova fase formamos uma família com um pai do coração maravilhoso e apaixonado por ele que contribuiu e contribuí muito para a formação do homem que é hoje aos 22 anos, trabalhador e independente. Desde pequeno trabalhamos juntos, ele sempre ao meu lado ajudando. Costumo dizer que meus filhos já nasceram e foram trabalhar. O Pedro me ajudou a trabalhar como manicure, fazer colar de contas para casa de umbanda, roupa de dança do ventre e dar aulas. Como precisava trabalhar então, 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 30. Quais de mim você procura? 30 ele ia e ficava na biblioteca da escola brincando quietinho enquanto eu ministrava as aulas de espanhol. Não o levava para empresa, porque não podia. Sempre foi muito maduro, aos 10 anos quando eu e o pai respondemos a pergunta: Pai, eu tenho uma década? Ele ficou maravilhado ao descobrir que em 10 anos já tínhamos viajado para vários lugares e feitos inúmeras festas, e que tinha feito inúmeros cursos inclusive sob responsabilidade da madrinha, enquanto eu estudava na Argentina ela cuidava dele ensinado a jogar pôquer. Segundo ele, as melhores férias. O tempo passou, até que chegou um dia ele disse que era hora de ter o tão sonhado irmão, que ele insistia em ter porque até o amiguinho Anderson tinha. Por que ele não? E em 2006 a família aumentou, mudamos para nossa residência oficial e nela chegou o caçula meu bombom Luís Otávio, fruto de uma relação intensa. A felicidade estava completa. Eu tinha um bombom branco e um pretinho sim, porque a mãe branquinha com o pai moreno já viu que criança linda que veio. O caçula nasceu até com a manchinha da mistura do chocolate e branco no bracinho do lado direito. Lindo! Era inquieto adorava uma arte e a felicidade reinava em toda a família. Adorava o clube e ama onde moramos, aqui tem seus amigos desde a infância. A vida dele nesses 10 anos é bem mais fácil que a do mais velho. A avó o pai e o tio, o irmão e os primos vivem juntos e assim com entendimento convivemos em família. Com dois filhos, uma casa e uma família completa incluindo a Lili, a caçula da casa uma shih-tzu, cor champanhe para brindar a nossa felicidade vieram os desafios e oportunidades. Quando o Luís completou um ano as necessidades surgiam, era hora de despertar para a vida profissional de novo. Após o fim da licença maternidade fiz um acordo e fui dispensada da empresa; aproveitei o segundo semestre do ano de 2006 para continuar curtindo minha nova fase. Na necessidade e importância de voltar a trabalhar ouço a frase de maior impacto em minha vida, que veio de uma das pessoas que mais amo na vida, minha sogra Vicença: “Para você trabalhar e estudar eu cuido dos seus filhos.” Frasemágica!EassimqueoLuístevealtadeumprobleminhadesaúde,queeletem até hoje, comecei a estudar Letras e estagiar, não deu certo, conclui o um ano e tranquei a matrícula. Sentia em meu coração que alguma coisa sairia errado na sala de aula. Em 2007 arrumei um novo emprego, novamente em uma indústria, mas com um salário melhor. Na sequência, em 2008, entrei na faculdade de Tecnologia Industrial e comprei um carro, agora era executar o plano de ação. Parecia surreal, sair de casa às 7h com duas crianças e voltar às 23h, mas com fé, foco e força me formei, e ainda fiz uma pós-graduação, tudo em cinco anos. Os meninos crescendo... Pedro também em 2008 entrou no Senai, seguindo a carreira do pai, e o Luís ficava entre os cuidados da avó e do tio maravilhoso. Sempre quando alguém perguntava para ele no que a mãe e o pai trabalhavam
  • 31. Quais de mim você procura? 31 ele dizia: Viajando! Sim, com o apoio da minha orientadora sogra viajei para vários Estados do Brasil prestando consultoria, auditoria e treinamentos em sistemas de gestão da qualidade. Todos nós crescemos nesses anos, eu em especial como mãe, profissional e empresária. A SantaISO veio em 2013 quando o pai resolveu seguir carreira solo. Meus filhos tinham 19, 7 e 2 anos respectivamente. Eu precisava de algo ainda mais desafiador e empreender era algo inevitável. Estamos em 2006 e, até hoje, dentro de mim tudo foi feito pensando em como tornar a nossa vida confortável e com qualidade de vida, e ser para eles exemplo de mãe e profissional competente. Mesmo trabalhando e passando pelas adversidades da vida conseguimos alcançar nossos objetivos juntos. Nesses 22 anos de experiência de mãe incluo, nessa felicidade, minhas sobrinhas Carolina, Camila e meu sobrinho Leonardo, Bruno e o Samuel e agora a pequena Elloysa. Diana Cândida DE Oliveira
  • 32. Quais de mim você procura? 32 dedicação para crescer Montadora, empresária contábil, esposa do Luiz Antônio há 35 anos e mãe da Juliana, 32 anos, e do Felipe, 30 anos. Estes são alguns papéis que exerço. Minha filha é formada em Ciências Farmacêuticas e Bioquímica e atualmente reside no Canadá, onde cursou sua pós-graduação em Gerenciamento de Projetos e trabalha como conselheira educacional. Meu filho graduou-se em Sistemas da Informação, área em que cursou pós-graduação voltada à Consultoria Empresarial e na qual administra sua empresa na cidade de São Paulo, onde mora. Desde a adolescência, sempre gostei de números. Meu primeiro emprego foi em uma pequena empresa como auxiliar de escritório, onde fazia de tudo, desde faturamento, cobranças, atividades de finanças, vendas, entre outras. Ao perceber meu interesse em aprender, o gerente desta empresa começou a me passar mais serviço, que eu executava com muita confiança, razão pela qual alcancei o então cargo de gerente. Lá eu trabalhei por 12 anos e desenvolvi a ideia de ser contadora. Cursei ensino técnico em Contabilidade, graduação em Ciências Contábeis e pós-graduação em Controladoria, uma das áreas da Contabilidade. Em 1983, ano em que Juliana nasceu, trabalhava como contadora em uma empresa privada. Por trabalhar até tarde e levar serviço para casa aos finais de semana, não curti os primeiros meses de minha filha. No ano de 1986, quando o Felipe nasceu, foi a mesma coisa. Não conseguia ver meus filhos crescerem. Contava com a colaboração de uma irmã que cuidava dos dois e que por eles era chamada de mãe. Foi então que, em 1990, resolvi trabalhar em casa como autônoma, para ficar mais perto deles. A experiência de conviver com meus filhos tornou-se inexplicável. Podia levá-los e buscá-los na escola e eles ficavam muito felizes. A maternidade é um momento muito marcante para nós, mulheres. É uma fase em que passamos por muitos desafios, principalmente quando se é necessário conciliar a vida profissional com o sonho de ser mãe. À época, não pude abrir um escritório, pois além de não ter recursos, não tinha clientes. Foi então que fiz uma parceria com meu irmão, proprietário de uma empresa de legalização de documentos junto a órgãos públicos, e ele começou a me indicar clientes. Em 2001 abri minha empresa, a Magda Assessoria Contábil. Como sou uma 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 33. Quais de mim você procura? 33 pessoa otimista, não identifiquei os desafios pelos quais passei para obter sucesso como empreendedora. No entanto, encontrar o equilíbrio entre trabalho e família ainda é uma das dificuldades enfrentadas pelas mulheres empreendedoras, pois o principal obstáculo feminino no mercado de trabalho costuma estar dentro de casa. Muitas mulheres enfrentam dupla jornada, pois além do trabalho, cuidam dos filhos e encaram uma injusta divisão de tarefas no ambiente doméstico. As mulheres têm excesso de responsabilidades e ainda hoje encontram muitas barreiras para chegar a cargos de chefia, o que pode atrapalhar o desenvolvimento de suas carreiras. Embora o número de mulheres a frente de negócios esteja crescendo, como proprietárias ou ocupando altos postos de comando, os desafios a serem vivenciados são muito grandes. O primeiro deles é a falta de autoconfiança, uma característica que, muitas vezes, está em nossa cabeça. A mulher que trabalha fora tem grande dificuldade em conciliar trabalho e família, e esta característica não costumar estar presente no universo masculino. As mulheres que estão à frente de negócios precisam enfrentar em seu dia a dia a cultura que vem por décadas sobre a expectativa do papel da mulher de ser mãe e esposa. Esta realidade a cada ano vem se mostrando diferente, com a força de mulheres notáveis à frente de seus negócios. Quando abri minha empresa, minha filha estava com 17 anos e meu filho, com 14. Como já estavam crescidos e compreendiam o esforço, o processo foi mais fácil, embora me dissessem constantemente que minha profissão era “de louco”, muito desgastante, quase sem tempo para eles, com muitos cursos e palestras durante a semana para me manter atualizada. Estava tentando dar o melhor para eles. Acredito que minha trajetória como empreendedora tenha inspirado meu filho a empreender também. Quando ele tinha entre 12 e 13 anos, estudava em um colégio próximo de meu escritório e, sempre que saía, passava por lá para dar um ‘oi’. Então, pedia a ele para ir ao banco fazer pagamentos, pois nesta época não havia internet. Sei que ele ficava muito bravo e dizia que se houvesse fila na agência, não iria ficar esperando. E não ficava mesmo! Ele retornava ao escritório com todos os boletos, afirmando querer muito mais para si. Aos 18 anos, ele começou a trabalhar, com um ótimo salário, após passar por um concorrido processo de seleção. É natural sentir um pouco de medo ao iniciar seu próprio negócio, afinal, sempre existe certo risco no empreendedorismo. Estou nesta profissão há algum tempo e posso afirmar que esta jornada permanece muito gratificante. Ser empreendedor é ter vontade de fazer algo diferente. Muitas vezes, temos que lidar com todas as tarefas e áreas do negócio. As incertezas e as emoções das pequenas conquistas e derrotas vividas diariamente fazem com que a experiência do empreendedorismo seja inigualável à corporativa. Para mim, o trabalho representa felicidade. Todos os dias, eu agradeço a Deus por acordar com saúde e poder trabalhar. É muito importante escolher uma profissão
  • 34. Quais de mim você procura? 34 que gostamos e com a qual nos identificamos; saber o que nos realiza e quais sensações fazem nosso cotidiano valer a pena. Sim, a felicidade está em pequenos momentos, na soma de diversas sensações, por isso insistimos. O trabalho deve ser uma fonte de realização, um papel na vida que nos trará orgulho, superação, desafios, entre outros. Da minha empresa, eu cuido com carinho, pois ela é o meu sustento. Já a maternidade é algo sublime na vida de uma mulher, é o maior dom de Deus que podemos receber. Não há tarefa mais magnífica nem mais compensadora. Com ela aprendemos mais sobre o amor incondicional. A maternidade é um momento único, de aprendizado, afinal é mãe aquela que carrega seu filho no ventre; que lhe dá luz; que cria; que ensina e que aconselha. O papel da mãe é muito importante, não só nos primeiros anos de vida de seus filhos. Mãe é eterna. Edna Magda Ferreira Góes
  • 35. Quais de mim você procura? 35 Um quadro em branco e uma vida passada a limpo Quando criança, não gostava de brincar com bonecas, mas me lembro que cedia à brincadeira quando podia fazer o papel romântico com o Ken, e principalmente, quando tinha a possibilidade de fazer o papel de mãe. Pensava num quadro branco e o que estaria escrito nele quando fosse mais velha. Sempre apareciam as palavras “mãe” e “ajudar pessoas”. Fazia todos os testes de revista para saber quantos filhos teria e quais seriam seus nomes. Fiquei expert em ler as linhas da minha mão. Eu teria sucesso na carreira, mesmo querendo ser publicitária, médica, fonoaudióloga, agente de turismo, psicóloga, recursos humanos... tudo ao mesmo tempo e agora, me casaria antes dos trinta anos, teria três filhos, seria bem sucedida e viveríamos felizes para sempre. Também tinha ânsia de aprender e compartilhar conhecimento. Tornei-me professora universitária aos vinte e um anos de idade. Encantei-me pela sala de aula e fui conciliando minha carreira com a vida acadêmica. Fiz uma brilhante carreira na área de Marketing, passando por grandes corporações multinacionais que me trouxeram grandes prêmios: estabilidade financeira, realização pessoal e profissional. Casei-me aos vinte e sete anos. Trabalhava, na época, em uma grande multinacional americana, na área de Marketing. As previsões estavam indo tão bem... E aí, aquele diagnóstico. Estava voltando da lua de mel e tive minha primeira crise de endometriose no voo de volta para casa. Uma dor tão insuportável que desmaiei no avião. Nos dias que se seguiram, crises cada vez mais intensas, novos desmaios. Lembro-me de ter tido uma dor tão forte numa madrugada que fui me arrastando no chão, do banheiro até meu quarto, para pedir socorro. Depois deste dia, acordei no hospital, com indicação para cirurgia. Minha endometriose era grau 5 (máximo) e decorrente deste diagnóstico, fiz três laparoscopias e uma cirurgia invasiva para conter a proliferação do endométrio em mais órgãos além dos já contaminados: trompas, ovários e parte do intestino. “Como assim, estéril? Eu nasci para ser mãe! Eu vou ser mãe! Deve existir algum procedimento, algum tratamento até fora do país que eu possa fazer”. Iniciei um tratamento medicamentoso por seis meses. Foram muitos os efeitos colaterais, mais o ganho de vinte quilos. A autoestima ficou lá em baixo. O desejo e a certeza de que seria mãe me levou a procurar por especialistas em inseminação artificial e a decisão final de partir, futuramente, para uma adoção. Decidi parar com toda medicação e relaxar. Depois de seis meses sem cortisona, sem 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 36. Quais de mim você procura? 36 medicamentos agressivos e mais conformada com meu diagnóstico, veio o milagre. Fiquei grávida da Vitória! Este foi um dos dias mais felizes da minha vida! Com a notícia, virei caso de estudo da UNICAMP. Aos três meses de gravidez meu marido nos deixou com um bilhete na parede, se despedindo de nós. Quase enlouqueci. Mas sobrevivemos! Minha filha nasceu, meu ex-marido voltou a se aproximar e no dia de aniversário de um ano da Vitória, concebi o Mateus! Um único encontro; uma única chance e tive meu segundo milagre. Recomecei a vida com meus dois bebês: Vitória com um ano e nove meses e Mateus, recém-nascido. Nesta época, gerenciava uma rede de idiomas com mais de 1200 franquias no Brasil. Recomecei, eu, uma babá e o apoio incondicional dos meus pais para tudo o que precisei e que vim precisar alguns anos depois. Vitória tinha quatro anos e Mateus tinha dois quando tentamos reconstruir a família, mas o sonho do “felizes para sempre” durou pouco: dois anos. De forma definitiva, meu ex-marido foi tratar um problema de saúde, em sua cidade natal e não voltou mais. Foram meses de espera, de angústia, de dúvidas, com tantos sentimentos misturados e uma única certeza: deixava de me ver como coautora, como espectadora da minha vida e carreira. Decidi ser protagonista. Foram muitos os desafios ao longo da infância e, posteriormente, na adolescência dos meus filhos. Tenho dois seres humanos incríveis e guerreiros. Ambos tiveram problemas graves de saúde; os dois têm síndromes raras, passaram por muitas internações e tratamentos. Precisava de mudanças radicais; de mais tempo com meus filhos, de mais flexibilidade de horário, de possibilidade de fazer a minha própria renda. O universo corporativo é muito sedutor, a sensação de segurança e prosperidade nos estimula para nos perpetuar na zona de conforto, mas já não mais me moldava a este formato-padrão de “felicidade”. Faltava um propósito maior. Voltei a pensar no quadro branco e o que estaria escrito nele quando fosse mais velha. Agora faltava o “ajudar pessoas”. Assim migrei de uma gloriosa carreira na área de Marketing, com emprego estável, para a área comportamental do desenvolvimento humano, em gestão de pessoas; minha grande paixão. Comecei atuando como palestrante e instrutora e fui me especializando nas áreas do desenvolvimento humano (andragogia, comportamento humano, neurociência, coaching e mentoria). No início da carreira autônoma, depois de migrar dos empregos com salário fixo para a iniciativa empreendedora de forma exclusiva, perdi-me na estruturação de algumas parcerias e em questões básicas de planejamento financeiro; quebrei duas vezes. Não tenho nenhuma história grandiosa e instigante para contar por ter perdido milhares ou milhões em cifras, de investimento. Mas passei meses sem um centavo no bolso; anos vivendo na casa dos meus pais. Meus filhos ouviram muitos, mas muitos “nãos” ao longo dos anos! Aprendi na prática sobre resiliência, gratidão, perdão e protagonismo. E perdoando meu ex-marido, me libertei também! Aprendi que o universo me devolve o que lhe entrego. O caminho foi árduo! Não foi nada fácil conciliar as agendas de clientes com a
  • 37. Quais de mim você procura? 37 da escola dos meus filhos, as festas de aniversário dos amigos da escola com as noites e madrugadas produzindo material e desenvolvendo conteúdo para as consultorias e treinamentos, ministrar as aulas na universidade nos horários em que aconteciam reuniões de pais e mestres e datas comemorativas na escola dos meus filhos, deixar de ir a algumas viagens da família por estar trabalhando nos finais de semana em projetos in company ou estudando. Era um misto de superação e perda, de alegria e medo, de culpa por não estar sempre presente e sentimento de dever cumprido pelas conquistas diárias. Vim para ser mãe; não gosto de dizer que também para ser pai porque sei da importância do papel que cada um tem na vida de um filho e um não compensa o lugar e a missão do outro. Tive duas gestações sozinha e criei meus filhos na luz da minha fé, da minha garra, dedicação, persistência e, principalmente, do meu amor irrestrito, intenso e incondicional por eles. Mas não fiz o trajeto sozinha. Ninguém o faz! Não teria conseguido resgatar minha essência e o entendimento do meu propósito de vida e carreira; da minha veia empreendedora se não tivesse meus pais, minha família, a contribuição de tantos anjos ao meu redor, me dando suporte e apoio. Não teria tantas conquistas se hoje não tivesse mais do que um namorado; um cúmplice, um amigo ao meu lado. Sim, reconstruí minha vida. Marcus me ajudou a entender o valor de fazermos juntos; lado a lado! E no meio de mais uma crise que assola nosso país, especificamente em outubro de 2015; no meio do “olho do furacão”, reconstruí mais uma vez a minha carreira. Um ex-aluno da universidade, de dez anos atrás, me ofertou uma sociedade. Junto com Michel Lobato, abri a Eliana Araujo - Escola de Líderes. Hoje, com um ano e muita história de sucesso e prosperidade! O quadro está menos branco. Nele tem a mãe, a empresária e empreendedora que ajuda pessoas e empresas e, com meus filhos, aprendi a escrever ohana1 /. Reinventei-me, resignifiquei-me! Aprendi que é impossível tentar controlar tudo e que, mesmo nos momentos de crise, estamos sempre evoluindo na direção da vida que criamos. Aprendi que “sucesso é ser feliz” e se eu puder fazer mais pessoas felizes, o sonho sonhado com a maternidade estará garantido. Eliana Araújo 1 Ohana, na cultura havaiana, significa “família”.
  • 38. Quais de mim você procura? 38 Sonhe, acredite e não tenha pressa... o que é seu, está reservado!!! Ahhh essa vida da gente...vez ou outra é tão bom olhar para trás: recordar o que fomos, o que fizemos, quem passou pela nossa vida...lembrarmos onde estudamos, no quanto sonhamos e em quem nos transformamos!!! Neste momento, parece passar um filme em minha mente. Até os meus treze anos, não poderia imaginar outra coisa, a não ser uma conceituada bailarina, pois tinha uma paixão muito grande pela dança. Porém, aos quatorze anos, perdi o meu pai. Como filha única, comecei a pensar em trabalhar, pois necessitávamos minimizar as despesas. Aos poucos, comecei a idealizar a carreira que queria seguir; foi então que escolhi o Jornalismo; mas jamais pensei em ser uma simples Jornalista. Queria ser a Sandra Passarinho, correspondente internacional e destaque no telejornalismo no final dos anos “70”. Escolhi cursar um colegial técnico em Tradutor e Intérprete (ensino médio): aperfeiçoar o português e aprender inglês, francês e alemão. Este último, o sonho do meu pai para a minha formação. E aos dezessete anos, eu estava formada: inglês fluente, francês intermediário e alemão básico; um idioma muito difícil. Mas o alemão tornou-se uma questão de honra, em prol de tudo o que sempre ouvi o meu pai dizer: “Nenê, você vai estudar alemão e vai ter muito sucesso dominando este idioma!!!” (“Nenê” era como, carinhosamente, ele me chamava) Mas eu jamais poderia me contentar com um “alemão” básico. Após o término do meu curso, optei por não prestar vestibular naquele ano. Fui trabalhar em horário comercial e, à noite, três vezes por semana, aulas de alemão; havia conseguido uma bolsa parcial. Mas esta vida da gente, “vira e mexe” nos surpreende, não é? Eu havia iniciado um namoro com um rapaz que conheci no clube. Mas, desde nosso primeiro encontro, tive uma sensação esquisita como se minha vida, a partir daquele momento, nunca mais seria a mesma. E nada acontece por acaso... Aos poucos, o nosso relacionamento foi tomando uma proporção maior: fazíamos planos para o futuro e, com meses de namoro, já dizíamos que teríamos três filhos. 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 39. Quais de mim você procura? 39 Incrível... dois meses após completar dezoito anos, estava grávida do meu primeiro filho. Casamos e tudo parecia um sonho... Mas um sonho que levou tantos outros... Fui morar em outra cidade e, em função do mal estar que sentia, nos primeiros meses de gravidez, optei por sair da empresa onde atuava, uma multinacional com todas as chances de uma promissora carreira. A gestação progrediu bem, mas eu optei por interromper o meu curso de alemão, transformando-me, pela primeira vez, em uma dona de casa. Nasceu meu filho Fábio: muito saudável. Eu estava muito feliz em finalmente ter me tornado mãe. Mas, no período de amamentação dele, exatamente em seus sete meses, engravidei do meu segundo filho, Bruno, sem qualquer programação. Com dois filhos pequenos e com a opção de estar à frente da educação e formação deles, abri mão de voltar ao mercado de trabalho. Só dois ou três anos depois, voltei para o curso de inglês e havia decidido: iria prestar vestibular para o Jornalismo. Já atuava em uma rádio da cidade e queria muito conseguir uma vaga no jornal. Mas a vida sempre nos surpreende: exatamente quando havia iniciado o meu tão sonhado curso de Comunicação com ênfase em Jornalismo, estava grávida e fui mãe da tão sonhada menina. Até consegui fazer alguns semestres; mas com três filhos pequenos, sem chance de me envolver com estágios; optei por trancar minha matrícula!!! E foi neste momento que iniciei o empreendedorismo em minha vida. Minha paixão por sobremesas me direcionou para alguns cursos e pude iniciar uma produção discreta. E, nos dez anos subseqüentes ao nascimento de minha filha, atuei na área de alimentos e até abri uma uma Cafeteria. Mas as encomendas aumentaram muito, em pouco espaço de tempo e minha vida era a produção de sobremesas. Até que optei pela venda do estabelecimento, para recuperar meu casamento; a relação estava muito abalada. Voltei a ser dona de casa; mais perto de minha família. Mas o tempo foi passando e acabamos por concluir que havíamos nos casado muito jovens e as diferenças foram ficando mais visíveis. Após vinte anos de casamento, nos divorciamos. Com filhos maiores, resolvi fazer Hotelaria, pois a atuação em eventos estava em alta. Após formada, gerenciei um Hotel Fazenda no interior e dei várias consultorias em pousadas. Meus meninos já eram maiores e cursavam a faculdade; o mais velho já morava fora de casa; o do meio, com o pai e minha caçula, uma adolescente que ficava, em minha casa, com minha mãe. Mas, alguns anos depois, não suportava mais trabalhar aos finais de semana. Em 2008, consegui uma vaga como Recepcionista Bilingue, na Diretoria da Ford; mas com o início da crise mundial, não fui efetivada.
  • 40. Quais de mim você procura? 40 E foi no embalo destes acontecimentos que uma depressão foi constatada, vindo a sofrer um acidente. Fraturei a coluna lombar, com primeiro diagnóstico de paraplegia; fiquei em uma cama, em torno de seis meses e quase 24 meses, fora do mercado de trabalho, em função das terapias complementares. Mas minha recuperação ultrapassou em muito, os prognósticos médicos. Quando fui liberada para voltar ao mercado de trabalho, fui contratada pelo Grupo Suzano, para uma vaga interna, na área comercial. Lá estive durante 18 meses. Até que um dia, a minha gestora me indagou se eu aceitava ser promovida à vendedora, pois até então, atuava como um “coringa” na empresa, tamanha facilidade de comunicação e expressão que muitos haviam identificado em mim. Não aceitei, pois não tenho qualquer afinidade com vendas. E pasmem: aos meus 49 anos, fui dispensada, após o retorno do meu período de férias. Tudo bem que a minha gestora, ao me dispensar, me disse: “Élide, você é muita areia para o nosso caminhãozinho. Vá escrever...vá fazer o que realmente gosta...vá ser feliz!!!” Mas claro que esta frase dela, não fazia o menor sentido. E só conseguia pensar: o que farei agora?!? Mas jamais deixei de sonhar e acreditar!!! Dois meses depois da demissão, maio de 2012, estava sendo convidada para atuar como Redatora em uma revista de Turismo. E esta foi a porta que se abriu, mais de 25 anos depois, para eu retomar o caminho que havia aberto mão, em prol da formação dos meus filhos. Nestes últimos quatro anos, atuei como Redatora e como repórter também. E mais: desenvolvi um Blog, “Éli de bem com a VIDA!”, postagens com base na Gestão Disney, ferramentas que conheci no decorrer do meu curso de Hotelaria. Consegui desenvolver um perfil bem conhecido nas redes sociais e, com tamanha visibilidade, estou na segunda temporada do meu programa em web TV, com a mesma titularidade. E quanto aos meus filhos? Os três se formaram em áreas diferentes: Engenharia da Computação na USP, Administração de Empresas na Universidade Metodista e a minha menina, além de bailarina, como sempre sonhei, é formada em Designer de Interiores pela Belas Artes. E hoje já sou vovó da pequena Lia, do meu filho mais velho e da Pietra, da minha filha caçula. Hoje moro sozinha, apesar de estar muito feliz em um relacionamento onde sou respeitada e muito amada. Profissionalmente falando, atuo como Assessora de Imprensa e Palestrante, além de estar finalizando o meu primeiro livro: “Câncer de Mama – JAMAIS acontecerá comigo!!!”. Minha história e de mais dez mulheres, na difícil experiência de passar por um diagnóstico e tratamento de câncer de mama; fui diagnosticada em janeiro de 2014... mas está tudo bem!!!”
  • 41. Quais de mim você procura? 41 Será uma das ferramentas para complementar as várias ações filantrópicas que faremos através do grupo “Superação Rosa”, em prol da campanha em prevenção ao Câncer de mama, “Outubro Rosa – 2016”. E sabe por que “De bem com a VIDA?!? Porque eu sigo o meu caminho, de cabeça erguida e acreditando sempre que, dias melhores virão. Em todas as muitas adversidades que passei e passo, não abro mão de viver o meu melhor, curtir o que realmente me faz bem, como a música e a dança, por exemplo e jamais permitir que, quem quer que seja, modifique o que sou em essência. E quanto aos filhos? Ahhhh...por aqui todos adultos e independentes; mas a certeza de que podemos contar, uns com os outros, seja lá o que quer que esta vida possa nos “presentear”!!! Posso dizer que, amadureci com eles; aprendi muitas coisas que não havia tido a oportunidade de vivenciar, no formato de família que tínhamos quando eu era pequena. E quer saber mesmo? Estou vivendo uma das fases mais incríveis da minha vida, sem qualquer sombra de dúvida...amo o que faço, sou muito amada e respeitada, tenho minha saúde recuperada e duas lindas netinhas!!! Quais de mim você procura?!? Muito prazer, hoje sou Élide Soul, Jornalista com muito orgulho!!! E eu seria injusta demais, com esta inteligência superior, que a todos nós rege, se eu esquecer em um só dia de agradecer, por todas as oportunidades que esta vida me trouxe, em aprender, entender, praticar, acreditar e me superar....dia após dia, em cada novo amanhecer!!! Élide Soul
  • 42. Quais de mim você procura? 42 50 Mães empreendedoras que chegaram lá Por que não mãe e também empreendedora? Sempre sonhei um dia poder servir de exemplo. Mas não por vaidade, e sim, para ajudar outras pessoas a ter sucesso. Sou de origem humilde, criada na periferia de São Paulo, de família complicada, soube transformar cada limão da minha trajetória em uma refrescante limonada e, com muito orgulho, quero compartilhar isso com mulheres batalhadoras que, como eu, reinventam-se todos os dias. O objetivo é incentivá-las a jamais desistirem da luta e que sim, vale a pena! Sou proprietária da loja virtual de roupas infantis Repipiu Baby & Kids, mãe da Beatriz, que hoje está com cinco anos de idade, especialista em Marketing Digital e E-commerce. Na área de empreendedorismo feminino, sou embaixadora da Escola de Você, que é um portal fundado pelas jornalistas Natalia Leite e Ana Paula Padrão e que, gratuitamente, disponibiliza aulas online para mulheres. Os conteúdos abordados nos cursos são: autoconhecimento, empoderamento e empreendedorismo, ajudando mulheres a desenvolver autonomia e autoconfiança para gerir seus negócios e suas vidas. Fui apresentada à Escola de Você pela coach de mães empreendedoras da cidade de Manaus, Daniela Menezes. Ela me conheceu num momento em que sentia que o mundo todo estava contra mim. Comecei a empreender, mas percebia que muitas pessoas de meu convívio no mundo corporativo não apoiavam minha decisão. Queria e precisava conhecer outras mulheres que estavam no mesmo momento que eu. A Escola de Você combinou perfeitamente com minha busca, pois é um grupo que reúne diversas atividades voltadas para empreendedoras e onde todas do grupo possuem um objetivo comum: unir forças e o crescimento pessoal e profissional. Amei a proposta e acompanhei a escola durante todo o ano de 2015, fui me envolvendo e percebi que poderia contribuir muito mais do que imaginava. Devido a essa sinergia com a Escola de você, manifestei o interesse em me tornar embaixadora na região Norte de São Paulo e desde então venho desenvolvendo um trabalho com outras empreendedoras. Essa troca tem sido muito gratificante, pois é em forma de voluntariado e tem me proporcionado a oportunidade de ajudar outras mulheres, além de crescer e me desenvolver junto das pessoas que conheço ao longo desse caminho. E com essa força que adquiri, também assumi como auxiliar ao grupo Empreender Mulher, que também é um grupo de mulheres empreendedoras, fundado
  • 43. Quais de mim você procura? 43 por Adriana Valente, e o meu objetivo nesse grupo é criar pontes de contatos, gerar oportunidades e novos negócios. Conclui a graduação em Administração de Empresas nas Faculdades Oswaldo Cruz no ano de 2002 e foi graças a um financiamento estudantil que consegui meu curso superior, realidade que faz parte da vida de muitos jovens do país; afinal, devido à baixa renda de suas famílias, muitos dependem de programas de financiamentos e de bolsas de estudos para seguirem seus estudos. Então as portas foram se abrindo e percebi que a vida começou a andar no ritmo que gostaria. Sem perder a oportunidade que o momento me proporcionou, fiz MBA na área de Gestão Empresarial na prestigiada Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atuei em grandes empresas na área administrativo/financeira. Conheci ótimas pessoas (e outras nem tanto) do mundo corporativo. Casei-me em 2007e tive uma bebê no ano de 2010. E foi no ano de 2013 quando achei que a vida estava perfeita, foi que ela me surpreendeu e deu uma reviravolta. Depois de quinze anos atuando nas áreas administrativa e financeira e finalmente trabalhando na empresa dos sonhos, com família formada e a minha filha ainda bebê (Beatriz tinha apenas dois anos de idade), tive que deixar o mundo corporativo... demitida. Assim, nasceu uma mãe empreendedora. Cheia de garra e fé na vida, diante da dificuldade para conseguir uma recolocação no mercado, uma vez que as empresas exigiam disponibilidade total de tempo, algo de que não poderia dispor, pois minha filha precisava muito de mim. Não pensei duas vezes e entrei de cabeça no mundo do empreendedorismo. Com apoio do marido, comecei a estudar tudo o que dizia respeito a Marketing Digital, fazer cursos e consultorias no Sebrae; entre tantos, o curso Empretec. Tornei- me Empreteca, o que me proporcionou uma mudança comportamental que não teria sido proporcionada no mundo corporativo. Há pouco mais de três anos, vivo um sonho que se tornou realidade graças a meu esforço e persistência. Montei uma loja virtual de roupa infantil, visando atender às necessidades das mamães que trabalham fora e não têm muito tempo em buscar roupa infantil de qualidade e preço justo; uma realidade que vivi quando estava no mundo corporativo. Esse desafio que requer muita dedicação, pois minha experiência sempre foi na área financeira, e isso também representa a consolidação da paixão e da vontade numa rotina de trabalho que se encaixa perfeitamente à minha necessidade. Isso me permite ser dona do próprio tempo e conciliá-lo com a educação e acompanhamento do crescimento de minha filha e a atenção à família. Quando saí do mundo corporativo, além das atividades de meu E-commerce e cuidados com minha família, também consegui conciliar a atividade com elaboração e revisão técnica de material didático para uma grande editora. Sempre tive uma veia empreendedora, pois antes mesmo de entrar no mercado
  • 44. Quais de mim você procura? 44 de trabalho, já trabalhava com minha mãe, vendendo no colégio, coxinhas e esfihas que ela fazia. Também ajudava a fabricar e vender pão caseiro e pamonha, vendendo e entregando de porta em porta. Essa experiência foi muito importante para mim, pois assim fui desenvolvendo habilidades de vendas e de contato com clientes. Porém, a loja virtual foi meu primeiro empreendimento formal. Para mim, ser empreendedora é fazer a diferença na minha vida, na vida de minha família e na sociedade. Meu maior orgulho é ter transformado minha própria história, de origem humilde a funcionária de multinacional e, depois de desempregada, empreendedora, empresária e motivadora, ensinando e crescendo junto com outras guerreiras. Sempre digo que dias melhores virão! Erica Biondo
  • 45. Quais de mim você procura? 45 Nada muda se eu não mudar! Quanta honra ser convidada a participar deste projeto maravilhoso, mas ao mesmo tempo um frio enorme na barriga, um grande desafio em escrever, uma vez que não me acho boa nisto. Minha história de mãe empreendedora se inicia no Japão, onde morei por quase 20 anos. Casei-me e no mês seguinte desembarcava no Japão com o pensamento de que ficaríamos por lá de 2 a 3 anos e voltaríamos. Mas com o tempo vimos que não seria assim... Passados 6 anos resolvemos que já era a hora de termos um filho, então começaram nossos planos... eu queria ter meu filho e poder curtir este momento de ser mãe, e como isso seria possível? A rotina louca de uma jornada de 12 horas de trabalho diários ou até mais inviabilizava esse sonho. Foi então que resolvi que minha renda não seria mais como empregada de uma fábrica. Iria revender produtos trazidos do Brasil, e ter uma equipe de revendedoras. Estava pronta para a gravidez... então que venha a gravidez!!!! E ela veio. Em 2003 nascia meu primeiro filho, um lindo menino. Vivenciei com intensidade essa experiência única de ser mãe. Curti todos os momentos, fases, preocupações, alegrias, e me vi a mulher mais feliz do mundo. Quandomeufilhocompletou1anoe6meses,asvendasjánãoeramcomoantes. Eu queria muito voltar ao Brasil para apresentar meu filho a família e principalmente a minha avó, que nesta época já apresentava problemas de saúde. Meu pequeno era seu primeiro bisneto. Precisava ter reservas para isso. Então voltei a trabalhar numa fábrica como a maioria. Coloquei meu filho numa escolinha japonesa. Trabalhava agora 8 horas por dia, para assim ter como dar atenção ao meu pequeno. Creio que Deus sabe tudo que faz, e nos prepara o melhor. Passado 1 ano viemos rumo ao Brasil, ficamos 3 meses por aqui. Minha avó e toda a família puderam conhecer nosso reizinho. Regressei ao Japão sabendo que teria que voltar a trabalhar a uma fábrica para nos erguermos das despesas que havíamos tido com a viagem, enfim essa é a vida. Meu filho, com a idade de 3 pra 4 anos, seu pai me chama para uma conversa e diz: – Chega. Não dá mais, não quero mais... nunca fui feliz ao seu lado, e quero a separação!!! Como assim ? nunca foi feliz ? foram quase 10 anos de casados. Sentia como se um tsunami passasse sobre mim. 50 Mães empreendedoras que chegaram lá
  • 46. Quais de mim você procura? 46 Mas fazer o quê? Aceitei a situação, peguei meu filho e sai de casa. Na época meus pais moravam lá. Fiz nossas malas e fui para casa deles. Fomos recebidos de braços abertos. Entretanto estou só, com um filho nos braços. Por maior que tenha tido o apoio de meus pais, e eles me apoiaram muito, como sustentar meu filho agora? O valor que o pai disponibilizava não supria todas as necessidades de nosso filho. Nunca tive medo de trabalhar, e contando com ajuda de meus pais, recomeçaria novamente. Minha mãe se tornou sua segunda mãe, buscava-o escolinha, dava banho, alimentava-o, e muitas vezes colocava-o para dormir, pois eu trabalhava, além das 8 horas diárias, de 4 a 6 horas extras, de segunda a sexta, e aos sábados trabalhava até às 20 horas na fábrica, e ao sair, me dirigia a outro trabalho - um bico, onde trabalhava até as 6 horas do dia seguinte . Meu filho estranhou, chorou, queria entender o porquê, mas com o tempo foi se adaptando. Muitas vezes meu coração se partiu por vê-lo assim, mas fiz o que achei ser o necessário, afinal não queria que faltasse nada a ele . Fiquei nessa vida louca 1 ano e meio quando conheço um novo ``amor``. Mas avisei: “nada de filhos e nem de casamento de papel passado”. Na verdade acho que ele adorou a ideia, pois não é uma pessoa de assumir grandes compromissos. Meu segundo marido me apoiava em todas as loucuras que quisesse fazer. E nesse momento decidi que não queria continuar numa fábrica, e lá vou eu novamente empreender trabalhando com maquiagens importadas, via China e USA. Aproveitei minha formação de Maquiadora Profissional para me associar a uma maquiadora renomada. Inicio ministrando cursos por todo Japão. Para nossa surpresa surge a suspeita da segunda gravidez. Tenho que ir ao médico, fazer exames. No dia da consulta, chamo meu marido, e digo que vou conversar com o médico, e saber quais os reais riscos que corro, afinal estou na casa dos 40 anos, como também apresento hipertensão gravídica. Preocupo-me, pois se algo me acontecer o que será do meu filho, e deste que está a caminho? Afinal meu segundo marido não é uma pessoa que teria condições de criar um filho pequeno sozinho. O médico me diz que não tenho com o que me preocupar, fazendo todo meu pré-natal estaria tudo bem e seguro. Diante disto não tive a menor sombras de dúvidas que teria meu segundo filho. Ele seria tão amado e querido como o primeiro. Mas com a notícia de confirmação da gravidez meu mundo desaba. Meu casamento desestabiliza. Mentiras, histórias mirabolantes, fantasias, raiva, ódio, separação. Infelizmente até hoje não sei dizer o que realmente aconteceu. Qual o motivo. Voltei do hospital com minha mãe me questionando se deveria ter esse filho, e minha irmã colocando pilha pra que não levasse essa gravidez adiante, sem entender,
  • 47. Quais de mim você procura? 47 até os dias de hoje,o porque disso tudo. Foram criadas histórias, que quando calma e tranquila, conclui que não eram bem como minha irmã insistia em dizer. Mas meus pais já estavam com ódio do meu marido e tinham a certeza que 100% do que minha irmã dizia a verdade. Minha mãe insiste que não deveria seguir com a gravidez. Tento entender o lado dela, a preocupação. Mas o maior absurdo que ouvi foi minha irmã dizer: “agora que sou evangélica sou contra o aborto, mas vou te arrumar uma família que não pode ter filhos, eles arcarão com todas suas despesas, e quando a criança nascer você a entrega”. A essa altura dos acontecimentos eu não queria mais saber se eu machucaria alguém com minhas atitudes, afinal eu estava ali sendo massacrada, ao invés de viver o momento mais lindo e sublime para mim, a minha gravidez. Respondi a ela, sem titubear: “você não é mãe, não tem noção o que é sentir uma vida crescendo, se desenvolvendo. É muita emoção e amor envolvidos. Você acha que sou capaz de entregar um filho meu? A única vez que me passou pela cabeça a possibilidade em interromper essa gravidez foi antes de conversar com o médico e saber se eu e o bebê correríamos risco de morte. A situação ficou insustentável. Decidi que era hora de sair de lá. E lá fomos nós, eu e meu filho, sozinhos, para um apartamento, longe de todos, onde ninguém saberia onde estávamos. Meu filho continuou convivendo com meus pais, mas com minha irmã cortei relações. Continuei na batalha, e meu marido não sabia o que queria, dizia-se magoado com tudo, mas ao mesmo tempo dizia querer estar perto do filho. Nesse momento pensei com o coração: “não quero um filho sem pai”. Acabamos voltando. Meu marido não era o melhor marido do mundo, mas era um bom pai e me apoiava em tudo. Minha segunda gravidez foi muito conturbada. Sofria, chorava, me via sozinha. Culpava-me por não ter como dar, ao meu filho que chegaria, ao menos metade do que o primeiro teve. Mas o mais triste e impactante foi o dia do nascimento do meu segundo filho. Eu sozinha no hospital. Quanto chorei. Pedia perdão ao meu filho por tudo que estávamos passando, por estarmos sozinhos, só nos dois... e Deus. Mas minha mãe, que apesar de tudo, é mãe, chegou na madrugada no hospital. Ficou comigo e viu meu filho nascer. O pai dele veio depois de trabalhar o dia todo. Mas o mais emocionante e belo foi quando meu filho mais velho chegou no hospital para conhecer seu irmão... Quanto amor, quanto carinho ... nesse momento eu tive a certeza que esses eram os homens de minha vida, meu dois filhos !!!! Voltamos para casa e fui registrar meu filho, sozinha. Pelo governos japonês eu aceitava que fosse assim, e pelo governo brasileiro, mesmo não estando certo, fui protelando e esperando que o pai fosse comigo registrar nosso filho, mas isso não aconteceu. Não sei o porque até hoje dessa postura. Ele sempre enrolou e nunca deu uma justificativa.
  • 48. Quais de mim você procura? 48 Aparentemente amava nosso filho e nossa família, como pai tinha qualidades e defeitos, aliás como todo mundo. Fui levando nossa vida com altos e baixos, até a hora que decidi voltar ao Brasil !!! Em 6 meses resolvi tudo, me preparei , preparei as crianças e decidi. Vou nem que seja sozinha com as crianças, afinal já batalho tanto aqui, porque não batalhar no meu próprio pais? Fui criticada e julgada por todos: famílias, amigos, mas mesmo assim, a decisão era essa: Eu vou !!! E eu vim. Recomecei minha vida no Brasil, com dois filhos, e com o apoio do meu pai, que também resolveu retornar ao Brasil. Meu pai me disse: – Já estou velho , mas posso lhe ajudar cuidando dos meninos enquanto você procura se virar. Desde que cheguei sabia que teria que empreender. Procurar um emprego CLT sequer passou pela minha cabeça, pois estar ausente do mercado de trabalho por quase 20 anos diminuíram muito minhas chances. A vida se encarregou e me levou, cada vez mais, para o mundo do empreende- dorismo feminino. Comecei a fazer parte de grupos, via Facebook, comparecendo a en- contros, oficinas, workshops , e conhecendo pessoas, entre elas várias empreendedoras. Paralelamente comecei a vivenciar o mundo do MMN (Marketing Multinível), e ameiestemundo.Identifiquei-me.Epercebiquesãopoucasasmulheresque acreditam e pensam nele como  um empreendimento. Resolvi desmistificar, me especializando. Hoje é um dos trabalhos que desenvolvo. Nesse universo do empreendedorismo conheci pessoas maravilhosas. Surgiram excelentes parcerias, muito aprendizado, grandes amizades e até uma sociedade. Esta é, resumidamente, minha vida de empreendedora e mãe. Hoje,após1anoemeiodevoltaaoBrasil, possodizeravocêsqueestoucaminhando, com a certeza que estou no caminho certo. Sou muito mais feliz aqui, e creio que vencerei. Num próximo livro, quem sabe, estarei contando os meus maiores sucessos!!!! Afirmo com toda a convicção a vocês que depois das minhas decisões e mudanças de atitudes, encontrei meu caminho, afinal nada muda se eu não mudar!!!! Erika sakugawa