SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  1
A poesia galaico-portuguesa, subdivide-se em três
categorias: cantigas de amigo, cantigas de amor
e cantigas de escárnio e maldizer.
Chegaram até nós três colectâneas de poesias: o
Cancioneiro da Vaticana, o Cancioneiro da
Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Ajuda, todos
eles contendo composições que vão do século XII
ao século XIV.
As cantigas de amigo constituem uma poesia
autóctone, de origem popular e carácter tradicional,
cujas origens parecem estar ligadas às kharja,
cultivadas pelos poetas andaluzes.
As cantigas de amor tiveram origem na Provença.
Apresentam um eu – lírico masculino,
“profundamente” atormentado pela “coita” de amor
pois apesar da sua “senhor” não reciprocar o seu
amor, dedica-lhe incondicionais palavras de louvor,
fidelidade e abnegação.
O primeiro texto que encontramos no Cancioneiro
da Biblioteca Nacional é um pequeno tratado em
prosa sobre a poesia galaico-portuguesa, de autoria
desconhecida. Habitualmente designado como
"Arte de Trovar", resume brevemente a poética
trovadoresca, definindo géneros e regras a que
deveria obedecer a arte dos trovadores.
17 de Maio, Celebração do Dia das Letras Galegas
Projecto Comenius “Connecting Schools, Building Citizenship”
Cartaz realizado pelos alunos do Curso Profissional de Técnico de Turismo da
Escola EB 2,3 /S Aquilino Ribeiro para os seus colegas do IES Luis Seoane
Capítulo IIIIº
E porque algũas cantigas i há em que falam eles
e elas outrossi, por en é bem de entenderdes se
som d'amor, se d'amigo: porque sabede que, se
eles falam na prim[eir]a cobra e elas na outra, [é
d']amor, porque se move a razom dele, como vos
ante dissemos; e se elas falam na primeira
cobra, é outrossi d'amigo; e se ambos falam em
ũa cobra, outrossi é segundo qual deles fala na
cobra primeiro.
Capítulo Vº
Cantigas d'escarneo som aquelas que os
trobadores fazem querendo dizer mal d'alguém
em elas, e dizem-lho per palavras cobertas que
hajam dous entendimentos, pera lhe-lo nom
entenderem [...] ligeiramente; e estas palavras
chamam os clérigos hequivocatio. E estas
cantigas se podem fazer outrossi de meestria ou
de refram.
Capítulo VIº
Cantigas de maldizer som aquela[s] que fazem
os trobadores [...] descobertamente e [em] elas
entram palavras e[m] que querem dizer mal e
nom haver[am] outro entendimento senom aquel
que querem dizer chaam[ente]. E outrossi as
todas fazem dizer […].
In “Arte de Trovar”,
Cancioneiro da Biblioteca Nacional
Dinis I
1261-1325
Filho de Afonso III de Portugal e de D.
Beatriz de Castela, D. Dinis nasceu em
Lisboa, a 9 de Outubro de 1261.
D. Dinis protagoniza um dos mais
longos e também mais brilhantes
reinados portugueses, em parte
beneficiando da paz que o final da
guerra de reconquista cristã na faixa
ocidental da Península tinha tornado
efectiva.
Ao longo dos seus 46 anos de reinado
promoveu o desenvolvimento da
agricultura, do comércio e da cultura.
A ele se deve igualmente a fundação,
em 1290, da primeira Universidade
Portuguesa - a Universidade de
Coimbra.
Foi também no seu reinado que todos
os documentos deixaram de ser
redigidos em latim para passarem a ser
escritos em português.
Impulsionou a tradução de muitas obras
para português, entre as quais se
contam os tratados de seu avô Afonso
X, o Sábio.
Foi um dos mais notáveis trovadores do
seu tempo. Aos nossos dias chegaram
134 cantigas da sua autoria, distribuídas
por todos os géneros - 73 cantigas de
amor, 51 cantigas de Amigo e 10
cantigas de escárnio e maldizer.
Mapa de dialectos hispânicos
Fonte: Nicola, José
Cantigas de amigo
Trovadores Portugueses
Ai, flores, ai, flores do verde pino
Ai, flores, ai, flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?
Ai, flores, ai, flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi à jurado?
Ai, Deus, e u é?
Vós me preguntades polo vosso amigo?
E eu ben vos digo que é sano e vivo.
Ai, Deus, e u é?
Vós me preguntades polo vosso amado?
E eu ben vos digo que é vivo e sano.
Ai, Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é sano e vivo
e seerá vosco ante o prazo saido.
Ai, Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é vivo e sano
e seerá vosco ante o prazo passado.
Ai, Deus, e u é?
Levantou-s'a velida
Levantou-s'a velida,
levantou-s'alva,
e vai lavar camisas
eno alto,
vai-las lavar alva.
Levantou-s'a louçana,
levantou-s'alva,
e vai lavar delgadas
eno alto,
vai-las lavar alva.
[E] vai lavar camisas;
levantou-s'alva,
o vento lhas desvia
eno alto,
vai-las lavar alva.
E vai lavar delgadas;
levantou-s'alva,
o vento lhas levava
eno alto,
vai-las lavar alva.
O vento lhas desvia;
levantou-s'alva,
meteu-s'[a] alva em ira
eno alto,
vai-las lavar alva.
O vento lhas levava;
levantou-s'alva,
meteu-s'[a] alva em sanha
eno alto,
vai-las lavar alva.
Cancioneiro da Biblioteca Nacional
Pedro Afonso, conde de Barcelos
1287 – 1354
O legado cultural do Conde de Barcelos
é um dos mais importantes da Idade
Média peninsular. D. Pedro foi o último
compilador das cantigas dos trovadores
galaico-portugueses. No seu testamento
deixa um Livro de Cantigas ao seu
sobrinho, Afonso XI de Castela.
Escreveu duas outras obras
fundamentais da história e cultura
portuguesas: o Livro de Linhagens do
conde D. Pedro (1340-1344), uma
recompilação da genealogia das
principais famílias nobres de Portugal
inseridas no contexto peninsular e
universal e a Crónica Geral de Espanha
de 1344, uma crónica histórica em que é
descrita a história dos vários reinos
ibéricos e da Reconquista, enfatizando-
se o papel dos reis portugueses na
cruzada contra o Islão.
São conhecidas quatro cantigas de amor
e seis cantigas de escárnio de D. Pedro
Afonso, Conde de Barcelos.
Cantiga de amor
Nom me poss'eu de morte defender,
pois vejo d'Amor que me quer matar
por ũa dona; mais, pois m'eu guardar
nom posso já de por dona morrer,
catarei já das donas a melhor
por que, pois mi há de matar,
mat'Amor.
E pois Amor em tal guisa me tem
em seu poder que defensa nom hei
de parar morte; e pois eu certo sei
que por dona a morrer me convém,
catarei já das donas a melhor
por que, pois mi há de matar,
mat'Amor.
E bem vej'eu, per qual poder em mi
Amor tomou, que nom hei defensom
d'escusar mort'; e pois eu tal razom
hei por dona de prender mort'assi,
catarei já das donas a melhor
por que, pois mi há de matar,
mat'Amor.
João Garcia de Guilhade
Trovador português, natural de Guilhade,
Barcelos, e documentado no segundo e
terceiro quartéis do século XIII.
João Garcia de Guilhade deveria ser um
dos cavaleiros ao serviço da linhagem
dos Sousa.
Pelas suas composições depreende-se
que teria frequentado a corte castelhana
de Afonso X, acompanhando talvez o
percurso inicial de D. Gonçalo de Sousa.
Escola E.B. 2,3/S Aquilino Ribeiro
Cantiga de escárnio
Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv'en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!

Contenu connexe

Tendances

Tipos De Poesias
Tipos De PoesiasTipos De Poesias
Tipos De Poesiasklauddia
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124luisprista
 
5 exercicios arcadismo-literatura_portugues
5   exercicios arcadismo-literatura_portugues5   exercicios arcadismo-literatura_portugues
5 exercicios arcadismo-literatura_portuguesjasonrplima
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98luisprista
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126luisprista
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 95-96
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 95-96Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 95-96
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 95-96luisprista
 
Poesia de cordel e cultura popular brasileira
Poesia de cordel e cultura popular brasileiraPoesia de cordel e cultura popular brasileira
Poesia de cordel e cultura popular brasileiraAndrea Nascimento
 
O trovadorismo e a mpb
O trovadorismo e a mpbO trovadorismo e a mpb
O trovadorismo e a mpbVictor Said
 
Oficina interdisciplinarizando com o cordel na sala de aula
Oficina interdisciplinarizando com o cordel na sala de aulaOficina interdisciplinarizando com o cordel na sala de aula
Oficina interdisciplinarizando com o cordel na sala de aulajapquimica
 
Poesia Trovadoresca: cantigas de amigo
Poesia Trovadoresca: cantigas de amigoPoesia Trovadoresca: cantigas de amigo
Poesia Trovadoresca: cantigas de amigodomplex123
 
Présentation 2.3 refeito
Présentation 2.3 refeitoPrésentation 2.3 refeito
Présentation 2.3 refeitosarah campos
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
TrovadorismoRaisaa20
 
Ppt o paralelismo
Ppt o paralelismoPpt o paralelismo
Ppt o paralelismoJABatista
 

Tendances (20)

Tipos De Poesias
Tipos De PoesiasTipos De Poesias
Tipos De Poesias
 
As cantigas de amigo
As cantigas de amigoAs cantigas de amigo
As cantigas de amigo
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
5 exercicios arcadismo-literatura_portugues
5   exercicios arcadismo-literatura_portugues5   exercicios arcadismo-literatura_portugues
5 exercicios arcadismo-literatura_portugues
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 95-96
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 95-96Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 95-96
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 95-96
 
Poesia de cordel e cultura popular brasileira
Poesia de cordel e cultura popular brasileiraPoesia de cordel e cultura popular brasileira
Poesia de cordel e cultura popular brasileira
 
O trovadorismo e a mpb
O trovadorismo e a mpbO trovadorismo e a mpb
O trovadorismo e a mpb
 
Oficina interdisciplinarizando com o cordel na sala de aula
Oficina interdisciplinarizando com o cordel na sala de aulaOficina interdisciplinarizando com o cordel na sala de aula
Oficina interdisciplinarizando com o cordel na sala de aula
 
Trovadorismo I
Trovadorismo ITrovadorismo I
Trovadorismo I
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo português
Trovadorismo portuguêsTrovadorismo português
Trovadorismo português
 
Trovadorismo trabalho 1
Trovadorismo trabalho 1Trovadorismo trabalho 1
Trovadorismo trabalho 1
 
L. trovadorismo
L. trovadorismoL. trovadorismo
L. trovadorismo
 
Poesia Trovadoresca: cantigas de amigo
Poesia Trovadoresca: cantigas de amigoPoesia Trovadoresca: cantigas de amigo
Poesia Trovadoresca: cantigas de amigo
 
Présentation 2.3 refeito
Présentation 2.3 refeitoPrésentation 2.3 refeito
Présentation 2.3 refeito
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Ppt o paralelismo
Ppt o paralelismoPpt o paralelismo
Ppt o paralelismo
 

Similaire à Poster projecto galaico português

Apoesiatrovadoresca.pdf
Apoesiatrovadoresca.pdfApoesiatrovadoresca.pdf
Apoesiatrovadoresca.pdfBeatriz Gomes
 
Aula 01 introdução e trovadorismo
Aula 01   introdução e trovadorismoAula 01   introdução e trovadorismo
Aula 01 introdução e trovadorismoJonatas Carlos
 
Herança portuguesa - resumo dos movimentos portugueses
Herança portuguesa - resumo dos movimentos portuguesesHerança portuguesa - resumo dos movimentos portugueses
Herança portuguesa - resumo dos movimentos portuguesesCiceroMarcosSantos1
 
TROVADORISMO EM PORTUGAL MOVIMENTO LITERÁRIO DO SÉCULO XII
TROVADORISMO EM PORTUGAL MOVIMENTO LITERÁRIO DO SÉCULO XIITROVADORISMO EM PORTUGAL MOVIMENTO LITERÁRIO DO SÉCULO XII
TROVADORISMO EM PORTUGAL MOVIMENTO LITERÁRIO DO SÉCULO XIIpatriciasofiacunha18
 
Literatura portuguesa
Literatura portuguesaLiteratura portuguesa
Literatura portuguesacassab96
 
Trovadorismo (Período Medieval) - Literatura - Prof. Adriana Christinne
Trovadorismo (Período Medieval) - Literatura - Prof. Adriana Christinne Trovadorismo (Período Medieval) - Literatura - Prof. Adriana Christinne
Trovadorismo (Período Medieval) - Literatura - Prof. Adriana Christinne Colégio Santa Luzia
 
Trovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismoTrovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismorosangelajoao
 
Movimento Literário Trovadorismo
Movimento Literário TrovadorismoMovimento Literário Trovadorismo
Movimento Literário TrovadorismoThalita Dias
 
Poesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palacianaPoesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palacianaPaulo Rodrigues
 

Similaire à Poster projecto galaico português (20)

Apoesiatrovadoresca.pdf
Apoesiatrovadoresca.pdfApoesiatrovadoresca.pdf
Apoesiatrovadoresca.pdf
 
Aula 01 introdução e trovadorismo
Aula 01   introdução e trovadorismoAula 01   introdução e trovadorismo
Aula 01 introdução e trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Herança portuguesa - resumo dos movimentos portugueses
Herança portuguesa - resumo dos movimentos portuguesesHerança portuguesa - resumo dos movimentos portugueses
Herança portuguesa - resumo dos movimentos portugueses
 
literatura_trovadorismo.ppt
literatura_trovadorismo.pptliteratura_trovadorismo.ppt
literatura_trovadorismo.ppt
 
literatura_trovadorismo.ppt
literatura_trovadorismo.pptliteratura_trovadorismo.ppt
literatura_trovadorismo.ppt
 
Movimento Literário Trovadorismo 1º ano A 2013
Movimento Literário Trovadorismo 1º ano A 2013Movimento Literário Trovadorismo 1º ano A 2013
Movimento Literário Trovadorismo 1º ano A 2013
 
TROVADORISMO EM PORTUGAL MOVIMENTO LITERÁRIO DO SÉCULO XII
TROVADORISMO EM PORTUGAL MOVIMENTO LITERÁRIO DO SÉCULO XIITROVADORISMO EM PORTUGAL MOVIMENTO LITERÁRIO DO SÉCULO XII
TROVADORISMO EM PORTUGAL MOVIMENTO LITERÁRIO DO SÉCULO XII
 
Literatura portuguesa
Literatura portuguesaLiteratura portuguesa
Literatura portuguesa
 
Trovadorismo - aula.pdf
Trovadorismo - aula.pdfTrovadorismo - aula.pdf
Trovadorismo - aula.pdf
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
[Trovadorismo E Humanismo
[Trovadorismo E Humanismo[Trovadorismo E Humanismo
[Trovadorismo E Humanismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo (Período Medieval) - Literatura - Prof. Adriana Christinne
Trovadorismo (Período Medieval) - Literatura - Prof. Adriana Christinne Trovadorismo (Período Medieval) - Literatura - Prof. Adriana Christinne
Trovadorismo (Período Medieval) - Literatura - Prof. Adriana Christinne
 
Trovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismoTrovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismo
 
Movimento Literário Trovadorismo
Movimento Literário TrovadorismoMovimento Literário Trovadorismo
Movimento Literário Trovadorismo
 
Trovadorismo (2)
Trovadorismo (2)Trovadorismo (2)
Trovadorismo (2)
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Poesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palacianaPoesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palaciana
 

Plus de escolaaquilinoribeiro

Apresentação E se fosse eu - II Encontro Projecto Atlântico_Cascais Out 16
Apresentação E se fosse eu - II Encontro Projecto Atlântico_Cascais Out 16Apresentação E se fosse eu - II Encontro Projecto Atlântico_Cascais Out 16
Apresentação E se fosse eu - II Encontro Projecto Atlântico_Cascais Out 16escolaaquilinoribeiro
 
Poster "Caminos de Santiago" EB 23S Aquilino Ribeiro_julio 2016
Poster "Caminos de Santiago" EB 23S Aquilino Ribeiro_julio 2016Poster "Caminos de Santiago" EB 23S Aquilino Ribeiro_julio 2016
Poster "Caminos de Santiago" EB 23S Aquilino Ribeiro_julio 2016escolaaquilinoribeiro
 
Immigration portugaise en france au 20eme siècle
Immigration portugaise en france au 20eme siècleImmigration portugaise en france au 20eme siècle
Immigration portugaise en france au 20eme siècleescolaaquilinoribeiro
 

Plus de escolaaquilinoribeiro (7)

Apresentação E se fosse eu - II Encontro Projecto Atlântico_Cascais Out 16
Apresentação E se fosse eu - II Encontro Projecto Atlântico_Cascais Out 16Apresentação E se fosse eu - II Encontro Projecto Atlântico_Cascais Out 16
Apresentação E se fosse eu - II Encontro Projecto Atlântico_Cascais Out 16
 
Poster "Caminos de Santiago" EB 23S Aquilino Ribeiro_julio 2016
Poster "Caminos de Santiago" EB 23S Aquilino Ribeiro_julio 2016Poster "Caminos de Santiago" EB 23S Aquilino Ribeiro_julio 2016
Poster "Caminos de Santiago" EB 23S Aquilino Ribeiro_julio 2016
 
Emigração portuguesa a França
Emigração portuguesa a FrançaEmigração portuguesa a França
Emigração portuguesa a França
 
Immigration portugaise en france au 20eme siècle
Immigration portugaise en france au 20eme siècleImmigration portugaise en france au 20eme siècle
Immigration portugaise en france au 20eme siècle
 
Arisitides 2014 01-23
Arisitides 2014 01-23Arisitides 2014 01-23
Arisitides 2014 01-23
 
Questionário inicial ue
Questionário inicial ueQuestionário inicial ue
Questionário inicial ue
 
Projecto comenius
Projecto comeniusProjecto comenius
Projecto comenius
 

Dernier

11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 

Dernier (20)

11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 

Poster projecto galaico português

  • 1. A poesia galaico-portuguesa, subdivide-se em três categorias: cantigas de amigo, cantigas de amor e cantigas de escárnio e maldizer. Chegaram até nós três colectâneas de poesias: o Cancioneiro da Vaticana, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Ajuda, todos eles contendo composições que vão do século XII ao século XIV. As cantigas de amigo constituem uma poesia autóctone, de origem popular e carácter tradicional, cujas origens parecem estar ligadas às kharja, cultivadas pelos poetas andaluzes. As cantigas de amor tiveram origem na Provença. Apresentam um eu – lírico masculino, “profundamente” atormentado pela “coita” de amor pois apesar da sua “senhor” não reciprocar o seu amor, dedica-lhe incondicionais palavras de louvor, fidelidade e abnegação. O primeiro texto que encontramos no Cancioneiro da Biblioteca Nacional é um pequeno tratado em prosa sobre a poesia galaico-portuguesa, de autoria desconhecida. Habitualmente designado como "Arte de Trovar", resume brevemente a poética trovadoresca, definindo géneros e regras a que deveria obedecer a arte dos trovadores. 17 de Maio, Celebração do Dia das Letras Galegas Projecto Comenius “Connecting Schools, Building Citizenship” Cartaz realizado pelos alunos do Curso Profissional de Técnico de Turismo da Escola EB 2,3 /S Aquilino Ribeiro para os seus colegas do IES Luis Seoane Capítulo IIIIº E porque algũas cantigas i há em que falam eles e elas outrossi, por en é bem de entenderdes se som d'amor, se d'amigo: porque sabede que, se eles falam na prim[eir]a cobra e elas na outra, [é d']amor, porque se move a razom dele, como vos ante dissemos; e se elas falam na primeira cobra, é outrossi d'amigo; e se ambos falam em ũa cobra, outrossi é segundo qual deles fala na cobra primeiro. Capítulo Vº Cantigas d'escarneo som aquelas que os trobadores fazem querendo dizer mal d'alguém em elas, e dizem-lho per palavras cobertas que hajam dous entendimentos, pera lhe-lo nom entenderem [...] ligeiramente; e estas palavras chamam os clérigos hequivocatio. E estas cantigas se podem fazer outrossi de meestria ou de refram. Capítulo VIº Cantigas de maldizer som aquela[s] que fazem os trobadores [...] descobertamente e [em] elas entram palavras e[m] que querem dizer mal e nom haver[am] outro entendimento senom aquel que querem dizer chaam[ente]. E outrossi as todas fazem dizer […]. In “Arte de Trovar”, Cancioneiro da Biblioteca Nacional Dinis I 1261-1325 Filho de Afonso III de Portugal e de D. Beatriz de Castela, D. Dinis nasceu em Lisboa, a 9 de Outubro de 1261. D. Dinis protagoniza um dos mais longos e também mais brilhantes reinados portugueses, em parte beneficiando da paz que o final da guerra de reconquista cristã na faixa ocidental da Península tinha tornado efectiva. Ao longo dos seus 46 anos de reinado promoveu o desenvolvimento da agricultura, do comércio e da cultura. A ele se deve igualmente a fundação, em 1290, da primeira Universidade Portuguesa - a Universidade de Coimbra. Foi também no seu reinado que todos os documentos deixaram de ser redigidos em latim para passarem a ser escritos em português. Impulsionou a tradução de muitas obras para português, entre as quais se contam os tratados de seu avô Afonso X, o Sábio. Foi um dos mais notáveis trovadores do seu tempo. Aos nossos dias chegaram 134 cantigas da sua autoria, distribuídas por todos os géneros - 73 cantigas de amor, 51 cantigas de Amigo e 10 cantigas de escárnio e maldizer. Mapa de dialectos hispânicos Fonte: Nicola, José Cantigas de amigo Trovadores Portugueses Ai, flores, ai, flores do verde pino Ai, flores, ai, flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo? Ai, Deus, e u é? Ai, flores, ai, flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado? Ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo? Ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi à jurado? Ai, Deus, e u é? Vós me preguntades polo vosso amigo? E eu ben vos digo que é sano e vivo. Ai, Deus, e u é? Vós me preguntades polo vosso amado? E eu ben vos digo que é vivo e sano. Ai, Deus, e u é? E eu ben vos digo que é sano e vivo e seerá vosco ante o prazo saido. Ai, Deus, e u é? E eu ben vos digo que é vivo e sano e seerá vosco ante o prazo passado. Ai, Deus, e u é? Levantou-s'a velida Levantou-s'a velida, levantou-s'alva, e vai lavar camisas eno alto, vai-las lavar alva. Levantou-s'a louçana, levantou-s'alva, e vai lavar delgadas eno alto, vai-las lavar alva. [E] vai lavar camisas; levantou-s'alva, o vento lhas desvia eno alto, vai-las lavar alva. E vai lavar delgadas; levantou-s'alva, o vento lhas levava eno alto, vai-las lavar alva. O vento lhas desvia; levantou-s'alva, meteu-s'[a] alva em ira eno alto, vai-las lavar alva. O vento lhas levava; levantou-s'alva, meteu-s'[a] alva em sanha eno alto, vai-las lavar alva. Cancioneiro da Biblioteca Nacional Pedro Afonso, conde de Barcelos 1287 – 1354 O legado cultural do Conde de Barcelos é um dos mais importantes da Idade Média peninsular. D. Pedro foi o último compilador das cantigas dos trovadores galaico-portugueses. No seu testamento deixa um Livro de Cantigas ao seu sobrinho, Afonso XI de Castela. Escreveu duas outras obras fundamentais da história e cultura portuguesas: o Livro de Linhagens do conde D. Pedro (1340-1344), uma recompilação da genealogia das principais famílias nobres de Portugal inseridas no contexto peninsular e universal e a Crónica Geral de Espanha de 1344, uma crónica histórica em que é descrita a história dos vários reinos ibéricos e da Reconquista, enfatizando- se o papel dos reis portugueses na cruzada contra o Islão. São conhecidas quatro cantigas de amor e seis cantigas de escárnio de D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos. Cantiga de amor Nom me poss'eu de morte defender, pois vejo d'Amor que me quer matar por ũa dona; mais, pois m'eu guardar nom posso já de por dona morrer, catarei já das donas a melhor por que, pois mi há de matar, mat'Amor. E pois Amor em tal guisa me tem em seu poder que defensa nom hei de parar morte; e pois eu certo sei que por dona a morrer me convém, catarei já das donas a melhor por que, pois mi há de matar, mat'Amor. E bem vej'eu, per qual poder em mi Amor tomou, que nom hei defensom d'escusar mort'; e pois eu tal razom hei por dona de prender mort'assi, catarei já das donas a melhor por que, pois mi há de matar, mat'Amor. João Garcia de Guilhade Trovador português, natural de Guilhade, Barcelos, e documentado no segundo e terceiro quartéis do século XIII. João Garcia de Guilhade deveria ser um dos cavaleiros ao serviço da linhagem dos Sousa. Pelas suas composições depreende-se que teria frequentado a corte castelhana de Afonso X, acompanhando talvez o percurso inicial de D. Gonçalo de Sousa. Escola E.B. 2,3/S Aquilino Ribeiro Cantiga de escárnio Ai dona fea, fostes-vos queixar que vos nunca louv'en[o] meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei todavia; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia! Dona fea, se Deus mi perdom, pois havedes [a]tam gram coraçom que vos eu loe, em esta razom vos quero já loar todavia; e vedes qual será a loaçom: dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei em meu trobar, pero muito trobei; mais ora já um bom cantar farei em que vos loarei todavia; e direi-vos como vos loarei: dona fea, velha e sandia!