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1
O Urbanismo amigável como Política Publica de inclusão para
todas as idades: Redesenhando a quadra para abrir novos
caminhos.
JOSÉ EUCLIDES QUEIROZ1
euclidesqf@gmail.com
RESUMO
Este artigo através de uma pesquisa de caráter teórico-exploratório vem apresentar
contribuições sobre a “Quadra Aberta” como sendo um conceito projetual inclusivo para o
redesenho urbano das quadras, usando vetores que levam em consideração permeabilidade
física e visual, valorização do pedestre e da escala humana nos trajetos entre maciços edificados
onde o espaço criado leva em consideração aspectos ambientais geradores de estímulos aos
canais sensoriais para a interação entre os espaços internos edificados e os espaços externos de
mobilidade ativa e equipamentos públicos, tendo equilíbrio entre a área construída e espaços
livres/áreas verdes, entre a verticalização e a horizontalidade, sendo meta principal, ligar o
indivíduo ao ambiente independente de sua idade e que possa abrigar todas as suas
necessidades, expectativas e desejos, interagindo o na comunidade, nos espaços gerados,
trazendo sensação de segurança, comodidade e bem estar. Usando a policentralidade para
ocupação de áreas não consolidadas ou em consolidação, usando diretrizes apoiadas em quatro
pilares considerados sustentáveis para o envelhecimento ativo, saúde, educação e aprendizado
continuado, participação social, proteção e segurança. Será demonstrado através de casos
consolidados, maneiras duradouras e humanistas para desenvolver um plano Urbano de
qualidade como o criado pelo engenheiro e urbanista Ildefonso Cerdá na cidade de Barcelona,
ou que leve em conta os aspectos geopolíticos de comunidade e de espaços sustentáveis na
cidade de Tianjin na China, ou de requalificação urbana como o Projeto do Anhangabaú em São
Paulo e na cidade do Recife, o projeto Calçada Legal da cidade do Recife.
Palavras Chaves: Quadra aberta; psicologia ambiental; comunidade; planejamento;
terceira idade.
ABSTRACT
This article through a theoretical-exploratory research presents contributions on the "Open
Court" as an inclusive design concept for the urban redesign of the blocks, using vectors that
take them into account physical and visual permeability, valuing the pedestrian and the human
scale in the paths between built massifs where the created space takes into account
environmental aspects that generate stimuli to sensory channels for the interaction between
the built internal spaces and the external spaces of active mobility and public equipment,,
having a balance between the built area and free spaces/green areas, between verticalization
and horizontality, being the main goal,, connecting the individual to the environment
1
Arquiteto e Urbanista, com especialização em auditória ambiental, legislação municipal e urbana, infraestrutura
urbana e planejamento.
2
regardless of his age and that can house all his needs , expectations and desires, interacting
with the community, in the spaces generated, bringing a sense of security, convenience and
well-being. Using polycentricity for occupation of unconsolidated areas or in consolidation, using
guidelines supported by four pillars considered sustainable for active aging, health service,
education and continuing learning, social participation, protection, and safety. It will be
demonstrated through consolidated cases, lasting and humanistic way to develop a quality
Urban plan such as that created by engineer and urban planner Ildefonso Cerdà in the city of
Barcelona, or that takes into account the geopolitical aspects of community and sustainable
spaces in the city of Tianjin in China, or urban requalification such as the Anhangabaú Project in
São Paulo and the city of Recife, the Legal Sidewalk projects of Recife.
Key Words: Open court; environmental psychology; community; planning; seniority.
INTRODUÇÃO
A cidade envelhece, a sociedade envelhece, a cidade envelhece a sociedade, são efeitos
causados pelo dinamismo econômico baseado no capitalismo especulativo de uma cultura
consumista da era digital isolacionista que não se incomoda de gerar espaços excludentes e
agressivos a partir do momento que não permite a interação dos indivíduos com ela, dos
indivíduos entre si de um ponto de vista físico-territorial onde possa fluir um processo de
comunidade, nem de humanização dos espaços gerados e sua integração interior/habitação
com o exterior urbano e os equipamentos públicos, falta-lhes a sensibilidade e acessibilidade.
Esta é a imagem urbana das cidades brasileiras “um cenário de obstáculos físicos e
sensoriais que transmitem um ambiente estressante para o indivíduo idoso que se agrava devido
a idade que o fragiliza física e psicologicamente pois este é mais sensível a estas situações ou
condições que são incontroláveis geralmente, aversivas e estressantes pela sensação de
insegurança que gera os ambientes/espaços nestas condições.”
A forma da imagem urbana exprime como vive o indivíduo em sociedade do ponto de
vista sociocultural e comportamental, em sua visão não vê o amanhã, se acha eterno e é
preconceituoso com a velhice por medo.
Por isto a forma da imagem urbana da cidade em termos físico/sensorial são grandes
espaços murados ou edificados não permeáveis dificultando a mobilidade, gerando grandes
percursos em vias mesquinhas e insuficientes para um deslocamento seguro, afeito a acidentes,
com poucos equipamentos urbanos contemplativos e de lazer para o descanso temporário e até
mesmo inclusivo comunitariamente aos demais que habitam em seu entorno. Logo a cidade é
um espaço frio que define a pessoa como individuo enquanto ele for funcional física e
sensorialmente e é claro produtivo economicamente, uma engrenagem.
A longevidade do ser humano e a 3ª idade se tornaram um obstáculo e um ponto fora
da curva para aqueles que produzem economicamente os espaços urbanos, devido ao efeito
3
secular da industrialização da sociedade, pois este segmento foi culturalmente educado a tratar
o espaço como uma engrenagem apenas funcional e de ganhos econômicos sem levar em conta
os aspectos humanistas que podem vir a agregar valores muito maiores.
Hoje a arquitetura se volta para o segmento da 3ª idade com grande interesse como os
demais segmentos econômicos, contudo o urbanismo por ser uma situação mais abrangente do
ponto de vista de sociedade é tratado de modo acanhado e periférico, o Estatuto das Cidades é
um instrumento que defende não só uma discussão ampla sobre o tema, mas indutora para que
os Planos Diretores sejam elaborados como ferramenta de políticas públicas, mas cabe aos
arquitetos e urbanistas quanto ao seu livre exercício da função buscar as engrenagens que
produzam a forma da imagem urbana que sigam os “princípios de sustentabilidade
socioambiental contribuindo para a boa qualidade das cidades defendendo à promoção da
justiça e inclusão social das cidades através de soluções dos conflitos, à moradia, à mobilidade,
à paisagem, ao ambiente sadio, etc.”
Este artigo visa demonstrar como pode o Arquiteto e Urbanista projetar para a 3ª idade,
levando em consideração que a cidade envelhece junto com a sociedade logo se faz necessário
produzir espaços que tragam na Psicologia ambiental estímulos aos canais sensoriais que gerem
interação entre os espaços internos edificados e os espaços externos de mobilidade e
equipamentos públicos, é a ligação do homem com o ambiente que possa abrigar todas as
necessidades, expectativas e desejos humanos, garantindo a interação como comunidade e os
espaços gerados, trazendo a sensação de segurança, comodidade, e bem estar, assim a
sociedade envelhece bem e a cidade se renova (se ressignifica) com ela por ser um organismo
vivo e dinâmico.
A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho foi de caráter teórico e
exploratório, que, segundo Gil (2008), tem o objetivo de proporcionar maior familiaridade com
o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Tendo sido
desenvolvida essa metodologia, esta pesquisa pode ser classificada como pesquisa bibliográfica
e de estudo de caso. No que diz respeito ao aspecto técnico e profissional, esta pesquisa sobre
o conceito de Quadra Aberta e seu enquadramento nos estudos de casos pesquisados podem
ser utilizadas como uma experiência que teve êxito e, dessa forma, alguns conceitos podem ser
aplicados a outros centros urbanos.
O problema instigador da pesquisa pode ser formulado pelo seguinte questionamento:
Que contribuições os estudos de casos e sua relação com o conceito de quadra aberta pode ter
para o planejamento urbano de outras cidades? Parte-se da hipótese inicial de que os estudos
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de caso e local que foi planejado pensando no adensamento populacional, pode trazer, com
suas propostas urbanísticas, contribuições importantes para outras cidades, tais como: melhoria
da qualidade de vida da população mais vulnerável, sistema de drenagem d’água, sistema de
quadras abertas e melhoria da mobilidade ativa, diminuição da poluição visual, etc.
O objetivo geral do artigo é o de analisar o planejamento urbano, com ênfase na
mobilidade e acessibilidade e principalmente na integração e inclusão de indivíduos de 3ª idade
como levando em consideração que ao projetar para este tipo de usuário estaríamos projetando
para todos. Os específicos são as intervenções que podem agir isoladamente ou se integrarem
para modificar o espaço sob os aspectos da psicologia ambiental, onde se poderá propor
(objetivos específicos):
A- Gerar novas áreas de centralidades em espaços urbanos expandidos não consolidados.
B- Ocupar os grandes vazios urbanos em zonas já consolidadas definindo planos
urbanísticos específicos, baseando suas diretrizes nos quatro pilares considerados
atualmente sustentáveis para o envelhecimento ativo, saúde, educação e aprendizado
continuado, participação social, proteção e segurança.
C- Traçar novos caminhos ou requalificá-los os já existentes através de vetores de
permeabilidade física e visual valorizando o pedestre e a escala humana nos trajetos
junto aos maciços edificados.
D- Propor alternativa ao padrão hoje dominante de ocupação.
E- Equilibrar área construída e espaços livres/áreas verdes do conjunto, entre a
verticalização e a horizontalidade.
Através de uma pesquisa com metodologia teórico-exploratória o referencial teórico irá
apresentar pontos em comum com foco na pesquisa para assim poder definir vetores para o
redesenho, associando aos estudos de casos como exemplo de maneira duradoura e humanista
como o Plano Urbano criado pelo engenheiro e urbanista Ildefonso Cerdà em 1859 para a cidade
de Barcelona, levando em conta os aspectos geopolíticos de comunidade e de espaços
sustentáveis gerados na cidade de Tianjin na China. Ainda assim do ponto de vista de nossa
sociedade ver o conceito de quadra aberta que pode requalificar os espaços já gerados como
os Projeto de Requalificação do Anhangabaú em São Paulo e demais intervenções de
requalificação como na cidade do Recife.
A justificativa no âmbito acadêmico/científico é a de oportunizar o desenvolvimento de
outros estudos que serão elaborados a partir deste artigo. Assim, pode ser utilizado para ampliar
as pesquisas relacionadas ao planejamento urbano e à mobilidade como um todo.
5
O REFERENCIAL TEÓRICO
Como já foi dito anteriormente usaremos como referencial teórico aquilo que esteja
alinhado e enquadrado em questões voltadas aos aspectos da Psicologia ambiental que
estimulem os canais sensoriais do usuário alvo gerando nele interação entre os espaços, ligando-
o com o ambiente onde ali todas suas necessidades, expectativas e desejos humanos sejam
atendidos lhe dando qualidade de vida e sentimento que ele está incluso na comunidade e nos
espaços gerados. Ao longo da história do urbanismo, vários foram os tipos de Desenho Urbano
desenvolvidos pelos arquitetos. Com a evolução das cidades surgiram novos desafios que
deveriam ser vencidos e previstos. Desde a quadra da cidade tradicional até os dias atuais, as
mudanças no formato da tipologia das quadras são marcantes.
A Quadra Aberta alia conceitos antigos - alinhamento no paramento - a conceitos
modernos - permeabilidade interna nas quadras. Define as ruas de forma clara, sem esquecer a
pluralidade de formas e de usos. Ainda tem como parâmetros: preocupação com a escala,
proporcionalidade e viabilidade financeira.
Os autores mais utilizados para o referencial teórico são: Jane Jacobs (2001), Bentley
(2005), Del Rio (2001) e Gehl (2013), que em síntese e sob a perspectiva de cada um, abordam
conceitos do desenho urbano contemporâneo onde dividiremos as pesquisas teórica em duas
partes, a primeira seria o desenho urbano e a percepção do espaço do ponto de vista do usuário
e a outra seria a percepção do espaço sobre o ponto de vista da escala humana. Do ponto de
vista geral dos teóricos as cidades foram desumanizadas ao longo de sua existência pelo modo
como são usadas e agravasse ainda mais pela era do petróleo e o avanço tecnológico, assim a
preocupação com o ser social independente de sua faixa etária foi colocado como irrelevante.
Figura 1: Linha do tempo de diversos tipos de planos de quadra ao longo da história do urbanismo, montagem da
autora. Fonte: FIGUEROA, Mário. Arquitextos, Vitruvius website.
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JANE JACOBS (1961), BENTLEY (1985), DEL RIO (2001) E GEHL (2013)
Para Bentley O ambiente construído é inevitavelmente um sistema político, no sentido
de que sua forma física / espacial (independentemente de como é produzido ou gerenciado)
torna algumas coisas fáceis de fazer e outras mais difíceis. O Assentamento como parte de um
ecossistema compostas por um conjunto de diferentes sistemas - relevo, sistema de água,
sistema verde, rede de ligação pública, parcelas, edifícios e componentes que são diferenciados
não apenas espacialmente, mas também porque mudam a taxas diferentes ao longo do tempo
que tem influência sobre as estruturas urbanas, logo quem projeta tem que entender que ali se
abrem a possibilidade de se falar de questões como sustentabilidade e transformação e
requalificação do assentamento devido a um cenário de decadência ou envelhecimento e assim
o transforma-lo diversas vezes devido há um ecossistema dinâmico.
Assim o desenho urbano de Bentley deve ser norteado pelos princípios da
permeabilidade que são fundamentais para tornar as rotas agradáveis às pessoas e definir um
sítio urbano de qualidade, deve ter uma interface ativa dos espaços gerados através dos
caminhos criados e as áreas no entorno do perímetro do novo desenho urbano onde um sistema
de ruas bem conectado ofereça escolha de rotas que o pedestre possa levar de A a B, e torne
provável que se encontre outras pessoas pelo caminho dando um sentimento visual de
segurança e sinal de vida buscando assim a permeabilidade sob o aspecto da acessibilidade, pois
permite um maior número de opções disponíveis para ir de um ponto a outro e torna o espaço
receptivo e que interligue outros onde neste conjunto a estrutura física final de qualquer
assentamento seja efetivamente um sistema político e deva ser projetada para abrir
oportunidades na maior quantidade possível de pessoas, com a mínima necessidade de recursos
externos. A esta estrutura física haja espaços públicos com variedade, estética e com a oferta
de usos e atividades instaladas, como meio de atrair públicos diferentes em horários distintos
na busca de estimular a interpretação dos significados dos espaços onde se propõem buscar
adequabilidade visual do lugar integrando o espaço gerado com o existente no entorno.
Complementa-se o conceito de desenho urbano de Bentley com Del Rio para ele o
novo desenho urbano que busque a revitalização urbana das cidades com inclusão social e
deve ser projetado levando em consideração:
“o ambiente influencia nosso comportamento e gera esquemas territoriais nos usuários
(consciente e inconscientes); a intensidade e a forma de uso são proporcionais à
qualidade do espaço e seus elementos”. (DELRIO, 1990, pg.97).
Disso ele conclui que
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“estudar o comportamento ambiental conforma a investigação sistemática das
interrelações entre o ambiente e o comportamento humano e suas implicações para o
projeto” (DEL RIO, 1990, pg.99).
Para Vicente Del Rio o projeto urbano ideal deveria responder a três grupos básicos de
satisfação do usuário: visual, funcional e comportamental. onde a circulação viária é um dos
elementos mais importante para a estruturação da imagem urbana, um dos fatores básicos na
democratização da cidade, e a acessibilidade e estacionamento devem ser entendidos como
vitais para a animação e a sobrevivência social e econômica de uma área, em soluções
conciliadoras com os espaços livres que tem função importante no urbano quanto aos aspectos,
social (encontros), cultural (eventos), funcional (circulação) ou higiênica (mental ou física).
Para isto os percursos e pedestres: integram um forte sistema interdependente com as
atividades sociais e econômicas no nível térreo das edificações e devem ser tratados em
conjunto com o sistema de circulação viária e transportes públicos e reforçados pelo projeto dos
espaços livres e atividades de apoio (práticas esportivas, lazer etc.). como forma de integração
comunitária, sendo um sistema complementar e coerente com o de movimento de pedestres e
veículos.
Mas como buscar tais situações sem levar em conta a escala humana? Como devemos
ver o problema das cidades hoje? Segundo Jan Gehl em seu livro “Cidade para Pessoas” o
urbanista e arquiteto deve assumir sua responsabilidade por ter negligenciado nos últimos 50
anos a dimensão humana no planejamento urbano e na exploração dos vazios entre os edifícios
a nível da rua o que ele chama de “ground floor” - o térreo, o nível da rua sendo assim pensado
na escala humana nos edifícios e nos espaços abertos que tenha como referência a pessoa que
caminha e não para quem passa dentro de um carro. É uma questão de tamanho e densidade.
"A cidade é das pessoas, para que possam andar, sentar, praticar esportes ou ir de bicicleta ao
trabalho". "Estamos muito obcecados com a mobilidade e perdemos a capacidade de fazer
bairros onde é um prazer crescer e envelhecer". JAN GEHL
https://www.archdaily.com.br/br/897053
Sendo assim Jan Gehl defende que as condições ideais para o pedestrianismo que levem
a considerar a segurança quanto ao transito, que exista a polifuncionalidade de uso para o
espaço gerado onde o indivíduo venha a sentir segurança quando ali transitar a qualquer hora
do dia e da noite com boa iluminação, onde o caminho por onde o pedestre passe seja livre de
experiências sensoriais desagradáveis, causadas por vento, chuva, calor/frio, poluição, ruído,
poeira, ou seja tenha proteção para isto, que pode ser alcançada até mesmo pelo
posicionamento correto dos edifícios na quadra em função das condições ideais de conforto
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ambiental. Mas não fica só nisto, os caminhos devem ter espaço suficiente e sem obstáculos,
boas superfícies, acessibilidade para todos e fachadas interessantes, que ofereçam um visual
agradável, tais caminhos devem ser apoiados por espaços de permanência atraentes para sentar
e que possa ofertar e aproveitar os aspectos positivos do clima: sol/sombra, calor/frescor, brisas
e que haja nos espaços Locais jogar e se exercitar: convite à criatividade e a atividades físicas, a
toda hora e em todas as estações.
Quer Ghel, quer Bentley, quer Del Rio ou qualquer outro teórico nenhum é mais
desafiador e traz uma Leitura sobre a cidade e a humanização dos espaços como a jornalista
Jane Jacobs (2001) no seu livro Morte e Vida das Grandes Cidades a autora trata dos vários
aspectos que transformaram a cidade em um ambiente sem vida, meramente artificial e
funcional como uma engrenagem, ela desafia os arquitetos e urbanistas a pensarem do ponto
de vista do usuário e como pesquisadora ela vai mais além, para ela a cidade é orgânica e para
ser uma cidade boa de viver as ruas devem ser vibrantes, os prédios devem ter fachadas ativas,
bairros com quadras de uso mistos e mais densos assim o pedestrianismo é favorecido e o
conceito de comunidade fortalecido, logo a autogestão regularia o dinamismo de transformação
dos espaços urbanos gerados neutralizando as barreiras que geram as zonas de fronteiras
através da permeabilidade garantida pela mobilidade humana tendo na calçada seu instrumento
mais importante e assim garantir a segurança pública com a presença de gente na rua e a
diversidade de usos.
Mas para isto ela desafia aos profissionais da área a repensar pois do ponto de vista de
Jacobs, “é um crime contra a cidade trabalhar o lote como definidor da configuração do espaço,
devendo ser a quadra o elemento mínimo que os urbanistas devem estudar e desenvolver.”
Demonstra soluções denominadas como “Geradores de Diversidade”, nas quais contribuíram
para este trabalho e suas diretrizes:
1 - “Olhos da rua” - Funções que gerem presença de pessoas em horários diferentes e
em alta concentração.
2 - Quadras curtas - Valorização de esquinas e percursos através do aumento de
caminhos.
BARCELONA DE CEDÀR
O Plano Cerdá (1859), idealizado por Ildefonso Cerdá, distribui o trânsito de maneira
equilibrada a poucos eixos, em que se sobressaem três eixos principais que cruzam a cidade no
sentido horizontal e diagonal (Figura 2) e se confluem até uma grande praça. Esse plano também
prevê a canalização viária a partir de uma retícula urbana formada por ruas largas, onde, em
9
todos os seus cruzamentos, há chanfros, que permitem a homogeneização do sistema viário e
possibilitam a mudança de direção do trem sem quaisquer problemas.
Chama a atenção que 1859 Ildefonso Cerdá estava a frente de seu tempo, pois ao
modular a quadra e a dispô-la numa malha quadriculada em função dos três eixos ele definiu a
expansão da cidade e em cada etapa desta expansão da cidade de Barcelona com novos bairros
foram integrados por anéis viários.
O Plano desenha uma grelha ortogonal, com módulos ou quarteirões de 113 metros de
lado e vias de 20 metros de perfil, podendo internamente ser fechado ou aberto, de tal modo
que cada conjunto de nove quarteirões e vias correspondentes se inscrevem num quadrado de
400 m de lado. É na malha quadriculada que o plano apresenta as mais importantes inovações
que vão de encontro ao sistema tradicional de construção contínua na periferia das quadras
passando a ser no interior destas que, de modo ordenado pelas vias, se vão dispor os edifícios.
Para a ocupação da malha quadriculada (foto 1) são propostas duas hipóteses: A
primeira corresponde à ocupação periférica do quarteirão em apenas dois dos lados, formando
ruas de 20 metros, semelhantes às que existem hoje. A construção não excederia dois terços da
superfície do quarteirão, os blocos seriam paralelos e, no espaço entre estes, criar-se-iam
corredores para pedestres arborizados com equipamentos. O tecido morfológico do Ensanche
(terreno urbano) é bastante coerente e
facilmente destacável do restante de
Barcelona. A partir da unidade básica do
quarteirão quadrado surgiram três
modelos principais de configuração: o
quarteirão fechado, com a típica
ocupação periférica das edificações e
pátios centrais, o quarteirão com
Figura 2: Plano de Cerdà 1859. Fonte: EXPOSICIÓ. Cerdà: Urbs i Territori. Barcelona: Departament de Política
Territorial i Obres Públiques de la Generalitat de Catalunha, 1996.
Foto 1 Quadra Barcelona - Google Earth 2020
10
passagem que o atravessa, e o super-quarteirão, que é a ocupação global ou união de mais
de um quarteirão.
O plano a Teoria General de Ia Urbanización de Barcelona expõe a metodologia,
pensamento urbanístico secular com preocupações de caráter sociológico de Cerdà que será o
primeiro urbanista no sentido moderno do termo que busca coordenar os aspectos espaciais e
físicos com preocupações funcionais, sociológicas, econômicas e administrativas, tratando pela
primeira vez a cidade como um organismo complexo e integrador de vários sistemas e funcional,
na década de 1970, para a integração dos novos bairros ao antigo Plano Cerdá, foi construído o
primeiro anel viário, Ronda del Mig. e na década de 1990, para melhorar a mobilidade, foi
inaugurado o segundo anel viário, Ronda del Dalte e Ronda del Litoral, concedendo às vias
arteriais um aumento nas calçadas, priorizando os pedestres, resultando em ruas mais
arborizadas, com menor contaminação, aumento do fluxo de pessoas e mais atividades
desenvolvidas nas ruas.
TIANJIN ECO-CITY: A CIDADE SUSTENTÁVEL NA CHINA (TIANJIN, CHINA. 2007)
O projeto da cidade sustentável Tianjin Eco-city está
estruturado sobre conceitos de harmonia (Social, Vitalidade
econômica e sustentabilidade ambiental) e habilidade
(Praticável construtivamente, replicável em outras regiões e
modelos potencialmente adaptáveis para outros projetos e
escalas). Os objetivos são: criar, implantar e desenvolver uma
cidade sustentável, ecologicamente amigável, socialmente
harmônica e eficiente no uso de recursos, por meio do
desenvolvimento de infraestrutura, residências, indústrias e
comércio.
O Plano Urbanístico (fig. 3 e 4) tem como
base um partido com área verde central
(parque linear), linhas de força que
definem o paralelismo com as vias
existentes, a quadra Aberta de onde
partiu dos percursos dos pedestres e das
áreas verdes existentes para formalizar
a integração pelo usufruto dos
Figura 3 e 4 - planos urbanísticos deTianjin/CH
11
moradores da cidade com um parque linear, não só do bairro em questão.
O Projeto trabalha Quadras e assim a malha urbana está estruturada pelo conceito de vizinhança
usado em Cingapura e tem como menor unidade territorial a Eco célula (com área de 400m por
400m, garantindo pequenas distâncias de caminhada para acesso a serviços essenciais).
Caracterizadas como unidade básica, as Eco células irão compor as Eco comunidades e, por fim,
os Eco distritos. Cada célula comporta 2.500 unidades habitacionais, com aproximadamente
8.000 pessoas. Quatro células irão compor uma comunidade (com cerca de 30.000 pessoas) e,
por fim, quatro comunidades compõem um distrito. Para adequá-los há outros locais devemos
ter em mente a proporcionalidade através da densidade de ocupação de cada local e suas
necessidades como no Brasil a eco célula deve ser tratada como quadra de dimensionamento
dividido em edifícios e com distâncias condizentes as necessidades do lugar. O conjunto destas
quadras trabalhado gerará a comunidade com serviços públicos, desenvolvendo as escalas,
Edificação, Quadra e na Gleba e ajudando a equilibrar a oferta de serviços espalhadas pelas
quadras.
INTERVENÇÕES NA CIDADE DE SÃO PAULO ATRAVÉS DAS PIUS (PROJETOS DE INTERVENÇÃO
URBANA) PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO DO ANHANGABAÚ.
REQUALIFICAÇÃO DO ANHANGABAÚ
O projeto de requalificação traz em
seu objetivo principal não apenas a
existência de um calçadão que
interliga as quadras já existentes
onde antes passava um curso d’água,
pois só a calçada não gera conforto e
bem-estar, fica longe do critério de
comunidade e local de reuniões. Logo a requalificação busca resgatar a história urbana do vale
do Anhangabaú, valoriza os usuários, Implanta áreas de lazer, apoio e eventos culturais, valoriza
o pedestre e a acessibilidade, gera ambientes de contemplação com fontes e espelhos d’água
que ajudam a gerar um microclima ideal, cria uma interface entre o espaço requalificado com
ativação de fachadas e uma excelente iluminação pública.
PROJETO CALÇADA LEGAL.
Uma das formas de observar como o Brasil ainda não está preparado para uma
população com muitos idosos é prestar atenção à situação das calçadas nas cidades. O Recife é
Figura 5 Projeto Revitalização Anhangabaú - fonte Prefeitura da cidade de São Paulo
12
um exemplo de mobilidade inadequada para pessoas com 60 anos ou mais. Segundo a avaliação
da arquiteta e urbanista, Ângela Carneiro Cunha, os principais problemas para a mobilidade dos
pedestres idosos na capital pernambucana são anteparos, buracos e declividades.
A Lei de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/12), que reafirma a prioridade de circulação nas
ruas para pedestres. E em 2016, a sociedade brasileira ganhou a Lei Brasileira da Inclusão (Lei
13.146/15), documento que define direitos das pessoas com deficiência física e estabelece as
obrigações dos governantes, entre elas, a garantia de acessibilidade em ruas e calçadas.
Jessica Pacheco, cadeirante e estudante de arquitetura e urbanismo realizou todas as
avaliações da Campanha Calçadas do Brasil em Recife (PE) de acordo com o site Mobilize Brasil
em um arquivo postado em 22 de abril de 2019 e concluiu que faltam Semáforos (média 3,85),
Mapas de orientação (3,30), Faixas de travessia (4,70) e, principalmente, há poucas calçadas
com Rampas de acessibilidade (média 3,55), um equipamento que, quando existe, está fora dos
requisitos da norma. Também há poucas praças, bancos e arborização para aliviar o percurso
dos que vão a pé nesta cidade de clima quente do Nordeste. Se, de um lado, Sinalização e
conforto são itens mal atendidos, por outro, o levantamento verificou que as calçadas recifenses
têm boas larguras (média 7,35). E as notas são ótimas no quesito Inclinação transversal (média
9,15). O projeto Calçada Legal da Prefeitura do Recife prevê a requalificação dos passeios
públicos dos principais corredores viários da cidade. O projeto foi lançado em 2017 e,
atualmente, está requalificado as calçadas de 20 vias da cidade, entre elas estão vias como a
Rua Amélia, Avenida Rui Barbosa, Avenida Mário Melo, Rua Oliveira Lima e Gervásio Pires. São
R$ 105 milhões investidos na requalificação de 134 km de calçadas e 56.300 m² de largos. As
obras, que devem seguir até 2020. As calçadas da via foram alargadas em 1,20m possibilitando
a acessibilidade sem necessidade de retirada das árvores existentes. o recuo na calçada do Liceu
Nóbrega que permitiu o alargamento de 5 metros para a implantação de uma área de apoio
para os frequentadores da região e usuários, o comércio informal da área também foi
reorganizado de modo a garantir mais facilidade para a circulação de pedestres.
O objetivo criar um conceito de integração entre espaços públicos e privados
promovendo, assim, melhoria da qualidade urbana pois a falta de sinalização, poluição
atmosférica, excesso de ruído, ou a velocidade e agressividade do tráfego nas ruas e podem
afastar as pessoas desse hábito saudável e sustentável que é a mobilidade a pé.
Sendo assim apresentamos dois estudos de casos de redesenho urbano, Barcelona/ES e
Tianjin/CH e dois casos de requalificação vale do Anhangabaú/SP e Calçada Legal no Recife/PE e
quais os pontos em comuns entre eles.
13
Estudo de caso Análise dos estudos de caso (resultado)
Barcelona/CEDÀR uma grelha ortogonal, com módulos ou quarteirões de 113 metros de lado e vias de
20 metros de perfil, de tal modo que cada conjunto de nove quarteirões e vias
correspondentes se inscrevem num quadrado de 400 m de lado onde sistema é
cortado por diagonais que confluem numa grande praça para garantir a ventilação
cruzada. Tendo 3 tipos de módulos abertos ou fechados com áreas de convivência
internas com áreas verdes e praças, as edificações de uso misto dispostas no
perímetro das quadras com fachadas ativas e um sistema de calçadas largas e
arborizadas. O Conjunto de quarteirões estão dispostos os serviços públicos,
semipúblicos e comercio.
Tianjin/CH Plano urbanístico definido por conjunto de quadras abertas em linhas de força
paralelas as vias, o partido é um parque linear que as integram através de percursos
de pedestres, seus limite territoriais são definidos por módulos a menor unidade
territorial caracterizada por unidade básica definida como Eco célula (400 x 400 m),
4 destas formam uma eco comunidade e 16 um eco distrito (dimensionamento
mínimo pré-determinado). Todos composto com serviços públicos, semipúblicos e
prédios de uso misto. Todas as fachadas ativas
Requalificação
Anhangabaú/SP
A parte mais baixa do Vale do Anhangabaú, curso d’água natural que foi aterrado,
hoje tal área é o encontro de diversas quadras e um parque linear natural onde pode
usar um corredor de sustentabilidade, Implanta áreas de lazer, apoio e eventos
culturais, valoriza o pedestre e a acessibilidade, gera interface entre as fachadas
ativas e o espaço criado (parque linear).
Calçada Legal no
Recife/PE
requalificação dos passeios públicos dos principais corredores viários da cidade
assegurando permeabilidade física com áreas de apoio e integração a espaços
públicos já existentes, interação de edifícios não residenciais ou de uso misto com a
geração de fachadas ativas (sem muro).
RESULTADO
A funcionalidade pode ser entendida de modo geral como uma maneira de medir se
uma pessoa é ou não capaz de independentemente desempenhar as atividades necessárias para
cuidar de si mesma e de seu entorno (DUARTE, ANDRADE, LEBRÃO, 2007). Essas atividades são
conhecidas como atividades de vida diária (AVD) e subdividem-se em: a) atividades básicas de
vida diária (ABVD) – que envolvem as relacionadas ao autocuidado ; b) atividades instrumentais
de vida diária (AIVD) – que indicam a capacidade do indivíduo de levar uma vida independente
dentro da comunidade onde vive e inclui a capacidade para preparar refeições, realizar compras,
utilizar transporte, cuidar da casa, utilizar telefone, administrar as próprias finanças, tomar seus
medicamentos, contudo se isto não for associado a uma prática de atividades físicas capazes de
promover a melhoria da aptidão física relacionada à saúde que irá proporcionar benefícios nas
áreas psicofisiológicas, com mais ou menos capacidade de acordo com a idade.
Todos vamos envelhecer e sendo assim se faz necessário diante da questão urbana
elaborar planos e projetos duradouros e de fácil intervenção quando da necessidade de sua
requalificação. Todos os teóricos e estudos de caso aponta que a quadra aberta como definidor
da configuração do espaço, devendo ser a quadra o elemento mínimo que os urbanistas devem
estudar e desenvolver um bairro sustentável ou requalificar espaços vazios em áreas já
consolidadas, através de geração de novas centralidades que impactem nas zonas urbanas
14
consolidadas onde se busca ofertar todos os serviços dentro de um raio de distanciamento que
venha a integração do espaço com sua vizinhança gerando fachadas ativas, conciliando a
circulação com outros usos tradicionais da via pública como passagem de pedestres, local para
passeios, encontros, Bares-Cafés de calçadas, comércio, etc. A integração, no espaço urbano,
das funções habitação – circulação – trabalho – lazer através de um policentralismo já pré-
dimensionado de acordo com a densidade de ocupação tendo na harmonização dos diferentes
espaços que compõem a quadra pela unidade de concepção das massas arquitetônicas que os
configurarão, sem prejuízo da diversidade formal desejável que funcionará de maneira
articulada e equilibrada os espaços públicos, semipúblicos e privados de maneira a
assegurarmos continuidade e animação para as “vidas” diurna e noturna da quadra ou do
espaço urbano gerado.
A organização e dimensionamento na escala da quadra e da sua vizinhança, das áreas
verdes e dos equipamentos públicos com a adaptação dos espaços coletivos ao nosso clima
tropical, o que resultará em forte identidade do núcleo urbano com o lugar, onde os níveis
permeabilidade do usuário serão os vetores que definiram o espaço em total, semi e restrita.
Um novo conceito urbanístico é o que irá trazer no fluxo de pedestres e novos usos ao
interior da quadra com percursos variados que permitem que as edificações possam interagir
entre si gerando mobilidade ativa, ofertando equipamentos de lazer e apoio, áreas verdes e vida
ativa assim se garante aquilo que é necessário para o individuo a qualquer tempo de sua vida a
conviver com a filosofia do envelhecimento ativo através de seus quatro pilares saúde,
educação e aprendizado continuado, participação social e proteção e segurança.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GEHL, JAN. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013.
PORTZAMPARC, Christian. Northen Residential Area of Beijing Logisticsport Urban Planning, Plano Urbanístico Área
Residencial de Pequim. 2003.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
BENTLEY, Ian, et al. Responsive environment. A manual for designers. Great Britain. MPG Books Ltd, 2005.
DEL RIO, Vicente. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. São Paulo: PINI, 1990.
SITES E TEXTOS ON-LINE
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/projetos-urbanos/anhangabau/
15
https://www.archdaily.com.br/br/898313/como-projetar-para-a-terceira-idade
CIDADES SUSTENTÁVEIS website. http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas-praticas/tiajin-eco-city-parceria-
internacional-inicia-implantacao-de-cidade-sustentavel
https://docplayer.com.br/11923727-O-plano-cerda-a-partir-destas-ideias-ele-desenvolveu-tres-componentes-
basicos.html
https://www.brainlatam.com/blog/biofilia-e-neuroarquitetura-fazendo-a-conexao-da-natureza-com-o-nosso-
cerebro-por-meio-dos-elementos-construtivos-2031
MACIEL, Marcos Gonçalves, Atividade física e funcionalidade do idoso,
http://www.scielo.br/pdf/motriz/v16n4/a23v16n4.pdf

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  • 1. 1 O Urbanismo amigável como Política Publica de inclusão para todas as idades: Redesenhando a quadra para abrir novos caminhos. JOSÉ EUCLIDES QUEIROZ1 euclidesqf@gmail.com RESUMO Este artigo através de uma pesquisa de caráter teórico-exploratório vem apresentar contribuições sobre a “Quadra Aberta” como sendo um conceito projetual inclusivo para o redesenho urbano das quadras, usando vetores que levam em consideração permeabilidade física e visual, valorização do pedestre e da escala humana nos trajetos entre maciços edificados onde o espaço criado leva em consideração aspectos ambientais geradores de estímulos aos canais sensoriais para a interação entre os espaços internos edificados e os espaços externos de mobilidade ativa e equipamentos públicos, tendo equilíbrio entre a área construída e espaços livres/áreas verdes, entre a verticalização e a horizontalidade, sendo meta principal, ligar o indivíduo ao ambiente independente de sua idade e que possa abrigar todas as suas necessidades, expectativas e desejos, interagindo o na comunidade, nos espaços gerados, trazendo sensação de segurança, comodidade e bem estar. Usando a policentralidade para ocupação de áreas não consolidadas ou em consolidação, usando diretrizes apoiadas em quatro pilares considerados sustentáveis para o envelhecimento ativo, saúde, educação e aprendizado continuado, participação social, proteção e segurança. Será demonstrado através de casos consolidados, maneiras duradouras e humanistas para desenvolver um plano Urbano de qualidade como o criado pelo engenheiro e urbanista Ildefonso Cerdá na cidade de Barcelona, ou que leve em conta os aspectos geopolíticos de comunidade e de espaços sustentáveis na cidade de Tianjin na China, ou de requalificação urbana como o Projeto do Anhangabaú em São Paulo e na cidade do Recife, o projeto Calçada Legal da cidade do Recife. Palavras Chaves: Quadra aberta; psicologia ambiental; comunidade; planejamento; terceira idade. ABSTRACT This article through a theoretical-exploratory research presents contributions on the "Open Court" as an inclusive design concept for the urban redesign of the blocks, using vectors that take them into account physical and visual permeability, valuing the pedestrian and the human scale in the paths between built massifs where the created space takes into account environmental aspects that generate stimuli to sensory channels for the interaction between the built internal spaces and the external spaces of active mobility and public equipment,, having a balance between the built area and free spaces/green areas, between verticalization and horizontality, being the main goal,, connecting the individual to the environment 1 Arquiteto e Urbanista, com especialização em auditória ambiental, legislação municipal e urbana, infraestrutura urbana e planejamento.
  • 2. 2 regardless of his age and that can house all his needs , expectations and desires, interacting with the community, in the spaces generated, bringing a sense of security, convenience and well-being. Using polycentricity for occupation of unconsolidated areas or in consolidation, using guidelines supported by four pillars considered sustainable for active aging, health service, education and continuing learning, social participation, protection, and safety. It will be demonstrated through consolidated cases, lasting and humanistic way to develop a quality Urban plan such as that created by engineer and urban planner Ildefonso Cerdà in the city of Barcelona, or that takes into account the geopolitical aspects of community and sustainable spaces in the city of Tianjin in China, or urban requalification such as the Anhangabaú Project in São Paulo and the city of Recife, the Legal Sidewalk projects of Recife. Key Words: Open court; environmental psychology; community; planning; seniority. INTRODUÇÃO A cidade envelhece, a sociedade envelhece, a cidade envelhece a sociedade, são efeitos causados pelo dinamismo econômico baseado no capitalismo especulativo de uma cultura consumista da era digital isolacionista que não se incomoda de gerar espaços excludentes e agressivos a partir do momento que não permite a interação dos indivíduos com ela, dos indivíduos entre si de um ponto de vista físico-territorial onde possa fluir um processo de comunidade, nem de humanização dos espaços gerados e sua integração interior/habitação com o exterior urbano e os equipamentos públicos, falta-lhes a sensibilidade e acessibilidade. Esta é a imagem urbana das cidades brasileiras “um cenário de obstáculos físicos e sensoriais que transmitem um ambiente estressante para o indivíduo idoso que se agrava devido a idade que o fragiliza física e psicologicamente pois este é mais sensível a estas situações ou condições que são incontroláveis geralmente, aversivas e estressantes pela sensação de insegurança que gera os ambientes/espaços nestas condições.” A forma da imagem urbana exprime como vive o indivíduo em sociedade do ponto de vista sociocultural e comportamental, em sua visão não vê o amanhã, se acha eterno e é preconceituoso com a velhice por medo. Por isto a forma da imagem urbana da cidade em termos físico/sensorial são grandes espaços murados ou edificados não permeáveis dificultando a mobilidade, gerando grandes percursos em vias mesquinhas e insuficientes para um deslocamento seguro, afeito a acidentes, com poucos equipamentos urbanos contemplativos e de lazer para o descanso temporário e até mesmo inclusivo comunitariamente aos demais que habitam em seu entorno. Logo a cidade é um espaço frio que define a pessoa como individuo enquanto ele for funcional física e sensorialmente e é claro produtivo economicamente, uma engrenagem. A longevidade do ser humano e a 3ª idade se tornaram um obstáculo e um ponto fora da curva para aqueles que produzem economicamente os espaços urbanos, devido ao efeito
  • 3. 3 secular da industrialização da sociedade, pois este segmento foi culturalmente educado a tratar o espaço como uma engrenagem apenas funcional e de ganhos econômicos sem levar em conta os aspectos humanistas que podem vir a agregar valores muito maiores. Hoje a arquitetura se volta para o segmento da 3ª idade com grande interesse como os demais segmentos econômicos, contudo o urbanismo por ser uma situação mais abrangente do ponto de vista de sociedade é tratado de modo acanhado e periférico, o Estatuto das Cidades é um instrumento que defende não só uma discussão ampla sobre o tema, mas indutora para que os Planos Diretores sejam elaborados como ferramenta de políticas públicas, mas cabe aos arquitetos e urbanistas quanto ao seu livre exercício da função buscar as engrenagens que produzam a forma da imagem urbana que sigam os “princípios de sustentabilidade socioambiental contribuindo para a boa qualidade das cidades defendendo à promoção da justiça e inclusão social das cidades através de soluções dos conflitos, à moradia, à mobilidade, à paisagem, ao ambiente sadio, etc.” Este artigo visa demonstrar como pode o Arquiteto e Urbanista projetar para a 3ª idade, levando em consideração que a cidade envelhece junto com a sociedade logo se faz necessário produzir espaços que tragam na Psicologia ambiental estímulos aos canais sensoriais que gerem interação entre os espaços internos edificados e os espaços externos de mobilidade e equipamentos públicos, é a ligação do homem com o ambiente que possa abrigar todas as necessidades, expectativas e desejos humanos, garantindo a interação como comunidade e os espaços gerados, trazendo a sensação de segurança, comodidade, e bem estar, assim a sociedade envelhece bem e a cidade se renova (se ressignifica) com ela por ser um organismo vivo e dinâmico. A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho foi de caráter teórico e exploratório, que, segundo Gil (2008), tem o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Tendo sido desenvolvida essa metodologia, esta pesquisa pode ser classificada como pesquisa bibliográfica e de estudo de caso. No que diz respeito ao aspecto técnico e profissional, esta pesquisa sobre o conceito de Quadra Aberta e seu enquadramento nos estudos de casos pesquisados podem ser utilizadas como uma experiência que teve êxito e, dessa forma, alguns conceitos podem ser aplicados a outros centros urbanos. O problema instigador da pesquisa pode ser formulado pelo seguinte questionamento: Que contribuições os estudos de casos e sua relação com o conceito de quadra aberta pode ter para o planejamento urbano de outras cidades? Parte-se da hipótese inicial de que os estudos
  • 4. 4 de caso e local que foi planejado pensando no adensamento populacional, pode trazer, com suas propostas urbanísticas, contribuições importantes para outras cidades, tais como: melhoria da qualidade de vida da população mais vulnerável, sistema de drenagem d’água, sistema de quadras abertas e melhoria da mobilidade ativa, diminuição da poluição visual, etc. O objetivo geral do artigo é o de analisar o planejamento urbano, com ênfase na mobilidade e acessibilidade e principalmente na integração e inclusão de indivíduos de 3ª idade como levando em consideração que ao projetar para este tipo de usuário estaríamos projetando para todos. Os específicos são as intervenções que podem agir isoladamente ou se integrarem para modificar o espaço sob os aspectos da psicologia ambiental, onde se poderá propor (objetivos específicos): A- Gerar novas áreas de centralidades em espaços urbanos expandidos não consolidados. B- Ocupar os grandes vazios urbanos em zonas já consolidadas definindo planos urbanísticos específicos, baseando suas diretrizes nos quatro pilares considerados atualmente sustentáveis para o envelhecimento ativo, saúde, educação e aprendizado continuado, participação social, proteção e segurança. C- Traçar novos caminhos ou requalificá-los os já existentes através de vetores de permeabilidade física e visual valorizando o pedestre e a escala humana nos trajetos junto aos maciços edificados. D- Propor alternativa ao padrão hoje dominante de ocupação. E- Equilibrar área construída e espaços livres/áreas verdes do conjunto, entre a verticalização e a horizontalidade. Através de uma pesquisa com metodologia teórico-exploratória o referencial teórico irá apresentar pontos em comum com foco na pesquisa para assim poder definir vetores para o redesenho, associando aos estudos de casos como exemplo de maneira duradoura e humanista como o Plano Urbano criado pelo engenheiro e urbanista Ildefonso Cerdà em 1859 para a cidade de Barcelona, levando em conta os aspectos geopolíticos de comunidade e de espaços sustentáveis gerados na cidade de Tianjin na China. Ainda assim do ponto de vista de nossa sociedade ver o conceito de quadra aberta que pode requalificar os espaços já gerados como os Projeto de Requalificação do Anhangabaú em São Paulo e demais intervenções de requalificação como na cidade do Recife. A justificativa no âmbito acadêmico/científico é a de oportunizar o desenvolvimento de outros estudos que serão elaborados a partir deste artigo. Assim, pode ser utilizado para ampliar as pesquisas relacionadas ao planejamento urbano e à mobilidade como um todo.
  • 5. 5 O REFERENCIAL TEÓRICO Como já foi dito anteriormente usaremos como referencial teórico aquilo que esteja alinhado e enquadrado em questões voltadas aos aspectos da Psicologia ambiental que estimulem os canais sensoriais do usuário alvo gerando nele interação entre os espaços, ligando- o com o ambiente onde ali todas suas necessidades, expectativas e desejos humanos sejam atendidos lhe dando qualidade de vida e sentimento que ele está incluso na comunidade e nos espaços gerados. Ao longo da história do urbanismo, vários foram os tipos de Desenho Urbano desenvolvidos pelos arquitetos. Com a evolução das cidades surgiram novos desafios que deveriam ser vencidos e previstos. Desde a quadra da cidade tradicional até os dias atuais, as mudanças no formato da tipologia das quadras são marcantes. A Quadra Aberta alia conceitos antigos - alinhamento no paramento - a conceitos modernos - permeabilidade interna nas quadras. Define as ruas de forma clara, sem esquecer a pluralidade de formas e de usos. Ainda tem como parâmetros: preocupação com a escala, proporcionalidade e viabilidade financeira. Os autores mais utilizados para o referencial teórico são: Jane Jacobs (2001), Bentley (2005), Del Rio (2001) e Gehl (2013), que em síntese e sob a perspectiva de cada um, abordam conceitos do desenho urbano contemporâneo onde dividiremos as pesquisas teórica em duas partes, a primeira seria o desenho urbano e a percepção do espaço do ponto de vista do usuário e a outra seria a percepção do espaço sobre o ponto de vista da escala humana. Do ponto de vista geral dos teóricos as cidades foram desumanizadas ao longo de sua existência pelo modo como são usadas e agravasse ainda mais pela era do petróleo e o avanço tecnológico, assim a preocupação com o ser social independente de sua faixa etária foi colocado como irrelevante. Figura 1: Linha do tempo de diversos tipos de planos de quadra ao longo da história do urbanismo, montagem da autora. Fonte: FIGUEROA, Mário. Arquitextos, Vitruvius website.
  • 6. 6 JANE JACOBS (1961), BENTLEY (1985), DEL RIO (2001) E GEHL (2013) Para Bentley O ambiente construído é inevitavelmente um sistema político, no sentido de que sua forma física / espacial (independentemente de como é produzido ou gerenciado) torna algumas coisas fáceis de fazer e outras mais difíceis. O Assentamento como parte de um ecossistema compostas por um conjunto de diferentes sistemas - relevo, sistema de água, sistema verde, rede de ligação pública, parcelas, edifícios e componentes que são diferenciados não apenas espacialmente, mas também porque mudam a taxas diferentes ao longo do tempo que tem influência sobre as estruturas urbanas, logo quem projeta tem que entender que ali se abrem a possibilidade de se falar de questões como sustentabilidade e transformação e requalificação do assentamento devido a um cenário de decadência ou envelhecimento e assim o transforma-lo diversas vezes devido há um ecossistema dinâmico. Assim o desenho urbano de Bentley deve ser norteado pelos princípios da permeabilidade que são fundamentais para tornar as rotas agradáveis às pessoas e definir um sítio urbano de qualidade, deve ter uma interface ativa dos espaços gerados através dos caminhos criados e as áreas no entorno do perímetro do novo desenho urbano onde um sistema de ruas bem conectado ofereça escolha de rotas que o pedestre possa levar de A a B, e torne provável que se encontre outras pessoas pelo caminho dando um sentimento visual de segurança e sinal de vida buscando assim a permeabilidade sob o aspecto da acessibilidade, pois permite um maior número de opções disponíveis para ir de um ponto a outro e torna o espaço receptivo e que interligue outros onde neste conjunto a estrutura física final de qualquer assentamento seja efetivamente um sistema político e deva ser projetada para abrir oportunidades na maior quantidade possível de pessoas, com a mínima necessidade de recursos externos. A esta estrutura física haja espaços públicos com variedade, estética e com a oferta de usos e atividades instaladas, como meio de atrair públicos diferentes em horários distintos na busca de estimular a interpretação dos significados dos espaços onde se propõem buscar adequabilidade visual do lugar integrando o espaço gerado com o existente no entorno. Complementa-se o conceito de desenho urbano de Bentley com Del Rio para ele o novo desenho urbano que busque a revitalização urbana das cidades com inclusão social e deve ser projetado levando em consideração: “o ambiente influencia nosso comportamento e gera esquemas territoriais nos usuários (consciente e inconscientes); a intensidade e a forma de uso são proporcionais à qualidade do espaço e seus elementos”. (DELRIO, 1990, pg.97). Disso ele conclui que
  • 7. 7 “estudar o comportamento ambiental conforma a investigação sistemática das interrelações entre o ambiente e o comportamento humano e suas implicações para o projeto” (DEL RIO, 1990, pg.99). Para Vicente Del Rio o projeto urbano ideal deveria responder a três grupos básicos de satisfação do usuário: visual, funcional e comportamental. onde a circulação viária é um dos elementos mais importante para a estruturação da imagem urbana, um dos fatores básicos na democratização da cidade, e a acessibilidade e estacionamento devem ser entendidos como vitais para a animação e a sobrevivência social e econômica de uma área, em soluções conciliadoras com os espaços livres que tem função importante no urbano quanto aos aspectos, social (encontros), cultural (eventos), funcional (circulação) ou higiênica (mental ou física). Para isto os percursos e pedestres: integram um forte sistema interdependente com as atividades sociais e econômicas no nível térreo das edificações e devem ser tratados em conjunto com o sistema de circulação viária e transportes públicos e reforçados pelo projeto dos espaços livres e atividades de apoio (práticas esportivas, lazer etc.). como forma de integração comunitária, sendo um sistema complementar e coerente com o de movimento de pedestres e veículos. Mas como buscar tais situações sem levar em conta a escala humana? Como devemos ver o problema das cidades hoje? Segundo Jan Gehl em seu livro “Cidade para Pessoas” o urbanista e arquiteto deve assumir sua responsabilidade por ter negligenciado nos últimos 50 anos a dimensão humana no planejamento urbano e na exploração dos vazios entre os edifícios a nível da rua o que ele chama de “ground floor” - o térreo, o nível da rua sendo assim pensado na escala humana nos edifícios e nos espaços abertos que tenha como referência a pessoa que caminha e não para quem passa dentro de um carro. É uma questão de tamanho e densidade. "A cidade é das pessoas, para que possam andar, sentar, praticar esportes ou ir de bicicleta ao trabalho". "Estamos muito obcecados com a mobilidade e perdemos a capacidade de fazer bairros onde é um prazer crescer e envelhecer". JAN GEHL https://www.archdaily.com.br/br/897053 Sendo assim Jan Gehl defende que as condições ideais para o pedestrianismo que levem a considerar a segurança quanto ao transito, que exista a polifuncionalidade de uso para o espaço gerado onde o indivíduo venha a sentir segurança quando ali transitar a qualquer hora do dia e da noite com boa iluminação, onde o caminho por onde o pedestre passe seja livre de experiências sensoriais desagradáveis, causadas por vento, chuva, calor/frio, poluição, ruído, poeira, ou seja tenha proteção para isto, que pode ser alcançada até mesmo pelo posicionamento correto dos edifícios na quadra em função das condições ideais de conforto
  • 8. 8 ambiental. Mas não fica só nisto, os caminhos devem ter espaço suficiente e sem obstáculos, boas superfícies, acessibilidade para todos e fachadas interessantes, que ofereçam um visual agradável, tais caminhos devem ser apoiados por espaços de permanência atraentes para sentar e que possa ofertar e aproveitar os aspectos positivos do clima: sol/sombra, calor/frescor, brisas e que haja nos espaços Locais jogar e se exercitar: convite à criatividade e a atividades físicas, a toda hora e em todas as estações. Quer Ghel, quer Bentley, quer Del Rio ou qualquer outro teórico nenhum é mais desafiador e traz uma Leitura sobre a cidade e a humanização dos espaços como a jornalista Jane Jacobs (2001) no seu livro Morte e Vida das Grandes Cidades a autora trata dos vários aspectos que transformaram a cidade em um ambiente sem vida, meramente artificial e funcional como uma engrenagem, ela desafia os arquitetos e urbanistas a pensarem do ponto de vista do usuário e como pesquisadora ela vai mais além, para ela a cidade é orgânica e para ser uma cidade boa de viver as ruas devem ser vibrantes, os prédios devem ter fachadas ativas, bairros com quadras de uso mistos e mais densos assim o pedestrianismo é favorecido e o conceito de comunidade fortalecido, logo a autogestão regularia o dinamismo de transformação dos espaços urbanos gerados neutralizando as barreiras que geram as zonas de fronteiras através da permeabilidade garantida pela mobilidade humana tendo na calçada seu instrumento mais importante e assim garantir a segurança pública com a presença de gente na rua e a diversidade de usos. Mas para isto ela desafia aos profissionais da área a repensar pois do ponto de vista de Jacobs, “é um crime contra a cidade trabalhar o lote como definidor da configuração do espaço, devendo ser a quadra o elemento mínimo que os urbanistas devem estudar e desenvolver.” Demonstra soluções denominadas como “Geradores de Diversidade”, nas quais contribuíram para este trabalho e suas diretrizes: 1 - “Olhos da rua” - Funções que gerem presença de pessoas em horários diferentes e em alta concentração. 2 - Quadras curtas - Valorização de esquinas e percursos através do aumento de caminhos. BARCELONA DE CEDÀR O Plano Cerdá (1859), idealizado por Ildefonso Cerdá, distribui o trânsito de maneira equilibrada a poucos eixos, em que se sobressaem três eixos principais que cruzam a cidade no sentido horizontal e diagonal (Figura 2) e se confluem até uma grande praça. Esse plano também prevê a canalização viária a partir de uma retícula urbana formada por ruas largas, onde, em
  • 9. 9 todos os seus cruzamentos, há chanfros, que permitem a homogeneização do sistema viário e possibilitam a mudança de direção do trem sem quaisquer problemas. Chama a atenção que 1859 Ildefonso Cerdá estava a frente de seu tempo, pois ao modular a quadra e a dispô-la numa malha quadriculada em função dos três eixos ele definiu a expansão da cidade e em cada etapa desta expansão da cidade de Barcelona com novos bairros foram integrados por anéis viários. O Plano desenha uma grelha ortogonal, com módulos ou quarteirões de 113 metros de lado e vias de 20 metros de perfil, podendo internamente ser fechado ou aberto, de tal modo que cada conjunto de nove quarteirões e vias correspondentes se inscrevem num quadrado de 400 m de lado. É na malha quadriculada que o plano apresenta as mais importantes inovações que vão de encontro ao sistema tradicional de construção contínua na periferia das quadras passando a ser no interior destas que, de modo ordenado pelas vias, se vão dispor os edifícios. Para a ocupação da malha quadriculada (foto 1) são propostas duas hipóteses: A primeira corresponde à ocupação periférica do quarteirão em apenas dois dos lados, formando ruas de 20 metros, semelhantes às que existem hoje. A construção não excederia dois terços da superfície do quarteirão, os blocos seriam paralelos e, no espaço entre estes, criar-se-iam corredores para pedestres arborizados com equipamentos. O tecido morfológico do Ensanche (terreno urbano) é bastante coerente e facilmente destacável do restante de Barcelona. A partir da unidade básica do quarteirão quadrado surgiram três modelos principais de configuração: o quarteirão fechado, com a típica ocupação periférica das edificações e pátios centrais, o quarteirão com Figura 2: Plano de Cerdà 1859. Fonte: EXPOSICIÓ. Cerdà: Urbs i Territori. Barcelona: Departament de Política Territorial i Obres Públiques de la Generalitat de Catalunha, 1996. Foto 1 Quadra Barcelona - Google Earth 2020
  • 10. 10 passagem que o atravessa, e o super-quarteirão, que é a ocupação global ou união de mais de um quarteirão. O plano a Teoria General de Ia Urbanización de Barcelona expõe a metodologia, pensamento urbanístico secular com preocupações de caráter sociológico de Cerdà que será o primeiro urbanista no sentido moderno do termo que busca coordenar os aspectos espaciais e físicos com preocupações funcionais, sociológicas, econômicas e administrativas, tratando pela primeira vez a cidade como um organismo complexo e integrador de vários sistemas e funcional, na década de 1970, para a integração dos novos bairros ao antigo Plano Cerdá, foi construído o primeiro anel viário, Ronda del Mig. e na década de 1990, para melhorar a mobilidade, foi inaugurado o segundo anel viário, Ronda del Dalte e Ronda del Litoral, concedendo às vias arteriais um aumento nas calçadas, priorizando os pedestres, resultando em ruas mais arborizadas, com menor contaminação, aumento do fluxo de pessoas e mais atividades desenvolvidas nas ruas. TIANJIN ECO-CITY: A CIDADE SUSTENTÁVEL NA CHINA (TIANJIN, CHINA. 2007) O projeto da cidade sustentável Tianjin Eco-city está estruturado sobre conceitos de harmonia (Social, Vitalidade econômica e sustentabilidade ambiental) e habilidade (Praticável construtivamente, replicável em outras regiões e modelos potencialmente adaptáveis para outros projetos e escalas). Os objetivos são: criar, implantar e desenvolver uma cidade sustentável, ecologicamente amigável, socialmente harmônica e eficiente no uso de recursos, por meio do desenvolvimento de infraestrutura, residências, indústrias e comércio. O Plano Urbanístico (fig. 3 e 4) tem como base um partido com área verde central (parque linear), linhas de força que definem o paralelismo com as vias existentes, a quadra Aberta de onde partiu dos percursos dos pedestres e das áreas verdes existentes para formalizar a integração pelo usufruto dos Figura 3 e 4 - planos urbanísticos deTianjin/CH
  • 11. 11 moradores da cidade com um parque linear, não só do bairro em questão. O Projeto trabalha Quadras e assim a malha urbana está estruturada pelo conceito de vizinhança usado em Cingapura e tem como menor unidade territorial a Eco célula (com área de 400m por 400m, garantindo pequenas distâncias de caminhada para acesso a serviços essenciais). Caracterizadas como unidade básica, as Eco células irão compor as Eco comunidades e, por fim, os Eco distritos. Cada célula comporta 2.500 unidades habitacionais, com aproximadamente 8.000 pessoas. Quatro células irão compor uma comunidade (com cerca de 30.000 pessoas) e, por fim, quatro comunidades compõem um distrito. Para adequá-los há outros locais devemos ter em mente a proporcionalidade através da densidade de ocupação de cada local e suas necessidades como no Brasil a eco célula deve ser tratada como quadra de dimensionamento dividido em edifícios e com distâncias condizentes as necessidades do lugar. O conjunto destas quadras trabalhado gerará a comunidade com serviços públicos, desenvolvendo as escalas, Edificação, Quadra e na Gleba e ajudando a equilibrar a oferta de serviços espalhadas pelas quadras. INTERVENÇÕES NA CIDADE DE SÃO PAULO ATRAVÉS DAS PIUS (PROJETOS DE INTERVENÇÃO URBANA) PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO DO ANHANGABAÚ. REQUALIFICAÇÃO DO ANHANGABAÚ O projeto de requalificação traz em seu objetivo principal não apenas a existência de um calçadão que interliga as quadras já existentes onde antes passava um curso d’água, pois só a calçada não gera conforto e bem-estar, fica longe do critério de comunidade e local de reuniões. Logo a requalificação busca resgatar a história urbana do vale do Anhangabaú, valoriza os usuários, Implanta áreas de lazer, apoio e eventos culturais, valoriza o pedestre e a acessibilidade, gera ambientes de contemplação com fontes e espelhos d’água que ajudam a gerar um microclima ideal, cria uma interface entre o espaço requalificado com ativação de fachadas e uma excelente iluminação pública. PROJETO CALÇADA LEGAL. Uma das formas de observar como o Brasil ainda não está preparado para uma população com muitos idosos é prestar atenção à situação das calçadas nas cidades. O Recife é Figura 5 Projeto Revitalização Anhangabaú - fonte Prefeitura da cidade de São Paulo
  • 12. 12 um exemplo de mobilidade inadequada para pessoas com 60 anos ou mais. Segundo a avaliação da arquiteta e urbanista, Ângela Carneiro Cunha, os principais problemas para a mobilidade dos pedestres idosos na capital pernambucana são anteparos, buracos e declividades. A Lei de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/12), que reafirma a prioridade de circulação nas ruas para pedestres. E em 2016, a sociedade brasileira ganhou a Lei Brasileira da Inclusão (Lei 13.146/15), documento que define direitos das pessoas com deficiência física e estabelece as obrigações dos governantes, entre elas, a garantia de acessibilidade em ruas e calçadas. Jessica Pacheco, cadeirante e estudante de arquitetura e urbanismo realizou todas as avaliações da Campanha Calçadas do Brasil em Recife (PE) de acordo com o site Mobilize Brasil em um arquivo postado em 22 de abril de 2019 e concluiu que faltam Semáforos (média 3,85), Mapas de orientação (3,30), Faixas de travessia (4,70) e, principalmente, há poucas calçadas com Rampas de acessibilidade (média 3,55), um equipamento que, quando existe, está fora dos requisitos da norma. Também há poucas praças, bancos e arborização para aliviar o percurso dos que vão a pé nesta cidade de clima quente do Nordeste. Se, de um lado, Sinalização e conforto são itens mal atendidos, por outro, o levantamento verificou que as calçadas recifenses têm boas larguras (média 7,35). E as notas são ótimas no quesito Inclinação transversal (média 9,15). O projeto Calçada Legal da Prefeitura do Recife prevê a requalificação dos passeios públicos dos principais corredores viários da cidade. O projeto foi lançado em 2017 e, atualmente, está requalificado as calçadas de 20 vias da cidade, entre elas estão vias como a Rua Amélia, Avenida Rui Barbosa, Avenida Mário Melo, Rua Oliveira Lima e Gervásio Pires. São R$ 105 milhões investidos na requalificação de 134 km de calçadas e 56.300 m² de largos. As obras, que devem seguir até 2020. As calçadas da via foram alargadas em 1,20m possibilitando a acessibilidade sem necessidade de retirada das árvores existentes. o recuo na calçada do Liceu Nóbrega que permitiu o alargamento de 5 metros para a implantação de uma área de apoio para os frequentadores da região e usuários, o comércio informal da área também foi reorganizado de modo a garantir mais facilidade para a circulação de pedestres. O objetivo criar um conceito de integração entre espaços públicos e privados promovendo, assim, melhoria da qualidade urbana pois a falta de sinalização, poluição atmosférica, excesso de ruído, ou a velocidade e agressividade do tráfego nas ruas e podem afastar as pessoas desse hábito saudável e sustentável que é a mobilidade a pé. Sendo assim apresentamos dois estudos de casos de redesenho urbano, Barcelona/ES e Tianjin/CH e dois casos de requalificação vale do Anhangabaú/SP e Calçada Legal no Recife/PE e quais os pontos em comuns entre eles.
  • 13. 13 Estudo de caso Análise dos estudos de caso (resultado) Barcelona/CEDÀR uma grelha ortogonal, com módulos ou quarteirões de 113 metros de lado e vias de 20 metros de perfil, de tal modo que cada conjunto de nove quarteirões e vias correspondentes se inscrevem num quadrado de 400 m de lado onde sistema é cortado por diagonais que confluem numa grande praça para garantir a ventilação cruzada. Tendo 3 tipos de módulos abertos ou fechados com áreas de convivência internas com áreas verdes e praças, as edificações de uso misto dispostas no perímetro das quadras com fachadas ativas e um sistema de calçadas largas e arborizadas. O Conjunto de quarteirões estão dispostos os serviços públicos, semipúblicos e comercio. Tianjin/CH Plano urbanístico definido por conjunto de quadras abertas em linhas de força paralelas as vias, o partido é um parque linear que as integram através de percursos de pedestres, seus limite territoriais são definidos por módulos a menor unidade territorial caracterizada por unidade básica definida como Eco célula (400 x 400 m), 4 destas formam uma eco comunidade e 16 um eco distrito (dimensionamento mínimo pré-determinado). Todos composto com serviços públicos, semipúblicos e prédios de uso misto. Todas as fachadas ativas Requalificação Anhangabaú/SP A parte mais baixa do Vale do Anhangabaú, curso d’água natural que foi aterrado, hoje tal área é o encontro de diversas quadras e um parque linear natural onde pode usar um corredor de sustentabilidade, Implanta áreas de lazer, apoio e eventos culturais, valoriza o pedestre e a acessibilidade, gera interface entre as fachadas ativas e o espaço criado (parque linear). Calçada Legal no Recife/PE requalificação dos passeios públicos dos principais corredores viários da cidade assegurando permeabilidade física com áreas de apoio e integração a espaços públicos já existentes, interação de edifícios não residenciais ou de uso misto com a geração de fachadas ativas (sem muro). RESULTADO A funcionalidade pode ser entendida de modo geral como uma maneira de medir se uma pessoa é ou não capaz de independentemente desempenhar as atividades necessárias para cuidar de si mesma e de seu entorno (DUARTE, ANDRADE, LEBRÃO, 2007). Essas atividades são conhecidas como atividades de vida diária (AVD) e subdividem-se em: a) atividades básicas de vida diária (ABVD) – que envolvem as relacionadas ao autocuidado ; b) atividades instrumentais de vida diária (AIVD) – que indicam a capacidade do indivíduo de levar uma vida independente dentro da comunidade onde vive e inclui a capacidade para preparar refeições, realizar compras, utilizar transporte, cuidar da casa, utilizar telefone, administrar as próprias finanças, tomar seus medicamentos, contudo se isto não for associado a uma prática de atividades físicas capazes de promover a melhoria da aptidão física relacionada à saúde que irá proporcionar benefícios nas áreas psicofisiológicas, com mais ou menos capacidade de acordo com a idade. Todos vamos envelhecer e sendo assim se faz necessário diante da questão urbana elaborar planos e projetos duradouros e de fácil intervenção quando da necessidade de sua requalificação. Todos os teóricos e estudos de caso aponta que a quadra aberta como definidor da configuração do espaço, devendo ser a quadra o elemento mínimo que os urbanistas devem estudar e desenvolver um bairro sustentável ou requalificar espaços vazios em áreas já consolidadas, através de geração de novas centralidades que impactem nas zonas urbanas
  • 14. 14 consolidadas onde se busca ofertar todos os serviços dentro de um raio de distanciamento que venha a integração do espaço com sua vizinhança gerando fachadas ativas, conciliando a circulação com outros usos tradicionais da via pública como passagem de pedestres, local para passeios, encontros, Bares-Cafés de calçadas, comércio, etc. A integração, no espaço urbano, das funções habitação – circulação – trabalho – lazer através de um policentralismo já pré- dimensionado de acordo com a densidade de ocupação tendo na harmonização dos diferentes espaços que compõem a quadra pela unidade de concepção das massas arquitetônicas que os configurarão, sem prejuízo da diversidade formal desejável que funcionará de maneira articulada e equilibrada os espaços públicos, semipúblicos e privados de maneira a assegurarmos continuidade e animação para as “vidas” diurna e noturna da quadra ou do espaço urbano gerado. A organização e dimensionamento na escala da quadra e da sua vizinhança, das áreas verdes e dos equipamentos públicos com a adaptação dos espaços coletivos ao nosso clima tropical, o que resultará em forte identidade do núcleo urbano com o lugar, onde os níveis permeabilidade do usuário serão os vetores que definiram o espaço em total, semi e restrita. Um novo conceito urbanístico é o que irá trazer no fluxo de pedestres e novos usos ao interior da quadra com percursos variados que permitem que as edificações possam interagir entre si gerando mobilidade ativa, ofertando equipamentos de lazer e apoio, áreas verdes e vida ativa assim se garante aquilo que é necessário para o individuo a qualquer tempo de sua vida a conviver com a filosofia do envelhecimento ativo através de seus quatro pilares saúde, educação e aprendizado continuado, participação social e proteção e segurança. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS GEHL, JAN. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013. PORTZAMPARC, Christian. Northen Residential Area of Beijing Logisticsport Urban Planning, Plano Urbanístico Área Residencial de Pequim. 2003. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. BENTLEY, Ian, et al. Responsive environment. A manual for designers. Great Britain. MPG Books Ltd, 2005. DEL RIO, Vicente. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. São Paulo: PINI, 1990. SITES E TEXTOS ON-LINE https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/projetos-urbanos/anhangabau/
  • 15. 15 https://www.archdaily.com.br/br/898313/como-projetar-para-a-terceira-idade CIDADES SUSTENTÁVEIS website. http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas-praticas/tiajin-eco-city-parceria- internacional-inicia-implantacao-de-cidade-sustentavel https://docplayer.com.br/11923727-O-plano-cerda-a-partir-destas-ideias-ele-desenvolveu-tres-componentes- basicos.html https://www.brainlatam.com/blog/biofilia-e-neuroarquitetura-fazendo-a-conexao-da-natureza-com-o-nosso- cerebro-por-meio-dos-elementos-construtivos-2031 MACIEL, Marcos Gonçalves, Atividade física e funcionalidade do idoso, http://www.scielo.br/pdf/motriz/v16n4/a23v16n4.pdf