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Universidade Federal de Pelotas
                  Instituto de Ciências Humanas
Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis
       Disciplina de Conservação e Restauro de Pinturas I




“O SUPORTE TÊXTIL”
                         Fábio Zündler

                           Pelotas
                            2013
INTRODUÇÃO
        O suporte têxtil
engloba na pintura os
suportes de tecidos como
linho, tela, cânhamo,
seda, lã e materiais
sintéticos. As primeiras
obras sobre suportes
têxteis se remontam a
ameados do século 15,
no inicio do século 16 o
suporte têxtil desbancou
a tábua e desde o século
18 é o suporte mais
importante da pintura.
DETERIORAÇÃO E SUAS
            CAUSAS
  Como todos os materiais orgânicos, os suportes
têxteis também envelhecem, com isso ao longo
do tempo perdem sua consistência, elasticidade e
deixam de ter capacidade de sustentar as
camadas da tela. No passado esse problema era
resolvido com um reentelamento. Desde o
começo dos anos 70 se tem procurado mediante
investigação rigorosa as causas da deterioração e
de novos procedimentos para restauração e
conservação dos suportes têxteis.
PROPRIEDADES DA CELULOSE
“A celulose possui uma série de propriedades negativas”
  Envelhece (sofre oxidação);
  Absorve radiação;
  Atacada por ácidos em forma de poluição;
  Atacada por micro-organismos;
  Sofre com tratamentos de conservação e
   restauração;
  Sensíveis a cargas mecânicas mais fortes;
  É higroscópica.
OXIDAÇÃO

     O linho entra em contato com o oxigênio do
ar e oxida. É um processo que não temos como
parar, no máximo atrasá-lo, com isso o linho
perde a elasticidade e fica quebradiço. Esse
processo de oxidação acelera quando é utilizado
óleos secantes, que com a secagem absorvem
oxigênio.
Foto: http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html
RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

       Prejudicam todas as fibras naturais e
algumas sintéticas, os raios são energias que
chegam ao suporte têxtil. Uma U.R do ar alta e
um catalisador aceleram a desintegração.
METAIS

        Metais que entram em contato direto com o
linho agem como catalisadores da oxidação.
IMPACTO AMBIENTAL:
        A forte industrialização contribui para a
deterioração. Os ácidos inorgânicos, os ácido
sulfúrico e o ácido sulfuroso, que contaminam a
atmosfera, decompõe a celulose. Por exemplo o
ar de um museu em uma sala que se guarda ou
exibe um quadro com dióxido de enxofre e
partículas de pó. O ácido sulfuroso, que se forma
a partir do dióxido de enxofre, origina a destruição
das fibras. As partículas de pó, que se depositam
atrás do quadro, nos espaços existentes entre o
bastidor e o suporte reforçam o processo atuando
como compressão.
.
MICRO-ORGANISMOS

        O mofo e as bactérias desintegram a
celulose, essa decomposição é parecida com a da
oxidação, o tecido perde a consistência e
elasticidade, ficando quebradiço e se desfaz
CARACTERÍSTICAS
            HIGROSCÓPICAS
        As fibras dos tecidos absorvem a umidade
do ar, incham, engrossam          e encurtam. O
aumento da U.R do ar da lugar a um aumento da
espessura da fibra. O tecido que tem fios mais
unidos entre si, se encolhe, ao sair essa umidade,
o tecido se dilata e amolece.
A esquerda, distensão
                                                                 do suporte têxtil pela
                                                                 umidade,      abaixo     uma
                                                                 “tensão      artificial”  em
                                                                 consequência de          uma
                                                                 incorreta tensão no bastidor
                                                                 e um remendo mal aderido
                                                                 por trás, certamente feito
                                                                 com adesivos muito fortes.




http://www.xn--fernandezlabaa-2nb.com/restauracion_pintura.htm
REAÇÃO A ÁGUA

        A troca da U.R do ar modifica as
propriedades de um suporte têxtil, ao aumentar o
conteúdo de água, aumenta sua flexibilidade, sua
condutibilidade térmica e sua dilatabilidade mas
diminui sua consistência, sua dureza, sua
estabilidade química e sua hermeticidade em
relação ao vapor da água.
TENSÃO DA TELA

       A tensão de uma tela é medida em newton/
metro. A tensão normal de uma tela é de 100-200
N/m ou 10-20 kg/m. Dificilmente se manterá ao
longo do tempo, uma tela perde sua tensão e se
afloxa em decorrência da U.R do ar e das
mudanças de temperatura.
BOLSAS CLIMÁTICAS

        Atrás dos quadros podem se formar bolsas
climáticas. Entre a parede e o suporte têxtil,
condicionado pela espessura do bastidor, há um
pequeno espaço, com uma temperatura e U.R do
ar diferentes do ar da sala onde a pintura está
exposta. Isso pode variar de acordo com o tipo de
parede, atrás do quadro a temperatura é mais
baixa e a umidade mais alta, com isso pode
formar craquelados, desprendimento da camada
pictórica e deformações.
DE
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REVESTIMENTO DA CAMADA DO
     QUADRO – Faceamento
         Trata-se de um processo de tratamento que visa
a proteção das superfícies dos bens durante o processo
de transporte, desmontagem ou tratamento. Serve como
forma de evitar/minimizar eventuais danos que se
possam vir a sentir na superfície. Trata-se da aplicação
de uma fina camada de um material inerte (que não
interaja com a superfície do bem a proteger) através da
aplicação de um adesivo em baixas concentrações. Este
adesivo deve ser totalmente reversível e não provocar
nenhuma alteração na superfície. O faceamento deve ser
realizado com a aplicação sobre a superfície de um
material como o papel japonês, a gaze, ou outro, e o
adesivo deve ser pincelado sobre este.
LIMPEZA DA PARTE DE TRÁS DO
          QUADRO
      Geralmente, atrás de quadros antigos, não serão
lisos e nem estarão limpos. A restauração a esses tipos
de quadros é eliminar as possíveis irregularidades e a
sujidade dos anos. Entre as irregularidades, resíduos e
restos estão os defeitos do tecido, os nós da tela, as
costuras, as imprimaduras originais que tenham passado
através do suporte têxtil. As imprimaduras originais que
passaram pelo suporte têxtil, as sujidades em qualquer de
suas formas, os sedimentos que acompanham a fumaça
de cigarro (alcatrão) restos de adesivos e micro-
organismos. Cada tratamento da parte de trás de um
quadro representa uma carga para a superfície do
mesmo.
Marcas de uma intervenção anterior, restos de
preparação sintética que atravessou o tecido.


Foto: http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html
NÓS E COSTURAS

     Segundo a qualidade, a idade e as
dimensões do tecido, o suporte têxtil e o
reentelamento podem apresentar nós, fios mais
grossos e costuras. Os nós, os engrossamentos
dos fios, e as costuras são irregularidades das
partes detrás de um quadro que com
reentelamento penetram ao outro lado. Na
superfície      do  quadro    pode      aparecer
protuberâncias que correspondem aos nós e as
costuras, para evitar isso deve –se preparar o
suporte têxtil.
IMPRIMADURA

     Algumas pinturas de cavalete apresentam
uma fina camada colorida imediatamente sobre a
camada de preparação. Supostamente, essa
camada proporciona uma cor mais adequada ao
desenvolvimento da pintura do que a cor da
camada de preparação ou apresenta uma
diferente absorção da tinta e para ela, em
português, se encontram as designações de
imprimidura,   imprimatura,    imprimação    e
impressão.
SUJIDADE

      Segundo o tempo da obra e o local em que
ela foi conservada, as telas acumulam sujidades.
Geralmente se elimina a seco. Com um pincel
retira-se a sujidade da superfície da tela, podendo
recorrer a uma esponja ou borracha de apagar
macia e após limpar as partículas desprendidas
com um aspirador, da mesma forma podemos agir
para limpar a na parte posterior da tela.
A limpeza é feita mecanicamente com
  escova, bisturi e sucção.



Fotos:http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html
A medida que se realiza a limpeza mecânica o
  suporte vai recuperando a flexibilidade. A sujidade, pó e
  impregnação de adesivos provocam muita rigidez as
  fibras.




Fotos:http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html
ADESIVOS

     Os adesivos são produtos que originam uma
união dos matérias, neste caso dos tecidos, o
restaurador utiliza para fazer remendos ou nos
reentelamentos. A utilização de adesivos pode
causar uma superfície irregular, criar tensões no
suporte, influenciam na elasticidade do suporte,
alteram a difusão de vapor de aguá no quadro e
podem ser higroscópicos.
Adesivos aquosos podem ser atacados por
microrganismos.
ELIMINAÇÃO

     Os restos de adesivos não só estão na
superfície do suporte têxtil como penetram
profundamente no tecido. Os restos de adesivos
se reduzem ou eliminam a seco com bisturi ou
micro-abrasão ou molhado com bisturi e
compressas, também pode se fazer um
tratamento com enzimas.
ENZIMAS
     As enzimas são substâncias proteicas, de
formação intercelular e com moléculas de grande
porte, que como biocatalizadores dirigem todas as
reações químicas dos organismos. As reações
químicas se desenvolvem rapidamente em meio
aquoso. Nas restaurações de telas, em algumas
ocasiões se recorre as enzimas para a limpeza de
superfícies e para eliminar vernizes e colas. Segundo
Knut Nicolaus, que propôs uma limpeza de um quadro
com enzimas para eliminar cola, constatou o que as
mesmas não só penetram a cola como também
penetram na estrutura do quadro provocando reações
não desejadas.
RETIRADAS DE REMENDOS E
         ETIQUETAS
      Remendos são pedaços retangulares ou
quadrados de tela que se colam por trás do quadro
para fechar rupturas e buracos. Em certas ocasiões
também utiliza-se papel como material adesivo (Papel
japonês). Até os anos 70 colar rupturas e buracos por
detrás da tela era o procedimento mais correto e a
única alternativa ao reentelamento.
   Etiquetas são rótulos colados na parte detrás de
um quadro que geralmente contém informações sobre
o mesmo.
   Remendos e etiquetas podem marcar a parte
detrás com protuberâncias, pregas e um craquelê
específico.
Fotos:http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html
REENTELAMENTO

      O reentelamento consiste em fazer aderir um
tecido protetor no verso da tela. Esta técnica ou
intervenção só deve ser levada a cabo nos casos em
que se considere absolutamente imprescindível. Caso
contrário deverá optar-se sempre por técnicas que
envolvam menor intervenção sobre a obra. Existem
diversos sistemas para reentelar, alguns deles
clássicos, enquanto outros foram recentemente
desenvolvidos. Entre os processos clássicos destaca-
se o reentelamento com branco de chumbo, com
pasta de farinha ou goma, com cera-resina, ou cola
aquosa.
ELIMINAÇÃO DO TECIDO DO
        REENTELAMENTO

     Normalmente os suportes têxteis velhos são
reentelados, ou seja, a elas são aderidos um outro
suporte têxtil para sua estabilidade. Em algumas
ocasiões devemos tirar o tecido do reentelamento,
por exemplo, quando já não cumpre sua função ou
o reentelamento foi feito incorreto e ainda quando
o suporte têxtil está em deterioração.
TECIDOS DE REENTELAMENTO
      Os tecidos de reentelamentos servem para estabilizar o
suporte original e portanto para consolidar o quadro. Como
suportes auxiliares se tem utilizado tecidos de linho, cânhamo, de
seda e no século XX, algodão, de fibras sintéticas.

PROPRIEDADES:
    Devem ser estáveis em relação a poluição atmosférica e a luz,
não afloxar, ter um bom comportamento isotrópico, pouca reação a
troca de U.R do ar, ter uma boa relação de ligação com o adesivo
escolhido e dispor de uma estrutura têxtil adequada.

PREPARAÇÃO:
    Todos os tecidos de reentelação devem ter sido lavados,
estarem lisos e sem irregularidades. A estrutura têxtil que foi
escolhida depende do suporte e o tratamento posterior estar
relacionado com o adesivo e com o procedimento de reentelação.
ADESIVOS PARA REENTELAMENTO

      As substâncias básicas cumprem a função de
aderência e consistência, os aditivos servem para
modificar as propriedades. No século XX somente se
tinha, como substâncias básicas, de materiais
naturais de procedência animal ou vegetal. Com
descobrimento da resina sintética os restauradores
puderam dispor também de dispersões de acetato
de polivinil, soluções de resinas acrílicas e de ceras
microcristalinas entre outros capazes de direcionar o
processo de fixação e de endurecimento e de
melhorar a instabilidade, a adesão, a flexibilidade e a
resistência ao envelhecimento.
BIBLIOGRAFIA

- El soporte têxtil. NICOLAUS, Kunt. Manual de
restauración de cuadros, 2003.

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O suporte têxtil Breve introdução a suportes têxteis -

  • 1. Universidade Federal de Pelotas Instituto de Ciências Humanas Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis Disciplina de Conservação e Restauro de Pinturas I “O SUPORTE TÊXTIL” Fábio Zündler Pelotas 2013
  • 2. INTRODUÇÃO O suporte têxtil engloba na pintura os suportes de tecidos como linho, tela, cânhamo, seda, lã e materiais sintéticos. As primeiras obras sobre suportes têxteis se remontam a ameados do século 15, no inicio do século 16 o suporte têxtil desbancou a tábua e desde o século 18 é o suporte mais importante da pintura.
  • 3. DETERIORAÇÃO E SUAS CAUSAS Como todos os materiais orgânicos, os suportes têxteis também envelhecem, com isso ao longo do tempo perdem sua consistência, elasticidade e deixam de ter capacidade de sustentar as camadas da tela. No passado esse problema era resolvido com um reentelamento. Desde o começo dos anos 70 se tem procurado mediante investigação rigorosa as causas da deterioração e de novos procedimentos para restauração e conservação dos suportes têxteis.
  • 4. PROPRIEDADES DA CELULOSE “A celulose possui uma série de propriedades negativas” Envelhece (sofre oxidação); Absorve radiação; Atacada por ácidos em forma de poluição; Atacada por micro-organismos; Sofre com tratamentos de conservação e restauração; Sensíveis a cargas mecânicas mais fortes; É higroscópica.
  • 5. OXIDAÇÃO O linho entra em contato com o oxigênio do ar e oxida. É um processo que não temos como parar, no máximo atrasá-lo, com isso o linho perde a elasticidade e fica quebradiço. Esse processo de oxidação acelera quando é utilizado óleos secantes, que com a secagem absorvem oxigênio.
  • 7. RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA Prejudicam todas as fibras naturais e algumas sintéticas, os raios são energias que chegam ao suporte têxtil. Uma U.R do ar alta e um catalisador aceleram a desintegração.
  • 8. METAIS Metais que entram em contato direto com o linho agem como catalisadores da oxidação.
  • 9. IMPACTO AMBIENTAL: A forte industrialização contribui para a deterioração. Os ácidos inorgânicos, os ácido sulfúrico e o ácido sulfuroso, que contaminam a atmosfera, decompõe a celulose. Por exemplo o ar de um museu em uma sala que se guarda ou exibe um quadro com dióxido de enxofre e partículas de pó. O ácido sulfuroso, que se forma a partir do dióxido de enxofre, origina a destruição das fibras. As partículas de pó, que se depositam atrás do quadro, nos espaços existentes entre o bastidor e o suporte reforçam o processo atuando como compressão. .
  • 10. MICRO-ORGANISMOS O mofo e as bactérias desintegram a celulose, essa decomposição é parecida com a da oxidação, o tecido perde a consistência e elasticidade, ficando quebradiço e se desfaz
  • 11. CARACTERÍSTICAS HIGROSCÓPICAS As fibras dos tecidos absorvem a umidade do ar, incham, engrossam e encurtam. O aumento da U.R do ar da lugar a um aumento da espessura da fibra. O tecido que tem fios mais unidos entre si, se encolhe, ao sair essa umidade, o tecido se dilata e amolece.
  • 12. A esquerda, distensão do suporte têxtil pela umidade, abaixo uma “tensão artificial” em consequência de uma incorreta tensão no bastidor e um remendo mal aderido por trás, certamente feito com adesivos muito fortes. http://www.xn--fernandezlabaa-2nb.com/restauracion_pintura.htm
  • 13. REAÇÃO A ÁGUA A troca da U.R do ar modifica as propriedades de um suporte têxtil, ao aumentar o conteúdo de água, aumenta sua flexibilidade, sua condutibilidade térmica e sua dilatabilidade mas diminui sua consistência, sua dureza, sua estabilidade química e sua hermeticidade em relação ao vapor da água.
  • 14. TENSÃO DA TELA A tensão de uma tela é medida em newton/ metro. A tensão normal de uma tela é de 100-200 N/m ou 10-20 kg/m. Dificilmente se manterá ao longo do tempo, uma tela perde sua tensão e se afloxa em decorrência da U.R do ar e das mudanças de temperatura.
  • 15. BOLSAS CLIMÁTICAS Atrás dos quadros podem se formar bolsas climáticas. Entre a parede e o suporte têxtil, condicionado pela espessura do bastidor, há um pequeno espaço, com uma temperatura e U.R do ar diferentes do ar da sala onde a pintura está exposta. Isso pode variar de acordo com o tipo de parede, atrás do quadro a temperatura é mais baixa e a umidade mais alta, com isso pode formar craquelados, desprendimento da camada pictórica e deformações.
  • 16. DE A IS R O E Ã G Ç S A E R Õ U Ç A A T R S E E O P R
  • 17. REVESTIMENTO DA CAMADA DO QUADRO – Faceamento Trata-se de um processo de tratamento que visa a proteção das superfícies dos bens durante o processo de transporte, desmontagem ou tratamento. Serve como forma de evitar/minimizar eventuais danos que se possam vir a sentir na superfície. Trata-se da aplicação de uma fina camada de um material inerte (que não interaja com a superfície do bem a proteger) através da aplicação de um adesivo em baixas concentrações. Este adesivo deve ser totalmente reversível e não provocar nenhuma alteração na superfície. O faceamento deve ser realizado com a aplicação sobre a superfície de um material como o papel japonês, a gaze, ou outro, e o adesivo deve ser pincelado sobre este.
  • 18. LIMPEZA DA PARTE DE TRÁS DO QUADRO Geralmente, atrás de quadros antigos, não serão lisos e nem estarão limpos. A restauração a esses tipos de quadros é eliminar as possíveis irregularidades e a sujidade dos anos. Entre as irregularidades, resíduos e restos estão os defeitos do tecido, os nós da tela, as costuras, as imprimaduras originais que tenham passado através do suporte têxtil. As imprimaduras originais que passaram pelo suporte têxtil, as sujidades em qualquer de suas formas, os sedimentos que acompanham a fumaça de cigarro (alcatrão) restos de adesivos e micro- organismos. Cada tratamento da parte de trás de um quadro representa uma carga para a superfície do mesmo.
  • 19. Marcas de uma intervenção anterior, restos de preparação sintética que atravessou o tecido. Foto: http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html
  • 20. NÓS E COSTURAS Segundo a qualidade, a idade e as dimensões do tecido, o suporte têxtil e o reentelamento podem apresentar nós, fios mais grossos e costuras. Os nós, os engrossamentos dos fios, e as costuras são irregularidades das partes detrás de um quadro que com reentelamento penetram ao outro lado. Na superfície do quadro pode aparecer protuberâncias que correspondem aos nós e as costuras, para evitar isso deve –se preparar o suporte têxtil.
  • 21. IMPRIMADURA Algumas pinturas de cavalete apresentam uma fina camada colorida imediatamente sobre a camada de preparação. Supostamente, essa camada proporciona uma cor mais adequada ao desenvolvimento da pintura do que a cor da camada de preparação ou apresenta uma diferente absorção da tinta e para ela, em português, se encontram as designações de imprimidura, imprimatura, imprimação e impressão.
  • 22. SUJIDADE Segundo o tempo da obra e o local em que ela foi conservada, as telas acumulam sujidades. Geralmente se elimina a seco. Com um pincel retira-se a sujidade da superfície da tela, podendo recorrer a uma esponja ou borracha de apagar macia e após limpar as partículas desprendidas com um aspirador, da mesma forma podemos agir para limpar a na parte posterior da tela.
  • 23. A limpeza é feita mecanicamente com escova, bisturi e sucção. Fotos:http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html
  • 24. A medida que se realiza a limpeza mecânica o suporte vai recuperando a flexibilidade. A sujidade, pó e impregnação de adesivos provocam muita rigidez as fibras. Fotos:http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html
  • 25. ADESIVOS Os adesivos são produtos que originam uma união dos matérias, neste caso dos tecidos, o restaurador utiliza para fazer remendos ou nos reentelamentos. A utilização de adesivos pode causar uma superfície irregular, criar tensões no suporte, influenciam na elasticidade do suporte, alteram a difusão de vapor de aguá no quadro e podem ser higroscópicos. Adesivos aquosos podem ser atacados por microrganismos.
  • 26. ELIMINAÇÃO Os restos de adesivos não só estão na superfície do suporte têxtil como penetram profundamente no tecido. Os restos de adesivos se reduzem ou eliminam a seco com bisturi ou micro-abrasão ou molhado com bisturi e compressas, também pode se fazer um tratamento com enzimas.
  • 27. ENZIMAS As enzimas são substâncias proteicas, de formação intercelular e com moléculas de grande porte, que como biocatalizadores dirigem todas as reações químicas dos organismos. As reações químicas se desenvolvem rapidamente em meio aquoso. Nas restaurações de telas, em algumas ocasiões se recorre as enzimas para a limpeza de superfícies e para eliminar vernizes e colas. Segundo Knut Nicolaus, que propôs uma limpeza de um quadro com enzimas para eliminar cola, constatou o que as mesmas não só penetram a cola como também penetram na estrutura do quadro provocando reações não desejadas.
  • 28. RETIRADAS DE REMENDOS E ETIQUETAS Remendos são pedaços retangulares ou quadrados de tela que se colam por trás do quadro para fechar rupturas e buracos. Em certas ocasiões também utiliza-se papel como material adesivo (Papel japonês). Até os anos 70 colar rupturas e buracos por detrás da tela era o procedimento mais correto e a única alternativa ao reentelamento. Etiquetas são rótulos colados na parte detrás de um quadro que geralmente contém informações sobre o mesmo. Remendos e etiquetas podem marcar a parte detrás com protuberâncias, pregas e um craquelê específico.
  • 30. REENTELAMENTO O reentelamento consiste em fazer aderir um tecido protetor no verso da tela. Esta técnica ou intervenção só deve ser levada a cabo nos casos em que se considere absolutamente imprescindível. Caso contrário deverá optar-se sempre por técnicas que envolvam menor intervenção sobre a obra. Existem diversos sistemas para reentelar, alguns deles clássicos, enquanto outros foram recentemente desenvolvidos. Entre os processos clássicos destaca- se o reentelamento com branco de chumbo, com pasta de farinha ou goma, com cera-resina, ou cola aquosa.
  • 31.
  • 32. ELIMINAÇÃO DO TECIDO DO REENTELAMENTO Normalmente os suportes têxteis velhos são reentelados, ou seja, a elas são aderidos um outro suporte têxtil para sua estabilidade. Em algumas ocasiões devemos tirar o tecido do reentelamento, por exemplo, quando já não cumpre sua função ou o reentelamento foi feito incorreto e ainda quando o suporte têxtil está em deterioração.
  • 33. TECIDOS DE REENTELAMENTO Os tecidos de reentelamentos servem para estabilizar o suporte original e portanto para consolidar o quadro. Como suportes auxiliares se tem utilizado tecidos de linho, cânhamo, de seda e no século XX, algodão, de fibras sintéticas. PROPRIEDADES: Devem ser estáveis em relação a poluição atmosférica e a luz, não afloxar, ter um bom comportamento isotrópico, pouca reação a troca de U.R do ar, ter uma boa relação de ligação com o adesivo escolhido e dispor de uma estrutura têxtil adequada. PREPARAÇÃO: Todos os tecidos de reentelação devem ter sido lavados, estarem lisos e sem irregularidades. A estrutura têxtil que foi escolhida depende do suporte e o tratamento posterior estar relacionado com o adesivo e com o procedimento de reentelação.
  • 34. ADESIVOS PARA REENTELAMENTO As substâncias básicas cumprem a função de aderência e consistência, os aditivos servem para modificar as propriedades. No século XX somente se tinha, como substâncias básicas, de materiais naturais de procedência animal ou vegetal. Com descobrimento da resina sintética os restauradores puderam dispor também de dispersões de acetato de polivinil, soluções de resinas acrílicas e de ceras microcristalinas entre outros capazes de direcionar o processo de fixação e de endurecimento e de melhorar a instabilidade, a adesão, a flexibilidade e a resistência ao envelhecimento.
  • 35. BIBLIOGRAFIA - El soporte têxtil. NICOLAUS, Kunt. Manual de restauración de cuadros, 2003.