2. Entende-se a psicologia da educação como "uma disciplina-
ponte, de natureza aplicada, entre a psicologia e a educação"
(Coll, 2004, p. vii) cujo objeto de estudo são os processos de
mudança (e.g. desenvolvimento, aprendizagem e socialização)
que ocorrem nas pessoas na sequência da sua participação
numa ampla gama de situações e atividades educacionais.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
3. Trata-se de um acontecimento independentemente da idade e
outras características concretas das pessoas e dos traços
específicos das situações e atividades educacionais, não se
circunscrevendo às que ocorrem em contexto escolar (Coll et al.,
2004).
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
4. Para Beltrán et al. (1990), tratando-se de uma “ciência
intermédia” entre as ciências psicológicas e as ciências da
educação, propõe-se uma “flexibilidade temática em torno do
núcleo essencial definitório que é o processo ensino-
aprendizagem” (pp.23-24).
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
5. A maioria dos autores considera o processo ensino-
aprendizagem como o objeto fundamental desta ciência ou o
estudo científico da aprendizagem e do ensino, principalmente
quando se trata de formação de professores.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
6. Contudo, importa também abranger a educação familiar da
criança e do adolescente, considerando que o processo ensino-
aprendizagem não se limita ao aspecto puramente cognitivista,
sendo também afetivo-motivacional, diferencial,
desenvolvimental, ultrapassando o contexto escolar (Barros &
Barros, 1996).
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
7. A Psicologia da educação “trata-se de uma disciplina psicológica
e educativa de natureza teórica e aplicada, [cabendo ao
psicólogo a tarefa de] observar (diagnóstico), interpretar
(prognóstico) e intervir no ato educativo, aos mais diversos níveis
da aprendizagem”.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
8. Assim, ao psicólogo que atua em contexto educativo, compete
não apenas prevenir e remediar, mas principalmente promover o
educando. Ao mesmo tempo deve investigar no sentido de
adquirir uma maior compreensão e eficiência do processo
ensino-aprendizagem (Barros & Barros, 1996, p.27).
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
9. PSICOLOGIA EDUCACIONAL VS. PSICOLOGIA ESCOLAR
Do mesmo modo que não há consenso relativamente à
definição, conteúdos e objetivos da psicologia da educação,
também não se verifica unanimidade no que concerne à
distinção entre Psicologia Educacional e Psicologia Escolar.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
10. Há fronteiras comuns, nomeadamente quando se fala na
atuação do psicólogo educacional e psicólogo escolar (i.e.
psicólogos que intervém no campo educativo e no campo
escolar), ambos podem ser quer teóricos quer práticos na sua
ação, e praticar também a investigação na ação.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
11. A American Psychology Association (APA) dedica a 15ª divisão à
Educational Psychology e a 16ª divisão à School Psychology. De
acordo com esta categorização, ao psicólogo educacional (15ª
divisão) compete desenhar, desenvolver e avaliar procedimentos
para a instrução, dedicando-se fundamentalmente à
investigação, enquanto que o psicólogo escolar (16ª divisão) atua
essencialmente a nível prático, cuidando de potenciar o
desenvolvimento intelectual e socio-emocional da criança,
através da intervenção em atividades de orientação, avaliação,
etc.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
12. Contudo, também estas circunscrições não estão isentas de
divergências no interior de cada secção, quanto aos conteúdos,
campos e processos de intervenção. As fronteiras não são claras
e muitos psicólogos encontram-se inscritos em ambas as
secções.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
13. De um modo geral, a Psicologia Educacional, uma disciplina
autónoma, com o seu campo específico de investigação e
intervenção, investe mais na investigação, procurando fomentar
um cunho científico na dinâmica instrucional, enquanto que a
Psicologia Escolar se revela mais prática e orientada para a
resolução de problemas concretos que surgem no seio da escola,
tanto ao nível de professores e alunos (e relações entre ambos),
como também ao nível dos pais na sua interação com a escola.
Em todo o caso, não se tratam de compartimentos estanques e
isolados (Barros & Barros, 1999).
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
14. A existência da psicologia da educação como uma área de
conhecimento e de saberes teóricos e práticos claramente
identificáveis, segundo Coll (2004) tem sua origem na crença de
que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente com
a utilização adequada dos conhecimentos psicológicos.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
15. Tal convicção, que tem suas raízes nos grandes sistemas de
pensamento e nas teorias filosóficas anteriores ao surgimento da
“psicologia científica”, foi objeto de múltiplas interpretações.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
16. Existem profundas discrepâncias quanto aos princípios que
devem ser aplicados, em que aspecto ou aspectos da educação
devem ser usados e, de maneira muito particular, o que significa
exatamente aplicar de maneira correta à educação os princípios
da psicologia.
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17. Situa-se o surgimento da Psicologia da Educação por volta de
1903, quando foi lançado o livro de Thorndike, o qual nomeou,
pela primeira vez, esta área de estudos e lhe deu corpo
doutrinário. Na edição de 1913 e 1914, Thorndike concluiu que
todo conhecimento da psicologia que tivesse a possibilidade de
ser quantificado podia ser aplicado à educação. (Goulart, 2000)
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
18. Thorndike em 1906 dizia que a eficiência de qualquer profissão
depende amplamente do grau em que se torne científica. A
profissão do ensino melhorará à medida que o trabalho de seus
membros seja presidido por espírito e métodos científicos.
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19. No discurso de muitos dos precursores da Psicologia da
Educação – William James, Stanley Hall, J. Mckeen Cattel, John
Dewey, Charles H. Hudd, Eduar Claparéde, Alfred Binet, etc. –
esta era o resulta convergência de dois âmbitos de discursos e
dois tipos de problemática: o estudo do desenvolvimento, da
aprendizagem e das diferenças individuais; e o discurso do
reformismo social.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
20. Desde as primeiras décadas do século XX o discurso de
reformismo social perde relevância e a psicologia da educação
adota uma orientação fundamentalmente acadêmica, segundo
Coll (2004), dirigindo seus esforços ao estabelecimento dos
“parâmetros fundamentais da aprendizagem”, “ao refinamento
de suas elaborações teóricas”, e à sua promoção como
“disciplina de engenharia aplicada” (aplied engineering
discipline).
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