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A idéia deste post é continuar falando sobre os nossos três temas, inovação, sustentabilidade e
eficiência energética, e da relação que há entre eles. Vamos colocar um pouquinho de azeite na
salada, a mudança da estrutura econômica dos países pósindustriais, e até outros nem tanto, e
teremos um belo prato de entrada.
Sustentabilidade? Hoje todos somos mais conscientes dela, graças a Gro Bruntland, Ignacy
Sachs, e muitos outros: “...desenvolvimento que assegure as necessidades das gerações atuais,
sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de garantir suas próprias demandas.” /
... development which meets the needs of current generations without compromising the ability
of future generations to meet their own needs /. Curiosidades: a Sra. Bruntland já esteve por
aquí várias vezes, há muitas entrevisas dela em vídeo para a imprensa brasileira. E com o Prof.
Sachs também; ele morou vários anos no país, trabalhou na USP e na Unicamp e escreveu
muitos artigos com temas regionais.
É consequência então que, percebendo os efeitos das inovações sobre nosso dia a dia, e
conscientes da sustentabilidade, a gente busque mais eficiência energética para os processos,
diminuindo a pegada ecológica, i. é, reduzindo o impacto ambiental de nossa passagem por
estas plagas, e o nosso “custo operacional”, pois. Enfim, com esse punhado de coisas, “...somos
as primeiras gerações que podem mudar intrinsecamente as possibilidades das gerações
futuras.” G. H. Brundtland
E o tempero? Mais uma coisa dinâmica, a estrutura econômica dos países! “Tudo que cresce
também muda sua estrutura .” / Everything that grows also changes its structure / Nos países
pósindustriais, o PIB do setor de serviços supera o da indústria. E isto já é verdade, há tempos,
no Brasil, onde a proporção atual é 66% para 14% (e 20% para o agronegócio, dependendo da
metodologia). E o que a energia tem a ver? A indústria, principalmente a de transformação, é
uma grande devoradora de energia; serviços usam energia menos intensivamente.
Vamos então às outras duas notícias da semana retrasada, o principal e a guarnição: (2) aumenta
a diferença no preço da energia entre os países da Europa e seus principais parceiros comerciais.
É um relatório da Comunidade Européia, divulgado por P. Clarck e C. Oliver no Financial
Times de 20/01/14. A energia para a indústria da EU está duas vezes mais cara que a
comercializada nos USA; 20% superior à chinesa. No caso do gás, a Europa paga 4 vezes mais
que americanos e russos, e 12% a mais do que pagam na China. Logo, é o fim, pelo menos para
nós, enfim, da estória de paridade de preço. Morte morrida de mais um paradigma; liberdade
ainda que tardia.
E (3), direto de Davos, relatado n’O Globo por D. Berlinck em 23/01/14: segundo F. Birol,
economista chefe da Agência Internacional de Energia, “...o mundo vai assistir a uma mudança
radical de atores no setor energético nos próximos anos, com exportadores tradicionais no
Oriente Médio se transformando em grandes consumidores e antigos consumidores se tornando
exportadores. Se fosse um teatro, eu diria que o papel dos atores está sendo reescrito, com os
Estados Unidos e o Brasil se tornando importantes exportadores. Isso terá não apenas
consequência para a competividade de várias empresas, como vai mexer com a geopolítica da
energia.”
Em síntese, vivemos em um tempo de mudanças substanciais e, portanto, podemos esperar
rearranjos de curto e médio prazos na pseudo estabilidade, econômica, energética, política, etc,
em que vivemos. / Every changing structure develops instabilities / Atentos para inovações,
sustentabilidade e eficiência energética, devemos considerar possibilidades de novos cenários,
novos pseudo equilíbrios nesta área de energia, ao programar nossas ações. Segundo C. Ruehl,
“By 2035, …, for the first time in human history, no single fuel will dominate the global
economy.” Desta vez sem indigestão, esperamos.

As citações em inglês são de Gro Brundtland ( a primeira) e do livro de C. H. Waddington e do artigo de C. Ruehl (a
última), estesreferenciados no post .2

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  • 1. A idéia deste post é continuar falando sobre os nossos três temas, inovação, sustentabilidade e eficiência energética, e da relação que há entre eles. Vamos colocar um pouquinho de azeite na salada, a mudança da estrutura econômica dos países pósindustriais, e até outros nem tanto, e teremos um belo prato de entrada. Sustentabilidade? Hoje todos somos mais conscientes dela, graças a Gro Bruntland, Ignacy Sachs, e muitos outros: “...desenvolvimento que assegure as necessidades das gerações atuais, sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de garantir suas próprias demandas.” / ... development which meets the needs of current generations without compromising the ability of future generations to meet their own needs /. Curiosidades: a Sra. Bruntland já esteve por aquí várias vezes, há muitas entrevisas dela em vídeo para a imprensa brasileira. E com o Prof. Sachs também; ele morou vários anos no país, trabalhou na USP e na Unicamp e escreveu muitos artigos com temas regionais. É consequência então que, percebendo os efeitos das inovações sobre nosso dia a dia, e conscientes da sustentabilidade, a gente busque mais eficiência energética para os processos, diminuindo a pegada ecológica, i. é, reduzindo o impacto ambiental de nossa passagem por estas plagas, e o nosso “custo operacional”, pois. Enfim, com esse punhado de coisas, “...somos as primeiras gerações que podem mudar intrinsecamente as possibilidades das gerações futuras.” G. H. Brundtland E o tempero? Mais uma coisa dinâmica, a estrutura econômica dos países! “Tudo que cresce também muda sua estrutura .” / Everything that grows also changes its structure / Nos países pósindustriais, o PIB do setor de serviços supera o da indústria. E isto já é verdade, há tempos, no Brasil, onde a proporção atual é 66% para 14% (e 20% para o agronegócio, dependendo da metodologia). E o que a energia tem a ver? A indústria, principalmente a de transformação, é uma grande devoradora de energia; serviços usam energia menos intensivamente. Vamos então às outras duas notícias da semana retrasada, o principal e a guarnição: (2) aumenta a diferença no preço da energia entre os países da Europa e seus principais parceiros comerciais. É um relatório da Comunidade Européia, divulgado por P. Clarck e C. Oliver no Financial Times de 20/01/14. A energia para a indústria da EU está duas vezes mais cara que a comercializada nos USA; 20% superior à chinesa. No caso do gás, a Europa paga 4 vezes mais que americanos e russos, e 12% a mais do que pagam na China. Logo, é o fim, pelo menos para nós, enfim, da estória de paridade de preço. Morte morrida de mais um paradigma; liberdade ainda que tardia.
  • 2. E (3), direto de Davos, relatado n’O Globo por D. Berlinck em 23/01/14: segundo F. Birol, economista chefe da Agência Internacional de Energia, “...o mundo vai assistir a uma mudança radical de atores no setor energético nos próximos anos, com exportadores tradicionais no Oriente Médio se transformando em grandes consumidores e antigos consumidores se tornando exportadores. Se fosse um teatro, eu diria que o papel dos atores está sendo reescrito, com os Estados Unidos e o Brasil se tornando importantes exportadores. Isso terá não apenas consequência para a competividade de várias empresas, como vai mexer com a geopolítica da energia.” Em síntese, vivemos em um tempo de mudanças substanciais e, portanto, podemos esperar rearranjos de curto e médio prazos na pseudo estabilidade, econômica, energética, política, etc, em que vivemos. / Every changing structure develops instabilities / Atentos para inovações, sustentabilidade e eficiência energética, devemos considerar possibilidades de novos cenários, novos pseudo equilíbrios nesta área de energia, ao programar nossas ações. Segundo C. Ruehl, “By 2035, …, for the first time in human history, no single fuel will dominate the global economy.” Desta vez sem indigestão, esperamos. As citações em inglês são de Gro Brundtland ( a primeira) e do livro de C. H. Waddington e do artigo de C. Ruehl (a última), estesreferenciados no post .2