O documento discute os limites dos recursos naturais da Terra com base na pegada ecológica. A pegada ecológica atual excede a capacidade de regeneração do planeta. Além disso, as reservas de muitos recursos minerais e combustíveis fósseis estão se esgotando, ameaçando interromper o uso de tecnologias atuais. Uma mudança para fontes renováveis de energia e modelos sustentáveis de desenvolvimento é urgentemente necessária.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Os limites dos recursos naturais da Terra
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O PLANETA TERRA E SEUS LIMITES NO USO DOS RECURSOS NATURAIS
Fernando Alcoforado*
Todos os dados disponíveis apontam no sentido de que o planeta Terra já está atingindo
seus limites no uso de seus recursos naturais. Um desses dados diz respeito à pegada
ecológica que é uma boa forma de dimensionar o impacto do ser humano no planeta
Terra. Sobre a pegada ecológica, é oportuno observar que é uma metodologia utilizada
para medir as quantidades de terra e água (em termos de hectares globais - gha) que
seriam necessárias para sustentar o consumo da população. A pegada ecológica é um
cálculo do que cada pessoa, cada país e, por fim, a população mundial consome em
recursos naturais. A medição é feita em hectares, e seis categorias são avaliadas: terras
para cultivo, campos de pastagem, florestas, áreas para pesca, demandas de carbono e
terrenos para a construção de prédios.
Considerando cinco tipos de superfície (áreas cultivadas, pastagens, florestas, áreas de
pesca e áreas edificadas), o planeta Terra possui aproximadamente 13,4 bilhões de
hectares globais (gha) de terra e água biologicamente produtivas segundo dados de 2010
da Global Footprint Network e a pegada ecológica da humanidade atingiu a marca de
2,7 hectares globais (gha) por pessoa, em 2007, para uma população mundial de 6,7
bilhões de habitantes na mesma data (segundo a ONU) (Ver o artigo A terra no limite
de José Eustáquio Diniz Alves disponível no website
<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/terra-limite-humanidade-
recursos-naturais-planeta-situacao-sustentavel-637804.shtml.>).
Com a pegada ecológica da humanidade de 2,7 hectares globais (gha) por pessoa
significa dizer que para sustentar a população atual na Terra de 7 bilhões de habitantes
seriam necessários 18,9 bilhões de gha (2,7 gha x 7 bilhões de habitantes) que é superior
a 13,4 bilhões de hectares globais (gha) de terra e água biologicamente produtivas da
Terra, fato este que indica que já ultrapassamos a capacidade de regeneração do planeta
no nível médio de consumo mundial atual. Hoje, por conta do atual ritmo de consumo, a
demanda por recursos naturais excede em 41% a capacidade de reposição da Terra. Se a
escalada dessa demanda continuar no ritmo atual, em 2030, com uma população
planetária estimada em 10 bilhões de pessoas, serão necessárias duas Terras para
satisfazê-la. Ressalte-se que, a partir de 2050, quando a população mundial poderá
ultrapassar 10 bilhões de habitantes, o planeta Terra poderá não resistir a tamanha
demanda por recursos naturais.
Atualmente, mais de 80% da população mundial vivem em países que usam mais
recursos do que seus próprios ecossistemas conseguem renovar. Os países capitalistas
centrais (União Europeia, Estados Unidos e Japão), devedores ecológicos, já esgotaram
seus próprios recursos e têm de importá-los. No levantamento da Global Footprint
Network, os japoneses consomem 7,1 vezes mais do que têm e seriam necessárias
quatro Itálias para abastecer os italianos. O padrão de consumo dos países
desenvolvidos desorganiza essa balança. Um fato indiscutível é o de que a humanidade
já consome mais recursos naturais do que o planeta é capaz de repor.
Os dados disponíveis sobre as reservas dos recursos minerais apontam também no
sentido de que o planeta Terra já está atingindo seus limites. Estimativa de exaustão de
recursos minerais do planeta Terra é apresentada no artigo Quando os recursos minerais
se esgotarão?, publicado no website
<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/quando-recursos-minerais-se-
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esgotarao-648952.shtml>, baseado na informação da US Geological Survey, órgão do
governo norte-americano responsável por pesquisas geológicas que cruzou informações
sobre o consumo anual, as reservas minerais disponíveis no planeta e sua previsível
extinção: 1) Platina (uso em materiais cirúrgicos)- Extinção em 2049; 2)
Prata (uso na fabricação de espelhos e talheres)-
Extinção em 2016; 3) Cobre (uso em fios e cabos e dutos de ar condicionado)-
Extinção em 2027; 4) Antimônio (uso em controles remotos e com outros materiais
para aumento da resistência)- Extinção em 2020; 5) Lítio (uso em baterias de celulares,
laptops e videogames)- Extinção em 2053; 6) Fósforo (uso em fertilizantes agrícolas)-
Extinção em 2149; 7) Urânio (uso na geração de energia elétrica)- Extinção em 2026;
8) Índio (uso em em telas de touchscreen de smartphones e tablets)- Extinção em 2020;
9) Tantalo (uso em lentes de câmeras fotográficas)- Extinção em 2027; 10)
Níquel (uso em ligas metálicas de revestimento, de eletrônicos, como os celulares)-
Extinção em 2064; 11) Estanho (uso no revestimento de ligas metálicas, como as
usadas nas latinhas de refrigerante)- Extinção em 2024; 12) Chumbo (uso em baterias
de carros e caminhões e em soldas e rolamentos)- Extinção em 2015; 13) Ouro (uso
como joias e em microships de computadores)- Extinção em 2043; 14) Zinco (uso para
cobrir ligas metálicas, impedindo que a ferrugem destrua objetos como as moedas)-
Extinção em 2041.
Pelo exposto muitos minérios do planeta estão chegando ao fim, o que poderá
interromper o uso de várias tecnologias utilizadas atualmente. Quanto ao petróleo, terá
uma duração de 40 anos de acordo com dados apresentados no website
<http://institutoparacleto.org/2013/05/23/o-futuro-do-petroleo/>. O gás natural dispõe
de reservas que podem garantir sua produção até 60 anos de acordo com o website
<http://exame.abril.com.br/economia/noticias/os-10-paises-com-as-maiores-reservas-
de-gas-natural-do-mundo>. O carvão, por sua vez, tem reservas suficientes para durar
250 anos de acordo com os dados do website
<http://carvaomineral.blogspot.com.br/2006/09/reservas-de-carvo-no-mundo.html>. O
shale gas em exploração recente nos Estados Unidos, que poderia suprir a demanda
doméstica do país por gás natural nos níveis atuais de consumo por mais de 100 anos, é
extremamente negativo para o meio ambiente porque gera metade das emissões de
carbono produzidas pelo carvão, além de contaminar os lençóis aquíferos subterrâneos.
Tudo o que acaba de ser descrito sobre a duração das reservas de combustíveis fósseis
indica que, diante da longevidade do carvão, ele seria a fonte de energia a ser utilizada
no futuro quando os demais combustíveis fósseis se exaurirem, fato este que agravaria
ainda mais o efeito estufa na atmosfera. A humanidade precisa tomar consciência da
urgente necessidade da substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis de
energia para evitar o cenário catastrófico da utilização do carvão como fonte de energia,
bem como deve substituir o modelo atual de desenvolvimento pelo desenvolvimento
sustentável, que, por meio da logística reversa, com a reutilização, a recuperação e a
reciclagem de materiais, atingindo assim o chamado ciclo fechado de produção, poderia
adiar a exaustão dos recursos naturais do planeta Terra.
* Fernando Alcoforado, 75, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
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desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,
http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel,
São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora,
Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros.