Este documento apresenta o portfólio de estágio supervisionado de uma estudante de Ciências Biológicas. O estágio foi realizado em uma escola estadual em Alagoinhas e incluiu observação de aulas e período de regência sob supervisão de uma professora experiente. A estagiária refletiu sobre os desafios e aprendizados do estágio, incluindo a motivação dos alunos e o uso de diferentes recursos didáticos.
1. Universidade do Estado da Bahia
Departamento de Ciências Exatas e da Terra
Campus II - Alagoinhas
Portfólio
Alagoinhas,
2011
2. Universidade do Estado da Bahia
Departamento de Ciências Exatas e da Terra
Campus II - Alagoinhas
Portfólio apresentado ao colegiado do curso de graduação em
Ciências Biológicas, Universidade do Estado da Bahia, como um
dos pré-requisitos da disciplina Estágio Supervisionado II, sob a
orientação da professora Cláudia Regina.
3. Universidade do Estado da Bahia
Departamento de Ciências Exatas e da Terra
Campus II - Alagoinhas
Estágio Supervisionado II
Colégio Polivalente de Alagoinhas
Supervisora: Cláudia Regina Texeira de Souza
Regente: Orlandina Wanderley
Estagiária: Marcília Cristina Rabelo de Albuquerque
Turma: 92V2
4. "Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música
não começaria com partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria
sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria
que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas
escritas sobre cinco linhas.
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas
ferramentas
para a produção da beleza musical. A experiência da beleza
tem de vir antes".
(Rubem Alves)
5. Introdução...
O estágio é o eixo central na formação de professores, pois é através
dele que o profissional conhece os aspectos indispensáveis para a formação da
construção da identidade e dos saberes do dia-a-dia (PIMENTA e LIMA, 2004).
O Estágio Supervisionado consiste em teoria e prática, tendo em vista
uma busca constante da realidade para uma elaboração conjunta do programa de
trabalho na formação do educador (GUERRA, 1995). Possibilita ao graduando
desenvolver a postura de pesquisador, despertar a observação, ter uma boa
reflexão crítica, facilidade de reorganizar as ações para poder reorientar a prática
quando necessário (KENSKI, 1994. apud LOMBARDI, 2005).
6. De acordo com Francisco e Pereira (2004) o estágio surge como um
processo fundamental na formação do aluno estagiário, pois é a forma de fazer a
transição de aluno para professor “aluno de tantos anos descobre-se no lugar de
professor”. Este é um momento da formação em que o graduando pode vivenciar
experiências, conhecendo melhor sua área de atuação.
É necessário que o estagiário aprenda a observar e identificar os
problemas, estar sempre aprendendo e buscando informações, questionar o que
encontrou além de buscar trocar informações com professores mais experientes
(OLIVEIRA, s.d).
7. O estágio...
A proposta de estágio foi desenvolvida a partir da elaboração de planos de
aula semanais contendo seqüências didáticas que buscassem potencializar as
relações interativas em sala de aula e acompanhadas de proposta de avaliação
viável à realidade dos estudantes.
Teve como objetivos:
- Criar, planejar, realizar e gerir situações didáticas voltadas para a aprendizagem e
desenvolvimento dos alunos, utilizando o conhecimento das áreas a serem
ensinadas;
- Experimentar novas maneiras de interagir em sala de aula;
8. - Decidir com coerência sobre quais orientações metodológicas utilizar em sala de
aula considerando seus pressupostos metodológicos;
- Experimentar uma situação de gestão de sala de aula buscando compreender a
importância de:
* estabelecer uma relação de autoridade e confiança com os alunos;
* considerar e respeitar suas características pessoais;
* agrupar os alunos como forma de potencializar sua aprendizagem;
* analisar diferentes materiais e recursos para a utilização didática;
- Afirmar a opção profissional;
- Construir ou tomar consciência do estilo pessoal como professor.
9. Análise do estágio...
O período de regência consistiu em um momento muito especial no meu
processo de formação como professora. Inicialmente, a experiência de efetiva
transição ou passagem da posição de aluno para professor assustou bastante e
despertou em mim muitas contradições, conflitos e inseguranças. Segundo
Pimenta e Lima (2009), um dos principais impactos é o susto diante da real
condição das escolas e as contradições entre o escrito e o vivido, o dito pelos
discursos oficiais e o que realmente acontece.
Ao longo dessa vivencia como educadora identifiquei em mim momentos de
profundo pessimismo e desânimo alternados com momentos de intensa euforia e
realização. O contato com os alunos, apesar de tudo, foi muito gratificante, pois
eles eram engraçados e alegres, apesar de em alguns momentos desmotivados e
dispersos, e foi possível vivenciar momentos interessantes de muita descontração
e aprendizagem recíprocos.
10. Pimenta e Lima (2009), ensinam que a sala de aula é o lugar de encontro entre
professores e alunos com suas histórias de vida, das possibilidades de ensino e
aprendizagem, da construção do conhecimento compartilhado. Por outro lado
sempre me perguntava se dar aulas era o que eu realmente queria para a minha vida,
pois olhava ao redor e via professores abatidos, desmotivados e cansados, além do
fato da baixa remuneração.
Pimenta e Lima (2009) comentam que o estagiário vai se deparar com muitos
professores insatisfeitos, desgastados pela vida que levam, pelo trabalho que
desenvolvem e pela perda dos direitos historicamente conquistados, além dos
problemas do contexto sócio-econômico que os afeta.
Chegado o final do estágio supervisionado e após muitas reflexões a conclusão
a que cheguei é de que a idéia de dar aulas não é tão ruim quanto me parecia
inicialmente, aos poucos a vivencia em sala de aula me ajudou a descobrir a minha
identidade profissional como docente.
Pimenta e Lima (2009) ressaltam que o estágio como campo de conhecimento e
eixo curricular central nos cursos de formação de professores possibilita que sejam
trabalhados aspectos indispensáveis à construção da identidade, dos saberes e das
posturas específicas ao exercício profissional docente.
11. A escola...
O estágio foi realizado no Colégio Estadual Polivalente de Alagoinhas. Quanto
à estrutura física, a escola conta com diversas salas de aula, sala de professores
(ampla, com TV e computadores) sala da direção, coordenação (embora não tenha
coordenadora), secretaria, pátio, quadra de esportes, laboratório com
microscópios, cantina, auditório e biblioteca. A sala da 3º Ano, onde estagiei, é
ampla e bem ventilada.
12. A regente...
A professora regente é formada a muitos anos em
Ciências Biológicas pela UNEB, sendo uma docente
experiente com muitos anos de trabalho em sala de
aula, estando apenas aguardando a sua
aposentadoria. A mesma demonstrou domínio do
conteúdo, o qual era apresentado de forma que as
dificuldades estivessem em uma escala crescente,
motivava os alunos perguntando ou valorizando
suas dúvidas, preocupava-se com a aprendizagem e
com a capacidade dos alunos para aprender o que
ela estava ensinando. Durante as aulas observadas,
a professora regente não utilizou recursos além do
quadro branco, piloto e livros didáticos, realizando
uma aula tradicional.
13. A turma...
O estágio foi realizado junto à turma 92V2, composta por 35 alunos regulares
de faixa etária homogênea. Os alunos eram muito tranquilos e atenciosos. Porém
nem todos participavam da aula, perguntando, questionando ou resolvendo os
exercícios demonstrando falta de intertece e desmotivação. Nessa turma foi
possível identificar diferentes grupos de alunos: os atenciosos com facilidade para
aprender; os desmotivados, mas com facilidade para aprender; os atenciosos mas
com dificuldade para aprender; e os desmotivados com dificuldade para aprender.
14. O livro didático...
No livro os conteúdos abordados estão organizados em
unidades formadas por capítulos, que finalizam com as questões
para estudo, permitindo ao aluno aplicar o que aprendeu na aula.
Os assuntos são expostos de maneira simples e de fácil
assimilação acompanhados por diversas ilustrações que facilitam a
compreensão do conteúdo por parte do aluno.
• Biologia: Volume único. Sônia Lopes e Sérgio Rosso.
Editora Saraiva. 1ª Edição-2005.
15. O livro didático é uma ferramenta utilizada pelos
professores como um auxiliar em sala de aula. Segundo o
guia do PNLD, “[...] o livro não precisa ser seguido de forma
linear, unidade a unidade, capítulo a capítulo. Ele possibilita
muitas idas e vindas, servindo como fonte de pesquisa
sobre assuntos diversos, mas que estabelecem nexos
durante as investigações dos alunos.” (BRASIL, 2010, p.12)
16. Período de
Observação...
Dia 17/09/2010:
A professora regente me apresentou à turma e em seguida me sentei no
fundo da sala de onde passei a observa o seguimento da aula. Logo de início
os alunos se mostram bastante receptivos. A professora então pediu aos
alunos que dessem continuidade à atividade sobre biotecnologia iniciada na
última aula. Enquanto isso a regente copiou no quadro uma atividade de
revisão sobre o mesmo assunto. Durante esse período a turma se manteve
dispersa. Ao solicitar aos alunos que copiassem e resolvessem a atividade do
quadro os mesmos se mostraram insatisfeitos e desmotivados.
17. Dia 24/09/2010:
A professora iniciou a aula corrigindo a atividade de revisão passada na
aula anterior. Nesse momento foi possível observar que poucos alunos
participavam da correção, sendo que a maioria da turma se manteve
dispersa. Em seguida a regente realizou uma revisão sobre Grupos
Sanguíneos, onde ficou explicita a falta de domínio da turma sobre o
conteúdo.
Dia 08/10/2010:
Nessa aula foi realizada a aplicação da prova de Física. Ao entrar na sala
juntamente com a professora observei que as carteiras já estavam
arrumadas em filas e a turma se encontrava bastante agitada pois estavam
ansiosos em relação à prova. Durante esse período a regente precisou
intervir algumas vezes pedindo que fizessem silêncio e tirando dúvidas
levantadas pelos alunos.
18. Período de regência...
Dia 22/10/2010 (2 aulas):
- Descrição da aula:
Inicialmente me apresentei para a turma e em seguida solicitei aos alunos que fizessem o
mesmo, um a um, informando os seus respectivos nomes, idades e o que pretendem fazer
após concluírem o Ensino médio. Depois desse momento de interação com a turma dei
início à aula realizando a explicação sobre Conceitos básicos em Ecologia com o uso de
esquema dos conteúdos no quadro. Em seguida solicitei aos alunos que copiassem e
respondessem às questões de fixação do quadro. Após a correção do exercício solicitei a
turma uma atividade extra-classe sobre os principais ecossistemas brasileiros, para ser
entregue na próxima aula.
- Comentários:
Durante as apresentações os alunos se mostraram bastante envergonhados e dispersos.
Porém, após iniciar a aula todos permaneceram atentos e participativos. Ao solicitar da
turma a resolução dos exercícios foi possível identificar a desmotivação dos mesmos
diante da atividade proposta, mas ainda assim todos realizaram a mesma. Na tentativa de
solucionar esse impasse foi atribuída uma pontuação para cada atividade proposta durante
a unidade, com o objetivo de estimular os alunos. Nesse primeiro contato com os alunos
foi possível perceber que se tratava de uma turma muito tranquila.
19. O primeiro contato com a turma me deixou mais tranquila e
segura em relação ao estágio,uma vez que me identifiquei com a
mesma. Porém me sinalizou o desafio que estava por vir no sentido
de procurar motivar e estimular os alunos.
Parte-se do pressuposto de que a desmotivação interfere
negativamente no processo de ensino-aprendizagem, e entre as
causas da falta de motivação, o planejamento e o
desenvolvimento das aulas realizadas pelo professor são fatores
determinantes. O professor deve fundamentar seu trabalho
conforme as necessidades de seus alunos, considerando
sempre o momento emocional e as ansiedades que permeiam a
vida do aluno naquele momento (MORAIS e VARELA, 2007).
20. Dia 05/11/2010 (2 aulas):
- Descrição:
Iniciei a aula recolhendo dos alunos o resumo sobre ecossistemas brasileiros
que foi solicitado aos mesmos na aula do dia 22/10 como atividade extra-
classe. Em seguida realizei a explanação sobre Níveis tróficos e cadeias
alimentares com o uso de esquema no quadro. Logo depois distribui para os
alunos um mapa conceitual sobre o conteúdo e solicitei aos mesmos que o
preenchessem individualmente e após isso foi feita a correção do mesmo.
- Comentários:
Os alunos mantiveram o bom comportamento do primeiro dia aula, sendo que
desta vez já se mostraram mais a vontade, de modo que interagiram mais
durante as explicações dos conteúdos. Durante a resolução do mapa-
conceitual a turma demonstrou inicialmente um pouco de dificuldade, uma vez
que nunca haviam trabalhado antes com esse tipo de atividade, mas após as
dúvidas terem sido esclarecidas todos procederam com êxito a atividade
proposta.
21. Fiquei satisfeita com o fato de a maioria dos alunos terem feito a
atividade solicitada para casa, o que não esperava, ficando claro para
mim que a turma estava comprometida com a disciplina. Percebi que a
minha tentativa de estimular os alunos por meio do uso do mapa
conceitual surtiu efeito, uma vez que dinamizou a aula e fez com que os
alunos assumissem uma postura mais presente e interessada. Isso me
motivou a buscar novos recursos para aplicar nas aulas.
Ao usar e diversificar os tipos de recursos, o educador demonstra
preocupação em criar um ambiente no qual o aluno poderá compreender
melhor a proposta de trabalho (BRAVIM, 2008).
Mapas conceituais são instrumentos que podem levar a profundas
modificações na maneira de ensinar, de avaliar e de aprender. Procuram
promover a aprendizagem significativa e entram em choque com técnicas
voltadas para aprendizagem mecânica (MOREIRA, 2005)
22. Dia 12/11/2010:
- Descrição:
Iniciei a aula realizando a explanação sobre Fluxo de energia com o uso de
esquema no quadro. Em seguida solicitei de alguns alunos que pegassem os
livros na biblioteca e distribui para a turma uma atividade avaliativa de
consulta sobre Ciclos biogeoquímicos, solicitando que iniciassem a resolução
individualmente.
- Comentários:
Nesse dia os alunos chegaram um pouco atrasados na sala de aula, pois
estavam participando de uma palestra no auditório, o que atrasou um pouco o
início da aula. Além disso alguns alunos tiveram que se ausentar da aula
porque foram liberados pela direção para a participação num campeonato de
futebol. Como sempre, a turma permaneceu atenta às explicações, porém a
participação deixou a desejar, provavelmente por estarem intimidados com a
presença do professor Geraldo, que nesse dia foi observar a aula. Como já era
esperado, o tempo não foi suficiente para que os alunos terminassem a
atividade em sala, sendo então solicitado que concluíssem em casa para
entregar na aula da semana seguinte.
23. No inicio da aula me senti um pouco nervosa
por estar sendo observada, mas logo me senti mais
a vontade como de costume. A aula fluiu como havia
planejado e acredito ter conseguido demonstrar um
ótimo desempenho junto à turma e frente ao
professor.
24. Dia 19/11/2010
- Descrição:
Inicialmente recolhi dos alunos a atividade avaliativa passada na aula anterior.
Em seguida realizei a explanação sobre Relações ecológicas entre os seres
vivos com o uso esquema no quadro. Feito isso distribuí aos alunos um
quadro-comparativo sobre o conteúdo e solicitei que iniciassem a resolução
individualmente.
- Comentários:
Os alunos permaneceram atentos e participativos, tendo sido a aula em que
mais demonstraram interesse pelo conteúdo.
Sai da sala nesse dia com a sensação de dever cumprido por ter
conseguido atrair o interesse dos alunos pelo conteúdo, o que ao meu ver foi
possível devido ao meu domínio pelo assunto e também à metodologia que foi
utilizada. Ter trabalhado o conteúdo através do Quadro-comparativo, ajudou a
manter a concentração da turma e ao mesmo tempo se mostrou um ótimo
recurso para a fixação do conteúdo.
25. Ao definir objetivos de aprendizagem, apresentar a informação,
propor tarefas, responder a demanda aos alunos, avaliar a
aprendizagem e exercer o controle e a autoridade, os professores
criam ambientes que afetam a motivação e a aprendizagem. Em
conseqüência, se queremos motivar nossos alunos, precisamos
saber de que modo nossos padrões de atuação podem contribuir
para criar ambientes capazes de conseguir que os alunos se
interessem e se esforcem por aprender e, em particular, que formas
de atuação podem ajudar concretamente a um aluno (TAPIA, 2003, p.
14).
26. Dia 03/12/2010:
- Descrição:
Nessa aula apliquei a prova de Química na turma. Ao chegar na sala solicitei
aos alunos que formassem filas, e feito isso distribuí as provas entre os
mesmos.
- Comentários:
A turma se encontrava bastante agitada pois estavam ansiosos em relação à
prova. Durante esse período precisei intervir algumas vezes pedindo que
fizessem silêncio e tirando dúvidas levantadas pelos alunos.
Provas são muito mais do que instrumentos para “aprovar” ou
“reprovar”. Prestam-se primordialmente à avaliação numérica e objetiva dos
alunos, possibilitando a identificação de talentos e o diagnóstico de
deficiências, bem como a quantificação da dimensão dos talentos e da
gravidade das deficiências (JUNIOR, 2006)
27. Como motivar os
alunos?
Conforme Bzuneck (2000) a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa ou
que a põe em ação ou a faz mudar de curso. A motivação pode ser entendida como um
processo e, como tal, é aquilo que suscita ou incita uma conduta, que sustenta uma
atividade progressiva, que canaliza essa atividade para um dado sentido (BALANCHO e
COELHO, 1996). Neste caminho, NOT (1993) afirma que toda atividade requer um dinamismo,
uma dinâmica, que se define por dois conceitos: o de energia e de direção.
28. As pessoas podem perder a motivação, quando as necessidades básicas não
são satisfeitas, desde fisiológicas até as do ego (MORAIS e VARELA, 2007). Para
Maslow (apud HERSEY e BLANCHARD, 1986) o comportamento é ditado por
motivos diversos, resultantes de necessidades de caráter biológico, psicológico e
social, hierarquizados.
Quando se considera o contexto específico de sala de aula, as atividades do
aluno, para cuja execução e persistência deve estar motivado, têm características
peculiares que as diferenciam de outras atividades humanas igualmente
dependentes de motivação, como esporte, lazer, brinquedo, ou trabalho
profissional (BZUNECK, 2000).
Nem sempre os alunos percebem o valor dos trabalhos escolares, pois, muitas
vezes, não conseguem compreender a relação existente entre a aprendizagem e
uma aspiração de valor para a sua vida. O que faz com que eles não se envolvam
no trabalho (MORAIS e VARELA, 2007).
29. Especificamente, existem diversas estratégias que os professores podem
utilizar para motivar os seus alunos para as tarefas escolares (ABREU, 1996;
CARRASCO e BAIGNOL, 1993; JESUS, 1996B; LENS e DECRUYENAERE, 1991
apud ):
- manifestar-se entusiasmado pelas atividades realizadas com os alunos,
constituindo um modelo ou exemplo de motivação para eles;
- clarificar, logo no início do ano lectivo, o “porquê?” da seqüência dos conteúdos
programáticos da disciplina que leciona, levando os alunos a aperceberem-se da
coerência interna entre as matérias a aprender e a adquirirem uma perspectiva
global dessas aprendizagens;
- explicitar o “para quê?” das matérias do programa da disciplina que leciona, em
termos da sua ligação à realidade fora da escola e da sua relevância para o futuro
dos alunos;
- procurar saber quais são os interesses dos alunos e o nome próprio de cada um
deles;
- utilizar recompensas exteriores ao gosto e à competência que a realização das
próprias tarefas poderiam proporcionar, indo ao encontro dos interesses dos
alunos, apenas no início do processo de ensino-aprendizagem e quando os alunos
apresentam uma motivação muito baixa;
30. - deixar os alunos participarem na escolha das matérias e tarefas escolares,
sempre que possível;criar situações em que os alunos tenham um papel ativo
na construção do seu próprio saber (de acordo com o provérbio “se ouço
esqueço, se vejo lembro, se faço aprendo”);
- incentivar diretamente a participação dos alunos menos participativos, através de
“pequenas” responsabilidades que lhes possam permitir serem bem
sucedidos;
- utilizar metodologias de ensino diversificadas e que tornem a explicação das
matérias mais clara, compreensível e interessante para os alunos;
- partir de situações ou acontecimentos da atualidade ou da realidade circundante
para ensinar as matérias aos alunos;
- utilizar um ritmo de ensino adequado às capacidades e conhecimentos
anteriores dos alunos, privilegiando a qualidade à quantidade de matérias
expostas;
- diminuir o significado ansiógeno dos testes de avaliação, contribuindo para o
potencializar das qualidades dos alunos, para um maior empenhamento destes
noutras tarefas escolares e uma menor ansiedade face às provas de avaliação.
31. Considerações finais...
O estágio supervisionado II proporcionou a oportunidade para refletir,
questionar e reelaborar as minhas próprias concepções sobre o ensino de
Biologia. Ao mesmo tempo possibilitou uma análise das relações e das interações
professor-aluno e professor-escola que se estabelecem no cotidiano escolar. A
vivencia em sala de aula me oportunizou estudar, analisar e aplicar, na medida do
possível, diferentes metodologias e ver a realidade escolar com um olhar
investigativo, buscando soluções para um efetivo processo de ensino-
aprendizagem. Enfim, tenho a sensação de dever cumprido, por alcançar os
objetivos traçados para este estágio, por transpor as dificuldades encontradas e,
sobretudo, conquistar se não todos os alunos, pelo menos uma parte.
32. Referências Bibliográficas...
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conceitos e práticas. 2. ed. Porto, Portugal: Texto, 1996.
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jan./abr. 2008.
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2004. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd69/aluno.htm. Acesso em 06 Jul.
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33. MORAES, C. R.; VARELA, S. Motivação do aluno durante o processo de ensino aprendizagem.
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