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Prof. Ms. Flávio Maia
 O que é literatura?
 Uma bula de remédio é literatura? Um bilhete é
literatura?
 Para que serve a literatura?
 Por que você acha que as pessoas escrevem textos
literários?
 Quais textos literários são conhecidos?
 Qual livro que mais gosta de ler? Por quê?
 Quando e como você lê? Descreva os seus hábitos de
leitura
 Em que medida as novas tecnologias modificam a
maneira de ler e as relações sociais?
 1ª. Tese: literatura como um texto
 Literatura médica, literatura jurídica, literatura política,
etc.
 2ª. Tese: estudo das manifestações literárias
 Estudo das correntes literárias e das principais obras
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Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
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Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
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A rosa radioativa
Estúpida e inválida
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 Qual dos dois textos podem ser considerados
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 A Literatura é associada à criação de um texto
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significativas por meio do trabalho com a linguagem
 Visão objetiva do mundo.
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 Valorização da forma em detrimento do conteúdo.
 A linguagem é polissêmica, dando lugar a várias
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 Abundância de recursos estilísticos.
 Os textos têm intenção estética, artística.
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 Textos dramáticos.
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(estudaremos posteriormente cada um desses gêneros)
Texto literário Texto não literário
Plurissignificação, vários
planos de leitura.
Na medida do possível, um
único plano de leitura e
significação unívoca.
Linguagem desautomatizada,
provocando surpresa,
estranhamento.
Linguagem automatizada,
convencional.
Conotação (sentido figurado). Denotação (sentido literal).
Relevância do plano da
expressão. (forma)
Irrelevância do plano da
expressão. (forma)
Narrativas, músicas Cartas, e-mail, notícias de
jornal, publicidade
FUNÇÃO ESTÉTICA FUNÇÃO UTILITÁRIA
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 10 minutos para responder as questões.
 A linguagem literária se caracteriza pela
elaboração estética que procura gerar algum
efeito. Por vezes, os autores fazem uso de
figuras de linguagem, inversões sintáticas,
vocabulários rebuscados; por outras, valem-
se da linguagem cotidiana. De qualquer
forma, percebe-se a intenção de trabalhar a
palavra como matéria-prima da literatura
 Principal característica: PLUSSIGNIFICAÇÃO (ou
polissemia)
 Conotação
 É a característica da linguagem literária de abrigar
vários significados na expressão.
 Um texto literário permite a intersecção de diferentes
planos de leitura, e abriga palavras, expressões, frases e
imagens que podem possuir mais de um sentido no
contexto em que são empregadas.
 A conotação, segundo o Houaiss, é o “conjunto de
alterações ou ampliações que uma palavra agrega ao
seu sentido literal (denotativo), por associações
linguísticas de diversos tipos (estilísticas, fonéticas,
semânticas)”.
 Ela se opõe à denotação, que é “propriedade que tem
um significante de se referir genericamente a todos os
membros de um conjunto”.
 Assim, a conotação se dá quando um novo sentido
agrega-se ao sentido literal de um signo linguístico.
 O texto literário tem como traço característico a
conotação.
 Isso significa que as palavras e as expressões que nele
venham a ser utilizadas frequentemente associam-se a
mecanismos (metáfora, metonímia) que lhes atribuem
novos sentidos além daqueles que já possuem.
Conotação Denotação
Significação ampla, criada pelo
contexto
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Palavras com sentidos que carregam
valores afetivos, sociais, ideológicos,
etc.
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encontrado no dicionário
Linguagem expressiva, rica em
sentido
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Linguagem não literária Linguagem literária
Anoitece “A mão da noite embrulha
os horizontes.” (Silva Alvarenga)
Aos cinquenta anos,
inesperadamente
apaixonei-me de novo.
“Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor” (Carlos
Drummond de Andrade)
“A palavra é o próprio homem. Somos feitos
de palavras. Elas são a nossa única
realidade, ou pelo menos, o único
testemunho de nossa realidade”
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 Recursos estilísticos
 1ª. Definição: construções que se desviam do
significado das palavras a fim de obter uma nova
mensagem ou de reforçar a existente.
 2ª. Definição: recursos expressivos usados por quem
fala ou escreve, para revelar melhor o seu pensamento,
dando ao texto mais profundidade e beleza.
 Classificam-se em 3 grupos:
 Figuras de Palavra: quando o efeito de sentido é causado por
meio do jogo de palavras na frase.
 Comparação, metáfora, catacrese, metonímia,
personificação (prosopoeia), sinestesia, antonomásia,
paronomásia
 Figuras de Pensamento: quando surgem ideias diferentes
daquelas usualmente trazidas pelas palavras.
 Antítese, paradoxo (ou oxímoro), gradação, ironia,
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Hipérbato, Anacoluto, Anáfora (repetição), Silepse,
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 Ocorre quando é estabelecida relação de semelhança
entre dois termos, normalmente introduzida por
conjunções (como, assim como, etc.)
“Amou daquela vez como se fosse máquina”
(Construção – Chico Buarque)
“Tô feito mato desejando a chuva
Madrugada fria, esperando o sol
Tô tão carente feito um prisioneiro” (Paula Fernandes)
“Não consigo dizer se é bom ou mau
Assim como o ar me parece vital
Onde quer que eu vá
o que quer que eu faça
sem você não tem graça” (Fogo – Capital Inicial)
 Estabelece também, como na comparação, semelhança
entre dois termos que, no entanto, está subentendida,
já que não aparece explicitamente a conjunção
comparativa. Dessa forma, na metáfora, o significado
de uma palavra é somado ao significado de uma outra.
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não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
(Mário Quintana)
Lisonjeia outra vez impaciente a retenção de sua mesma desgraça,
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Enquanto estamos vendo a qualquer hora
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Te espalha a rica trança voadora,
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Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
(Gregório de Matos)
 É a repetição de vogais em um verso ou frase.
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Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
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Ai, ai! Ai ai ai ai!
Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim você mata o papai
Ai, ai! Ai ai! Que boca gostosa eu quero mais
Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim você mata o papai
Ai, ai! Ai ai! Você “tá” cheirosa demais.
(Assim você mata papai, Sorriso Maroto)
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Pois paz sem voz
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Tecendo a Manhã
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ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
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se vá tecendo, entre todos os galos.
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se erguendo tenda, onde entrem todos, [...]
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sempre amado,
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 Consiste no uso de palavras com semelhança sonora,
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“Os de cá, achar-vos-ei com mais paço; os de lá, com
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Sexagésima
“Conhecer as manhas e as manhãs
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É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz para poder sorrir
É preciso a chuva para florir”
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Avião sem asa
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Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola
Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim, sem você
(Claudinho & Buchecha – Fico assim sem você)
 Emprego reiterado de conectivos em uma sequência
coordenada
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Beneditino escreve! No aconchego
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De tal modo, que a imagem fique nua
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Não se mostre na fábrica o suplicio
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Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
“E há tempos nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
E há tempos são os jovens que adoecem
E há tempos o encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura abrigo e proteção”
(Legião Urbana – Há tempos)
 É a inversão da ordem direta de uma frase que consiste
na sequência: sujeito, verbo e predicado
Benedicite
Bendito o que na terra o fogo fez, e o teto
E o que uniu à charrua o boi paciente e amigo;
E o que encontrou a enxada; e o que do chão abjeto,
Fez aos beijos do sol, o oiro brotar, do trigo;
E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto
Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo;
E o que os fios urdiu e o que achou o alfabeto;
E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo;
E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano,
E o que inventou o canto e o que criou a lira,
E o que domou o raio e o que alçou o aeroplano...
Mas bendito entre os mais o que no dó profundo,
Descobriu a Esperança, a divina mentira,
Dando ao homem o dom de suportar o mundo!
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante”
 Há ironia quando se afirma o contrário do que se
pensa, muitas vezes com intenção sarcástica. Essa
figura de linguagem, quem só pode ser percebida
dentro de um contexto, estabelece um humor crítico
que é compreendido quando se percebe a contradição
entre o conteúdo e o enunciado
“Uma cidade tão nobre,
Uma gente tão honrada,
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“A solução pro nosso povo
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Negócio bom assim
Ninguém nunca viu
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É só vim pegar
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“Eu levo a sério, mas você disfarça
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Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge, por favor, me empresta o dragão
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Do que você decidir se dá ou não”
(Djavan, Se)
 Ocorre quando se aproximam dois pensamentos
contrários, expressos por meio de palavras ou frases
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Mundo (Gregório de Matos)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
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E na alegria sinta-se tristeza.
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E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
“Não desejei senão estar ao sol ou à chuva [...] Sentir
calor e frio e vento [...]” (Fernando Pessoa, Poemas
completos de Alberto Caeiro)
“Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...” (Titãs, Epitáfio)
“Uma noite longa
pra uma vida curta
mas já não me importa,
basta poder te ajudar” (Os Paralamas do Sucesso, Lanterna
dos Afogados)
 O paradoxo é a justaposição de dois termos ou ideias
contraditórios. Trata-se de uma antítese que, no lugar
de apenas aproximar ideias contrárias, as sobrepõe
“Amor é fogo que arde sem se ver
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Introdução ao estudo da literatura

  • 2.  O que é literatura?  Uma bula de remédio é literatura? Um bilhete é literatura?  Para que serve a literatura?  Por que você acha que as pessoas escrevem textos literários?  Quais textos literários são conhecidos?  Qual livro que mais gosta de ler? Por quê?  Quando e como você lê? Descreva os seus hábitos de leitura  Em que medida as novas tecnologias modificam a maneira de ler e as relações sociais?
  • 3.  1ª. Tese: literatura como um texto  Literatura médica, literatura jurídica, literatura política, etc.  2ª. Tese: estudo das manifestações literárias  Estudo das correntes literárias e das principais obras
  • 4. Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas, oh, não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa, sem nada
  • 5.
  • 6.  Qual dos dois textos podem ser considerados literários?  Por quê?
  • 7.  A Literatura é associada à criação de um texto elaborado por um autor, que seleciona criteriosamente os termos utilizados e é capaz de criar imagens significativas por meio do trabalho com a linguagem
  • 8.  Visão objetiva do mundo.  Valorização do conteúdo e não da forma.  Linguagem clara e objetiva.  Predomínio da função informativa da linguagem.  O objetivo do texto é utilitário.
  • 9.  Textos jornalísticos.  Cartas (e-mails).  Textos publicitários.  Cartaz
  • 10.  Visão subjetiva do mundo.  Valorização da forma em detrimento do conteúdo.  A linguagem é polissêmica, dando lugar a várias interpretações.  Abundância de recursos estilísticos.  Os textos têm intenção estética, artística.  Não há preocupação com a verdade no texto.
  • 11.  Textos narrativos.  Textos dramáticos.  Textos líricos. (estudaremos posteriormente cada um desses gêneros)
  • 12. Texto literário Texto não literário Plurissignificação, vários planos de leitura. Na medida do possível, um único plano de leitura e significação unívoca. Linguagem desautomatizada, provocando surpresa, estranhamento. Linguagem automatizada, convencional. Conotação (sentido figurado). Denotação (sentido literal). Relevância do plano da expressão. (forma) Irrelevância do plano da expressão. (forma) Narrativas, músicas Cartas, e-mail, notícias de jornal, publicidade FUNÇÃO ESTÉTICA FUNÇÃO UTILITÁRIA
  • 13.  Seção trocando ideias – pág. 6 e 7.  10 minutos para responder as questões.
  • 14.  A linguagem literária se caracteriza pela elaboração estética que procura gerar algum efeito. Por vezes, os autores fazem uso de figuras de linguagem, inversões sintáticas, vocabulários rebuscados; por outras, valem- se da linguagem cotidiana. De qualquer forma, percebe-se a intenção de trabalhar a palavra como matéria-prima da literatura
  • 15.  Principal característica: PLUSSIGNIFICAÇÃO (ou polissemia)  Conotação
  • 16.  É a característica da linguagem literária de abrigar vários significados na expressão.  Um texto literário permite a intersecção de diferentes planos de leitura, e abriga palavras, expressões, frases e imagens que podem possuir mais de um sentido no contexto em que são empregadas.
  • 17.  A conotação, segundo o Houaiss, é o “conjunto de alterações ou ampliações que uma palavra agrega ao seu sentido literal (denotativo), por associações linguísticas de diversos tipos (estilísticas, fonéticas, semânticas)”.  Ela se opõe à denotação, que é “propriedade que tem um significante de se referir genericamente a todos os membros de um conjunto”.
  • 18.  Assim, a conotação se dá quando um novo sentido agrega-se ao sentido literal de um signo linguístico.  O texto literário tem como traço característico a conotação.  Isso significa que as palavras e as expressões que nele venham a ser utilizadas frequentemente associam-se a mecanismos (metáfora, metonímia) que lhes atribuem novos sentidos além daqueles que já possuem.
  • 19. Conotação Denotação Significação ampla, criada pelo contexto Significação restrita Palavras com sentidos que carregam valores afetivos, sociais, ideológicos, etc. Palavra com sentido comum, encontrado no dicionário Linguagem expressiva, rica em sentido Palavra utilizada de modo objetivo Palavra utilizada de modo criativo, artístico Linguagem exata e precisa
  • 20.  Aquela menina está com a CARA toda pintada.  Aquele CARA parece suspeito.
  • 21.
  • 22.
  • 23.
  • 24. Linguagem não literária Linguagem literária Anoitece “A mão da noite embrulha os horizontes.” (Silva Alvarenga) Aos cinquenta anos, inesperadamente apaixonei-me de novo. “Na curva perigosa dos cinquenta derrapei neste amor” (Carlos Drummond de Andrade)
  • 25. “A palavra é o próprio homem. Somos feitos de palavras. Elas são a nossa única realidade, ou pelo menos, o único testemunho de nossa realidade” (Octávio Paz)
  • 26.  Recursos estilísticos  1ª. Definição: construções que se desviam do significado das palavras a fim de obter uma nova mensagem ou de reforçar a existente.  2ª. Definição: recursos expressivos usados por quem fala ou escreve, para revelar melhor o seu pensamento, dando ao texto mais profundidade e beleza.
  • 27.  Classificam-se em 3 grupos:  Figuras de Palavra: quando o efeito de sentido é causado por meio do jogo de palavras na frase.  Comparação, metáfora, catacrese, metonímia, personificação (prosopoeia), sinestesia, antonomásia, paronomásia  Figuras de Pensamento: quando surgem ideias diferentes daquelas usualmente trazidas pelas palavras.  Antítese, paradoxo (ou oxímoro), gradação, ironia, eufemismo, hipérbole, apóstrofe  Figuras de Construção: quando há mudanças estruturais  Elípse (e Zeugma), Pleonasmo, Polissíndeto, Assíndeto, Hipérbato, Anacoluto, Anáfora (repetição), Silepse, Onomatopéia e Aliteração, Assonância
  • 28.  Ocorre quando é estabelecida relação de semelhança entre dois termos, normalmente introduzida por conjunções (como, assim como, etc.) “Amou daquela vez como se fosse máquina” (Construção – Chico Buarque)
  • 29. “Tô feito mato desejando a chuva Madrugada fria, esperando o sol Tô tão carente feito um prisioneiro” (Paula Fernandes) “Não consigo dizer se é bom ou mau Assim como o ar me parece vital Onde quer que eu vá o que quer que eu faça sem você não tem graça” (Fogo – Capital Inicial)
  • 30.  Estabelece também, como na comparação, semelhança entre dois termos que, no entanto, está subentendida, já que não aparece explicitamente a conjunção comparativa. Dessa forma, na metáfora, o significado de uma palavra é somado ao significado de uma outra.
  • 31. Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... (Mário Quintana)
  • 32. Lisonjeia outra vez impaciente a retenção de sua mesma desgraça, aconselhando a esposa neste regalado poema Discreta, e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia: Enquanto com gentil descortesia O ar, que fresco Adônis te namora, Te espalha a rica trança voadora, Quando vem passear-te pela fria: Goza, goza da flor da mocidade, Que o tempo trota a toda ligeireza, E imprime em toda a flor sua pisada. Oh não aguardes, que a madura idade Te converta em flor, essa beleza Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. (Gregório de Matos)
  • 33.  É a repetição de vogais em um verso ou frase.
  • 34. Entre o ser e as coisas Onda e amor, onde amor, ando indagando ao largo vento e à rocha imperativa, e a tudo me arremesso, nesse quando amanhece frescor de coisa viva.
  • 35. Ai, ai! Ai ai ai ai! Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim você mata o papai Ai, ai! Ai ai! Que boca gostosa eu quero mais Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim você mata o papai Ai, ai! Ai ai! Você “tá” cheirosa demais. (Assim você mata papai, Sorriso Maroto)
  • 36. A minha alma tá armada E apontada para a cara Do sossego (sego...) Pois paz sem voz Pois paz sem voz Não é paz é medo, (medo)
  • 37.  É a repetição de consoantes (primordialmente) no início das palavras
  • 38. Tecendo a Manhã Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, [...] A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão.
  • 39. Na regata ele me mata, me maltrata Me arrebata de emoção pro coração Consagrado nos gramados, sempre amado, mais cotado pros flaflus É um “Ai Jesus” (Lamartine Babo – Hino no Flamengo)
  • 40. “Vou colecionar mais um soneto Outro retrato em branco e preto A maltratar meu coração” (Chico Buarque – Retrato em Branco e Preto)
  • 41.  Consiste no uso de palavras com semelhança sonora, mas com diferentes sentidos.
  • 42. “Os de cá, achar-vos-ei com mais paço; os de lá, com mais passos” (Pe. Antônio Vieira, Sermão da Sexagésima
  • 43. “Conhecer as manhas e as manhãs O sabor das massas e das maçãs É preciso amor pra poder pulsar É preciso paz para poder sorrir É preciso a chuva para florir” (Almir Sater e Renato Teixeira, Tocando em frente)
  • 44. Avião sem asa Fogueira sem brasa Sou eu assim, sem você Futebol sem bola Piu-Piu sem Frajola Sou eu assim, sem você (Claudinho & Buchecha – Fico assim sem você)
  • 45.  Emprego reiterado de conectivos em uma sequência coordenada
  • 46. A um poeta – Olavo Bilac Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua! Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço: e trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua Rica mas sóbria, como um templo grego Não se mostre na fábrica o suplicio Do mestre. E natural, o efeito agrade Sem lembrar os andaimes do edifício: Porque a Beleza, gêmea da Verdade Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade.
  • 47. “E há tempos nem os santos têm ao certo A medida da maldade E há tempos são os jovens que adoecem E há tempos o encanto está ausente E há ferrugem nos sorrisos Só o acaso estende os braços A quem procura abrigo e proteção” (Legião Urbana – Há tempos)
  • 48.  É a inversão da ordem direta de uma frase que consiste na sequência: sujeito, verbo e predicado
  • 49. Benedicite Bendito o que na terra o fogo fez, e o teto E o que uniu à charrua o boi paciente e amigo; E o que encontrou a enxada; e o que do chão abjeto, Fez aos beijos do sol, o oiro brotar, do trigo; E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo; E o que os fios urdiu e o que achou o alfabeto; E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo; E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano, E o que inventou o canto e o que criou a lira, E o que domou o raio e o que alçou o aeroplano... Mas bendito entre os mais o que no dó profundo, Descobriu a Esperança, a divina mentira, Dando ao homem o dom de suportar o mundo!
  • 50. “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico o brado retumbante”
  • 51.  Há ironia quando se afirma o contrário do que se pensa, muitas vezes com intenção sarcástica. Essa figura de linguagem, quem só pode ser percebida dentro de um contexto, estabelece um humor crítico que é compreendido quando se percebe a contradição entre o conteúdo e o enunciado
  • 52. “Uma cidade tão nobre, Uma gente tão honrada, veja-se um dia louvada Desde o mais rico ao mais pobre” (Gregório de Matos) “A solução pro nosso povo Eu vou dá Negócio bom assim Ninguém nunca viu Tá tudo pronto aqui É só vim pegar A solução é alugar o Brasil!”. (Titãs, Aluga-se )
  • 53. “Eu levo a sério, mas você disfarça Você me diz à beça e eu nessa de horror E me remete ao frio que vem lá do sul Insiste em zero a zero e eu quero um a um Sei lá o que te dá, não quer meu calor São Jorge, por favor, me empresta o dragão Mais fácil aprender japonês em braile Do que você decidir se dá ou não” (Djavan, Se)
  • 54.  Ocorre quando se aproximam dois pensamentos contrários, expressos por meio de palavras ou frases
  • 55. Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo (Gregório de Matos) Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância.
  • 56. “Não desejei senão estar ao sol ou à chuva [...] Sentir calor e frio e vento [...]” (Fernando Pessoa, Poemas completos de Alberto Caeiro) “Queria ter aceitado A vida como ela é A cada um cabe alegrias E a tristeza que vier...” (Titãs, Epitáfio)
  • 57. “Uma noite longa pra uma vida curta mas já não me importa, basta poder te ajudar” (Os Paralamas do Sucesso, Lanterna dos Afogados)
  • 58.  O paradoxo é a justaposição de dois termos ou ideias contraditórios. Trata-se de uma antítese que, no lugar de apenas aproximar ideias contrárias, as sobrepõe
  • 59. “Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente” (Luís de Camões, Soneto 4) “Se lembra quando a gente Chegou um dia a acreditar Que tudo era pra sempre Sem saber que o pra sempre sempre acaba” (Cássia Eller, Por enquanto)

Notes de l'éditeur

  1. Motivar os alunos a responderem as questões listadas O aluno não deve se prender a nenhum conceito canônico, deve responder espontaneamente
  2. Literatura vem do latim littera que significa letra, caráter de escritura Existem correntes que se detêm à análise de obras que não se inserem no cânone, constituindo-se, assim, em um ramo de pesquisa. No entanto, no Ensino Médio, o estudo da Literatura está centrado em textos clássicos com o objetivo de formar um repertório básico de textos fundamentais.
  3. Ler com os alunos o texto Rosa de Hiroshima Motivar os alunos para a leitura silenciosa Depois pedir para que apenas um aluno leia Discutir o tema Vocabulário: Rôto: rompido, desbaratado, destruído Róta: caminho, trajetória, caminho Cálida: quente, ardente, sanguíneo
  4. Motivar os alunos a perceberem a diferença de literalidade entre os dois textos Os alunos deverão responder que é o texto 1 e se pautarem na subjetividade da Rosa de Hiroshima. O texto 1 faz uma crítica à Bomba atômica
  5. A linguagem literária explora diferentes recursos linguísticos. A linguagem literária se diferencia da usada nos textos produzidos nas práticas sociais, pois é mais expressiva, ambígua, densa, complexa , imaginária, estética, etc...
  6. Visão objetiva do mundo: não é apresentado nenhuma opinião, dado íntimo do autor. Ele vê o mundo preto no branco sem grandes interpretações Valorização do conteúdo: o texto não literário já tem uma forma pré-determinada. Uma reportagem de jornal começa com o lead e depois um desenvolvimento. Não há a possibilidade de criação sobre essa forma Linguagem clara e objetiva: o leitor não é motivado a fazer várias leituras do fato. O leitor deve entender tudo de primeira. Predomínio da função informativa: uma das principais funções é a informação. Não há como ser diferente. O PRINCIPAL OBJETIVO DO TEXTO NÃO LITERÁRIO É SER UTILITÁRIO. OU SEJA, SER ÚTIL PARA ALGUMA COISA. VEJA O EXEMPLO DE UMA BULA DE REMÉDIO, QUAL A SUA PRINCIPAL FUNÇÃO?
  7. Também entram neste rol: bula de remédio, códigos jurídicos
  8. Visão subjetiva do mundo: o que conta mais é como o autor vê a realidade que o cerca. Ele faz uma divagação poética Valorização da forma: o que conta não é só o conteúdo, mas também a forma de como ele é escrito. Uma poesia, por exemplo, concreta. Conta mais a forma que o conteúdo Polissemia: é a possiblidade de várias interpretações, você lê uma vez e pode reler e terá uma outra interpretação Outra possibilidade de polissemia é utilizada na publicidade: Verão da Itaipava Abundância de recursos e estilos: pode-se escrever e produzir de diversas formas, não sendo fixo em apenas uma forma A intenção do autor é ficar ‘marcado’ pelo seu estilo e pela estética que ele apresenta. O autor literário dialoga com a realidade, pode apresentar textos críveis, verossímeis, com base na realidade, mas também pode divagar e criar realidades paralelas. O texto literário não tem como fundamento ser uma cópia da realidade
  9. Os dois textos têm em comum o tema de homens que catam o lixo. Porém, o primeiro, por ser uma notícia, tem somente a intenção de informar o leitor sobre um fato, sem influenciá-lo ou sem apresentar o ponto de vista do autor sobre o assunto. Já o segundo texto é um poema, cujo objetivo é denunciar a situação dos homens que precisam revirar o lixo para sobreviver, o que aproxima da condição do animal. Pode-se dizer que o segundo texto é literário por trabalhar com a linguagem de forma diferenciada, isto é, valendo-se de diversos recursos , tais como: rima, ritmo, elipses, inversões
  10. Como foi possível perceber a figura de linguagem/som presente na música do grupo de pagode Sorriso Maroto é a assonância, que é a repetição de sons vocálicos. Tanto do A quanto do I.
  11. trocadilho
  12. trocadilho
  13. trocadilho
  14. trocadilho
  15. As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico
  16. IRONIA (OU ANTÍFRASE) : Ocorre quando dizemos o contrário do que pensamos.Geralmente,o irônico é sarcástico ou depreciativo Ocorre quando se tem a intenção de falar o contrário do que se está dizendo, para criticar, satirizar ou ridicularizar a pessoa
  17. Consiste na exposição de idéias  opostas. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos
  18. Consiste na exposição de idéias  opostas. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos