O documento discute o processo de luto e as perdas decorrentes do diagnóstico e tratamento de doenças potencialmente fatais. Apresenta as cinco dimensões do luto (intelectual, emocional, física, espiritual e social) e destaca a importância do luto antecipatório para a elaboração gradual da perda. Também descreve seis objetivos para a construção de significado durante esse processo: encontrar novo significado na vida e morte, pontos de continuidade e transição, significados pré-verbais e explícitos,
45 a intervenção psicológica na terminalidade, voltada para paciente e família
1. Profa. Dra. Maria Helena Pereira
Franco
Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia
Pontificia Universidade Católica de São
Paulo
4 Estações Instituto de Psicologia
2. EQUIPE S
O
AMIGOS
C
FAMILIA I
E
PACIENTE D
A
D
E
3.
4. Transições psicossociais são os períodos
mais sensíveis na vida que:
- requerem que as pessoas revejam seus
conceitos sobre o mundo
- tem implicações duradouras e não
transitórias
- acontecem em um período curto de
tempo, com algum tempo para preparação
5. Perdas decorrentes da doença podem ser um
trauma psicológico importante.
Pesar: emoção que nos dirige a algo ou alguém
que está faltando.
Discrepância entre o que é e o que deveria ser.
O mundo que deveria ser é um constructo
interno, o que torna a experiência de luto única
e individual.
A magnitude dessa transição é tamanha que
inclui disfunções simultâneas.
6. Perdas pela doença ocasionam um
processo de luto:
o mundo presumido é afetado;
a dor da mudança:
difícil deixar tudo o que era conhecido;
reações diferentes ao longo do processo;
mecanismos de defesa podem ser acionados
para proteger alguém de se dar conta de uma
perda.
7. De quê se despedir?
Significados atribuídos à experiência de viver e de
morrer
Qualidade do tratamento durante o período da
doença
“Não morro sozinho”
Morrer é solitário?
Morrer: pessoal e intransferível
8. Fatores que influenciam o processo:
circunstâncias do evento de transição;
personalidade e experiência prévia da
pessoa à morte;
suporte emocional;
assistência para descobrir novas
perspectivas de significado apropriadas
para a situação emergente.
9. Luto: fenômeno complexo que abrange cinco dimensões:
1) Intelectual: confusão, desorganização, falta de concentração,
intelectualização, desorientação, negação.
2) Emocional: choque, entorpecimento, raiva, culpa, alívio, depressão,
irritabilidade, solidão, saudades, descrença, tristeza, negação, ansiedade,
confusão, medo.
3) Física: alterações no apetite e no sono, inquietação, dispnéia,
palpitações cardíacas, exaustão, boca seca, perda do interesse sexual,
alterações no peso, dor de cabeça, mudanças no funcionamento
intestinal, choro.
4) Espiritual: sonhos, impressões, perda da fé, aumento da fé, raiva de
Deus, dor espiritual, questionamento de valores, sentir-se traído por Deus,
desapontamento com membros da igreja.
5) Social: perda da identidade, isolamento, afastamento, falta de
interação, perda da habilidade para se relacionar socialmente.
10. LUTO ANTECIPATÓRIO
- Processo de construção de significado, apresenta a possibilidade de
elaboração do luto, a partir do adoecimento.
- Permite absorver a realidade da perda gradualmente, ao longo do tempo;
resolver questões pendentes com as pessoas significativas (expressar
sentimentos, perdoar e ser perdoado); iniciar mudanças de concepção
sobre vida e identidade; fazer planos com as pessoas significativas, para
que o futuro delas não seja vivido como traição ao doente.
O processo de luto tem início, portanto, a partir do momento em que é
recebido o diagnóstico de uma doença fatal ou potencialmente fatal, pelas
perdas, concretas ou simbólicas, que esse diagnóstico traga para a
pessoa e sua família.
As perdas decorrentes estão relacionadas a: segurança, funções físicas,
imagem corporal, força e poder, independência, auto-estima, respeito dos
outros, perspectiva de futuro.
11. Considerando-se que o luto coloca o indivíduo
em situação de vulnerabilidade e estendendo-se
esse risco para o funcionamento familiar, é
possível delinear-se, de acordo com Walsh e
McGoldrick (1995) os objetivos para cuidar da
pessoa à morte e de sua família.
◦ - obter e compartilhar o reconhecimento da realidade
da morte
◦ - compartilhar a perda e colocá-la em contexto
◦ - reorganizar o sistema familiar
12. O processo de luto implica a reconstrução de um
mundo com significado que tenha sido desafiado pelas
perdas do adoecimento.
Seis objetivos são, portanto:
Encontrar ou criar novo significado na vida
assim como na morte da pessoa querida.
Encontrar vias de continuidade na relação com
a pessoa próxima da morte, assim como
pontos de transição .
Estar atento a significados pré-verbais ou
tácitos, assim como explícitos e articulados .
13. Buscar a integração de significado, assim
como sua construção.
Facilitar a construção de significados como
um processo tanto interpessoal como pessoal .
Ancorar a construção de significados em
contextos tanto culturais como íntimos .
Usar a narrativa como método assim como
um conceito-guia, para facilitar a afirmação
ou uma nova autoria do self, a partir do
adoecimento.
Ou seja: dar voz a uma história que não foi contada ou
encontrar coerência em um senso de continuidade
que tenha sido rompido pela doença ou pela