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1




              MIRELLA SABRINA GONÇALVES




            PROJETO EXPERIMENTAL EM COMUNICAÇÃO:
Criação de um projeto para desenvolvimento e exposição de trabalhos
 jornalísticos - telejornalismo on-line – para a faculdade Ibes/Sociesc




                           BLUMENAU - SC

                                 2010
2




  INSTITUTO BLUMENAUENSE DE ENSINO SUPERIOR IBES SOCIESC
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
                PROJETO: TELEJORNALISMO ON-LINE
                  MIRELLA SABRINA GONÇALVES




             PROJETO EXPERIMENTAL EM COMUNICAÇÃO:
 Criação de um projeto para desenvolvimento e exposição de trabalhos
  jornalísticos - telejornalismo on-line – para a faculdade Ibes/Sociesc




                                  Disciplina: Projeto Experimental em Comunicação
                                  Coordenadora do Projeto Experimental – Habilitação
                                  Jornalismo: Ofélia Torres Morales, Dra.
                                  Linha de Pesquisa: Novas Mídias
                                  Professor Orientador: Ofélia Torres Morales, Dra.




                            BLUMENAU - SC

                                  2010
3




 Primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade de concluir mais essa etapa na
minha vida. Agradeço também o apoio, as dicas, o incentivo e a paciência, todas as
vezes em que eu precisei ficar só e me concentrar, dados pelos meus pais Hamilton
    e Bettina Gonçalves, pelo namorado Gabriel Marante, agradecendo também por
 toda ajuda profissional e pelas dicas e conselhos de calma, todas as vezes que eu
  achei que não conseguiria - e amigos, nesse momento tão importante. Por último,
           mas não por menos, agradeço as sugestões sempre relevantes da minha
  orientadora, Professora Ofélia Torres Morales, que me acompanha entusiasmada
              durante todo o trabalho, merecendo juntamente, os méritos do projeto.
4



                                             LISTA DE FIGURAS



Figura 1: Pesquisa sobre o número de lares que possuíam televisão no Brasil, em
2002 ........................................................................................................................ 31

Figura 2: Modelo de infográfico – desenho .............................................................. 41

Figura 3: Modelo de infográfico – gráfico ................................................................. 41

Figura 4: Internet Usage Statistics - the internet big Picture .................................... 45

Figura 5: Número de usuários de Internet, por região .............................................. 45

Figura 6: Uso da internet, por região ........................................................................ 46

Figura 7: Web 1.0 X Web 2.0 ................................................................................... 58

Figura 8: Web 2.0 ..................................................................................................... 58

Figura 9: Sugestões de logos desenvolvidas para a “TV Ibes” ................................ 74

Figura 10: Logo “TV Unibes” .................................................................................... 75
5



                                              LISTA DE QUAROS



Quadro 1: Critérios de Noticiabilidade ..................................................................... 26

Quadro 2: Intervalo entre a descoberta de um novo meio de comunicação e sua
difusão ...................................................................................................................... 44

Quadro 3: Características da Internet ...................................................................... 47

Quadro 4: Modelo de tabela de reserva de gravação da “TV Unibes” ..................... 69

Quadro 5: Quadro de programação semanal da “TV Unibes”................................... 72
6



                                                      SUMÁRIO
1      INTRODUÇÃO............................................................................................... 10

2      OBJETIVOS................................................................................................... 11

2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................ 11

2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 11

3      JUSTIFICATIVA............................................................................................. 12

4      JORNALISMO E A COMUNICAÇÃO............................................................ 13

4.1 GENEROS JORNALÍSTICOS......................................................................... 13

4.1.1 Informativos..................................................................................................... 13

4.1.2 Opinativo.......................................................................................................... 17

4.2 ESTRUTURA DA NOTÍCIA................................................................................ 19

4.2.1 Pauta................................................................................................................ 19

4.2.2. Coleta de dados.............................................................................................. 21

4.2.3 Fonte..............................................................................................................., 22

4.3 CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE.................................................................. 24

5 TELEVISÃO E COMUNICAÇÃO.......................................................................... 28

5.1 A TV NO BRASIL................................................................................................ 28

5.2 O TELEJORNALISMO NO BRASIL.................................................................... 30

5.3 A IMPORTÂNCIA DA TV NA VIDA CONTEMPORÂNEA.................................. 31

5.4 A TV DIGITAL NO BRASIL................................................................................. 32

5.5 TELEJORNALISMO............................................................................................ 33

5.5.1 O objetivo é ser compreendido........................................................................ 33

5.5.2 O texto jornalístico – Como escrever para TV................................................. 34
7



5.5.3 O texto escrito para ser falado........................................................................ 35

5.5.4 O texto coloquial.............................................................................................. 36

5.5.5 O texto e as imagens....................................................................................... 37

6 A INTERNET E A COMUNICAÇÃO..................................................................... 42

6.1 AFINAL, O QUE É INTERNET?......................................................................... 46

6.2 CARACTERÍSTICAS DA INTERNET COMO MÍDIA.......................................... 47

6.3 A INTERNET E O JORNALISMO....................................................................... 51

6.4 WEBJORNALISMO............................................................................................ 52

6.5 WEB 2.0 – BASICAMENTE, O QUE É?............................................................. 54

6.6 AS REDES SOCAIS........................................................................................... 59

6.6.1 Feedback – Retorno........................................................................................ 64

7 GLOSSÁRIO.......................................................................................................... 65

8 O PROJETO........................................................................................................... 67

8.1 DESENVOLVIMENTO......................................................................................... 69

8.2 OS PROGRAMAS...........;................................................................................... 70

8.2.1 O Ibes News..................................................................................................... 71

9 RELATO DE PRODUÇÃO..................................................................................... 73

9.1 PRÉ PRODUÇÃO............................................................................................... 73

9.2 PRODUÇÃO E REALIZAÇÃO............................................................................ 73

9.3 PÓS PRODUÇÃO............................................................................................... 86

10 CONSIERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 88

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 89

ANEXO A -
8



RESUMO



      O presente projeto visa o desenvolvimento de um espaço para que
acadêmicos de jornalismo da faculdade Ibes/Sociesc tenham oportunidade de criar
matérias, gravá-las, editá-las e em seguida, publicá-las em uma plataforma de
convergência (blog), permitindo assim, que o acadêmico tenha chance de
desenvolver trabalhos na área de telejornalismo, que podem, inclusive, contar
futuramente para o seu currículo profissional. A ideia do projeto é o “faça você
mesmo”, onde os são os próprios acadêmicos que desenvolverão todo conteúdo dos
programas, passando assim por todas as fases da produção. Sabendo também que
os custos para manter uma emissora de televisão são elevados, o projeto se propõe
a acontecer na internet - meio que exige quase nenhum custo e pode atingir
espectadores de todo o mundo.




Palavras-chave: Jornalismo, Televisão, Internet, Linguagem telejornalistica,
Webjornalismo, Critérios de Noticiabilidade.
9



ABSTRACT




This project aims to develop a space for Ibes / Sociesc College's journalism students
so they can have the opportunity to create reports, save, edit and publish them on a
converged platform (blog), thus the student has a chance to develop work in the field
of journalism, and even use it in the future in his professional resume. The idea of the
project is "do it yourself", and the program content will be produced by the students
themselves, passing through all phases of production. Aware that the costs to
maintain a television station are high, the project suggests to place the transmission
on the internet – a medium that requires practically no cost and can reach audiences
around the whole world.

Keywords: Journalism, TV, Internet, Telejournalism Language, Webjournalism,
News Criteria.
10



1. INTRODUÇÃO



       Conhecida por sua relação “cara a cara” com o expectador, o telejornalismo
 se consolidou ao longo dos anos por possuir uma linguagem clara e difundir,
 tornando de fácil compreensão, as informações da sociedade. Em pleno século XXI,
 na era da modernização e tecnologia, nada é mais atual do que pensarmos em
 informação veloz, grande capacidade de armazenamento de conteúdo e fácil acesso
 à informações complementares: a internet. Pensando nisso e concluindo que a
 internet está mais presente na vida das pessoas do que necessariamente tempo
 disponibilizado para sentar à frente da TV e esperar o telejornal, é que este projeto
 de telejornalismo on-line se fortalece.
       Somando à um fator agravante e bem conhecido dos acadêmicos de
 jornalismo de Santa Catarina – a falta de oportunidades de estágio na área – é que a
 ideia de um espaço para fazer jornalismo na internet, ganha espaço.
       Pinho (2003) descreve a ascensão da internet:

                            As tecnologias de comunicação periodicamente resultam em
                            significativas transformações na sociedade e causam grandes
                            mudanças de hábitos e comportamentos. Cada um no seu tempo, o
                            telégrafo, o telefone e o aparelho fac-símile deixaram suas marcas no
                            comércio, na vida profissional e no nosso cotidiano. Agora chegou a
                            vez da Internet, oferecendo amplos recursos técnicos e um novo
                            suporte para as mais diversas atividades. (PINHO, 2003, p. 57).

       Visando atingir o público alvo que já está habituado à tecnologia digital e que
 rotineiramente busca na internet as informações para manter-se atualizado sobre o
 que acontece na sociedade e no mundo a sua volta, é que esse projeto não deixa
 lacunas para questionamentos do tipo: “e quem não estiver conectado?”
       Aceitando a relação que se pressupõe entre acadêmicos tendo oportunidade
 de desenvolver suas aptidões jornalísticas, em um meio difundido e em crescimento
 constante, permitirá, em avaliação posterior, compreender e discutir o quanto um
 projeto desse caráter tornará real a possibilidade de apesar de se “começar
 pequeno”, fazer um telejornalismo on-line praticamente sem custo, numa instituição
 de ensino que não desenvolveu um canal de televisão, como acontecem com outras
 faculdades da região.
11



2. OBJETIVOS



2.1 Objetivo geral


         Desenvolver um projeto que permita a criação, edição e publicação de
         matérias jornalísticas, em uma plataforma de convergência (blog), visando
         dar oportunidade para que acadêmicos de jornalismo da faculdade
         Ibes/Sociesc possam mostrar seu trabalho, ainda nos bancos de
         faculdade.


2.2 Objetivos específicos


   a) Apresentar definições sobre temas importantes relacionados a: Jornalismo,
      Televisão, Internet;
   b) Definir os critérios de noticiabilidade, baseados no conceito de telejornalismo;
   c) Oportunizar, com a execução do projeto, que os alunos coloquem a “mão na
      massa” e sejam integrantes/personagens de todo processo de criação de
      uma notícia, desde o desenvolvimento da pauta, até a edição e publicação;
   d) Desenvolver uma plataforma de convergência (blog) que comporte vídeos on-
      line;
   e) Criar um projeto piloto inovador e pioneiro na Instituição, que pode inclusive
      servir de base para aprimoramento e seqüência posterior;
   f) Mostrar na prática, que mesmo sem ter sido estabelecido e criado um canal
      de televisão da faculdade, é possível dar oportunidade aos acadêmicos de
      realizarem trabalho jornalístico, e o principal, sem os custos que um canal de
      TV exige.
12



3 JUSTIFICATIVA

            Partindo do pressuposto que as vagas para estágio na área de comunicação
 social, especificamente do jornalismo, são escassas, devido ao fato de muitas
 empresas não contratarem estagiários, observou-se uma lacuna que poderia ser
 muito explorada, se não dependesse de oportunidade de emprego, para que se
 possa então, adquirir experiência e por conseqüência, ter capacidade profissional
 para “brigar” e competir com outros jornalistas, numa vaga de emprego.
            Sabendo que os gastos e o custo de manutenção de uma emissora de TV são
 elevados, já que demandam a contratação de vários profissionais, desde jornalistas,
 pauteiros, repórteres, editores, produtores até de cargos técnicos, como exibidores –
 encontramos uma oportunidade de desenvolver a TV on-line da faculdade IBES,
 poupando todos esses custos, e com, entre outras, a grande vantagem de uma
 abrangência mundial, proporcionada pela comunicação do mundo global – a
 Internet.
            A grande ideia do projeto, é proporcionar que os alunos de jornalismo,
 coloquem a “mão na massa” e sintam na prática o que é todo processo
 comunicacional - tudo operado por ele, desde a gravação, edição e publicação na
 internet, não dependendo que a instituição/canal disponibilize vários outros
 profissionais para o desenvolvimento dessa TV.
            A escolha e definição de um programa jornalístico, no estilo telejornal
 chamado “Ibes News”, é o ponto de partida da “TV Unibes”, que certamente abrirá
 caminhos e oportunidades para que os acadêmicos de jornalismo adquiram
 experiência na área.
            Um projeto audacioso que surge no momento certo – a era da comunicação
 na internet – e irá reunir os principais conceitos de jornalismo, televisão e Web e
 claro, não proporcionará apenas visibilidade ao aluno, mas à Instituição de forma
 expressiva.
           O exemplo da TV on-line realizada na UERJ1, serviu como comprovação de
 que é possível realizar um projeto deste nível e obter sucesso. A “TV Unibes”
 começa modesta, mas com grande potencial para se tornar referência no Estado,
 dependendo apenas de alunos interessados.


 1
     Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.uerj.br Acesso em: 18 mar.2010.
13



4. JORNALISMO E A COMUNICAÇÃO

4.1 Gêneros Jornalísticos

       O autor e professor José Marques de Melo (2003), pesquisou e classificou os
gêneros jornalísticos em: informativos e opinativo. E é partindo de sua classificação,
que definiremos alguns conceitos, abaixo.

4.1.1 Informativos

4.1.1.1 A Notícia

       Segundo o Houaiss2, noticia é “1.informação a respeito de acontecimento
novo, de mudanças recentes em alguma situação, ou do estado em que se encontra
algo; nova, novidade”.
        Lage (1979) define notícia como uma forma de divulgação de fatos por meio
da comunicação proposta pelo jornalismo. São fatos importantes, que merecem ser
levados à conhecimento de um dado público e podem ser publicados em todos os
meios de comunicação, respeitando claro, a factualidades destes, já que só
podemos considerar notícia fatos novos e recém ocorridos – validade. No mais, a
notícia pode servir como base para um aprimoramento e pesquisas, para outro
gênero jornalístico chamado reportagem, que diferentemente da noticia, é planejada
e obedece a uma linha editorial. A notícia, não.
       Como cita Sousa (2001), noticiabilidade é a capacidade que os fatos têm de
virar ou não notícia e entre os principais e mais relevantes fatores, podemos citar:

    1. Proximidade: Quanto mais próximo ocorrer um acontecimento, mais
       probabilidades tem de se tornar notícia. A proximidade pode assumir várias
       formas: geográfica, afetiva, cultural, etc;
    2. Momento do acontecimento: Quanto mais recente for um acontecimento,
       mais probabilidades tem de se tornar notícia.
    3. Significância: Quanto mais intenso ou relevante for um acontecimento,
       quantas mais pessoas estiverem envolvidas ou sofrerem consequências,

2
  Mais completo dicionário de língua portuguesa. Definição de notícia disponível em:
<http://dic.busca.uol.com.br/result.html?t=10&ref=homeuol&ad=on&q=not%EDcia&group=0>
Acesso em 12. jan.2010.
14



   quanto maior for a sua dimensão, mais probabilidades tem de se tornar
   notícia.; além disso, quanto menos ambíguo for um acontecimento, mais
   probabilidades tem de se tornar notícia;
4. Proeminência social dos sujeitos envolvidos: Quanto mais proeminentes
   forem as pessoas envolvidas num acontecimento, mais hipóteses ele tem de
   se tornar notícia.

   A notícia caracteriza-se por uma linguagem direta, clara, simples e adequada
ao público alvo. O uso da narração permite a ideia da descrição do fatos
ocorridos, como ao noticiar um acidente ou assalto, por exemplo. (LAGE, 1979;
MARQUES DE MELO, 2003; PEREIRA JR, 2005;)

   Dada sua devida importância, que na prática ela vem para informar
acontecimentos recentes ou relevantes, isso é de fácil compreensão, mas ao nos
depararmos com a ideia de ser um fato importante, é preciso definir o que “é
importante” e assim sucessivamente – reduzindo a área de discussão até
chegarmos ao que Lage (2001, p.54) chama de conceitos abstratos de verdade
ou interesse humano. Por esses conceitos podemos entender a real importância
de levar determinada notícia à conhecimento da população, focando na
relevância.

   Lage (1979, p.37) define ainda dois componentes básicos para uma boa
produção.

1. uma organização relativamente estável - o componente lógico;
2. elementos escolhidos segundo critérios de valor essencialmente cambiáveis,
   que organizam a notícia – o componente ideológico.

   Não há como definir e “fechar” uma lista de critérios necessários para
identificar se tal fato é então notícia, já que certamente é uma lista variável. Mas
é possível classificar, segundo Erbolato (1991, p.61-63), grande parte dos temas
nas seguintes categorias de relevância identificando-os por assuntos, tais como:

1. Impacto: É o “abalo moral” provocado;
2. Proeminência: Sempre que se referir a pessoas importantes e que de alguma
   forma possa interferir no cotidiano, haverá interessados;
15



   3. Utilidade pública: Tudo aquilo que de alguma forma interessa a população,
         como serviços, informações importantes.
   4. Interesse humano: Descobertas da ciência, acidente que congestionou o
         trânsito na rua Sete de Setembro. Aqui vale ressaltar uma boa descrição e
         apuração dos fatos junto aos socorristas e testemunhas.

         Assim, utilizando critérios como os apresentados acima para exemplificar, é
   possível, para Erbolato (1991), garantir que uma informação se tornará uma
   notícia que atingirá seu objetivo, ou seja, será de interesse dos expectadores.




4.1.1.2 Reportagem

         Podemos definir, baseando-se nos conceitos de Lage (2001), reportagem como
um gênero jornalístico baseado no acompanhamento e apuração dos fatos, com
testemunhos diretos, geralmente contato por participantes da ação ou testemunham,
além de um nível de aprofundamento programado, maior e mais específico que a
notícia.
          Previamente roteirizada na redação, a reportagem pode servir tanto de
complemento em outro momento, sobre uma notícia divulgada, como também torna-
se tema investigativo – como acontece na maioria dos casos – em que se parte de
um fato para revelar outros mais ou menos ocultados e, através deles, determinar o
perfil     de   uma   situação   e    assim     então,    o    seu    interesse     jornalístico.
          Querendo definir, com um tom de bom humor, o que é reportagem, que Rossi
(1980, p.10) diz que:
                       Reportagem é uma coisa paradoxal, por se tratar, ao mesmo tempo da mais
                       fácil e mais difícil maneira de viver a vida. Fácil porque, no fundo, a
                       reportagem é apenas a técnica de contar boas histórias. Todos sabem
                       contar boas histórias [...] e difícil porque persegue esse ser chamado
                       verdade, quase sempre inatingível ou inexistente [...] que corre o risco de
                       não conseguir captá-los.


          Até mesmo Lage (1979), vê dificuldades em diferenciar precisamente a
reportagem de notícia, já que ambos caminham lado a lado:
                       Não é fácil definir a reportagem, uma vez que a mesma pode ser uma
                       complementação de uma notícia ou partir de situações que não sejam
                       notícias, mas que sejam de interesse do público.
16



Ele ainda define os tipos de reportagem em: a) tipo investigativo: parte de um fato,
revelando outros; b) tipo interpretação: observa-se os fatos sob a perspectiva
metodológica de uma dada ciência (por exemplo sociológicas e econômicas); e c) o
tipo que busca apreender a essência do fenômeno, aplicando técnicas literárias na
construção de situações e episódios narrados. (LAGE, 1979, p.34)
           Alguns fatores são imprescindíveis para uma boa reportagem, como a
definição clara do tema, o que quer contar, o que está tentando dizer. Mais
importante do que o que o jornalista irá dizer, é dar voz e deixar que as pessoas
próximas contem a história, É importante também ouvir especialistas e fontes
oficiais, para fazer o contraponto da matéria.
           Tantas vezes vemos reportagens que deixam lacunas, perguntas que não
foram respondidas. Para evitar isso, traçar um plano de ação definindo quais
questões precisam ser abordadas antes de sair da redação, pode ser uma ótima
alternativa. E nessa, se colocar no lugar do telespectador, ajuda. (FERRARETO,
2001; MARQUES DE MELO, 2003; REZENDE, 2000).
           O repórter, como define Philippe Gaillard3, constitui-se de uma testemunha
profissional, um investigador, que em vez de prestar contas a uma administração, as
presta ao público. E segundo Ferrareto (2001), o repórter precisa, acima de qualquer
coisa, unir capacidade de observação, com habilidade na comunicação.




4.1.1.3 Entrevista


           Rezende (2000, p.157) descreve entrevista como o dialogo que o jornalista
mantém com o entrevistado, com o objetivo de extrair informações, idéias e opiniões
a respeito de fatos, questões de interesse público e/ou aspectos da vida pessoal do
entrevistado.
           Luiz Beltrão4 faz uma definição semelhante à de Rezende, resumindo
entrevista como "a técnica de obter matérias de interesse jornalístico por meio de
perguntas e respostas". E é a partir desta ideia que antes de uma entrevista deve-
se indagar e pesquisar informações do tipo: “quem é o entrevistado e o que ele faz”.
Para o sucesso de uma entrevista, a pauta pode assegurar que o repórter não fique

3
    GAILLARD, Philippe. “O jornalismo”. Lisboa: Europa-América, 1979. p.49.
4
    BELTRÃO, Luiz. “A Imprensa Informativa". São Paulo: Folco Masucci.
17



perdido sem saber o que perguntar, ou evitar que sejam feitas perguntas óbvias.
Questionar-se sobre o que espera da entrevista e qual a informação precisa ser
esclarecida, pode garantir um bom trabalho.
          O tipo de entrevista varia conforme o veiculo de comunicação e é falando em
televisão que Bistane & Bacellar (2005) aconselham a deixar o equipamento de lado,
em um primeiro momento, para conquistar a confiança do entrevistado:
                                  Quem não está acostumado a falar para a televisão costuma ficar
                                  intimidado com o microfone e a câmera. O bate-papo com o repórter
                                  serve também para descontrair o entrevistado, deixá-lo mais a
                                  vontade. (...) Uma simples pergunta, sem muitas pretensões, pode
                                  garantir um “furo” de reportagem. (BISTANE; BACELLAR, 2005, p.
                                  17).


4.1.2 Opinativo


4.1.2.1 Editorial


          Segundo o Glossário de Jornalismo do Manual de redação do O Globo 5,
Editorial é: “Texto com a opinião da publicação. Não vem assinado e geralmente,
localiza-se diariamente na 2ª ou 3ª página do jornal.”
          Objetividade e imparcialidade não são características desse tipo textual, uma
vez que o redator dispõe da opinião do jornal sobre o assunto narrado. Tem o
objetivo de informar, mas sem obrigação de ser neutro, indiferente. O editorial possui
um fato e uma opinião. O fato informa o que aconteceu e a opinião transmite a
interpretação do que aconteceu. Há editorias que comentam assuntos que serão
apresentados posteriormente no veículo – no caso das revistas, por exemplo. A
linguagem dos editorias é direta – mais próximo possível do seu expectador, uma
vez que é um gênero opinativo. (MARQUES DE MELO, 1985; PATERNOSTRO,
1999)


4.1.2.2 Comentário


          O comentário geralmente parte de uma assunto já abordado no veículo e vem
para expressar opinião. Muitas vezes, as informações partem unicamente do ponto
de vista do comentarista, e por tanto, muitas vezes não são e não devem ser

5
    Disponível em: oglobo.globo.com/quemle/Programa/glossario_de_jornalismo.doc Acesso em 16. jan.2010
18



entendidas/confundidas com informações apuradas. Para Marques de Melo (1997
apud REZENDE 2000), comentário é um matéria jornalística em que um jornalista
especializado em determinada assunto (economia, política, esporte) faz uma
análise, uma interpretação de fatos do cotidiano.


4.1.2.3 Artigo


        Para Lage (2004, p.68), artigo é o texto jornalístico interpretativo ou opinativo,
geralmente assinado e com fundamentação explicita. Assim como o comentário,
aprofundam aspectos relativos a fatos de maior repercussão no momento. Contêm
análises, críticas, contrapontos, e às vezes até humor. Diferente do editorial, muitas
vezes, os artigos não refletem a opinião do jornal.


4.1.2.4 Resenha crítica

        A resenha é uma produção textual que expressa a opinião do autor sobre
determinado fato. Rica em descrição, a resenha muitas vezes é confundida com
uma crítica no sentido primário da palavra, simplesmente pelo nome. Não confundir
é um fator importante quando se quer definir o gênero, e assim ter a ideia correta
para começar a escrever um bom texto. Além de dar uma resumida nos assuntos
tratados e apresentar o maior número de informações sobre o trabalho, darão uma
ideia do que se trata a obra, para que o leitor defina e oriente seu grau de interesse
pelo assunto. (BARBOSA, 2002; RABAÇA, 2002).

4.1.2.5 Crônica

        Como define a professora Alfredina Nery6, assim como a fábula e o enigma, a
crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus
grego do tempo), ela narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas
da    atualidade.      Elas que podem ser: descritivas, dissertativas,                         narrativas,
humorísticas, poéticas, históricas, narrativas, entre outras.


6
 Alfredina Nery é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação
continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura. Disponível em:
http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u18.jhtm Acesso em 16. jan 2010
19



4.1.2.6 Caricatura


      Como define Marques de Melo (1985), o gênero opinativo também pode ser
expresso com humor. E é aí que aparecerem as caricaturas. Comuns nos jornais e
em sites especializados na internet, aparecem geralmente em forma de tirinhas,
charges ou quadrinhos, acompanhado de texto, ou não (quando o desenho dá conta
de passar a ideia sozinho).


4.1.2.7 Carta


      Ainda segundo Marques de Melo (1985), com sessões especialmente
destinadas à Carta do Leitor, são nos meios impressos que esse gênero tem mais
espaço. Carregadas de opinião e informações complementares sobre determinado
assunto abordado em edições anteriores, elas dão voz ao leitor, que ganha um
espaço para se expressar.



4.2 Estrutura da Notícia

4.2.1 Pauta

      Segundo Kopplin (2001), pauta é a base da do trabalho do repórter, e não
deve ser encarada como uma imposição. Ela representa na realidade, um ponto de
partida que indica por onde começar o trabalho. Antigamente, o responsável por ela
era o pauteiro, mas hoje, com a condensação das redações, são os editores ou os
próprios             repórteres           que             a            determinam.
      Há ainda agências e assessorias de imprensa que encaminham diariamente
pautas sobre seus clientes, na intenção de que alguma delas possa virar notícia.
(CARVALHO, 2009; CHINEM, 2003).



      Já Rossi (1986, p.80) define pauta como um instrumento que é utilizado para
orientar os repórteres e para informar os editores sobre o que está sendo produzido.
Ele diz ainda, que nela devem conter todos os detalhes que puder, afim de guiar o
20



profissional na execução da melhor matéria. Para ele, as pautas devem conter os
seguintes itens:

    1. Cabeçalho: Ali deve estar o nome do repórter e a data da elaboração da
pauta. Para ajudar, palavras-chave que indiquem o tema aparecem aqui também.
    2. Tema: Definir o que será abordado, qual assunto, objeto a ser pesquisado.
    3. Resumo: Aqui deve-se fazer uma contextualização do tema, para situar o
repórter que muitas vezes pode não estar a par do assunto. Em uma média de 15
linhas é possível justificar o tema, sua relevância e apresentar algum histórico
relacionado, se houver. No caso de sugestões de matérias recebidas por release,
ele pode aparecer aqui como base para o ponto de partida da matéria.
     4. Foco/Direcionamento: Deixe claro para o repórter qual o enfoque que a
matéria terá. Isso o auxiliará no desenvolvimento das perguntas e o direcionamento
dado.       Podem       conter       também       algumas        sugestões       de      perguntas.
    5.   Fonte: Indique algumas fontes. O repórter sairá da redação com pelo menos
uma direção de por onde começar. Além do nome e cargo deve conter na pauta o
endereço e telefone do contato. Isso poupará tempo e ganhará para realizar a
matéria.
    6.   Anexos: Caso o pauteiro tenha feito alguma pesquisa ou possua recorte de
jornal/revista ou texto retirado da internet poderá anexar na pauta – que funciona
também como direcionamento e contextualização histórica do tema.

         Gramático (2002) define o papel do pauteiro:

                                 O trabalho do pauteiro é essencial numa redação. Quanto mais
                                 criativo ele for, melhores serão as pautas sugeridas, mas os
                                 repórteres devem ser bem informados e criativos, para não ficarem
                                 dependentes só das informações contidas nas pautas e releases.
                                 (GRAMÁTICO, 2002, p.87)

       Ferraretto7 (2001) define se os assuntos merecem cobertura e de que forma isto vai
ocorrer, usando os seguintes parâmetros:


           sua experiência pessoal;
           as informações recebidas pela emissora;
           as sugestões dos repórteres a partir de pautas anteriormente realizadas;

7
 Em: “Feraretto - A Pauta” Disponível em: http://www.4shared.com/dir/4777415/b4d8b793/TREPJ.html
Acesso em: 20 mai 2010.
21



       os critérios de validação jornalística do fato como notícia;
       a linha editorial da empresa;
       o público da emissora.


      A pauta se generalizou por toda a imprensa brasileira com a industrialização
plena do setor na década de 1970. No entanto, apenas uma boa pauta não garante
que se obtenha uma boa matéria. Sobre isso, Lage (2001) destaca:


                            O êxito de uma pauta depende essencialmente de quem a executa. O
                            trabalho de reportagem não é apenas o de seguir um roteiro de
                            apuração e apresentar um texto correto. Como qualquer projeto de
                            pesquisa, envolve imaginação, insigth: a partir dos dados e
                            indicações contidos na pauta, a busca do ângulo (às vezes apenas
                            sugerido ou nem isso) que permita revelar uma realidade, a
                            descoberta de aspectos das coisas que poderiam passar
                            despercebidas. (LAGE, 2001, p.35).


      Indispensável nas redações, nos dias de hoje, a pauta é o começo de uma
matéria, e deve ser realizada mesmo que tudo pareça muito simples. É praticamente
a garantia de que a matéria não sairá da ideia inicial, proposta e esperada pelos
editores e pelo veículo. (ERBOLATO, 1978; FERRARETTO, 2001; LAGE, 1979).




4.2.2 Coleta de dados



      Tendo determinada a pauta, o jornalista precisa começar a planejar sua
matéria, e aí entram as pesquisas e a coleta de dados. Para Lage (1979), seja com
entrevistas, enquetes, observação participante ou não, é nesse momento que o texto
vai ganhando forma e proporções. Vale lembrar que a técnica da observação não
consiste apenas em ver e ouvir tudo, mas em analisar e examinar depois.
      No jornalismo, utiliza-se principalmente as chamadas “pesquisas de campo”,
que permitem um contato com a fonte. Podemos definir assim:

  1. Descritivas: Analisam e descrevem a natureza do produto de estudo.
  2. Exploratórias: Partem de um foco e buscam desvendar os fatores
     determinantes para compreender e exploração um determinado assunto. Em
     suma, destina-se a esclarecer o fato.
22



  4.2.3 Fonte

         Tão importante para completar o processo de coleta de dados, são as fontes
que validam e dão veracidade ao que for apurado, comentado e levantado. No
jornalismo, as fontes podem ser pessoas falando por si, ou alguém respondendo
oficialmente por algum órgão público, instituição ou as próprias assessorias de
imprensa. Todo repórter deve ter uma relação de confiança com possíveis fontes,
além de um caderninho com telefones, endereços e hoje em dia, claro, o e-mail.
Esse é um grande diferencial, altamente reconhecido e valorizado, que diferencia os
profissionais mais capacitados. (CHINEM, 2003; ERBOLATO, 1991; FERRARETTO,
2001).
         Para Erbolato (2001, p.245), fonte pode ser “qualquer pessoa que possa
prestar informações ao jornalista para fins de noticiário”.

  Ainda segundo Erbolato, elas podem ser:


  1. Diretas: São as pessoas envolvidas ou notas oficiais a respeito do assunto.
  2. Indiretas: São pessoas que, por dever profissional, sabem de um fato
      circunstancialmente. Da mesma forma são classificados os documentos
      ligados ao assunto coberto pelo veículo.
  3. Adicionais: São fontes complementares, que agregam alguma informação
      extra.


      Pena (2005) define fonte testemunhal, fonte primária e fonte secundária:
                           Como o próprio nome já diz, fonte testemunhal tem relação direta
                           com o fato, já que é sua testemunha. Mas é preciso lembrar que seu
                           relato será sempre mediado pela emoção, pelos preconceitos, pela
                           memória e pela própria linguagem. Testemunha é apenas uma
                           perspectiva de um fato, jamais sua exata e fiel representação. Por
                           sua relação direta, ela está classificada como fonte primária. Já a
                           fonte secundária é usada para contextualizar a reportagem. Em uma
                           matéria sobre a guerra no Iraque, por exemplo, os soldados e
                           moradores de Bagdá seriam fontes primárias, enquanto cientistas
                           políticos e analistas seriam as fontes secundárias. (PENA, 2005,
                           p.64).


         Até então, a constituição reservava uma parte importante para a imprensa.
Era ela que assegurava o respeito e a liberdade de expressão, mas também o sigilo
23



das fontes. É a Lei da Imprensa8.




        Lei n.º 5.250, e 09/02/1967, ou Lei de Imprensa.

Art. 71 (LEI DE IMPRENSA):
Nenhum jornalista ou radialista, ou, em geral, as pessoas referidas no art. 25,
poderão ser compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte
de suas informações, não podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer sanção,
direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade.

Art. 5º, XIV (Constituição Federal/1988)
É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional.




        Após uma longa discussão a Lei de Imprensa foi revogada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) e não tem mais validade.
        Isso quer dizer que todos os processos que tramitavam por causa da lei de
imprensa estavam suspensos e agora foram extintos. Não há lei nova que regule
qualquer coisa nesse sentido. Assim, utiliza-se, por exemplo, os crimes contra honra
do Código Penal e a Constituição Federal no que se refere as liberdades, inclusive,
de expressão, e violação contra os direitos das pessoas (uso da imagem, direitos da
personalidade entre outros).
         Segundo o Supremo Tribunal Federal, mesmo com o com o fim da Lei de
Imprensa, revogada no dia 30 de abril de 2009, o jornalista continua tendo o sigilo da
fonte garantido9.




8
 Disponível em: http://www.consciencia.net/2004/mes/03/imprensa-lei.html Acesso em: 17. jan 2010
9
 Notícia disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/seis-ministros-votam-pelo-fim-lei-imprensa-
467557.shtml Acesso em: 15 fev. 2010.
24



4.3 Critérios de Noticiabilidade


          Com freqüência, emprega-se como sinônimos os conceitos de noticiabilidade,
valor-notícia e seleção de notícias. É no percurso dessa longa cadeia produtiva da
notícia     que   devemos    investigar   a    rede    de    critérios   de    noticiabilidade,
compreendendo noticiabilidade (newsworthiness) como todo e qualquer fator
potencialmente capaz de agir no processo da produção da notícia, desde
características do fato, julgamentos pessoais do jornalista, cultura profissional da
categoria, condições favorecedoras ou limitantes da empresa de mídia, qualidade do
material (imagem e texto), relação com as fontes e com o público,fatores éticos e
ainda circunstâncias históricas, políticas, econômicas e sociais. (Silva, 2004; Wolf,
1987).
          Tal entendimento nos leva ao conceito que Wolf 2003 apud SILVA, 2004,
p.96) estabelece - Critérios de noticiabilidade: a) na origem dos fatos (seleção
primária dos fatos/valores-notícia), b) no tratamento dos fatos, centrando-se na
seleção hierárquica dos fatos e levando-se em conta, além dos valores-notícia dos
fatos escolhidos, fatores inseridos dentro da organização, c) na visão dos fatos, a
partir de fundamentos éticos, filosóficos e epistemológicos do jornalismo,
compreendendo        conceitos   de    verdade,     objetividade,     interesse     público    e
imparcialidade. Essa relação, de fato, não funciona isoladamente. Na prática da
produção noticiosa, todos esses critérios variados de noticiabilidade atuam em
conjunto.
          Wolf (2003, p.195 apud SILVA, 2004) é um dos autores que explica
noticiabilidade como resultado da cultura profissional e seus valores como també m
da organização do trabalho.
                            A noticiabilidade é constituída pelo complexo de requisitos que se
                            exigem para os eventos – do ponto de vista da estrutura do trabalho
                            nos aparatos informativos e do ponto de vista do profissionalismo dos
                            jornalistas –, para adquirir a existência pública de notícia.


         É seguindo os conceitos de Lage (2001 apud SILVA, 2004, p.103) que
norteamos o trabalho, definindo a partir de então os seis critérios que, segundo ele,
auxiliam os jornalistas a decidir quais acontecimentos serão notícia. E são:
25



          Proximidade
          Atualidade
          Identificação Social
          Intensidade
          Ineditismo
          Identificação humana


         Ele classifica ainda, os critérios de valor-noticia, citados no começo, como
relativos à:


     1. Conteúdo: Importância e interesse do público, sobre a notícia
     2. Produto: Relativo a disponibilidade das informações e características destas
     3. Medium: Nomeia-se assim, os critérios relativos ao público e a concorrência

        Segundo Wolf (2003 apud SILVA, 2004) o resultado de um trabalho é o valor
        da organização desse trabalho, e cita:

                                Sendo assim, o produto informativo parece ser resultado de uma
                                série de negociações, orientadas pragmaticamente, que têm por
                                objeto o que dever ser inserido e de que modo dever ser inserido no
                                jornal, no noticiário ou no telejornal. Essas negociações são
                                realizadas pêlos jornalistas em função de fatores com diferentes
                                graus de importância e rigidez, e ocorrem em momentos diversos do
                                processo de produção. (WOLF 2003, p.200 apud SILVA, 2004, p.97).

                Com essas informações percebemos que o jornalista é uma espécie de
“chave”, que decide o que será ou não publicado. Esse é o objeto de estudo da
teoria do gatekeeper10. Outro estudo relacionado as informações divulgadas é a
teoria do agenda-setting que estuda a seleção das pautas a serem discutidas
durante semanas/meses. (CHINEM, 2003; KUNCZIK apud SILVA, 2004).
         Apesar de tomar como base o pensamento de Mauro Wolf, encontramos um
quadro11, feito por pesquisadores da comunicação, que relacionam a visão de vários



10
 Os estudos sobre os gatekeepers ("guardiões do portão") analisam o comportamento dos profissionais da
comunicação, de forma a investigar que critérios são utilizados para se divulgar ou não uma notícia. Isso
porque estes profissionais atuariam como guardiões que permitem ou não que a informação "passe pelo
portão", ou melhor, seja veiculada na mídia
11
  A força da Notícia local. Disponível em:
http://encipecom.metodista.br/mediawiki/index.php/A_for%C3%A7a_da_not%C3%ADcia_local:_a_proximidad
e_como_crit%C3%A9rio_da_noticiabilidade Pág 6 Acesso em: 19. Jan 2010
26



autores sobre os Critérios de Noticiabilidade, e achamos útil, a título de pesquisa e
complemento, compartilhar.



                     Quadro 1: CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE


          Autor                         Categorias de Noticiabilidade
Carrol Warren                Elementos básicos da notícia: atualidade, proximidade,
                             proeminência, curiosidade, conflito, suspense, emoção,
                             conseqüências.
Fraser Bond (1962)           Valor notícia: oportunidade, proximidade, tamanho,
                             importância.
                             Elementos de interesse da notícia: interesse próprio,
                             dinheiro, sexo, conflito, o incomum, culto do herói e da
                             fama, expectativa, interesse humano, acontecimentos que
                             afetam grandes grupos organizados, disputa, descoberta e
                             invenção, crime.
Luiz Amaral (1969)           Atributos fundamentais: atualidade, veracidade, interesse
                             humano, amplo raio de influência, proximidade, raridade,
                             curiosidade.
J. Galtun e M. Ruge (1965)   Critérios de noticiabilidade: momento do acontecimento,
                             intensidade ou
                             magnitude, inexistência de dúvidas sobre o seu significado,
                             proeminência
                             social dos envolvidos, proeminência das nações envolvidas,
                             surpresa,
                             composição tematicamente equilibrada do noticiário,
                             proximidade, valores sócio-culturais, continuidade
Mar de Fontcuberta (1993)    Interesse do público: atualidade, proximidade,
                             proeminência, conflito,conseqüências.
Mario Erbolato (1978)        Critérios de notícia: proximidade, marco geográfico,
                             impacto,
                             proeminência (ou celebridade), aventura e conflito,
                             conseqüências, humor, raridade, progresso, sexo e idade,
                             interesse pessoal, interesse humano,
                             importância, rivalidade, utilidade, política editorial do jornal,
                             oportunidade,
                             dinheiro, expectativa ou suspense, originalidade, culto de
                             heróis, descoberta e invenções, repercussão, confidências.
Natalício Norberto (1969)    Valor notícia: interesse pessoal (dinheiro, sexo,
                             solidariedade); interesse
                             pelo próximo; proximidade; o incomum (conflito, crimes,
                             expectativa, objetividade); tamanho; importância;
                             oportunidade.
Nilson Lage (2001)           Critérios de avaliação: proximidade, atualidade,
                             identificação social, intensidade, ineditismo, identificação
                             humana.

P. J. Shoemaker (1991)       Critérios de noticiabilidade: oportunidade, proximidade,
                             importância,
                             impacto ou consequência, interesse, conflito ou
27



                                  controvérsia, negatividade,
                                  freqüência, dramatização, crise, desvio, sensacionalismo,
                                  proeminência das pessoas envolvidas, novidade,
                                  excentricidade, singularidade.
Teun A. van Dijk (1990)           Valores jornalísticos: novidade, atualidade,
                                  pressuposição, consonância, relevância, desvio e
                                  negatividade, proximidade.
Fonte: Fernandes12




12
  Mário Luiz Fernandes, Professor do curso de Jornalismo Univali/SC. Disponível em:
http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/4/40/GT1-16_-_A_forca_da_noticia_local-Mario.pdf Acesso
em: 17 mai. 2010.
28



5. TELEVISÃO E A COMUNICAÇÃO

5.1 A TV no Brasil



      Pensar na chegada da televisão no Brasil é lembrar de um nome muito
conhecido que fez parte disso tudo – Chateaubriand. Polêmico, ousado, corajoso,
Francisco Assis Chateaubriand na década de 50, era o que se podia chamar de o
proprietário do primeiro império da comunicação no país: Diários e Emissoras
Associadas, uma empresa que incorporava vários jornais, revistas e emissoras de
rádio. Uma empresa que cresceu e se desenvolveu a partir do momento em que o
jovem jornalista que começou sua carreira no O Correio da Manhã em 1917,
comprou O Jornal, no Rio de Janeiro, em 1924. (PATERNOSTRO, 1999).
      Rezende (2000), descreve que nessa época, o rádio que no Brasil nasceu
como um meio de comunicação de elite, já tinha se tornado uma coqueluche
nacional, lançando sucesso e criando ídolos, mas entrando na fase final da chamada
“época de ouro do rádio brasileiro”. Ainda assim, era um importante veiculo de
comunicação de massa, com uma audiência mantida pela programação variada das
emissoras, que incluía shows, esporte, noticiários, novelas e programas de auditório.
      Como conta Paternostro (1999, p.28), Assis Chateaubriand queria aumentar
seu conglomerado e para isso resolveu trazer a televisão para o Brasil. Como na
época o equipamento não era produzido no país, toda a aparelhagem teve de ser
trazida dos Estados Unidos. Uma antena foi instalada no alto do edifício do Banco
do Estado de São Paulo para retransmitir as imagens que viriam dos estúdios
montados no prédio dos Diários e Associados. Existem poucos registros dessa
época, mas, segundo a autora, uma data marca a inauguração oficial da primeira
emissora de TV no país – 18 de setembro de 1950. Nesse dia entrava no ar a PRF-3
TV Difusora, depois TV Tupi de São Paulo.
      Ainda segundo Paternostro (1999), em se tratando da primeira transmissão,
controvérsias giram em torno da primeira aparição. Em 1939, técnicos alemães já
traziam algumas demonstrações em uma feira de novidades, de um sistema de
transmissão de imagens utilizando uma câmera e um receptor. Logo na década de
1940 houve uma apresentação pública do sistema no Museu de Arte em São Paulo
e em 1946, no Rio de Janeiro, a Rádio Nacional, fez algumas experiências e
29



transmitiu imagens do programa Rua 42: técnicos franceses exibiram seus
equipamentos, transmitindo o que acontecia no estúdio da Nacional para televisores
instalados em locais determinados.
       Em 20 de setembro de 1950, como narra Rezende (2000, p. 105), dois dias
depois de seu nascimento, a estação pioneira de TV no Brasil, a TV Tupi, canal 6 de
São Paulo, lançava ao ar a edição inaugural de seu primeiro telejornal: Imagens do
Dia.
       Até o final da década de 50, funcionavam as TVs Tupi, Paulista (1952) e
Record (1953), em São Paulo, e Tupi Rio (1955) e Excelsior (1959) no Rio e Janeiro
e a TV Itacolmi (1956) em Belo Horizonte, como cita Paternostro (1999), que lembra
que a TV surgia como uma ótima oportunidade para vender marcas e produtos.
Eles foram introduzidos no nome de quadros e programas, como Grande Gincana
Kibon, Espetáculos Tonelux, Divertimentos Ducal, Concertos Musicais Mercedes
Benz...
       Em 1965 surge a emissora das Organizações Globo, do Rio de Janeiro. No
dia 1º de setembro de 1969, entra no ar o Jornal Nacional, transmitida via Embratel –
um sistema de microondas que a Globo aderiu para a utilização de satélites de
telecomunicações, o Intelsat, que permitia a estrutura para as redes nacionais de
televisão. Seguindo esse crescimento, 1962 tem início a transmissão em cores no
Brasil, quando a TV Excelsior de São Paulo transmite no Sistema NTSC o programa
Moacyr Franco Show. (JUNIOR, 2002; PATERNOSTRO, 1999; REZENDE, 2000).
       Segundo Bittencourt (2007, p.217) com o advento do videotape foi permitido a
edição posterior dos programas, evitando os problemas e surpresas ao vivo. O
videotape permitiria a organização do uso do tempo na televisão e a melhoria nas
condições de produção.

       O Telejornal Brasil introduz a figura do âncora no telejornalismo brasileiro, que
segundo Paternostro (1999, p.34), embora consagrado nos telejornais norte-
americanos, ainda não existia por aqui. O TJ Brasil se contrapõe ao Jornal Nacional,
que permanece na liderança da audiência. Mesmo assim, o TJ consegue imprimir
sua marca e leva as emissoras a reformular o formato de seus telejornais. A década
de 90, como ressalta a autora, ficou marcada pelo “vale-tudo” das emissoras
brasileiras, em nome da conquista de pontos nos índices de audiência.
30



5.2 O telejornalismo no Brasil


       O primeiro telejornal da TV brasileira foi o Imagens do Dia e nasceu junto com
a TV Tupi de São Paulo, em 1950. Mas o primeiro telejornal de sucesso, foi o
Repórter Esso, que estreou em 1953 também na Tupi e ficou no ar por quase 20
anos. O Jornal Nacional é o que está no ar por mais tempo, desde 1969 e até hoje é
líder na audiência, no horário. (PATERNOSTRO, 1999)
       Reunindo os autores Rezende (2000); Paternostro (1999) e Sodré (1999),
conseguimos a relacionar cronologicamente, alguns telejornais que são ponto de
referência na história:

        Imagens do Dia: 1950 – TV Tupi de São Paulo
        O Repórter Esso: 1953 a 1970 – TV Tupi de São Paulo
        Edição Extra: Primeiro telejornal no horário vespertino - TV Tupi de São
       Paulo
        Jornal de Vanguarda: 1962 – TV Excelsior do Rio de Janeiro
        Show de Notícias: 1963 a 1964 – TV Excelsior de São Paulo
        Jornal Nacional: 1969 – TV Globo do Rio de Janeiro
        Bom dia São Paulo: 1977 – TV Globo de São Paulo
        TV Mulher: 1980 – TV Globo de São Paulo
        Bom dia Brasil: 1983 – Rede Globo
        TJ Brasil: 1988 – SBT
        Aqui e Agora: 1991 a 1997 - SBT
        Jornal da Band: 1997 – TV Bandeirantes de São Paulo

       No início de sua história, a linguagem do telejornal era mais próxima à do
rádio. Com frases eram longas e muitos detalhes sobre os assuntos enfocados, o
locutor passava os acontecimentos como eles ocorriam e dava ao conteúdo todos os
detalhes e adjetivos possíveis. Por esse quadro, o programa de maior sucesso da
década de 1950 o “Repórter Esso” comandado por Kalil Filho, se transformou num
grande sucesso na TV. O ícone do rádio foi transmitido pela primeira vez na TV, em
17 de junho de 1953, em São Paulo, apresentando 33 minutos de duração. Com a
famosa frase “Aqui fala o seu Repórter Esso – testemunha ocular da história”.
(PATERNOSTRO, 1999).
31



         Como define Rezende (2000), em sua primeira fase, a TV no Brasil “era
totalmente baseada na fala, com pouca visualização”. A programação televisiva
apresentava um baixo índice de noticiários, “[...] porque na competição com o rádio
ela perdia em relação à instantaneidade”. (FURTADO, 1988, p.60 apud REZENDE
2000).


5.3 Importância da TV na vida contemporânea


         A televisão se tornou um meio de comunicação popular e por isso
indispensável nos lares brasileiros. Parece impossível imaginar a vida nos dias
atuais sem ela. Chaves (apud PATERNOSTRO 1999, p.14) comenta a importância
da TV nos dias atuais:
                                    A televisão torna-se hoje preponderante na vida de todos os
                                    habitantes do planeta. O sucesso de um acontecimento se mede pela
                                    audiência. A maior Copa do Mundo de todos os tempos não é assim
                                    considerada pela presença dos maiores craques, número de países
                                    [...] O que conta são quantos bilhões de pessoas suspendem seus
                                    afazeres para ver os jogos pela televisão.

         Uma pesquisa realizada pelo centro de Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios - PNAD mostra o número de domicílios particulares que continham ou
não televisão em quando a pesquisa foi realizada, 2002.


     Figura 1: Número de domicílios que possuíam ou não televisão no Brasil, em
                                                      2002.



         Total de domicílios com
                televisão                    Total de domicílios sem            Total de domicílios que
                                                    televisão                      não declararam
          Cores        Preto e branco
       40 459 995       2 318 815              4 763 575                                  16 274
      Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2002.


         Analisando esse quadro, e sabendo que a população brasileira, segundo o
IBGE13 atingiu 191,5 milhões de habitantes em 2009, é possível compreender que



11
  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que tem atribuições ligadas às geociências e estatísticas sociais,
demográficas e econômicas, o que inclui realizar censos. É uma instituição vinculado ao Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/ Acesso em 12 abr. 2010.
32



os números para o ano de 2002 já eram altos e destes, apenas 4.763.575 de lares
não possuíam televisores.
      Rezende (2000, p.23) comenta os fatores que definiram, ao longo do tempo, a
importância da televisão no Brasil:
                            Vários fatores contribuíram para que a TV se tornasse mais
                            importante no Brasil do que em outros países: a má distribuição da
                            renda, a concentração da propriedade das emissoras, o baixo nível
                            educacional, o regime totalitário das décadas de 1960 e 70, a
                            imposição de uma hegemonia cultural e até mesmo a alta qualidade
                            da nossa teledramaturgia.


      Mais do que um simples objeto, a televisão durante muito tempo foi um
“aproximador social”. Diariamente famílias se reuniam a frente da TV para
acompanhar os telejornais e/ou as novelas. Mas hoje em dia isso vem perdendo
forças. Muitas pessoas não gostam da ideia de terem seus horários programados
por alguém, gostam de algo mais livre, e foi a internet que trouxe esse “ambiente
livre” – mas isso veremos mais a frente. A televisão ainda é insubstituível, pois é um
meio de comunicação acessível a quase todos. Mais de 95% da população brasileira
tem uma televisão, um número bem maior do que as pessoas que possuem internet
banda larga. (PATERNOSTRO, 1999; BISTANE; BACELAR, 2005).
      Junior (2002, p.13) comenta a evolução da TV no mundo contemporâneo:


                            A TV foi a mais importante revolução virtual: tem as imagens que o
                            rádio não possui e é capaz de fixar hábitos na rotina das pessoas [...]
                            Como a porta da Caverna de Platão, a TV é o contato com o ideal,
                            com o inalcançável, com o indireto. Senta-se em família diante dela
                            como os primitivos sentavam diante da fogueira. [...] A TV é um
                            mediador de parte significativa de nossas relações sociais.


5.4 A TV Digital no Brasil


      “Não é possível dizer com precisão quando a TV Digital chegará ao Brasil. A
previsão é de que será implantada até 2010. Falta ainda decidir o padrão a ser
adotado: americano, europeu ou japonês.” (BISTANE & BACELLAR, 2005, p.116)
Tal citação, de 2005, norteava o que seria a TV Digital no Brasil. E estava no
caminho. No dia 29 de junho de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinou
o decreto nº 5.820, que estabeleceu as diretrizes para a digitalização da TV
brasileira. Tal documento definiu o padrão japonês ISDB-T como base do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T), e determinou que se
33



incorporassem inovações tecnológicas locais. A partir de então, definiu-se sete anos
para o processo de digitalização no país, como descreve Cruz (2008, p.87).
        Segundo o DTV,14 outros importantes diferenciais do SBTVD são a mobilidade
e a interatividade. No caso da mobilidade é possível percebê-la na prática, uma vez
que já estão à disposição do consumidor brasileiro diversos dispositivos móveis por
meio dos quais se pode assistir à TV digital, como celulares, mini-televisores e
receptores USB para micros. São muitas as possibilidades de interatividade e várias
empresas estão trabalhando no desenvolvimento de aplicações que vão possibilitá-
las. Em breve os usuários, utilizando o controle remoto, poderão responder a testes,
obter informações sobre programas, comprar produtos anunciados, participar de
enquetes e realizar operações bancárias etc.
        Para as empresas, é um novo modelo de negócio. Dependendo do padrão, a
transmissão em HDTV possibilitará também que um mesmo canal exiba,
simultaneamente, vários tipos de programação. Segundo Bistane & Bacellar (2005),
essa é uma possibilidade de conquistar ainda, públicos diferentes.
        O início das transmissões do SBTVD ocorreu no dia 02 de dezembro de 2007,
em São Paulo, pelo SBT. (CRUZ, 2008).




5.5 Telejornalismo


5.5.1 O objetivo é ser compreendido



        Para Squirra15 (2002) o telejornalismo tem linguagem e formas de expressão
consolidadas nos dias atuais. No Brasil e fora dele. Mas segundo Yorke (1998 p.
67), diversos experimentos provam que os níveis de compreensão do público que
assiste o noticiário da televisão são bastante baixos. Muitos telespectadores tem
dificuldade de em recordar conteúdos de programas que acabaram de ver, e são
incapazes de lembrar de longas histórias apresentadas, confundem a identidade dos
personagens e misturam as localizações geográficas.


14
 Site Oficial da TV Digital Brasileira. Disponível em: http://www.dtv.org.br/ Acesso em: 4 jun. 2010.
12
 Texto publicado na Revista Comunicação e Sociedade no.38, do PósCom-Umesp, Editora da Universidade
Metodista de S.Paulo, 2002
34



      Além disso, é preciso levar em conta, que muitas vezes, quem assiste um
programa de TV está ao mesmo tempo realizando outras tarefas: a mãe preparando
o jantar, o pai querendo descansar do trabalho enquanto os filhos brincam e
conversam na sala. Para que tal situação não seja um problema, cabe ao repórter e
ao apresentador de telejornal, a linguagem simples, a ideia sucinta e o foco na hora
de chamar, rodar ou comentar uma matéria. (LAGE, 2004; PATERNOSTRO, 1999).
      Yorke (1998), lembra um ditado do jornalismo, válido para o rádio e a TV, que
diz: “Diga o que vai dizer; diga-o; depois diga o que disse.” Esse ditado lembra como
é importante uma linguagem clara, direta, objetiva e de fácil compreensão, afim de
fazer o espectador compreender a matéria, e não esquecê-la.
      Para Rezende (2000), diferente do jornal ou revista, você não pode voltar e
assistir novamente a reportagem na TV para poder compreende-la. Para isso, situar
o espectador na introdução da reportagem, garantirá que ele possa continuar
acompanhando a matéria, que saberá do que, quem ou de onde está se falando.
Assim, evidência a importância de um vocabulário acessível e de uma sintaxe
simples que alcança maior eficácia quando se encaixa no ritmo adequado do
telejornal que produz. (REZENDE, 2000, p.95).
      Dificilmente quem assiste assimilará e guardará na memória números, valores
e dados quando estes forem quebrados. A utilização do “aproximadamente” ajuda
muito nesse caso. Outra opção é fazer o uso de infográficos para apresentá-los tal
quais são. A imagem auxilia na compreensão. (BISTANE; BACELLAR, 2005).




5.5.2 O texto telejornalístico - Como escrever para a TV


      Mais semelhante ao roteiro de rádio, os roteiros de televisão são
característicos por frases curtas, coesas e diretas. Assistir televisão deve ser como
ouvir um amigo contar uma história. Mas, como você não pode interromper este
“amigo” e pedir para que ele explique novamente o que disse, é papel do jornalista
tornar seu texto, imaginando mesmo uma conversa - de fácil compreensão. A voz
ativa é sempre mais objetiva que a passiva, assim como verbos são preferidos aos
adjetivos e simplificar usando palavras comuns, é melhor do que utilizar palavras
específicas (BAHIA, 1990; BISTANE; BACELLAR, 2005; LAGE, 2004).
      Paternostro (1999, p.63) articula o poder da televisão e seu papel:
35



                           A televisão combina a utilização simultânea de dois sentidos do ser
                           humano, a visão e a audição. Sem contar que uma noticia de grande
                           impacto afeta as pessoas de forma emocional. Dependendo da
                           intensidade, da força uma imagem que aparece no ar por escassos
                           15 segundos permanece na mente do telespectador por muito tempo,
                           às vezes para sempre.

      Hoje existem noticiários especializados, mas a maior parte do telejornalismo
ainda se dedica ao público em geral. Yorke (1998, p.61) justifica essa relação:
                           Ao contrario dos jornais escritos, que podem limitar a leitura a grupos
                           sociopolíticos bem definidos, a televisão visa a todos e deve ser
                           entendida por todos. Portanto, não pode ser nem muito intelectual,
                           nem insultar a inteligência.

      Em telejornalismo, o texto é escrito para ser falado (pelo locutor) e ouvido
(pelo telespectador). Pela própria característica dos veículos eletrônicos de
comunicação – a instantaneidade -, o receptor deve “pegar a informação de uma
vez”. Se isso não acontece, o objetivo de quem está escrevendo – transmitir a
informação – fracassa. (PATERNOSTRO, 1999, p.66).




5.5.3 O texto escrito para ser falado


      Mais uma vez citando aqui a inevitável comparação com o jornal, na televisão
não é possível voltar e reler o que foi dito. Para isso, é importante ter certeza que o
texto é claro e de fácil compreensão. Uma dica pra saber se o texto está bom,
coerente e sem cacofonias é ler a produção em voz alta algumas vezes. Com a
leitura é possível perceber os possíveis erros de concordância, rimas ou aquelas
frases de sonoridade estranha que provocarão ruídos na transmissão da mensagem.
      Paternostro (1999, p.66) exemplifica:
                           Leia em voz alta: “A seleção já está na concentração, em preparação
                           para o jogo contra o Japão”. Ao ouvir a própria voz, você percebe que
                           a frase já não soa bem e deve reescrevê-la: “A seleção já está
                           concentrada, e se prepara para o jogo contra o Japão”.

      Bahia (1990) defende que não é difícil e que qualquer pessoa pode
reconhecer que o texto do telejornal mais parece um texto escrito para ser lido do
que um texto falado produzido para um interlocutor distante. Ler o texto em voz alta
e prestando atenção é tão importante que pode salvar o repórter de algumas
furadas. Em alguns casos, substituir palavras por seus sinônimos podem dar uma
harmonia à sonoridade, maior no texto.
36



        É comum em uma grande reportagem por exemplo, um texto sem ritmo fazer
com que o telespectador se perca na história e pior, perca o interesse na matéria. É
com bom ritmo que se prenderá o interessado, ele favorece a concentração de quem
está assistindo a TV. Frases curtas e a pontuação adequada evitarão que o texto se
torne agressivo demais, ou muito lento. (BAHIA, 1990; LAGE, 2004).
        Bistane & Bacellar (2005, p.15) cita Carlos Drummond de Andrade dizendo
que “escrever é a arte de contar palavras”, e complementa:
                                  Escrever para a TV é a arte de contar palavras, frases e às vezes, o
                                  parágrafo inteiro. Mas não confunda economia de palavras com
                                  pobreza de estilo. Um texto curto não precisa ser desinteressante,
                                  sem graça, burocrático. O ideal é prender o telespectador já no início
                                  da matéria.

        Citando Paul Valery16, “Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples.
Entre duas palavras simples, escolha a mais curta.”


5.5.4 O texto coloquial


        O texto coloquial é praticamente aquela conversa simples que se tem todos
os dias, com as pessoas que convivemos. É um “texto” simples, quase informal e de
fácil compreensão. Na televisão devemos aproximar essa linguagem. É ela que
contará a noticia como se o repórter estivesse conversando com quem está em casa
e é para ela que vai transmitir suas informações. Com essa ideia na cabeça, fica
bem mais fácil escrever um texto que deve ser assimilado, instantaneamente, por
milhões de telespectadores. (MOLLICA, 2003; PATERNOSTRO, 1999).
        Ainda para as autoras, em uma notícia, o que é dito sempre é assimilado com
alguma contextualização de mundo, ou com algo que está na memória de quem
recebe a mensagem. Por isso, se as palavras são confusas, desconhecidas ou
complexas ou especificas demais, corre-se o risco do telespectador não prestar
atenção no que está sendo dito e só observar as imagens.
        Mollica (2003, p.17) reforça a ideia da compreensão pela contextualização:
                                  Como se sabe, os fatores de coerência são decorrentes da lingüística
                                  e do conhecimento de mundo [...] São decorrentes também do
                                  conhecimento compartilhado, inferências, fatores de contextualização,
                                  situacionalidade, informatividade, focalização, intencionalidade,
                                  intertextualidade, consistência e relevância.


16
  Paul Valéry foi um pensador e poeta francês. Seus escritos são conhecidos pela originalidade e pela
variedade de temas abordados.
37



      Quanto mais palavras forem familiares, maior será o grau de comunicação. O
texto precisa ser simples, não pobre. Popular, mas não vulgar. Natural e não
rebuscado. A compreensão precisa ser instantânea. Por isso é melhor abusar das
frases diretas e curtas. Nada de enrolação. Proponha-se a dizer o que veio dizer,
isso basta. (LAGE, 2004; PENA, 2005).
      Paternostro (1999) analisa e contesta o uso de adjetivos, concluindo que
quando são utilizados para enfeitar a frase, devem ser evitados, mas se
complementam a informação, eventualmente podem ser usados.
      Vale ressaltar que em um país como o Brasil, tão diferente em seus
regionalismos, existem palavras que possuem diferentes significados, dependendo
da região. Nem sempre o significado para a população do sul, será o mesmo para a
do nordeste. E vice-versa. Por isso, a clareza e a objetividade, mais uma vez, se
fazem muito importantes. (LAGE, 2004).


5.5.5 O texto e as imagens


      Para saber se o texto escrito faz sentido, uma boa dica é ouvi-lo de olhos
fechados. Assim, para Yorke (1998), o ponto de partida para qualquer jornalista que
se propõe a trabalhar na televisão, é saber que as palavras devem ser adaptadas às
imagens, e não o contrário.
      A principal diferença da TV para outros veículos de comunicação (excluindo
aqui a internet que hoje em dia faz a convergência midiática, e veremos mais a
frente), é que possui imagens. Não uma ou duas fotos, mas imagens, cenas
registradas em vídeo. Quando existe uma cena forte de algum acontecimento, ela
certamente levará vantagem sobre as palavras. Ela pode ser suficiente para passar
emoção, mas não é suficiente para contar uma história, rica em detalhes de tal
acontecimento. (LAGE, 1979; PINHO, 2003).
      Antes de escrevermos um texto, precisamos porém saber quais imagens
temos disponíveis. Elas podem ser as feitas pelo cinegrafista no dia anterior, assim
como as imagens de arquivo da emissora, que auxiliaram na cronologia ou relato
histórico sobre determinado tema. O contrário pode acontecer apenas quando há
uma pauta e é a partir dela que o cinegrafista sairá em busca de imagens. Se o
editor sugerir uma pauta sobre o dia dos namorados, depois de uma conversa com o
repórter para saber qual sua ideia de texto, cabe ao cinegrafista uma boa seqüência
38



de imagens que ajudem a contar a história – nesse caso, a data. (PATERNOSTRO,
1999).
         A ideia de reportagem como um audiovisual deve ser totalmente deixada de
lado, descreve Paternostro (1999). Não é preciso dizer o que está sendo mostrado.
É obvio demais. A matéria se tornará cansativa e redundante. Para casar o texto e
imagem, sem deixá-lo excessivo, identificar os elementos fundamentais da notícia,
com uma carga de novidade ou informação complementar, é o essencial.
         Sobre isso, Rezende (2000) e Wohlgemuth (2005) dizem que nem sempre as
matérias acontecem nessa ordem. Algumas imagens renderão boas reportagens se
a equipe contar com um cinegrafista atento e com a câmera sempre à mão. Uma
imagem é capaz de garantir a veiculação de um assunto que talvez nem fosse ao ar
se o cinegrafista não tivesse a sorte de captar tal cena. Flagrantes ou cenas
curiosas também podem render assunto. A ponte que recentemente desmoronou
sobre o rio Jacuí, no Rio Grande do Sul, e o cinegrafista que naquele momento
registrou tudo, rendendo até repercussão nacional, são um bom exemplo disso.
         Rezende (2000) define a televisão como multidimensionais e multisensoriais,
e que tendem com mais intensidade sobre o receptor, repercutindo quase
diretamente no seu emocional, sem passar pela mediação do intelecto. E descreve:
                            Na comunicação audiovisual, portanto, registra-se o predomínio das
                            sensações sobre a consciência, dos valores emocionais sobre os
                            racionais [...] Por causa disso, as produções televisivas privilegiam, às
                            vezes em excesso, a força expressiva da imagem, inclusive nos
                            telejornais. (REZENDE 2000, p.40)

         Reforçando a ideia de que a imagem deve ser sempre uma preocupação
necessária na hora da construção de uma matéria, mas não pode deixar de lado as
informações, Rezende faz referência ao manual de telejornalismo da Rede Globo de
Televisão, que por sua vez, e espelha nas normas do Television News, receituário
do telejornalismo norte-americano, que a TV brasileira adaptou:


                            Respeitar a palavra é muito importante na televisão. Imprescindível
                            no entanto, é não esquecer que a palavra está casada com a
                            imagem. O papel da palavra é enriquecer a informação visual. Quem
                            achar que a palavra pode competir com a imagem, está
                            completamente perdido. Ou o texto tem a ver com o que está sendo
                            mostrado, ou o texto trai a sua função. (Manual de Jornalismo Rede
                            Globo de Televisão 1984: 11 apud REZENDE, 2000).
39



5.6 A edição


         Junte imagem, informação e emoção – está pronta uma reportagem
jornalística que tem os ingredientes certos para um bom resultado. Isso porque
isolados, cada um atingiria um nível de interesse do telespectador. Mas é com o
recurso da edição que é possível dar-lhes ritmo e sentimento.
         Mas afinal o que é realmente “editar”? Thomaz17 (2006) & Wohlgemuth (2005)
ajudam a responder essa pergunta situando que editar significa montar a matéria,
selecionar o que será usando em imagens e som, através de um sistema eletrônico
de edição e dar as imagens selecionadas um sequência lógica, clara, objetiva,
concisa e de fácil compreensão para o telespectador. Por ser considerada uma
“arte”, por muitos, requer paciência, habilidade, criatividade e concentração. E claro,
fidelidade às informações, fugindo da famosa “manipulação na edição.”
         As grandes emissoras de TV ainda tem presente em sua equipe o editor de
imagens, que nada mais é do que uma pessoa que trabalha especificamente com
edição de vídeo. Nota-se no entanto, que nas pequenas emissoras, aqui em
Blumenau citando a TV Galega, por exemplo, são os próprio repórteres ou
cinegrafistas que fazem a edição. Se pensarmos que o pauteiro deixou de existir nas
redações e passou a ter um repórter multifuncional, é possível imaginar que em
alguns anos isso aconteça na televisão também. Por isso, cada vez mais é
importante o profissional multifuncional, aquele que domina várias áreas18.
         Para uma boa edição, Bistane & Bacellar (2005) esclarecem que o primeiro
passo é fazer a decupagem das imagens gravadas. Além de ganhar tempo, ganha-
se espaço no HD utilizado para edição – imagens “pesam bastante” no computador.
Enquanto é feita a decupagem, o repórter deve começar a rascunhar a matéria,
colocando no papel as palavras-chave e a ideia inicial, junto do tempo que marca no
time code19, para já ter uma noção de quanto tempo terá a matéria.
          Paternostro (1999) define algumas dicas importantes sobre decupagem:
                                      A decupagem é o principio de tudo. Cada editor pode escolher uma
                                      forma própria de decupar, mas todos devem seguir a regra básica de
                                      anotar take a take em uma folha de papel o time code, ou o indicador

17
   Patricia Thomaz é jornalista e especialista em propaganda e marketing pela Universidade Estadual de Londrina – UEL,
mestranda do programa de pós-graduação em comunicação da UNIMAR, pesquisadora credenciada junto ao CNPq e
integrante do Núcleo de Pesquisa da História da Mídia no Brasil – Himídia, ligado a Rede Alfredo de Carvalho.
18
 Mais a frente falaremos sobre isso novamente, pensando no mundo acadêmico – ideia central do projeto.
19
 Relógio digital que marca o tempo com precisão de frames, utilizado para decupagem de fitas na edição.
Marca horas, minutos, segundos e frames do que está gravado. Exemplo: 07:34:56:12
40



                                   de tempo do player, onde está o que é mais significativo daquela
                                   gravação. Com certeza, vai precisar muito dessa marcação, por isso
                                   ela deve ser segura e exata. (PATERNOSTRO 1999, p.129).

        Com a seleção de imagens e as entrevistas gravadas, agora é preciso
separar os trechos que irão à matéria, como sonoras.20 Cada trecho selecionado
devera ter um nome especifico que será usado depois como o nome desse arquivo.
É necessário anotar as deixas iniciais (D.I) e deixas finais (D.F) para saber
exatamente qual o trecho que será usado. (Bistane & Bacellar, 2005; Yorke 1998).
        Yorke (1998) diz que depois de escolhidas as sonoras é hora de escrever e
gravar os OFFs21. Aqui valem as informações de narrativa da notícia. As
informações mais importantes o repórter deve gravar com uma passagem22 no local
da notícia. Para causar efeito na reportagem, quase sempre são usados os recursos
de background23 para destacar barulhos, ruídos, gritos ou tiros, por exemplo, para
ilustrar a matéria. Esse “destaque” é chamado de sobe som.
        Complementando, Wohlgemuth (2005, p. 82) descreve os tipos de edição:
                                   Em linhas gerais existem, existem duas formas básicas de edição: a
                                   de ritmo lento e a de ritmo rápido. Na edição de ritmo lento, os
                                   quadros ou cenas são de montagem longa e não se alternam com
                                   muita frequência. Na edição de ritmo rápido, as cenas são poucas e
                                   longas. Em ambos os casos a duração geral das ações ou
                                   movimentos não varia, muda unicamente a quantidade de cenas que
                                   formam as sequências.


        Como afirma Scalzo (2004, p.74), a infografia chegou mesmo para ficar, junto
com a informatização das redações e os novos recursos gráficos disponibilizados
pelos computadores, e é um ótimo recurso atrativo/visual. É uma maneira de
fornecer informação, utilizando um conjunto de gráficos, tabelas, desenhos, fotos,
legendas, ilustrações, mapas, maquetes. Mas ressalta que nunca deve ser usado
como mero enfeite. “Ela pode ser bela; mas é, acima de tudo, informação visual.”




20
   Falas/depoimento dos entrevistados.
21
   Voz do repórter ou locutor (sem seu vídeo) acompanhando as diversas imagens.
22
   Gravação feita pelo repórter, que serve para fazer ligação entre o OFF e as entrevistas.
23
   Ou BG.
41



Figura 2: MODELO DE INFOGRÁFICO                     Figura 3: MODELO DE INFOGRÁFICO
                   DESENHO                                           GRÁFICO




     Fonte: STD Comunicação Integrada24           Fonte: 3Bp25




24
   Disponível em: http://admin.std1.com.br/imagens_internas/trabalhos/infograficoinovacao700x700.jpg
Acesso em: 10 mai. 2010.
25
   Disponível em:
http://3.bp.blogspot.com/_6886BCkrAL0/S8OlBB2xy9I/AAAAAAAAFCE/_CiKtXAseV4/s1600/infografico_guerras
.png Acesso em: 10 mai. 2010.
42



6.INTERNET E A COMUNICAÇÃO


         Como narra Pinho (2003, p.21), o principio da conectividade entre os
computadores teve seu inicio na Guerra Fria, quase sem querer, com um fato
aparentemente sem ligação com a questão. Em 1957, União Soviética colocou em
órbita o seu primeiro satélite espacial artificial, o Sputinik, e quatro meses depois, o
presidente norte-americano Dwight Eisenhower anunciava a criação da Advanced
Research Projects Agency (ARPA), ligada ao Departamento de Defesa, cuja missão
era pesquisar e desenvolver alta tecnologia para aplicações militares.
         Assim, como descreve o autor, A ARPA reuniu alguns dos mais brilhantes
cientistas, responsáveis pelo desenvolvimento e lançamento com sucesso em
dezoito meses, do primeiro satélite artificial dos Estados Unidos. Enquanto isso, a
Guerra Fria desencorajava a comunicação e colocava barreiras entre os países
capitalista e comunistas, criando uma política de profundo antagonismo. O
Departamento de Defesa norte-americano trabalhava arduamente preparando-se
para um eventual conflito entre as duas potências, sistematizando planos complexos
de comando e controle para que as altas patentes militares e os políticos pudessem
se comunicar e sobreviver no meio de uma guerra nuclear.
         A ideia era a criação de um sistema de comunicação não hierárquico, em
substituição ao sistema tradicional, e a implementação as redes de comutação de
pacotes, os quais garantiriam que o comando e o controle dos Estados Unidos
pudessem sobreviver no caso de um ataque nuclear maciço, destruindo o
Pentágono. E assim foi criada a ARPANET, que funcionava através de um sistema
conhecido como chaveamento de pacotes. O ataque inimigo nunca aconteceu, mas
dava início ao maior fenômeno midático do século 20 - único meio de comunicação
que em apenas 4 anos conseguiria atingir cerca de 50 milhões de pessoas. (PINHO,
2003).
         Em 29 de Outubro de 1969 ocorreu a transmissão do que pode ser
considerado o primeiro e-mail da história26. O texto desse primeiro e-mail seria
"LOGIN", conforme desejava o Professor Leonard Kleinrock da Universidade da
Califórnia em Los Angeles (UCLA), mas o computador no Stanford Research
Institute, que recebia a mensagem, parou de funcionar após receber a letra "O".

26
  Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Internet#cite_note-diariodigital-0 Acesso
em: 28 jan. 2010.
43



        Como descreve Bogo (2000),27 depois de algumas pesquisas, a ARPANET
mudou do NCP para um novo protocolo chamado TCP/IP (Transfer Control
Protocol/Internet Protocol) desenvolvido em UNIX. A maior vantagem do TCP/IP era
que ele permitia (o que parecia ser na época) o crescimento praticamente ilimitado
da rede, além de ser fácil de implementar em uma variedade de plataformas
diferentes de hardware de computador.
        Em 1990, segundo Pinho, mesmo ano em que o Brasil passou a conectar-se
com a rede mundial de computadores, ao lado da Argentina, Áustria, Bélgica, Chile,
Grécia, Índia, Irlanda, Coréia, Espanha e Suíça, a ARPAnet foi formalmente
encerrada, devido a superação de outras redes. Nascia então a Internet,
compreendendo 1.500 sub-redes e 250 mil hosts, pronta para entrar e fazer parte da
vida das pessoas comuns.
        Em 1991, a grande novidade da Internet foi a invenção da World Wide Web -
WWW – gestada pelo engenheiro Tim Berners-Lee no Laboratório Europeu de
Física de Partículas (CERN). A Web é provavelmente a parte mais importante da
Internet e, para muitas pessoas, a única parte que elas usam, classificam
praticamente, como um sinônimo. O método extremamente simples e eficiente do
sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem como
principais padrões o protocolo de comunicação HTTP28, a linguagem de descrição
de páginas HTML29 e o método de identificação de recursos URL30. (PINHO, 2003).
        A NSF cria o Internet Networ Information Center (InterNIC), que atribui
números de IP únicos a quem pedir e é também o gestor da raiz (topo da hierarquia)
do Domain Name System (DNS) mundial. A InterNIC ainda armazena informações
sobre a rede mundial e mantem um banco de dados com informações sobre toda a
comunidade da Internet.
        As taxas de crescimento da Internet aumentam de maneira continua e quase
exponencial, sendo até hoje o meio de comunicação com o menor período de
aceitação entre a descoberta e a sua difusão maciça, conforme mostra a tabela:



27
   Em: A história da Internet – Como tudo começou. Disponível em:
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=11&rv=Vivencia Acesso em: 20 mai. 2010.
28
   Hypertext Transport Protocol é o protocolo que define como dois programas/servidores devem interagir, de
maneira que transfiram entre eles comandos ou informações relativos ao WWW.
29
   Hypertext Markup Language é a linguagem padrão para escrever documentos Web, que contenham
informação nos mais variados formatos: texto, som, imagens, animação...
30
   É o localizador que permite identificar e acessar um serviço Web.
44



        Quadro 2: INTERVALO ENTRE A DESCOBERTA DE UM NOVO MEIO DE
                                 COMUNICAÇÃO E SUA DIFUSÃO


 Meio de Comunicação                   Tempo de Aceitação                               Datas
             Imprensa                         400 anos                      De 1454 ao século XIX
             Telefone                          70 anos                De 1876 até o período posterior à
                                                                           Segunda Guerra Mundial
               Rádio                           40 anos                  De 1895 até o período entre as
                                                                            duas Guerras Mundiais
             Televisão                         25 anos                  De 1925 até os anos de 1950
              Internet                          7 anos                         De 1990 até 1997
Fonte: Pinho (2003, p.38).


           Mas, como descreve Vieira (2003), o “começo” da Internet foi difícil, já que
desconhecida do público, requeria tempo para se obter algum conhecimento que
pudesse ser compartilhado com os interessados. E esse público restrito e pequeno
era basicamente formado por acadêmicos, profissionais de informática e geeks em
geral. É também por isso, que se diz que foi a época da evangelização das agencias
de propagandas, por exemplo.

           O World Internet Users and Population Stats31, apresenta uma pesquisa que
data de 30 de setembro de 2009 e divulga os números relacionados à Internet, até
então:




31
     Disponível em: http://www.internetworldstats.com/stats.htm Acesso em 28 jan.2010
45



                   Figura 4: ESTATÍSTICAS SOBRE O USO DA INTERNET




Fonte: Internet World Stats




          Figura 5: NÚMERO DE USUÁRIOS DE INTERNET, POR REGIÃO




Fonte: Internet World Stats
46



                       Figura 6: USO DA INTERNET, POR REGIÃO




Fonte: Internet World Stats




6.1 Afinal, o que é internet?

        Segundo Pinho (2003, p.41), o termo Internet vem da expressão inglesa
“Interaction or Interconnection between computer Networks” que quer dizer Interação
ou interconexão entre as redes de computador. Significa, simplificando, uma rede de
computadores conectados em diversos países dos seis continentes para
compartilhar      informações      e,    em    situações      especiais,     também   recursos
computacionais.
         Já para Rodrigues32, os principais benefícios em utilizar a internet merecem
ser lembrados ao usuário sempre que possível. Para ele, a internet ainda reavivou o
contato do cidadão com as instituições, e por isso deve-se estimular a cada instante
a opinião do usuário, já que ele é o termômetro de informações e serviços que você
disponibiliza.



32
  Em: “Check-list” sobre informação na Web. Disponível em:
http://www.arteccom.com.br/webdesign/downloads/25/3.pdf Acesso em: 02 abr. 2010.
47



6.2 Características da Internet como mídia

        A internet como suporte midiático propicia aos produtores de informação o
emprego simultâneo e/ou combinado de várias linguagens: a escrita, o som, a
imagem animada, a imagem estática, hiperligações que ajudam o leitor a
estabelecer seu próprio percurso de leitura, a editar informações que deseja receber
naquele momento específico da navegação.
        Um noticiário em “tempo real” (ou “real time”) não é, nem nunca foi o grande
avanço do jornalismo on-line. O século XX consagrou este estilo, através do rádio e
da televisão. O jornalismo on-line, como descreve Almeida(2008),33 é diferente de
outros formatos, porque é imperecível (não volátil como o rádio, a TV e outros
meios impressos) e porque é uma valiosa ferramenta de pesquisa, servindo como
banco de dados.
        Almeida (2008) descreve as características da Internet:

                    Quadro 3: CARACTERÍSTICAS DA INTERNET




                                             Ser Instantânea
                                              Ser Interativa
                                           Ser Memorialística
                                             Ser Multimídia
                                           Ser Personalizada
                                            Ser Hipertextual




 Fonte: Elaboração própria.


        Utilizando Almeida (2008), Canavilhas e Pinho (2003), podemos definir as
características da Internet:




33
  Professor Airton Lorenzoni Almeida, em “As características da internet como mídia”, disponibilizado aos
acadêmicos de jornalismo da faculdade Ibes Sociesc, para a disciplina de Jornalismo Digital em 2008/2.
48



 Instantaneidade: A rapidez do acesso, combinada com a facilidade de produção e
disponibilização, propiciadas pela digitalização da informação e pelas tecnologias
temáticas, permitem uma extrema agilidade de atualização do material dos jornais
da web. Isso possibilita o acompanhamento contínuo em torno do desenvolvimento
dos assuntos jornalísticos de maior interesse.


 Interatividade: Disponibilização de ferramentas que estimulam a interação entre
emissor e receptor, de forma bilateral e simétrica. Por exemplo, a utilização de
espaços para comentar a notícia, chats, fóruns, envio de material referente ao fato,
e-mails, entre outros. No caso de e-mails, eles podem tanto funcionar para o acesso
do leitor ao jornalista, quanto para que os leitores escolham temas que mais lhe
agradem e os recebam atualizados em seu e-mail.


 Memorialística: A memória vai além do simples arquivo, pois possibilita ligar uma
notícia aos seus antecedentes, de forma a enriquecer o jornalismo e a leitura on-line,
contextualizando os fatos e fenômenos jornalísticos. A memória na Web se contitui
em importante ferramenta para o jornalismo aprofundar e contextualizar novos fatos
jornalísticos.


 Multimídia: No contexto do Webjornalismo, a multimídia refere-se à convergência
dos formatos das mídias tradicionais, como imagem, texto e áudio, na narrativa do
fato jornalístico. Esta convergência torna-se possível em função do processo de
digitalização da informação e sua posterior circulação e/ou disponibilização em
múltiplas   plataformas   e   suportes,   em      uma   situação   de   agregação   e
complementaridade.


 Personalização: A personalização na Web resulta da integração do sistema de
edição em uma base de dados. Essa personalização é conseguida através do
registro, por parte do internautauta, em uma publicação ou por meio de RSS; os
internautas podem customizar e formatar não só o tema, mas também o visual do
seu jornal, quando o veículo dispõe do serviço.


 Hipertextualidade: Possibilita a interconexão de textos (inclusive fotos, áudios,
vídeos, infográficos) por meio de links, organizados em camadas de informação, o
PEC Mirella Gonçalves
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  • 1. 1 MIRELLA SABRINA GONÇALVES PROJETO EXPERIMENTAL EM COMUNICAÇÃO: Criação de um projeto para desenvolvimento e exposição de trabalhos jornalísticos - telejornalismo on-line – para a faculdade Ibes/Sociesc BLUMENAU - SC 2010
  • 2. 2 INSTITUTO BLUMENAUENSE DE ENSINO SUPERIOR IBES SOCIESC CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO PROJETO: TELEJORNALISMO ON-LINE MIRELLA SABRINA GONÇALVES PROJETO EXPERIMENTAL EM COMUNICAÇÃO: Criação de um projeto para desenvolvimento e exposição de trabalhos jornalísticos - telejornalismo on-line – para a faculdade Ibes/Sociesc Disciplina: Projeto Experimental em Comunicação Coordenadora do Projeto Experimental – Habilitação Jornalismo: Ofélia Torres Morales, Dra. Linha de Pesquisa: Novas Mídias Professor Orientador: Ofélia Torres Morales, Dra. BLUMENAU - SC 2010
  • 3. 3 Primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade de concluir mais essa etapa na minha vida. Agradeço também o apoio, as dicas, o incentivo e a paciência, todas as vezes em que eu precisei ficar só e me concentrar, dados pelos meus pais Hamilton e Bettina Gonçalves, pelo namorado Gabriel Marante, agradecendo também por toda ajuda profissional e pelas dicas e conselhos de calma, todas as vezes que eu achei que não conseguiria - e amigos, nesse momento tão importante. Por último, mas não por menos, agradeço as sugestões sempre relevantes da minha orientadora, Professora Ofélia Torres Morales, que me acompanha entusiasmada durante todo o trabalho, merecendo juntamente, os méritos do projeto.
  • 4. 4 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Pesquisa sobre o número de lares que possuíam televisão no Brasil, em 2002 ........................................................................................................................ 31 Figura 2: Modelo de infográfico – desenho .............................................................. 41 Figura 3: Modelo de infográfico – gráfico ................................................................. 41 Figura 4: Internet Usage Statistics - the internet big Picture .................................... 45 Figura 5: Número de usuários de Internet, por região .............................................. 45 Figura 6: Uso da internet, por região ........................................................................ 46 Figura 7: Web 1.0 X Web 2.0 ................................................................................... 58 Figura 8: Web 2.0 ..................................................................................................... 58 Figura 9: Sugestões de logos desenvolvidas para a “TV Ibes” ................................ 74 Figura 10: Logo “TV Unibes” .................................................................................... 75
  • 5. 5 LISTA DE QUAROS Quadro 1: Critérios de Noticiabilidade ..................................................................... 26 Quadro 2: Intervalo entre a descoberta de um novo meio de comunicação e sua difusão ...................................................................................................................... 44 Quadro 3: Características da Internet ...................................................................... 47 Quadro 4: Modelo de tabela de reserva de gravação da “TV Unibes” ..................... 69 Quadro 5: Quadro de programação semanal da “TV Unibes”................................... 72
  • 6. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 10 2 OBJETIVOS................................................................................................... 11 2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................ 11 2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 11 3 JUSTIFICATIVA............................................................................................. 12 4 JORNALISMO E A COMUNICAÇÃO............................................................ 13 4.1 GENEROS JORNALÍSTICOS......................................................................... 13 4.1.1 Informativos..................................................................................................... 13 4.1.2 Opinativo.......................................................................................................... 17 4.2 ESTRUTURA DA NOTÍCIA................................................................................ 19 4.2.1 Pauta................................................................................................................ 19 4.2.2. Coleta de dados.............................................................................................. 21 4.2.3 Fonte..............................................................................................................., 22 4.3 CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE.................................................................. 24 5 TELEVISÃO E COMUNICAÇÃO.......................................................................... 28 5.1 A TV NO BRASIL................................................................................................ 28 5.2 O TELEJORNALISMO NO BRASIL.................................................................... 30 5.3 A IMPORTÂNCIA DA TV NA VIDA CONTEMPORÂNEA.................................. 31 5.4 A TV DIGITAL NO BRASIL................................................................................. 32 5.5 TELEJORNALISMO............................................................................................ 33 5.5.1 O objetivo é ser compreendido........................................................................ 33 5.5.2 O texto jornalístico – Como escrever para TV................................................. 34
  • 7. 7 5.5.3 O texto escrito para ser falado........................................................................ 35 5.5.4 O texto coloquial.............................................................................................. 36 5.5.5 O texto e as imagens....................................................................................... 37 6 A INTERNET E A COMUNICAÇÃO..................................................................... 42 6.1 AFINAL, O QUE É INTERNET?......................................................................... 46 6.2 CARACTERÍSTICAS DA INTERNET COMO MÍDIA.......................................... 47 6.3 A INTERNET E O JORNALISMO....................................................................... 51 6.4 WEBJORNALISMO............................................................................................ 52 6.5 WEB 2.0 – BASICAMENTE, O QUE É?............................................................. 54 6.6 AS REDES SOCAIS........................................................................................... 59 6.6.1 Feedback – Retorno........................................................................................ 64 7 GLOSSÁRIO.......................................................................................................... 65 8 O PROJETO........................................................................................................... 67 8.1 DESENVOLVIMENTO......................................................................................... 69 8.2 OS PROGRAMAS...........;................................................................................... 70 8.2.1 O Ibes News..................................................................................................... 71 9 RELATO DE PRODUÇÃO..................................................................................... 73 9.1 PRÉ PRODUÇÃO............................................................................................... 73 9.2 PRODUÇÃO E REALIZAÇÃO............................................................................ 73 9.3 PÓS PRODUÇÃO............................................................................................... 86 10 CONSIERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 88 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 89 ANEXO A -
  • 8. 8 RESUMO O presente projeto visa o desenvolvimento de um espaço para que acadêmicos de jornalismo da faculdade Ibes/Sociesc tenham oportunidade de criar matérias, gravá-las, editá-las e em seguida, publicá-las em uma plataforma de convergência (blog), permitindo assim, que o acadêmico tenha chance de desenvolver trabalhos na área de telejornalismo, que podem, inclusive, contar futuramente para o seu currículo profissional. A ideia do projeto é o “faça você mesmo”, onde os são os próprios acadêmicos que desenvolverão todo conteúdo dos programas, passando assim por todas as fases da produção. Sabendo também que os custos para manter uma emissora de televisão são elevados, o projeto se propõe a acontecer na internet - meio que exige quase nenhum custo e pode atingir espectadores de todo o mundo. Palavras-chave: Jornalismo, Televisão, Internet, Linguagem telejornalistica, Webjornalismo, Critérios de Noticiabilidade.
  • 9. 9 ABSTRACT This project aims to develop a space for Ibes / Sociesc College's journalism students so they can have the opportunity to create reports, save, edit and publish them on a converged platform (blog), thus the student has a chance to develop work in the field of journalism, and even use it in the future in his professional resume. The idea of the project is "do it yourself", and the program content will be produced by the students themselves, passing through all phases of production. Aware that the costs to maintain a television station are high, the project suggests to place the transmission on the internet – a medium that requires practically no cost and can reach audiences around the whole world. Keywords: Journalism, TV, Internet, Telejournalism Language, Webjournalism, News Criteria.
  • 10. 10 1. INTRODUÇÃO Conhecida por sua relação “cara a cara” com o expectador, o telejornalismo se consolidou ao longo dos anos por possuir uma linguagem clara e difundir, tornando de fácil compreensão, as informações da sociedade. Em pleno século XXI, na era da modernização e tecnologia, nada é mais atual do que pensarmos em informação veloz, grande capacidade de armazenamento de conteúdo e fácil acesso à informações complementares: a internet. Pensando nisso e concluindo que a internet está mais presente na vida das pessoas do que necessariamente tempo disponibilizado para sentar à frente da TV e esperar o telejornal, é que este projeto de telejornalismo on-line se fortalece. Somando à um fator agravante e bem conhecido dos acadêmicos de jornalismo de Santa Catarina – a falta de oportunidades de estágio na área – é que a ideia de um espaço para fazer jornalismo na internet, ganha espaço. Pinho (2003) descreve a ascensão da internet: As tecnologias de comunicação periodicamente resultam em significativas transformações na sociedade e causam grandes mudanças de hábitos e comportamentos. Cada um no seu tempo, o telégrafo, o telefone e o aparelho fac-símile deixaram suas marcas no comércio, na vida profissional e no nosso cotidiano. Agora chegou a vez da Internet, oferecendo amplos recursos técnicos e um novo suporte para as mais diversas atividades. (PINHO, 2003, p. 57). Visando atingir o público alvo que já está habituado à tecnologia digital e que rotineiramente busca na internet as informações para manter-se atualizado sobre o que acontece na sociedade e no mundo a sua volta, é que esse projeto não deixa lacunas para questionamentos do tipo: “e quem não estiver conectado?” Aceitando a relação que se pressupõe entre acadêmicos tendo oportunidade de desenvolver suas aptidões jornalísticas, em um meio difundido e em crescimento constante, permitirá, em avaliação posterior, compreender e discutir o quanto um projeto desse caráter tornará real a possibilidade de apesar de se “começar pequeno”, fazer um telejornalismo on-line praticamente sem custo, numa instituição de ensino que não desenvolveu um canal de televisão, como acontecem com outras faculdades da região.
  • 11. 11 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Desenvolver um projeto que permita a criação, edição e publicação de matérias jornalísticas, em uma plataforma de convergência (blog), visando dar oportunidade para que acadêmicos de jornalismo da faculdade Ibes/Sociesc possam mostrar seu trabalho, ainda nos bancos de faculdade. 2.2 Objetivos específicos a) Apresentar definições sobre temas importantes relacionados a: Jornalismo, Televisão, Internet; b) Definir os critérios de noticiabilidade, baseados no conceito de telejornalismo; c) Oportunizar, com a execução do projeto, que os alunos coloquem a “mão na massa” e sejam integrantes/personagens de todo processo de criação de uma notícia, desde o desenvolvimento da pauta, até a edição e publicação; d) Desenvolver uma plataforma de convergência (blog) que comporte vídeos on- line; e) Criar um projeto piloto inovador e pioneiro na Instituição, que pode inclusive servir de base para aprimoramento e seqüência posterior; f) Mostrar na prática, que mesmo sem ter sido estabelecido e criado um canal de televisão da faculdade, é possível dar oportunidade aos acadêmicos de realizarem trabalho jornalístico, e o principal, sem os custos que um canal de TV exige.
  • 12. 12 3 JUSTIFICATIVA Partindo do pressuposto que as vagas para estágio na área de comunicação social, especificamente do jornalismo, são escassas, devido ao fato de muitas empresas não contratarem estagiários, observou-se uma lacuna que poderia ser muito explorada, se não dependesse de oportunidade de emprego, para que se possa então, adquirir experiência e por conseqüência, ter capacidade profissional para “brigar” e competir com outros jornalistas, numa vaga de emprego. Sabendo que os gastos e o custo de manutenção de uma emissora de TV são elevados, já que demandam a contratação de vários profissionais, desde jornalistas, pauteiros, repórteres, editores, produtores até de cargos técnicos, como exibidores – encontramos uma oportunidade de desenvolver a TV on-line da faculdade IBES, poupando todos esses custos, e com, entre outras, a grande vantagem de uma abrangência mundial, proporcionada pela comunicação do mundo global – a Internet. A grande ideia do projeto, é proporcionar que os alunos de jornalismo, coloquem a “mão na massa” e sintam na prática o que é todo processo comunicacional - tudo operado por ele, desde a gravação, edição e publicação na internet, não dependendo que a instituição/canal disponibilize vários outros profissionais para o desenvolvimento dessa TV. A escolha e definição de um programa jornalístico, no estilo telejornal chamado “Ibes News”, é o ponto de partida da “TV Unibes”, que certamente abrirá caminhos e oportunidades para que os acadêmicos de jornalismo adquiram experiência na área. Um projeto audacioso que surge no momento certo – a era da comunicação na internet – e irá reunir os principais conceitos de jornalismo, televisão e Web e claro, não proporcionará apenas visibilidade ao aluno, mas à Instituição de forma expressiva. O exemplo da TV on-line realizada na UERJ1, serviu como comprovação de que é possível realizar um projeto deste nível e obter sucesso. A “TV Unibes” começa modesta, mas com grande potencial para se tornar referência no Estado, dependendo apenas de alunos interessados. 1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.uerj.br Acesso em: 18 mar.2010.
  • 13. 13 4. JORNALISMO E A COMUNICAÇÃO 4.1 Gêneros Jornalísticos O autor e professor José Marques de Melo (2003), pesquisou e classificou os gêneros jornalísticos em: informativos e opinativo. E é partindo de sua classificação, que definiremos alguns conceitos, abaixo. 4.1.1 Informativos 4.1.1.1 A Notícia Segundo o Houaiss2, noticia é “1.informação a respeito de acontecimento novo, de mudanças recentes em alguma situação, ou do estado em que se encontra algo; nova, novidade”. Lage (1979) define notícia como uma forma de divulgação de fatos por meio da comunicação proposta pelo jornalismo. São fatos importantes, que merecem ser levados à conhecimento de um dado público e podem ser publicados em todos os meios de comunicação, respeitando claro, a factualidades destes, já que só podemos considerar notícia fatos novos e recém ocorridos – validade. No mais, a notícia pode servir como base para um aprimoramento e pesquisas, para outro gênero jornalístico chamado reportagem, que diferentemente da noticia, é planejada e obedece a uma linha editorial. A notícia, não. Como cita Sousa (2001), noticiabilidade é a capacidade que os fatos têm de virar ou não notícia e entre os principais e mais relevantes fatores, podemos citar: 1. Proximidade: Quanto mais próximo ocorrer um acontecimento, mais probabilidades tem de se tornar notícia. A proximidade pode assumir várias formas: geográfica, afetiva, cultural, etc; 2. Momento do acontecimento: Quanto mais recente for um acontecimento, mais probabilidades tem de se tornar notícia. 3. Significância: Quanto mais intenso ou relevante for um acontecimento, quantas mais pessoas estiverem envolvidas ou sofrerem consequências, 2 Mais completo dicionário de língua portuguesa. Definição de notícia disponível em: <http://dic.busca.uol.com.br/result.html?t=10&ref=homeuol&ad=on&q=not%EDcia&group=0> Acesso em 12. jan.2010.
  • 14. 14 quanto maior for a sua dimensão, mais probabilidades tem de se tornar notícia.; além disso, quanto menos ambíguo for um acontecimento, mais probabilidades tem de se tornar notícia; 4. Proeminência social dos sujeitos envolvidos: Quanto mais proeminentes forem as pessoas envolvidas num acontecimento, mais hipóteses ele tem de se tornar notícia. A notícia caracteriza-se por uma linguagem direta, clara, simples e adequada ao público alvo. O uso da narração permite a ideia da descrição do fatos ocorridos, como ao noticiar um acidente ou assalto, por exemplo. (LAGE, 1979; MARQUES DE MELO, 2003; PEREIRA JR, 2005;) Dada sua devida importância, que na prática ela vem para informar acontecimentos recentes ou relevantes, isso é de fácil compreensão, mas ao nos depararmos com a ideia de ser um fato importante, é preciso definir o que “é importante” e assim sucessivamente – reduzindo a área de discussão até chegarmos ao que Lage (2001, p.54) chama de conceitos abstratos de verdade ou interesse humano. Por esses conceitos podemos entender a real importância de levar determinada notícia à conhecimento da população, focando na relevância. Lage (1979, p.37) define ainda dois componentes básicos para uma boa produção. 1. uma organização relativamente estável - o componente lógico; 2. elementos escolhidos segundo critérios de valor essencialmente cambiáveis, que organizam a notícia – o componente ideológico. Não há como definir e “fechar” uma lista de critérios necessários para identificar se tal fato é então notícia, já que certamente é uma lista variável. Mas é possível classificar, segundo Erbolato (1991, p.61-63), grande parte dos temas nas seguintes categorias de relevância identificando-os por assuntos, tais como: 1. Impacto: É o “abalo moral” provocado; 2. Proeminência: Sempre que se referir a pessoas importantes e que de alguma forma possa interferir no cotidiano, haverá interessados;
  • 15. 15 3. Utilidade pública: Tudo aquilo que de alguma forma interessa a população, como serviços, informações importantes. 4. Interesse humano: Descobertas da ciência, acidente que congestionou o trânsito na rua Sete de Setembro. Aqui vale ressaltar uma boa descrição e apuração dos fatos junto aos socorristas e testemunhas. Assim, utilizando critérios como os apresentados acima para exemplificar, é possível, para Erbolato (1991), garantir que uma informação se tornará uma notícia que atingirá seu objetivo, ou seja, será de interesse dos expectadores. 4.1.1.2 Reportagem Podemos definir, baseando-se nos conceitos de Lage (2001), reportagem como um gênero jornalístico baseado no acompanhamento e apuração dos fatos, com testemunhos diretos, geralmente contato por participantes da ação ou testemunham, além de um nível de aprofundamento programado, maior e mais específico que a notícia. Previamente roteirizada na redação, a reportagem pode servir tanto de complemento em outro momento, sobre uma notícia divulgada, como também torna- se tema investigativo – como acontece na maioria dos casos – em que se parte de um fato para revelar outros mais ou menos ocultados e, através deles, determinar o perfil de uma situação e assim então, o seu interesse jornalístico. Querendo definir, com um tom de bom humor, o que é reportagem, que Rossi (1980, p.10) diz que: Reportagem é uma coisa paradoxal, por se tratar, ao mesmo tempo da mais fácil e mais difícil maneira de viver a vida. Fácil porque, no fundo, a reportagem é apenas a técnica de contar boas histórias. Todos sabem contar boas histórias [...] e difícil porque persegue esse ser chamado verdade, quase sempre inatingível ou inexistente [...] que corre o risco de não conseguir captá-los. Até mesmo Lage (1979), vê dificuldades em diferenciar precisamente a reportagem de notícia, já que ambos caminham lado a lado: Não é fácil definir a reportagem, uma vez que a mesma pode ser uma complementação de uma notícia ou partir de situações que não sejam notícias, mas que sejam de interesse do público.
  • 16. 16 Ele ainda define os tipos de reportagem em: a) tipo investigativo: parte de um fato, revelando outros; b) tipo interpretação: observa-se os fatos sob a perspectiva metodológica de uma dada ciência (por exemplo sociológicas e econômicas); e c) o tipo que busca apreender a essência do fenômeno, aplicando técnicas literárias na construção de situações e episódios narrados. (LAGE, 1979, p.34) Alguns fatores são imprescindíveis para uma boa reportagem, como a definição clara do tema, o que quer contar, o que está tentando dizer. Mais importante do que o que o jornalista irá dizer, é dar voz e deixar que as pessoas próximas contem a história, É importante também ouvir especialistas e fontes oficiais, para fazer o contraponto da matéria. Tantas vezes vemos reportagens que deixam lacunas, perguntas que não foram respondidas. Para evitar isso, traçar um plano de ação definindo quais questões precisam ser abordadas antes de sair da redação, pode ser uma ótima alternativa. E nessa, se colocar no lugar do telespectador, ajuda. (FERRARETO, 2001; MARQUES DE MELO, 2003; REZENDE, 2000). O repórter, como define Philippe Gaillard3, constitui-se de uma testemunha profissional, um investigador, que em vez de prestar contas a uma administração, as presta ao público. E segundo Ferrareto (2001), o repórter precisa, acima de qualquer coisa, unir capacidade de observação, com habilidade na comunicação. 4.1.1.3 Entrevista Rezende (2000, p.157) descreve entrevista como o dialogo que o jornalista mantém com o entrevistado, com o objetivo de extrair informações, idéias e opiniões a respeito de fatos, questões de interesse público e/ou aspectos da vida pessoal do entrevistado. Luiz Beltrão4 faz uma definição semelhante à de Rezende, resumindo entrevista como "a técnica de obter matérias de interesse jornalístico por meio de perguntas e respostas". E é a partir desta ideia que antes de uma entrevista deve- se indagar e pesquisar informações do tipo: “quem é o entrevistado e o que ele faz”. Para o sucesso de uma entrevista, a pauta pode assegurar que o repórter não fique 3 GAILLARD, Philippe. “O jornalismo”. Lisboa: Europa-América, 1979. p.49. 4 BELTRÃO, Luiz. “A Imprensa Informativa". São Paulo: Folco Masucci.
  • 17. 17 perdido sem saber o que perguntar, ou evitar que sejam feitas perguntas óbvias. Questionar-se sobre o que espera da entrevista e qual a informação precisa ser esclarecida, pode garantir um bom trabalho. O tipo de entrevista varia conforme o veiculo de comunicação e é falando em televisão que Bistane & Bacellar (2005) aconselham a deixar o equipamento de lado, em um primeiro momento, para conquistar a confiança do entrevistado: Quem não está acostumado a falar para a televisão costuma ficar intimidado com o microfone e a câmera. O bate-papo com o repórter serve também para descontrair o entrevistado, deixá-lo mais a vontade. (...) Uma simples pergunta, sem muitas pretensões, pode garantir um “furo” de reportagem. (BISTANE; BACELLAR, 2005, p. 17). 4.1.2 Opinativo 4.1.2.1 Editorial Segundo o Glossário de Jornalismo do Manual de redação do O Globo 5, Editorial é: “Texto com a opinião da publicação. Não vem assinado e geralmente, localiza-se diariamente na 2ª ou 3ª página do jornal.” Objetividade e imparcialidade não são características desse tipo textual, uma vez que o redator dispõe da opinião do jornal sobre o assunto narrado. Tem o objetivo de informar, mas sem obrigação de ser neutro, indiferente. O editorial possui um fato e uma opinião. O fato informa o que aconteceu e a opinião transmite a interpretação do que aconteceu. Há editorias que comentam assuntos que serão apresentados posteriormente no veículo – no caso das revistas, por exemplo. A linguagem dos editorias é direta – mais próximo possível do seu expectador, uma vez que é um gênero opinativo. (MARQUES DE MELO, 1985; PATERNOSTRO, 1999) 4.1.2.2 Comentário O comentário geralmente parte de uma assunto já abordado no veículo e vem para expressar opinião. Muitas vezes, as informações partem unicamente do ponto de vista do comentarista, e por tanto, muitas vezes não são e não devem ser 5 Disponível em: oglobo.globo.com/quemle/Programa/glossario_de_jornalismo.doc Acesso em 16. jan.2010
  • 18. 18 entendidas/confundidas com informações apuradas. Para Marques de Melo (1997 apud REZENDE 2000), comentário é um matéria jornalística em que um jornalista especializado em determinada assunto (economia, política, esporte) faz uma análise, uma interpretação de fatos do cotidiano. 4.1.2.3 Artigo Para Lage (2004, p.68), artigo é o texto jornalístico interpretativo ou opinativo, geralmente assinado e com fundamentação explicita. Assim como o comentário, aprofundam aspectos relativos a fatos de maior repercussão no momento. Contêm análises, críticas, contrapontos, e às vezes até humor. Diferente do editorial, muitas vezes, os artigos não refletem a opinião do jornal. 4.1.2.4 Resenha crítica A resenha é uma produção textual que expressa a opinião do autor sobre determinado fato. Rica em descrição, a resenha muitas vezes é confundida com uma crítica no sentido primário da palavra, simplesmente pelo nome. Não confundir é um fator importante quando se quer definir o gênero, e assim ter a ideia correta para começar a escrever um bom texto. Além de dar uma resumida nos assuntos tratados e apresentar o maior número de informações sobre o trabalho, darão uma ideia do que se trata a obra, para que o leitor defina e oriente seu grau de interesse pelo assunto. (BARBOSA, 2002; RABAÇA, 2002). 4.1.2.5 Crônica Como define a professora Alfredina Nery6, assim como a fábula e o enigma, a crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), ela narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Elas que podem ser: descritivas, dissertativas, narrativas, humorísticas, poéticas, históricas, narrativas, entre outras. 6 Alfredina Nery é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u18.jhtm Acesso em 16. jan 2010
  • 19. 19 4.1.2.6 Caricatura Como define Marques de Melo (1985), o gênero opinativo também pode ser expresso com humor. E é aí que aparecerem as caricaturas. Comuns nos jornais e em sites especializados na internet, aparecem geralmente em forma de tirinhas, charges ou quadrinhos, acompanhado de texto, ou não (quando o desenho dá conta de passar a ideia sozinho). 4.1.2.7 Carta Ainda segundo Marques de Melo (1985), com sessões especialmente destinadas à Carta do Leitor, são nos meios impressos que esse gênero tem mais espaço. Carregadas de opinião e informações complementares sobre determinado assunto abordado em edições anteriores, elas dão voz ao leitor, que ganha um espaço para se expressar. 4.2 Estrutura da Notícia 4.2.1 Pauta Segundo Kopplin (2001), pauta é a base da do trabalho do repórter, e não deve ser encarada como uma imposição. Ela representa na realidade, um ponto de partida que indica por onde começar o trabalho. Antigamente, o responsável por ela era o pauteiro, mas hoje, com a condensação das redações, são os editores ou os próprios repórteres que a determinam. Há ainda agências e assessorias de imprensa que encaminham diariamente pautas sobre seus clientes, na intenção de que alguma delas possa virar notícia. (CARVALHO, 2009; CHINEM, 2003). Já Rossi (1986, p.80) define pauta como um instrumento que é utilizado para orientar os repórteres e para informar os editores sobre o que está sendo produzido. Ele diz ainda, que nela devem conter todos os detalhes que puder, afim de guiar o
  • 20. 20 profissional na execução da melhor matéria. Para ele, as pautas devem conter os seguintes itens: 1. Cabeçalho: Ali deve estar o nome do repórter e a data da elaboração da pauta. Para ajudar, palavras-chave que indiquem o tema aparecem aqui também. 2. Tema: Definir o que será abordado, qual assunto, objeto a ser pesquisado. 3. Resumo: Aqui deve-se fazer uma contextualização do tema, para situar o repórter que muitas vezes pode não estar a par do assunto. Em uma média de 15 linhas é possível justificar o tema, sua relevância e apresentar algum histórico relacionado, se houver. No caso de sugestões de matérias recebidas por release, ele pode aparecer aqui como base para o ponto de partida da matéria. 4. Foco/Direcionamento: Deixe claro para o repórter qual o enfoque que a matéria terá. Isso o auxiliará no desenvolvimento das perguntas e o direcionamento dado. Podem conter também algumas sugestões de perguntas. 5. Fonte: Indique algumas fontes. O repórter sairá da redação com pelo menos uma direção de por onde começar. Além do nome e cargo deve conter na pauta o endereço e telefone do contato. Isso poupará tempo e ganhará para realizar a matéria. 6. Anexos: Caso o pauteiro tenha feito alguma pesquisa ou possua recorte de jornal/revista ou texto retirado da internet poderá anexar na pauta – que funciona também como direcionamento e contextualização histórica do tema. Gramático (2002) define o papel do pauteiro: O trabalho do pauteiro é essencial numa redação. Quanto mais criativo ele for, melhores serão as pautas sugeridas, mas os repórteres devem ser bem informados e criativos, para não ficarem dependentes só das informações contidas nas pautas e releases. (GRAMÁTICO, 2002, p.87) Ferraretto7 (2001) define se os assuntos merecem cobertura e de que forma isto vai ocorrer, usando os seguintes parâmetros: sua experiência pessoal; as informações recebidas pela emissora; as sugestões dos repórteres a partir de pautas anteriormente realizadas; 7 Em: “Feraretto - A Pauta” Disponível em: http://www.4shared.com/dir/4777415/b4d8b793/TREPJ.html Acesso em: 20 mai 2010.
  • 21. 21 os critérios de validação jornalística do fato como notícia; a linha editorial da empresa; o público da emissora. A pauta se generalizou por toda a imprensa brasileira com a industrialização plena do setor na década de 1970. No entanto, apenas uma boa pauta não garante que se obtenha uma boa matéria. Sobre isso, Lage (2001) destaca: O êxito de uma pauta depende essencialmente de quem a executa. O trabalho de reportagem não é apenas o de seguir um roteiro de apuração e apresentar um texto correto. Como qualquer projeto de pesquisa, envolve imaginação, insigth: a partir dos dados e indicações contidos na pauta, a busca do ângulo (às vezes apenas sugerido ou nem isso) que permita revelar uma realidade, a descoberta de aspectos das coisas que poderiam passar despercebidas. (LAGE, 2001, p.35). Indispensável nas redações, nos dias de hoje, a pauta é o começo de uma matéria, e deve ser realizada mesmo que tudo pareça muito simples. É praticamente a garantia de que a matéria não sairá da ideia inicial, proposta e esperada pelos editores e pelo veículo. (ERBOLATO, 1978; FERRARETTO, 2001; LAGE, 1979). 4.2.2 Coleta de dados Tendo determinada a pauta, o jornalista precisa começar a planejar sua matéria, e aí entram as pesquisas e a coleta de dados. Para Lage (1979), seja com entrevistas, enquetes, observação participante ou não, é nesse momento que o texto vai ganhando forma e proporções. Vale lembrar que a técnica da observação não consiste apenas em ver e ouvir tudo, mas em analisar e examinar depois. No jornalismo, utiliza-se principalmente as chamadas “pesquisas de campo”, que permitem um contato com a fonte. Podemos definir assim: 1. Descritivas: Analisam e descrevem a natureza do produto de estudo. 2. Exploratórias: Partem de um foco e buscam desvendar os fatores determinantes para compreender e exploração um determinado assunto. Em suma, destina-se a esclarecer o fato.
  • 22. 22 4.2.3 Fonte Tão importante para completar o processo de coleta de dados, são as fontes que validam e dão veracidade ao que for apurado, comentado e levantado. No jornalismo, as fontes podem ser pessoas falando por si, ou alguém respondendo oficialmente por algum órgão público, instituição ou as próprias assessorias de imprensa. Todo repórter deve ter uma relação de confiança com possíveis fontes, além de um caderninho com telefones, endereços e hoje em dia, claro, o e-mail. Esse é um grande diferencial, altamente reconhecido e valorizado, que diferencia os profissionais mais capacitados. (CHINEM, 2003; ERBOLATO, 1991; FERRARETTO, 2001). Para Erbolato (2001, p.245), fonte pode ser “qualquer pessoa que possa prestar informações ao jornalista para fins de noticiário”. Ainda segundo Erbolato, elas podem ser: 1. Diretas: São as pessoas envolvidas ou notas oficiais a respeito do assunto. 2. Indiretas: São pessoas que, por dever profissional, sabem de um fato circunstancialmente. Da mesma forma são classificados os documentos ligados ao assunto coberto pelo veículo. 3. Adicionais: São fontes complementares, que agregam alguma informação extra. Pena (2005) define fonte testemunhal, fonte primária e fonte secundária: Como o próprio nome já diz, fonte testemunhal tem relação direta com o fato, já que é sua testemunha. Mas é preciso lembrar que seu relato será sempre mediado pela emoção, pelos preconceitos, pela memória e pela própria linguagem. Testemunha é apenas uma perspectiva de um fato, jamais sua exata e fiel representação. Por sua relação direta, ela está classificada como fonte primária. Já a fonte secundária é usada para contextualizar a reportagem. Em uma matéria sobre a guerra no Iraque, por exemplo, os soldados e moradores de Bagdá seriam fontes primárias, enquanto cientistas políticos e analistas seriam as fontes secundárias. (PENA, 2005, p.64). Até então, a constituição reservava uma parte importante para a imprensa. Era ela que assegurava o respeito e a liberdade de expressão, mas também o sigilo
  • 23. 23 das fontes. É a Lei da Imprensa8. Lei n.º 5.250, e 09/02/1967, ou Lei de Imprensa. Art. 71 (LEI DE IMPRENSA): Nenhum jornalista ou radialista, ou, em geral, as pessoas referidas no art. 25, poderão ser compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte de suas informações, não podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer sanção, direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade. Art. 5º, XIV (Constituição Federal/1988) É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Após uma longa discussão a Lei de Imprensa foi revogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não tem mais validade. Isso quer dizer que todos os processos que tramitavam por causa da lei de imprensa estavam suspensos e agora foram extintos. Não há lei nova que regule qualquer coisa nesse sentido. Assim, utiliza-se, por exemplo, os crimes contra honra do Código Penal e a Constituição Federal no que se refere as liberdades, inclusive, de expressão, e violação contra os direitos das pessoas (uso da imagem, direitos da personalidade entre outros). Segundo o Supremo Tribunal Federal, mesmo com o com o fim da Lei de Imprensa, revogada no dia 30 de abril de 2009, o jornalista continua tendo o sigilo da fonte garantido9. 8 Disponível em: http://www.consciencia.net/2004/mes/03/imprensa-lei.html Acesso em: 17. jan 2010 9 Notícia disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/seis-ministros-votam-pelo-fim-lei-imprensa- 467557.shtml Acesso em: 15 fev. 2010.
  • 24. 24 4.3 Critérios de Noticiabilidade Com freqüência, emprega-se como sinônimos os conceitos de noticiabilidade, valor-notícia e seleção de notícias. É no percurso dessa longa cadeia produtiva da notícia que devemos investigar a rede de critérios de noticiabilidade, compreendendo noticiabilidade (newsworthiness) como todo e qualquer fator potencialmente capaz de agir no processo da produção da notícia, desde características do fato, julgamentos pessoais do jornalista, cultura profissional da categoria, condições favorecedoras ou limitantes da empresa de mídia, qualidade do material (imagem e texto), relação com as fontes e com o público,fatores éticos e ainda circunstâncias históricas, políticas, econômicas e sociais. (Silva, 2004; Wolf, 1987). Tal entendimento nos leva ao conceito que Wolf 2003 apud SILVA, 2004, p.96) estabelece - Critérios de noticiabilidade: a) na origem dos fatos (seleção primária dos fatos/valores-notícia), b) no tratamento dos fatos, centrando-se na seleção hierárquica dos fatos e levando-se em conta, além dos valores-notícia dos fatos escolhidos, fatores inseridos dentro da organização, c) na visão dos fatos, a partir de fundamentos éticos, filosóficos e epistemológicos do jornalismo, compreendendo conceitos de verdade, objetividade, interesse público e imparcialidade. Essa relação, de fato, não funciona isoladamente. Na prática da produção noticiosa, todos esses critérios variados de noticiabilidade atuam em conjunto. Wolf (2003, p.195 apud SILVA, 2004) é um dos autores que explica noticiabilidade como resultado da cultura profissional e seus valores como també m da organização do trabalho. A noticiabilidade é constituída pelo complexo de requisitos que se exigem para os eventos – do ponto de vista da estrutura do trabalho nos aparatos informativos e do ponto de vista do profissionalismo dos jornalistas –, para adquirir a existência pública de notícia. É seguindo os conceitos de Lage (2001 apud SILVA, 2004, p.103) que norteamos o trabalho, definindo a partir de então os seis critérios que, segundo ele, auxiliam os jornalistas a decidir quais acontecimentos serão notícia. E são:
  • 25. 25 Proximidade Atualidade Identificação Social Intensidade Ineditismo Identificação humana Ele classifica ainda, os critérios de valor-noticia, citados no começo, como relativos à: 1. Conteúdo: Importância e interesse do público, sobre a notícia 2. Produto: Relativo a disponibilidade das informações e características destas 3. Medium: Nomeia-se assim, os critérios relativos ao público e a concorrência Segundo Wolf (2003 apud SILVA, 2004) o resultado de um trabalho é o valor da organização desse trabalho, e cita: Sendo assim, o produto informativo parece ser resultado de uma série de negociações, orientadas pragmaticamente, que têm por objeto o que dever ser inserido e de que modo dever ser inserido no jornal, no noticiário ou no telejornal. Essas negociações são realizadas pêlos jornalistas em função de fatores com diferentes graus de importância e rigidez, e ocorrem em momentos diversos do processo de produção. (WOLF 2003, p.200 apud SILVA, 2004, p.97). Com essas informações percebemos que o jornalista é uma espécie de “chave”, que decide o que será ou não publicado. Esse é o objeto de estudo da teoria do gatekeeper10. Outro estudo relacionado as informações divulgadas é a teoria do agenda-setting que estuda a seleção das pautas a serem discutidas durante semanas/meses. (CHINEM, 2003; KUNCZIK apud SILVA, 2004). Apesar de tomar como base o pensamento de Mauro Wolf, encontramos um quadro11, feito por pesquisadores da comunicação, que relacionam a visão de vários 10 Os estudos sobre os gatekeepers ("guardiões do portão") analisam o comportamento dos profissionais da comunicação, de forma a investigar que critérios são utilizados para se divulgar ou não uma notícia. Isso porque estes profissionais atuariam como guardiões que permitem ou não que a informação "passe pelo portão", ou melhor, seja veiculada na mídia 11 A força da Notícia local. Disponível em: http://encipecom.metodista.br/mediawiki/index.php/A_for%C3%A7a_da_not%C3%ADcia_local:_a_proximidad e_como_crit%C3%A9rio_da_noticiabilidade Pág 6 Acesso em: 19. Jan 2010
  • 26. 26 autores sobre os Critérios de Noticiabilidade, e achamos útil, a título de pesquisa e complemento, compartilhar. Quadro 1: CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE Autor Categorias de Noticiabilidade Carrol Warren Elementos básicos da notícia: atualidade, proximidade, proeminência, curiosidade, conflito, suspense, emoção, conseqüências. Fraser Bond (1962) Valor notícia: oportunidade, proximidade, tamanho, importância. Elementos de interesse da notícia: interesse próprio, dinheiro, sexo, conflito, o incomum, culto do herói e da fama, expectativa, interesse humano, acontecimentos que afetam grandes grupos organizados, disputa, descoberta e invenção, crime. Luiz Amaral (1969) Atributos fundamentais: atualidade, veracidade, interesse humano, amplo raio de influência, proximidade, raridade, curiosidade. J. Galtun e M. Ruge (1965) Critérios de noticiabilidade: momento do acontecimento, intensidade ou magnitude, inexistência de dúvidas sobre o seu significado, proeminência social dos envolvidos, proeminência das nações envolvidas, surpresa, composição tematicamente equilibrada do noticiário, proximidade, valores sócio-culturais, continuidade Mar de Fontcuberta (1993) Interesse do público: atualidade, proximidade, proeminência, conflito,conseqüências. Mario Erbolato (1978) Critérios de notícia: proximidade, marco geográfico, impacto, proeminência (ou celebridade), aventura e conflito, conseqüências, humor, raridade, progresso, sexo e idade, interesse pessoal, interesse humano, importância, rivalidade, utilidade, política editorial do jornal, oportunidade, dinheiro, expectativa ou suspense, originalidade, culto de heróis, descoberta e invenções, repercussão, confidências. Natalício Norberto (1969) Valor notícia: interesse pessoal (dinheiro, sexo, solidariedade); interesse pelo próximo; proximidade; o incomum (conflito, crimes, expectativa, objetividade); tamanho; importância; oportunidade. Nilson Lage (2001) Critérios de avaliação: proximidade, atualidade, identificação social, intensidade, ineditismo, identificação humana. P. J. Shoemaker (1991) Critérios de noticiabilidade: oportunidade, proximidade, importância, impacto ou consequência, interesse, conflito ou
  • 27. 27 controvérsia, negatividade, freqüência, dramatização, crise, desvio, sensacionalismo, proeminência das pessoas envolvidas, novidade, excentricidade, singularidade. Teun A. van Dijk (1990) Valores jornalísticos: novidade, atualidade, pressuposição, consonância, relevância, desvio e negatividade, proximidade. Fonte: Fernandes12 12 Mário Luiz Fernandes, Professor do curso de Jornalismo Univali/SC. Disponível em: http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/4/40/GT1-16_-_A_forca_da_noticia_local-Mario.pdf Acesso em: 17 mai. 2010.
  • 28. 28 5. TELEVISÃO E A COMUNICAÇÃO 5.1 A TV no Brasil Pensar na chegada da televisão no Brasil é lembrar de um nome muito conhecido que fez parte disso tudo – Chateaubriand. Polêmico, ousado, corajoso, Francisco Assis Chateaubriand na década de 50, era o que se podia chamar de o proprietário do primeiro império da comunicação no país: Diários e Emissoras Associadas, uma empresa que incorporava vários jornais, revistas e emissoras de rádio. Uma empresa que cresceu e se desenvolveu a partir do momento em que o jovem jornalista que começou sua carreira no O Correio da Manhã em 1917, comprou O Jornal, no Rio de Janeiro, em 1924. (PATERNOSTRO, 1999). Rezende (2000), descreve que nessa época, o rádio que no Brasil nasceu como um meio de comunicação de elite, já tinha se tornado uma coqueluche nacional, lançando sucesso e criando ídolos, mas entrando na fase final da chamada “época de ouro do rádio brasileiro”. Ainda assim, era um importante veiculo de comunicação de massa, com uma audiência mantida pela programação variada das emissoras, que incluía shows, esporte, noticiários, novelas e programas de auditório. Como conta Paternostro (1999, p.28), Assis Chateaubriand queria aumentar seu conglomerado e para isso resolveu trazer a televisão para o Brasil. Como na época o equipamento não era produzido no país, toda a aparelhagem teve de ser trazida dos Estados Unidos. Uma antena foi instalada no alto do edifício do Banco do Estado de São Paulo para retransmitir as imagens que viriam dos estúdios montados no prédio dos Diários e Associados. Existem poucos registros dessa época, mas, segundo a autora, uma data marca a inauguração oficial da primeira emissora de TV no país – 18 de setembro de 1950. Nesse dia entrava no ar a PRF-3 TV Difusora, depois TV Tupi de São Paulo. Ainda segundo Paternostro (1999), em se tratando da primeira transmissão, controvérsias giram em torno da primeira aparição. Em 1939, técnicos alemães já traziam algumas demonstrações em uma feira de novidades, de um sistema de transmissão de imagens utilizando uma câmera e um receptor. Logo na década de 1940 houve uma apresentação pública do sistema no Museu de Arte em São Paulo e em 1946, no Rio de Janeiro, a Rádio Nacional, fez algumas experiências e
  • 29. 29 transmitiu imagens do programa Rua 42: técnicos franceses exibiram seus equipamentos, transmitindo o que acontecia no estúdio da Nacional para televisores instalados em locais determinados. Em 20 de setembro de 1950, como narra Rezende (2000, p. 105), dois dias depois de seu nascimento, a estação pioneira de TV no Brasil, a TV Tupi, canal 6 de São Paulo, lançava ao ar a edição inaugural de seu primeiro telejornal: Imagens do Dia. Até o final da década de 50, funcionavam as TVs Tupi, Paulista (1952) e Record (1953), em São Paulo, e Tupi Rio (1955) e Excelsior (1959) no Rio e Janeiro e a TV Itacolmi (1956) em Belo Horizonte, como cita Paternostro (1999), que lembra que a TV surgia como uma ótima oportunidade para vender marcas e produtos. Eles foram introduzidos no nome de quadros e programas, como Grande Gincana Kibon, Espetáculos Tonelux, Divertimentos Ducal, Concertos Musicais Mercedes Benz... Em 1965 surge a emissora das Organizações Globo, do Rio de Janeiro. No dia 1º de setembro de 1969, entra no ar o Jornal Nacional, transmitida via Embratel – um sistema de microondas que a Globo aderiu para a utilização de satélites de telecomunicações, o Intelsat, que permitia a estrutura para as redes nacionais de televisão. Seguindo esse crescimento, 1962 tem início a transmissão em cores no Brasil, quando a TV Excelsior de São Paulo transmite no Sistema NTSC o programa Moacyr Franco Show. (JUNIOR, 2002; PATERNOSTRO, 1999; REZENDE, 2000). Segundo Bittencourt (2007, p.217) com o advento do videotape foi permitido a edição posterior dos programas, evitando os problemas e surpresas ao vivo. O videotape permitiria a organização do uso do tempo na televisão e a melhoria nas condições de produção. O Telejornal Brasil introduz a figura do âncora no telejornalismo brasileiro, que segundo Paternostro (1999, p.34), embora consagrado nos telejornais norte- americanos, ainda não existia por aqui. O TJ Brasil se contrapõe ao Jornal Nacional, que permanece na liderança da audiência. Mesmo assim, o TJ consegue imprimir sua marca e leva as emissoras a reformular o formato de seus telejornais. A década de 90, como ressalta a autora, ficou marcada pelo “vale-tudo” das emissoras brasileiras, em nome da conquista de pontos nos índices de audiência.
  • 30. 30 5.2 O telejornalismo no Brasil O primeiro telejornal da TV brasileira foi o Imagens do Dia e nasceu junto com a TV Tupi de São Paulo, em 1950. Mas o primeiro telejornal de sucesso, foi o Repórter Esso, que estreou em 1953 também na Tupi e ficou no ar por quase 20 anos. O Jornal Nacional é o que está no ar por mais tempo, desde 1969 e até hoje é líder na audiência, no horário. (PATERNOSTRO, 1999) Reunindo os autores Rezende (2000); Paternostro (1999) e Sodré (1999), conseguimos a relacionar cronologicamente, alguns telejornais que são ponto de referência na história: Imagens do Dia: 1950 – TV Tupi de São Paulo O Repórter Esso: 1953 a 1970 – TV Tupi de São Paulo Edição Extra: Primeiro telejornal no horário vespertino - TV Tupi de São Paulo Jornal de Vanguarda: 1962 – TV Excelsior do Rio de Janeiro Show de Notícias: 1963 a 1964 – TV Excelsior de São Paulo Jornal Nacional: 1969 – TV Globo do Rio de Janeiro Bom dia São Paulo: 1977 – TV Globo de São Paulo TV Mulher: 1980 – TV Globo de São Paulo Bom dia Brasil: 1983 – Rede Globo TJ Brasil: 1988 – SBT Aqui e Agora: 1991 a 1997 - SBT Jornal da Band: 1997 – TV Bandeirantes de São Paulo No início de sua história, a linguagem do telejornal era mais próxima à do rádio. Com frases eram longas e muitos detalhes sobre os assuntos enfocados, o locutor passava os acontecimentos como eles ocorriam e dava ao conteúdo todos os detalhes e adjetivos possíveis. Por esse quadro, o programa de maior sucesso da década de 1950 o “Repórter Esso” comandado por Kalil Filho, se transformou num grande sucesso na TV. O ícone do rádio foi transmitido pela primeira vez na TV, em 17 de junho de 1953, em São Paulo, apresentando 33 minutos de duração. Com a famosa frase “Aqui fala o seu Repórter Esso – testemunha ocular da história”. (PATERNOSTRO, 1999).
  • 31. 31 Como define Rezende (2000), em sua primeira fase, a TV no Brasil “era totalmente baseada na fala, com pouca visualização”. A programação televisiva apresentava um baixo índice de noticiários, “[...] porque na competição com o rádio ela perdia em relação à instantaneidade”. (FURTADO, 1988, p.60 apud REZENDE 2000). 5.3 Importância da TV na vida contemporânea A televisão se tornou um meio de comunicação popular e por isso indispensável nos lares brasileiros. Parece impossível imaginar a vida nos dias atuais sem ela. Chaves (apud PATERNOSTRO 1999, p.14) comenta a importância da TV nos dias atuais: A televisão torna-se hoje preponderante na vida de todos os habitantes do planeta. O sucesso de um acontecimento se mede pela audiência. A maior Copa do Mundo de todos os tempos não é assim considerada pela presença dos maiores craques, número de países [...] O que conta são quantos bilhões de pessoas suspendem seus afazeres para ver os jogos pela televisão. Uma pesquisa realizada pelo centro de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD mostra o número de domicílios particulares que continham ou não televisão em quando a pesquisa foi realizada, 2002. Figura 1: Número de domicílios que possuíam ou não televisão no Brasil, em 2002. Total de domicílios com televisão Total de domicílios sem Total de domicílios que televisão não declararam Cores Preto e branco 40 459 995 2 318 815 4 763 575 16 274 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2002. Analisando esse quadro, e sabendo que a população brasileira, segundo o IBGE13 atingiu 191,5 milhões de habitantes em 2009, é possível compreender que 11 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que tem atribuições ligadas às geociências e estatísticas sociais, demográficas e econômicas, o que inclui realizar censos. É uma instituição vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/ Acesso em 12 abr. 2010.
  • 32. 32 os números para o ano de 2002 já eram altos e destes, apenas 4.763.575 de lares não possuíam televisores. Rezende (2000, p.23) comenta os fatores que definiram, ao longo do tempo, a importância da televisão no Brasil: Vários fatores contribuíram para que a TV se tornasse mais importante no Brasil do que em outros países: a má distribuição da renda, a concentração da propriedade das emissoras, o baixo nível educacional, o regime totalitário das décadas de 1960 e 70, a imposição de uma hegemonia cultural e até mesmo a alta qualidade da nossa teledramaturgia. Mais do que um simples objeto, a televisão durante muito tempo foi um “aproximador social”. Diariamente famílias se reuniam a frente da TV para acompanhar os telejornais e/ou as novelas. Mas hoje em dia isso vem perdendo forças. Muitas pessoas não gostam da ideia de terem seus horários programados por alguém, gostam de algo mais livre, e foi a internet que trouxe esse “ambiente livre” – mas isso veremos mais a frente. A televisão ainda é insubstituível, pois é um meio de comunicação acessível a quase todos. Mais de 95% da população brasileira tem uma televisão, um número bem maior do que as pessoas que possuem internet banda larga. (PATERNOSTRO, 1999; BISTANE; BACELAR, 2005). Junior (2002, p.13) comenta a evolução da TV no mundo contemporâneo: A TV foi a mais importante revolução virtual: tem as imagens que o rádio não possui e é capaz de fixar hábitos na rotina das pessoas [...] Como a porta da Caverna de Platão, a TV é o contato com o ideal, com o inalcançável, com o indireto. Senta-se em família diante dela como os primitivos sentavam diante da fogueira. [...] A TV é um mediador de parte significativa de nossas relações sociais. 5.4 A TV Digital no Brasil “Não é possível dizer com precisão quando a TV Digital chegará ao Brasil. A previsão é de que será implantada até 2010. Falta ainda decidir o padrão a ser adotado: americano, europeu ou japonês.” (BISTANE & BACELLAR, 2005, p.116) Tal citação, de 2005, norteava o que seria a TV Digital no Brasil. E estava no caminho. No dia 29 de junho de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinou o decreto nº 5.820, que estabeleceu as diretrizes para a digitalização da TV brasileira. Tal documento definiu o padrão japonês ISDB-T como base do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T), e determinou que se
  • 33. 33 incorporassem inovações tecnológicas locais. A partir de então, definiu-se sete anos para o processo de digitalização no país, como descreve Cruz (2008, p.87). Segundo o DTV,14 outros importantes diferenciais do SBTVD são a mobilidade e a interatividade. No caso da mobilidade é possível percebê-la na prática, uma vez que já estão à disposição do consumidor brasileiro diversos dispositivos móveis por meio dos quais se pode assistir à TV digital, como celulares, mini-televisores e receptores USB para micros. São muitas as possibilidades de interatividade e várias empresas estão trabalhando no desenvolvimento de aplicações que vão possibilitá- las. Em breve os usuários, utilizando o controle remoto, poderão responder a testes, obter informações sobre programas, comprar produtos anunciados, participar de enquetes e realizar operações bancárias etc. Para as empresas, é um novo modelo de negócio. Dependendo do padrão, a transmissão em HDTV possibilitará também que um mesmo canal exiba, simultaneamente, vários tipos de programação. Segundo Bistane & Bacellar (2005), essa é uma possibilidade de conquistar ainda, públicos diferentes. O início das transmissões do SBTVD ocorreu no dia 02 de dezembro de 2007, em São Paulo, pelo SBT. (CRUZ, 2008). 5.5 Telejornalismo 5.5.1 O objetivo é ser compreendido Para Squirra15 (2002) o telejornalismo tem linguagem e formas de expressão consolidadas nos dias atuais. No Brasil e fora dele. Mas segundo Yorke (1998 p. 67), diversos experimentos provam que os níveis de compreensão do público que assiste o noticiário da televisão são bastante baixos. Muitos telespectadores tem dificuldade de em recordar conteúdos de programas que acabaram de ver, e são incapazes de lembrar de longas histórias apresentadas, confundem a identidade dos personagens e misturam as localizações geográficas. 14 Site Oficial da TV Digital Brasileira. Disponível em: http://www.dtv.org.br/ Acesso em: 4 jun. 2010. 12 Texto publicado na Revista Comunicação e Sociedade no.38, do PósCom-Umesp, Editora da Universidade Metodista de S.Paulo, 2002
  • 34. 34 Além disso, é preciso levar em conta, que muitas vezes, quem assiste um programa de TV está ao mesmo tempo realizando outras tarefas: a mãe preparando o jantar, o pai querendo descansar do trabalho enquanto os filhos brincam e conversam na sala. Para que tal situação não seja um problema, cabe ao repórter e ao apresentador de telejornal, a linguagem simples, a ideia sucinta e o foco na hora de chamar, rodar ou comentar uma matéria. (LAGE, 2004; PATERNOSTRO, 1999). Yorke (1998), lembra um ditado do jornalismo, válido para o rádio e a TV, que diz: “Diga o que vai dizer; diga-o; depois diga o que disse.” Esse ditado lembra como é importante uma linguagem clara, direta, objetiva e de fácil compreensão, afim de fazer o espectador compreender a matéria, e não esquecê-la. Para Rezende (2000), diferente do jornal ou revista, você não pode voltar e assistir novamente a reportagem na TV para poder compreende-la. Para isso, situar o espectador na introdução da reportagem, garantirá que ele possa continuar acompanhando a matéria, que saberá do que, quem ou de onde está se falando. Assim, evidência a importância de um vocabulário acessível e de uma sintaxe simples que alcança maior eficácia quando se encaixa no ritmo adequado do telejornal que produz. (REZENDE, 2000, p.95). Dificilmente quem assiste assimilará e guardará na memória números, valores e dados quando estes forem quebrados. A utilização do “aproximadamente” ajuda muito nesse caso. Outra opção é fazer o uso de infográficos para apresentá-los tal quais são. A imagem auxilia na compreensão. (BISTANE; BACELLAR, 2005). 5.5.2 O texto telejornalístico - Como escrever para a TV Mais semelhante ao roteiro de rádio, os roteiros de televisão são característicos por frases curtas, coesas e diretas. Assistir televisão deve ser como ouvir um amigo contar uma história. Mas, como você não pode interromper este “amigo” e pedir para que ele explique novamente o que disse, é papel do jornalista tornar seu texto, imaginando mesmo uma conversa - de fácil compreensão. A voz ativa é sempre mais objetiva que a passiva, assim como verbos são preferidos aos adjetivos e simplificar usando palavras comuns, é melhor do que utilizar palavras específicas (BAHIA, 1990; BISTANE; BACELLAR, 2005; LAGE, 2004). Paternostro (1999, p.63) articula o poder da televisão e seu papel:
  • 35. 35 A televisão combina a utilização simultânea de dois sentidos do ser humano, a visão e a audição. Sem contar que uma noticia de grande impacto afeta as pessoas de forma emocional. Dependendo da intensidade, da força uma imagem que aparece no ar por escassos 15 segundos permanece na mente do telespectador por muito tempo, às vezes para sempre. Hoje existem noticiários especializados, mas a maior parte do telejornalismo ainda se dedica ao público em geral. Yorke (1998, p.61) justifica essa relação: Ao contrario dos jornais escritos, que podem limitar a leitura a grupos sociopolíticos bem definidos, a televisão visa a todos e deve ser entendida por todos. Portanto, não pode ser nem muito intelectual, nem insultar a inteligência. Em telejornalismo, o texto é escrito para ser falado (pelo locutor) e ouvido (pelo telespectador). Pela própria característica dos veículos eletrônicos de comunicação – a instantaneidade -, o receptor deve “pegar a informação de uma vez”. Se isso não acontece, o objetivo de quem está escrevendo – transmitir a informação – fracassa. (PATERNOSTRO, 1999, p.66). 5.5.3 O texto escrito para ser falado Mais uma vez citando aqui a inevitável comparação com o jornal, na televisão não é possível voltar e reler o que foi dito. Para isso, é importante ter certeza que o texto é claro e de fácil compreensão. Uma dica pra saber se o texto está bom, coerente e sem cacofonias é ler a produção em voz alta algumas vezes. Com a leitura é possível perceber os possíveis erros de concordância, rimas ou aquelas frases de sonoridade estranha que provocarão ruídos na transmissão da mensagem. Paternostro (1999, p.66) exemplifica: Leia em voz alta: “A seleção já está na concentração, em preparação para o jogo contra o Japão”. Ao ouvir a própria voz, você percebe que a frase já não soa bem e deve reescrevê-la: “A seleção já está concentrada, e se prepara para o jogo contra o Japão”. Bahia (1990) defende que não é difícil e que qualquer pessoa pode reconhecer que o texto do telejornal mais parece um texto escrito para ser lido do que um texto falado produzido para um interlocutor distante. Ler o texto em voz alta e prestando atenção é tão importante que pode salvar o repórter de algumas furadas. Em alguns casos, substituir palavras por seus sinônimos podem dar uma harmonia à sonoridade, maior no texto.
  • 36. 36 É comum em uma grande reportagem por exemplo, um texto sem ritmo fazer com que o telespectador se perca na história e pior, perca o interesse na matéria. É com bom ritmo que se prenderá o interessado, ele favorece a concentração de quem está assistindo a TV. Frases curtas e a pontuação adequada evitarão que o texto se torne agressivo demais, ou muito lento. (BAHIA, 1990; LAGE, 2004). Bistane & Bacellar (2005, p.15) cita Carlos Drummond de Andrade dizendo que “escrever é a arte de contar palavras”, e complementa: Escrever para a TV é a arte de contar palavras, frases e às vezes, o parágrafo inteiro. Mas não confunda economia de palavras com pobreza de estilo. Um texto curto não precisa ser desinteressante, sem graça, burocrático. O ideal é prender o telespectador já no início da matéria. Citando Paul Valery16, “Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples. Entre duas palavras simples, escolha a mais curta.” 5.5.4 O texto coloquial O texto coloquial é praticamente aquela conversa simples que se tem todos os dias, com as pessoas que convivemos. É um “texto” simples, quase informal e de fácil compreensão. Na televisão devemos aproximar essa linguagem. É ela que contará a noticia como se o repórter estivesse conversando com quem está em casa e é para ela que vai transmitir suas informações. Com essa ideia na cabeça, fica bem mais fácil escrever um texto que deve ser assimilado, instantaneamente, por milhões de telespectadores. (MOLLICA, 2003; PATERNOSTRO, 1999). Ainda para as autoras, em uma notícia, o que é dito sempre é assimilado com alguma contextualização de mundo, ou com algo que está na memória de quem recebe a mensagem. Por isso, se as palavras são confusas, desconhecidas ou complexas ou especificas demais, corre-se o risco do telespectador não prestar atenção no que está sendo dito e só observar as imagens. Mollica (2003, p.17) reforça a ideia da compreensão pela contextualização: Como se sabe, os fatores de coerência são decorrentes da lingüística e do conhecimento de mundo [...] São decorrentes também do conhecimento compartilhado, inferências, fatores de contextualização, situacionalidade, informatividade, focalização, intencionalidade, intertextualidade, consistência e relevância. 16 Paul Valéry foi um pensador e poeta francês. Seus escritos são conhecidos pela originalidade e pela variedade de temas abordados.
  • 37. 37 Quanto mais palavras forem familiares, maior será o grau de comunicação. O texto precisa ser simples, não pobre. Popular, mas não vulgar. Natural e não rebuscado. A compreensão precisa ser instantânea. Por isso é melhor abusar das frases diretas e curtas. Nada de enrolação. Proponha-se a dizer o que veio dizer, isso basta. (LAGE, 2004; PENA, 2005). Paternostro (1999) analisa e contesta o uso de adjetivos, concluindo que quando são utilizados para enfeitar a frase, devem ser evitados, mas se complementam a informação, eventualmente podem ser usados. Vale ressaltar que em um país como o Brasil, tão diferente em seus regionalismos, existem palavras que possuem diferentes significados, dependendo da região. Nem sempre o significado para a população do sul, será o mesmo para a do nordeste. E vice-versa. Por isso, a clareza e a objetividade, mais uma vez, se fazem muito importantes. (LAGE, 2004). 5.5.5 O texto e as imagens Para saber se o texto escrito faz sentido, uma boa dica é ouvi-lo de olhos fechados. Assim, para Yorke (1998), o ponto de partida para qualquer jornalista que se propõe a trabalhar na televisão, é saber que as palavras devem ser adaptadas às imagens, e não o contrário. A principal diferença da TV para outros veículos de comunicação (excluindo aqui a internet que hoje em dia faz a convergência midiática, e veremos mais a frente), é que possui imagens. Não uma ou duas fotos, mas imagens, cenas registradas em vídeo. Quando existe uma cena forte de algum acontecimento, ela certamente levará vantagem sobre as palavras. Ela pode ser suficiente para passar emoção, mas não é suficiente para contar uma história, rica em detalhes de tal acontecimento. (LAGE, 1979; PINHO, 2003). Antes de escrevermos um texto, precisamos porém saber quais imagens temos disponíveis. Elas podem ser as feitas pelo cinegrafista no dia anterior, assim como as imagens de arquivo da emissora, que auxiliaram na cronologia ou relato histórico sobre determinado tema. O contrário pode acontecer apenas quando há uma pauta e é a partir dela que o cinegrafista sairá em busca de imagens. Se o editor sugerir uma pauta sobre o dia dos namorados, depois de uma conversa com o repórter para saber qual sua ideia de texto, cabe ao cinegrafista uma boa seqüência
  • 38. 38 de imagens que ajudem a contar a história – nesse caso, a data. (PATERNOSTRO, 1999). A ideia de reportagem como um audiovisual deve ser totalmente deixada de lado, descreve Paternostro (1999). Não é preciso dizer o que está sendo mostrado. É obvio demais. A matéria se tornará cansativa e redundante. Para casar o texto e imagem, sem deixá-lo excessivo, identificar os elementos fundamentais da notícia, com uma carga de novidade ou informação complementar, é o essencial. Sobre isso, Rezende (2000) e Wohlgemuth (2005) dizem que nem sempre as matérias acontecem nessa ordem. Algumas imagens renderão boas reportagens se a equipe contar com um cinegrafista atento e com a câmera sempre à mão. Uma imagem é capaz de garantir a veiculação de um assunto que talvez nem fosse ao ar se o cinegrafista não tivesse a sorte de captar tal cena. Flagrantes ou cenas curiosas também podem render assunto. A ponte que recentemente desmoronou sobre o rio Jacuí, no Rio Grande do Sul, e o cinegrafista que naquele momento registrou tudo, rendendo até repercussão nacional, são um bom exemplo disso. Rezende (2000) define a televisão como multidimensionais e multisensoriais, e que tendem com mais intensidade sobre o receptor, repercutindo quase diretamente no seu emocional, sem passar pela mediação do intelecto. E descreve: Na comunicação audiovisual, portanto, registra-se o predomínio das sensações sobre a consciência, dos valores emocionais sobre os racionais [...] Por causa disso, as produções televisivas privilegiam, às vezes em excesso, a força expressiva da imagem, inclusive nos telejornais. (REZENDE 2000, p.40) Reforçando a ideia de que a imagem deve ser sempre uma preocupação necessária na hora da construção de uma matéria, mas não pode deixar de lado as informações, Rezende faz referência ao manual de telejornalismo da Rede Globo de Televisão, que por sua vez, e espelha nas normas do Television News, receituário do telejornalismo norte-americano, que a TV brasileira adaptou: Respeitar a palavra é muito importante na televisão. Imprescindível no entanto, é não esquecer que a palavra está casada com a imagem. O papel da palavra é enriquecer a informação visual. Quem achar que a palavra pode competir com a imagem, está completamente perdido. Ou o texto tem a ver com o que está sendo mostrado, ou o texto trai a sua função. (Manual de Jornalismo Rede Globo de Televisão 1984: 11 apud REZENDE, 2000).
  • 39. 39 5.6 A edição Junte imagem, informação e emoção – está pronta uma reportagem jornalística que tem os ingredientes certos para um bom resultado. Isso porque isolados, cada um atingiria um nível de interesse do telespectador. Mas é com o recurso da edição que é possível dar-lhes ritmo e sentimento. Mas afinal o que é realmente “editar”? Thomaz17 (2006) & Wohlgemuth (2005) ajudam a responder essa pergunta situando que editar significa montar a matéria, selecionar o que será usando em imagens e som, através de um sistema eletrônico de edição e dar as imagens selecionadas um sequência lógica, clara, objetiva, concisa e de fácil compreensão para o telespectador. Por ser considerada uma “arte”, por muitos, requer paciência, habilidade, criatividade e concentração. E claro, fidelidade às informações, fugindo da famosa “manipulação na edição.” As grandes emissoras de TV ainda tem presente em sua equipe o editor de imagens, que nada mais é do que uma pessoa que trabalha especificamente com edição de vídeo. Nota-se no entanto, que nas pequenas emissoras, aqui em Blumenau citando a TV Galega, por exemplo, são os próprio repórteres ou cinegrafistas que fazem a edição. Se pensarmos que o pauteiro deixou de existir nas redações e passou a ter um repórter multifuncional, é possível imaginar que em alguns anos isso aconteça na televisão também. Por isso, cada vez mais é importante o profissional multifuncional, aquele que domina várias áreas18. Para uma boa edição, Bistane & Bacellar (2005) esclarecem que o primeiro passo é fazer a decupagem das imagens gravadas. Além de ganhar tempo, ganha- se espaço no HD utilizado para edição – imagens “pesam bastante” no computador. Enquanto é feita a decupagem, o repórter deve começar a rascunhar a matéria, colocando no papel as palavras-chave e a ideia inicial, junto do tempo que marca no time code19, para já ter uma noção de quanto tempo terá a matéria. Paternostro (1999) define algumas dicas importantes sobre decupagem: A decupagem é o principio de tudo. Cada editor pode escolher uma forma própria de decupar, mas todos devem seguir a regra básica de anotar take a take em uma folha de papel o time code, ou o indicador 17 Patricia Thomaz é jornalista e especialista em propaganda e marketing pela Universidade Estadual de Londrina – UEL, mestranda do programa de pós-graduação em comunicação da UNIMAR, pesquisadora credenciada junto ao CNPq e integrante do Núcleo de Pesquisa da História da Mídia no Brasil – Himídia, ligado a Rede Alfredo de Carvalho. 18 Mais a frente falaremos sobre isso novamente, pensando no mundo acadêmico – ideia central do projeto. 19 Relógio digital que marca o tempo com precisão de frames, utilizado para decupagem de fitas na edição. Marca horas, minutos, segundos e frames do que está gravado. Exemplo: 07:34:56:12
  • 40. 40 de tempo do player, onde está o que é mais significativo daquela gravação. Com certeza, vai precisar muito dessa marcação, por isso ela deve ser segura e exata. (PATERNOSTRO 1999, p.129). Com a seleção de imagens e as entrevistas gravadas, agora é preciso separar os trechos que irão à matéria, como sonoras.20 Cada trecho selecionado devera ter um nome especifico que será usado depois como o nome desse arquivo. É necessário anotar as deixas iniciais (D.I) e deixas finais (D.F) para saber exatamente qual o trecho que será usado. (Bistane & Bacellar, 2005; Yorke 1998). Yorke (1998) diz que depois de escolhidas as sonoras é hora de escrever e gravar os OFFs21. Aqui valem as informações de narrativa da notícia. As informações mais importantes o repórter deve gravar com uma passagem22 no local da notícia. Para causar efeito na reportagem, quase sempre são usados os recursos de background23 para destacar barulhos, ruídos, gritos ou tiros, por exemplo, para ilustrar a matéria. Esse “destaque” é chamado de sobe som. Complementando, Wohlgemuth (2005, p. 82) descreve os tipos de edição: Em linhas gerais existem, existem duas formas básicas de edição: a de ritmo lento e a de ritmo rápido. Na edição de ritmo lento, os quadros ou cenas são de montagem longa e não se alternam com muita frequência. Na edição de ritmo rápido, as cenas são poucas e longas. Em ambos os casos a duração geral das ações ou movimentos não varia, muda unicamente a quantidade de cenas que formam as sequências. Como afirma Scalzo (2004, p.74), a infografia chegou mesmo para ficar, junto com a informatização das redações e os novos recursos gráficos disponibilizados pelos computadores, e é um ótimo recurso atrativo/visual. É uma maneira de fornecer informação, utilizando um conjunto de gráficos, tabelas, desenhos, fotos, legendas, ilustrações, mapas, maquetes. Mas ressalta que nunca deve ser usado como mero enfeite. “Ela pode ser bela; mas é, acima de tudo, informação visual.” 20 Falas/depoimento dos entrevistados. 21 Voz do repórter ou locutor (sem seu vídeo) acompanhando as diversas imagens. 22 Gravação feita pelo repórter, que serve para fazer ligação entre o OFF e as entrevistas. 23 Ou BG.
  • 41. 41 Figura 2: MODELO DE INFOGRÁFICO Figura 3: MODELO DE INFOGRÁFICO DESENHO GRÁFICO Fonte: STD Comunicação Integrada24 Fonte: 3Bp25 24 Disponível em: http://admin.std1.com.br/imagens_internas/trabalhos/infograficoinovacao700x700.jpg Acesso em: 10 mai. 2010. 25 Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/_6886BCkrAL0/S8OlBB2xy9I/AAAAAAAAFCE/_CiKtXAseV4/s1600/infografico_guerras .png Acesso em: 10 mai. 2010.
  • 42. 42 6.INTERNET E A COMUNICAÇÃO Como narra Pinho (2003, p.21), o principio da conectividade entre os computadores teve seu inicio na Guerra Fria, quase sem querer, com um fato aparentemente sem ligação com a questão. Em 1957, União Soviética colocou em órbita o seu primeiro satélite espacial artificial, o Sputinik, e quatro meses depois, o presidente norte-americano Dwight Eisenhower anunciava a criação da Advanced Research Projects Agency (ARPA), ligada ao Departamento de Defesa, cuja missão era pesquisar e desenvolver alta tecnologia para aplicações militares. Assim, como descreve o autor, A ARPA reuniu alguns dos mais brilhantes cientistas, responsáveis pelo desenvolvimento e lançamento com sucesso em dezoito meses, do primeiro satélite artificial dos Estados Unidos. Enquanto isso, a Guerra Fria desencorajava a comunicação e colocava barreiras entre os países capitalista e comunistas, criando uma política de profundo antagonismo. O Departamento de Defesa norte-americano trabalhava arduamente preparando-se para um eventual conflito entre as duas potências, sistematizando planos complexos de comando e controle para que as altas patentes militares e os políticos pudessem se comunicar e sobreviver no meio de uma guerra nuclear. A ideia era a criação de um sistema de comunicação não hierárquico, em substituição ao sistema tradicional, e a implementação as redes de comutação de pacotes, os quais garantiriam que o comando e o controle dos Estados Unidos pudessem sobreviver no caso de um ataque nuclear maciço, destruindo o Pentágono. E assim foi criada a ARPANET, que funcionava através de um sistema conhecido como chaveamento de pacotes. O ataque inimigo nunca aconteceu, mas dava início ao maior fenômeno midático do século 20 - único meio de comunicação que em apenas 4 anos conseguiria atingir cerca de 50 milhões de pessoas. (PINHO, 2003). Em 29 de Outubro de 1969 ocorreu a transmissão do que pode ser considerado o primeiro e-mail da história26. O texto desse primeiro e-mail seria "LOGIN", conforme desejava o Professor Leonard Kleinrock da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), mas o computador no Stanford Research Institute, que recebia a mensagem, parou de funcionar após receber a letra "O". 26 Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Internet#cite_note-diariodigital-0 Acesso em: 28 jan. 2010.
  • 43. 43 Como descreve Bogo (2000),27 depois de algumas pesquisas, a ARPANET mudou do NCP para um novo protocolo chamado TCP/IP (Transfer Control Protocol/Internet Protocol) desenvolvido em UNIX. A maior vantagem do TCP/IP era que ele permitia (o que parecia ser na época) o crescimento praticamente ilimitado da rede, além de ser fácil de implementar em uma variedade de plataformas diferentes de hardware de computador. Em 1990, segundo Pinho, mesmo ano em que o Brasil passou a conectar-se com a rede mundial de computadores, ao lado da Argentina, Áustria, Bélgica, Chile, Grécia, Índia, Irlanda, Coréia, Espanha e Suíça, a ARPAnet foi formalmente encerrada, devido a superação de outras redes. Nascia então a Internet, compreendendo 1.500 sub-redes e 250 mil hosts, pronta para entrar e fazer parte da vida das pessoas comuns. Em 1991, a grande novidade da Internet foi a invenção da World Wide Web - WWW – gestada pelo engenheiro Tim Berners-Lee no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN). A Web é provavelmente a parte mais importante da Internet e, para muitas pessoas, a única parte que elas usam, classificam praticamente, como um sinônimo. O método extremamente simples e eficiente do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem como principais padrões o protocolo de comunicação HTTP28, a linguagem de descrição de páginas HTML29 e o método de identificação de recursos URL30. (PINHO, 2003). A NSF cria o Internet Networ Information Center (InterNIC), que atribui números de IP únicos a quem pedir e é também o gestor da raiz (topo da hierarquia) do Domain Name System (DNS) mundial. A InterNIC ainda armazena informações sobre a rede mundial e mantem um banco de dados com informações sobre toda a comunidade da Internet. As taxas de crescimento da Internet aumentam de maneira continua e quase exponencial, sendo até hoje o meio de comunicação com o menor período de aceitação entre a descoberta e a sua difusão maciça, conforme mostra a tabela: 27 Em: A história da Internet – Como tudo começou. Disponível em: http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=11&rv=Vivencia Acesso em: 20 mai. 2010. 28 Hypertext Transport Protocol é o protocolo que define como dois programas/servidores devem interagir, de maneira que transfiram entre eles comandos ou informações relativos ao WWW. 29 Hypertext Markup Language é a linguagem padrão para escrever documentos Web, que contenham informação nos mais variados formatos: texto, som, imagens, animação... 30 É o localizador que permite identificar e acessar um serviço Web.
  • 44. 44 Quadro 2: INTERVALO ENTRE A DESCOBERTA DE UM NOVO MEIO DE COMUNICAÇÃO E SUA DIFUSÃO Meio de Comunicação Tempo de Aceitação Datas Imprensa 400 anos De 1454 ao século XIX Telefone 70 anos De 1876 até o período posterior à Segunda Guerra Mundial Rádio 40 anos De 1895 até o período entre as duas Guerras Mundiais Televisão 25 anos De 1925 até os anos de 1950 Internet 7 anos De 1990 até 1997 Fonte: Pinho (2003, p.38). Mas, como descreve Vieira (2003), o “começo” da Internet foi difícil, já que desconhecida do público, requeria tempo para se obter algum conhecimento que pudesse ser compartilhado com os interessados. E esse público restrito e pequeno era basicamente formado por acadêmicos, profissionais de informática e geeks em geral. É também por isso, que se diz que foi a época da evangelização das agencias de propagandas, por exemplo. O World Internet Users and Population Stats31, apresenta uma pesquisa que data de 30 de setembro de 2009 e divulga os números relacionados à Internet, até então: 31 Disponível em: http://www.internetworldstats.com/stats.htm Acesso em 28 jan.2010
  • 45. 45 Figura 4: ESTATÍSTICAS SOBRE O USO DA INTERNET Fonte: Internet World Stats Figura 5: NÚMERO DE USUÁRIOS DE INTERNET, POR REGIÃO Fonte: Internet World Stats
  • 46. 46 Figura 6: USO DA INTERNET, POR REGIÃO Fonte: Internet World Stats 6.1 Afinal, o que é internet? Segundo Pinho (2003, p.41), o termo Internet vem da expressão inglesa “Interaction or Interconnection between computer Networks” que quer dizer Interação ou interconexão entre as redes de computador. Significa, simplificando, uma rede de computadores conectados em diversos países dos seis continentes para compartilhar informações e, em situações especiais, também recursos computacionais. Já para Rodrigues32, os principais benefícios em utilizar a internet merecem ser lembrados ao usuário sempre que possível. Para ele, a internet ainda reavivou o contato do cidadão com as instituições, e por isso deve-se estimular a cada instante a opinião do usuário, já que ele é o termômetro de informações e serviços que você disponibiliza. 32 Em: “Check-list” sobre informação na Web. Disponível em: http://www.arteccom.com.br/webdesign/downloads/25/3.pdf Acesso em: 02 abr. 2010.
  • 47. 47 6.2 Características da Internet como mídia A internet como suporte midiático propicia aos produtores de informação o emprego simultâneo e/ou combinado de várias linguagens: a escrita, o som, a imagem animada, a imagem estática, hiperligações que ajudam o leitor a estabelecer seu próprio percurso de leitura, a editar informações que deseja receber naquele momento específico da navegação. Um noticiário em “tempo real” (ou “real time”) não é, nem nunca foi o grande avanço do jornalismo on-line. O século XX consagrou este estilo, através do rádio e da televisão. O jornalismo on-line, como descreve Almeida(2008),33 é diferente de outros formatos, porque é imperecível (não volátil como o rádio, a TV e outros meios impressos) e porque é uma valiosa ferramenta de pesquisa, servindo como banco de dados. Almeida (2008) descreve as características da Internet: Quadro 3: CARACTERÍSTICAS DA INTERNET Ser Instantânea Ser Interativa Ser Memorialística Ser Multimídia Ser Personalizada Ser Hipertextual Fonte: Elaboração própria. Utilizando Almeida (2008), Canavilhas e Pinho (2003), podemos definir as características da Internet: 33 Professor Airton Lorenzoni Almeida, em “As características da internet como mídia”, disponibilizado aos acadêmicos de jornalismo da faculdade Ibes Sociesc, para a disciplina de Jornalismo Digital em 2008/2.
  • 48. 48 Instantaneidade: A rapidez do acesso, combinada com a facilidade de produção e disponibilização, propiciadas pela digitalização da informação e pelas tecnologias temáticas, permitem uma extrema agilidade de atualização do material dos jornais da web. Isso possibilita o acompanhamento contínuo em torno do desenvolvimento dos assuntos jornalísticos de maior interesse. Interatividade: Disponibilização de ferramentas que estimulam a interação entre emissor e receptor, de forma bilateral e simétrica. Por exemplo, a utilização de espaços para comentar a notícia, chats, fóruns, envio de material referente ao fato, e-mails, entre outros. No caso de e-mails, eles podem tanto funcionar para o acesso do leitor ao jornalista, quanto para que os leitores escolham temas que mais lhe agradem e os recebam atualizados em seu e-mail. Memorialística: A memória vai além do simples arquivo, pois possibilita ligar uma notícia aos seus antecedentes, de forma a enriquecer o jornalismo e a leitura on-line, contextualizando os fatos e fenômenos jornalísticos. A memória na Web se contitui em importante ferramenta para o jornalismo aprofundar e contextualizar novos fatos jornalísticos. Multimídia: No contexto do Webjornalismo, a multimídia refere-se à convergência dos formatos das mídias tradicionais, como imagem, texto e áudio, na narrativa do fato jornalístico. Esta convergência torna-se possível em função do processo de digitalização da informação e sua posterior circulação e/ou disponibilização em múltiplas plataformas e suportes, em uma situação de agregação e complementaridade. Personalização: A personalização na Web resulta da integração do sistema de edição em uma base de dados. Essa personalização é conseguida através do registro, por parte do internautauta, em uma publicação ou por meio de RSS; os internautas podem customizar e formatar não só o tema, mas também o visual do seu jornal, quando o veículo dispõe do serviço. Hipertextualidade: Possibilita a interconexão de textos (inclusive fotos, áudios, vídeos, infográficos) por meio de links, organizados em camadas de informação, o