1. O TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA
Pensar no tema trabalho não é tão simples quanto parece. Como definir essa atividade que
depois de tantos anos e em pleno século XXI ainda se fala de trabalho escravo?
Quando falamos de dignidade, falamos de direitos humanos, isso nos remete ao Artigo 1º da
Declaração Universal dos Direitos Humanos que nos diz o seguinte: É expresso que “todas as
pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e
devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”.
O trabalho sempre existiu não caracterizado como temos hoje, mas o homem sempre
trabalhou para sua sobrevivência individual e depois pela sobrevivência do grupo. Com o passar dos
séculos ele foi desenvolvendo suas habilidades e foi conquistando novas descobertas que iam
facilitando sua vida, tudo isso é claro através do trabalho como uma atividade totalmente normal.
O homem estabeleceu-se, criou raízes, desenvolveu seu conhecimento e criou o progresso
que temos hoje. Mas a construção desse progresso foi se formando e se fortalecendo no meio de
uma sociedade de produção, distribuição e lucros. O homem primitivo tinha a preocupação de
produzir para o sustento de sua família, com o passar do tempo à produção foi aumentando gerando
assim o excedente que passou a ser trocado por outros produtos gerando lucro; começa a nascer o
capitalismo.
O capitalismo desvirtuou completamente o sentido poético do trabalho, ou seja, trabalhar pelo
prazer da vida, glorificada em toda sua extensão, e não transforma-lo em uma mercadoria. Para que
vivemos? Vivemos para trabalhar ou trabalhamos para viver?
Com o avanço do capitalismo, se criou uma divisão social no trabalho, o que antes era
realizado em comunhão de produção e divisão igualitária, tornou-se produção individual de bens e
serviços para favorecer uma pequena minoria mais do que a maioria.
Com a revolução industrial e a globalização, associada às novas tecnologias, os seres
humanos foram relegados a outro plano, a vida humana perdia seus valores e dava espaço aos
grandes lucros e dividendos. Passou a se comprar a força do trabalho, o sistema capitalista se move
sob a lógica da diminuição dos custos da produção para poder acumular mais lucro.
A meu ver o capitalismo chega ao fundo do poço quando trata seres humanos como animais
irracionais, escravizando-os para força do trabalho, destruindo sua dignidade humana e
transformando o amor em ódio, tudo em nome de poder e lucro.
“Na complexidade do mundo do trabalho, é preciso pensa-lo por um lado distinto daquele
tratado pelo capitalismo. Não basta buscar uma alternativa dentro da economia de mercado; é
necessária uma alternativa ao mercado capitalista” - (Gilddens, Anthony – sociólogo).
O trabalho precisa ser garantido como um prazer e um bem de vida para todos, que garanta
sua sobrevivência com dignidade, que seja possível sonhar com um mundo novo de igualdade,
solidariedade e amor. Enquanto continuarmos tratando o trabalho como mercadoria, ele
descaracteriza-se em sua essência, diminuindo a dignidade e a criatividade de quem o realiza.
É preciso repensar urgentemente na definição e qualificação do trabalho para o futuro dos
nossos filhos, ou então, o colapso do mercado consumidor destruirá completamente os poucos
valores que ainda nos restam. É preciso mudar a metodologia de bater de frente com o capitalismo,
precisamos encontrar meios de caminhar com ele e aproveitar os pontos positivos revertendo-os a
nosso favor. Criar novas economias A, B e C não vai resolver o problema social econômico do
trabalhador brasileiro, o mais importante é criar mecanismos de melhorar a convivência e
participação desse trabalhador na distribuição da renda do País.
“Precisamos sonhar com outro mundo possível, onde a gente trabalhará para viver em lugar
de viver para trabalhar, onde não se chamará nível de vida ao nível de consumo, onde ninguém
morrerá de fome, porque ninguém morrerá de indigestão...” - (Gilddens, Anthony – sociólogo).
Autor : Rocha Assunção