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REVISTA PÁTIO EDUCAÇÃO INFANTIL - ANO XII, Nº 40, JULHO 2014 
Cultura lúdica e comportamento infantil na era digital 
Tânia Ramos Fortuna 
A infância contemporânea é cada vez mais vivida indoor. À criança resta, então, a 
alternativa de brincar sozinha dentro de casa. 
O fato de a maioria dos indivíduos tomar contato com o mundo através das telas do 
computador ou da televisão certamente determina formas de cognição diversas daquelas 
que, por várias décadas, influenciaram nosso modo de pensar. Essa situação, tão 
característica da contemporaneidade, e particularmente beneficiada pela globalização, 
com a difusão em massa das novas tecnologias e seus conteúdos, incide, é claro, sobre o 
comportamento infantil, levando-nos a questionar: qual o impacto dessas mídias na 
cultura lúdica, isto é, nos modos de brincar, no valor atribuído à brincadeira e à diversão 
e no próprio repertório de jogos e brincadeiras das crianças de hoje? Estarão algumas 
brincadeiras e a própria capacidade de brincar correndo risco de extinção? 
São numerosos e alarmantes os efeitos da interação com as novas tecnologias sobre o 
comportamento infanto-juvenil, identificados por pesquisadores na área, e deles é 
possível deduzir um marcante impacto na cultura lúdica. Muitos psiquiatras e psicólogos 
(veja-se, por exemplo, Levisky, 1998, e Singer e Singer, 2001) denunciariam o prejuízo 
causado pelos meios eletrônicos à nossa capacidade de escolha, devido ao controle do 
espaço interno exercido pelos estímulos externos, os quais direcionam as atividades 
psíquicas conscientes e inconscientes. A capacidade de criar, pensar e analisar 
criticamente estaria sendo afetada. Alguns dos produtos desses meios eletrônicos — como 
determinados programas televisivos e alguns jogos eletrônicos, por exemplo —, graças à 
produção de um estado de tensão constante, não deixariam tempo para a elaboração 
interior de seu conteúdo.
Considerando especialmente o brincar, somam-se a esses possíveis efeitos dos meios 
eletrônicos o fato de que imporiam seu próprio ritmo, sem considerar a capacidade 
incipiente das crianças e dos jovens de exercer autocontrole sobre as atividades lúdicas. 
Seu alto poder de imersão facilitaria a emergência do comportamento compulsivo, 
criando, desse modo, condições favoráveis à instalação da adição. Reféns da busca 
constante de satisfação instalada pelo flow (estado de experiência máxima), e sem 
experimentar as consequências concretas dos próprios atos no ambiente lúdico virtual, as 
crianças teriam diminuída a sua capacidade de tolerância à frustração. 
A maioria dos estudiosos do comportamento humano que critica as novas mídias, com 
implicações para os jogos eletrônicos, quer estejam em consoles (os videogames), 
máquinas especializadas, aparelhos de telefonia celular (dos mais simples até os 
smartphones) e aparelhos portáteis como o Gameboy, quer estejam em computadores PC 
e portáteis, como os tablets e os PDA (Personal Digital Assistent ou palmtop), está de 
acordo quanto a uma questão: a cultura lúdica digital potencializaria a solidão, o 
isolamento e a abdicação de contatos sociais reais. 
Sequer é necessário recorrer a estudos científicos e à opinião dos especialistas para 
perceber que as condições propícias para contatos sociais reais são cada vez mais raras 
entre as crianças de hoje, sobretudo nas grandes cidades. Oriundas de famílias com menor 
número de filhos, distantes dos demais familiares (primos, avós, tios) devido à lógica da 
vida urbana e das novas configurações familiares, essas crianças têm escassas 
oportunidades para brincar umas com as outras: a rua, com suas calçadas, parques e 
praças, é vista como ameaçadora, e ir à casa de outra criança é difícil, implicando 
deslocamentos por vezes onerosos e tempo disponível de adultos que possam levá-la e de 
outros que se responsabilizem por ela lá. 
Em contrapartida, no tempo que passam na maior parte das escolas, o único momento da 
rotina escolar permitido à brincadeira é o recreio, cujos 15 ou 20 minutos são também 
destinados a merendar, tomar água e ir ao banheiro. Como se pode perceber, a infância 
contemporânea é cada vez mais vivida indoor. À criança resta, então, a alternativa de 
brincar sozinha dentro de casa. Enquanto algumas crianças brincam na companhia da 
televisão — pois, como disse uma menina de 7 anos em uma pesquisa sobre o brincar das
crianças brasileiras, “é chato brincar sozinha, e com a TV ligada ela fica falando”—, 
outras jogam jogos eletrônicos. 
Diante desse panorama sombrio, as indagações revigoram-se: afinal, como as diferentes 
formas de brincar e os brinquedos criados ao longo da História são experimentados pela 
infância atual? De que maneira essa cultura lúdica, com seu vasto repertório de jogos, 
brincadeiras e brinquedos, amealhado ao longo de séculos, por inúmeros povos, em 
diferentes lugares e em condições tão diversas (e, frequentemente, adversas), que integra 
o patrimônio cultural da Humanidade, será conhecida no futuro? 
Observe-se que a criação, a recriação e a transmissão da cultura lúdica ocorrem por meio 
de trocas intra e intergeracionais: tanto a invenção quanto a difusão de práticas lúdicas 
requerem tempo, espaço e parceiros com quem aprender e ensinar a brincar. Fórmulas de 
escolha, jogos de mãos, brinquedos e as mais diversas brincadeiras e jogos, com seus 
modos específicos de execução, segundo variadas e complexas regras, só ganham 
existência de uma maneira: brincando. É brincando que as brincadeiras são aprendidas e 
ensinadas. 
Antes de responder a essas indagações, examinemos o que outros estudiosos (veja-se, por 
exemplo, Veen e Wrakking, 2011, e Palfrey e Gasser, 2011) têm propalado como os 
benefícios e as vantagens da era digital para o comportamento humano, especialmente o 
das crianças. Um desses benefícios diz respeito ao aumento das oportunidades de 
ampliação das funções cognitivas humanas — memória, imaginação, percepção, 
raciocínio —, que seriam estimuladas pelos diferentes sentidos postos em jogo na 
exploração das novas tecnologias, tais como tato, visão, audição e sinestesia. Muitas delas 
forneceriam ao usuário o controle de uma ampla variedade de fluxos de informação e 
comunicação, sendo, por isso, especialmente propícias ao desenvolvimento da autonomia 
e da iniciativa na busca do conhecimento. Aliás, os recursos de mobilidade e a maior 
autonomia no controle desses meios eletrônicos concorreriam decisivamente para isso, 
dada a possibilidade cada vez maior de permitirem selecionar a informação de modo 
eficiente, adequado e imediato, conforme as necessidades de cada um. 
Diferentemente dos detratores das novas tecnologias em relação aos seus efeitos 
deletérios sobre o desenvolvimento e a aprendizagem infanto-juvenil, vários estudiosos
(veja-se, por exemplo, McGonigal, 2012, Martinez, 2011, Folque, 2011 e novamente 
Palfrey e Gasser, 2011) enfatizam seu potencial para a ampliação do conhecimento e da 
cultura, devido aos desafios propostos, o que suscitaria a curiosidade e o interesse. Eles 
também argumentam que, graças às trocas on-line propiciadas pela internet, muitos dos 
jogos eletrônicos, antes jogados a sós, instaurariam um tipo de sociabilidade capaz de 
contra-arrestar a tendência à solidão infantil nas grandes cidades. Essa sociabilidade 
virtual contribuiria para a construção da personalidade, o enfrentamento da timidez e a 
ampliação dos contatos sociais, além de estimular a aprendizagem coletiva, na qual todos 
aprendem com todos. 
Como se pode perceber, não obstante a imperiosa necessidade de mais estudos a respeito 
dos efeitos das tecnologias sobre o comportamento humano, visto que muitos de seus 
achados devem ser traduzidos como uma advertência aos riscos gerados pela exposição 
massiva às novas mídias, estas desempenham um importante papel na configuração da 
subjetividade contemporânea e, por conseguinte, na forma de brincar atual. Pelo fato de 
que respondem eficazmente à solidão e ao sedentarismo infantil e de que estão em 
sintonia com alguns dos valores centrais da nossa época — sucesso e rapidez, por 
exemplo — as tecnologias tendem a se impor no contexto da cultura lúdica. Sua 
hegemonia pode, inclusive, prejudicar a preservação da cultura lúdica tradicional. 
No entanto, acredito que isso pode ocorrer não por causa dos novos meios lúdicos em si 
mesmos, mas sim pela eventual impossibilidade de as crianças brincarem e interagirem 
entre si e com as outras gerações. Seja como for, o que não se pode é contestar a 
legitimidade dos novos modos de brincar da era digital. Porém, diante de tudo o que foi 
abordado até agora, persiste a dúvida: serão as condições atuais propícias ao brincar e, 
portanto, à conservação e ao desenvolvimento da cultura lúdica? 
Reitero que o que garante a vivência e a propagação da cultura lúdica é o próprio ato de 
brincar. Ele requer, por sua vez, diferentes formas de interatividade, o que significa “ação 
entre”. Ou seja, é preciso agir (agir de fato e agir simbolicamente, em pensamento, o que 
quer dizer operar) e trocar (consigo mesmo e com o outro, real e — por que não? — 
virtualmente). O ato de brincar também implica liberdade: sendo o etos do brincar a 
espontaneidade, só se pode denominar brincadeira a ação livre, realizada em uma situação 
à qual a pessoa adere espontaneamente. Sem isso, as brincadeiras não podem ser
praticadas, atualizadas, inventadas nem difundidas — sejam elas tradicionais, sejam elas 
digitais. 
Se é importante garantir às futuras gerações o direito de brincar, por meio do qual elas 
terão acesso às formas de brincar milenarmente acumuladas, assim o é porque brincar é, 
em si mesmo, um direito por meio do qual a própria vida se afirma, já que, como modo 
de expressão e compreensão, tornamo-nos quem somos brincando. Além disso, as 
brincadeiras fazem parte do nosso patrimônio cultural, sendo nosso dever, como adultos 
responsáveis pelas novas gerações, partilhar esse patrimônio e difundi-lo. 
Não se trata, contudo, de agir na perspectiva do “resgate” ou da mera preservação do 
direito de brincar e das próprias brincadeiras, enrijecendo uma manifestação cultural que 
é dinâmica por excelência. Resgate é para sequestrados, acidentados, desaparecidos, 
assinala Spréa (2010). Se algumas brincadeiras desaparecem ou são substituídas, 
devemos nos questionar sobre quais são as condições atuais para experimentá-las: será 
que nós, adultos, não estamos renunciando ao nosso papel de mediadores dessa cultura? 
Que tempo e espaço para brincar não só oferecemos como também partilhamos com as 
crianças e os jovens de hoje? 
Brincadeiras milenares, como sapata, bolinha de gude, fita ou passa-anel, por exemplo, 
correm sério risco de extinção se as crianças de hoje não tiverem com quem aprendê-las, 
tampouco onde e com quem brincar. Somente assim elas poderão transmiti-las, no futuro, 
para outras crianças. Como quem as conhece são as gerações anteriores, elas é que podem 
ensinar tais brincadeiras, e, mais do que isso — sem o que esse aprendizado não se efetiva 
—, oferecer reais oportunidades de brincar. Não é por menos que o problema deixa de 
ser, por exemplo, dar ou não dar um tablet a uma criança para converter-se em 
assumirmos ou não o papel de mediadores consequentes da cultura, na qualidade de 
responsáveis pelas novas gerações. 
Por isso é tão importante discutir o papel do adulto diante da criança e da cultura lúdica 
na era digital. Para além de simplesmente autorizar ou negar o uso do computador para 
jogar, ou ainda limitar o tempo de acesso aos jogos eletrônicos, por exemplo, cabe-lhe ser 
parceiro das descobertas infantis nesse ambiente virtual, ajudando a criança a elaborar 
seus novos conhecimentos e experiências. Oferecer-lhe oportunidade de interagir com
outras crianças é fundamental: assim elas partilham e constroem cultura, mas também se 
regulam mutuamente em relação às tecnologias digitais. 
Isso, porém, não é privilégio das situações que envolvem as mídias digitais. A bem da 
verdade, é o que se espera de todo adulto que ama o mundo o bastante para assumir sua 
responsabilidade sobre ele e pelas novas gerações, tal como Hanna Arendt (2007) já 
ensinou. 
 Tânia Ramos Fortuna é doutora em Educação, professora de Psicologia da 
Educação na Faculdade de Educação da UFRGS e coordenadora geral do 
Programa de Extensão Universitária “Quem querbrincar?” 
tania.fortuna@terra.com.br 
Referências 
ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 2007. 
FOLQUE, M.A. Educação infantil, tecnologia e cultura. Pátio Educação Infantil, Porto 
Alegre, ano IX, n. 28, p. 8-11, jul./set. 2011. 
LEVISKY, D. A mídia: interferências no aparelho psíquico. In: LEVISKY, D. (org.). 
Adolescência pelos caminhos da violência. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998. p. 145- 
160. 
MARTINEZ, J.P. O computador na sala de aula. Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, 
ano IX, n. 28, p. 13-15, jul./set. 2011. 
McGONIGAL, J. A realidade em jogo: por que os games nos tornam melhores e como 
eles podem mudar o mundo. Rio de Janeiro: Best Seller, 2012. 
PALFREY, J.; GASSER, U. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de 
nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011. 
SINGER, D.G.; SINGER, J.T. Imaginação e jogos na era eletrônica. Porto Alegre: 
Artmed, 2007. 
SPRÉA, N. Brincantes: um documentário sobre a invenção de brincadeiras na escola. 
2.ed. Curitiba, PR: Parabolé, 2010. 
VEEN, W.; WRAKKING, B. Educação na era digital. Pátio Educação Infantil, Porto 
Alegre, ano IX, n. 28, p. 4-7, jul./set. 2011.

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Cultura lúdica e comportamento infantil na era digital

  • 1. REVISTA PÁTIO EDUCAÇÃO INFANTIL - ANO XII, Nº 40, JULHO 2014 Cultura lúdica e comportamento infantil na era digital Tânia Ramos Fortuna A infância contemporânea é cada vez mais vivida indoor. À criança resta, então, a alternativa de brincar sozinha dentro de casa. O fato de a maioria dos indivíduos tomar contato com o mundo através das telas do computador ou da televisão certamente determina formas de cognição diversas daquelas que, por várias décadas, influenciaram nosso modo de pensar. Essa situação, tão característica da contemporaneidade, e particularmente beneficiada pela globalização, com a difusão em massa das novas tecnologias e seus conteúdos, incide, é claro, sobre o comportamento infantil, levando-nos a questionar: qual o impacto dessas mídias na cultura lúdica, isto é, nos modos de brincar, no valor atribuído à brincadeira e à diversão e no próprio repertório de jogos e brincadeiras das crianças de hoje? Estarão algumas brincadeiras e a própria capacidade de brincar correndo risco de extinção? São numerosos e alarmantes os efeitos da interação com as novas tecnologias sobre o comportamento infanto-juvenil, identificados por pesquisadores na área, e deles é possível deduzir um marcante impacto na cultura lúdica. Muitos psiquiatras e psicólogos (veja-se, por exemplo, Levisky, 1998, e Singer e Singer, 2001) denunciariam o prejuízo causado pelos meios eletrônicos à nossa capacidade de escolha, devido ao controle do espaço interno exercido pelos estímulos externos, os quais direcionam as atividades psíquicas conscientes e inconscientes. A capacidade de criar, pensar e analisar criticamente estaria sendo afetada. Alguns dos produtos desses meios eletrônicos — como determinados programas televisivos e alguns jogos eletrônicos, por exemplo —, graças à produção de um estado de tensão constante, não deixariam tempo para a elaboração interior de seu conteúdo.
  • 2. Considerando especialmente o brincar, somam-se a esses possíveis efeitos dos meios eletrônicos o fato de que imporiam seu próprio ritmo, sem considerar a capacidade incipiente das crianças e dos jovens de exercer autocontrole sobre as atividades lúdicas. Seu alto poder de imersão facilitaria a emergência do comportamento compulsivo, criando, desse modo, condições favoráveis à instalação da adição. Reféns da busca constante de satisfação instalada pelo flow (estado de experiência máxima), e sem experimentar as consequências concretas dos próprios atos no ambiente lúdico virtual, as crianças teriam diminuída a sua capacidade de tolerância à frustração. A maioria dos estudiosos do comportamento humano que critica as novas mídias, com implicações para os jogos eletrônicos, quer estejam em consoles (os videogames), máquinas especializadas, aparelhos de telefonia celular (dos mais simples até os smartphones) e aparelhos portáteis como o Gameboy, quer estejam em computadores PC e portáteis, como os tablets e os PDA (Personal Digital Assistent ou palmtop), está de acordo quanto a uma questão: a cultura lúdica digital potencializaria a solidão, o isolamento e a abdicação de contatos sociais reais. Sequer é necessário recorrer a estudos científicos e à opinião dos especialistas para perceber que as condições propícias para contatos sociais reais são cada vez mais raras entre as crianças de hoje, sobretudo nas grandes cidades. Oriundas de famílias com menor número de filhos, distantes dos demais familiares (primos, avós, tios) devido à lógica da vida urbana e das novas configurações familiares, essas crianças têm escassas oportunidades para brincar umas com as outras: a rua, com suas calçadas, parques e praças, é vista como ameaçadora, e ir à casa de outra criança é difícil, implicando deslocamentos por vezes onerosos e tempo disponível de adultos que possam levá-la e de outros que se responsabilizem por ela lá. Em contrapartida, no tempo que passam na maior parte das escolas, o único momento da rotina escolar permitido à brincadeira é o recreio, cujos 15 ou 20 minutos são também destinados a merendar, tomar água e ir ao banheiro. Como se pode perceber, a infância contemporânea é cada vez mais vivida indoor. À criança resta, então, a alternativa de brincar sozinha dentro de casa. Enquanto algumas crianças brincam na companhia da televisão — pois, como disse uma menina de 7 anos em uma pesquisa sobre o brincar das
  • 3. crianças brasileiras, “é chato brincar sozinha, e com a TV ligada ela fica falando”—, outras jogam jogos eletrônicos. Diante desse panorama sombrio, as indagações revigoram-se: afinal, como as diferentes formas de brincar e os brinquedos criados ao longo da História são experimentados pela infância atual? De que maneira essa cultura lúdica, com seu vasto repertório de jogos, brincadeiras e brinquedos, amealhado ao longo de séculos, por inúmeros povos, em diferentes lugares e em condições tão diversas (e, frequentemente, adversas), que integra o patrimônio cultural da Humanidade, será conhecida no futuro? Observe-se que a criação, a recriação e a transmissão da cultura lúdica ocorrem por meio de trocas intra e intergeracionais: tanto a invenção quanto a difusão de práticas lúdicas requerem tempo, espaço e parceiros com quem aprender e ensinar a brincar. Fórmulas de escolha, jogos de mãos, brinquedos e as mais diversas brincadeiras e jogos, com seus modos específicos de execução, segundo variadas e complexas regras, só ganham existência de uma maneira: brincando. É brincando que as brincadeiras são aprendidas e ensinadas. Antes de responder a essas indagações, examinemos o que outros estudiosos (veja-se, por exemplo, Veen e Wrakking, 2011, e Palfrey e Gasser, 2011) têm propalado como os benefícios e as vantagens da era digital para o comportamento humano, especialmente o das crianças. Um desses benefícios diz respeito ao aumento das oportunidades de ampliação das funções cognitivas humanas — memória, imaginação, percepção, raciocínio —, que seriam estimuladas pelos diferentes sentidos postos em jogo na exploração das novas tecnologias, tais como tato, visão, audição e sinestesia. Muitas delas forneceriam ao usuário o controle de uma ampla variedade de fluxos de informação e comunicação, sendo, por isso, especialmente propícias ao desenvolvimento da autonomia e da iniciativa na busca do conhecimento. Aliás, os recursos de mobilidade e a maior autonomia no controle desses meios eletrônicos concorreriam decisivamente para isso, dada a possibilidade cada vez maior de permitirem selecionar a informação de modo eficiente, adequado e imediato, conforme as necessidades de cada um. Diferentemente dos detratores das novas tecnologias em relação aos seus efeitos deletérios sobre o desenvolvimento e a aprendizagem infanto-juvenil, vários estudiosos
  • 4. (veja-se, por exemplo, McGonigal, 2012, Martinez, 2011, Folque, 2011 e novamente Palfrey e Gasser, 2011) enfatizam seu potencial para a ampliação do conhecimento e da cultura, devido aos desafios propostos, o que suscitaria a curiosidade e o interesse. Eles também argumentam que, graças às trocas on-line propiciadas pela internet, muitos dos jogos eletrônicos, antes jogados a sós, instaurariam um tipo de sociabilidade capaz de contra-arrestar a tendência à solidão infantil nas grandes cidades. Essa sociabilidade virtual contribuiria para a construção da personalidade, o enfrentamento da timidez e a ampliação dos contatos sociais, além de estimular a aprendizagem coletiva, na qual todos aprendem com todos. Como se pode perceber, não obstante a imperiosa necessidade de mais estudos a respeito dos efeitos das tecnologias sobre o comportamento humano, visto que muitos de seus achados devem ser traduzidos como uma advertência aos riscos gerados pela exposição massiva às novas mídias, estas desempenham um importante papel na configuração da subjetividade contemporânea e, por conseguinte, na forma de brincar atual. Pelo fato de que respondem eficazmente à solidão e ao sedentarismo infantil e de que estão em sintonia com alguns dos valores centrais da nossa época — sucesso e rapidez, por exemplo — as tecnologias tendem a se impor no contexto da cultura lúdica. Sua hegemonia pode, inclusive, prejudicar a preservação da cultura lúdica tradicional. No entanto, acredito que isso pode ocorrer não por causa dos novos meios lúdicos em si mesmos, mas sim pela eventual impossibilidade de as crianças brincarem e interagirem entre si e com as outras gerações. Seja como for, o que não se pode é contestar a legitimidade dos novos modos de brincar da era digital. Porém, diante de tudo o que foi abordado até agora, persiste a dúvida: serão as condições atuais propícias ao brincar e, portanto, à conservação e ao desenvolvimento da cultura lúdica? Reitero que o que garante a vivência e a propagação da cultura lúdica é o próprio ato de brincar. Ele requer, por sua vez, diferentes formas de interatividade, o que significa “ação entre”. Ou seja, é preciso agir (agir de fato e agir simbolicamente, em pensamento, o que quer dizer operar) e trocar (consigo mesmo e com o outro, real e — por que não? — virtualmente). O ato de brincar também implica liberdade: sendo o etos do brincar a espontaneidade, só se pode denominar brincadeira a ação livre, realizada em uma situação à qual a pessoa adere espontaneamente. Sem isso, as brincadeiras não podem ser
  • 5. praticadas, atualizadas, inventadas nem difundidas — sejam elas tradicionais, sejam elas digitais. Se é importante garantir às futuras gerações o direito de brincar, por meio do qual elas terão acesso às formas de brincar milenarmente acumuladas, assim o é porque brincar é, em si mesmo, um direito por meio do qual a própria vida se afirma, já que, como modo de expressão e compreensão, tornamo-nos quem somos brincando. Além disso, as brincadeiras fazem parte do nosso patrimônio cultural, sendo nosso dever, como adultos responsáveis pelas novas gerações, partilhar esse patrimônio e difundi-lo. Não se trata, contudo, de agir na perspectiva do “resgate” ou da mera preservação do direito de brincar e das próprias brincadeiras, enrijecendo uma manifestação cultural que é dinâmica por excelência. Resgate é para sequestrados, acidentados, desaparecidos, assinala Spréa (2010). Se algumas brincadeiras desaparecem ou são substituídas, devemos nos questionar sobre quais são as condições atuais para experimentá-las: será que nós, adultos, não estamos renunciando ao nosso papel de mediadores dessa cultura? Que tempo e espaço para brincar não só oferecemos como também partilhamos com as crianças e os jovens de hoje? Brincadeiras milenares, como sapata, bolinha de gude, fita ou passa-anel, por exemplo, correm sério risco de extinção se as crianças de hoje não tiverem com quem aprendê-las, tampouco onde e com quem brincar. Somente assim elas poderão transmiti-las, no futuro, para outras crianças. Como quem as conhece são as gerações anteriores, elas é que podem ensinar tais brincadeiras, e, mais do que isso — sem o que esse aprendizado não se efetiva —, oferecer reais oportunidades de brincar. Não é por menos que o problema deixa de ser, por exemplo, dar ou não dar um tablet a uma criança para converter-se em assumirmos ou não o papel de mediadores consequentes da cultura, na qualidade de responsáveis pelas novas gerações. Por isso é tão importante discutir o papel do adulto diante da criança e da cultura lúdica na era digital. Para além de simplesmente autorizar ou negar o uso do computador para jogar, ou ainda limitar o tempo de acesso aos jogos eletrônicos, por exemplo, cabe-lhe ser parceiro das descobertas infantis nesse ambiente virtual, ajudando a criança a elaborar seus novos conhecimentos e experiências. Oferecer-lhe oportunidade de interagir com
  • 6. outras crianças é fundamental: assim elas partilham e constroem cultura, mas também se regulam mutuamente em relação às tecnologias digitais. Isso, porém, não é privilégio das situações que envolvem as mídias digitais. A bem da verdade, é o que se espera de todo adulto que ama o mundo o bastante para assumir sua responsabilidade sobre ele e pelas novas gerações, tal como Hanna Arendt (2007) já ensinou.  Tânia Ramos Fortuna é doutora em Educação, professora de Psicologia da Educação na Faculdade de Educação da UFRGS e coordenadora geral do Programa de Extensão Universitária “Quem querbrincar?” tania.fortuna@terra.com.br Referências ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 2007. FOLQUE, M.A. Educação infantil, tecnologia e cultura. Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, ano IX, n. 28, p. 8-11, jul./set. 2011. LEVISKY, D. A mídia: interferências no aparelho psíquico. In: LEVISKY, D. (org.). Adolescência pelos caminhos da violência. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998. p. 145- 160. MARTINEZ, J.P. O computador na sala de aula. Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, ano IX, n. 28, p. 13-15, jul./set. 2011. McGONIGAL, J. A realidade em jogo: por que os games nos tornam melhores e como eles podem mudar o mundo. Rio de Janeiro: Best Seller, 2012. PALFREY, J.; GASSER, U. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011. SINGER, D.G.; SINGER, J.T. Imaginação e jogos na era eletrônica. Porto Alegre: Artmed, 2007. SPRÉA, N. Brincantes: um documentário sobre a invenção de brincadeiras na escola. 2.ed. Curitiba, PR: Parabolé, 2010. VEEN, W.; WRAKKING, B. Educação na era digital. Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, ano IX, n. 28, p. 4-7, jul./set. 2011.