O documento discute os efeitos da alienação sobre a saúde mental. A alienação é definida como quando uma pessoa se sente estranha em relação ao mundo e não se sente o centro de suas próprias ações. A religião é apontada como um fator importante de alienação por promover a aceitação cega de valores sem questionamento. A saúde mental depende do conceito de natureza humana, e os psiquiatras alienados podem considerar saudável o que de fato não é.
2. Um assunto intrigante é o aparecimento de Timidez em
pessoas com certos tipos de psicoses. Intrigante porque,
partindo-se da concepção clássica de que as psicoses
representam uma ruptura no eu, e a dissociação do
indivíduo e a realidade, os julgamentos desfavoráveis,
supostamente feitos pelos outros, não deveriam alterar o
comportamento dessas pessoas. Mas, em muitos tipos de
psicoses, altera. Essa alteração apresenta certas
peculiaridades. Antes de dizer como ela ocorre, vou relatar
brevemente a minha experiência com psicóticos. Nesse
trabalho assisti dezenas, isto mesmo, dezenas de pacientes
psicóticos, quer no que chamávamos de quadro agudo ou
de quadro crônico.
Editorial:
Qual o efeito da alienação sobre a saúde
mental?
3. Uma outra particularidade desses pacientes é que eles não
desenvolveram quadros de fobia social. Mesmo naquelas
situações de perspectivas de catástrofes, quando o paciente era,
voluntária ou involuntariamente conduzido às situações
ameaçadoras, uma vez dentro delas, não era tomado de
ansiedade intensa e tampouco de pânico, e muitas vezes se
sentia confortável e até interagia ativamente. Assim, na minha
experiência, os pacientes psicóticos não desenvolvem o quadro
clássico de Fobia Social, mas podem apresentar
comportamentos típicos de uma Timidez prévia. O processo de
Timidez dessas pessoas sofre algumas mudanças, e passa a
apresentar certas diferenças em relação ao que era.
Portanto, pacientes psicóticos (exceto os que apresentam
quadros de euforia) podem apresentar Timidez (após melhora
do quadro psicótico), e seus componentes, dramáticos ou não,
dependem, ao que parece, da Timidez prévia e do tipo de
psicose desenvolvida.
4. Prof Sérgio Costa
Qual o efeito da alienação sobre a
saúde mental?
A resposta depende, naturalmente,
do que se entenda por saúde. Se
significa que o homem pode
desempenhar sua função social,
dedicar-se à produção e reproduzir-
se é indubitável que o homem
alienado pode ser um homem sadio
5. Prof Sérgio Costa
Todas as paixões e
esforços do homem são
tentativas para encontrar
uma resposta para a sua
existência ou, também
podemos dizer assim, são
tentativas para evitar a
loucura.
6. Prof Sérgio Costa
Para Freud, a vida social e a
civilização estão em oposição
essencial às necessidades da
natureza humana tal como ele
a vê. O homem se acha na
trágica alternativa entre a
felicidade baseada na
satisfação ilimitada de seus
instintos e a segurança, e as
realizações culturais.
7. Prof Sérgio Costa
O sentimento de identificação e fusão, e com o
mundo (sentimento oceânico) que é a essência
da experiência religiosa e, especialmente, da
experiência mística é interpretado, por Freud,
como uma agressão a um estado primário de
“narcisismo ilimitado”.
9. Prof Sérgio Costa
SAÚDE MENTAL E PSICANÁLISE
O conceito de saúde mental depende do
nosso conceito de natureza humana. As
necessidades que o homem compartilha
com o animal (fome, sede, sono e apetite
sexual) são importantes porque têm suas
raízes na química interior do organismo e
podem fazer-se onipotentes quando não
atendidas.
No tocante ao sexo, se não for satisfeito,
não alcançará nunca a força das outras
necessidades, ou pelo menos, não as
alcançará por razões fisiológicas.
10. Prof Sérgio Costa
Porém a satisfação total dessas necessidades não é ainda condição
suficiente para uma boa saúde e para o equilíbrio mental: ambos
dependem da satisfação das necessidades e paixões especificamente
humanas, que nascem das condições da situação humana (a necessidade de
relação, de transcendência, de arraigamento).
As grandes paixões humanas podem ser listadas como: sede de
poder, vaidade, desejo de conhecer a verdade, paixão de amor e
fraternidade, tendência destruidora e tendência criadora.
As necessidades psíquicas fundamentais que nascem das
peculiaridades da existência humana devem ser satisfeitas de uma ou de
outra forma, para que o homem não se torne mentalmente doente, assim
como as fisiológicas têm de ser satisfeitas para ele não morra.
11. Prof Sérgio Costa
O homem tem que se relacionar com os demais; porém se o faz de um
modo simbiótico ou alienado, perde sua independência e integridade,
debilita-se, sofre, torna-se hostil ou apático. Ele só pode sentir-se uno
com os demais, e ao mesmo tempo preservar sua integridade,
relacionando-se de um modo amoroso com os outros.
Entendemos por alienação um modo de experiência onde que a
pessoa se sente como se fosse um estranho: não se sente o centro de seu
mundo, criadora de seus próprios atos. Seus atos e suas consequências
transformaram-se em seus senhores, aos quais ela obedece e, quiçá, até
adore.
12. Prof Sérgio Costa
Qual o efeito da alienação sobre a saúde mental?
A resposta depende, naturalmente, do que se
entenda por saúde: se significa que o homem
pode desempenhar sua função social, dedicar-se
à produção e reproduzir-se, é indubitável que o
homem alienado pode ser um homem sadio.
O indivíduo alienado é aquele que se
submete, cegamente e sem questionamento, aos
valores e instituições que o cercam. A alienação
é, então, um problema de legitimidade do
controle social, de poder, separando o indivíduo
da sociedade. Para Karl Marx, quando o homem
se aliena da sociedade, fatal e
consequentemente, aliena-se de si.
13. Prof Sérgio Costa
Temos vários agentes alienantes
hoje em dia, tais como as
religiões, os partidos políticos, a
comunicação de massa, entre
outros. Portanto, para nos
proteger contra esse mal devemos
nos prevenir aguçando nosso
senso crítico e ficando atentos ao
que tentam nos impor a cada dia.
14. Prof Sérgio Costa
A religião é um dos principais fatores de alienação
de um indivíduo: muitos conseguem encontrar nela
uma verdade diferente da ciência ou que esta
também não pode dar, ou mesmo que são
infundadas e que batem de frente com o pensamento
racional cientifico. Mas por que a religião é um fator
de alienação? Justamente pelo não questionamento.
A justificativa é sempre: “está escrito na Bíblia” ou
“Deus nos revelou”. Não há uma busca efetiva pela
verdade pois esta já foi supostamente “revelada”.
15. Prof Sérgio Costa
Afinal de contas, criamos a máquina de produção mais
poderosa que já existiu na terra, além de termos
também criado a mais poderosa máquina de
destruição ao alcance do demente.
Se atentarmos para a definição psiquiátrica
corrente de saúde mental, também poderemos concluir
que somos sadios. Naturalmente, os conceitos de
saúde e enfermidade são produtos dos homens que os
formulam e, portanto, da cultura em que vivem. Os
psiquiatras alienados definirão a saúde mental como o
faria uma personalidade alienada e, em consequência,
consideram sadio o que se pode considerar enfermo
do ponto de vista do humanismo normativo.
16. Prof Sérgio Costa
Nossas definições psiquiátricas da saúde mental atuais
acentuam as qualidades que fazem parte do caráter social
alienado do nosso tempo: adaptação, espírito cooperativo,
agressividade, tolerância, ambição e etc,. H.S.Sullivam,
um dos psicanalistas mais brilhantes e profundos de nosso
tempo, foi influenciado pela alienação que a tudo
impregna em seus conceitos teóricos.
O fato de que uma pessoa alienada careça de um
sentimento de personalidade e sinta-se como resposta ao
que dela esperam os demais foi tomado por Sullivam
como parte da natureza humana, assim como Freud
admitiu como fenômeno natural o caráter competitivo do
principio do século.
17. Prof Sérgio Costa
Do ponto de vista da existência de uma só
personalidade de "ilusão da individualidade única“.
Igualmente clara é a influência do pensamento
alienado em sua formulação das necessidades
fundamentais do homem que, segundo ele, são:
- a necessidade de segurança pessoal, ou a
libertação da ansiedade,
- a necessidade de intimidade, ou a
necessidade de colaborar com pelos menos uma
pessoa,
- a necessidade do prazer sexual, ou a
necessidade de atividade sexual até chegar ao orgasmo.
18. Prof Sérgio Costa
Os critérios de saúde mental têm aceitação muito
generalizada:
- o homem livre é por necessidade inseguro e
-o homem que pensa é por necessidade
indeciso.
O homem moderno está essencialmente só, tem
que manter-se sobre seus próprios pés e valer-se de si
mesmo. Só pode atingir uma sensação de segurança
desenvolvendo a entidade única e particular que é
“ele”, até o ponto em que possa verdadeiramente dizer
“eu sou eu”.
19. Prof Sérgio Costa
O sentimento de identificação e fusão com
o mundo (sentimento oceânico), que é a
essência da experiência religiosa e
especialmente da experiência mística, é
interpretado por Freud como uma
agressão a um estado primário de
“narcisismo ilimitado”. De acordo com
seus conceitos básicos, a saúde mental é,
para Freud, a plena satisfação da
capacidade de amar, que será conseguida
se o desenvolvimento da libido alcançar a
etapa genital.
20. Prof Sérgio Costa
Transferência
Freud afirmou que a ligação emocional que o paciente
desenvolvia em relação ao analista representava a transferência do
relacionamento que aquele havia tido com seus pais. e que
inconscientemente projetava no terapeuta. O impasse que existiu
nessa relação infantil criava impasses na terapia, de modo que a
solução da transferência era o ponto chave para o sucesso do método
terapêutico.
Embora Freud demorasse a considerar a questão inversa – a da
atratividade do paciente sobre o terapeuta – esse problema se
manifesta também nas empresas, com os líderes que se tornam pais
totêmicos para seus colaboradores.
21. Prof Sérgio Costa
É nestas conformidades que as
empresas vivem grandes
problemas de ordem afetiva e
relações amorosas perigosas para a
sua saúde, gerando grandes
transtornos internos, a um gasto
muito grande de tempo e recursos
financeiros, nos atrasos nos
processos de produção e
produtividade de seus
funcionários, no despertar de
invejas ou ciúmes, dentre tantos
outros estados de natureza.