SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  45
Télécharger pour lire hors ligne
1
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO
COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS - CCD
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
“PROF ALEXANDRE VRANJAC”
DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
PREVENÇÃO
DE DOENÇAS CRÔNICAS
NÃO TRANSMISSÍVEIS
(DCNT)
e de seus
FATORES DE RISCO
GUIA BÁSICO
para agentes de saúde
3ª EDIÇÃO ATUALIZADA
2008
2
NOTA
A Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis,
do Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”
da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo
foi criada por Decreto nº 28.233 em 3 de março de 1989,
para coordenar as ações de prevenção e controle
de doenças crônicas não transmissíveis no estado de São Paulo.
Ficha catalográfica
0
HV São Paulo (Estado) Secretaria da Saúde
A3451 ?? Centro de Vigilância Epidemiológica
“Prof. Alexandre Vranjac”
Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis
Prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis e se
seus fatores de risco
SES/CVE/DDCNT. 3ª edição – São Paulo, 2008.
Neumann AICP, Shirassu MM, Goldfeder AJ, Ribeiro AB, –
organização.
1. Doenças Crônicas Não Transmissíveis.
2. Prevenção
3. Fatores de Risco
I. Título.
3
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
JOSÉ SERRA
GOVERNADOR DE ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO
LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA
SECRETÁRIO DE ESTADO
COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS
CLELIA MARIA SARMENTO DE SOUZA ARANDA
COORDENADOR
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
“PROF ALEXANDRE VRANJAC”
ANA FREITAS RIBEIRO
DIRETOR TÉCNICO
DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
SÉRGIO SÃO FINS RODRIGUES
DIRETOR TÉCNICO
ELABORAÇÃO
DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
Equipe Técnica
ADRIANA BOUÇAS RIBEIRO
AFRICA ISABEL DE LA CRUZ PEREZ NEUMANN
ARTUR JAQUES GOLDFEDER
DALVA MARIA DE OLIVEIRA VALENCICH
EVA TERESA SKAZUFKA
LUIZ FRANCISCO MARCOPITO
MARCO ANTONIO DE MORAES
MÍRIAN MATSURA SHIRASSU
NEUMA TEREZINHA R. HIDALGO
RICARDO DE CASTRO CINTRA SESSO
SÉRGIO SÃO FINS RODRIGUES
SIDNEY FEDERMANN
Equipe de apoio administrativo
LENILZA MOURA DOS SANTOS
LÚCIA ELISA PRESTES SALVI
Organização da Terceira Edição
AFRICA ISABEL DE LA CRUZ PEREZ NEUMANN
ARTUR JAQUES GOLDFEDER
MÍRIAN MATSURA SHIRASSU
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac"
Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissiveis
Av. Dr. Arnaldo, 351 – 6°andar - Pacaembu - CEP: 01246-000 - São Paulo-SP.
Tel.: (11) 3066-8741. E-mail: dvdcnt@saude.sp.gov.br
4
O presente trabalho é dedicado
ao Dr. ARTUR JAQUES GOLDFEDER.
5
APRESENTAÇÃO
As transformações sociais e econômicas ocorridas no Brasil durante o
século passado provocaram mudanças importantes no perfil de ocorrência das
doenças em nossa população. Na primeira metade do século 20, as doenças
infecciosas transmissíveis eram as mais freqüentes causas de mortes. A partir dos
anos 60, as doenças e agravos não transmissíveis - as DAnTs - passaram a ocupar
progressivamente posição de maior destaque nas estatísticas. Entre os fatores que
contribuíram para essa transição epidemiológica estão: o processo de transição
demográfica, com queda nas taxas de fecundidade e natalidade e progressivo
aumento na proporção de idosos, favorecendo o aumento das doenças crônicas não
transmissíveis- (doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças respiratórias);
e a transição nutricional, com diminuição expressiva da desnutrição e aumento do
número de pessoas com excesso de peso (sobrepeso e obesidade). Soma-se a isso
o aumento dos traumas decorrentes das causas externas: acidentes, violências e
envenenamentos, etc.
Projeções para as próximas décadas apontam para um crescimento
epidêmico de algumas das DAnTs na maioria dos países em desenvolvimento, em
particular das neoplasias, diabetes tipo 2 e doenças respiratórias crônicas.
Essa transição do quadro epidemiológico tem impactado a área de saúde
pública no Brasil e demandado o desenvolvimento de estratégias para o controle das
DAnT. A vigilância epidemiológica dessas doenças e dos seus fatores de risco é de
fundamental importância para a implementação de políticas públicas voltadas para
sua prevenção, controle e a promoção geral da saúde.
6
ÍNDICE
7
1. INTRODUÇÃO
RISCO em epidemiologia significa a probabilidade de que pessoas sadias,
expostas a certas condições, adquiram uma doença. São chamados de fatores e
condições de risco para uma determinada doença as situações ou “causas” que
levam à doença. Estes fatores que estão associados a um risco aumentado de
adoecer são chamados de fatores de risco.
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis - DCNT são um grupo de
enfermidades, incluído em um agrupamento mais amplo denominado Doenças e
Agravos Não Transmissíveis – DANT, cujo processo de instalação no organismo
geralmente se inicia com alterações, sem que o indivíduo perceba e que demoram
anos para se manifestar. Geralmente não há cura porque as lesões causadas são
irreversíveis, levando a complicações com graus variáveis de incapacidade ou
morte, sendo que as principais são as do aparelho circulatório (hipertensão
arterial, infarto do miocárdio e outras doenças do coração, derrame ou acidente
cerebrovascular), os diversos tipos de câncer, o diabetes, as doenças pulmonares
obstrutivas crônicas (como o enfisema e bronquite crônica), as doenças osteo-
articulares (como a osteoporose e as artroses), a obesidade, as dislipidemias
(excesso de gordura no sangue), entre outras.
Cerca de 300 pessoas morrem diariamente por estas enfermidades somente no
estado de São Paulo e cerca de 40% nem chegam a completar 60 anos de idade.
Os principais fatores e condições de risco para as DCNT são alguns hábitos como o
tabagismo, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, alimentação inadequada, a
falta de atividade física, o estresse, a tendência genética e algumas condições de
vida e de trabalho, entre outras.
Somente uma parte das pessoas (cerca de 20%) têm alguma causa genética ou
outra alteração orgânica de nascimento considerados como risco para estas
enfermidades e, mesmo com a presença do determinante genético, nem sempre a
doença se instala. Na grande maioria das vezes as doenças são a conseqüência
dos demais riscos mencionados e todos eles por sua vez estão relacionados às
formas e possibilidades de se viver nos nossos dias.
Os hábitos e situações de vida, como o estresse, associados à pobreza, à
violência, aos problemas com o transporte nas grandes cidades, à falta de trabalho
ou trabalho excessivo ou até as más condições - na cidade ou no campo, o consumo
8
exagerado de alimentos industrializados, de cigarros e bebidas; além de pouca
atividade física e pouco tempo para relaxar contribuem para aumentar o risco de
desenvolver estas doenças. Em geral, o risco é muito superior nas populações de
baixa escolaridade e renda, desempregados e naqueles submetidos a piores
condições de trabalho.
Está provado que é possível modificar a exposição a tais riscos e que estas
modificações se tornam mais fáceis de acontecer quando são estimuladas de forma
coletiva: nos locais de trabalho, dentro e fora da unidade de saúde, nas escolas e
nas organizações comunitárias. É importante salientar que para modificar hábitos e
costumes leva-se tempo e que algumas condições também precisam estar ao
alcance das comunidades: a disponibilidade de alimentos saudáveis em escolas e
locais de trabalho, locais para realizar atividades físicas, melhores condições de
trabalho e estudo, maior acesso à cultura e lazer para adultos, crianças, enfim, para
as famílias.
Este manual é dedicado aos agentes de saúde e outros trabalhadores das
unidades de saúde, que no seu dia a dia têm a oportunidade de orientar famílias e
comunidades quanto aos riscos e, principalmente, quanto às possibilidades de
mudança desta realidade para uma vida mais longa e com mais saúde!
9
2.FATORES E CONDIÇÕES DE RISCO PARA DCNT
Os fatores e condições de risco para DCNT são muitos e geralmente as pessoas
estão expostas a mais de um deles. O efeito da exposição nesta situação acarreta
um risco maior do que a simples soma dos mesmos; é como se os riscos não
apenas se somassem, mas se multiplicassem. Didaticamente, os fatores de risco
são separados em quatro grupos:
- constitucionais: idade, sexo, raça e hereditariedade – não passíveis de
modificações (até o presente momento): a criança já nasce com problemas que
podem se manifestar mais tarde;
- comportamentais: hábitos alimentares errôneos, hábito de fumar, inatividade
física, consumo de álcool entre outros, passíveis de modificações;
- sócioeconômico-culturais e psicossociais: renda, escolaridade, ocupação,
classe social, condições ambientais, nível de estresse, entre outras - também são
passíveis de modificações – só obtidas mediante transformações profundas da
sociedade;
- doenças ou distúrbios metabólicos - geradas por uma combinação dos
fatores constitucionais e comportamentais/ambientais que aumentam as chances de
desenvolvimento das DCNT: quantidades anormais de colesterol, triglicérides,
glicose no sangue e fatores que alteram a coagulação sangüínea; pressão arterial
aumentada, sobrepeso/obesidade, distribuição desproporcional da gordura corpórea,
diabetes mellitus (DM).
O gráfico seguinte mostra a mortalidade proporcional por algumas DCNT no
estado de São Paulo - 2005, para ambos os sexos e todas as idades.
10
GGrrááffiiccoo 11.. MMoorrttaalliiddaaddee pprrooppoorrcciioonnaall ppoorr DDCCNNTT nnoo EEssttaaddoo ddee SSããoo PPaauulloo**,,
aammbbooss ooss sseexxooss,, ttooddaass aass iiddaaddeess,, 22000055..
Fonte: Calculado a partir de dados do SIM - DATASUS, acesso em 2007
* excluídas as causas mal definidas
Vários estudos epidemiológicos mostram que atualmente a obesidade está
relacionada com a manifestação de 50% dos casos de diabetes, 30% de
hipertensão, e um valor não calculado de vários tipos de câncer. O hábito de fumar,
por sua vez, responde por 30% de todos tipos de câncer, sendo responsável único
por 90% dos casos de câncer de pulmão, 25% dos casos de doença isquêmica do
coração e 95% dos casos de enfisema pulmonar. As condições sócio econômicas
por si só são responsáveis por 50% das mortes por doenças cardiovasculares
(hipertensão, infarto, derrame e outras doenças do coração). Estes são apenas
alguns dados que mostram que o problema destes riscos na população são graves e
precisam ser controlados e evitados.
Neoplasias
18,17%
D. Ap. Respiratório
11,56%
D. Endócrinas
4,84%
D. Ap Circulatório
32,30%
Outros
26,76%
D. Ap. Digestório
6,37%
11
2.2.HÁBITO DE FUMAR
Atualmente existem no mundo cerca de 1 bilhão e 200 milhões de fumantes, que
consomem por ano uma média de 6 trilhões de unidades de cigarro, levando a
conseqüências desastrosas, sendo o tabagismo cada vez mais reconhecido como
um grave problema de saúde pública, devido a enorme complexidade de danos
causados à saúde, à economia, ao meio ambiente, e à sociedade de uma maneira
geral .
Desde o seu cultivo, passando pelo processo de beneficiamento, fabricação,
distribuição, venda e principalmente o consumo, o tabaco e seus derivados
ocasionam uma enormidade de malefícios.
O consumo do cigarro é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e
está ligado à origem de tumores malignos em oito órgãos (boca, laringe, pâncreas,
rins e bexiga, além do pulmão, colo de útero e esôfago). Também ao uso de cigarro
podemos relacionar 85% da mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica
(enfisema e bronquite crônica), 25% das mortes por doença coronariana e 25% das
mortes por doença cerebrovascular (derrame).
Um único cigarro possui 4.720 substâncias tóxicas, sendo que as mais
conhecidas são a nicotina (responsável pela dependência química), o alcatrão
(responsável pelos cânceres) e o monóxido de carbono. Quanto maior é o número
de cigarros fumados por dia e o tempo que se fuma, maior a possibilidade destas
doenças. Entretanto, só um cigarro por dia já é prejudicial!
Diante do quadro em que o tabagismo é o maior fator isolado de adoecimento e
morte no mundo, e que muitos trabalhadores em geral passam 80% de seu tempo
em ambientes fechados, expostos à poluição tabagística ambiental, além do fato de
estar aumentando o consumo de cigarros em crianças, jovens e mulheres, torna-se
necessário implementar medidas que visem a redução da exposição da população a
esse grave fator, com objetivo de melhorar a qualidade de vida: nas unidades de
saúde, ambientes de trabalho, escolas e comunidade em geral.
Para controlar o tabagismo devemos usar tanto a abordagem preventiva como a
curativa (tratamento). A abordagem preventiva envolve programas educacionais
coletivos, incluindo ações quanto às propagandas direta e indireta de cigarros e
ações no nível de atenção primária à saúde; a abordagem curativa envolve
programas de ajuda para deixar de fumar.
12
Ajudar um indivíduo a deixar de fumar envolve principalmente o aconselhamento
do profissional de saúde que poderá ser realizado através de uma abordagem
mínima em uma consulta feita pelo médico, enfermeiro ou ainda outro profissional de
saúde. Também envolve a abordagem intensiva que implica em sessões
especializadas para ajudar na cessação do tabagismo.
A prevenção do tabagismo é o principal passo para seu controle, mas sempre
vale a pena ajudar um paciente a deixar de fumar, em qualquer momento da sua
vida, não importando sua idade ou condição clínica.
2.3.HÁBITOS ALIMENTARES
Inúmeros estudos realizados nas últimas décadas têm demonstrado o importante
papel da alimentação, promovendo ou prevenindo doenças.
A população brasileira tem, ultimamente, mudado seus hábitos alimentares, e
mudado para pior! O consumo de doces, refrigerantes, massas, bolachas tem
aumentado bastante. Entretanto, o consumo de arroz, feijão, frutas e verduras vêm
diminuindo muito. Portanto, a qualidade da alimentação do brasileiro está se
mantendo inadequada.
Mediante dieta adequada em quantidade e qualidade, o organismo adquire a
energia e os nutrientes necessários para o bom desempenho de suas funções e
para a manutenção de um bom estado de saúde. De longa data conhecem-se os
prejuízos decorrentes, quer do consumo alimentar quantitativamente insuficiente,
quer do excessivo.
Os alimentos que promovem efeitos indesejáveis ao organismo, em relação
às DCNT, são principalmente os alimentos e/ou preparações que contém
gordura de origem animal e sal se consumidos diariamente e em grande
quantidade.
São considerados protetores os alimentos que contém ácidos graxos
insaturados: poliinsaturados - ômega-3, ômega-6, entre outros - e monoinsaturados -
ômega 9. Os alimentos fontes destas substâncias são os óleos vegetais – soja,
milho, algodão, oliva, entre outros – e os peixes – sardinha, salmão, cavala, atum,
entre outros.
O consumo de alimentos vegetais – cereais, leguminosas, frutas em geral,
verduras e legumes podem reduzir os riscos para várias doenças. Isto tem sido
13
atribuído, em parte, à presença das fibras alimentares, de algumas vitaminas e
das substâncias antioxidantes.
Os bons hábitos alimentares devem começar na infância. Muitas pessoas só
começam a comer frutas, outros vegetais e a diminuir o consumo de alimentos ricos
em gorduras, sal e açúcar depois do surgimento de alguma doença.
A Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DDCNT/CVE/SES), criou o
Programa “Alimentação saudável na prevenção de DCNT”, com o logotipo: “Turma
da saúde – os amigos da boa alimentação” para estimular o consumo de uma
alimentação saudável pela população em geral, capacitando profissionais da rede da
saúde, de empresas e de escolas e promover a divulgação de informações sobre os
riscos de uma alimentação inadequada.
(http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/cronicas/dcnt_docman.htm).
Considerando a necessidade de ampliação das ações do Estado em parceria
com a sociedade civil, Universidades na proposição de novas metodologias e ações
estratégicas na promoção da alimentação saudável na prevenção de DCNT, criou-
se, pela resolução SS - 313, de 16-10-2007 e publicado no DOE .nº 196 de 17 de outubro
de 2007, junto à Divisão de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, do Centro de
Vigilância Epidemiológica “Professor Alexandre Vranjac” – CVE, o Comitê Estadual
para a Promoção da Alimentação Saudável para Prevenção de Doenças
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Estado de São Paulo
(ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2007/iels.out.07/iels196/E_RS-
313_161007.pdf).
O Comitê tem como objetivos promover a articulação intra e inter-setorial
visando à promoção da alimentação saudável no Estado de São Paulo; incentivar
agenda-pacto-compromisso social com diferentes setores (poder legislativo, setor
produtivo, órgãos governamentais e não-governamentais, organismos
internacionais, setor de comunicação e outros), para a implantação das estratégias
definidas pelo Comitê e implementar a adoção de hábitos alimentares mais
saudáveis pela população, com ênfase no aumento do consumo de frutas, verduras,
legumes, cereais e derivados integrais.
O Comitê está constituído por representantes do poder público e da sociedade
civil, indicados pelas Secretarias de Estado da Saúde, da Educação e da Agricultura
e Abastecimento, da Procuradoria Geral do Estado, do Ministério Público e da
sociedade organizada, representada por associações e movimentos de defesa de
14
direitos, por conselhos de representação profissional, por universidades e agências
de cooperação nacional. É integrado, ainda, por pessoas de notório saber nas áreas
de interesse do Comitê.
QUADRO 1. FATORES LIGADOS À ALIMENTAÇÃO QUE AUMENTAM O RISCO DE DCNT
COMPONENTE ALIMENTO RISCO
GORDURAS
SATURADAS
E COLESTEROL,
GORDURAS TRANS
Gordura vegetal hidrogenada,
carnes gordas, embutidos,queijos
amarelos,frutos do mar, miúdos,
gema de ovo
Câncer: mama, cólon, próstata.
Aterosclerose, Acidente
Vascular Cerebral (AVC)
Angina e nfarto do Miocárdio
SAL (SÓDIO) Preparo dos alimentos, enlatados,
embutidos, temperos prontos
Câncer estômago.
Hipertensão (HAS), doenças
cardiocirculatórias
NITROSAMINAS,
NITRITOS E NITRATOS,
ALCATRÃO, SULFITO
Defumados, churrascos
sucos de fruta em garrafas
Câncer trato digestório
(estômago, cólon)
AFLATOXINAS (FUNGO)
ARMAZEMENTO
INADEQUADO
Alimentos mofados (amendoim e
outros grãos)
Câncer fígado
ÁLCOOL Pinga, cerveja, uísque, vodka Câncer fígado,boca,esôfago,
laringe, HAS, AVC
Fonte: WHO, 1990, 2003; HALLIWELL, 1994/ 1997; WILLET, 1994/1998; LARSEN, 1999.
15
QQUUAADDRROO 22.. FFAATTOORREESS LLIIGGAADDOOSS ÀÀ AALLIIMMEENNTTAAÇÇÃÃOO QQUUEE PPRROOTTEEGGEEMM DDAASS
DDCCNNTT
COMPONENTE ALIMENTO PROTEÇÃO
VITAMINA A
(Beta Caroteno)
Vegetais e frutas amarelo-
alaranjados e Vegetais de
folha verde-escuras
Câncer pulmão, laringe, próstata,
estômago
VITAMINA C Laranja, limão, caju, kiwi,
morango
Câncer estômago, boca, pulmão.
Doença Isquêmica do Coração
(DIC)
VITAMINA E Óleos vegetais, abacate,
nozes, alho, cebola
Câncer pulmão, boca, DIC
SELÊNIO Castanha do pará, aves,
peixes
Câncer trato digestivo, pulmão,
glândulas, próstata
FIBRAS Frutas e verduras,cereais
integrais
Câncer colon, DIC , baixo
colesterol (está certo?) e controle
glicemia
GORDURA
MONOINSATURADA E
ÁC. GRAXOS ÔMEGA 3
Azeite de Oliva
peixes
Doenças cardiocirculatórias,
Mau colesterol (LDL)
Bom colesterol (HDL)
2.4.
FITOQUÍMICOS
carotenóides, licopenos,
xantenos, isotiocianatos,
pigmentos, outros
Alimento de origem vegetal
(alho, cebola, uva, berinjela,
etc)
Doenças cardiocirculatórias,
cânceres
Fonte: WHO, 1990, 2003; HALLIWELL, 1994/ 1997; WILLET, 1994/1998; LARSEN, 1999.
16
22..33 SSEEDDEENNTTAARRIISSMMOO
Não há dúvidas de que o sedentarismo é uma das principais causas para o
favorecimento e manutenção do aumento do peso corporal, sendo que este excesso
de peso leva a outros sérios problemas. Vários estudos comprovam que a atividade
física tem um efeito positivo para redução nos riscos de enfermidades
cardiovasculares, no tratamento primário ou complementar da arteriosclerose, no
perfil dos lipídeos plasmáticos, na manutenção da densidade óssea, prevenindo a
osteoporose), na redução das dores lombares, no melhor controle do diabetes, além
de benefícios psicológicos a curto prazo (melhora da auto-imagem, do humor e do
auto-conceito) e a longo prazo (diminuição da ansiedade, do estresse e da
depressão).
Já foi constatado também que, em indivíduos ativos, a prevalência de certos tipos
de câncer é menor. Mesmo pessoas que foram sedentárias até os 40 anos mas, a
partir de então, passaram a adotar um estilo de vida ativo, tiveram um ganho médio
de dois anos e meio na expectativa de vida. O ambiente da sociedade moderna tem
um papel desencorajador para a prática da atividade física como, por exemplo: os
avanços tecnológicos na área do lazer (televisão, eletrodomésticos, computadores,
controles remotos), aumentando o tempo diário em atividades sedentárias. Frente as
atuais evidências podemos estimar que o mesmo padrão de vida sedentária vai
continuar e piorar no futuro, portanto, novas estratégias devem ser implementadas
para aumentar a atividade física da população. É importante saber que:
Atividade física é qualquer movimento do corpo produzido pelo músculo esquelético
que resulta em um incremento do gasto energético.
Exercício é uma atividade física planejada e estruturada com o propósito de
melhorar ou manter o condicionamento físico.
Esporte é uma atividade física que envolve competição.
Vários programas de intervenção tem sido incentivados no mundo para difundir na
população o aumento da atividade física. O único pais em desenvolvimento com
uma proposta concreta é o Brasil com o Programa Agita São Paulo, que pelo
impacto alcançado (mais de 30 milhões de pessoas/mensagem em um ano) tem
recebido um reconhecimento internacional, particularmente da Organização Mundial
da Saúde (OMS).
17
A proposta deste programa para o incremento do nível de atividade física é, a
longo prazo promover mudanças que aumentem a atividade diária rotineira e
mantenham a ocupação do tempo livre, praticando exercícios de baixa intensidade
em lugar de estimular o exercício vigoroso ocasional que leve à exaustão. Alguns
exemplos populares incluem: passear com o cachorro, cuidar do jardim, dançar,
pedalar, limpar vidros, lavar o carro, varrer, nadar, caminhar , evitar de usar o carro,
preferir realizar atividades em pé ao invés de sentado, usar escada ao invés do
elevador, etc.;
As pessoas que trabalham sentadas ou paradas muito tempo devem ser
estimuladas a andar a pé, subir escadas - evitando elevador ou escada rolante, por
exemplo. Porém, quem precisa diminuir o peso corporal deve seguir orientação de
um profissional para verificar o tipo de exercício mais adequado.
A atividade deve ser prazerosa de forma a estimular uma participação regular
e desestimular o comportamento sedentário, promovendo e estimulando uma
variedade de atividades físicas nas crianças para que estas se tornem fisicamente
ativas na idade adulta. Situações que estimulem atividades, como campeonatos
para os diversos tipos de esportes e aproveitamento de espaços ociosos na
comunidade são fundamentais para envolver e estimular nossas crianças!
22..44.. CCOONNSSUUMMOO DDEE ÁÁLLCCOOOOLL
As bebidas alcoólicas possuem etanol, uma substância tóxica que lesa órgãos
como o cérebro, o coração, o fígado e o pâncreas. Não há dúvidas de que as
bebidas alcoólicas, em grandes quantidades e por tempo prolongado, são
prejudiciais. Quem exagera corre o risco de se viciar e pode arruinar sua vida.
As bebidas alcoólicas provocam pressão alta e podem tirar o efeito dos
medicamentos usados para baixar a pressão. Entre 5 e 10% dos homens têm
pressão alta causada pelo alto consumo de bebidas alcoólicas, ou seja, beber mais
do que 30 g de etanol/dia, o que equivale a beber, por dia, mais que uma cerveja,
um copo grande de vinho ou 1-2 doses de pinga, uísque ou vodka.
Outro ponto importante é o tipo de bebida: as fermentadas (vinho, cerveja),
principalmente o vinho, que possui substâncias chamadas flavonóides, que
protegem as artérias.
Os pesquisadores acreditam que o etanol, em pequenas quantidades, pode
elevar o nível do "colesterol bom" no sangue. Esse tipo de colesterol, chamado HDL-
18
colesterol, ajuda a “limpar” a gordura que se acumula nas artérias, evitando o seu
endurecimento. Mas é bom lembrar que: tomar bebidas alcoólicas não é tratamento
para prevenir infarto!
Tomar bebidas alcoólicas em pequenas quantidades é beber cerca de 10 g/dia de
etanol, o que equivale a beber, por dia, um copo de cerveja, um cálice pequeno de
vinho.
É bom lembrar também que as bebidas alcoólicas tem muitas calorias: uma
garrafa de cerveja tem, mais ou menos, 300 calorias; um copo de vinho, 100
calorias; uma dose de uísque, pinga ou conhaque, 150 calorias! Além disso,
retardam os reflexos, impossibilitando a direção de veículos, podendo provocar
acidentes.
22..55.. EESSTTRREESSSSEE
Estresse é uma reação que todos os animais têm para se defender de situações
de perigo. Se imaginarmos que para salvar a pele diante de um animal feroz
precisamos pensar e agir rápido para correr ou estancar um possível sangramento,
podemos compreender o que muda no organismo diante de uma situação
estressante.
Primeiro, é necessário que o coração e os pulmões aumentem a atividade, que
mais açúcar e gorduras cheguem ao sangue para fornecer energia para a ação
acelerada: dos músculos, principalmente ... “pernas pra que te quero”...
O fato é que as situações que provocam estresse, raramente são solucionadas
com uma corrida ou uma luta física. No entanto, o organismo não pode identificar
essas sutis diferenças e fazem o coração bater mais depressa, a respiração fica
mais intensa, muita adrenalina vai para a corrente sangüínea: tudo coordenado por
várias áreas do nosso cérebro.
Nas atuais condições de vida a maioria das pessoas passa quase que
diariamente por muitas situações de estresse e este sistema acaba sendo acionado
várias vezes. Esse excesso crônico ou agudo de situações “estressantes” acaba
desregulando o sistema todo e provocando várias doenças, como a pressão alta,
infarto, derrame, diabetes, infecções, vários tipos de câncer, depressão, perda da
memória, tendência a dependência ao álcool, tabaco e outras drogas.
19
Grande parte do estresse ocorre por conta de situação como a pobreza extrema,
más condições e/ou excesso de trabalho ou a falta dele, situações de
desentendimentos, conflitos e até provocado pelo recebimento de más notícias que
nos chegam de toda forma, como também do nosso jeito de encarar a vida...
Muitas soluções ou, pelo menos, alívio têm sido alcançadas por meio de projetos
comunitários, programas governamentais ou não-governamentais. Muitas empresas
têm adotado forma de administração participativa, com redução do estresse do
trabalhador. Porém, as soluções mais definitivas dependem de políticas econômicas
e sociais que atendam às necessidades de educação, emprego e moradia das
pessoas.
Algumas atitudes individuais podem reduzir o nível do estresse. A maioria das
pessoas que conseguiram mudar esta situação começaram modificando a maneira
de pensar e agir:
- Refletir mais antes de agir - isto pode nos ajudar a separar o que é realmente
importante, deixando de se incomodar com o que não é importante;
- Muitos problemas são coletivos e têm de ser resolvidos junto com a família, os
colegas de trabalho, os vizinhos e amigos - este é um ponto importante:
participar!
- Ter um tipo de relaxamento: um momento de boa música ou outra atividade de
que goste muito;
- Aprender coisas novas, voltar a estudar, além de se divertir, são formas positivas
para reduzir o estresse. Procure administrar o tempo: para a família, o lazer e o
estudo, não só o trabalho.
22..66.. HHIIPPEERRTTEENNSSÃÃOO AARRTTEERRIIAALL
Pressão arterial é a força que o sangue exerce nas paredes das artérias. São
usados para definir esta força: pressão sistólica - quando o coração contrai (bate) e
empurra o sangue e a pressão diastólica - quando o coração está em descanso
(entre batimentos). A pressão arterial aumenta quando o coração bate mais rápido
ou as artérias ficam mais estreitas ou há retenção de líquidos no organismo (edema,
inchaço).
20
Cerca de 16 milhões de brasileiros tem pressão alta. É o problema de saúde
pública mais comum em todos os países e se não for tratada leva a várias doenças,
sendo a mais comum a de origem cardiovascular.
A pressão alta, muitas vezes não apresenta qualquer sintoma, por isso é
chamada de "assassino silencioso". Não pode ser curada, mas pode ser controlada,
sendo que a prevenção e o tratamento diminuem os riscos de sobrecarregar o
coração e os vasos sangüíneos e assim, evita-se o derrame e o infarto. A pressão
arterial descontrolada pode também danificar os rins.
Os estudos mais recentes mostram que consumir alimentos vegetais – ricos em
potássio e magnésio, assim como tomar 1-2 copos de leite ou seus derivados todos
os dias – ricos em cálcio ajudam a diminuir a pressão alta.
TABELA 1. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCAA DDAA HHIIPPEERRTTEENNSSÃÃOO AARRTTEERRIIAALL
((AADDUULLTTOOSS >> 1188 AANNOOSS DDEE IIDDAADDEE))
PPAADDiiaassttóólliiccaa
((mmmmHHgg))
PPAASSiissttóólliiccaa
((mmmmHHgg))
CCllaassssiiffiiccaaççããoo
<80 <120 Ótima
< 85 < 130 Normal
85-89 130-139 Limítrofe
90-99 140-159 Hipertensão Estágio I
100-109 160-179 Hipertensão Estágio II
> 110 > 180 Hipertensão Estágio III
< 90 > 140 Hipertensão sistólica isolada
Fonte: Sociedade Brasileira de Hipertensão. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006.
O valor mais alto de sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo. Quando as
pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para
classificação do estágio.
O que mais deve ser feito, visto que a hipertensão não pode ser curada, mas
pode ser controlada ?
• manter o peso adequado, pois o sobrepeso/obesidade é, reconhecidamente,
o maior fator de risco;
• reduzir o consumo de sal (sódio);
• manter-se ativo; limitar o consumo de bebidas alcoólicas;
• comer alimentos ricos em potássio, cálcio e magnésio.
21
A alimentação pode contribuir muito na redução da hipertensão: ter alimentação
balanceada, contendo quantidades adequadas de frutas e vegetais (verduras e
legumes) e laticínios (derivados do leite) “magros”.
(ver mais dicas sobre alimentação no capítulo seguinte)
22..77.. DDIISSLLIIPPIIDDEEMMIIAASS
São distúrbios metabólicos que ocorrem nos chamados “transportadores” das
gorduras que circulam na corrente sangüínea. O tratamento efetivo é capaz de
impedir o desenvolvimento da placa de ateroma, a formação do trombo e lesões nos
vasos sangüíneos.
Hipercolesterolemia: é o aumento do colesterol total e/ou LDL-colesterol na
corrente sangüínea.
O colesterol é um tipo de gordura produzida no fígado e encontrada normalmente
no sangue e em todas as células do corpo. Também está presente em alguns
alimentos, principalmente nos de origem animal. O colesterol depende de um
“transportador” quando está no sangue – as lipoproteínas. Dependendo da proteína,
formam-se diferentes tipos de colesterol: o LDL (lipoproteína de baixa densidade) e
o HDL (lipoproteína de alta densidade) são os mais importantes.
O LDL colesterol é chamado "colesterol ruim" porque, em excesso no sangue,
pode formar placas de gordura que provocam o entupimento das artérias –
aterosclerose – influenciando a ocorrência de infarto (ataque cardíaco) e acidente
vascular cerebral – AVC (derrame cerebral). A ingestão de alimentos gordurosos de
origem animal contribui para a formação das referidas placas na parede das artérias.
O HDL colesterol é chamado de "colesterol bom" - ajuda a retirar o LDL do
sangue, evitando o entupimento das artérias e suas conseqüências.
As pessoas que têm colesterol elevado geralmente não sentem nada... Assim, a
melhor coisa a fazer a partir dos 20 anos de idade é fazer a dosagem de colesterol
no sangue, conforme orientação médica.
22
QUADRO 4. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCAA DDAASS DDIISSLLIIPPIIDDEEMMIIAASS..
((vvaalloorreess ddee rreeffeerrêênncciiaa ddooss llííppiiddeess ppaarraa iinnddiivvíídduuooss ccoomm mmaaiiss ddee 2200 aannooss ddee iiddaaddee))..
LLÍÍPPIIDDEESS
mmgg//ddll
ÓÓTTIIMMOO DDEESSEEJJÁÁVVEELL LLIIMMIITTRROOFFEESS AALLTTOO MMUUIITTOO AALLTTOO
COLESTEROL
TOTAL
< 200 - 200- 239 > 240
LDL
COLESTEROL
< 100 100-129 130-159 160 – 189 > 190
HDL
COLESTEROL
> 60 - ATÉ 40 -
TRIGLICÉRIDES < 150 150 - 200 - 201- 499 > 500
Fonte: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose,
2001.
QUADRO 5. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDAASS DDIISSLLIIPPIIDDEEMMIIAASS..
((vvaalloorreess ddee rreeffeerrêênncciiaa ddooss llííppiiddeess ppaarraa iinnddiivvíídduuooss ccoomm mmaaiiss ddee 2200 aannooss ddee iiddaaddee))..
TIPO DE
DISLIPIDEMIA
CRITÉRIO
DIAGNÓSTICO
NÍVEL
PARA DIAGNÓSTICO
HIPERCOLESTERO-
LEMIA ISOLADA Elevação do LDL-colesterol Igual ou superior a 160 mg/dL
HIPERTRIGLICIRIDE-
MIA ISOLADA Elevação dos triglicerídeos Igual ou superior a 150 mg/dL
HIPERLIPIDEMIA
MISTA
Elevação do LDL-colesterol
e dos triglicérides
LDL-C igual ou superior a 160
mg/dL e TG igual ou superior a
150 mg/dL.
REDUÇÃO DO HDL
COLESTEROL
Redução do HDL colesterol
inferior a 40 mg/dL para homens e
a 50 mg/dL para mulheres
Fonte: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da
Aterosclerose, 2001.
Fatores de riscos para o aumento do colesterol:
• Consumo excessivo de alimentos gordurosos
• Excesso de peso
• Tabagismo - redução do HDL-Colesterol
• Sedentarismo - redução do HDL Colesterol e aumento dos triglicérides
• Hereditariedade
• Pressão alta
• Estresse
CCuuiiddaaddooss eessppeecciiaaiiss ppaarraa rreedduuzziirr oo ccoolleesstteerrooll nnoo ssaanngguuee::
- além de controlar o peso (se estiver “gordinho” trate de emagrecer!).
23
- praticar exercícios com orientação de profissional qualificado e...parar de
fumar!
(ver mais dicas sobre alimentação no capítulo seguinte)
HHiippeerrttrriigglliicceerriiddeemmiiaa é o aumento dos valores triglicérides no sangue.
Geralmente ocorre em pessoas que tem algum distúrbio na metabolização dos
açúcares.
O cuidado da hipertrigliceridemia inclui, além das recomendações anteriores:
- reduzir o consumo de açúcares e derivados (pão, bolos, massas, etc.)
- bebidas alcoólicas e tratar o diabetes, se presente.
22..88.. DDIIAABBEETTEESS MMEELLLLIITTUUSS
O diabetes é um erro inato do metabolismo com manifestações diversas, onde o
denominador comum é o aumento da glicose, um açúcar circulante na corrente
sanguínea. Esta elevação da glicose ocorre, na maioria das vezes, por diminuição
na produção de insulina ou por dificuldade na ação deste hormônio.
A insulina é o principal responsável pelo aproveitamento e metabolização da
glicose pelas células do nosso organismo, com finalidade de gerar energia. É
produzida pelo pâncreas e sua falta ou ação deficiente acarreta modificações
importantes no metabolismo das proteínas, das gorduras, sais minerais, água
corporal e principalmente da glicose.
As formas mais comuns são diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2, ambos com
conotação familiar. O tipo 1 é mais comum na criança e juventude, e em geral,
necessita de aplicação diária de insulina para sua sobrevivência. Já o tipo 2,
aparece mais após os 40 anos de idade e em cerca de 90% das vezes a pessoa é
obesa.
O diabetes tipo 2 é cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1 e pode
responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras vezes vai necessitar de
medicamentos orais e por fim, a combinação destes com a insulina.
Existem outros tipos específicos de diabetes: o que aparece na gravidez é o
diabetes gestacional. Hoje são conhecidos mais de 20 tipos de enfermidades, que
cursam com hiperglicemia e portanto, são catalogadas como Diabetes Mellitus.
Os sintomas mais comuns são: sede excessiva, excesso de urina, muita fome,
cansaço e emagrecimento. Muitos adultos têm diabetes e não sabem, pois tem
24
sintomas muitas vezes vagos como formigamento nas mãos e pés, dormências,
peso ou dores nas pernas, infecções repetidas na pele e mucosas. Portanto, é
importante pesquisar diabetes em todas as pessoas com mais de 40 anos de idade.
O diabetes pode ser detectado através de testes simples que pesquisam a
presença de açúcar na urina ou que avaliam a quantidade de açúcar no sangue.
Mas o diagnóstico deve ser comprovado através do exame laboratorial de sangue
(glicemia), que pode ser realizado em três condições:
- glicemia pela manhã em jejum de, pelo menos, 8 horas (uma noite) e o resultado
igual ou superior a 126mg/dl é sugestivo de diabetes;
- glicemia - 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose (a glicose é ingerida com
água, após jejum de uma noite; o sangue é colhido 2 horas após para dosagem da
glicose), o resultado igual ou superior a 200mg/dl é sugestivo de diabetes;
- glicemia casual (sangue colhido em qualquer horário do dia, sem relação com
alimentação) - apenas nas pessoas que estão apresentando quadro clínico
sugestivo de diabetes (muita fome, muita sede e muita urina) e o resultado igual ou
superior a 200mg/dl é sugestivo de diabetes.
- um resultado positivo por qualquer critério acima, deverá ser referendado nos dias
subseqüentes por uma nova glicemia de jejum ou 2 horas pós-sobrecarga.
QUADRO 4. VALORES DE GLICOSE PLASMÁTICA (em mg/dl)
PARA DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS E SEUS ESTÁGIOS PRÉ-CLÍNICOSos
CCAATTEEGGOORRIIAA JJEEJJUUMM**
22 HHSS AAPPÓÓSS 7755 gg
DDEE GGLLIICCOOSSEE
CCAASSUUAALL ****
GLICEMIA NORMAL <100 <140
TOLERÂNCIA À
GLICOSE DIMINUÍDA
> 100 a <126 > 140 a <200
DIABETES MELLITUS > 126 > 200
> 200
(com sintomas
clássicos)***
Fonte: Tratamento e acompanhamento do Diabetes mellitus. Diretrizes da Sociedade Brasileira
de Endocrinologia, 2006.
* jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas;
**glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo
desde a última refeição;
***os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda não-explicada de peso.
Nota: O diagnóstico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a
menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas
óbvios de DM.
25
Diabetes tem tratamento e pode ser controlado. Hoje temos evidências que a
manutenção da glicemia normal ou próximo do normal, leva ao desaparecimento dos
sintomas e previne as complicações. Assim a qualidade de vida da pessoa é
restabelecida e sua produtividade no trabalho é normal.
Diversos estudos têm comprovado que, em indivíduos com predisposição
para o diabetes, a atividade física sistemática pode ajudar na prevenção, além de
auxiliar na manutenção do peso ideal.
(ver mais dicas sobre atividade física no capítulo seguinte)
22..99.. OOBBEESSIIDDAADDEE
A obesidade é atualmente um dos mais graves problemas de saúde pública.
Sua prevalência vem crescendo acentuadamente nas últimas décadas, inclusive nos
países em desenvolvimento, o que levou a doença à condição de epidemia global.
A obesidade e/ou o sobrepeso podem resultar da ação isolada ou conjunta de
diferentes fatores: genéticos, endócrinos, ambientais, culturais, socioeconômicos,
psicossociais, mas na maioria das vezes é o resultado de um consumo de alimentos
maior do que o necessário, combinado com um modo de vida sedentário, ou seja,
sem que haja gasto energético compatível. Daí, a energia proveniente dos alimentos
que não é utilizada, é transformada em gordura para poder ser armazenada – no
tecido adiposo.
A obesidade pode iniciar-se a qualquer idade, porém foram identificados alguns
períodos mais críticos:
a) no inicio na infância - durante o primeiro ano de vida - o tamanho das células
adiposas quase se duplica e não o número; entre os 5-7 anos de idade, pode ocorrer
aumento progressivo do número de células adiposas);
b) na adolescência, devido a alterações hormonais - hiperplasia dos adipócitos;
c) no inicio na idade adulta - aumento no tamanho das células:
- na mulher - no período da gestação
- no homem - estilo de vida sedentário, tendo sido muito ativo na adolescência.
As pessoas com sobrepeso ou obesidade, comparados às pessoas de peso
normal, tem chance maior de apresentar doenças como a hipertensão arterial, o
diabetes, as doenças de coluna e outras articulações, vários tipos de câncer,
26
cálculos biliares e o aumento de gorduras no sangue, como colesterol. Por meio da
diminuição de peso corporal (emagrecimento) pode-se conseguir a diminuição no
TAMANHO celular, mas o número de células permanece o mesmo.
Para determinarmos o peso ideal o método mais usado e recomendado pela
Organização Mundial de Saúde é o Índice de Massa Corpórea (IMC). Obtemos esse
índice dividindo o peso (em quilogramas) pela altura (em metros), elevada ao
quadrado: IMC = Peso / Altura x Altura
Ex.: Uma pessoa com peso de 95Kg e 1,75m de altura, tem um IMC de 31 kg/m2
(IMC: 95Kg / 1,75m x 1,75m ⇒ 95kg / 3,0625m2
= 31,0 Kg/m2
)
Quando o IMC é maior que 25 Kg/m2
diz-se que a pessoa está acima do “peso
ideal” - sobrepeso. Se o IMC for maior que 30 Kg/m2
, a pessoa é considerada obesa,
como no exemplo acima.
Na seqüência está uma tabela que mostra a classificação da obesidade, segundo
o IMC e risco de comorbidades, de acordo com os critérios da Organização Mundial
de Saúde, para adultos, com mais de 18 anos de idade (1997); acoplou-se a tais
critérios, as etapas, níveis de prevenção e tratamento indicados pelo Consenso
Latino Americano sobre Obesidade.
É muito importante observar a distribuição de gordura pelo corpo, pois o risco
para saúde é diferente se esta gordura se acumula na metade superior do corpo, se
a localização é no abdome ou se predomina na metade inferior do corpo.
Para uma distinção prática, adota-se como referência o nível do umbigo: se a
gordura predominar acima dele, dá-se o nome de “obesidade andróide” ou “em
forma de maçã”. Se a gordura predominar abaixo do umbigo, denomina-se “ginóide”
ou “em forma de pêra”. A obesidade de tipo central - também chamada de
abdominal - predomina no abdome (barriga); esta é a de maior risco para doenças
do coração (infarto).
A razão cintura/quadril (RCQ) também é muito utilizada e é estabelecida
dividindo-se os valores encontrados para as referidas circunferências:
RRCCQQ == PPeerríímmeettrroo ddaa cciinnttuurraa // PPeerríímmeettrroo ddoo qquuaaddrriill.
Se para a mulher for maior do que 0,80 e para o homem for maior do que 0,95
significa que são portadores de obesidade central (abdominal, visceral ou andróide),
isto é, apresentam deposição de gordura predominantemente no quadril. Se os
valores são inferiores a 0,75 em mulheres e 0,85 em homens, considera-se que a
distribuição da gordura é ginóide.
27
TABELA 2. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCAA DDAA OOBBEESSIIDDAADDEE,, SSEEGGUUNNDDOO OO
IIMMCC,, RRIISSCCOO DDEE CCOOMMOORRBBIIDDAADDEESS EE PPRROOVVIIDDÊÊNNCCIIAASS
((AADDUULLTTOOSS CCOOMM MMAAIISS DDEE 1188 AANNOOSS DDEE IIDDAADDEE))..
CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO
IIMMCC
((KKGG//MM22
))
RRIISSCCOO DDEE
CCOOMMOORRBBIIDDAADDEESS
PPRROOVVIIDDÊÊNNCCIIAASS
BAIXO PESO < 18,5
Baixo, embora aumenta
o risco de outros
problemas clínicos
Alimentação saudável,
adequada e atividade física
regular
INTERVALO
NORMAL
18,5 - 24,9 Peso saudável
Alimentação saudável
E atividade física regular
PRÉ OBESO 25,0-29,9 Moderado
Alimentação saudável,
adequada,ativ. Física regular
+farmacoterapia se
comorbidades
OBESO
CLASSE I
30,0-34,9 Alto
Alimentação saudável,
adequada e terapia
farmacológica
OBESO
CLASSE II
35,0-39,9 Muito alto
Idem anterior +
possibilidade de cirurgia
OBESO
CLASSE III
> 40,0 Extremo Idem anterior + Cirurgia
Fonte: 0MS, 1997; Consenso Latino Americano sobre Obesidade, 1998.
TABELA 3. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDOOSS RRIISSCCOOSS DDEE CCOOMMPPLLIICCAAÇÇÕÕEESS
MMEETTAABBÓÓLLIICCAASS AASSSSOOCCIIAADDAASS AA OOBBEESSIIDDAADDEE,, SSEEGGUUNNDDOO SSEEXXOO,, EEMM
FFUUNNÇÇÃÃOO DDAA CCIIRRCCUUNNFFEERRÊÊNNCCIIAA DDAA CCIINNTTUURRAA..
SSEEXXOO AAUUMMEENNTTAADDAA MMUUIITTOO AAUUMMEENNTTAADDAA
HOMEM 94 cm 102 cm
MULHER 80 cm 88 cm
Fonte: Consenso Latino Americano sobre Obesidade, 1998.
Vários estudos sugerem que somente a medida da circunferência da
cintura/abdome, é uma forma prática e sensível, que reflete se há riscos para
enfermidade cardiovascular e outras formas de enfermidades crônicas.
22..1100 SSÍÍNNDDRROOMMEE MMEETTAABBÓÓLLIICCAA
A síndrome metabólica é uma condição na qual o indivíduo apresenta um
conjunto de distúrbios acima descritos, caracterizada pela pelo excesso de peso
28
com acúmulo de gordura na região abdominal, tipos mais complexos de dislipidemia,
alteração no metabolismo dos açúcares com resistência á ação da insulina,
constituindo-se, assim, em fator adicional de agravamento na exposição de risco
para as doenças relacionadas ao processo de aterosclerose.
O Critério diagnóstico se baseia na presença da obesidade abdominal como fator
essencial e pelo menos dois dos seguintes fatores: hipertrigliceridemia,
hipercolesterolemia, hipertensão arterial, alteração do metabolismo dos açúcares,
conforme parâmetros constantes da Tabela 4.
TABELA 4. CCRRIITTÉÉRRIIOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO DDAA SSÍÍNNDDRROOMMEE MMEETTAABBÓÓLLIICCAA
OOBBEESSIIDDAADDEE AABBDDOOMMIINNAALL**
HOMENS MULHERES
Brancos de origem
europídia e negros
> 94 cm
Brancas, negras,
sul-asiáticas, amerídeas e
chinesas
> 80 cm
Sul asiáticos, ameríndios e
chineses
> 90 cm Japonesas > 90 cm
japoneses > 80 cm - -
NIVEL DE HDL COLESTEROL
< 40 mg/dl
NIVEL DE HDL COLESTEROL
< 50 mg/dl
NIVEL DE TRIGLICÉRIDES > 150 mg/dl
ou TRATAMENTO PARA HIPERTRIGLICERIDEMIA
NIVEL DE GLICEMIA DE JEJUM > 100 mg/dl
ou TRATAMENTO PARA DIABETE MELITO
PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA > 130 Mm HG ou DIASTÓLICA > 85 mm HG
OU EM TRATAMENTO
Fonte: Arquivos Brasileiros de Cardiologia – Volume 88, Suplemento I, Abril 2007.
* O diagnóstico para SM inclui a presença de obesidade abdominal, como condição essencial, e dois
ou mais dos critérios acima.
22..1111 IINNSSUUFFIICCIIÊÊNNCCIIAA RREENNAALL CCRRÔÔNNIICCAA
O problema crescente da Insuficiência Renal Crônica (IRC)
As principais funções dos rins são: controlar a quantidade de água e sal do
corpo, eliminar toxinas, ajudar a controlar a hipertensão arterial, produzir hormônios
29
que impedem a anemia e a descalcificação óssea e eliminar alguns medicamentos e
outras substâncias ingeridas.
A insuficiência renal crônica é definida como: perda de 50% de função dos
rins ou presença de proteína em quantidade aumentada na urina por mais de 3
meses.
Atualmente presenciamos em todo o mundo uma ‘epidemia’ silenciosa de
IRC, relacionada à elevada prevalência das principais doenças associadas a IRC
que são o diabetes e a hipertensão arterial. Estima-se que até 13% dos indivíduos
adultos tenha IRC. Se não introduzirmos medidas preventivas a IRC pode progredir
e necessitar de substituição da função dos rins através de diálise ou transplante
renal.
Quais são os principais fatores de risco para insuficiência renal crônica?
Os principais fatores de risco para IRC são:
• Idade > 60 anos
• Diabetes melitus
• Hipertensão arterial
• Doença cardiovascular
• Dislipidemia
• Obesidade
• Sindrome metabólica
• História familiar de doença renal crônica
• Exposição a certas drogas (antiinflamatórios não hormonais, analgésicos,
antibióticos)
• Redução de massa renal.
• Indivíduos com um desses fatores devem se submeter a testes laboratoriais
que medem a função dos rins: medida do ritmo de filtração glomerular através
da dosagem de creatinina no sangue e dosagem de proteína na urina. A
estimativa do ritmo de filtração renal deve ser feita com uma das seguintes
fórmulas:
• Equação ‘MDRD’: RFG = 186 x (SCr)-1,154
x (idade)-0,203
x (0,742 se mulher)x
(1,210 se negro)
RFG (ritmo de filtração glomerular) é expresso em mL/min/1.73 m2
, SCr
(creatinina sérica) é expressa em mg/dL, e idade em anos.
30
• Equação ‘Cockcroft-Gault’: Clearance de creatinina (mL/min) = [(140 - idade)
x peso] x (0,85 se mulher)/(72 x SCr)
SCr é expressa em mg/d, peso em kg, idade em anos.
Se o resultado for menor que 60 mL/min., é diagnosticada insuficiência renal
crônica.
• A dosagem de proteína na urina pode ser feita por teste com tiras reagentes,
se ≥ 1+ em duas dosagens com intervalo de 1 a 2 semanas, é considerado
anormal. Avaliação mais precisa é feita através da relação proteína/creatinina
em amostra de urina; se > 30 mg/g considera-se como proteinuria anormal.
É importante saber que as doenças renais podem existir sem sintomas por um
longo período. Dessa forma, se uma pessoa com doença renal procurar auxilio
médico tardiamente, pode já ter uma doença em fase irreversível.
Medidas para prevenir a progressão da Doença Renal Crônica
As principais medidas são as seguintes:
• Rígido controle da glicemia em pacientes diabéticos.
• Rígido controle da pressão arterial (< 130/80 mm/Hg).
• Uso de medicações inibidoras da enzima de conversão da angiotensina ou
bloqueadores do receptor da angiotensina-2.
• Dieta com restrição protéica (<1 g proteína/kg peso/dia).
• Tratamento de redução de lipídeos (LDL< 100 mg/dl).
• Correção da anemia.
Associação entre IRC e doença cardiovascular
Todas as pessoas com IRC devem ser consideradas como grupo de alto risco
para doenças cardiovasculares, independente de outros fatores. Nesses indivíduos
devemos avaliar fatores de risco tradicionais e não tradicionais para as doenças
coronarianas:
Fatores de risco tradicionais: hipertensão arterial, dislipidemia, fumo, diabetes,
inatividade física, stress, obesidade, menopausa, historia de doença cardiovascular
familiar.
Fatores de risco não tradicionais: proteinuria, alteração no metabolismo do cálcio
e do fósforo, inflamação, anemia, infecções e desnutrição.
31
Com o diagnóstico precoce, focalizando particularmente os grupos de maior
risco, e a introdução das intervenções citadas poderemos esperar prevenir a
progressão desta doença grave, a alta morbidade, mortalidade e suas elevadas
repercussões financeiras para a sociedade.
32
3. MUDANÇA DE HÁBITOS PARA TER “QUALIDADE DE VIDA”
Existem várias evidências científicas apontando que o controle do consumo de
alimentos junto com atividade física regular são mais efetivos no controle do
peso corporal e, conseqüentemente, de outras doenças crônicas não transmissíveis
(doenças do aparelho circulatório, cânceres, diabetes, entre outros).
Considerando as doenças cardiovasculares como uma das principais causas de
mortalidade, as evidências apontam para as vantagens das mudanças do estilo de
vida: o indivíduo sedentário que passa a ser pelo menos um pouco mais ativo já
diminuiria para 40% o risco de morte por doenças cardiovasculares.
A proposta internacional é a promoção de um estilo de vida ativo estimulando a
população a totalizar pelo menos 30 minutos de atividade física por dia, de
intensidade leve a moderada, o equivalente a 2,4 a 3,2 km em 30 minutos de
caminhada. Na maior parte dos dias da semana e de forma contínua ou fracionada
em outras atividades que possam ser facilmente introduzidas na rotina diária: como
jardinagem, consertos domésticos, dança e atividades recreativas com crianças.
A atividade física deve ser planejada e supervisionada por pessoa competente: o
tipo, a quantidade e a qualidade de exercício deve ser adequada a cada pessoa e
deve-se ter em conta os seguintes fatores: idade, tipo de exercício, duração,
freqüência, intensidade, presença de outras doenças concomitantes e prevenção de
recaídas.
Idade: mulheres na fase de menopausa a recomendação é de exercício de baixo
impacto, para evitar o risco de fraturas. Pessoas sedentárias devem realizar
atividades de forma lenta e progressiva.
Tipo de exercício: o mais adequado são os aeróbicos, no qual se utiliza grandes
grupos musculares, em forma continua e repetida: caminhada, ciclismo, natação,
trote, ginástica, etc.
A que tem melhor possibilidade de aceitabilidade por parte das pessoas é a
simples caminhada, que apresenta múltiplas vantagens já que não requer
treinamento prévio, se pode realizar em qualquer lugar, não necessita roupa
especial, não apresenta perigo cardiovascular, e é tão eficaz como o trote e outros.
33
PLANEJAMENTO DO EXERCÍCIO
EXERCÍCIO MINIMO MAXIMO
FREQÜÊNCIA 3 vezes por semana 7 vezes por semana
DURAÇÃO 30 minutos De acordo com a capacidade
individual
Duração: deve ser (igual ou) superior a 30 minutos. Se é feita uma atividade
diferente da caminhada, deve ser indicado uma etapa de pré aquecimento de 10
minutos, para aquecer os músculos. Após o término do exercício é necessário uma
etapa de “esfriamento” de 5 a 10 minutos.
Freqüência: pelo menos três vezes por semana; entretanto se indica caminhada,
esta deve ser pelo menos praticada diariamente ou bem complementada com ela
nos dias que não se faz exercício. Os benefícios aparentes consistem em uma maior
aderência e facilidade para a prática. Seu efeito sobre a aptidão cardiorespiratória é
igualmente eficaz.
Intensidade: se desejamos realizar exercício físico aeróbico intenso deve-se verificar
a freqüência cardíaca durante o exercício.
Presença de outras doenças: atividade física inadequada pode ocasionar lesões do
aparelho osteoarticular; diabéticos podem apresentar hipoglicemias, neuropatia
autônoma, hemorragias e/ou desprendimento de retina...CUIDADO!!!
Prevenção da Recaída: os profissionais que cuidam da saúde devem ser
encorajados a perguntar a seus pacientes sobre a freqüência, duração, tipo e
intensidade a atividade física e fornecer avaliação e aconselhamento nutricional.
34
Para se ter uma estimativa dos requerimentos energéticos diários, de acordo com
seu peso “desejável” e sua atividade física.
QQUUAADDRROO 33.. RREEQQUUEERRIIMMEENNTTOOSS CCAALLÓÓRRIICCOOSS DDIIÁÁRRIIOOSS,,
SSEEGGUUNNDDOO SSEEXXOO EE TTIIPPOO DDEE AATTIIVVIIDDAADDEE PPRROOFFIISSSSIIOONNAALL..
ATIVIDADE KCAL/KG/PESO TIPO DE ATIVIDADE
LEVE Homens = 42
Mulheres = 36
Profissionais liberais, estudantes,
donas de casa, executivos
MODERADA Homens = 46
Mulheres = 42
Operários de indústria leve, motoristas,
artesãos, costureiros
INTENSA Homens = 54
Mulheres = 47
Operários de indústria pesada, agricultores,
soldados, atletas, bailarinos
MUITO
INTENSA
Homens = 62
Mulheres = 55
Operários de indústria muito pesada,
lenhadores, estivadores
FFoonnttee:: FFAAOO//OOMMSS,, 11998855..
Para verificar seu peso, pela fórmula do Índice de Massa Corporal:
IMC = Peso (kg) / Altura ² (m²) = _______/______x______ = _________ kg/ m²
(Veja a classificação na página ___ )
PPaarraa ccaallccuullaarr sseeuu ppeessoo ""ddeesseejjáávveell"":: 2222 xx aallttuurraa²² ==
2222 xx __________xx __________ == ______________kkgg
Ex.: peso desejável : 60 kg x 36 (mulher-atividade leve) = 2160 kcal / dia
35
COMO DEVE SE ALIMENTAR UMA PESSOA QUE NECESSITA, em média,
~2000 KCAL/ DIA?
QQUUAADDRROO 44.. EEXXEEMMPPLLOO DDEE PPAADDRRÃÃOO AALLIIMMEENNTTAARR
CCOONNTTEENNDDOO NNÍÍVVEELL CCAALLÓÓRRIICCOO DDEE ~~22000000 KKCCAALL // DDIIAA..
GRUPOS DE ALIMENTOS Nº PORÇÕES KCAL/ PORÇÃO VALOR CALÓRICO
PÃES/CEREAIS/RAÍZES/
TUBÉRCULOS
Dê preferência aos integrais
6 150 900
FRUTAS 2-4 35 70
HORTALIÇAS 3-4 15 60
LEGUMINOSAS 2 55 110
CARNE BOVINA, SUÍNA,
PEIXE, FRANGO, OVOS
2 190 380
PRODUTOS LÁCTEOS 2-3 120 240
AÇÚCARES * 1 110 110
ÓLEOS E GORDURAS * 1 73 73
Fonte: Depto. Agricultura EUA, 1992; Philippi, 1996.
* USADOS NO PREPARO DOS ALIMENTOS –são dispensável na alimentação.
36
QQUUAADDRROO 55.. AALLIIMMEENNTTOOSS EEQQUUIIVVAALLEENNTTEESS
GRUPOS DE
ALIMENTOS
ALIMENTOS EQUIVALENTES
PÃES /
CEREAIS/
RAÍZES E
TUBÉRCULOS –
preferir os
integrais
Arroz branco cozido - 4 col. sopa; Batata cozida/assada - 1 ½ unidade;
Biscoito doce simples - 5 unid.;
Biscoito tipo “cream cracker” - 5 unid; Biscoito recheado - 2 unid;
Macarrão cozido - 3 ½ col sopa; Pãozinho caseiro - ½ unid;
Pão forma tradicional tipo “pullman” - 2 fatias;
Pão de queijo- 1 unid; Pão francês- 1 unid;
Torrada (pão francês) - 6 fatias finas
FRUTAS Abacate - ¾ col sopa; Abacaxi - ½ fatia; Banana - ½ unid;
Goiaba - ¼ unid; Jabuticaba - 17 unid; Kiwi - ¾ unid;
Uva comum - 11 bagos; Laranja Bahia/Seleta - 4 gomos;
Laranja Pêra/Lima - 1 unid; Limão - 2 unid; Maçã - ½ unid;
Manga - ¼ unid; Melancia/melancia/mamão - 1fatia;
Morango - 9 unid; Pêra - ½ unid; Suco de laranja - ½ copo requeijão
HORTALIÇAS Abobrinha cozida - 3 col sopa; Beterraba crua ralada - 2 col sopa;
Agrião, alface, almeirão, escarola, mostarda, rúcula - à vontade;
Brócolis cozido - 4 ½ col sopa; Cenoura cozida - 7 fatias ou ¾ col sopa;
Couve flor cozida - 3 ramos; Ervilha em conserva - 1 col sopa;
Jiló cozido - 1 ½ col sopa; Palmito em conserva - 2 unid;
Pepino picado - 4 col sopa; Picles em conserva -5 col sopa;
Rabanete - 3 unid; Repolho cru - 6 col sopa; Vagem cozida - 2 col sopa;
Repolho cozido - 5 col sopa; Tomate comum - 4 fatias;
LEGUMINOSAS Ervilha seca cozida - 2 ½ col sopa;
Feijão cozido (50 % de caldo) - 1 concha; Feijão cozido/ Grão de bico
cozido/ Lentilha / feijão branco /soja cozida - 2 col. de sopa
CARNE BOVINA,
SUÍNA, PEIXE,
FRANGO, OVOS
Bacalhoada - ½ porção; Bife à role - 1 unid; Bife grelhado -1 unid;
Carne cozida - 1 fatia; Peru tipo “blanquet” - 10 fatias;
Porco - lombo assado -1 fatia; Carne moída refogada - 5 col sopa;
Hambúrguer - 1 unid; Frango assado inteiro - 1 pedaço de peito ou
1coxa/sobre grande; Filé grelhado (peixe, frango, vaca) - 1 unid média; ;
Omelete simples – 1 unid
PRODUTOS
LÁCTEOS
Iogurte natural - 2 copo de requeijão; Iogurte polpa de frutas - 1 pote
Leite tipo B - 1 copo de requeijão; Queijo minas - 1 ½ fatia;
Ricota - 2 fatias; mussarela - 3 fatias; Queijo “polenguinho” - 2 unid;
Queijo prato - 2 fatias; Requeijão cremoso - 1 ½ col sopa;
Vitamina de leite com frutas - 1 copo de requeijão
AÇÚCARES * Açúcar mascavo - 1col sopa; Açúcar refinado - 1 col sopa;
Doce industrializado tipo goiabada - ½ fatia; Karo - 2 col. sopa;
Mel - 2 ½ col sopa
ÓLEOS E
GORDURAS *
Azeite de oliva - 1 col sopa; Halvarina - 1col sopa; Margarina - ½ col
sopa; Margarina vegetal - ½ col sopa;
Óleo vegetal de girassol/milho/soja - 1 col sopa
37
QQuuaaddrroo 66.. DDIICCAASS PPAARRAA UUMMAA DDIIEETTAA SSAAUUDDÁÁVVEELL
ALIMENTOS PREFERIR EVITAR
CARNES EM
GERAL
Peixes, frango sem pele,
carnes magras.
Retirar toda a gordura visível.
Carnes gordurosas, vísceras
(fígado, coração, miolo, miúdos),
embutidos (lingüiça salsicha e frios),
carnes de porco (bacon, torresmos),
pele de animais, camarão, lagosta,
mexilhão, ostra,...
LATICÍNIOS
Leite e iogurte desnatado,
queijo branco, ricota e cottage
Leite e iogurte integrais, queijos amarelos
e cremosos, manteiga, creme de leite
OVOS
Clara de ovos,
substituir 2 claras = 1 ovo
Gema de ovo.
VEGETAIS E
FRUTAS
Frutas e verduras frescas
Verduras na manteiga, em forma de
frituras,
com molhos
DOCES, PÃES
E SIMILARES
(feitos com
farinhas
integrais)
Massas de bolo sem gema de ovo,
sorvete e doces a base de frutas
Pães pobres em gordura,
cereais integrais
(aveia, trigo, farelo),
massas sem gema de ovo,
grão de bico, feijão, ervilha, lentilha,
batata, arroz, mandioca.
Massas de bolo com gema de ovo,
sorvetes com leite, doces com chocolate
e/ou chantilly,
biscoitos amanteigados, folhados,
sorvetes cremosos
Pães com recheio, manteiga, croissants,
bolachas, massas com gema de ovo
GORDURAS
EM GERAL
Margarinas “moles” ou “light”,
óleos vegetais
(soja, milho, canola e azeite de oliva).
Frituras, manteiga, óleo de coco e de
dendê, maionese, gordura animal
(toucinho, banha),
molhos com creme de leite.
Fontes: Dutra de Oliveira, 1998;
III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose, 2001.
O Sal ou cloreto de sódio é o tempero mais usado no preparo de alimentos. Os
brasileiros comem, mais ou menos, 10 g/dia, sendo que o recomendado gira em
torno de 5 g/dia.
A maioria das pessoas acha que o sal deixa a comida mais gostosa, mas se
esquece de que o gosto pelo sal não nasce com a pessoa. Comendo com sal desde
criança é que as pessoas adquirem esse gosto. Outro fato curioso é que as pessoas
dizem que precisam de sal senão "sentem-se fracas". A verdade é que nosso corpo
precisa de muito pouco sal, menos do que 6 g/dia, quantidade que geralmente existe
nos próprios alimentos, sem contar que os industrializados contém quantidades
exageradas de sal para sua conservação.
É recomendável que todas as pessoas, independentemente de a pressão ser alta,
normal ou baixa, não exagerem no sal. Essa orientação é mais importante para
38
quem é sensível ao sal e tem pressão alta, porque se a pessoa comer com muito sal
poderá bloquear o efeito dos remédios que baixam a pressão.
Por outro lado, dependendo do caso, não há necessidade de eliminar totalmente
o sal. O ideal é diminuir a quantidade colocada nos alimentos e evitar comer os
alimentos embutidos, queijos amarelos, temperos prontos...
Os produtos chamados “substitutos do sal” ou “sal light” podem ser úteis para
algumas pessoas. Quem toma certos tipos de remédios ou "sofre dos rins" não pode
usar substitutos do sal. O ideal é consultar o médico ou nutricionista antes de usá-
los.
Onde está “escondido” o sal ???
⇒ Carnes processadas: embutidos em geral (presunto, mortadela, salsicha,
lingüiça, salame), bacon, carne seca, “nuggets”, e outros alimentos prontos;
⇒ Enlatados: vegetais (palmito, azeitona, milho..), peixes (atum, sardinha);
⇒ Queijos: duros e amarelos (parmesão, provolone, prato, etc.);
⇒ Temperos prontos: acho melhor colocar em pó ou cubos ao invés da marca
comercial Arisco®, Sazón® Aji-no-moto®, sopas desidratadas, caldos e extratos
concentrados, amaciantes de carne, catchup, mostarda, maionese, molho de
soja, molho inglês, extrato de tomate, etc.;
⇒ Salgadinhos industrializados: chips, amendoim, coxinha, pastel, etc.;
⇒ Biscoitos, bolachas, pães, mesmo os doces;
⇒ Adoçantes artificiais: ciclamato de sódio, sacarina sódica, etc.
39
RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS
1. CUIDADO COM AS QUANTIDADES: Muitas pessoas têm o hábito de comer
sem prestar atenção no que está fazendo e nem estão com fome. Outras, por
exemplo, criaram o hábito de comer diante da televisão, ou trabalhando, sem
reparar no sabor nem na quantidade de comida. A primeira coisa a mudar é isso:
mastigar bem e perceber o sabor de cada alimento fica mais fácil controlar sua
quantidade.
2. CINCO PORÇÕES ou mais DE FRUTAS E VEGETAIS, DIARIAMENTE: Esta é
a condição básica para se ter boa saúde – comer diariamente, pelo menos
CINCO porções de frutas ou vegetais diferentes (ex.: alface, tomate, cebola,
banana e laranja) - é só variar como puder e conforme o gosto.
3. ESCOLHER MELHOR OS ALIMENTOS: dar preferência aos cereais integrais e
seus derivados (farinhas e sub produtos: pães, bolachas, macarrão), legumes,
frutas e verduras; preferir carnes sem gorduras; frango sem a pele; peixes, pelo
menos, uma vez por semana; óleo de soja ou azeite. Preferir os alimentos
cozidos, assados ou grelhados - evitar frituras!
4. ALIMENTAR-SE EM HORÁRIOS REGULARES: fazer de 3-4 refeições diárias
(café da manhã, almoço, lanche e jantar). Evitar comer fora de hora, “beliscar”
entre as refeições principais.
5. MANTER A CASA “À PROVA DE CALORIAS”: evitar comprar doces, bolachas,
refrigerantes e sorvetes.
6. COMBINAR ALIMENTOS DE GRUPOS DIFERENTES: Em caso de excesso de
peso, procure evitar na mesma refeição -carnes, leite, queijo, peixe, frango - com
pão, arroz, batata, macarrão e doces. O mais importante: combine estes
alimentos com verduras cruas ou cozidas. Na hora da sobremesa, preferir frutas!
Não substituir as refeições principais por “sanduíches ou lanches”: geralmente
são cheios de alimentos gordurosos e ainda pecam pela falta de fibras e outros
nutrientes encontrados nos vegetais
Observação: no caso de haver a presença de hipertrigliceridemia, o consumo de
alimentos energéticos – gorduras e carboidratos – devem ser limitados e controlados
e a ingestão de álcool deve ser totalmente restrita. Preferir óleos vegetais, evitar
gorduras animais; dar sempre preferência aos alimentos produzidos com farinhas
integrais que possuem maior teor de fibras.
40
4. CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS
O crescimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis e em especial as
Doenças Cardiovasculares constitui-se em importante PROBLEMA DE SAÚDE
PÚBLICA desde o último século, por sua elevada morbimortalidade e (por) suas
repercussões na qualidade de vida. Entretanto, mudanças neste perfil tem sido
possíveis por meio da melhoria nas condições de vida e no nível de informação
da população, bem como pela adoção de medidas de intervenção em saúde
focando a redução da exposição a fatores de risco conhecidos que participam da
gênese destes agravos. Portanto, é necessário dar continuidade à implementação
de medidas para conscientização da população em relação à associação
dieta/saúde.
Promover mudança de hábitos é tarefa árdua e difícil..É.. sabido que os fatores
culturais e a influência da mídia estão muito presentes. Mas... com a ajuda dos
profissionais e com a promoção e apoio de trabalhos em grupo e associações, pode-
se tornar mais fácil o alcance ((a consecução)) dos objetivos propostos. É de
extrema importância que os ambientes estimulem os hábitos saudáveis: a
alimentação nos locais de trabalho e escolas, proibir o hábito de fumar na presença
de crianças e incentivar a atividade física...
De acordo com a experiência de outros países, mudanças de hábitos e
comportamento requerem esforço coletivo - políticas de saúde mais abrangentes
objetivando uma reestruturação do comércio de alimentos, a valorização de padrões
de consumo alimentares mais saudáveis, (desencentivo???) proibição de
propagandas de cigarro e alimentos ricos em componentes prejudiciais á saúde,
principalmente entre aqueles que estão nas camadas mais pobres e com menor
nível de instrução.
Vários programas de prevenção e promoção de saúde já foram desenvolvidos no
mundo todo, obtendo resultados positivos no controle de doenças crônicas:
- o Programa americano “Health People 2000” tem como um de seus objetivos o
aumento do consumo de vegetais para cinco ou mais porções diárias;
- o Programa Prevenir IAMSPE em parceria com a DDCNT/CVE/SES está
implantando o programa “Alimentação Saudável na Prevenção de Doenças
Crônicas Não Transmissíveis - TURMA DA SAÚDE - OS AMIGOS DA BOA
ALIMENTAÇÃO ” - visando promover mudanças de comportamento em relação
aos hábitos alimentares, por meio de palestras explicativas sobre o assunto aos
41
funcionários; reuniões com as empresas fornecedoras da alimentação aos
funcionários das diversas secretarias, para a adequação dos cardápios, entre
outras ações.
Dentre os programas que deram certo, aqui e no exterior, há pontos em comum:
- as pessoas tiveram acesso a informação de qualidade e de fácil entendimento;
- periodicamente, as pessoas foram “lembradas” das informações recebidas;
- além da informação, receberam o estímulo de familiares, amigos e dos
profissionais de saúde.
Devem ser incentivados a formação de grupos para troca de receitas e preparo de
comidas saudáveis que contribuam na redução de peso corporal; cessação do
hábito de fumar e controle do consumo de bebidas alcoólicas; incentivo de
atividades físicas que, além de auxiliar na manutenção do peso corporal, reduz o
estresse, entre outros benefícios!
O trabalho de prevenção deve ser perseverante, otimista e animador.
O agente de saúde tem papel fundamental!
42
55.. RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS
Barreto SM, Pinheiro ARO, Sichieri R, Monteiro CA, Batista Filho, M, Shimidt M, et
al. Análise da estratégia global para alimentação, atividade física e saúde da
Organização Mundial da Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2005; 14(1):
41-68.
Bazzano LA, He J, Ogden LG, et al. Fruit and vegetable intake and risk of
cardiovascular disease in US adults: the first National Health and Nutrition
Examination Survey Epidemiologic Follow-up Study. Am J Clin Nutr 2002; 76:93–9.
Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Vigilância
Epidemiológica. Vigilância e monitoramento de doenças e agravos não
transmissíveis.[on line]. Disponível em
URL<http://w.w.w.funasa.gov.br/epi/ntransmi/epi_ntransmi_00.htm [2003 jul 20].
Consenso latino americano sobre obesidade. Rio de Janeiro, RJ 08 a 11 de outubro
de 1998. [on line]. Disponível em URL <http://www.abeso.org.br>. [2007 fev 10].
Craig WJ. Phytochemicals: guardians of our health. J Am Diet Assoc 1997; 97: 10
(2):S199-204.
De Angelis RC. Fome oculta, impacto para a população brasileira. São Paulo:
Atheneu, 1999.
Dutra de Oliveira JE, Marchini JS. Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998.
Fundação IBGE. Pesquisa de orçamentos familiares 1987 e 1996 [on line].
Disponível em URL <http://w.w.w.ibge.gov.br/sidra>. [2007 nov 10].
Hagdrup MD, Simões, EJ, Brownson RC. Fruit and vegetable consumption in
Missouri: knowledge, barriers and benefits. Am J Health Behav 1998; 22 (2): 90-
100.
43
III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da
Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de
Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2001: 77; Supl III.
Issa JS, Francisco YA. Obesidade e doenças cardíacas: aspectos epidemiológicos e
preventivos. Rev Soc Cardiol Estado São Paulo 1996; 6:558-63.
IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2004; 82; Supl IV.
IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do
Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras
Cardiol. Volume 88, Suplemento I, 2007.
Kim KK, Yu ES, Chen H, Cross N, Kim J. Nuritional status of Korean Americans:
implications for cancer risk. Oncol Nurs Forum 2000; 27:1573-83.
Leon A. Physical activity and cardiovascular health: a National Consensus.
Human Kinetics; 1997. p. 57-66.
Marcopito LF, Rodrigues SSR, Pacheco MA, Shirassu MM, Goldfeder AJ, Moraes
MA. Prevalência de alguns fatores de risco para doenças crônicas na cidade de São
Paulo. Rev Saúde Pública 2005: 39(5): 738-45.
Matsudo V. Physical activity: passport for health. World Health Rep 1997; 50 (3): 16-
7.
Monteiro CA, Conde WL. A tendência secular da obesidade segundo estratos
sociais: Nordeste e sudeste do Brasil. Arq Bras End Met 1999; 43:186-94.
Monteiro CA, Mondini L, Costa RBL. Mudanças na composição e adequação
nutricional da dieta familiar nas áreas metropolitanas do Brasil. Rev Saúde Pública
2000; 34:251-8.
44
Neumann AICP, Philippi ST, Cruz ATR, Morimoto JM, Fisberg RM. A pirâmide
alimentar na orientação nutricional de indivíduos portadores de doenças
cardiovasculares. Nutrire: rev Soc Bras Alim Nut = J Brazilian Soc Food Nutr, São
Paulo, SP.v.19/20, p. 7-17, 2000.
Organização Pan-Americana da Saúde. [Internet site]. Doenças crônico-
degenerativas e obesidade: estratégia mundial sobre alimentação saudável,
atividade física e saúde. Brasília, 2003. Disponível em:
http://www.opas.org.br/sistema/arquivos/d_cronic.pdf. Acessado em 10 de outubro
de 2005.
Philippi ST, Cruz AT, Latterza AR. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha
dos alimentos. Rev Nutr. V. 12, n. 1, p. 65-80, 1999.
Secretaria de Estado da Saúde, Grupo Técnico de Informações de Saúde.
Mortalidade do município de São Paulo. São Paulo, 2000 [on line]. Disponível em
URL <http://w.w.w.saude.sp. gov.br >. [2000 nov 10].
Sociedade Brasileira de Diabetes. Consenso Brasileiro sobre Diabetes 2002:
diagnóstico e classificação do diabetes melito e tratamento do diabetes melito do
tipo 2. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2003. 72p.
US Department of Health and Human Services. Healthy people 2000. national
health promotion and disease prevention objectives. Washington (DC), 1991. (DHSS
Publication PHS 91-50213).
Willett WC. Nutritional epidemiology issues in chronic disease at the turn of the
century. Epidemiol Rev 2000: 22(1),82-6.
45
Willett WC. Nutritional epidemiology. 2 nd
ed. New York: Oxford University Press;
1998.
World Health Organization. Diet, nutrition and prevention of chronic diseases.
Geneva; WHO; 2003. (Technical Report Series, 916).
World Health Organization. Obesity. Preventing and managing the global
epidemy. Report of the World Health Organization consultation on obesity,
Geneve,1997.
World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemy.
Geneva: WHO; 1997. (Report of WHO consultation on obesity).
World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of
anthropometry. Geneva: WHO; 1995.(Report series, 854).
World Health Organization.. Report of a Joint FAO/WHO Consultation. Preparation
and use of food-based dietary guidelines. Geneva: WHO; 1998.

Contenu connexe

Tendances

Guia alimentar para população brasileira
Guia alimentar para população brasileiraGuia alimentar para população brasileira
Guia alimentar para população brasileiraCarolina Sá
 
Manual diabetes - 2013
Manual diabetes - 2013Manual diabetes - 2013
Manual diabetes - 2013Ismael Costa
 
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação Saudável
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação SaudávelGUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação Saudável
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação SaudávelLidiane Martins
 
Orientacoes coleta analise_dados_antropometricos
Orientacoes coleta analise_dados_antropometricosOrientacoes coleta analise_dados_antropometricos
Orientacoes coleta analise_dados_antropometricosAlinebrauna Brauna
 
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronicaEstrategias cuidado pessoa_doenca_cronica
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronicaFlávia Regina
 
Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados ...
Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados ...Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados ...
Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados ...Nádia Elizabeth Barbosa Villas Bôas
 

Tendances (8)

Pnan2011
Pnan2011Pnan2011
Pnan2011
 
Guia alimentar para população brasileira
Guia alimentar para população brasileiraGuia alimentar para população brasileira
Guia alimentar para população brasileira
 
Manual diabetes - 2013
Manual diabetes - 2013Manual diabetes - 2013
Manual diabetes - 2013
 
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação Saudável
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação SaudávelGUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação Saudável
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação Saudável
 
Orientacoes coleta analise_dados_antropometricos
Orientacoes coleta analise_dados_antropometricosOrientacoes coleta analise_dados_antropometricos
Orientacoes coleta analise_dados_antropometricos
 
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronicaEstrategias cuidado pessoa_doenca_cronica
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica
 
Abcad12
Abcad12Abcad12
Abcad12
 
Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados ...
Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados ...Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados ...
Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados ...
 

En vedette

Estrategias cuidado pessoa_diabetes_mellitus_cab36 - 2013
Estrategias cuidado pessoa_diabetes_mellitus_cab36 - 2013Estrategias cuidado pessoa_diabetes_mellitus_cab36 - 2013
Estrategias cuidado pessoa_diabetes_mellitus_cab36 - 2013gisa_legal
 
Cadeno de aten o b_sica. n_ 23 - sa_de da crian_a
Cadeno de aten  o b_sica. n_ 23 - sa_de da crian_aCadeno de aten  o b_sica. n_ 23 - sa_de da crian_a
Cadeno de aten o b_sica. n_ 23 - sa_de da crian_agisa_legal
 
Estrategias cuidado doenca_cronica_obesidade_cab38 - 2014
Estrategias cuidado doenca_cronica_obesidade_cab38 - 2014Estrategias cuidado doenca_cronica_obesidade_cab38 - 2014
Estrategias cuidado doenca_cronica_obesidade_cab38 - 2014gisa_legal
 
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica has 2013
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica has 2013Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica has 2013
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica has 2013gisa_legal
 
Minist rio da sa de - manualcanguru
Minist rio da sa de - manualcanguruMinist rio da sa de - manualcanguru
Minist rio da sa de - manualcangurugisa_legal
 
Preven o de doen_a cv renal e cerebrovascular
Preven  o de doen_a cv renal e cerebrovascularPreven  o de doen_a cv renal e cerebrovascular
Preven o de doen_a cv renal e cerebrovasculargisa_legal
 
Guia alimentar-para-a-pop-brasiliera-2014
Guia alimentar-para-a-pop-brasiliera-2014Guia alimentar-para-a-pop-brasiliera-2014
Guia alimentar-para-a-pop-brasiliera-2014gisa_legal
 
2004 pediat. motivos encaminhamento
2004 pediat. motivos encaminhamento 2004 pediat. motivos encaminhamento
2004 pediat. motivos encaminhamento gisa_legal
 
Acidentes na infância
Acidentes na infânciaAcidentes na infância
Acidentes na infânciagisa_legal
 
2004 circ. guia pais sopro inocente
2004 circ. guia pais sopro inocente 2004 circ. guia pais sopro inocente
2004 circ. guia pais sopro inocente gisa_legal
 
Acc aha esc 2006 guidelines for management of patients with
Acc aha esc 2006 guidelines for management of patients withAcc aha esc 2006 guidelines for management of patients with
Acc aha esc 2006 guidelines for management of patients withgisa_legal
 
Algoritmo cateterization atresia pulmonar
Algoritmo cateterization atresia pulmonarAlgoritmo cateterization atresia pulmonar
Algoritmo cateterization atresia pulmonargisa_legal
 
Alimentação complementar no 1o ano dv
Alimentação complementar no 1o ano dvAlimentação complementar no 1o ano dv
Alimentação complementar no 1o ano dvgisa_legal
 
Abordagem crianca sopro
Abordagem crianca soproAbordagem crianca sopro
Abordagem crianca soprogisa_legal
 
A troponina como marcador de injúria celular miocárdica
A troponina como marcador de injúria celular miocárdicaA troponina como marcador de injúria celular miocárdica
A troponina como marcador de injúria celular miocárdicagisa_legal
 
A criança que não quer comer
A criança que não quer comerA criança que não quer comer
A criança que não quer comergisa_legal
 
Avaliação do sc na infância
Avaliação do sc na infânciaAvaliação do sc na infância
Avaliação do sc na infânciagisa_legal
 
Diagnostico precoce-oximetria
Diagnostico precoce-oximetriaDiagnostico precoce-oximetria
Diagnostico precoce-oximetriagisa_legal
 
Distúrbios cardiológicos
Distúrbios cardiológicosDistúrbios cardiológicos
Distúrbios cardiológicosgisa_legal
 
Golf ball para gestantes
Golf ball para gestantes Golf ball para gestantes
Golf ball para gestantes gisa_legal
 

En vedette (20)

Estrategias cuidado pessoa_diabetes_mellitus_cab36 - 2013
Estrategias cuidado pessoa_diabetes_mellitus_cab36 - 2013Estrategias cuidado pessoa_diabetes_mellitus_cab36 - 2013
Estrategias cuidado pessoa_diabetes_mellitus_cab36 - 2013
 
Cadeno de aten o b_sica. n_ 23 - sa_de da crian_a
Cadeno de aten  o b_sica. n_ 23 - sa_de da crian_aCadeno de aten  o b_sica. n_ 23 - sa_de da crian_a
Cadeno de aten o b_sica. n_ 23 - sa_de da crian_a
 
Estrategias cuidado doenca_cronica_obesidade_cab38 - 2014
Estrategias cuidado doenca_cronica_obesidade_cab38 - 2014Estrategias cuidado doenca_cronica_obesidade_cab38 - 2014
Estrategias cuidado doenca_cronica_obesidade_cab38 - 2014
 
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica has 2013
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica has 2013Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica has 2013
Estrategias cuidado pessoa_doenca_cronica has 2013
 
Minist rio da sa de - manualcanguru
Minist rio da sa de - manualcanguruMinist rio da sa de - manualcanguru
Minist rio da sa de - manualcanguru
 
Preven o de doen_a cv renal e cerebrovascular
Preven  o de doen_a cv renal e cerebrovascularPreven  o de doen_a cv renal e cerebrovascular
Preven o de doen_a cv renal e cerebrovascular
 
Guia alimentar-para-a-pop-brasiliera-2014
Guia alimentar-para-a-pop-brasiliera-2014Guia alimentar-para-a-pop-brasiliera-2014
Guia alimentar-para-a-pop-brasiliera-2014
 
2004 pediat. motivos encaminhamento
2004 pediat. motivos encaminhamento 2004 pediat. motivos encaminhamento
2004 pediat. motivos encaminhamento
 
Acidentes na infância
Acidentes na infânciaAcidentes na infância
Acidentes na infância
 
2004 circ. guia pais sopro inocente
2004 circ. guia pais sopro inocente 2004 circ. guia pais sopro inocente
2004 circ. guia pais sopro inocente
 
Acc aha esc 2006 guidelines for management of patients with
Acc aha esc 2006 guidelines for management of patients withAcc aha esc 2006 guidelines for management of patients with
Acc aha esc 2006 guidelines for management of patients with
 
Algoritmo cateterization atresia pulmonar
Algoritmo cateterization atresia pulmonarAlgoritmo cateterization atresia pulmonar
Algoritmo cateterization atresia pulmonar
 
Alimentação complementar no 1o ano dv
Alimentação complementar no 1o ano dvAlimentação complementar no 1o ano dv
Alimentação complementar no 1o ano dv
 
Abordagem crianca sopro
Abordagem crianca soproAbordagem crianca sopro
Abordagem crianca sopro
 
A troponina como marcador de injúria celular miocárdica
A troponina como marcador de injúria celular miocárdicaA troponina como marcador de injúria celular miocárdica
A troponina como marcador de injúria celular miocárdica
 
A criança que não quer comer
A criança que não quer comerA criança que não quer comer
A criança que não quer comer
 
Avaliação do sc na infância
Avaliação do sc na infânciaAvaliação do sc na infância
Avaliação do sc na infância
 
Diagnostico precoce-oximetria
Diagnostico precoce-oximetriaDiagnostico precoce-oximetria
Diagnostico precoce-oximetria
 
Distúrbios cardiológicos
Distúrbios cardiológicosDistúrbios cardiológicos
Distúrbios cardiológicos
 
Golf ball para gestantes
Golf ball para gestantes Golf ball para gestantes
Golf ball para gestantes
 

Similaire à Cartilha agsaude08

Diabetes mellitus tipo 2 (texto)
Diabetes mellitus tipo 2 (texto)Diabetes mellitus tipo 2 (texto)
Diabetes mellitus tipo 2 (texto)Eliel Richard
 
Release_Palestra_Sandra_Chemin
Release_Palestra_Sandra_CheminRelease_Palestra_Sandra_Chemin
Release_Palestra_Sandra_Cheminforumdealimetacao
 
Projeto Qualidade de Vida
Projeto Qualidade de VidaProjeto Qualidade de Vida
Projeto Qualidade de VidaDjeison Machado
 
Obesidade se torna um fator complexo em pacientes diabeticos e vice versa.
Obesidade se torna um fator complexo em pacientes diabeticos e vice versa.Obesidade se torna um fator complexo em pacientes diabeticos e vice versa.
Obesidade se torna um fator complexo em pacientes diabeticos e vice versa.Van Der Häägen Brazil
 
Capacitacao a distancia para atencao basica diabetes enfermeiro
Capacitacao a distancia para atencao basica diabetes enfermeiroCapacitacao a distancia para atencao basica diabetes enfermeiro
Capacitacao a distancia para atencao basica diabetes enfermeiromanoelramosdeoliveir1
 
Sebenta de epidemiologia
Sebenta de epidemiologiaSebenta de epidemiologia
Sebenta de epidemiologiaDalila_Marcao
 
02_CN9_indicadores_estado_saúde_tc_20112012
02_CN9_indicadores_estado_saúde_tc_2011201202_CN9_indicadores_estado_saúde_tc_20112012
02_CN9_indicadores_estado_saúde_tc_20112012Teresa Monteiro
 
Câncer fatores de risco inca_ziraldo
Câncer fatores de risco inca_ziraldoCâncer fatores de risco inca_ziraldo
Câncer fatores de risco inca_ziraldoFernanda Luiza
 
PROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRADA AO HOMEM EM CABO VERDE: CRIAÇÃO E DESAFIOS
PROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRADA AO HOMEM EM CABO VERDE: CRIAÇÃO E DESAFIOSPROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRADA AO HOMEM EM CABO VERDE: CRIAÇÃO E DESAFIOS
PROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRADA AO HOMEM EM CABO VERDE: CRIAÇÃO E DESAFIOSNuel Ima
 
Indicadores Do Estado De SaúDe De Uma PopulaçãO
Indicadores Do Estado De SaúDe De Uma PopulaçãOIndicadores Do Estado De SaúDe De Uma PopulaçãO
Indicadores Do Estado De SaúDe De Uma PopulaçãODAVIDbeatriz
 
Obesidade Infantil e Atividade Física
Obesidade Infantil e Atividade FísicaObesidade Infantil e Atividade Física
Obesidade Infantil e Atividade FísicaLuciano Daniel Silva
 
SINDROME METABÓLICA, UMA DOENÇA MULTIDISCIPLINAR COM ÊNFASE NA ENDOCRINOLOGIA
SINDROME METABÓLICA, UMA DOENÇA MULTIDISCIPLINAR COM ÊNFASE NA ENDOCRINOLOGIASINDROME METABÓLICA, UMA DOENÇA MULTIDISCIPLINAR COM ÊNFASE NA ENDOCRINOLOGIA
SINDROME METABÓLICA, UMA DOENÇA MULTIDISCIPLINAR COM ÊNFASE NA ENDOCRINOLOGIAVan Der Häägen Brazil
 

Similaire à Cartilha agsaude08 (20)

Saúde do homem
Saúde do homemSaúde do homem
Saúde do homem
 
Diabetes mellitus tipo 2 (texto)
Diabetes mellitus tipo 2 (texto)Diabetes mellitus tipo 2 (texto)
Diabetes mellitus tipo 2 (texto)
 
EPIDEMIOLOGIA - Copia.pdf
EPIDEMIOLOGIA - Copia.pdfEPIDEMIOLOGIA - Copia.pdf
EPIDEMIOLOGIA - Copia.pdf
 
A arte de envelhecer com saúde
A arte de envelhecer com saúdeA arte de envelhecer com saúde
A arte de envelhecer com saúde
 
Release_Palestra_Sandra_Chemin
Release_Palestra_Sandra_CheminRelease_Palestra_Sandra_Chemin
Release_Palestra_Sandra_Chemin
 
Cartilha da saude
Cartilha da saudeCartilha da saude
Cartilha da saude
 
A epidemiologia da obesidade no mundo.
A epidemiologia da obesidade no mundo.A epidemiologia da obesidade no mundo.
A epidemiologia da obesidade no mundo.
 
Projeto Qualidade de Vida
Projeto Qualidade de VidaProjeto Qualidade de Vida
Projeto Qualidade de Vida
 
Saúde do idoso
Saúde do idosoSaúde do idoso
Saúde do idoso
 
Obesidade se torna um fator complexo em pacientes diabeticos e vice versa.
Obesidade se torna um fator complexo em pacientes diabeticos e vice versa.Obesidade se torna um fator complexo em pacientes diabeticos e vice versa.
Obesidade se torna um fator complexo em pacientes diabeticos e vice versa.
 
Capacitacao a distancia para atencao basica diabetes enfermeiro
Capacitacao a distancia para atencao basica diabetes enfermeiroCapacitacao a distancia para atencao basica diabetes enfermeiro
Capacitacao a distancia para atencao basica diabetes enfermeiro
 
Sebenta de epidemiologia
Sebenta de epidemiologiaSebenta de epidemiologia
Sebenta de epidemiologia
 
Genero 04
Genero 04Genero 04
Genero 04
 
02_CN9_indicadores_estado_saúde_tc_20112012
02_CN9_indicadores_estado_saúde_tc_2011201202_CN9_indicadores_estado_saúde_tc_20112012
02_CN9_indicadores_estado_saúde_tc_20112012
 
Câncer fatores de risco inca_ziraldo
Câncer fatores de risco inca_ziraldoCâncer fatores de risco inca_ziraldo
Câncer fatores de risco inca_ziraldo
 
Projeto pense magro
Projeto pense magroProjeto pense magro
Projeto pense magro
 
PROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRADA AO HOMEM EM CABO VERDE: CRIAÇÃO E DESAFIOS
PROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRADA AO HOMEM EM CABO VERDE: CRIAÇÃO E DESAFIOSPROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRADA AO HOMEM EM CABO VERDE: CRIAÇÃO E DESAFIOS
PROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRADA AO HOMEM EM CABO VERDE: CRIAÇÃO E DESAFIOS
 
Indicadores Do Estado De SaúDe De Uma PopulaçãO
Indicadores Do Estado De SaúDe De Uma PopulaçãOIndicadores Do Estado De SaúDe De Uma PopulaçãO
Indicadores Do Estado De SaúDe De Uma PopulaçãO
 
Obesidade Infantil e Atividade Física
Obesidade Infantil e Atividade FísicaObesidade Infantil e Atividade Física
Obesidade Infantil e Atividade Física
 
SINDROME METABÓLICA, UMA DOENÇA MULTIDISCIPLINAR COM ÊNFASE NA ENDOCRINOLOGIA
SINDROME METABÓLICA, UMA DOENÇA MULTIDISCIPLINAR COM ÊNFASE NA ENDOCRINOLOGIASINDROME METABÓLICA, UMA DOENÇA MULTIDISCIPLINAR COM ÊNFASE NA ENDOCRINOLOGIA
SINDROME METABÓLICA, UMA DOENÇA MULTIDISCIPLINAR COM ÊNFASE NA ENDOCRINOLOGIA
 

Cartilha agsaude08

  • 1. 1 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS - CCD CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA “PROF ALEXANDRE VRANJAC” DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PREVENÇÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) e de seus FATORES DE RISCO GUIA BÁSICO para agentes de saúde 3ª EDIÇÃO ATUALIZADA 2008
  • 2. 2 NOTA A Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, do Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac” da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo foi criada por Decreto nº 28.233 em 3 de março de 1989, para coordenar as ações de prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis no estado de São Paulo. Ficha catalográfica 0 HV São Paulo (Estado) Secretaria da Saúde A3451 ?? Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac” Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis Prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis e se seus fatores de risco SES/CVE/DDCNT. 3ª edição – São Paulo, 2008. Neumann AICP, Shirassu MM, Goldfeder AJ, Ribeiro AB, – organização. 1. Doenças Crônicas Não Transmissíveis. 2. Prevenção 3. Fatores de Risco I. Título.
  • 3. 3 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO JOSÉ SERRA GOVERNADOR DE ESTADO SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA SECRETÁRIO DE ESTADO COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS CLELIA MARIA SARMENTO DE SOUZA ARANDA COORDENADOR CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA “PROF ALEXANDRE VRANJAC” ANA FREITAS RIBEIRO DIRETOR TÉCNICO DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS SÉRGIO SÃO FINS RODRIGUES DIRETOR TÉCNICO ELABORAÇÃO DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS Equipe Técnica ADRIANA BOUÇAS RIBEIRO AFRICA ISABEL DE LA CRUZ PEREZ NEUMANN ARTUR JAQUES GOLDFEDER DALVA MARIA DE OLIVEIRA VALENCICH EVA TERESA SKAZUFKA LUIZ FRANCISCO MARCOPITO MARCO ANTONIO DE MORAES MÍRIAN MATSURA SHIRASSU NEUMA TEREZINHA R. HIDALGO RICARDO DE CASTRO CINTRA SESSO SÉRGIO SÃO FINS RODRIGUES SIDNEY FEDERMANN Equipe de apoio administrativo LENILZA MOURA DOS SANTOS LÚCIA ELISA PRESTES SALVI Organização da Terceira Edição AFRICA ISABEL DE LA CRUZ PEREZ NEUMANN ARTUR JAQUES GOLDFEDER MÍRIAN MATSURA SHIRASSU Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac" Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissiveis Av. Dr. Arnaldo, 351 – 6°andar - Pacaembu - CEP: 01246-000 - São Paulo-SP. Tel.: (11) 3066-8741. E-mail: dvdcnt@saude.sp.gov.br
  • 4. 4 O presente trabalho é dedicado ao Dr. ARTUR JAQUES GOLDFEDER.
  • 5. 5 APRESENTAÇÃO As transformações sociais e econômicas ocorridas no Brasil durante o século passado provocaram mudanças importantes no perfil de ocorrência das doenças em nossa população. Na primeira metade do século 20, as doenças infecciosas transmissíveis eram as mais freqüentes causas de mortes. A partir dos anos 60, as doenças e agravos não transmissíveis - as DAnTs - passaram a ocupar progressivamente posição de maior destaque nas estatísticas. Entre os fatores que contribuíram para essa transição epidemiológica estão: o processo de transição demográfica, com queda nas taxas de fecundidade e natalidade e progressivo aumento na proporção de idosos, favorecendo o aumento das doenças crônicas não transmissíveis- (doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças respiratórias); e a transição nutricional, com diminuição expressiva da desnutrição e aumento do número de pessoas com excesso de peso (sobrepeso e obesidade). Soma-se a isso o aumento dos traumas decorrentes das causas externas: acidentes, violências e envenenamentos, etc. Projeções para as próximas décadas apontam para um crescimento epidêmico de algumas das DAnTs na maioria dos países em desenvolvimento, em particular das neoplasias, diabetes tipo 2 e doenças respiratórias crônicas. Essa transição do quadro epidemiológico tem impactado a área de saúde pública no Brasil e demandado o desenvolvimento de estratégias para o controle das DAnT. A vigilância epidemiológica dessas doenças e dos seus fatores de risco é de fundamental importância para a implementação de políticas públicas voltadas para sua prevenção, controle e a promoção geral da saúde.
  • 7. 7 1. INTRODUÇÃO RISCO em epidemiologia significa a probabilidade de que pessoas sadias, expostas a certas condições, adquiram uma doença. São chamados de fatores e condições de risco para uma determinada doença as situações ou “causas” que levam à doença. Estes fatores que estão associados a um risco aumentado de adoecer são chamados de fatores de risco. As Doenças Crônicas Não Transmissíveis - DCNT são um grupo de enfermidades, incluído em um agrupamento mais amplo denominado Doenças e Agravos Não Transmissíveis – DANT, cujo processo de instalação no organismo geralmente se inicia com alterações, sem que o indivíduo perceba e que demoram anos para se manifestar. Geralmente não há cura porque as lesões causadas são irreversíveis, levando a complicações com graus variáveis de incapacidade ou morte, sendo que as principais são as do aparelho circulatório (hipertensão arterial, infarto do miocárdio e outras doenças do coração, derrame ou acidente cerebrovascular), os diversos tipos de câncer, o diabetes, as doenças pulmonares obstrutivas crônicas (como o enfisema e bronquite crônica), as doenças osteo- articulares (como a osteoporose e as artroses), a obesidade, as dislipidemias (excesso de gordura no sangue), entre outras. Cerca de 300 pessoas morrem diariamente por estas enfermidades somente no estado de São Paulo e cerca de 40% nem chegam a completar 60 anos de idade. Os principais fatores e condições de risco para as DCNT são alguns hábitos como o tabagismo, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, alimentação inadequada, a falta de atividade física, o estresse, a tendência genética e algumas condições de vida e de trabalho, entre outras. Somente uma parte das pessoas (cerca de 20%) têm alguma causa genética ou outra alteração orgânica de nascimento considerados como risco para estas enfermidades e, mesmo com a presença do determinante genético, nem sempre a doença se instala. Na grande maioria das vezes as doenças são a conseqüência dos demais riscos mencionados e todos eles por sua vez estão relacionados às formas e possibilidades de se viver nos nossos dias. Os hábitos e situações de vida, como o estresse, associados à pobreza, à violência, aos problemas com o transporte nas grandes cidades, à falta de trabalho ou trabalho excessivo ou até as más condições - na cidade ou no campo, o consumo
  • 8. 8 exagerado de alimentos industrializados, de cigarros e bebidas; além de pouca atividade física e pouco tempo para relaxar contribuem para aumentar o risco de desenvolver estas doenças. Em geral, o risco é muito superior nas populações de baixa escolaridade e renda, desempregados e naqueles submetidos a piores condições de trabalho. Está provado que é possível modificar a exposição a tais riscos e que estas modificações se tornam mais fáceis de acontecer quando são estimuladas de forma coletiva: nos locais de trabalho, dentro e fora da unidade de saúde, nas escolas e nas organizações comunitárias. É importante salientar que para modificar hábitos e costumes leva-se tempo e que algumas condições também precisam estar ao alcance das comunidades: a disponibilidade de alimentos saudáveis em escolas e locais de trabalho, locais para realizar atividades físicas, melhores condições de trabalho e estudo, maior acesso à cultura e lazer para adultos, crianças, enfim, para as famílias. Este manual é dedicado aos agentes de saúde e outros trabalhadores das unidades de saúde, que no seu dia a dia têm a oportunidade de orientar famílias e comunidades quanto aos riscos e, principalmente, quanto às possibilidades de mudança desta realidade para uma vida mais longa e com mais saúde!
  • 9. 9 2.FATORES E CONDIÇÕES DE RISCO PARA DCNT Os fatores e condições de risco para DCNT são muitos e geralmente as pessoas estão expostas a mais de um deles. O efeito da exposição nesta situação acarreta um risco maior do que a simples soma dos mesmos; é como se os riscos não apenas se somassem, mas se multiplicassem. Didaticamente, os fatores de risco são separados em quatro grupos: - constitucionais: idade, sexo, raça e hereditariedade – não passíveis de modificações (até o presente momento): a criança já nasce com problemas que podem se manifestar mais tarde; - comportamentais: hábitos alimentares errôneos, hábito de fumar, inatividade física, consumo de álcool entre outros, passíveis de modificações; - sócioeconômico-culturais e psicossociais: renda, escolaridade, ocupação, classe social, condições ambientais, nível de estresse, entre outras - também são passíveis de modificações – só obtidas mediante transformações profundas da sociedade; - doenças ou distúrbios metabólicos - geradas por uma combinação dos fatores constitucionais e comportamentais/ambientais que aumentam as chances de desenvolvimento das DCNT: quantidades anormais de colesterol, triglicérides, glicose no sangue e fatores que alteram a coagulação sangüínea; pressão arterial aumentada, sobrepeso/obesidade, distribuição desproporcional da gordura corpórea, diabetes mellitus (DM). O gráfico seguinte mostra a mortalidade proporcional por algumas DCNT no estado de São Paulo - 2005, para ambos os sexos e todas as idades.
  • 10. 10 GGrrááffiiccoo 11.. MMoorrttaalliiddaaddee pprrooppoorrcciioonnaall ppoorr DDCCNNTT nnoo EEssttaaddoo ddee SSããoo PPaauulloo**,, aammbbooss ooss sseexxooss,, ttooddaass aass iiddaaddeess,, 22000055.. Fonte: Calculado a partir de dados do SIM - DATASUS, acesso em 2007 * excluídas as causas mal definidas Vários estudos epidemiológicos mostram que atualmente a obesidade está relacionada com a manifestação de 50% dos casos de diabetes, 30% de hipertensão, e um valor não calculado de vários tipos de câncer. O hábito de fumar, por sua vez, responde por 30% de todos tipos de câncer, sendo responsável único por 90% dos casos de câncer de pulmão, 25% dos casos de doença isquêmica do coração e 95% dos casos de enfisema pulmonar. As condições sócio econômicas por si só são responsáveis por 50% das mortes por doenças cardiovasculares (hipertensão, infarto, derrame e outras doenças do coração). Estes são apenas alguns dados que mostram que o problema destes riscos na população são graves e precisam ser controlados e evitados. Neoplasias 18,17% D. Ap. Respiratório 11,56% D. Endócrinas 4,84% D. Ap Circulatório 32,30% Outros 26,76% D. Ap. Digestório 6,37%
  • 11. 11 2.2.HÁBITO DE FUMAR Atualmente existem no mundo cerca de 1 bilhão e 200 milhões de fumantes, que consomem por ano uma média de 6 trilhões de unidades de cigarro, levando a conseqüências desastrosas, sendo o tabagismo cada vez mais reconhecido como um grave problema de saúde pública, devido a enorme complexidade de danos causados à saúde, à economia, ao meio ambiente, e à sociedade de uma maneira geral . Desde o seu cultivo, passando pelo processo de beneficiamento, fabricação, distribuição, venda e principalmente o consumo, o tabaco e seus derivados ocasionam uma enormidade de malefícios. O consumo do cigarro é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e está ligado à origem de tumores malignos em oito órgãos (boca, laringe, pâncreas, rins e bexiga, além do pulmão, colo de útero e esôfago). Também ao uso de cigarro podemos relacionar 85% da mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema e bronquite crônica), 25% das mortes por doença coronariana e 25% das mortes por doença cerebrovascular (derrame). Um único cigarro possui 4.720 substâncias tóxicas, sendo que as mais conhecidas são a nicotina (responsável pela dependência química), o alcatrão (responsável pelos cânceres) e o monóxido de carbono. Quanto maior é o número de cigarros fumados por dia e o tempo que se fuma, maior a possibilidade destas doenças. Entretanto, só um cigarro por dia já é prejudicial! Diante do quadro em que o tabagismo é o maior fator isolado de adoecimento e morte no mundo, e que muitos trabalhadores em geral passam 80% de seu tempo em ambientes fechados, expostos à poluição tabagística ambiental, além do fato de estar aumentando o consumo de cigarros em crianças, jovens e mulheres, torna-se necessário implementar medidas que visem a redução da exposição da população a esse grave fator, com objetivo de melhorar a qualidade de vida: nas unidades de saúde, ambientes de trabalho, escolas e comunidade em geral. Para controlar o tabagismo devemos usar tanto a abordagem preventiva como a curativa (tratamento). A abordagem preventiva envolve programas educacionais coletivos, incluindo ações quanto às propagandas direta e indireta de cigarros e ações no nível de atenção primária à saúde; a abordagem curativa envolve programas de ajuda para deixar de fumar.
  • 12. 12 Ajudar um indivíduo a deixar de fumar envolve principalmente o aconselhamento do profissional de saúde que poderá ser realizado através de uma abordagem mínima em uma consulta feita pelo médico, enfermeiro ou ainda outro profissional de saúde. Também envolve a abordagem intensiva que implica em sessões especializadas para ajudar na cessação do tabagismo. A prevenção do tabagismo é o principal passo para seu controle, mas sempre vale a pena ajudar um paciente a deixar de fumar, em qualquer momento da sua vida, não importando sua idade ou condição clínica. 2.3.HÁBITOS ALIMENTARES Inúmeros estudos realizados nas últimas décadas têm demonstrado o importante papel da alimentação, promovendo ou prevenindo doenças. A população brasileira tem, ultimamente, mudado seus hábitos alimentares, e mudado para pior! O consumo de doces, refrigerantes, massas, bolachas tem aumentado bastante. Entretanto, o consumo de arroz, feijão, frutas e verduras vêm diminuindo muito. Portanto, a qualidade da alimentação do brasileiro está se mantendo inadequada. Mediante dieta adequada em quantidade e qualidade, o organismo adquire a energia e os nutrientes necessários para o bom desempenho de suas funções e para a manutenção de um bom estado de saúde. De longa data conhecem-se os prejuízos decorrentes, quer do consumo alimentar quantitativamente insuficiente, quer do excessivo. Os alimentos que promovem efeitos indesejáveis ao organismo, em relação às DCNT, são principalmente os alimentos e/ou preparações que contém gordura de origem animal e sal se consumidos diariamente e em grande quantidade. São considerados protetores os alimentos que contém ácidos graxos insaturados: poliinsaturados - ômega-3, ômega-6, entre outros - e monoinsaturados - ômega 9. Os alimentos fontes destas substâncias são os óleos vegetais – soja, milho, algodão, oliva, entre outros – e os peixes – sardinha, salmão, cavala, atum, entre outros. O consumo de alimentos vegetais – cereais, leguminosas, frutas em geral, verduras e legumes podem reduzir os riscos para várias doenças. Isto tem sido
  • 13. 13 atribuído, em parte, à presença das fibras alimentares, de algumas vitaminas e das substâncias antioxidantes. Os bons hábitos alimentares devem começar na infância. Muitas pessoas só começam a comer frutas, outros vegetais e a diminuir o consumo de alimentos ricos em gorduras, sal e açúcar depois do surgimento de alguma doença. A Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DDCNT/CVE/SES), criou o Programa “Alimentação saudável na prevenção de DCNT”, com o logotipo: “Turma da saúde – os amigos da boa alimentação” para estimular o consumo de uma alimentação saudável pela população em geral, capacitando profissionais da rede da saúde, de empresas e de escolas e promover a divulgação de informações sobre os riscos de uma alimentação inadequada. (http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/cronicas/dcnt_docman.htm). Considerando a necessidade de ampliação das ações do Estado em parceria com a sociedade civil, Universidades na proposição de novas metodologias e ações estratégicas na promoção da alimentação saudável na prevenção de DCNT, criou- se, pela resolução SS - 313, de 16-10-2007 e publicado no DOE .nº 196 de 17 de outubro de 2007, junto à Divisão de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, do Centro de Vigilância Epidemiológica “Professor Alexandre Vranjac” – CVE, o Comitê Estadual para a Promoção da Alimentação Saudável para Prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Estado de São Paulo (ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2007/iels.out.07/iels196/E_RS- 313_161007.pdf). O Comitê tem como objetivos promover a articulação intra e inter-setorial visando à promoção da alimentação saudável no Estado de São Paulo; incentivar agenda-pacto-compromisso social com diferentes setores (poder legislativo, setor produtivo, órgãos governamentais e não-governamentais, organismos internacionais, setor de comunicação e outros), para a implantação das estratégias definidas pelo Comitê e implementar a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis pela população, com ênfase no aumento do consumo de frutas, verduras, legumes, cereais e derivados integrais. O Comitê está constituído por representantes do poder público e da sociedade civil, indicados pelas Secretarias de Estado da Saúde, da Educação e da Agricultura e Abastecimento, da Procuradoria Geral do Estado, do Ministério Público e da sociedade organizada, representada por associações e movimentos de defesa de
  • 14. 14 direitos, por conselhos de representação profissional, por universidades e agências de cooperação nacional. É integrado, ainda, por pessoas de notório saber nas áreas de interesse do Comitê. QUADRO 1. FATORES LIGADOS À ALIMENTAÇÃO QUE AUMENTAM O RISCO DE DCNT COMPONENTE ALIMENTO RISCO GORDURAS SATURADAS E COLESTEROL, GORDURAS TRANS Gordura vegetal hidrogenada, carnes gordas, embutidos,queijos amarelos,frutos do mar, miúdos, gema de ovo Câncer: mama, cólon, próstata. Aterosclerose, Acidente Vascular Cerebral (AVC) Angina e nfarto do Miocárdio SAL (SÓDIO) Preparo dos alimentos, enlatados, embutidos, temperos prontos Câncer estômago. Hipertensão (HAS), doenças cardiocirculatórias NITROSAMINAS, NITRITOS E NITRATOS, ALCATRÃO, SULFITO Defumados, churrascos sucos de fruta em garrafas Câncer trato digestório (estômago, cólon) AFLATOXINAS (FUNGO) ARMAZEMENTO INADEQUADO Alimentos mofados (amendoim e outros grãos) Câncer fígado ÁLCOOL Pinga, cerveja, uísque, vodka Câncer fígado,boca,esôfago, laringe, HAS, AVC Fonte: WHO, 1990, 2003; HALLIWELL, 1994/ 1997; WILLET, 1994/1998; LARSEN, 1999.
  • 15. 15 QQUUAADDRROO 22.. FFAATTOORREESS LLIIGGAADDOOSS ÀÀ AALLIIMMEENNTTAAÇÇÃÃOO QQUUEE PPRROOTTEEGGEEMM DDAASS DDCCNNTT COMPONENTE ALIMENTO PROTEÇÃO VITAMINA A (Beta Caroteno) Vegetais e frutas amarelo- alaranjados e Vegetais de folha verde-escuras Câncer pulmão, laringe, próstata, estômago VITAMINA C Laranja, limão, caju, kiwi, morango Câncer estômago, boca, pulmão. Doença Isquêmica do Coração (DIC) VITAMINA E Óleos vegetais, abacate, nozes, alho, cebola Câncer pulmão, boca, DIC SELÊNIO Castanha do pará, aves, peixes Câncer trato digestivo, pulmão, glândulas, próstata FIBRAS Frutas e verduras,cereais integrais Câncer colon, DIC , baixo colesterol (está certo?) e controle glicemia GORDURA MONOINSATURADA E ÁC. GRAXOS ÔMEGA 3 Azeite de Oliva peixes Doenças cardiocirculatórias, Mau colesterol (LDL) Bom colesterol (HDL) 2.4. FITOQUÍMICOS carotenóides, licopenos, xantenos, isotiocianatos, pigmentos, outros Alimento de origem vegetal (alho, cebola, uva, berinjela, etc) Doenças cardiocirculatórias, cânceres Fonte: WHO, 1990, 2003; HALLIWELL, 1994/ 1997; WILLET, 1994/1998; LARSEN, 1999.
  • 16. 16 22..33 SSEEDDEENNTTAARRIISSMMOO Não há dúvidas de que o sedentarismo é uma das principais causas para o favorecimento e manutenção do aumento do peso corporal, sendo que este excesso de peso leva a outros sérios problemas. Vários estudos comprovam que a atividade física tem um efeito positivo para redução nos riscos de enfermidades cardiovasculares, no tratamento primário ou complementar da arteriosclerose, no perfil dos lipídeos plasmáticos, na manutenção da densidade óssea, prevenindo a osteoporose), na redução das dores lombares, no melhor controle do diabetes, além de benefícios psicológicos a curto prazo (melhora da auto-imagem, do humor e do auto-conceito) e a longo prazo (diminuição da ansiedade, do estresse e da depressão). Já foi constatado também que, em indivíduos ativos, a prevalência de certos tipos de câncer é menor. Mesmo pessoas que foram sedentárias até os 40 anos mas, a partir de então, passaram a adotar um estilo de vida ativo, tiveram um ganho médio de dois anos e meio na expectativa de vida. O ambiente da sociedade moderna tem um papel desencorajador para a prática da atividade física como, por exemplo: os avanços tecnológicos na área do lazer (televisão, eletrodomésticos, computadores, controles remotos), aumentando o tempo diário em atividades sedentárias. Frente as atuais evidências podemos estimar que o mesmo padrão de vida sedentária vai continuar e piorar no futuro, portanto, novas estratégias devem ser implementadas para aumentar a atividade física da população. É importante saber que: Atividade física é qualquer movimento do corpo produzido pelo músculo esquelético que resulta em um incremento do gasto energético. Exercício é uma atividade física planejada e estruturada com o propósito de melhorar ou manter o condicionamento físico. Esporte é uma atividade física que envolve competição. Vários programas de intervenção tem sido incentivados no mundo para difundir na população o aumento da atividade física. O único pais em desenvolvimento com uma proposta concreta é o Brasil com o Programa Agita São Paulo, que pelo impacto alcançado (mais de 30 milhões de pessoas/mensagem em um ano) tem recebido um reconhecimento internacional, particularmente da Organização Mundial da Saúde (OMS).
  • 17. 17 A proposta deste programa para o incremento do nível de atividade física é, a longo prazo promover mudanças que aumentem a atividade diária rotineira e mantenham a ocupação do tempo livre, praticando exercícios de baixa intensidade em lugar de estimular o exercício vigoroso ocasional que leve à exaustão. Alguns exemplos populares incluem: passear com o cachorro, cuidar do jardim, dançar, pedalar, limpar vidros, lavar o carro, varrer, nadar, caminhar , evitar de usar o carro, preferir realizar atividades em pé ao invés de sentado, usar escada ao invés do elevador, etc.; As pessoas que trabalham sentadas ou paradas muito tempo devem ser estimuladas a andar a pé, subir escadas - evitando elevador ou escada rolante, por exemplo. Porém, quem precisa diminuir o peso corporal deve seguir orientação de um profissional para verificar o tipo de exercício mais adequado. A atividade deve ser prazerosa de forma a estimular uma participação regular e desestimular o comportamento sedentário, promovendo e estimulando uma variedade de atividades físicas nas crianças para que estas se tornem fisicamente ativas na idade adulta. Situações que estimulem atividades, como campeonatos para os diversos tipos de esportes e aproveitamento de espaços ociosos na comunidade são fundamentais para envolver e estimular nossas crianças! 22..44.. CCOONNSSUUMMOO DDEE ÁÁLLCCOOOOLL As bebidas alcoólicas possuem etanol, uma substância tóxica que lesa órgãos como o cérebro, o coração, o fígado e o pâncreas. Não há dúvidas de que as bebidas alcoólicas, em grandes quantidades e por tempo prolongado, são prejudiciais. Quem exagera corre o risco de se viciar e pode arruinar sua vida. As bebidas alcoólicas provocam pressão alta e podem tirar o efeito dos medicamentos usados para baixar a pressão. Entre 5 e 10% dos homens têm pressão alta causada pelo alto consumo de bebidas alcoólicas, ou seja, beber mais do que 30 g de etanol/dia, o que equivale a beber, por dia, mais que uma cerveja, um copo grande de vinho ou 1-2 doses de pinga, uísque ou vodka. Outro ponto importante é o tipo de bebida: as fermentadas (vinho, cerveja), principalmente o vinho, que possui substâncias chamadas flavonóides, que protegem as artérias. Os pesquisadores acreditam que o etanol, em pequenas quantidades, pode elevar o nível do "colesterol bom" no sangue. Esse tipo de colesterol, chamado HDL-
  • 18. 18 colesterol, ajuda a “limpar” a gordura que se acumula nas artérias, evitando o seu endurecimento. Mas é bom lembrar que: tomar bebidas alcoólicas não é tratamento para prevenir infarto! Tomar bebidas alcoólicas em pequenas quantidades é beber cerca de 10 g/dia de etanol, o que equivale a beber, por dia, um copo de cerveja, um cálice pequeno de vinho. É bom lembrar também que as bebidas alcoólicas tem muitas calorias: uma garrafa de cerveja tem, mais ou menos, 300 calorias; um copo de vinho, 100 calorias; uma dose de uísque, pinga ou conhaque, 150 calorias! Além disso, retardam os reflexos, impossibilitando a direção de veículos, podendo provocar acidentes. 22..55.. EESSTTRREESSSSEE Estresse é uma reação que todos os animais têm para se defender de situações de perigo. Se imaginarmos que para salvar a pele diante de um animal feroz precisamos pensar e agir rápido para correr ou estancar um possível sangramento, podemos compreender o que muda no organismo diante de uma situação estressante. Primeiro, é necessário que o coração e os pulmões aumentem a atividade, que mais açúcar e gorduras cheguem ao sangue para fornecer energia para a ação acelerada: dos músculos, principalmente ... “pernas pra que te quero”... O fato é que as situações que provocam estresse, raramente são solucionadas com uma corrida ou uma luta física. No entanto, o organismo não pode identificar essas sutis diferenças e fazem o coração bater mais depressa, a respiração fica mais intensa, muita adrenalina vai para a corrente sangüínea: tudo coordenado por várias áreas do nosso cérebro. Nas atuais condições de vida a maioria das pessoas passa quase que diariamente por muitas situações de estresse e este sistema acaba sendo acionado várias vezes. Esse excesso crônico ou agudo de situações “estressantes” acaba desregulando o sistema todo e provocando várias doenças, como a pressão alta, infarto, derrame, diabetes, infecções, vários tipos de câncer, depressão, perda da memória, tendência a dependência ao álcool, tabaco e outras drogas.
  • 19. 19 Grande parte do estresse ocorre por conta de situação como a pobreza extrema, más condições e/ou excesso de trabalho ou a falta dele, situações de desentendimentos, conflitos e até provocado pelo recebimento de más notícias que nos chegam de toda forma, como também do nosso jeito de encarar a vida... Muitas soluções ou, pelo menos, alívio têm sido alcançadas por meio de projetos comunitários, programas governamentais ou não-governamentais. Muitas empresas têm adotado forma de administração participativa, com redução do estresse do trabalhador. Porém, as soluções mais definitivas dependem de políticas econômicas e sociais que atendam às necessidades de educação, emprego e moradia das pessoas. Algumas atitudes individuais podem reduzir o nível do estresse. A maioria das pessoas que conseguiram mudar esta situação começaram modificando a maneira de pensar e agir: - Refletir mais antes de agir - isto pode nos ajudar a separar o que é realmente importante, deixando de se incomodar com o que não é importante; - Muitos problemas são coletivos e têm de ser resolvidos junto com a família, os colegas de trabalho, os vizinhos e amigos - este é um ponto importante: participar! - Ter um tipo de relaxamento: um momento de boa música ou outra atividade de que goste muito; - Aprender coisas novas, voltar a estudar, além de se divertir, são formas positivas para reduzir o estresse. Procure administrar o tempo: para a família, o lazer e o estudo, não só o trabalho. 22..66.. HHIIPPEERRTTEENNSSÃÃOO AARRTTEERRIIAALL Pressão arterial é a força que o sangue exerce nas paredes das artérias. São usados para definir esta força: pressão sistólica - quando o coração contrai (bate) e empurra o sangue e a pressão diastólica - quando o coração está em descanso (entre batimentos). A pressão arterial aumenta quando o coração bate mais rápido ou as artérias ficam mais estreitas ou há retenção de líquidos no organismo (edema, inchaço).
  • 20. 20 Cerca de 16 milhões de brasileiros tem pressão alta. É o problema de saúde pública mais comum em todos os países e se não for tratada leva a várias doenças, sendo a mais comum a de origem cardiovascular. A pressão alta, muitas vezes não apresenta qualquer sintoma, por isso é chamada de "assassino silencioso". Não pode ser curada, mas pode ser controlada, sendo que a prevenção e o tratamento diminuem os riscos de sobrecarregar o coração e os vasos sangüíneos e assim, evita-se o derrame e o infarto. A pressão arterial descontrolada pode também danificar os rins. Os estudos mais recentes mostram que consumir alimentos vegetais – ricos em potássio e magnésio, assim como tomar 1-2 copos de leite ou seus derivados todos os dias – ricos em cálcio ajudam a diminuir a pressão alta. TABELA 1. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCAA DDAA HHIIPPEERRTTEENNSSÃÃOO AARRTTEERRIIAALL ((AADDUULLTTOOSS >> 1188 AANNOOSS DDEE IIDDAADDEE)) PPAADDiiaassttóólliiccaa ((mmmmHHgg)) PPAASSiissttóólliiccaa ((mmmmHHgg)) CCllaassssiiffiiccaaççããoo <80 <120 Ótima < 85 < 130 Normal 85-89 130-139 Limítrofe 90-99 140-159 Hipertensão Estágio I 100-109 160-179 Hipertensão Estágio II > 110 > 180 Hipertensão Estágio III < 90 > 140 Hipertensão sistólica isolada Fonte: Sociedade Brasileira de Hipertensão. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006. O valor mais alto de sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo. Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação do estágio. O que mais deve ser feito, visto que a hipertensão não pode ser curada, mas pode ser controlada ? • manter o peso adequado, pois o sobrepeso/obesidade é, reconhecidamente, o maior fator de risco; • reduzir o consumo de sal (sódio); • manter-se ativo; limitar o consumo de bebidas alcoólicas; • comer alimentos ricos em potássio, cálcio e magnésio.
  • 21. 21 A alimentação pode contribuir muito na redução da hipertensão: ter alimentação balanceada, contendo quantidades adequadas de frutas e vegetais (verduras e legumes) e laticínios (derivados do leite) “magros”. (ver mais dicas sobre alimentação no capítulo seguinte) 22..77.. DDIISSLLIIPPIIDDEEMMIIAASS São distúrbios metabólicos que ocorrem nos chamados “transportadores” das gorduras que circulam na corrente sangüínea. O tratamento efetivo é capaz de impedir o desenvolvimento da placa de ateroma, a formação do trombo e lesões nos vasos sangüíneos. Hipercolesterolemia: é o aumento do colesterol total e/ou LDL-colesterol na corrente sangüínea. O colesterol é um tipo de gordura produzida no fígado e encontrada normalmente no sangue e em todas as células do corpo. Também está presente em alguns alimentos, principalmente nos de origem animal. O colesterol depende de um “transportador” quando está no sangue – as lipoproteínas. Dependendo da proteína, formam-se diferentes tipos de colesterol: o LDL (lipoproteína de baixa densidade) e o HDL (lipoproteína de alta densidade) são os mais importantes. O LDL colesterol é chamado "colesterol ruim" porque, em excesso no sangue, pode formar placas de gordura que provocam o entupimento das artérias – aterosclerose – influenciando a ocorrência de infarto (ataque cardíaco) e acidente vascular cerebral – AVC (derrame cerebral). A ingestão de alimentos gordurosos de origem animal contribui para a formação das referidas placas na parede das artérias. O HDL colesterol é chamado de "colesterol bom" - ajuda a retirar o LDL do sangue, evitando o entupimento das artérias e suas conseqüências. As pessoas que têm colesterol elevado geralmente não sentem nada... Assim, a melhor coisa a fazer a partir dos 20 anos de idade é fazer a dosagem de colesterol no sangue, conforme orientação médica.
  • 22. 22 QUADRO 4. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCAA DDAASS DDIISSLLIIPPIIDDEEMMIIAASS.. ((vvaalloorreess ddee rreeffeerrêênncciiaa ddooss llííppiiddeess ppaarraa iinnddiivvíídduuooss ccoomm mmaaiiss ddee 2200 aannooss ddee iiddaaddee)).. LLÍÍPPIIDDEESS mmgg//ddll ÓÓTTIIMMOO DDEESSEEJJÁÁVVEELL LLIIMMIITTRROOFFEESS AALLTTOO MMUUIITTOO AALLTTOO COLESTEROL TOTAL < 200 - 200- 239 > 240 LDL COLESTEROL < 100 100-129 130-159 160 – 189 > 190 HDL COLESTEROL > 60 - ATÉ 40 - TRIGLICÉRIDES < 150 150 - 200 - 201- 499 > 500 Fonte: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose, 2001. QUADRO 5. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDAASS DDIISSLLIIPPIIDDEEMMIIAASS.. ((vvaalloorreess ddee rreeffeerrêênncciiaa ddooss llííppiiddeess ppaarraa iinnddiivvíídduuooss ccoomm mmaaiiss ddee 2200 aannooss ddee iiddaaddee)).. TIPO DE DISLIPIDEMIA CRITÉRIO DIAGNÓSTICO NÍVEL PARA DIAGNÓSTICO HIPERCOLESTERO- LEMIA ISOLADA Elevação do LDL-colesterol Igual ou superior a 160 mg/dL HIPERTRIGLICIRIDE- MIA ISOLADA Elevação dos triglicerídeos Igual ou superior a 150 mg/dL HIPERLIPIDEMIA MISTA Elevação do LDL-colesterol e dos triglicérides LDL-C igual ou superior a 160 mg/dL e TG igual ou superior a 150 mg/dL. REDUÇÃO DO HDL COLESTEROL Redução do HDL colesterol inferior a 40 mg/dL para homens e a 50 mg/dL para mulheres Fonte: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose, 2001. Fatores de riscos para o aumento do colesterol: • Consumo excessivo de alimentos gordurosos • Excesso de peso • Tabagismo - redução do HDL-Colesterol • Sedentarismo - redução do HDL Colesterol e aumento dos triglicérides • Hereditariedade • Pressão alta • Estresse CCuuiiddaaddooss eessppeecciiaaiiss ppaarraa rreedduuzziirr oo ccoolleesstteerrooll nnoo ssaanngguuee:: - além de controlar o peso (se estiver “gordinho” trate de emagrecer!).
  • 23. 23 - praticar exercícios com orientação de profissional qualificado e...parar de fumar! (ver mais dicas sobre alimentação no capítulo seguinte) HHiippeerrttrriigglliicceerriiddeemmiiaa é o aumento dos valores triglicérides no sangue. Geralmente ocorre em pessoas que tem algum distúrbio na metabolização dos açúcares. O cuidado da hipertrigliceridemia inclui, além das recomendações anteriores: - reduzir o consumo de açúcares e derivados (pão, bolos, massas, etc.) - bebidas alcoólicas e tratar o diabetes, se presente. 22..88.. DDIIAABBEETTEESS MMEELLLLIITTUUSS O diabetes é um erro inato do metabolismo com manifestações diversas, onde o denominador comum é o aumento da glicose, um açúcar circulante na corrente sanguínea. Esta elevação da glicose ocorre, na maioria das vezes, por diminuição na produção de insulina ou por dificuldade na ação deste hormônio. A insulina é o principal responsável pelo aproveitamento e metabolização da glicose pelas células do nosso organismo, com finalidade de gerar energia. É produzida pelo pâncreas e sua falta ou ação deficiente acarreta modificações importantes no metabolismo das proteínas, das gorduras, sais minerais, água corporal e principalmente da glicose. As formas mais comuns são diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2, ambos com conotação familiar. O tipo 1 é mais comum na criança e juventude, e em geral, necessita de aplicação diária de insulina para sua sobrevivência. Já o tipo 2, aparece mais após os 40 anos de idade e em cerca de 90% das vezes a pessoa é obesa. O diabetes tipo 2 é cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1 e pode responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras vezes vai necessitar de medicamentos orais e por fim, a combinação destes com a insulina. Existem outros tipos específicos de diabetes: o que aparece na gravidez é o diabetes gestacional. Hoje são conhecidos mais de 20 tipos de enfermidades, que cursam com hiperglicemia e portanto, são catalogadas como Diabetes Mellitus. Os sintomas mais comuns são: sede excessiva, excesso de urina, muita fome, cansaço e emagrecimento. Muitos adultos têm diabetes e não sabem, pois tem
  • 24. 24 sintomas muitas vezes vagos como formigamento nas mãos e pés, dormências, peso ou dores nas pernas, infecções repetidas na pele e mucosas. Portanto, é importante pesquisar diabetes em todas as pessoas com mais de 40 anos de idade. O diabetes pode ser detectado através de testes simples que pesquisam a presença de açúcar na urina ou que avaliam a quantidade de açúcar no sangue. Mas o diagnóstico deve ser comprovado através do exame laboratorial de sangue (glicemia), que pode ser realizado em três condições: - glicemia pela manhã em jejum de, pelo menos, 8 horas (uma noite) e o resultado igual ou superior a 126mg/dl é sugestivo de diabetes; - glicemia - 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose (a glicose é ingerida com água, após jejum de uma noite; o sangue é colhido 2 horas após para dosagem da glicose), o resultado igual ou superior a 200mg/dl é sugestivo de diabetes; - glicemia casual (sangue colhido em qualquer horário do dia, sem relação com alimentação) - apenas nas pessoas que estão apresentando quadro clínico sugestivo de diabetes (muita fome, muita sede e muita urina) e o resultado igual ou superior a 200mg/dl é sugestivo de diabetes. - um resultado positivo por qualquer critério acima, deverá ser referendado nos dias subseqüentes por uma nova glicemia de jejum ou 2 horas pós-sobrecarga. QUADRO 4. VALORES DE GLICOSE PLASMÁTICA (em mg/dl) PARA DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS E SEUS ESTÁGIOS PRÉ-CLÍNICOSos CCAATTEEGGOORRIIAA JJEEJJUUMM** 22 HHSS AAPPÓÓSS 7755 gg DDEE GGLLIICCOOSSEE CCAASSUUAALL **** GLICEMIA NORMAL <100 <140 TOLERÂNCIA À GLICOSE DIMINUÍDA > 100 a <126 > 140 a <200 DIABETES MELLITUS > 126 > 200 > 200 (com sintomas clássicos)*** Fonte: Tratamento e acompanhamento do Diabetes mellitus. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, 2006. * jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas; **glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição; ***os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda não-explicada de peso. Nota: O diagnóstico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM.
  • 25. 25 Diabetes tem tratamento e pode ser controlado. Hoje temos evidências que a manutenção da glicemia normal ou próximo do normal, leva ao desaparecimento dos sintomas e previne as complicações. Assim a qualidade de vida da pessoa é restabelecida e sua produtividade no trabalho é normal. Diversos estudos têm comprovado que, em indivíduos com predisposição para o diabetes, a atividade física sistemática pode ajudar na prevenção, além de auxiliar na manutenção do peso ideal. (ver mais dicas sobre atividade física no capítulo seguinte) 22..99.. OOBBEESSIIDDAADDEE A obesidade é atualmente um dos mais graves problemas de saúde pública. Sua prevalência vem crescendo acentuadamente nas últimas décadas, inclusive nos países em desenvolvimento, o que levou a doença à condição de epidemia global. A obesidade e/ou o sobrepeso podem resultar da ação isolada ou conjunta de diferentes fatores: genéticos, endócrinos, ambientais, culturais, socioeconômicos, psicossociais, mas na maioria das vezes é o resultado de um consumo de alimentos maior do que o necessário, combinado com um modo de vida sedentário, ou seja, sem que haja gasto energético compatível. Daí, a energia proveniente dos alimentos que não é utilizada, é transformada em gordura para poder ser armazenada – no tecido adiposo. A obesidade pode iniciar-se a qualquer idade, porém foram identificados alguns períodos mais críticos: a) no inicio na infância - durante o primeiro ano de vida - o tamanho das células adiposas quase se duplica e não o número; entre os 5-7 anos de idade, pode ocorrer aumento progressivo do número de células adiposas); b) na adolescência, devido a alterações hormonais - hiperplasia dos adipócitos; c) no inicio na idade adulta - aumento no tamanho das células: - na mulher - no período da gestação - no homem - estilo de vida sedentário, tendo sido muito ativo na adolescência. As pessoas com sobrepeso ou obesidade, comparados às pessoas de peso normal, tem chance maior de apresentar doenças como a hipertensão arterial, o diabetes, as doenças de coluna e outras articulações, vários tipos de câncer,
  • 26. 26 cálculos biliares e o aumento de gorduras no sangue, como colesterol. Por meio da diminuição de peso corporal (emagrecimento) pode-se conseguir a diminuição no TAMANHO celular, mas o número de células permanece o mesmo. Para determinarmos o peso ideal o método mais usado e recomendado pela Organização Mundial de Saúde é o Índice de Massa Corpórea (IMC). Obtemos esse índice dividindo o peso (em quilogramas) pela altura (em metros), elevada ao quadrado: IMC = Peso / Altura x Altura Ex.: Uma pessoa com peso de 95Kg e 1,75m de altura, tem um IMC de 31 kg/m2 (IMC: 95Kg / 1,75m x 1,75m ⇒ 95kg / 3,0625m2 = 31,0 Kg/m2 ) Quando o IMC é maior que 25 Kg/m2 diz-se que a pessoa está acima do “peso ideal” - sobrepeso. Se o IMC for maior que 30 Kg/m2 , a pessoa é considerada obesa, como no exemplo acima. Na seqüência está uma tabela que mostra a classificação da obesidade, segundo o IMC e risco de comorbidades, de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde, para adultos, com mais de 18 anos de idade (1997); acoplou-se a tais critérios, as etapas, níveis de prevenção e tratamento indicados pelo Consenso Latino Americano sobre Obesidade. É muito importante observar a distribuição de gordura pelo corpo, pois o risco para saúde é diferente se esta gordura se acumula na metade superior do corpo, se a localização é no abdome ou se predomina na metade inferior do corpo. Para uma distinção prática, adota-se como referência o nível do umbigo: se a gordura predominar acima dele, dá-se o nome de “obesidade andróide” ou “em forma de maçã”. Se a gordura predominar abaixo do umbigo, denomina-se “ginóide” ou “em forma de pêra”. A obesidade de tipo central - também chamada de abdominal - predomina no abdome (barriga); esta é a de maior risco para doenças do coração (infarto). A razão cintura/quadril (RCQ) também é muito utilizada e é estabelecida dividindo-se os valores encontrados para as referidas circunferências: RRCCQQ == PPeerríímmeettrroo ddaa cciinnttuurraa // PPeerríímmeettrroo ddoo qquuaaddrriill. Se para a mulher for maior do que 0,80 e para o homem for maior do que 0,95 significa que são portadores de obesidade central (abdominal, visceral ou andróide), isto é, apresentam deposição de gordura predominantemente no quadril. Se os valores são inferiores a 0,75 em mulheres e 0,85 em homens, considera-se que a distribuição da gordura é ginóide.
  • 27. 27 TABELA 2. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCAA DDAA OOBBEESSIIDDAADDEE,, SSEEGGUUNNDDOO OO IIMMCC,, RRIISSCCOO DDEE CCOOMMOORRBBIIDDAADDEESS EE PPRROOVVIIDDÊÊNNCCIIAASS ((AADDUULLTTOOSS CCOOMM MMAAIISS DDEE 1188 AANNOOSS DDEE IIDDAADDEE)).. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO IIMMCC ((KKGG//MM22 )) RRIISSCCOO DDEE CCOOMMOORRBBIIDDAADDEESS PPRROOVVIIDDÊÊNNCCIIAASS BAIXO PESO < 18,5 Baixo, embora aumenta o risco de outros problemas clínicos Alimentação saudável, adequada e atividade física regular INTERVALO NORMAL 18,5 - 24,9 Peso saudável Alimentação saudável E atividade física regular PRÉ OBESO 25,0-29,9 Moderado Alimentação saudável, adequada,ativ. Física regular +farmacoterapia se comorbidades OBESO CLASSE I 30,0-34,9 Alto Alimentação saudável, adequada e terapia farmacológica OBESO CLASSE II 35,0-39,9 Muito alto Idem anterior + possibilidade de cirurgia OBESO CLASSE III > 40,0 Extremo Idem anterior + Cirurgia Fonte: 0MS, 1997; Consenso Latino Americano sobre Obesidade, 1998. TABELA 3. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDOOSS RRIISSCCOOSS DDEE CCOOMMPPLLIICCAAÇÇÕÕEESS MMEETTAABBÓÓLLIICCAASS AASSSSOOCCIIAADDAASS AA OOBBEESSIIDDAADDEE,, SSEEGGUUNNDDOO SSEEXXOO,, EEMM FFUUNNÇÇÃÃOO DDAA CCIIRRCCUUNNFFEERRÊÊNNCCIIAA DDAA CCIINNTTUURRAA.. SSEEXXOO AAUUMMEENNTTAADDAA MMUUIITTOO AAUUMMEENNTTAADDAA HOMEM 94 cm 102 cm MULHER 80 cm 88 cm Fonte: Consenso Latino Americano sobre Obesidade, 1998. Vários estudos sugerem que somente a medida da circunferência da cintura/abdome, é uma forma prática e sensível, que reflete se há riscos para enfermidade cardiovascular e outras formas de enfermidades crônicas. 22..1100 SSÍÍNNDDRROOMMEE MMEETTAABBÓÓLLIICCAA A síndrome metabólica é uma condição na qual o indivíduo apresenta um conjunto de distúrbios acima descritos, caracterizada pela pelo excesso de peso
  • 28. 28 com acúmulo de gordura na região abdominal, tipos mais complexos de dislipidemia, alteração no metabolismo dos açúcares com resistência á ação da insulina, constituindo-se, assim, em fator adicional de agravamento na exposição de risco para as doenças relacionadas ao processo de aterosclerose. O Critério diagnóstico se baseia na presença da obesidade abdominal como fator essencial e pelo menos dois dos seguintes fatores: hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, hipertensão arterial, alteração do metabolismo dos açúcares, conforme parâmetros constantes da Tabela 4. TABELA 4. CCRRIITTÉÉRRIIOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO DDAA SSÍÍNNDDRROOMMEE MMEETTAABBÓÓLLIICCAA OOBBEESSIIDDAADDEE AABBDDOOMMIINNAALL** HOMENS MULHERES Brancos de origem europídia e negros > 94 cm Brancas, negras, sul-asiáticas, amerídeas e chinesas > 80 cm Sul asiáticos, ameríndios e chineses > 90 cm Japonesas > 90 cm japoneses > 80 cm - - NIVEL DE HDL COLESTEROL < 40 mg/dl NIVEL DE HDL COLESTEROL < 50 mg/dl NIVEL DE TRIGLICÉRIDES > 150 mg/dl ou TRATAMENTO PARA HIPERTRIGLICERIDEMIA NIVEL DE GLICEMIA DE JEJUM > 100 mg/dl ou TRATAMENTO PARA DIABETE MELITO PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA > 130 Mm HG ou DIASTÓLICA > 85 mm HG OU EM TRATAMENTO Fonte: Arquivos Brasileiros de Cardiologia – Volume 88, Suplemento I, Abril 2007. * O diagnóstico para SM inclui a presença de obesidade abdominal, como condição essencial, e dois ou mais dos critérios acima. 22..1111 IINNSSUUFFIICCIIÊÊNNCCIIAA RREENNAALL CCRRÔÔNNIICCAA O problema crescente da Insuficiência Renal Crônica (IRC) As principais funções dos rins são: controlar a quantidade de água e sal do corpo, eliminar toxinas, ajudar a controlar a hipertensão arterial, produzir hormônios
  • 29. 29 que impedem a anemia e a descalcificação óssea e eliminar alguns medicamentos e outras substâncias ingeridas. A insuficiência renal crônica é definida como: perda de 50% de função dos rins ou presença de proteína em quantidade aumentada na urina por mais de 3 meses. Atualmente presenciamos em todo o mundo uma ‘epidemia’ silenciosa de IRC, relacionada à elevada prevalência das principais doenças associadas a IRC que são o diabetes e a hipertensão arterial. Estima-se que até 13% dos indivíduos adultos tenha IRC. Se não introduzirmos medidas preventivas a IRC pode progredir e necessitar de substituição da função dos rins através de diálise ou transplante renal. Quais são os principais fatores de risco para insuficiência renal crônica? Os principais fatores de risco para IRC são: • Idade > 60 anos • Diabetes melitus • Hipertensão arterial • Doença cardiovascular • Dislipidemia • Obesidade • Sindrome metabólica • História familiar de doença renal crônica • Exposição a certas drogas (antiinflamatórios não hormonais, analgésicos, antibióticos) • Redução de massa renal. • Indivíduos com um desses fatores devem se submeter a testes laboratoriais que medem a função dos rins: medida do ritmo de filtração glomerular através da dosagem de creatinina no sangue e dosagem de proteína na urina. A estimativa do ritmo de filtração renal deve ser feita com uma das seguintes fórmulas: • Equação ‘MDRD’: RFG = 186 x (SCr)-1,154 x (idade)-0,203 x (0,742 se mulher)x (1,210 se negro) RFG (ritmo de filtração glomerular) é expresso em mL/min/1.73 m2 , SCr (creatinina sérica) é expressa em mg/dL, e idade em anos.
  • 30. 30 • Equação ‘Cockcroft-Gault’: Clearance de creatinina (mL/min) = [(140 - idade) x peso] x (0,85 se mulher)/(72 x SCr) SCr é expressa em mg/d, peso em kg, idade em anos. Se o resultado for menor que 60 mL/min., é diagnosticada insuficiência renal crônica. • A dosagem de proteína na urina pode ser feita por teste com tiras reagentes, se ≥ 1+ em duas dosagens com intervalo de 1 a 2 semanas, é considerado anormal. Avaliação mais precisa é feita através da relação proteína/creatinina em amostra de urina; se > 30 mg/g considera-se como proteinuria anormal. É importante saber que as doenças renais podem existir sem sintomas por um longo período. Dessa forma, se uma pessoa com doença renal procurar auxilio médico tardiamente, pode já ter uma doença em fase irreversível. Medidas para prevenir a progressão da Doença Renal Crônica As principais medidas são as seguintes: • Rígido controle da glicemia em pacientes diabéticos. • Rígido controle da pressão arterial (< 130/80 mm/Hg). • Uso de medicações inibidoras da enzima de conversão da angiotensina ou bloqueadores do receptor da angiotensina-2. • Dieta com restrição protéica (<1 g proteína/kg peso/dia). • Tratamento de redução de lipídeos (LDL< 100 mg/dl). • Correção da anemia. Associação entre IRC e doença cardiovascular Todas as pessoas com IRC devem ser consideradas como grupo de alto risco para doenças cardiovasculares, independente de outros fatores. Nesses indivíduos devemos avaliar fatores de risco tradicionais e não tradicionais para as doenças coronarianas: Fatores de risco tradicionais: hipertensão arterial, dislipidemia, fumo, diabetes, inatividade física, stress, obesidade, menopausa, historia de doença cardiovascular familiar. Fatores de risco não tradicionais: proteinuria, alteração no metabolismo do cálcio e do fósforo, inflamação, anemia, infecções e desnutrição.
  • 31. 31 Com o diagnóstico precoce, focalizando particularmente os grupos de maior risco, e a introdução das intervenções citadas poderemos esperar prevenir a progressão desta doença grave, a alta morbidade, mortalidade e suas elevadas repercussões financeiras para a sociedade.
  • 32. 32 3. MUDANÇA DE HÁBITOS PARA TER “QUALIDADE DE VIDA” Existem várias evidências científicas apontando que o controle do consumo de alimentos junto com atividade física regular são mais efetivos no controle do peso corporal e, conseqüentemente, de outras doenças crônicas não transmissíveis (doenças do aparelho circulatório, cânceres, diabetes, entre outros). Considerando as doenças cardiovasculares como uma das principais causas de mortalidade, as evidências apontam para as vantagens das mudanças do estilo de vida: o indivíduo sedentário que passa a ser pelo menos um pouco mais ativo já diminuiria para 40% o risco de morte por doenças cardiovasculares. A proposta internacional é a promoção de um estilo de vida ativo estimulando a população a totalizar pelo menos 30 minutos de atividade física por dia, de intensidade leve a moderada, o equivalente a 2,4 a 3,2 km em 30 minutos de caminhada. Na maior parte dos dias da semana e de forma contínua ou fracionada em outras atividades que possam ser facilmente introduzidas na rotina diária: como jardinagem, consertos domésticos, dança e atividades recreativas com crianças. A atividade física deve ser planejada e supervisionada por pessoa competente: o tipo, a quantidade e a qualidade de exercício deve ser adequada a cada pessoa e deve-se ter em conta os seguintes fatores: idade, tipo de exercício, duração, freqüência, intensidade, presença de outras doenças concomitantes e prevenção de recaídas. Idade: mulheres na fase de menopausa a recomendação é de exercício de baixo impacto, para evitar o risco de fraturas. Pessoas sedentárias devem realizar atividades de forma lenta e progressiva. Tipo de exercício: o mais adequado são os aeróbicos, no qual se utiliza grandes grupos musculares, em forma continua e repetida: caminhada, ciclismo, natação, trote, ginástica, etc. A que tem melhor possibilidade de aceitabilidade por parte das pessoas é a simples caminhada, que apresenta múltiplas vantagens já que não requer treinamento prévio, se pode realizar em qualquer lugar, não necessita roupa especial, não apresenta perigo cardiovascular, e é tão eficaz como o trote e outros.
  • 33. 33 PLANEJAMENTO DO EXERCÍCIO EXERCÍCIO MINIMO MAXIMO FREQÜÊNCIA 3 vezes por semana 7 vezes por semana DURAÇÃO 30 minutos De acordo com a capacidade individual Duração: deve ser (igual ou) superior a 30 minutos. Se é feita uma atividade diferente da caminhada, deve ser indicado uma etapa de pré aquecimento de 10 minutos, para aquecer os músculos. Após o término do exercício é necessário uma etapa de “esfriamento” de 5 a 10 minutos. Freqüência: pelo menos três vezes por semana; entretanto se indica caminhada, esta deve ser pelo menos praticada diariamente ou bem complementada com ela nos dias que não se faz exercício. Os benefícios aparentes consistem em uma maior aderência e facilidade para a prática. Seu efeito sobre a aptidão cardiorespiratória é igualmente eficaz. Intensidade: se desejamos realizar exercício físico aeróbico intenso deve-se verificar a freqüência cardíaca durante o exercício. Presença de outras doenças: atividade física inadequada pode ocasionar lesões do aparelho osteoarticular; diabéticos podem apresentar hipoglicemias, neuropatia autônoma, hemorragias e/ou desprendimento de retina...CUIDADO!!! Prevenção da Recaída: os profissionais que cuidam da saúde devem ser encorajados a perguntar a seus pacientes sobre a freqüência, duração, tipo e intensidade a atividade física e fornecer avaliação e aconselhamento nutricional.
  • 34. 34 Para se ter uma estimativa dos requerimentos energéticos diários, de acordo com seu peso “desejável” e sua atividade física. QQUUAADDRROO 33.. RREEQQUUEERRIIMMEENNTTOOSS CCAALLÓÓRRIICCOOSS DDIIÁÁRRIIOOSS,, SSEEGGUUNNDDOO SSEEXXOO EE TTIIPPOO DDEE AATTIIVVIIDDAADDEE PPRROOFFIISSSSIIOONNAALL.. ATIVIDADE KCAL/KG/PESO TIPO DE ATIVIDADE LEVE Homens = 42 Mulheres = 36 Profissionais liberais, estudantes, donas de casa, executivos MODERADA Homens = 46 Mulheres = 42 Operários de indústria leve, motoristas, artesãos, costureiros INTENSA Homens = 54 Mulheres = 47 Operários de indústria pesada, agricultores, soldados, atletas, bailarinos MUITO INTENSA Homens = 62 Mulheres = 55 Operários de indústria muito pesada, lenhadores, estivadores FFoonnttee:: FFAAOO//OOMMSS,, 11998855.. Para verificar seu peso, pela fórmula do Índice de Massa Corporal: IMC = Peso (kg) / Altura ² (m²) = _______/______x______ = _________ kg/ m² (Veja a classificação na página ___ ) PPaarraa ccaallccuullaarr sseeuu ppeessoo ""ddeesseejjáávveell"":: 2222 xx aallttuurraa²² == 2222 xx __________xx __________ == ______________kkgg Ex.: peso desejável : 60 kg x 36 (mulher-atividade leve) = 2160 kcal / dia
  • 35. 35 COMO DEVE SE ALIMENTAR UMA PESSOA QUE NECESSITA, em média, ~2000 KCAL/ DIA? QQUUAADDRROO 44.. EEXXEEMMPPLLOO DDEE PPAADDRRÃÃOO AALLIIMMEENNTTAARR CCOONNTTEENNDDOO NNÍÍVVEELL CCAALLÓÓRRIICCOO DDEE ~~22000000 KKCCAALL // DDIIAA.. GRUPOS DE ALIMENTOS Nº PORÇÕES KCAL/ PORÇÃO VALOR CALÓRICO PÃES/CEREAIS/RAÍZES/ TUBÉRCULOS Dê preferência aos integrais 6 150 900 FRUTAS 2-4 35 70 HORTALIÇAS 3-4 15 60 LEGUMINOSAS 2 55 110 CARNE BOVINA, SUÍNA, PEIXE, FRANGO, OVOS 2 190 380 PRODUTOS LÁCTEOS 2-3 120 240 AÇÚCARES * 1 110 110 ÓLEOS E GORDURAS * 1 73 73 Fonte: Depto. Agricultura EUA, 1992; Philippi, 1996. * USADOS NO PREPARO DOS ALIMENTOS –são dispensável na alimentação.
  • 36. 36 QQUUAADDRROO 55.. AALLIIMMEENNTTOOSS EEQQUUIIVVAALLEENNTTEESS GRUPOS DE ALIMENTOS ALIMENTOS EQUIVALENTES PÃES / CEREAIS/ RAÍZES E TUBÉRCULOS – preferir os integrais Arroz branco cozido - 4 col. sopa; Batata cozida/assada - 1 ½ unidade; Biscoito doce simples - 5 unid.; Biscoito tipo “cream cracker” - 5 unid; Biscoito recheado - 2 unid; Macarrão cozido - 3 ½ col sopa; Pãozinho caseiro - ½ unid; Pão forma tradicional tipo “pullman” - 2 fatias; Pão de queijo- 1 unid; Pão francês- 1 unid; Torrada (pão francês) - 6 fatias finas FRUTAS Abacate - ¾ col sopa; Abacaxi - ½ fatia; Banana - ½ unid; Goiaba - ¼ unid; Jabuticaba - 17 unid; Kiwi - ¾ unid; Uva comum - 11 bagos; Laranja Bahia/Seleta - 4 gomos; Laranja Pêra/Lima - 1 unid; Limão - 2 unid; Maçã - ½ unid; Manga - ¼ unid; Melancia/melancia/mamão - 1fatia; Morango - 9 unid; Pêra - ½ unid; Suco de laranja - ½ copo requeijão HORTALIÇAS Abobrinha cozida - 3 col sopa; Beterraba crua ralada - 2 col sopa; Agrião, alface, almeirão, escarola, mostarda, rúcula - à vontade; Brócolis cozido - 4 ½ col sopa; Cenoura cozida - 7 fatias ou ¾ col sopa; Couve flor cozida - 3 ramos; Ervilha em conserva - 1 col sopa; Jiló cozido - 1 ½ col sopa; Palmito em conserva - 2 unid; Pepino picado - 4 col sopa; Picles em conserva -5 col sopa; Rabanete - 3 unid; Repolho cru - 6 col sopa; Vagem cozida - 2 col sopa; Repolho cozido - 5 col sopa; Tomate comum - 4 fatias; LEGUMINOSAS Ervilha seca cozida - 2 ½ col sopa; Feijão cozido (50 % de caldo) - 1 concha; Feijão cozido/ Grão de bico cozido/ Lentilha / feijão branco /soja cozida - 2 col. de sopa CARNE BOVINA, SUÍNA, PEIXE, FRANGO, OVOS Bacalhoada - ½ porção; Bife à role - 1 unid; Bife grelhado -1 unid; Carne cozida - 1 fatia; Peru tipo “blanquet” - 10 fatias; Porco - lombo assado -1 fatia; Carne moída refogada - 5 col sopa; Hambúrguer - 1 unid; Frango assado inteiro - 1 pedaço de peito ou 1coxa/sobre grande; Filé grelhado (peixe, frango, vaca) - 1 unid média; ; Omelete simples – 1 unid PRODUTOS LÁCTEOS Iogurte natural - 2 copo de requeijão; Iogurte polpa de frutas - 1 pote Leite tipo B - 1 copo de requeijão; Queijo minas - 1 ½ fatia; Ricota - 2 fatias; mussarela - 3 fatias; Queijo “polenguinho” - 2 unid; Queijo prato - 2 fatias; Requeijão cremoso - 1 ½ col sopa; Vitamina de leite com frutas - 1 copo de requeijão AÇÚCARES * Açúcar mascavo - 1col sopa; Açúcar refinado - 1 col sopa; Doce industrializado tipo goiabada - ½ fatia; Karo - 2 col. sopa; Mel - 2 ½ col sopa ÓLEOS E GORDURAS * Azeite de oliva - 1 col sopa; Halvarina - 1col sopa; Margarina - ½ col sopa; Margarina vegetal - ½ col sopa; Óleo vegetal de girassol/milho/soja - 1 col sopa
  • 37. 37 QQuuaaddrroo 66.. DDIICCAASS PPAARRAA UUMMAA DDIIEETTAA SSAAUUDDÁÁVVEELL ALIMENTOS PREFERIR EVITAR CARNES EM GERAL Peixes, frango sem pele, carnes magras. Retirar toda a gordura visível. Carnes gordurosas, vísceras (fígado, coração, miolo, miúdos), embutidos (lingüiça salsicha e frios), carnes de porco (bacon, torresmos), pele de animais, camarão, lagosta, mexilhão, ostra,... LATICÍNIOS Leite e iogurte desnatado, queijo branco, ricota e cottage Leite e iogurte integrais, queijos amarelos e cremosos, manteiga, creme de leite OVOS Clara de ovos, substituir 2 claras = 1 ovo Gema de ovo. VEGETAIS E FRUTAS Frutas e verduras frescas Verduras na manteiga, em forma de frituras, com molhos DOCES, PÃES E SIMILARES (feitos com farinhas integrais) Massas de bolo sem gema de ovo, sorvete e doces a base de frutas Pães pobres em gordura, cereais integrais (aveia, trigo, farelo), massas sem gema de ovo, grão de bico, feijão, ervilha, lentilha, batata, arroz, mandioca. Massas de bolo com gema de ovo, sorvetes com leite, doces com chocolate e/ou chantilly, biscoitos amanteigados, folhados, sorvetes cremosos Pães com recheio, manteiga, croissants, bolachas, massas com gema de ovo GORDURAS EM GERAL Margarinas “moles” ou “light”, óleos vegetais (soja, milho, canola e azeite de oliva). Frituras, manteiga, óleo de coco e de dendê, maionese, gordura animal (toucinho, banha), molhos com creme de leite. Fontes: Dutra de Oliveira, 1998; III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose, 2001. O Sal ou cloreto de sódio é o tempero mais usado no preparo de alimentos. Os brasileiros comem, mais ou menos, 10 g/dia, sendo que o recomendado gira em torno de 5 g/dia. A maioria das pessoas acha que o sal deixa a comida mais gostosa, mas se esquece de que o gosto pelo sal não nasce com a pessoa. Comendo com sal desde criança é que as pessoas adquirem esse gosto. Outro fato curioso é que as pessoas dizem que precisam de sal senão "sentem-se fracas". A verdade é que nosso corpo precisa de muito pouco sal, menos do que 6 g/dia, quantidade que geralmente existe nos próprios alimentos, sem contar que os industrializados contém quantidades exageradas de sal para sua conservação. É recomendável que todas as pessoas, independentemente de a pressão ser alta, normal ou baixa, não exagerem no sal. Essa orientação é mais importante para
  • 38. 38 quem é sensível ao sal e tem pressão alta, porque se a pessoa comer com muito sal poderá bloquear o efeito dos remédios que baixam a pressão. Por outro lado, dependendo do caso, não há necessidade de eliminar totalmente o sal. O ideal é diminuir a quantidade colocada nos alimentos e evitar comer os alimentos embutidos, queijos amarelos, temperos prontos... Os produtos chamados “substitutos do sal” ou “sal light” podem ser úteis para algumas pessoas. Quem toma certos tipos de remédios ou "sofre dos rins" não pode usar substitutos do sal. O ideal é consultar o médico ou nutricionista antes de usá- los. Onde está “escondido” o sal ??? ⇒ Carnes processadas: embutidos em geral (presunto, mortadela, salsicha, lingüiça, salame), bacon, carne seca, “nuggets”, e outros alimentos prontos; ⇒ Enlatados: vegetais (palmito, azeitona, milho..), peixes (atum, sardinha); ⇒ Queijos: duros e amarelos (parmesão, provolone, prato, etc.); ⇒ Temperos prontos: acho melhor colocar em pó ou cubos ao invés da marca comercial Arisco®, Sazón® Aji-no-moto®, sopas desidratadas, caldos e extratos concentrados, amaciantes de carne, catchup, mostarda, maionese, molho de soja, molho inglês, extrato de tomate, etc.; ⇒ Salgadinhos industrializados: chips, amendoim, coxinha, pastel, etc.; ⇒ Biscoitos, bolachas, pães, mesmo os doces; ⇒ Adoçantes artificiais: ciclamato de sódio, sacarina sódica, etc.
  • 39. 39 RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS 1. CUIDADO COM AS QUANTIDADES: Muitas pessoas têm o hábito de comer sem prestar atenção no que está fazendo e nem estão com fome. Outras, por exemplo, criaram o hábito de comer diante da televisão, ou trabalhando, sem reparar no sabor nem na quantidade de comida. A primeira coisa a mudar é isso: mastigar bem e perceber o sabor de cada alimento fica mais fácil controlar sua quantidade. 2. CINCO PORÇÕES ou mais DE FRUTAS E VEGETAIS, DIARIAMENTE: Esta é a condição básica para se ter boa saúde – comer diariamente, pelo menos CINCO porções de frutas ou vegetais diferentes (ex.: alface, tomate, cebola, banana e laranja) - é só variar como puder e conforme o gosto. 3. ESCOLHER MELHOR OS ALIMENTOS: dar preferência aos cereais integrais e seus derivados (farinhas e sub produtos: pães, bolachas, macarrão), legumes, frutas e verduras; preferir carnes sem gorduras; frango sem a pele; peixes, pelo menos, uma vez por semana; óleo de soja ou azeite. Preferir os alimentos cozidos, assados ou grelhados - evitar frituras! 4. ALIMENTAR-SE EM HORÁRIOS REGULARES: fazer de 3-4 refeições diárias (café da manhã, almoço, lanche e jantar). Evitar comer fora de hora, “beliscar” entre as refeições principais. 5. MANTER A CASA “À PROVA DE CALORIAS”: evitar comprar doces, bolachas, refrigerantes e sorvetes. 6. COMBINAR ALIMENTOS DE GRUPOS DIFERENTES: Em caso de excesso de peso, procure evitar na mesma refeição -carnes, leite, queijo, peixe, frango - com pão, arroz, batata, macarrão e doces. O mais importante: combine estes alimentos com verduras cruas ou cozidas. Na hora da sobremesa, preferir frutas! Não substituir as refeições principais por “sanduíches ou lanches”: geralmente são cheios de alimentos gordurosos e ainda pecam pela falta de fibras e outros nutrientes encontrados nos vegetais Observação: no caso de haver a presença de hipertrigliceridemia, o consumo de alimentos energéticos – gorduras e carboidratos – devem ser limitados e controlados e a ingestão de álcool deve ser totalmente restrita. Preferir óleos vegetais, evitar gorduras animais; dar sempre preferência aos alimentos produzidos com farinhas integrais que possuem maior teor de fibras.
  • 40. 40 4. CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS O crescimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis e em especial as Doenças Cardiovasculares constitui-se em importante PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA desde o último século, por sua elevada morbimortalidade e (por) suas repercussões na qualidade de vida. Entretanto, mudanças neste perfil tem sido possíveis por meio da melhoria nas condições de vida e no nível de informação da população, bem como pela adoção de medidas de intervenção em saúde focando a redução da exposição a fatores de risco conhecidos que participam da gênese destes agravos. Portanto, é necessário dar continuidade à implementação de medidas para conscientização da população em relação à associação dieta/saúde. Promover mudança de hábitos é tarefa árdua e difícil..É.. sabido que os fatores culturais e a influência da mídia estão muito presentes. Mas... com a ajuda dos profissionais e com a promoção e apoio de trabalhos em grupo e associações, pode- se tornar mais fácil o alcance ((a consecução)) dos objetivos propostos. É de extrema importância que os ambientes estimulem os hábitos saudáveis: a alimentação nos locais de trabalho e escolas, proibir o hábito de fumar na presença de crianças e incentivar a atividade física... De acordo com a experiência de outros países, mudanças de hábitos e comportamento requerem esforço coletivo - políticas de saúde mais abrangentes objetivando uma reestruturação do comércio de alimentos, a valorização de padrões de consumo alimentares mais saudáveis, (desencentivo???) proibição de propagandas de cigarro e alimentos ricos em componentes prejudiciais á saúde, principalmente entre aqueles que estão nas camadas mais pobres e com menor nível de instrução. Vários programas de prevenção e promoção de saúde já foram desenvolvidos no mundo todo, obtendo resultados positivos no controle de doenças crônicas: - o Programa americano “Health People 2000” tem como um de seus objetivos o aumento do consumo de vegetais para cinco ou mais porções diárias; - o Programa Prevenir IAMSPE em parceria com a DDCNT/CVE/SES está implantando o programa “Alimentação Saudável na Prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis - TURMA DA SAÚDE - OS AMIGOS DA BOA ALIMENTAÇÃO ” - visando promover mudanças de comportamento em relação aos hábitos alimentares, por meio de palestras explicativas sobre o assunto aos
  • 41. 41 funcionários; reuniões com as empresas fornecedoras da alimentação aos funcionários das diversas secretarias, para a adequação dos cardápios, entre outras ações. Dentre os programas que deram certo, aqui e no exterior, há pontos em comum: - as pessoas tiveram acesso a informação de qualidade e de fácil entendimento; - periodicamente, as pessoas foram “lembradas” das informações recebidas; - além da informação, receberam o estímulo de familiares, amigos e dos profissionais de saúde. Devem ser incentivados a formação de grupos para troca de receitas e preparo de comidas saudáveis que contribuam na redução de peso corporal; cessação do hábito de fumar e controle do consumo de bebidas alcoólicas; incentivo de atividades físicas que, além de auxiliar na manutenção do peso corporal, reduz o estresse, entre outros benefícios! O trabalho de prevenção deve ser perseverante, otimista e animador. O agente de saúde tem papel fundamental!
  • 42. 42 55.. RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS Barreto SM, Pinheiro ARO, Sichieri R, Monteiro CA, Batista Filho, M, Shimidt M, et al. Análise da estratégia global para alimentação, atividade física e saúde da Organização Mundial da Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2005; 14(1): 41-68. Bazzano LA, He J, Ogden LG, et al. Fruit and vegetable intake and risk of cardiovascular disease in US adults: the first National Health and Nutrition Examination Survey Epidemiologic Follow-up Study. Am J Clin Nutr 2002; 76:93–9. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Vigilância Epidemiológica. Vigilância e monitoramento de doenças e agravos não transmissíveis.[on line]. Disponível em URL<http://w.w.w.funasa.gov.br/epi/ntransmi/epi_ntransmi_00.htm [2003 jul 20]. Consenso latino americano sobre obesidade. Rio de Janeiro, RJ 08 a 11 de outubro de 1998. [on line]. Disponível em URL <http://www.abeso.org.br>. [2007 fev 10]. Craig WJ. Phytochemicals: guardians of our health. J Am Diet Assoc 1997; 97: 10 (2):S199-204. De Angelis RC. Fome oculta, impacto para a população brasileira. São Paulo: Atheneu, 1999. Dutra de Oliveira JE, Marchini JS. Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998. Fundação IBGE. Pesquisa de orçamentos familiares 1987 e 1996 [on line]. Disponível em URL <http://w.w.w.ibge.gov.br/sidra>. [2007 nov 10]. Hagdrup MD, Simões, EJ, Brownson RC. Fruit and vegetable consumption in Missouri: knowledge, barriers and benefits. Am J Health Behav 1998; 22 (2): 90- 100.
  • 43. 43 III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2001: 77; Supl III. Issa JS, Francisco YA. Obesidade e doenças cardíacas: aspectos epidemiológicos e preventivos. Rev Soc Cardiol Estado São Paulo 1996; 6:558-63. IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2004; 82; Supl IV. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. Volume 88, Suplemento I, 2007. Kim KK, Yu ES, Chen H, Cross N, Kim J. Nuritional status of Korean Americans: implications for cancer risk. Oncol Nurs Forum 2000; 27:1573-83. Leon A. Physical activity and cardiovascular health: a National Consensus. Human Kinetics; 1997. p. 57-66. Marcopito LF, Rodrigues SSR, Pacheco MA, Shirassu MM, Goldfeder AJ, Moraes MA. Prevalência de alguns fatores de risco para doenças crônicas na cidade de São Paulo. Rev Saúde Pública 2005: 39(5): 738-45. Matsudo V. Physical activity: passport for health. World Health Rep 1997; 50 (3): 16- 7. Monteiro CA, Conde WL. A tendência secular da obesidade segundo estratos sociais: Nordeste e sudeste do Brasil. Arq Bras End Met 1999; 43:186-94. Monteiro CA, Mondini L, Costa RBL. Mudanças na composição e adequação nutricional da dieta familiar nas áreas metropolitanas do Brasil. Rev Saúde Pública 2000; 34:251-8.
  • 44. 44 Neumann AICP, Philippi ST, Cruz ATR, Morimoto JM, Fisberg RM. A pirâmide alimentar na orientação nutricional de indivíduos portadores de doenças cardiovasculares. Nutrire: rev Soc Bras Alim Nut = J Brazilian Soc Food Nutr, São Paulo, SP.v.19/20, p. 7-17, 2000. Organização Pan-Americana da Saúde. [Internet site]. Doenças crônico- degenerativas e obesidade: estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília, 2003. Disponível em: http://www.opas.org.br/sistema/arquivos/d_cronic.pdf. Acessado em 10 de outubro de 2005. Philippi ST, Cruz AT, Latterza AR. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Rev Nutr. V. 12, n. 1, p. 65-80, 1999. Secretaria de Estado da Saúde, Grupo Técnico de Informações de Saúde. Mortalidade do município de São Paulo. São Paulo, 2000 [on line]. Disponível em URL <http://w.w.w.saude.sp. gov.br >. [2000 nov 10]. Sociedade Brasileira de Diabetes. Consenso Brasileiro sobre Diabetes 2002: diagnóstico e classificação do diabetes melito e tratamento do diabetes melito do tipo 2. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2003. 72p. US Department of Health and Human Services. Healthy people 2000. national health promotion and disease prevention objectives. Washington (DC), 1991. (DHSS Publication PHS 91-50213). Willett WC. Nutritional epidemiology issues in chronic disease at the turn of the century. Epidemiol Rev 2000: 22(1),82-6.
  • 45. 45 Willett WC. Nutritional epidemiology. 2 nd ed. New York: Oxford University Press; 1998. World Health Organization. Diet, nutrition and prevention of chronic diseases. Geneva; WHO; 2003. (Technical Report Series, 916). World Health Organization. Obesity. Preventing and managing the global epidemy. Report of the World Health Organization consultation on obesity, Geneve,1997. World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemy. Geneva: WHO; 1997. (Report of WHO consultation on obesity). World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO; 1995.(Report series, 854). World Health Organization.. Report of a Joint FAO/WHO Consultation. Preparation and use of food-based dietary guidelines. Geneva: WHO; 1998.