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Sepse
Milena B. Meiken
Bruna C. Braga
Raquel F. Sampaio
Giuliana Y. Seo
Maria Eugênia Brito
Kandyce K. Sganzerla
Guilherme L. Costallat
Primeira descrição de sepse
“Quando a febre é
contínua, a superfície
interna do corpo está fria
e existe internamente
uma grande sensação de
calor e sede, a afecção é
mortal ”
Hipocrates, 400 A.C.
Definindo termos
 SIRS (Síndrome de resposta inflamatória sistêmica):
manifestações clínicas em resposta a agressão
orgânica grave na ausência de infecção.
 Trauma
 Queimaduras
 Pancreatites
 Sepse
 A sepse, sepse severa e o choque séptico
representam estágios evolutivos da mesma doença.
Não significa um aumento da gravidade do processo
infeccioso, e sim, da gravidade da resposta sistêmica
Definindo termos
 Sepse: SIRS secundários a um processo infeccioso.
 Sepse Grave: Sepse com disfunção orgânica
(cardiovascular, respiratória, renal, hematológica e do
sistema nervoso central), hipotensão ou hipoperfusão
tecidual
 Choque séptico: Sepse grave + hipotensão arterial e
alteração perfusional refratárias à reposição volêmica
adequada
 Síndrome de Disfunção de Múltiplos Órgãos: função
alterada de órgãos + suporte para manter a
homeostase
Epidemiologia
 É a principal causa de admissão em UTI não
coronariana e principal causa de morte nestas
unidades
 Têm apresentado aumento de incidência nos últimos
anos e apenas uma leve redução na mortalidade
 São poucos os estudos realizados no Brasil, dentre
eles destaca-se o estudo epidemiológico multicêntrico
em 75 UTI de todo o Brasil (Sales Jr JAl, david
Cm, Hatum r, 2006)
 Em uma população de 3.128 pacientes, 16,7%
apresentaram sepse, com uma mortalidade geral de
46,6%
 Quando discriminados em sepse, sepse grave e
choque séptico, a incidência foi 19,6%, 29,6% e 50,8%
e a mortalidade foi 16,7%, 34,4% e
65,3%, respectivamente. Evidenciando uma
mortalidade superior à encontrada em outros países.
Epidemiologia
Fisiopatologia
 A Sepse e SRIS são caracterizadas por produção
excessiva de mediadores inflamatórios e ativação de
células inflamatórias, resultando em comprometimento
orgânico e evolução para a síndrome de disfunção de
múltiplos órgãos
 1ª linha de defesa: céls fagocitárias (monócitos,
macrófagos e polimorfonucleares) e via alternativa do
complemento
 2ª linha de defesa: resposta imune específica
(imunoglobulinas e céls imunocompetentes).
Ativadores da resposta do
hospedeiro
 Endotoxina dos microorganismos gram –
(lipopolissacáride) e ácido lipoteicóico dos gram +
 Citocinas: TNF alfa, IL 1, IL6, IL8:
 Estimulam resposta celular com liberação de
mediadores 2ários, quimiotaxia e ativação de
granulócitos
 Mediadores 2ários reativam as células fagocitárias e
a cascata inflamatória, formando um ciclo vicioso
 Leucócitos PMNs são atraídos para o foco, gera
aumento do consumo local de O2, maior produção
de espécies reativas de oxigênio e liberação da
elastase neutrofílica
Ativadores da resposta do
hospedeiro
 Cascata da coagulação:
 Liberação de fator tecidual pelas céls endoteliais
ativa via extrínseca originando uma pequena
quantidade de trombina
 Trombina por feedback + ativa a via intrínseca com
geração de mais trombina, catalisa a conversão de
fibrinogênio em fibrina com ativação da coagulação e
formação de microtrombos
 Mecanismos anticoagulantes reprimidos: redução
dos receptores de trombomodulina no endotélio,
diminuição da atividade de antitrombina e proteína C
Ativadores da resposta do
hospedeiro
 Disfunção microcirculatória: a microcirculação é capaz
de responder à presença de mediadores inflamatórios
e alterações da coagulação por meio das mudanças de
seu tônus vasomotor, porém na sepse esse sistema
encontra-se com fluxo bastante heterogêneo (aumento
da produção de NO com alteração de permeabilidade,
vasoplegia)
 Ativação de leucócitos com produção de espécies
reativas de O2 causa ruptura das estruturas
microcirculatória com perda da interação celular
Clínica
 Decorre de:
 Processo infeccioso primário
 Processo inflamatório subjacente
 Disfunções orgânicas
 Disfunção cardiovascular:
 Hipovolemia com diminuição da pressão de
enchimento e do DC
 Se reposição hídrica agressiva  taquicardia
 Hipotensão arterial e choque (hipovolemia)
Clínica
 Disfunção renal:
 Dano isquêmico ao túbulo
 Clinicamente: oligúria, aumento da uréia e da
creatinina
 Disfunção da coagulação:
 Estado pró-coagulante com CIVD
 Redução da atividade dos sistemas anticoagulante
e do sistema fibrinolítico
 Podem ocorrer fenômenos microtrombóticos até
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Clínica
 Disfunção neurológica:
 Encefalopatia associada à sepse
 Manifestações: déficit de atenção e distúrbio
cognitivo
 Lesão pulmonar aguda:
 Lesão do endotélio vascular  edema intersticial 
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 hipoxemia  diminuição da complacência
pulmonar  necessidade de ventilação mecânica
 RX: infiltrados pulmonares
 Relação PaO2/FiO2 entre 200-300
Diagnóstico SIRS
 Baseado em critérios clínicos e laboratoriais, são
necessárias duas ou mais das seguintes
manifestações:
 Temperatura corpórea >38ºC ou < 36ºC
 Frequência cardíaca >90bpm
 Frequência respiratória >20ipm ou
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 Leucócitos >12000 ou <4000 ou >10% de formas
imaturas (bastonetes)
 Por possuírem manifestações semelhantes, o
diagnóstico entre SIRS e sepse é difícil de ser feito, no
entanto, a diferenciação é de suma importância para o
tratamento. Alguns biomarcardores vêm sendo
estudados para serem usados nessa diferenciação.
Biomarcadores
 Proteína C reativa: pior acurácia
 Procalcitonina: é um precursor da calcitonina. Estudos
vêm mostrando sua efetividade em diagnosticar
quadros infecciosos; maior especificidade e
sensibilidade.
 IL-6 e IL-8: mais útil para avaliar a gravidade, porém
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Diagnóstico Sepse
 Temperatura >38 ou <36
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 Alteração neurológica
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 Leucócitos >12000 ou <4000
ou com mais de 10% de
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 Proteína C reativa (níveis duas
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 Hiperlactatemia
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capilar
 PaO2/FiO2<300
 Oligúria aguda (<0,5ml/kg/h
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 Creatinina >0,5
 Ruídos Hidroaéreos ausentes
 Trombocitopenia (plaquetas
<100000)
 Alterações de coagulação
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segundos)
Diagnóstico Choque Séptico
 Os mesmo da sepse, sendo que o choque séptico é
caracterizado por uma sepse grave refratária à
reposição de volume, necessitando de drogas
vasoativas
Tratamento
 Choque Séptico:
 Identificar Foco Séptico
 Golden hours : Monitor/ Oximetria de pulso/ Diurese e
Temperatura
 CVC : Drogas Vasoativas (PAI); Volume e Exames
 1) Ressuscitação Volêmica
 2) Suporte Vasopressor
 3) Suporte Inotrópico
 4) ATB/Controle foco
 5) Hemotransfusão
 6) Corticosteroides
 7) Proteína C Ativada
 8) Terapias de suporte (Respiratória, renal, tv e úlcera de
estresse)
Tratamento
 SRIS/SDMO
 Diagnóstico (diferenciar Sepse);
 Cessar o insulto inicial/mecanismo causador;
 Medidas de suporte (disfunções);
 Primum non nocere.
Tratamento
 Sepse:
 Diagnóstico;
 Monitorização/CVC (Volume/DV) e PAI;
 Otimizar ABC;
 ATB empírica (foco suspeito; uso prévio, ambiente e
patógenos isolados e comorbidades)
 Glicemia/corticosteroides/proteína C ativada
 Profilaxia TVP, úlcera de estresse
Prognóstico
 Está relacionado com o estágio e a gravidade da
doença, além deidade e estado nutricional
 A terapia precoce, o controle infeccioso por antibióticos
e a reposição hemodinâmica nas primeiras horas após
o diagnóstico possuem grande impacto no prognóstico
Prognóstico
 A intervenção precoce aumenta a probabilidade de
interromper o efeito “cascata” da sepse, impedindo
disfunções orgânicas como insuficiência renal e
hipotensão não responsiva a volume. O atraso entre os
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Sepse

  • 1. Sepse Milena B. Meiken Bruna C. Braga Raquel F. Sampaio Giuliana Y. Seo Maria Eugênia Brito Kandyce K. Sganzerla Guilherme L. Costallat
  • 2. Primeira descrição de sepse “Quando a febre é contínua, a superfície interna do corpo está fria e existe internamente uma grande sensação de calor e sede, a afecção é mortal ” Hipocrates, 400 A.C.
  • 3. Definindo termos  SIRS (Síndrome de resposta inflamatória sistêmica): manifestações clínicas em resposta a agressão orgânica grave na ausência de infecção.  Trauma  Queimaduras  Pancreatites  Sepse  A sepse, sepse severa e o choque séptico representam estágios evolutivos da mesma doença. Não significa um aumento da gravidade do processo infeccioso, e sim, da gravidade da resposta sistêmica
  • 4. Definindo termos  Sepse: SIRS secundários a um processo infeccioso.  Sepse Grave: Sepse com disfunção orgânica (cardiovascular, respiratória, renal, hematológica e do sistema nervoso central), hipotensão ou hipoperfusão tecidual  Choque séptico: Sepse grave + hipotensão arterial e alteração perfusional refratárias à reposição volêmica adequada  Síndrome de Disfunção de Múltiplos Órgãos: função alterada de órgãos + suporte para manter a homeostase
  • 5. Epidemiologia  É a principal causa de admissão em UTI não coronariana e principal causa de morte nestas unidades  Têm apresentado aumento de incidência nos últimos anos e apenas uma leve redução na mortalidade  São poucos os estudos realizados no Brasil, dentre eles destaca-se o estudo epidemiológico multicêntrico em 75 UTI de todo o Brasil (Sales Jr JAl, david Cm, Hatum r, 2006)
  • 6.  Em uma população de 3.128 pacientes, 16,7% apresentaram sepse, com uma mortalidade geral de 46,6%  Quando discriminados em sepse, sepse grave e choque séptico, a incidência foi 19,6%, 29,6% e 50,8% e a mortalidade foi 16,7%, 34,4% e 65,3%, respectivamente. Evidenciando uma mortalidade superior à encontrada em outros países. Epidemiologia
  • 7. Fisiopatologia  A Sepse e SRIS são caracterizadas por produção excessiva de mediadores inflamatórios e ativação de células inflamatórias, resultando em comprometimento orgânico e evolução para a síndrome de disfunção de múltiplos órgãos  1ª linha de defesa: céls fagocitárias (monócitos, macrófagos e polimorfonucleares) e via alternativa do complemento  2ª linha de defesa: resposta imune específica (imunoglobulinas e céls imunocompetentes).
  • 8. Ativadores da resposta do hospedeiro  Endotoxina dos microorganismos gram – (lipopolissacáride) e ácido lipoteicóico dos gram +  Citocinas: TNF alfa, IL 1, IL6, IL8:  Estimulam resposta celular com liberação de mediadores 2ários, quimiotaxia e ativação de granulócitos  Mediadores 2ários reativam as células fagocitárias e a cascata inflamatória, formando um ciclo vicioso  Leucócitos PMNs são atraídos para o foco, gera aumento do consumo local de O2, maior produção de espécies reativas de oxigênio e liberação da elastase neutrofílica
  • 9. Ativadores da resposta do hospedeiro  Cascata da coagulação:  Liberação de fator tecidual pelas céls endoteliais ativa via extrínseca originando uma pequena quantidade de trombina  Trombina por feedback + ativa a via intrínseca com geração de mais trombina, catalisa a conversão de fibrinogênio em fibrina com ativação da coagulação e formação de microtrombos  Mecanismos anticoagulantes reprimidos: redução dos receptores de trombomodulina no endotélio, diminuição da atividade de antitrombina e proteína C
  • 10. Ativadores da resposta do hospedeiro  Disfunção microcirculatória: a microcirculação é capaz de responder à presença de mediadores inflamatórios e alterações da coagulação por meio das mudanças de seu tônus vasomotor, porém na sepse esse sistema encontra-se com fluxo bastante heterogêneo (aumento da produção de NO com alteração de permeabilidade, vasoplegia)  Ativação de leucócitos com produção de espécies reativas de O2 causa ruptura das estruturas microcirculatória com perda da interação celular
  • 11. Clínica  Decorre de:  Processo infeccioso primário  Processo inflamatório subjacente  Disfunções orgânicas  Disfunção cardiovascular:  Hipovolemia com diminuição da pressão de enchimento e do DC  Se reposição hídrica agressiva  taquicardia  Hipotensão arterial e choque (hipovolemia)
  • 12. Clínica  Disfunção renal:  Dano isquêmico ao túbulo  Clinicamente: oligúria, aumento da uréia e da creatinina  Disfunção da coagulação:  Estado pró-coagulante com CIVD  Redução da atividade dos sistemas anticoagulante e do sistema fibrinolítico  Podem ocorrer fenômenos microtrombóticos até sangramentos
  • 13. Clínica  Disfunção neurológica:  Encefalopatia associada à sepse  Manifestações: déficit de atenção e distúrbio cognitivo  Lesão pulmonar aguda:  Lesão do endotélio vascular  edema intersticial  desequilíbrio entre ventilação e perfusão pulmonar  hipoxemia  diminuição da complacência pulmonar  necessidade de ventilação mecânica  RX: infiltrados pulmonares  Relação PaO2/FiO2 entre 200-300
  • 14. Diagnóstico SIRS  Baseado em critérios clínicos e laboratoriais, são necessárias duas ou mais das seguintes manifestações:  Temperatura corpórea >38ºC ou < 36ºC  Frequência cardíaca >90bpm  Frequência respiratória >20ipm ou PaCO2<32mmHg  Leucócitos >12000 ou <4000 ou >10% de formas imaturas (bastonetes)
  • 15.  Por possuírem manifestações semelhantes, o diagnóstico entre SIRS e sepse é difícil de ser feito, no entanto, a diferenciação é de suma importância para o tratamento. Alguns biomarcardores vêm sendo estudados para serem usados nessa diferenciação.
  • 16. Biomarcadores  Proteína C reativa: pior acurácia  Procalcitonina: é um precursor da calcitonina. Estudos vêm mostrando sua efetividade em diagnosticar quadros infecciosos; maior especificidade e sensibilidade.  IL-6 e IL-8: mais útil para avaliar a gravidade, porém estão elevadas em outras situações como em doenças auto-imunes
  • 17. Diagnóstico Sepse  Temperatura >38 ou <36  FC>90bpm  FR>20ipm  Alteração neurológica  Hiperglicemia na ausência de diabetes (>120)  Leucócitos >12000 ou <4000 ou com mais de 10% de formas imaturas (bastonetes)  Proteína C reativa (níveis duas vezes o normal)  Procalcitonina (níveis duas vezes o normal)  Hipotensão arterial (PAS<90, PAM<70)  Saturação venosa central <70%  Hiperlactatemia  Lentificação do enchimento capilar  PaO2/FiO2<300  Oligúria aguda (<0,5ml/kg/h por pelo menos 2h)  Creatinina >0,5  Ruídos Hidroaéreos ausentes  Trombocitopenia (plaquetas <100000)  Alterações de coagulação (INR>1,5 ou TTPA>60 segundos)
  • 18. Diagnóstico Choque Séptico  Os mesmo da sepse, sendo que o choque séptico é caracterizado por uma sepse grave refratária à reposição de volume, necessitando de drogas vasoativas
  • 19. Tratamento  Choque Séptico:  Identificar Foco Séptico  Golden hours : Monitor/ Oximetria de pulso/ Diurese e Temperatura  CVC : Drogas Vasoativas (PAI); Volume e Exames  1) Ressuscitação Volêmica  2) Suporte Vasopressor  3) Suporte Inotrópico  4) ATB/Controle foco  5) Hemotransfusão  6) Corticosteroides  7) Proteína C Ativada  8) Terapias de suporte (Respiratória, renal, tv e úlcera de estresse)
  • 20. Tratamento  SRIS/SDMO  Diagnóstico (diferenciar Sepse);  Cessar o insulto inicial/mecanismo causador;  Medidas de suporte (disfunções);  Primum non nocere.
  • 21. Tratamento  Sepse:  Diagnóstico;  Monitorização/CVC (Volume/DV) e PAI;  Otimizar ABC;  ATB empírica (foco suspeito; uso prévio, ambiente e patógenos isolados e comorbidades)  Glicemia/corticosteroides/proteína C ativada  Profilaxia TVP, úlcera de estresse
  • 22. Prognóstico  Está relacionado com o estágio e a gravidade da doença, além deidade e estado nutricional  A terapia precoce, o controle infeccioso por antibióticos e a reposição hemodinâmica nas primeiras horas após o diagnóstico possuem grande impacto no prognóstico
  • 23. Prognóstico  A intervenção precoce aumenta a probabilidade de interromper o efeito “cascata” da sepse, impedindo disfunções orgânicas como insuficiência renal e hipotensão não responsiva a volume. O atraso entre os primeiros sinais de sepse e o seu tratamento de fato é um dos grandes responsáveis pela alta taxa de mortalidade