01/04/2009
Artigo - Gleisi Hoffmann: Curitiba, o que desejar a você?
Com 316 anos de história uma cidade bela e festejada, bonita aos olhos de todos.
Construída com a força do povo que nasceu aqui mas também do povo que veio morar
aqui. O que quer que já tenhamos sido, não somos mais apenas uma cidade dos curitibanos,
também somos uma cidade dos brasileiros. Então, o que desejar a esta bela cidade que faz
aniversário? O que você desejaria?
Eu desejo que toda essa beleza e qualidade de vida divulgadas sejam efetivamente de todos os bairros, que da área mais
central a mais distante tenha a mesma infraestrutura física e social, incluindo aí nossos vizinhos mais próximos, com os
quais precisamos planejar e agir conjuntamente já que abrigam uma boa parte de Curitiba.
Desejo que em um futuro bem próximo não sejamos mais citados como uma das cidades mais violentas do Brasil, que
possamos combater o crime e punir os criminosos, mas reconhecer que a violência também é produto da pobreza, da
falta de saúde e educação, da vida sem estrutura digna e também do vazio no coração das pessoas, o que não poderá ser
resolvido apenas com programas isolados da administração pública. Reconhecer que a carência material é sustentada
pela indiferença social e a crueldade individual é um passo importante para iniciarmos o resgate da paz nos
relacionamentos
humanos. Precisamos mudanças nas políticas públicas, mas também no coração
e na mente das pessoas.
Desejo que possamos cuidar de nossos jovens, evitar a gravidez na adolescência, tirá-los das drogas, oferecendo
esperança e futuro, respeito e consideração. Desejo ajudar a assegurar que todas as nossas crianças sejam amadas e
tratadas com carinho, que tenham creche, mas também estrutura familiar. Que possamos, como sociedade, ajudar pais e
mães na educação de seus filhos. Que possamos nos colocar no lugar do outro, pois assim não toleraríamos ausência de
creches, violência, filas na saúde, se pensássemos que as crianças e jovens que enfrentam esses problemas são
como nossos filhos.
Desejo que a reclamação que tenho ouvido de muitas mulheres, a maioria mães responsáveis pelo sustento da família,
que se queixam do embrutecimento cultural de nossa sociedade, da promoção do consumismo fácil, do excesso de
exposição sexual e de violências que grassam na sociedade e nos meios de comunicação, seja pauta de ações
governamentais, não apenas para censurá-las, mas para considerá-las na construção de políticas públicas e nas ações de
governo. Afinal, governar uma sociedade não se resume a obras e investimentos, mas também estimular atitudes e
promover a educação para um bom convívio social.
Desejo uma transformação na consciência e um comprometimento genuíno com a diversidade por parte dos
governantes. Que os olhos de seus dirigentes estejam abertos e com o mesmo sentimento para todos os curitibanos. Que
haja um senso de empatia mais forte para equilibrar a balança da nossa política em favor dos que precisam mais. Que a
solidariedade não seja apenas um valor a ser cultivado individualmente, mas um valor que permeie as práticas da gestão
pública e das relações políticas.
Essa é a Curitiba que desejo para nós e para nossos filhos. Temos conquistas, talento e recursos para garantir um futuro
melhor, com base econômica forte, políticas urbanas estruturadas e partilha de prosperidade. Precisamos do
comprometimento de governo e coletividade com o que temos em comum: esperanças e sonhos, desejo de felicidade.
Parabéns Curitiba!
Gleisi Hoffmann é presidente do PT/PR e foi candidata a prefeita de Curitiba