O documento descreve o rio Guadiana, um dos maiores rios da Península Ibérica. Ele nasce na Espanha e serve de fronteira entre Portugal e Espanha por vários quilômetros, percorrendo um total de 810km. O documento também detalha os vários aproveitamentos hídricos ao longo do rio, incluindo barragens construídas e o projeto da barragem de Alqueva.
2. Rio Guadiana
Um dos três grandes rios luso-espanhóis, o rio Guadiana drena uma área total de cerca de 72 100 km2, sendo 11 500 km2 em Portugal. Nasce em
Espanha, na serra de Alcaraz, e serve de fronteira entre os dois países até ao ponto em que penetra em território português, a norte de Mourão,
e toma a direcção norte-sul. O vale por ele formado encaixa-se na superfície polimórfica alentejana a partir da foz do Ardila, com muitos
meandros e, entre Serpa e Mértola, apresenta rápidos e quedas de água sendo a mais importante a do Pulo do Lobo, que corresponde a um
estreitamento súbito e desnivelado das suas margens. A partir de Mértola, o Guadiana torna-se navegável.
Volta a servir de fronteira entre Pomarão e Vila Real de Santo António, onde desagua no oceano Atlântico. Ao todo passa por cerca de 810
quilómetros, desde a sua nascente até à foz, percorrendo 260 quilómetros em Portugal, dos quais 110 servem de fronteira com Espanha.
Em Portugal o escoamento anual médio é de 1 900 hm3 e em Espanha é de 5 470 hm3, perfazendo um total de 7 370 hm3. Estima-se que a bacia
hidrográfica do rio Guadiana, em território português, apresente uma capacidade total de armazenamento de recursos hídricos na ordem dos
460 hm3, em regime regularizado. Os espanhóis construíram no seu leito diversas barragens. Portugal, por sua vez, destinou-lhe um mega
projecto, a construção da barragem do Alqueva, cuja água se destina a abastecer e irrigar uma boa parte do Alentejo, além de outros
aproveitamentos de menor envergadura: albufeira do Caia, no rio Caia, com uma área de bacia hidrográfica de 571 km2, uma capacidade total de
203 hm3 e uma capacidade útil de 192,3 hm3; albufeira do Enxoé, na ribeira do Enxoé, com uma área de bacia hidrográfica de 60,5 km2 , uma
capacidade total de 10,4 hm3 e uma capacidade útil de 9,5 hm3; albufeira do Lucefecit, na ribeira do Lucefecit, com uma área de bacia
hidrográfica de 257 km2, uma capacidade total de 10,22 hm3 e uma capacidade útil de 8,99 hm3; albufeira do Monte Novo, no rio Degebe, com
uma área de bacia hidrográfica de 262 km2, uma capacidade total de 15,28 hm3 e uma capacidade útil de 14,78 hm3; e a albufeira da Vigia, na
ribeira do Vale de Vasco, com uma área de bacia hidrográfica de 125 Km2, uma capacidade total de 16,725 hm3 e uma capacidade útil de 15,5
hm3.
O rio Guadiana possui um caudal muito variável, quer à escala sazonal, quer à escala inter-anual: em situação de tempestade o caudal pode
exceder os 10 000 m3/s, mas, no Verão, são frequentes as situações de caudal praticamente nulo. O caudal médio corresponde
aproximadamente a 80 m3/s.
A sua bacia hidrográfica é aproveitada na Extremadura espanhola e na zona de Castilha-La Mancha, principalmente em planos de
desenvolvimento e aproveitamento para a agricultura e pecuária. Em Portugal o seu aproveitamento nas províncias alentejanas (Alto e Baixo
Alentejo) era, até há poucos anos, para a agricultura. Com o projecto de Alqueva, supõe-se que as suas águas vão mais longe; quando todo o
plano de rega estiver em funcionamento, o Alentejo poderá então deixar as tradicionais culturas de sequeiro e passar às culturas de regadio.
O estuário é alongado e estreito, típico de um rio de vale encaixado; no entanto, na região correspondente à foz, surgem áreas de sapal - na
margem portuguesa, trata-se do sapal de Castro Marim e, na margem espanhola, do sapal de Ayamonte. Ambas as regiões de sapal são zonas
protegidas, com estatuto de Reserva Natural, constituindo importantes locais de invernada para numerosas espécies limícolas e locais
privilegiados para a reprodução de peixes, moluscos e crustáceos.
Referenciar documento
Rio Guadiana. In Diciopédia. Porto : Porto Editora, 2007.