4. Um bom texto nasce de uma boa pauta, que nasce do acompanhamento de determinado segmento e da leitura atenta de publicações (não só sites, jornais e revistas, mas também livros). Não se tenha a pautas burocráticas. Pense em ângulos diferentes, ousados, curiosos. Discuta a pauta com outras pessoas e consolide na reunião entre a equipe.
10. Defina qual vai ser o gancho antes de iniciar o texto. O gancho vai definir o que vai nos primeiros parágrafos: o que é mais importante e o que é informação secundária.
11. Como definir qual é o gancho? O faro jornalístico vem com o tempo, mas é preciso treinar. O gancho é ou o fato em si, ou a ideia mais importante ou um aspecto curioso ou polêmico.
12. Para textos que não sejam hardnews, procure um fato curioso, diferente, impactante. Não caia no abre burocrático e puramente informativo. Seja criativo.
14. O título é onde o leitor (ou jornalista, no caso dos releases) vai ver se vai em frente ou não. Muito cuidado nesta hora. O título precisa ter as palavras-chave certas, ser chamativo, intrigante, direto, interessante.
16. Textos de apoio devem ser elaborados sempre que possível, para contextualizar e complementar. Contextualize. O leitor não tem a obrigação de conhecer em profundidade o assunto. Traga memórias, explicações técnicas, gráficos, glossário de termos, entre outros.
18. Porém, crie textos sintéticos, ágeis, interessantes, aprofundados e abrangentes. Tá bom ou quer mais? ;) “Reduza o texto sem sacrificar a profundidade de conteúdo.” (Jakob Nielsen)
20. Então, corte, corte, corte. Até onde puder. Isso não quer dizer que o texto deva ser superficial. Seja conciso. Concisão é tudo. Para quê escrever mais do que o necessário?
26. Jamais entre no modo “piloto automático” (ou zumbi) para escrever um texto. A folha em branco aceita tudo... Então, cuidado. Pense, reflita, reescreva. Corte redundâncias, informações desnecessárias, declarações longas.
28. Utilize frases curtas. São mais fáceis de ler. Não cansam. Não dão a impressão de texto maçante. Frases curtas são legais. Seja um amigo delas!
29. Daniel SamperPizano, do jornal “El Tiempo”: (...) A frase longa é inimiga da boa leitura. Embora a clareza de uma oração não dependa apenas do número de palavras que ela contenha, mas das relações entre elas e dos conceitos que expressam, é difícil acompanhar uma frase de mais de 30. (Não precisa contar as da frase anterior: são 43, mas creio que é clara o suficiente). Resulta quase impossível manter a clareza de uma frase quando ela excede as 55 palavras. Frases de mais de 70 palavras não são frases: são emboscadas.
30. Os conselhos de legibilidade recomendam usar frases que se mantenham entre as 20 ou 30 palavras. Não se propõe, é claro, que toda frase tenha um número determinado de palavras. (...) limite das 30 ou 35 palavras deve ser tomado como um bom conselho. Um bom conselho que, obviamente, aceita exceções. A frase longa é uma doença que produz os seguintes efeitos secundários de natureza gramatical:
31. Virgulite: como é preciso separar de alguma maneira as partes da oração, o redator desfere um bofetão de vírgulas sobre o texto cinzento. Por uma estranha lei, comprovada todo dia no ‘El Tiempo’, as vírgulas tendem a cair onde não são precisas, e a distanciar-se dos lugares onde são imprescindíveis. Queísmo: a costura dos pedaços da frase exige o uso de relativos (que, onde etc.), entre os quais o ‘que’ costuma ser o mais procurado. Mais de um ‘que’ numa frase acaba gerando problemas de decoro estilístico. Mais de dos traz problemas de compreensão. Mais de três deveria causar problemas com o editor.
32. Concordância: uma frase longa geralmente obriga a manter distantes os elementos da oração – o sujeito a cinco ou seis centímetros do verbo; este a outros tantos do objeto direto; o indireto, longe do sujeito. Tudo isso vira terreno fértil para que um sujeito em singular termine com verbo em plural o um particípio passado em feminino se enrabiche com um sujeito em masculino. O que fazer? Cortar a frase: quase sempre é possível dividir uma frase longa em várias breves. Para isso, pode-se recorrer a pontos, ponto-e-vírgula ou até finais de parágrafos.”
34. Exemplo de 1 frase longa: Em 2011, especialistas já identificaram os motivos do crescimento dos índices inflacionários, um deles é o aumento nos preços dos alimentos e serviços e, o outro a intensa atividade econômica dos brasileiros que hoje tem mais opções de emprego, conseguem ganhar mais e têm acesso as facilidades na hora da compra – o que torna natural o aumento do consumo. (Uffffaaa!)
35. Vamos fazer diferente? Que tal: Diversos economistas identificaram os motivos do crescimento da inflação. Um deles é o aumento nos preços dos alimentos e serviços. Estes aumentos são em parte explicados pelo aumento do poder aquisitivo dos brasileiros, que estão ganhando mais e têm acesso a crédito rápido e fácil. Com isso, o consumo aumenta – e a inflação vai no embalo. (Melhorou, vai...)
37. Histórias e pessoas dão vida e veracidade a um texto. Use pessoas para contar a sua história. Quanto mais fontes forem ouvidas, mais rico será o texto. Portanto, mãos à obra!
39. Entreviste o maior número de fontes que puder e leia muito sobre o assunto. Cruze informações e contraponha e compare visões distintas. Não confie cegamente em informações encontradas na internet. Entreviste especialistas.
40. Nas entrevistas, elabore um roteiro lógico. Para conseguir boas respostas, faça perguntas claras e diretas. Contraponha informações. Cite pontos de vista opostos ao do entrevistado. Levante objeções.
41. Prefira entrevistas pessoalmente ou por telefone (por e-mail, somente em último caso). É mais rápido, mais fácil e, na maioria dos casos, a pessoa falará mais do que se fosse responder por e-mail. Além disso, permite réplicas e tréplicas.
43. Tenha carinho e cuidado com seus textos. Escreva-os com calma. Os textos ficam para a nossa história pessoal. São a nossa profissão. Tenha atenção fanática aos detalhes.
45. Siglas Para siglas com mais de cinco letras, utilize só a 1ª letra em caixa alta. Ibama, Setec, Emdec etc. Até 4 letras, tudo em caixa alta. IBGE, CPFL, ONU, USP, IPTU etc. Explique o que é a sigla entre parênteses. Exemplo: ONU (Organização das Nações Unidas).
46. Números 44 mil é melhor que 44.000. 23 é melhor do que vinte e três. Mas trezentos soa melhor do que 300. Dica: até 99, use números; acima, letras. Há exceções, como sempre, é claro.
47. Maiúsculas só para nomes próprios. Jornal, revista, rock, internacional etc. não são nomes próprios e devem ser escritos em caixa baixa. Melhor forma para escrever horas: 17h51. Data: 20/03/2011. Ou 20 de março de 2011. Designação de cargo é feita em caixa baixa: diretor-executivo e não Diretor-Executivo. Nas declarações retomadas, refira-se a homens pelo sobrenome e mulheres pelo primeiro nome.
51. Livros: “Fama & Anonimato” e “O Reino e o Poder” (Gay Talese), “Breve História de Quase Tudo” (Bill Bryson), “Dentro da Floresta” (David Remnick, editor NewYorker), “Queda Livre” (Otavio Frias Filho, editor da Folha)... Veículos de comunicação: “Piauí”, “Estadão”, “Folha de S. Paulo”... Livros técnicos: “Jornalismo Diário” (Ana Estela de Sousa Pinto), “A arte de fazer um jornal diário” (Ricardo Noblat), “Jornalismo de revista” (Marília Scalzo), os manuais de redação da “Folha de S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo”, entre outros.