Este documento discute valores e juízos de valor. Apresenta diferentes teorias sobre se valores são subjetivos ou objetivos e se dependem da cultura. Também discute se há valores absolutos ou apenas relativos à cultura.
1. Da acção aos valores.
A teoria para poder analisar
a prática.
1. A nossa acção é motivada por valores. Consciente ou
inconscientemente, movemo-nos porque desejamos e
queremos algo que nos parece desejável.
2. Os valores orientam a nossa acção e as nossas
escolhas, os nossos juízos sobre nós, os outros e o
mundo.
2. O que são os valores:
• Os valores não são • Os valores são
ideias, porque as ideias qualidades que
definem-se atribuímos às coisas,
intelectualmente, acções, pessoas.
enquanto os valores • Por isso não valem
implicam a nossa apenas por si, têm que
afectividade, emoção e ter um suporte onde são
preferências. aplicados.
• Honra: ideia. Se apenas
a definirmos, valor se
desejarmos que as
nossas acções tenham
essa qualidade.
3. Juízos de facto e juízos de
valor:
• Juízos de facto são
descritivos das
propriedades objectivas
de uma coisa, acção ou
pessoa.
• Têm valor de verdade
independente do sujeito.
• Exemplo. Isto é uma
pintura a óleo de
Gauguin,pintada em 1888
e intitulada “Les
Alychamps
4. Juízos de facto e juízos de
valor:
• Os juízos de valor são
normativos, dizem-nos como
devemos avaliar as coisas.
• Se têm valor de verdade?
Talvez sim, talvez não. Não
são independentes das nossas
crenças e gostos. Há quem
defenda contudo que são
independentes dos nossos
gostos.
• Exemplo: Este quadro é muito
expressivo, gosto do jogo de
claro/escuro.
5. Tipos de valores e critérios
valorativos.
• Valores estéticos: Exemplo:
Prefiro a pintura figurativa à
abstracta. Porquê?
• Para emitir um juízo de valor
temos critérios valorativos.
Estes servem para fazermos
uma hierarquização dos
valores e determinar as
nossas preferências. São
padrões de avaliação, regras
de procedimento. Mas também
nos servem para justificar as
nossas preferências, para as
explicar.
6. Tipos de valores:
• Há valores Absolutose
valores Relativos. Os
valores absolutos são
independentes das épocas e das
pessoas. Os valores relativos
dependem da cultura, da época e
da pessoa.
• Há valores meio: Que não têm
valor em si, mas têm valor como
meio para atingir outros valores.
Por exemplo: o dinheiro (Têm
valor extrínseco)
• Há valores que valem por si, a
amizade ou a liberdade. Que são
um fim em si e não o meio para
atingir através deles outros
valores. (Têm valor intrínseco)
7. Tipos de valores, segundo a
taxinomia de Max Sheller:
•
capaz - incapaz
1.Valores úteis caro - barato
abundante -escasso
necessário -supérfluo
são - doente
selecto -vulgar
1.Valores vitais enérgico -inerte
forte -débil
9. Duas teorias sobre os valores:
subjectivismo e objectivismo.
• Teoria subjectivista
• TESE: Os juízos de valor são subjectivos.
• ARGUMENTO:. Não existe um padrão objectivo de Bom ou de
Belo. Daí ser impossível justificar racionalmente porque devo gostar
mais de Bach ou de Tony Carreira. Estes autores são bons para
alguém que gosta deles mas não possuem um valor intrínseco.
Outro exemplo: Pode ser preferível, por vezes mentir ,a dizer
sempre a verdade.
• Os juízos de valor expressam os gostos do sujeito e não um
valor real do objecto.
• Argumento a favor (empírico): sobre o mesmo objecto pode haver
inúmeros juízos de valor.
10. Consequências:
• Os juízos de valor são relativos e não
absolutos. Daí não haver juízos de valor
Verdadeiros ou falsos.
• São relativos às pessoas, como as
pessoas são influenciadas pela educação
e a cultura onde se inserem podemos
concluir que também dependem da
cultura.
11. Teoria objectivista:
• TESE: Os Juízos de valor são objectivos.
• Argumento: há valores absolutos que
transcendem as pessoas, isto é que são
independentes de gostarmos ou não.
• Os objectos têm valor independentemente do
gosto das pessoas.
• Há determinadas acções e objectos que têm
um valor em si.
12. Argumento:
• Este quadro de Chagall
tem valor em si. Isto é,
tem qualidades técnicas,
de composição e
equilíbrio que são
próprias desta pintura.
Daí que os juízos de
valor possam ser
Verdadeiros ou falsos.
13. Teoria complementar:
• Haverá uma possibilidade de considerar
que há uma subjectividade comum, uma
forma de sentir em relação aos valores
morais, que é universal. Daí o valor da
justiça, da dignidade humana ser um valor
absoluto porque é próprio da humanidade.
14. Exemplo:
• “É errado e
condenável matar
inocentes ou
infringir-lhes
sofrimento”
• Este juízo tem valor
de verdade, isto é,
seja qual for a
circunstância ou a
pessoa é verdadeiro.
15. A diversidade cultural e os valores:
• . O Etnocentrismo:
considera que existem
padrões culturais
superiores que devem
ser aplicados a toda a
diversidade.
• Pode conduzir ao • .
preconceito e racismo,
xenofobia e situações de
conflito.
16. O Relativismo cultural:
• A posição relativista: considera que não
existem padrões , não há portanto
culturas boas e más. Todos os juízos
morais são relativos.
• Não podemos, por isso, condenar as
práticas de outras culturas.
• Conduz à tolerância e à coesão social.
17. O argumento da diversidade
cultural:
• Culturas diferentes
têm códigos morais
diferentes.
• Logo, não há uma
verdade objectiva da
moralidade, certo e
errado são questões
de opinião.
18. Argumentos a favor:
• Os juízos de valor são verdadeiros no seio
de uma determinada cultura, e só aí
ganham sentido.
• A excisão é uma prática justificada para
controle da natalidade e segurança das
famílias.
19. Argumentos contra o relativismo
cultural (Obecção1)
• Objecção: a indiferença. O considerar que
tudo é cultura e que portanto todos os
actos são legítimos, tornamos impossível
a discussão da diversidade de valores.
20. Argumento contra o relativismo cultural
(Objecção 2):
• Do ponto de vista lógico este argumento
não é sólido. Porque as pessoas podem
acreditar em diferentes crenças, e ter
juízos de valor diferentes acerca do certo
e do errado, mas isso não significa que o
certo e o errado dependam do que as
pessoas acreditam.
21. Objecção 2
• Pelo facto de não sabermos o melhor não significa que
não exista. Os relativistas confundem a diversidade de
opiniões com a inexistência da verdade. Se formos
relativistas então não há valores morais absolutos.
Assim todos as regras morais são possíveis e nenhuma
é melhor que outra. Isso não significa que não há moral,
significa apenas que ela não é única, que há diferentes
regras e princípios consoante as sociedades.
Pelo facto de não sabermos que há vida em
Andrómeda, não quer dizer que não haja uma verdade
sobre isso.
22. Objecção 3
• Se aceitarmos esta posição como correcta devemos
aceitar como válidos todo o tipo de práticas. Parece-
nos que há certas práticas que não devem ser
aceites.
1 As culturas evoluem: É certo que algumas
sociedades evoluem: por exemplo a escravatura
tinha um valor positivo e era uma prática na América
do Norte e hoje é uma aberração. Se as sociedades
evoluem é porque compreendem que certas práticas
são más e que é melhor substitui-las por outras
mais conformes à natureza humana. A ciência
ajudou a perceber que todos somos iguais.
23. Outro argumento Objecção 4:
• Há revoltas dentro das
sociedades. No seio de uma
certa cultura muitas pessoas
mais informadas não
concordam com certas
práticas, nem sempre há
unanimidade, e há desvios à
norma. Portanto muitos
costumes não são livremente
aceites mas são impostos pela
inércia da tradição.