O documento conta a parábola dos talentos narrada pelo Espírito Irmão X, na qual três servos recebem diferentes dons do Senhor para cultivar: o primeiro recebe dinheiro, poder e habilidade; o segundo recebe inteligência e autoridade; e o terceiro recebe conhecimento espírita. Ao retornar, o primeiro e segundo multiplicaram seus dons, mas o terceiro escondeu o seu por medo, sendo punido com um recomeço mais difícil. A narrativa reflete sobre como cada um recebe diferentes talentos de Deus para desenvolver
2. Com base no conto “Estudo na Parábola”, do livro Estante da Vida, pelo
Espírito Irmão X. (Momentos de Paz Maria da Luz).
Trata-se de uma apresentação moderna da “Parábola dos Talentos”, embora
seu conteúdo e sua mensagem permaneçam intocados.
Esta narrativa é particularmente importante para aqueles que professam, ou
estão começando a professar o Espiritismo.
Conta-nos assim o autor:
Comentávamos a necessidade da divulgação da Doutrina Espírita, quando o
rabi Zoar bem Ozias, distinto orientador israelita, hoje consagrado às
verdades do Evangelho no Mundo Espiritual, pediu licença a fim de
parafrasear a parábola dos talentos, contada por Jesus, e falou, simples:
3. - Meus amigos, o Senhor da Terra, partindo, em caráter temporário, para
fora do mundo, chamou três dos seus servos e, considerando a capacidade
de cada um, confiou-lhes alguns dos seus próprios bens, a título de
empréstimo, participando-lhes que os reencontraria, mais tarte, na Vida
Superior. Ao primeiro transmitiu o Dinheiro, o Poder, o Conforto, a
Habilidade e o Prestígio; ao segundo concedeu a Inteligência e a
Autoridade, e ao terceiro entregou o Conhecimento Espírita.
Depois de longo tempo, os três servidores, assustados e vacilantes,
compareceram diante do Senhor para as contas necessárias. O primeiro
avançou e disse:
4. - Senhor, cometi muitos disparates e não consegui realizar-te a vontade, que
determina o bem para todos os teus súditos, mas, com os cinco talentos que
me puseste nas mãos, comecei a cultivar, pelo menos com pequeninos
resultados, outros cinco, que são o Trabalho, o Progresso, a Amizade, a
Esperança e a Gratidão, em alguns dos companheiros que ficaram no mundo.
Perdoa-me, ó Divino Amigo, se não pude fazer mais!
O Senhor respondeu tranquilo:
- Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção. Volta ao campo terrestre
e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o amparo das afeições que
ajuntaste.
5. Veio o segundo e alegou:
- Senhor, digna-te desculpar-me a incapacidade. Não te pude compreender
claramente os desígnios que preceituam a felicidade igual para todas as
criaturas e perpetrei lastimáveis enganos. Ainda assim, mobilizei dois
valores que me deste e, com eles, angariei outros dois que são a Cultura e
a Experiência para muitos dos irmãos que permanecem na retaguarda.
O Excelso Benfeitor replicou, satisfeito:
- Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção. Volta ao campo terrestre
e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o amparo das afeições que
ajuntaste.
6. O terceiro adiantou-se e explicou:
- Senhor, devolvo-te o Conhecimento Espírita, intocado e puro, qual o recebi
de tua munificência. O Conhecimento Espírita é Luz, Senhor, e, com ele,
aprendi que tua Lei é dura demais, atribuindo a cada um conforme as
próprias obras. De que modo usar uma lâmpada assim, brilhante e viva, que
os homens na Terra estão divididos por pesadelos de inveja e ciúme,
crueldade e ilusão? Como empregar o clarão de tua verdade sem ferir ou
incomodar? E como incomodar ou ferir, sem trazer deploráveis
consequências para mim próprio? Sabes que a verdade, entre os homens cria
problemas onde aparece. Em vista disso, tive medo de tua Lei e julguei como
sendo a medida mais razoável para mim o acomodar-me com o sossego de
minha casa.
7. Assim pensando, ocultei o dom que me recomendaste aplicar e restituo-te
semelhante riqueza, sem o mínimo toque de minha parte!
O Sublime credor, porém, entre austero e triste, ordenou que o tesouro do
Conhecimento Espírita lhe fosse arrancado e entregue, de imediato, aos dois
colaboradores diligentes que se encaminhariam para a Terra, de novo,
declarando, incisivo:
- Servo infiel, não existe para a tua negligência outra alternativa senão a de
recomeçares toda a tua obra pelos mais obscuros entraves do princípio.
- Senhor! Senhor! Chorou o servo displicente. Onde a tua equidade? Deste
aos meus companheiros o Dinheiro, o Poder, o Conforto, a Habilidade, o
Prestígio, a Inteligência e a Autoridade, e a mim concedeste tão-só o
Conhecimento Espírita.
8. Como fazes cair sobre mim todo o peso de tua severidade? O Senhor,
entretanto, explicou, brandamente: - Não desconheces que te atribui a luz da
Verdade como sendo o bem maior de todos. Se ambos os teus companheiros
não acertaram em tudo, é que lhes faltava o discernimento que lhes podia ter
ministrado, através do exemplo, que fugiste por medo da responsabilidade de
corrigir amando e trabalhar instruindo. Escondendo a riqueza que te
emprestei, não só te perdeste pelo temor de sofrer e auxiliar, como também
prejudicaste a obra deficitária de teus irmãos, cujos dias no mundo teriam
alcançado maior rendimento no Bem Eterno, se houvessem recebido o
quinhão de amor e serviço, humildade e paciência que lhes negaste!
- Senhor! Senhor! Porquê? Soluçou o infeliz; por que tamanho rigor, se a tua
Lei é de Misericórdia e Justiça.
9. Então, os assessores do Senhor conduziram o servo desleal para as sombras
do recomeço, esclarecendo a ele que a Lei, realmente, é disciplina de
Misericórdia e Justiça, mas com uma diferença; para os ignorantes do dever,
a Justiça chega pelo alvará da Misericórdia; mas, para as criaturas
conscientes das próprias obrigações, a Misericórdia chega pelo cárcere da
Justiça.
REFLEXÃO: - Todos temos dons diferentes. Recebemos do Criador
possibilidades de desenvolvimento diferindo uns dos outros. Deus reparte os
dons em função de uso adquirida, e efetivamente demonstrada, por cada
criatura. Cada qual aprende, percebe e desenvolve os talentos recebidos de
forma própria. As diferenças individuais verificadas entre os homens, fruto
do uso que fazem de seu livre-arbítrio, são muito grandes.
10. Uns caminham e percebem a verdade mais rapidamente do que outros,
consequência da experiência vivida, e nem todos passam pelas mesmas
provas.
Apesar de termos sido criados simples e ignorantes e termos recebido as
mesmas oportunidades, nosso conhecimento espiritual se dá de forma
diferente. Cada um aproveita as oportunidades que lhe são concedidas,
conforme as capacidades de percepção e de ação que consegue desenvolver.
Enquanto uns buscam prestígio, poder, dinheiro, autoridade, influência,
outros buscam conhecimento, e há aqueles que buscam sabedoria. Cada um,
a seu turno, tem o desenvolvimento que lhe é próprio, galgando estágios
diferentes na vida material passageira.
11. Espiritualmente falando, entretanto, nem sempre conseguem caminhar no
sentido da moralidade. Mas a Lei da Justiça é a mesma para todos; “A cada
um será dado conforme suas obras”. Essas obras serão sempre o efeito da
vontade que dispusermos para atender aos desígnios de crescimento
espiritual que nos foram concedidos. Não é fácil perceber o significado das
palavras de Jesus quando nos diz, através de seus evangelistas: “ e aquele
que muito tem, muito lhe será dado, e àquele que pouco tem, até o pouco que
tem lhe será tirado”. Concentremos nossa atenção, para comentários e
reflexão, nas palavras finais da narrativa. Elas nos fazem meditar
profundamente, valendo à pena repetirmos os conceitos ali expostos.
Estabelece que, para os ignorantes do dever, para os que não desenvolveram
percepção adequada, para os que ainda não compreendem sua própria
verdade, existe sempre ...
12. ... Uma desculpa ou um fato para amenizar suas provas. Estes ainda não são
capazes de perceber o necessário e se mantém em estado de ignorância
relativa. Para eles, a Justiça de Deus chega pelo “alvará da misericórdia”.
Como pouco lhes foi possível ser absorvido, pouco lhes será cobrado. Assim,
a misericórdia é maior com aquele que erra por não saber, por não entender e
perceber aquilo que está fazendo. O exemplo de Jesus nos comprova isto.
Jesus, ao ser crucificado rogou ao Todo-Misericordioso: “Pai perdoa-os
porque não sabem o que fazem!” Assim, para aqueles que não sabem o que
fazem, a justiça se faz através da misericórdia. Mas há aquelas criaturas que
já têm consciência de suas obrigações e de seus deveres, Já entendem que
são Espíritos em desenvolvimento.
13. Já percebem que a Lei do Amor, Justiça e Caridade é o farol que ilumina
seus caminhos. Para esses, a quem muito foi concedido em termos de
esclarecimento e de luz, muito será cobrado. Para as criaturas conscientes de
suas próprias obrigações, a misericórdia do Pai chega pelo “cárcere da
justiça”, corrigindo suas ações pelo remédio da dor. Para os ignorantes, a
justiça chega através da misericórdia, de novas oportunidades de
crescimento, de perdão, de indulgência, mas para aqueles que são
conscientes e que já sabem o que devem fazer, já conhecem o caminho, já
compreendem suas obrigações, a misericórdia do Pai se faz sentir por meio
da Lei de Causa e Efeito, manifestação da justiça divina.
14. Pode parecer, para os mais precipitados, que sejam dois pesos e duas
medidas. Pode parecer que a justiça de Deus não seja a mesma para todos os
homens. Mas ela é exatamente a mesma. A diferença está no tamanho do
fardo que nos habilitamos a levar e na intensidade do jugo que nos
dispusermos a suportar. Aquele que erra, com consciência real do erro, não
se sente feliz enquanto não for capaz de refazer, de recomeçar, de corrigir, de
se redimir das falhas e fraquezas que já percebe em si. Por isto, a dor como
instrumento de retificação! Deus dá a misericórdia da justiça para o
crescimento espiritual do indivíduo, possibilitando-lhe caminhar com mais
conhecimento, vencendo a ignorância no uso de seu livre-arbítrio.
15. Muitos percebem, para o exercício do desenvolvimento espiritual: dinheiro,
poder, conforto habilidade e prestígio. E devem ser capazes de multiplicar
esses talentos, compartilhando-os com seus semelhantes, fazendo com que se
tornem produtivos para o mundo em que vivem. Se nada forem capazes de
fazer, esses talentos significarão pouco ou nada para sua evolução espiritual,
e quanto maior o discernimento e a compreensão da Lei de Deus, maior será
o débito assumido. Assim também deve ser o uso da inteligência e da
autoridade. A inteligência sendo usada para criar e fazer diferença no mundo,
propiciando mais luz, desenvolvendo mais cultura e mais sabedoria para
todos. Sejam quais forem os talentos que Deus nos conceda, por acréscimo
de misericórdia, muito mais teremos, se formos capazes de utilizá-los para
auxiliar nossos semelhantes.
16. Muita Paz!
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A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados.
O amanhã é sempre um dia a ser conquistado. Pense nisso!
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