A Doutrina Espírita é construída sobre três aspectos fundamentais: o científico, o filosófico e o religioso. Estes três aspectos fornecem uma abordagem equilibrada para o estudo de qualquer assunto, como o aborto. O Espiritismo é uma ciência de observação e uma filosofia que dá interpretação à vida e concepção do mundo. A filosofia espírita considera a existência passada e futura, ampliando a visão para além do nascimento e morte. A Doutrina Espírita
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
Aspectos da doutrina espírita
1.
2. A Doutrina Espírita, na sua feição de Consolador prometido por Jesus, foi
construída em cima de três aspectos fundamentais: Ciência, Filosofia e Religião.
Tanto isso é verdade que, qualquer assunto que se propõe estudar no Espiritismo,
sempre usamos uma triangulação, e isso é automático. Se nós formos falar, por
exemplo, sobre o aborto, nós analisamos o aspecto científico, o aspecto filosófico
e o aspecto religioso. Daí, Kardec afirmar: O Espiritismo é, ao mesmo tempo,
uma ciência de observação e uma doutrina filosófica.
Toda doutrina que dá uma interpretação à vida, uma concepção própria do
mundo, é uma filosofia. Nesse aspecto, enquadra-se o estudo dos problemas da
origem e destinação dos homens, bem como a existência de uma Suprema
Inteligência, causa primeira de todas as coisas.
3. Antes de tentarmos entender o que Kardec entendia por filosofia espírita, e por
que ele priorizou essa noção ao dar uma fórmula sucinta do Espiritismo, é
importante compreendermos a noção geral de filosofia. É claro que se trata de
um assunto complexo, que requereria estudos especializados para ser abordado
de forma satisfatória. O que exporemos aqui é apenas um esboço, mas que, tanto
quanto julgamos, é correto e útil para investigações ulteriores. Nós, espíritas,
consideramos toda a filosofia nas nossas análises, na visualização da nossa
existência, na tentativa de explicar a realidade da nossa vida. Usamos o conceito
daqueles filósofos anteriores a Sócrates. Mas, como a Doutrina Espírita tem uma
visão um pouco mais ampliada, ela não vê a nossa realidade essencial
começando no berço e terminando no túmulo.
4. Isto quer dizer que nós vemos a nossa existência vinculada ao passado anterior a
atual existência, e vemos a nossa projeção em existências futuras, após a nossa
saída do mundo físico. Já que nós temos essa visão que antecede ao berço e a
posterior ao túmulo, o nosso conceito de filosofia também muda, amplia-se,
melhor dizendo. Por isso, nós começamos a entender os por quês da existência, a
questão do sofrimento, da dor, da alegria, da tristeza, da felicidade. Então, nós
começamos a ter uma visão um pouco mais ampliada; não é aquela visão comum
de olhar até o berço e não encontrar motivos para tanta dor, para tanto
sofrimento, dando ensejo para que a criatura indague: por que estou sofrendo
tanto, se nunca fiz nada de mal? É aqui que entra o aspecto filosófico espirita,
mostrando que nós trazemos de existências passadas o somatório de tudo aquilo
que realizamos ou deixamos de realizar e, pela lei de causa e efeito, nós, hoje,
5. Estamos respondendo por isso. Assim como nos mostra que tudo o que fazemos
hoje determina o nosso futuro, a nossa condição após a passagem para a outra
dimensão. Não tem mistério. O que nós vamos colher no futuro é o reflexo do
que estamos fazendo hoje. E o que nós estamos experimentando hoje é o
resultado do que fizemos nas nossas atividades anteriores. Com a filosofia
espírita, o homem tem a oportunidade de aprender a ver o mundo que o cerca;
tanto o mundo visível quanto o mundo invisível, obtendo, assim, as respostas que
até hoje pedia. Compreende, também, todas as consequências morais que
decorrem dessas relações. Jesus, devido a época em que viveu, tinha que falar
por parábolas, a fim de ser entendido pelas massas. Então, o Cristo utilizou-se de
histórias, em uma simbologia toda especial, a fim de instruir as criaturas
humanas.
6. O Espiritismo não. Ele não nos fala por parábolas. A sua linguagem é objetiva, e
penetra diretamente à razão.
No aspecto científico: Produto do Iluminismo, o pensamento científico surge
como base para o Espiritismo. Nenhuma ciência existe que haja saído prontinha
do cérebro de um homem. Todas, sem exceção de nenhuma, são fruto de
observações sucessivas, apoiadas em observações precedentes, como em um
ponto conhecido, para chegar ao desconhecido. Foi assim que os Espíritos
procederam, com relação ao Espiritismo. Daí ser gradativo o ensino que
ministram. Os fatos ou fenômenos espíritas, isto é, produzidos por Espíritos
desencarnados, são a substância da ciência espírita, cujo objetivo é o estudo e
conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem.
7. Eles constituem o meio de comunicação entre o nosso mundo físico e o mundo
espiritual, de características diferentes, mas que não impedem o intercâmbio que
sempre houve, entre os vivos e os mortos. Através de um laboratório
especializado, a reunião mediúnica, mantemos contato com a esfera invisível.
Obviamente que a metodologia espírita não é idêntica ao método abraçado pelas
ciências acadêmicas. No entanto, pode-se naturalmente constatar a veracidade
das informações oriundas do mundo espiritual. Imaginemos um homem que
morreu, e se manifesta através de um médium, dizendo detalhes da sua vida, que
apenas os seus amigos sabem. O médium não conheceu essa pessoa quando viva.
Esses e outros casos, fazem parte do estudo científico da Doutrina Espírita. O
Espiritismo não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha
evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação.
8. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado,
porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um
ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto.
No aspecto religioso da doutrina, o Espiritismo é completamente diferente das
religiões tradicionais O Espiritismo é o grande adversário do materialismo,
porque, com a visão materialista das coisas, para que ter respeito com as pessoas,
já que depois da morte haverá um nada? Para que se privar de determinados
prazeres, se depois de tudo, existe uma completa escuridão? A criatura humana
abraçando esta ideologia viverá sempre para si, sem se importar com os outros,
tentando desfrutar de prazeres possíveis, e satisfazer as suas paixões. Com a
Doutrina Espírita, o homem é o resultado dos seus atos.
9. Ele será feliz, de acordo com o seu melhoramento moral, e o bem que fizer ao
próximo. Não é um ser cuja finalidade na Terra é sofrer. A vida continua após o
trânsito terrestre. É verdade que Kardec não definiu o Espiritismo como uma
religião. Isto ocorre porquanto o Espiritismo não é uma religião como se conhece
normalmente. O Espiritismo não possui dogmas ou rituais, não tem sacerdócio
organizado, ou seja, não tem padre, não tem bispo, não tem cardeal, não tem
papa, não tem pastor, não abraça crendices ou superstições, ninguém é
assalariado para realizar as tarefas de uma casa espírita. A Doutrina Espírita
também não tem cerimônias como batismo, crisma, casamento. Não tem vestes
especiais, paramentos. Não obstante, o Espiritismo alicerça-se no amor, na prece,
na prática da caridade, na mudança de conduta perante a vida, em Deus.
10. O sentido da religião espírita é o de religião natural, a ligação direta do homem
com Deus, não há necessidade de haver um intermediário. Não importa em que
lugar o homem esteja, não importa como ele esteja vestido, nem precisa estar
numa agremiação religiosa. O Espiritismo busca essa essência na simplicidade,
numa pureza semelhante à época do Cristo, sem pompa, sem luxo, sem ritual.
Esse o sentido da religião natural, o sentido da religião espírita, que tem por
finalidade a transformação moral do homem.
A novel Doutrina dos Espíritos, com o seu tripé de sustentação nos aspectos
científico, filosófico e religioso, ou moral, possui, portanto, todos os
componentes necessários para fazer levedar a massa do saber, permitindo ao
homem guindar-se aos altiplanos da sua definitiva emancipação espiritual.
11. Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos, de O Livro dos Médiuns, e
de O Evangelho Segundo o Espiritismo.