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Com base no conto do livro Alvorada Cristã, pelo Espírito Neio Lúcio.
(Momentos de Paz Maria da Luz).
Conta-nos assim o autor:
No tempo em que não havia automóveis, na cocheira de famoso palácio real, um
burro de carga curtia imensa amargura, em vista das pilhérias e remoques
(zombarias) dos companheiros de apartamento. Reparando-lhe o pelo
maltratado, as fundas cicatrizes no lombo, e a cabeça tristonha e humilde,
aproximou-se formoso cavalo árabe que se fizera detentor de muitos prêmios, e
disse, orgulhoso:
-Triste sina a que recebestes! Não invejas minhas posições nas corridas? Sou
acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra de reis!
-Pudera! Exclamou um potro de fina origem inglesa. Como conseguirá um
burro entender o brilho das apostas e o gosto da caça?
O infortunado animal recebia os sarcasmos, resignadamente. Outro soberbo
cavalo, de procedência húngara, entrou no assunto e comentou:
-Há dez anos, quando me ausentei de pastagem vizinha, vi este miserável
sofrendo rudemente nas mãos de bruto amansador. É tão covarde que não
chegava a reagir, nem mesmo com um coice. Não nasceu senão para carga e
pancadas. É vergonhoso suportar lhe a companhia.
Nisto, admirável jumento espanhol acercou-se do grupo, e acentuou, sem
piedade:
-Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É animal desonrado,
fraco inútil... Não sabe viver senão sob pesadas disciplinas. Ignora o aprumo da
dignidade pessoal e desconhece o amor-próprio. Aceito os deveres que me
competem até o justo limite; mas, se me constrangem a ultrapassar as
obrigações, recuso-me à obediência, pinoteio e sou capaz de matar. As
observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou o recinto,
em companhia do chefe das cavalariças.
-Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade, informou o
monarca. Animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança.
O empregado perguntou:
-Não prefere o árabe, Majestade?
-Não, não, falou o soberano, é muito altivo e só serve para corridas em festejos
oficiais sem maior importância.
-Não quer o potro inglês?
-De modo algum. É muito irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça.
-Não deseja o húngaro?
-Não, não. É bravio, sem qualquer educação. É apenas um pastor de rebanho.
-O jumento serviria? Insistiu o servidor atencioso.
-De maneira nenhuma. É manhoso e não merece confiança.
Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou:
-Onde está o meu burro de carga?
O chefe das cocheiras indicou-o, entre os demais.
O próprio rei puxou-o carinhosamente para fora, mandou ajaezá-lo (orná-lo)
com as armas resplandecentes de sua Casa e confiou-lhe o filho, ainda criança,
para longa viagem.
Na opinião de Neio Lúcio, somente nos prestam serviços de utilidade real
aqueles que já aprenderam a suportar, a servir e a sofrer, sem cogitar de si
mesmos.
Reflexão:
A estória destaca o exemplo transmitido pelo pobre animal, como a nos orientar
para a necessidade de adquirirmos humildade qual fruto de uma perseverante
conquista e de certo estado de elevação da alma. Aqueles que agem
humildemente são despidos de orgulho e vaidade, reconhecem que tudo devem
a Deus e, nada possuindo de si mesmos, carregam seus fardos em meio às
injúrias e perseguições, confiando, porém, na Providência Divina.
Jesus Cristo nunca se cansou de combater o orgulho e de enaltecer a humildade,
virtude da qual Ele, o Mestre, deu vários exemplos, consoante evangelhos.
A humildade, um dos valores essenciais da Alma, estimula-nos a examinar as
fraquezas enquanto o orgulho, ou sentimento de amor-próprio exagerado, o
grande estorvo da elevação espiritual do homem e a razão de suas desventuras,
evita observá-las. “Pobreza de espírito”, ou “humildade de espírito”, ou
“humildade de coração”, quer dizer: modéstia, simplicidade, pureza, daí, Jesus
ter priorizado esse dispositivo.
O Evangelho, segundo Mateus, corrobora nossa afirmativa: “Bem-aventurados
os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus”... (Mateus, 5:3.)
Não foi à toa que o Mestre falou assim logo de início no sermão do monte. Os
Espíritos têm frequentemente se assentado, em suas mensagens escritas ou
faladas, via mediúnica, nesse primeiro item das promessas de Cristo. Essa
redundância está na razão direta da primazia de se ser humilde antes de tudo,
mas de coração; não se pode, pois, ser realmente caridoso sem “pobreza”, ou
“humildade”, de espírito.
O sentimento exagerado de alguns chega ao absurdo de pensar que Deus
discrimina o pobre do rico. Para o nosso Pai Eterno, somos todos iguais: não há
diferença entre o sangue que corre nas veias de uma rainha e o que corre nas
veias de uma simples dona de casa; o organismo físico dos Sumos Pontífices
não difere do organismo de ninguém!
É tolice a pessoa considerar-se superior por pertencer à alta hierarquia social,
achar-se melhor que outras só porque nasceu nesse ou naquele país, é adepta ou
representa essa ou aquela religião, ou pertence a uma seita. Ora, se hoje
possuímos alta posição, se pertencemos a essa ou àquela nacionalidade, se a
nossa pele é dessa ou daquela cor, se cremos assim ou assado, amanhã
poderemos ser completamente diferentes, de acordo com as medidas
impositivas da Lei de Causa e Efeito.
As leis divinas encerram muita sabedoria, Deus nada faz de inútil, daí as
reencarnações regeneradoras. Ele, em Sua absoluta sapiência e equidade,
planejou o reencontro das mesmas pessoas para que estas adquirissem nova
chance de reparos e não alegassem depois, com a troca das anteriores condições,
ignorância de tais e tais fatos.
A humildade e a caridade, segundo o Espírito Lacordaire, é uma virtude muito
desprezada entre os homens. Em sua opinião, apresentar-se com uma, e sem a
outra, é o mesmo que vestir belo traje de talhe perfeito para ocultar uma
deformidade física. Disse: “Sem humildade, apenas vos adornais de virtudes
que não possuís”.
Pois é. O significado dessa palavra varia. Existem homens e mulheres que, à
primeira vista, nos encantam pela simplicidade: a aparência, a profissão, o cargo
que ocupam, enfim, a posição social, econômica. Nas mais das vezes, porém,
nada têm a ver com humildes de coração. Outros parecem a doçura em pessoa,
humildes no falar; no entanto, se contrariados, mal podem esconder a extremada
arrogância, a prepotência.
A humildade não possui duas caras, é afável, fraterna. Também podemos incluir
como contrastes da verdadeira humildade outros exemplos. Refiro-me a pobres
ou miseráveis que mendigam pelas ruas e a alguns ignorantes do saber, mas que
são orgulhosos. Todavia, há homens de grandes posses e pessoas que ocupam
cargos importantes, alguns dos quais sábios mesmos; a modéstia e o altruísmo
que lhes caracterizam envergonhariam a ignorância assoberbada em andrajos ou
em vestes limpas, requintadas, se esta os enxergasse pelo altruísmo que
praticam sem vanglória, pela simplicidade.
Sócrates, filósofo grego, há quinhentos anos antes de Cristo, declarou não saber
absolutamente de tudo. Ele, o modelo dos sábios, disse: “Sei que nada sei”.
Jesus, símbolo da humildade e bondade, sequer insinuou ser Deus: nunca exigiu
mesuras de pretensos sacerdotes.
Portanto, humildade, força moral por excelência, nivela todos os homens como
irmãos e os estimula à prática mútua do bem; orgulho, ao contrário, uma
fraqueza: dispersa, odeia, revida e faz o homem sucumbir ante a menor das
contrariedades, sentindo-se permanentemente infeliz. Ser humilde é ser corajoso
durante os reveses da vida, é perseverar no combate às próprias más tendências,
é, portanto, vencer os obstáculos naturais, mas sem revolta, sem violência,
perdoando a quem nos ofenda, trabalhando, servindo abnegada e
incessantemente — isso é ser humilde conforme Jesus.
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o
Espiritismo.

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O burro de carga

  • 1.
  • 2. Com base no conto do livro Alvorada Cristã, pelo Espírito Neio Lúcio. (Momentos de Paz Maria da Luz). Conta-nos assim o autor: No tempo em que não havia automóveis, na cocheira de famoso palácio real, um burro de carga curtia imensa amargura, em vista das pilhérias e remoques (zombarias) dos companheiros de apartamento. Reparando-lhe o pelo maltratado, as fundas cicatrizes no lombo, e a cabeça tristonha e humilde, aproximou-se formoso cavalo árabe que se fizera detentor de muitos prêmios, e disse, orgulhoso: -Triste sina a que recebestes! Não invejas minhas posições nas corridas? Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra de reis!
  • 3. -Pudera! Exclamou um potro de fina origem inglesa. Como conseguirá um burro entender o brilho das apostas e o gosto da caça? O infortunado animal recebia os sarcasmos, resignadamente. Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou no assunto e comentou: -Há dez anos, quando me ausentei de pastagem vizinha, vi este miserável sofrendo rudemente nas mãos de bruto amansador. É tão covarde que não chegava a reagir, nem mesmo com um coice. Não nasceu senão para carga e pancadas. É vergonhoso suportar lhe a companhia. Nisto, admirável jumento espanhol acercou-se do grupo, e acentuou, sem piedade:
  • 4. -Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É animal desonrado, fraco inútil... Não sabe viver senão sob pesadas disciplinas. Ignora o aprumo da dignidade pessoal e desconhece o amor-próprio. Aceito os deveres que me competem até o justo limite; mas, se me constrangem a ultrapassar as obrigações, recuso-me à obediência, pinoteio e sou capaz de matar. As observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou o recinto, em companhia do chefe das cavalariças. -Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade, informou o monarca. Animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança.
  • 5. O empregado perguntou: -Não prefere o árabe, Majestade? -Não, não, falou o soberano, é muito altivo e só serve para corridas em festejos oficiais sem maior importância. -Não quer o potro inglês? -De modo algum. É muito irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça. -Não deseja o húngaro? -Não, não. É bravio, sem qualquer educação. É apenas um pastor de rebanho.
  • 6. -O jumento serviria? Insistiu o servidor atencioso. -De maneira nenhuma. É manhoso e não merece confiança. Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou: -Onde está o meu burro de carga? O chefe das cocheiras indicou-o, entre os demais. O próprio rei puxou-o carinhosamente para fora, mandou ajaezá-lo (orná-lo) com as armas resplandecentes de sua Casa e confiou-lhe o filho, ainda criança, para longa viagem.
  • 7. Na opinião de Neio Lúcio, somente nos prestam serviços de utilidade real aqueles que já aprenderam a suportar, a servir e a sofrer, sem cogitar de si mesmos. Reflexão: A estória destaca o exemplo transmitido pelo pobre animal, como a nos orientar para a necessidade de adquirirmos humildade qual fruto de uma perseverante conquista e de certo estado de elevação da alma. Aqueles que agem humildemente são despidos de orgulho e vaidade, reconhecem que tudo devem a Deus e, nada possuindo de si mesmos, carregam seus fardos em meio às injúrias e perseguições, confiando, porém, na Providência Divina.
  • 8. Jesus Cristo nunca se cansou de combater o orgulho e de enaltecer a humildade, virtude da qual Ele, o Mestre, deu vários exemplos, consoante evangelhos. A humildade, um dos valores essenciais da Alma, estimula-nos a examinar as fraquezas enquanto o orgulho, ou sentimento de amor-próprio exagerado, o grande estorvo da elevação espiritual do homem e a razão de suas desventuras, evita observá-las. “Pobreza de espírito”, ou “humildade de espírito”, ou “humildade de coração”, quer dizer: modéstia, simplicidade, pureza, daí, Jesus ter priorizado esse dispositivo. O Evangelho, segundo Mateus, corrobora nossa afirmativa: “Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus”... (Mateus, 5:3.)
  • 9. Não foi à toa que o Mestre falou assim logo de início no sermão do monte. Os Espíritos têm frequentemente se assentado, em suas mensagens escritas ou faladas, via mediúnica, nesse primeiro item das promessas de Cristo. Essa redundância está na razão direta da primazia de se ser humilde antes de tudo, mas de coração; não se pode, pois, ser realmente caridoso sem “pobreza”, ou “humildade”, de espírito. O sentimento exagerado de alguns chega ao absurdo de pensar que Deus discrimina o pobre do rico. Para o nosso Pai Eterno, somos todos iguais: não há diferença entre o sangue que corre nas veias de uma rainha e o que corre nas veias de uma simples dona de casa; o organismo físico dos Sumos Pontífices não difere do organismo de ninguém!
  • 10. É tolice a pessoa considerar-se superior por pertencer à alta hierarquia social, achar-se melhor que outras só porque nasceu nesse ou naquele país, é adepta ou representa essa ou aquela religião, ou pertence a uma seita. Ora, se hoje possuímos alta posição, se pertencemos a essa ou àquela nacionalidade, se a nossa pele é dessa ou daquela cor, se cremos assim ou assado, amanhã poderemos ser completamente diferentes, de acordo com as medidas impositivas da Lei de Causa e Efeito. As leis divinas encerram muita sabedoria, Deus nada faz de inútil, daí as reencarnações regeneradoras. Ele, em Sua absoluta sapiência e equidade, planejou o reencontro das mesmas pessoas para que estas adquirissem nova chance de reparos e não alegassem depois, com a troca das anteriores condições, ignorância de tais e tais fatos.
  • 11. A humildade e a caridade, segundo o Espírito Lacordaire, é uma virtude muito desprezada entre os homens. Em sua opinião, apresentar-se com uma, e sem a outra, é o mesmo que vestir belo traje de talhe perfeito para ocultar uma deformidade física. Disse: “Sem humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís”. Pois é. O significado dessa palavra varia. Existem homens e mulheres que, à primeira vista, nos encantam pela simplicidade: a aparência, a profissão, o cargo que ocupam, enfim, a posição social, econômica. Nas mais das vezes, porém, nada têm a ver com humildes de coração. Outros parecem a doçura em pessoa, humildes no falar; no entanto, se contrariados, mal podem esconder a extremada arrogância, a prepotência.
  • 12. A humildade não possui duas caras, é afável, fraterna. Também podemos incluir como contrastes da verdadeira humildade outros exemplos. Refiro-me a pobres ou miseráveis que mendigam pelas ruas e a alguns ignorantes do saber, mas que são orgulhosos. Todavia, há homens de grandes posses e pessoas que ocupam cargos importantes, alguns dos quais sábios mesmos; a modéstia e o altruísmo que lhes caracterizam envergonhariam a ignorância assoberbada em andrajos ou em vestes limpas, requintadas, se esta os enxergasse pelo altruísmo que praticam sem vanglória, pela simplicidade. Sócrates, filósofo grego, há quinhentos anos antes de Cristo, declarou não saber absolutamente de tudo. Ele, o modelo dos sábios, disse: “Sei que nada sei”. Jesus, símbolo da humildade e bondade, sequer insinuou ser Deus: nunca exigiu mesuras de pretensos sacerdotes.
  • 13. Portanto, humildade, força moral por excelência, nivela todos os homens como irmãos e os estimula à prática mútua do bem; orgulho, ao contrário, uma fraqueza: dispersa, odeia, revida e faz o homem sucumbir ante a menor das contrariedades, sentindo-se permanentemente infeliz. Ser humilde é ser corajoso durante os reveses da vida, é perseverar no combate às próprias más tendências, é, portanto, vencer os obstáculos naturais, mas sem revolta, sem violência, perdoando a quem nos ofenda, trabalhando, servindo abnegada e incessantemente — isso é ser humilde conforme Jesus.
  • 14. Muita Paz! Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.