Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Principais diretrizes para a criação de conteúdos acessíveis
1. Principais diretrizes para a
criação de conteúdos acessíveis
em Microsoft Word.
Henrique Salustiano Silva - MOOC Desenvolvimento de Conteudos Acessíveis - ULisboa
2. Texto claro e idioma do documento
O conteúdo exposto deve ser redigido em linguagem breve e simples sem utilizar estruturas
gramaticais complexas. A mensagem que se deseja transmitir deve ser concreta e direta,
evitando, tanto quanto possível, o uso de termos técnicos abstratos que poderão tornar-se
confusos.
Evitar: «como é sabido», «é comummente aceite que», «na minha opinião», «e assim,
sucessivamente», «tanto na opinião de A como de B».
Utilizar palavras simples, procurar dividir as frases e torná-las mais curtas e não se esquecer
de incluir palavras de ligação («mas», «assim», «ainda que») para manter a coerência.
Os utilizadores com deficiência visual utilizam leitores que convertem em voz alta o texto
contido num documento. Assim, é essencial definir o idioma para que estes dispositivos de
ecrã possam transmitir a informação de maneira correta.
Se utilizar palavras escritas noutro idioma deverá assinalar a mudança para outro idioma
exceto em nomes próprios, termos técnicos, palavras de língua indeterminada e palavras 6
que não pertencem ao idioma geral do documento mas cujo uso se encontra amplamente
generalizado.
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3. Características da fonte e títulos
Recomenda-se a utilização de fontes do tipo “Sans Serif” como Arial e Verdana,
num tamanho não inferior a 12, evitando no que for possível o uso de letra cursiva
e fazendo uso moderado de negritos para fazer sobressair textos. Como norma, o
tamanho da fonte mais pequeno a ser utilizado deve ser 10.
Antes de começar a redigir o documento é necessário definir a estrutura, a qual
deverá ter uma ordem lógica e coerente. É importante definir os principais grupos
de conteúdos e os títulos nos níveis 1, 2 e 3 que integrarão o título principal.
Podemos utilizar um esquema que nos ajude a organizar e orientar a estruturação
do documento.
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4. Parágrafos, alinhamento do texto e
margens
Os utilizadores que apresentam dificuldades cognitivas e com baixa visão podem
não perceber o texto e/ou perder o ponto de leitura se o texto se apresentar de
uma maneira que dificulte a sua leitura. Deve-se, por isso, prestar muito atenção
aos parágrafos tendo em conta três aspetos importantes: o alinhamento do texto,
a largura das margens e o espaço entre as linhas do texto e os parágrafos.
Muitas pessoas preferem visualizar um texto justificado mas estudos demonstram
que os textos alinhados à esquerda são mais simples de ler. Assim, o texto não
deve ser justificado.
O critério de conformidade 1.4.8 da W3C estabelece que os utilizadores com
certas dificuldades de revisão ou leitura possam apresentar problemas para se
localizarem e seguir o fluxo de linhas de texto, quando estas são muito compridas,
por ser difícil retomar a leitura na linha seguinte. Recomenda-se que cada linha de
texto não exceda os 80 caracteres.
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5. Espaçamento entre linhas de texto e
espaço entre parágrafos
Os utilizadores com deficiência cognitiva apresentam dificuldades para continuar a
ler o texto quando as linhas estão demasiado juntas e não conseguem reconhecer
as linhas seguintes, bem como o final de cada parágrafo. Para o espaçamento
entre linhas, que integram um parágrafo, recomenda-se a utilização de um espaço
e meio. Espaço e meio refere-se ao facto de que a parte superior de uma linha
dista 150% da parte superior da linha de baixo.
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6. Quebra e Indentações
É recomendável utilizar as opções de Quebra de página ou Quebra de secção
através da ferramenta do Word que nos permite que o texto mude de página sem
termos de ir ao fim da linha.
Em relação às listas deve evitar-se, em termos gerais, o uso de travessões,
asteriscos ou símbolos como elementos de separação, pois ao fazê-lo, ainda que
se esteja a simular a 9 criação de uma lista, não é a forma correta de o fazer. O
Microsoft Word tem ferramentas adequadas para o fazer: “Marcas de lista” ou
“Numeração”.
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7. Colunas
Ao utilizar colunas de texto deve-se garantir a existência de espaços amplos entre
cada coluna. Se este aspeto não for tomado em conta os leitores lerão as filas de
forma corrida em vez de descerem pela coluna. Seguindo esta recomendação o
documento será mais fácil de ler pelos dispositivos de apoio, pelas pessoas com
visão reduzida e por todos, em geral.
A informação contida em formato de colunas pode tornar-se de difícil acesso para
uma pessoa com deficiência que necessite de tecnologia de apoio, pelo que se
recomenda que seja utilizada apenas se for mesmo necessário.
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8. Tabelas e títulos de tabelas
Recomenda o seguinte:
Não criar tabelas excessivamente grandes. Se for possível, limitá-las a uma só página.
As tabelas divididas em várias páginas costumam causar problemas de acessibilidade.
No caso de as tabelas serem inevitavelmente grandes e ultrapassarem uma página,
deverá repetir-se os cabeçalhos da tabela em cada nova página e não dividir linhas ao
passar a página.
Desenhar tabelas simples, evitando combinar células e tabelas complexas. 11
Como mencionado na secção das colunas, recomenda-se que o desenho de texto em
colunas seja feito através da ferramenta proporcionada pelo Word evitando assim o uso
de tabelas ou tabuladores, porque o leitor será feito sempre por linhas e não colunas,
causando grande confusão num utilizador com deficiência visual.
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9. Legendas nas imagens, índices de títulos
e de ilustrações
Quando inserimos uma imagem é sempre recomendável incluir um título ou uma
legenda. Isto ajudará o utilizador a identificar o conteúdo e ajudará os autores do
documento a fazer referências à dita imagem e a estruturar melhor o documento.
O Word tem uma ferramenta própria para a criação de legendas, que permite criar
um índice de legendas.
O índice oferece uma visualização geral do conteúdo de um documento,
esquematiza a estrutura dos temas e subtemas que o integram, estabelecendo
uma ligação direta ou referência a um ponto específico do documento em geral.
Para esta funcionalidade estar operacional é necessário usar os títulos .
O procedimento para a criação de índice de ilustrações é semelhante ao da
criação de índice. De referir que as imagens terão de ter obrigatoriamente
legendas para que seja possível criar o respetivo índice.
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10. Números de página, Textos alternativos e
Gráficos acessíveis
Para facilitar o acesso aos conteúdos do documento é necessária a criação de
números de página, facilitando ao utilizador a orientação através de um índice e
acesso ao número de página que contenha o tema de interesse.
Os elementos não textuais (imagens, fórmulas matemáticas, gráficos, diagramas
ou esquemas, vídeos, áudio e tabelas de texto) deverão dispor de um texto
alternativo que descreva a informação que se deseja transmitir. A descrição
contida nestes elementos deverá substituir a informação visual ou auditiva com o
propósito de ajudar os utilizadores com deficiência sensorial para que, acedendo
ao documento com um dispositivo de apoio (como linhas braille ou leitores),
possam obter informação completa.
Tal como no caso das imagens, os gráficos devem ser acessíveis a todos os
utilizadores em geral, independentemente das suas limitações. Para tal é
necessário considerar o uso da cor, textos alternativos e legendas que facilitem o
acesso à informação que se deseja transmitir.
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11. Elementos multimídia
Se o documento contem áudio ou vídeo, deverá assegurar-se que a informação que
pretende transmitir é acessível, procurando que os utilizadores que têm uma
deficiência visual ou auditiva possam compreender a mensagem.
Segundo EBU, deve descrever-se o material multimédia para que o leitor saiba o que
esperar. Se o utilizador com deficiência visual for informado de que o conteúdo de um
vídeo não tem descrição áudio saberá que pode ignorá-lo. Além disso, para que a
informação seja acessível a todos os utilizadores há que procurar alternativas tais
como:
Audiodescrição: Dirigida especialmente a utilizadores com deficiência visual ou visão
limitada, em que os vídeos ou os conteúdos de imagem são descritos e narrados no
momento da sua transmissão.
Legendagem: Trata-se de fazer passar legendas do que está a ser dito num produto
audiovisual. Está indicado para pessoas com deficiência auditiva.
Grafia Braille: é um sistema por pontos que as pessoas com deficiência visual
utilizam para ler e escrever.
Língua Gestual: é a língua utilizada por pessoas surdas.
Leitura fácil: Os textos em leitura fácil estão redigidos em linguagem resumida e
simples para que possam ser compreendidos por pessoas com problemas cognitivos
ou deficiência intelectual.
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12. Uso da cor
Na redação de documentos devemos ter em conta que entre os utilizadores que
acedem à informação existirá uma certa percentagem que poderá ser, num certo
grau, daltónica. Em muitos casos pode significar que não se é capaz de distinguir
as cores ou uma cor específica, ou visualizar apenas as cores a preto e branco.
Tendo em conta que há utilizadores com limitações deve-se sempre procurar um
desenho acessível a todos, sendo cuidadoso nos seguintes aspetos: o uso
semântico da cor e o contraste das cores.
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13. Hiperligações
Se for necessária a utilização de ligações no documento deverá identificar-se
claramente o objetivo de cada ligação.
Segundo o Manual de acessibilidade e boas práticas da Universidade do País
Basco, Espanha, as ligações do tipo “clique aqui”, “mais informação” ou “ler mais”
não são aconselháveis porque não descrevem suficientemente a ligação. Quando
uma ligação interna ou externa conduz o utilizador a uma página diferente deverá
indicar-se corretamente onde é que a ligação conduz antes que o utilizador entre
na ligação.
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14. Conversão de um documento em PDF
Para converter um documento em formato PDF, além de cumprir com os critérios
anteriormente expostos, deve-se configurar as opções de acessibilidade para a
conversão em PDF.
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