Os monitores drogaram os adolescentes no acampamento. Dois dos monitores estupraram e mataram a monitora Caroline quando ela expressou preocupação com o plano arriscado. O narrador testemunhou isso escondido e correu de volta ao acampamento, onde encontrou os adolescentes em situações perigosas devido aos efeitos das drogas. Ele viu o Mason cair na fogueira e implorou à sua irmã Ash que o salvase.
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Chapter 4
The Embers Are Burning Inside of Me
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JOTA
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As chamas refletiam em cada rosto conferindo olhares ainda mais
misteriosos. Olhares cúmplices cruzados num círculo silencioso e expectante.
Organizados por equipas, estavam sentados em quatro trocos, debaixo de um céu
estrelado, mas gélido que os obrigou a recrutarem mantas para o agasalho. A noite
ainda mal começara, mas nenhum dos presentes se sentia exausto. Acho que nunca
os vira tão sossegados como agora. Percorri cada rosto e ora havia uma perna
trémula, ora uma mão tamborilando. Decifrei olhares falantes e sorrisos contidos.
- Meninos, está na nossa hora! – anuncia Caroline, carregando um saco de
desporto cor de rosa choque, que a avaliar pelo peso não transportava roupa.
- Sabem as regras, não nos desiludam! – completa Mike, vestindo o seu
hoodie preto. Reparei que toda a equipa de monitores, vestia cores discretas e
bastante práticas, até mesmo o Jeremy que nunca se apresentou sem usar um dos
seus fatos vintage.
- Vão ficar por aqui? – questiona admirada Caroline, ao vê-los todos
sossegados à volta da fogueira. Entreolharam-se e esperaram que alguém tomasse
a posse de porta-voz.
- Sim, decidimos aproveitar que nos deram um voto de confiança para nos
conhecermos melhor. – antecipou-se Dilan, tranquilamente.
- Achamos que está na altura de o fazer e vamos aproveitar o espírito da
festa da fogueira. – conclui Blue, convincentemente.
- Muito bem, divirtam-se e comportem-se. – pede simpaticamente Caroline,
por vezes, parecia demasiado simpática – Não se esqueçam da hora do recolher…
- Voltamos em breve. – murmurou Jeremy, rodando os calcanhares num
ângulo reto para se dirigir à saída.
Depois de alguns acenos e sorrisos entre todos, Caroline e Mike seguiram-
no determinadamente, sem voltarem a olhar para trás. Todo o grupo paralisou, nem
respiravam. O único barulho de fundo era o da lenha a estilhaçar na fogueira.
Aguardavam um sinal. O sinal. Segundos depois ouviram o portão a fechar-se.
Esperaram durante mais alguns segundos, não fosse aquilo uma armadilha. Não
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fazia ideia do que eles estavam e engenhocar, mas algo nos monitores me
inquietava e segui-os até ao exterior do acampamento.
Mike foi o último a sair e o responsável por trancar o portão. Jeremy
acendera um cigarro e fumava impacientemente, enquanto que Caroline olhava
para todos os lados visivelmente nervosa.
- Miúda, relaxa! Estás demasiado nervosa… - constata Mike – Se continuares
assim, isto ainda dá para o torto.
- Estás a gozar com a minha cara? – exalta-se atirando o saco para o chão –
Isto já deu para o torto que chegue. Um miúdo morreu, por culpa nossa e nós
ocultamos o corpo às autoridades e à própria família. Acabamos de drogar todos os
outros e pedes-me para ter calma?!
- O miúdo foi um imprevisto. E ninguém drogou ninguém. – afirma
tranquilamente ajeitando o capuz - Foram só uns calmantes… E vê lá se tratas bem
o material. – dá-lhe um encontrão enquanto passava por ela colocando-a mais
chateada.
- Vocês não estão a ver a gravidade da situação, pois não? – barafusta
irritada – Colocámos doses elevadas naquelas garrafas de água, são miúdos com
problemas de álcool e drogas, que podem reagir muito mal…
- Basta! – impôs-se imperativamente Jeremy, apagando o cigarro com o pé
– Parecem dois putos a discutir. O miúdo morreu, não podemos trazê-lo de volta.
Quanto a ti, minha menina, tiveste a oportunidade de escolher estar dentro ou fora.
– ele aproximou-se tanto dela, ao ponto de estremecer assim que sentiu o bafo a
tabaco no seu pescoço - Agora é tarde para deixares o barco. – afirma ao deslizar
um dedo pela sua cara que manifesta nojo daquele homem - Apanha-me essa
merda e entra no carro. Estamos a demorar muito tempo a sair daqui.
Obediente e assustada com aquele momento, Caroline foi a primeira a
entrar no carro, os outros dois seguiram-na imediatamente, sendo que Jeremy
ocupava o lugar de condutor e Mike seguia no lugar do pendura. Arrancaram a uma
velocidade superior à permitida naqueles trilhos, levantando uma nuvem de poeira
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que me deixou sem vislumbrar a direção que tomaram. Mas não podia ficar ali
parado, sem descobrir o que eles tramavam e escondiam de toda a gente.
Atravessei toda a poeira, guiando-me pela audição. Foquei-me somente no motor
do carro e depressa os alcancei. Não tardaram a encostar o carro. Estávamos a cerca
de cinco minutos do acampamento, ainda numa área completamente deserta.
Jeremy travou o carro e saiu batendo a porta com força, fazendo-se seguir fielmente
por Mike que se apoiou na janela.
- Porque é que paramos? – pergunta desconfiada Caroline, saindo também
do carro. Mike apresenta-lhe um sorriso cínico, enquanto que o psicólogo se
encosta ao capô do carro de costas para ambos – Jeremy!? – insiste já diante dele.
- Sabes… acho que estamos todos a precisar de relaxar um bocadinho.
Estamos todos stressados…
- Relaxar? Aqui? No meio do mato? – Jeremy solta uma gargalhada bem
alta, com a perspicácia da colega, que ecoa por um bom perímetro daquela zona.
- Carol… Carol… Carol… - cruza os braços enquanto ela o fita atentamente –
Não gostei do teu fraquejo ainda há pouco. Isto não é para fracos… - afirma sereno.
- Quando entrei nisto, o plano não incluía mortes! – riposta imediatamente.
- Aconteceu, minha linda! Mas como estava a dizer, vamos relaxar. Mike,
que me dizes?
- Aprovado. – responde caminhando para junto deles.
- E estão a pensar-me dizer-me? – impacienta-se a rapariga confiante de
que aquele assunto seria esquecido.
- Melhor que isso… - faz sinal a Mike que agarra nos braços da colega
imobilizando-a – Vamos mostrar-te.
- LARGA-ME! – esperneia descontroladamente – O que é que me vão fazer?
- Só há uma maneira de dois homens relaxarem com uma mulher. – nisto,
não perde tempo e rasga-lhe a t-shirt. Beija-a intensivamente, desde o pescoço ao
peito, não dando importância aos contorções do corpo dela, que perante a força de
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dois homens não lhe valia de nada – Deita-a no chão. – ordena pegando-lhe nas
pernas.
Um uivo feroz ouviu-se não muito longe, mas nem isso os demoveu. Não
havia volta a dar. Não havia ninguém num raio de 150Km que pudesse socorrer a
indefesa Caroline. Não lhe valiam os gritos, nem o choro. O seu corpo não tardou a
ficar inerte, à mercê daqueles dois monstros. Mike não aguentando e ao ver que
ela já não oferecia qualquer resistência, abusou dela da mesma forma que o seu
chefe. Caroline já não era apenas um corpo despido. Era um corpo sem alma.
Enquanto eu era uma alma sem corpo. Senti-me um inútil ao assistir àquela cena
toda sem poder fazer nada. Ela sempre foi a mais simpática dos três, não merecia
isto. O mundo é tão injusto… Tão cruel!
- Vá, chega de brincar! – ordena o psicólogo, Mike assente e levanta-se,
enquanto o olhar de Caroline é vazio e fixo em algum ponto distante.
- E agora? – pergunta ajeitando os seus jeans.
- Agora, é acabar com isto de uma vez. – baixou-se na direção da rapariga
imóvel – Não vai doer nada, querida Caroline. – com a mão direita tapou-lhe a boca
e com a outra o nariz. Sem dó nem piedade sufocou-a, até a jovem perder a cor,
até à morte – Mete o corpo dentro do carro, temos de nos desfazer dela.
Os meus punhos estavam cerrados devido à raiva e nojo que sentia daquela
cena. Se ainda fosse um corpo com vida, sentiria as unhas cravadas na pele. Se eles
eram capazes de fazer isto com alguém que os ajudava, nem quero imaginar do que
seriam capazes de fazer connosco. Aí uma lembrança me assalta a mente: “Nós
drogamos os miúdos… podem reagir muito mal”. O meu coração sobressaltou-se. A
minha mente era preenchida pela imagem da minha irmã. Ela e os restantes corriam
perigo de vida. Corro por entre árvores e arbustos a uma velocidade incalculável,
nada me faria parar naquele momento. Tinha de chegar ao acampamento o quanto
antes. Vivia um misto de emoções. Raiva. Nojo. Culpa. Preocupação. Impotência.
Drogar um bando de adolescentes, muitos deles com dependências de álcool e
drogas podia ser o fim.
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Saí do acampamento e eles estavam muito estranhos. Aprontavam alguma
certamente. Isto deixava-me tão preocupado. Finalmente alcancei a vedação e corri
para o interior. Ouvi música bem alta, o que quer que acontecesse seria inaudível
para qualquer pessoa. Atravesso o corredor e deparo-me com o Alex e a Julie na
sala de convívio. O Alex estava completamente alcoolizado agarrado à… Julie?! Num
impulso desajeitado puxa-a pela anca, mas ela perde os sentidos, assim que embate
no seu tórax. Como é que ele conseguia ser tão nojento? Tão otário ao ponto de
nem se aperceber que a miúda desmaiara, ou até pior!? Mas claro, sendo ele um
assassino e um monstro da pior espécie como os outros dois, continuou a dar em
cima dela. Não iria assistir a mais uma cena deplorável… Encontrar a minha irmã,
era a minha prioridade. Pelo menos estava longe deste imbecil.
Na cozinha, dou com a Blue, a Charlie caídas no chão uma por cima da outra.
Ambas com cortes nos braços. Arrepio-me só a ver aquele cenário. Ainda a um
canto da mesa está o Sky debruçado sobre os braços. Os restantes estavam todos
na parte exterior, exceto a minha irmã e o Mason. Algo pesado cai no andar de cima,
a avaliar pelo estrondo. Precipito-me para as escadas e quando chego ao primeiro
andar vejo a porta do escritório dos monitores escancarada, o que é estranho
porque eles fazem questão de a manter sempre trancada à chave. Isto significa que
algum de nós ou tem a chave ou arrombou a fechadura. Vou até lá, assim que entro
sinto-me uma enorme fúria por tudo aquilo que aconteceu com a Caroline. Mas não
estava lá ninguém, quem quer que fosse escapou rapidamente.
Ia a sair quando ouço vidros a estilhaçarem-se, volto-me de rompante para
a janela, visto que o barulho parecia-me ver lá de fora. A fogueira. Lembro-me. Será
que aquilo perdeu o controlo e se alastrou para o interior? Isso seria uma tragédia.
Isso seria um cenário perfeitamente idealizado por aqueles psicopatas. Corro até à
janela e não tenho tempo de pestanejar com o que está a acontecer. Não! Quero
gritar, mas ninguém me ouve. Quero intervir, mas não posso. Atravesso a janela e
estremeço assim que percebo quem é que caiu na fogueira. Não. Não. Não. Porquê?
Os gritos são demasiado dolorosos e sufocantes. Tinha de aparecer alguém. Não
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podia ser o fim, não podia! Olho em meu redor e aí me apercebo que não estou ali
sozinho, ainda há esperança. A minha irmã está paralisada. Não reage. Mas ela tem
de reagir, porra!
- Vá lá, Ash! Tens do salvar! – grito inutilmente, como se ela me ouvisse.
Mas ela reage finalmente e vai em socorro do pobre Mason, em chamas…
PRÓXIMO CAPÍTULO: 14 DE NOVEMBRO.