Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
1. 1
O agudizar das tensões políticas e
sociais a partir dos anos 30
Portugal e o Estado Novo
Por Raul Silva
Em Portugal, o fascismo concretizou-se na experiência do Estado Novo, corporizado na figura
de António de Oliveira Salazar. Chamado em 1928 pela ditadura militar para restaurar as
finanças, quatro anos depois era Presidente do Conselho, cargo em que se manteve até 1968.
Salazar teve, à semelhança dos regimes totalitários europeus, um projeto político para a
sociedade portuguesa, de quem recebeu calorosos apoios católicos, latifundiários, monárquicos
integralistas, alta burguesia comercial, pequena e média burguesia empobrecidas e militares.
Na sua prática política advoga os valores “Deus, Pátria, Família, Autoridade, Hierarquia,
Austeridade e Moralidade”, que constituirão os pilares do Estado Novo que ainda se
revestiam de uma particularidade: o respeito pela tradição nacional e defesa de tudo o que
fosse português.
A nação deveria ser um todo orgânico e não um conjunto de indivíduos, por isso, o interesse da
Nação sobrepunha os interesses individuais: “Tudo no Estado, nada Fora do Estado”.
O regime do Estado Novo definiu-se a si próprio como autoritário, nacionalista, corporativo,
imperialista e antimarxista.
CADERNODIÁRIO
EXTERNATO LUÍS DE
CAMÕES
N.º 20
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12deMaiode2015
2. 2
CADERNODIÁRIO12deMaiode2015
O Estado Novo
e os seus valores
O golpe de estado de 28 de maio de
1926 foi levado a cabo pelos militares e
apoiado por grande parte da
sociedade: monárquicos integralistas,
católicos, republicanos moderados e
até as classes médias que, embora
fossem a base social de apoio à
República, estavam cansadas da
anarquia governativa e desejosas de
ordem e estabilidade.
É assim instaurada uma Ditadura
Militar (1926-1933) que também
conheceu algumas instabilidade,
devido à impreparação dos seus
dirigentes para enfrentar a crise em
que a nação caíra. Quando, em 1928,
é eleito o general Óscar Carmona para
presidente da República, entra para a
pasta das finanças António Oliveira
Salazar. Ao fim de 15 anos, este
ministério apresenta um equilíbrio no
orçamento e soluções para a dívida
externa que foram consideradas um
milagre e deram prestígio a Salazar.
Em 1932, Salazar é nomeado chefe de
governo - Presidente do Conselho de
Ministros - reunindo o apoio de todas as
forças conservadoras. Adota,
politicamente, a ideologia fascista para o
Estado e introduz na sociedade
portuguesa as necessárias estruturas
institucionais que fundamentam um
regime autoritário, através de vários
decisões e diplomas legais: o partido
único, a União Nacional e o Acto
Colonial, 1930, uma nova Constituição,
que define o Estado como autoritário,
nacionalista, corporativo, católico e
colonial e o Estatuto do Trabalho
Nacional, em 1933.
Salazar teve, à semelhança dos regimes
totalitários europeus, um projeto
político para a sociedade portuguesa, de
quem recebeu calorosos apoios
católicos, latifundiários, monárquicos
integralistas, alta burguesia comercial,
pequena e média burguesia
empobrecidas e militares.
Na sua prática política advoga os
valores “Deus, Pátria, Família,
Autoridade, Hierarquia, Austeridade e
Moralidade”, que constituirão os pilares
do Estado Novo que ainda se revestiam
de uma particularidade: o respeito pela
tradição nacional e defesa de tudo o que
fosse português. Assim, o
conservadorismo resulta na exaltação da
História Pátria e dos seus heróis,
modelos a seguir pelas crianças; defesa
do nacionalismo exarcebado, do
patriotismo e do colonialismo, com vista
a fazer dos portugueses um povo de
heróis com responsabilidades
civilizacionais e evangelizadoras de que
eram exemplo os Descobrimentos;
crítica à sociedade industrial e urbana,
origem de todos os vícios e defesa do
mundo rural, genuíno e são, cheio de
virtudes (honesto, temente a Deus,
modesto); preservação das tradições
culturais e artísticas de cada região, de
forma a integrar um projeto cultural
para o regime (folclore, fado,
exposições); adoção da religião católica
como religião oficial dos Portugueses,
devido à forte aliança entre a Igreja e o
Estado; redução da mulher a um papel
passivo na sociedade, enaltecendo o
modelo de mãe sofrida e esposa
carinhosa e submissa como pilar da
família, que teria de ser católica e viver
de forma austera e modesta.
Salazar
e a sua ascensão
por António Oliveira Salazar, 1931
“Portugal é um velho país livre,
homogéneo na sua formação, de
fronteiras imutáveis quase desde que se
definiu em Estado independente,
pacífico na história acidentada da
Europa, mas afadigado no mar, para
onde se desenvolveu a sua força de
expansão (...). Somos filhos desse
passado, e não (...) pela vontade dos
nossos pais, mas pela clara consciência
do serviço que prestamos à paz da
Europa e à civilização no mundo, nós
afirmamos serenamente a vontade de
sermos no presente e no futuro o que
sempre fomos no passado: livres,
independentes, colonizadores. Temos
por nós, aqui e ao longe, o direito - da
ocupação, da conquista, da descoberta,
da ação colonizadora (...). É a vontade
do povo.”
Responder:
a) Explique o aparecimento da
Ditadura Militar de 1926.
b) Identifique os valores sobre os
quais se alicerçou o Estado
Novo.
“Todos sabem de onde
vimos – de uma das
maiores desorganizações
que em Portugal se
devem ter verificado na
economia, nas finanças,
na política, na
administração pública.
Que fazer então? Tomar
resolutamente nas
nossas mãos as
tradições (...) , as justas
aspirações dos povos, a
ânsia de autoridade e
disciplina que agita as
gerações do nosso
tempo, e construir a nova
ordem de cousas.”
António Oliveira Salazar, 1930
A Lição de Salazar
Os valores “Deus, Pátria, Família, Autoridade,
Hierarquia, Austeridade e Moralidade”
constituíram os pilares do Estado Novo.
3. 3
CADERNODIÁRIO12deMaiode2015
O Estado Novo
e o autoritarismo
Para além destas caraterísticas típicas
do fascismo português, o regime
salazarista aproximou-se,
gradualmente, do modelo italiano, na
defesa de um Estado forte (ditatorial,
autoritário, antiliberal, antiparlamentar
e antidemocrático), que retirou as
liberdades individuais e a soberania
popular.
A nação deveria ser um todo orgânico
e não um conjunto de indivíduos, por
isso, o interesse da Nação sobrepunha
os interesses individuais: “Tudo no
Estado, nada Fora do Estado”.
O pluripartidarismo, que representa os
interesses dos diferentes grupos de
indivíduos, não fazia mais sentido, daí
o aparecimento do partido único, a
União Nacional (1930).
Só um poder executivo coeso pode
garantir um governo autoritário,
atribuindo vastos poderes presidente do
conselho de Ministros e ao presidente
da República. A Assembleia Nacional
limitava-se a discutir as propostas de lei
que o governo lhe enviava.
Sobressai a figura do chefe providencial,
Salazar, o “Salvador da Pátria” que a
propaganda política alimentava: um
génio, um homem de exceção, quase
infalível, venerado como um santo.
O Estado Novo implementou uma
organização corporativa da sociedade e,
principalmente, do Trabalho, de forma
a evitar a luta de classes, dividindo a
Nação em organismos - Corporações -
onde os indivíduos se agrupavam
segundo as atividades que desenvolviam
e para melhor contribuírem para o bem
comum. Formaram-se corporações
económicas (Casa do Povo, Casa dos
Pescadores, Sindicatos Nacionais,
Grémios, e de atividades como a
Lavoura, Comércio, Indústrias, Pesca e
Conservas, Transportes e Turismo,
Imprensa e Artes, Espetáculos, Crédito
e Seguros), morais e assistenciais
(hospitais, asilos, creches, casas pias e
misericórdias), culturais (universidades,
academias e associações científicas,
técnicas, literárias, artísticas e
desportivas).
O enquadramento das massas é feito
por um conjunto de instituições e
formas de arregimentação como a
criação do Secretariado de Propaganda
Nacional (1933), que velava pela
padronização da cultura e das artes, de
modo a divulgar o ideário do regime.
Em 1930, a fundação do União
Nacional como associação não
partidária, de caráter cívico, acabou
substituindo a função dos partidos,
entretanto extintos, e limitando a
liberdade de expressão e de opção
política, visto ser obrigatório a sua
inscrição para admissão em certos
empregos. Os deputados da Assembleia
eram todos do partido único e eleitos de
forma fraudulenta.
Em 1936, a criação de milícias
populares como a Legião Portuguesa
para defender “o patriotismo espiritual
da nação” e como cruzada
antibolchevista, ou a Mocidade
Portuguesa, de inscrição obrigatória
para os alunos do ensino primário e
secundário, de forma a inculcar os
valores nacionalistas do regime. Ambas
as associações se assemelhavam às
congéneres italianas na estrutura, ação e
fardamento.
O Estado Novo
e o enquadramento das
massas
por António Oliveira Salazar, 1932
“Temos de olhar as crianças como
sendo os homens e as mulheres de
amanhã. Querendo modificar a
mentalidade dos portugueses, como é
nossa intenção, elas constituem, na
verdade, o terreno virgem em que essa
educação nova mais pode frutificar (...).
Confio, como sempre, na gente, na
mocidade.
Esses rapazes de sangue na guelra, que
sabem bater-se quando é preciso, que
sabem vibrar, que conhecem a ginástica
do entusiasmo, e cuja ação não esqueço,
são os meus colaboradores naturais
para dar vida, luz e nervos ao nosso
Estado Novo, ao Portugal que
preparamos (...).”
Responder:
a) Reconhece o caráter totalitário
do Estado Novo.
b) Explicite a forma de
enquadramento das massas.
Pesquisar:
https://www.youtube.com/watch?
v=XmbiGHpmFDo&index=3&list=PLAE
D36C85FBAC1C21
“Represento uma política
de verdade e de
sinceridade, contraposta
a uma política de mentira
e de segredo. Advoguei
sempre que se fizesse a
política de verdade,
dizendo-se claramente
ao povo a situação do
país, para o habituar à
ideia dos sacrifícios que
haviam um dia de ser
feitos (...). Advoguei
sempre uma política de
administração, tão clara
e tão simples como a de
qualquer boa dona de
casa.”
António Oliveira Salazar, 1930
Mocidade Portuguesa
Abrangia toda a juventude e atribuía-se, como
fins, estimular o desenvolvimento integral da
sua capacidade física, a formação do carácter
e a devoção à Pátria, no sentimento da ordem,
no gosto da disciplina, no culto dos deveres.
4. 4
CADERNODIÁRIO12deMaiode2015
O Estado Novo
e a sua imposição
A repressão do regime seria o culminar
de toda esta organização.
A Censura Prévia, o “lápis azul”,
criada logo em 28 de maio de 1926, é
aplicada a todos os media e sobre todas
as matérias, chegando a eliminar
palavras, expressões ou imagens
consideradas “subversivas”, uma
autêntica ditadura inteletual.
A polícia política, Polícia de Vigilância
e de Defesa do Estado (1935) e, depois
de 1945, a Polícia Internacional do
Estado, ajudados pela Guarda
Nacional Republicana e Polícia de
Segurança Pública levavam a cabo
ações repressivas.
As principais vítimas eram os
comunistas que, depois de presos,
podiam ficar anos à espera do
julgamento sem culpa formada. Eram
torturados e ficavam incomunicáveis até
de advogados. O clima de terror, a rede
de informadores e a impunidade dos
membros da PIDE tornaram-se armas
poderosas armas poderosas no controle
da vida nacional: um Estado dentro do
Estado.
O desequilíbrio de contas existente no
final da 1.ª República e a depressão dos
anos 30 como conjuntura e o regime
ditatorial como processo explicam a
política económica fortemente
intervencionista e autárcica do Estado
Novo: o “Estado tem direito e a
obrigação de coordenar a vida
económica e social” (Art.º 31º da
Constituição). Por isso, o Estado
português vai intervir ao nível
financeiro, agrícola, obras públicas,
indústria e comércio colonial, de modo
a reorganizar a Nação.
A estabilidade financeira foi o primeiro
grande desafio de Salazar ao aceitar a
pasta das Finanças, durante a Ditadura
Militar (1928), constituindo a base de
sustentação da política económica do
Esatdo Novo. De forma a aumentar as
receitas e a diminuir as despesas subiu
as taxas alfandegárias sobre as
importações e a ainda criou novos
impostos: imposto complementar sobre
o rendimento; imposto profissional
sobre os salários e os rendimentos das
profissões liberais; imposto de salvação
nacional sobre os funcionários públicos;
taxa nacional sobre o açúcar, gasolina e
óleos minerais leves.
A neutralidade no conflito mundial
constituiu um reforço da estabilidade
monetária: poupança no
armazenamento e defesa do território,
receitas com as exportações para ambos
os lados da guerra e armazenamento do
ouro dos alemães.
Cabe, igualmente, ao Estado orientar a
iniciativa privada, através da concessão
de créditos a taxas de juro baixas. Essa
vitória económica de Salazar foi
designada de “milagre” e deu-lhe a
credibilidade necessária para a ascensão
política desejada.
Responder:
a) Indique os meios usados para a
imposição do regime.
b) Explique a política de
estabilidade financeira.
O Estado Novo
e o aparelho repressivo
por Pedro Soares
“O campo do Tarrafal resume-se a um
retângulo de arame farpado, com 750
metros de perímetro, no meio de uma
planície que se estende das montanhas
até ao mar, e fica plenamente isolado do
mundo exterior. Durante os primeiros
anos, dormíamos doze homens numa
tenda, apenas tendo um candeeiro de
petróleo. Durante nove meses do ano as
tenadas enchiam-se de pó trazido pelo
vento. O calor e a chuva tropical
depressa começaram a apodrecer a
lona, e, durante a estação das chuvas,
lutávamos contra a exaustão e a fadiga
numa tentativa vã de proteger as nossas
camas. Mas pela manhã tínhamos
sempre a sensação de estar num navio
de escravos que acabava de escapar a
um furacão. (...)”
Pesquisar:
https://www.youtube.com/watch?
v=TpNy9PzNNnY&list=PLAED36C85FB
AC1C21
Refletir:
http://externatohistoria.blogspot.pt/
2014/05/ficha-de-tito-morais-na-pide-
“Deve procurar evitar a
expansão das ideias
comunistas ou
anarquistas, mas sem
embargo de poderem ser
expostas e apreciadas
livremente em revistas
científicas. É
particularmente objecto
de vigilância da censura
tudo quanto respeite: à
ideia de Pátria, (…) à
propaganda, incitamento
e provocação à
indisciplina social, à
subversão violenta das
instituições.”
Instruções sobre a Censura à
Imprensa, 1933
A PIDE
Baseada nos fascistas italianos e da Gestapo
alemã. A PIDE utilizava a tortura para obter
informações e foi responsável por alguns
crimes sangrentos.
5. 5
CADERNODIÁRIO12deMaiode2015
O Estado Novo
e o símbolos
O Estado Novo condenava a vida
urbana e industrial, promotora de
todos os vícios, ao contrário do mundo
rural que tinha o que de melhor havia
do povo português. Este
conservadorismo e interesse pelo
desenvolvimento da agricultura
traduziu-se numa série de medidas:
construção de barragens para melhor
irrigação dos solos e alargamento da
área cultivável; política de arborização
em terrenos áridos para os
rentabilizar; congelamento dos preços
de alguns produtos agrícolas; exaltação
do sentimento patriótico dos
camponeses para aumentar as
produções; atribuição de subsídios aos
latifundiários, sobretudo do sul, onde
se pretendia dinamizar a produção de
trigo; fomento da produção vinícola, do
arroz, batata, azeite, cortiça e frutos;
favorecimento da produção de adubos e
fabrico de máquinas agrícolas.
A política de obras representou um dos
símbolos da administração de Salazar.
Nos transportes sofreram novo impulso,
sobretudo na rede viária com a
reparação e construção de estradas para
alargar o mercado interno e externo.
Mas também pontes, portos, aeroportos
e as redes telegráfica e de telefones. A
eletrificação do país estendeu-se a mais
regiões. Foram também alvo de obras
públicas os setores de saúde, de justiça,
desporto, habitação social, forças
armadas, turismo e cultura, e ensino.
O crescimento industrial ficou
condicionado pela monumentalidade do
regime, que o não considerava
prioritário. Deste modo, em 1933, no
Congresso da Indústria Portuguesa,
Salazar advertiu que as iniciativas
particulares deveriam enquadrar-se nos
interesses definidos pelo Estado, pelo
que nenhuma indústria se poderia
instalar, reabrir, ampliar, mudar de
local, sem autorização prévia do
governo. Foram suspensas as concessões
de patentes a novos inventos. A
concentração industrial era fraca:
metade das unidades de produção tinha
menos de 20 empregados. Tais medidas
inserem-se no dirigismo económico com
que o Estado justificava a política
anticrise, para evitar a superprodução, a
deflação, o desemprego e a
instabilidade. Mas este
condicionamento industrial acabou por
tornar-se definitivo e constituir um
obstáculo à modernização do setor. As
áreas industriais que necessitavam de
avultados capitais (adubos, cimentos,
químicos, cerveja, tabacos e fósforos)
formaram monopólios, para evitar a
concorrência. A segunda guerra
mundial mostrou ao regime o caminho
da indústria, embora mantendo o cariz
agrícola e conservador da sociedade
portuguesa.
Responder:
a) Explique de que forma se
expressou a defesa da
ruralidade.
b) Reconheça na política de obras
um dos símbolos da
administração.
c) Identifique as formas de
condicionamento industrial.
O Estado Novo
e a defesa da ruralidade
por Ana Bela Nunes
“A Campanha do Trigo, que vigorou
em Portugal entre 1929 e 1937,
constitui um elemento relevante de uma
política autárcica que, desde muito
cedo, o Governo da ditadura procurou
impor ao país.
Como se afirma (...) alcançada a
estabilidade financeira urgia prosseguir
os caminhos do progresso assegurando
o equilíbrio dos sectores produtivos (...).
De facto, num Portugal pobre onde o
pão constituía uma das principais fontes
de alimentação das populações, parecia
lógico que tal acontecesse. É assim que
da convergência dessas duas
componentes, a autarcia e a
necessidade de aumentar a produção de
cereais (...).”
Pesquisar:
https://www.youtube.com/watch?
v=hZt9hg9_zWM&index=5&list=PLAED
36C85FBAC1C21
Refletir:
http://externatohistoria.blogspot.pt/
“A realidade (…) era
dramaticamente outra
(…) devido ao baixíssimo
nível dos salários, dos
quais dependia a
sobrevivência da metade
total ou parcialmente
assalariada da população
rural e suas famílias. (…)
A extrema indigência em
que vegetava o
campesinato assalariado
e até boa parte do
campesinato médio (…)
tinha importantíssimos
reflexos nas perspectivas
de desenvolvimento do
país.”
José Mattoso
O
A
Portugal: um país rural
Portugal afastou-se ainda mais dos países
europeus que lhe estavam mais próximos, as
assimetrias regionais agravaram-se e a
agricultura não conseguiu acompanhar o ritmo
de crescimento de outros setores económicos.
6. 6
“Artigo 2.º - É da essência orgânica da
Nação Portuguesa desempenhar a função
histórica de possuir e colonizar domínios
ultramarinos e de civilizar as populações
indígenas que neles se compreendam,
exercendo também a influência moral (...).
Artigo 22.º - Nas colónias atender-se-á ao
estudo de evolução dos povos nativos,
havendo estatutos especiais dos
indígenas, que se estabeleçam para estes,
regimes jurídicos de contemporização
com os seus usos e costumes individuais,
domésticos e sociais (...).”
Acto Colonial, 1930
A política colonial portuguesa integra-se no conceito
nacionalismo/imperialismo fascista: superioridade sobre os
outros povos. No caso português, tal como no italiano,
impõe-se a ideia de restauração do Império e de
revalorização da vocação colonial incutindo no povo a
mística imperial, como se o império fosse a razão de existir de
Portugal. Tudo isto, enquanto cresciam fortes pressões
estrangeiras sobre o Estado Novo por causa da permanência
das suas colónias.
O Acto Colonial de 1930 definiu a política colonial do
Salazarismo, contrariando as experiências republicanas de
descentralização administrativa e reforçou a tutela da
metrópole sobre os territórios coloniais. Quanto à sua
economia, teriam apenas um mero papel de fornecedores de
matéria-prima para as indústrias metropolitanas, cujos
produtos transformados tinham a garantia de escoar nos
mercados coloniais. Quanto às populações, deveriam ser
europeizadas e cristianizadas, sendo atribuindo o estatuto de
“assimilados”, isto é, eram garantidos os direitos iguais a
qualquer cidadão português ao aceitar civilizar-se. Foram,
porém, muito poucos. As colónias não eram vistas como um
espaço atraente para investir capitais nem tinham peso nas
transações comerciais da Metrópole. No entanto, o Estado
ganhava com as receitas das taxas alfandegárias sobre o
transporte das mercadorias coloniais pela frota portuguesa. A
revisão constitucional de 1951 acentuará o caráter de
unidade nacional, declarando Portugal uma nação
pluricontinental.
Responder:
a) Descreva a política colonial portuguesa.
Refletir:
http://externatohistoria.blogspot.pt/2014/05/a-politica-
colonial.html
O Estado Novo
e a política colonial
CADERNODIÁRIO12deMaiode2015